framing post-conflic societies (hughes & pupavac)

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  • 8/19/2019 Framing Post-conflic Societies (Hughes & Pupavac)

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    Enquadrando as sociedades do pós-confito

    (Caroline Hughes e Vanessa Pupavac)

    Mitos da origem e confsco da memória

    O enquadramento espacial, temporal e teórico de confito por interventorese analistas, representa um exercício de poder signicativo na política desociedades pós-confito. Enquadrando eventos históricos em entendimentoscontingentes de tempo e espaço relevantes coloca os atores particulares noquadro, enquanto outros permanecem ora dele. o caso de am!os" antiga#ugosl$via e no %am!o&a, a noç'o de Estado racassado como a causa (semcausa( do confito tem sido promovida de uma orma que coloca em

    primeiro plano, e torna inexplic$vel, os horrores da guerra.

    )o redu*ir a an$lise da guerra para um espet$culo de horror inexplic$vel, ocaminho est$ li!erado para uma redeniç'o da própria guerra, como umas+rie de açes por parte de indivíduos psicóticos. O local de confito se tornao indivíduo irracional, cu&os atos n'o este&am a continuaç'o da política, masda psicologia. sicoses patológicas s'o centrais para a explicaç'o doconfito, enquanto reerncias para as estrat+gias de enrentamento deso!reviventes nestas situaçes s'o uga*es ou pro!lem$ticas. )s relaçesinternacionais s'o igualmente enquadradas ora da an$lise, como o racassodo Estado se v surgir puramente de dentro das ronteiras nacionais. )ssim,

    o confito e alncia do Estado s'o acusados so!re legados imputadoshistóricos e culturais, oerecendo um quadro explicativo em que as açesdos indivíduos aparecem como respostas irracionais a estímulos culturais.

    Esses enquadramentos de confitos conspiram n'o só em colocar aresponsa!ilidade pelo confito rmemente so!re populaçes locais aspróprias, mas tam!+m para armar que as motivaçes para tal confito -motivaçes que n'o podem ser compreendidas de orma isolada de umcontexto internacional mais amplo e regional - saia da inata predisposiç'opara a violncia das respectivas sociedades.

    Populações patológicasO paradigma teraputico vai al+m da alha Estado para populaçespatológicas inteiras como irracionais, por alegar que os indivíduos,comunidades e sociedades inteiras est'o traumati*ados de guerra, e presoem ciclos de violncia perpetuadas de geraç'o em geraç'o. esteparadigma teraputico, populaçes aetadas pela guerra s'o pro&etadaspara estar sorendo de trauma em massa e na necessidade de intervenç'oteraputica em massa.

    ) invocaç'o de um poderoso imperativo m+dico tem sido importante na &usticaç'o discursiva de pr$ticas intervencionistas. /evin %ahill ala da

    expans'o da diplomacia preventiva em termos m+dicos de uma(epidemiologia do confito(, capa* de dar origem a rem+dios e

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    medicamentos de prevenç'o. O enquadramento da guerra como umaresposta patológica a pro!lemas de sa0de mental + limitado ao a*er guerraem estados n'o-ocidentais.

    Em um movimento de tra*er o discurso em torno de um círculo inque!r$velde lógica, a dierença entre aqueles que reali*am a guerra patológica eaqueles que reali*am ataques +ticos ou cir0rgicos, + o tratamento dotrauma coletivo. O trauma coletivo + tratado n'o apenas como a*endoguerra em um ciclo de violncia que remonta 1 #dade 2+dia, mas exigindosupervis'o internacional a!erta em situaçes de pós-guerra para impedirque a guerra estoure novamente. O diagnóstico do trauma + pro&etadoso!re as populaçes, apesar da alta de dados so!re a real prevalnciadesta síndrome neurológica.

    3a mesma orma, a intervenç'o psicossocial envolvendo 4atividades quelevam em direç'o a dependedncia5 de seu próprio tra!alho eindependncia da a&uda e apoio de outras pessoas + uma resposta

    internacional essencial para pro!lemas socioeconómicos nos estados pós-#ugosl$via. )ssim, o paradigma teraputico torna-se uma cura para todos eum pedido de desculpas para a incapacidade dos agentes internacionaispara reali*ar seus planos para esses países.

    ) patologi*aç'o das populaçes como traumati*adas e !rutali*adas, &untamente com o enquadramento de processos políticos locais einternacionais - em infuenciar as instituiçes nacionais de Estado permite anegaç'o de ato da so!erania, uma ve* que permite a populaç'o a serpresumida incapa* de atos so!eranos.

    Implicações para as intervençõesO retrato de populaçes como mentalmente e6ou culturalmente presas empadres de comportamento destrutivos tem dois eeitos. Em primeiro lugar,isso implica que os líderes podem ser vistos como motivados n'o pelapreocupaç'o de nesse em presses confitantes emergentes da sociedade,mas por sua própria gan7ncia, am!iç'o e venalidade. Este deslegitima suaposiç'o, mina a sua pretens'o de representar a sociedade, e &usticaa!ertamente e repete a intervenç'o internacional em nome das populaçes.8egundo, a impotncia das pessoas comuns, que se maniesta comopassividade intercaladas com surtos de raiva destrutiva, implica que a

    intervenç'o estrangeira deve agir n'o apenas so!re o Estado, mas tam!+mso!re a sociedade, para criar novos indivíduos com a capacidade de auto-governo. )m!as as açes possuem a presunç'o de &usticar a derrogaç'oda so!erania e da su!stituiç'o de disciplina internacional para a políticanacional.

    Em resposta 1s diculdades sentidas na gest'o do governo, tanto %am!o&ae nos 9alc's, a política internacional adotou quatro estrat+gias principais" asupervis'o internacional e policiamento do estado, a promoç'o de ormasde participaç'o política atomi*adas, como nas eleiçes, e tentativas depoliciar a aç'o coletiva da sociedade civil e, mais intrusiva, de reconstruir a

    cultura e a personalidade dos indivíduos atrav+s da intervenç'o psicossocial

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    envolvendo a educaç'o ormal e inormal das aulas de parentalidade arelaç'o aconselhamento.

    )o mesmo tempo, o 7m!ito da intervenç'o internacional aumentou. O inícioe meados da d+cada de :;;ncia, os indivíduos locais estavam enga&ados emO=s internacionalmente supervisionadas, treinadas e nanciadas, cu&acrescente infuncia criou uma maior transerncia de poder a partir delocais para organi*açes responsa!ili*ado pelos doadores estrangeiros.

    o nal de :;;< ocorreu uma mudança signicativa na política de doadores.3esiludidos com o desempenho das O=s como (escolas de democracia(,produ*indo líderes iluminados com atitudes adequadas, os doadorescomeçaram a se voltar para o estado, com um programa mais penetrantede intervenç'o que envolveu a incorporaç'o de pessoal internacional em

    minist+rios. ) intervenç'o internacional tem constantemente tra!alhadopara su!ordinar a espontaneidade nas relaçes políticas a uma disciplinainternacional patrocinada e imposta pela insistncia em processos eprocedimentos, prescritos em nome da segurança.

    A comunidade Internacional no soá

    ?ual + a resposta local a este patologi*aç'o@ A$ receptividade paraa!ordagens teraputicas ocidentais entre os prossionais nos estadospós-#ugosl$via que mesmo antes da guerra oram se tornando cadave* mais orientados para os países ocidentais. ) atomi*aç'o social

    decorrente da mercantili*aç'o crescente das relaçes oi incentivarum entendimento, psicologicamente compreensível, enquanto ageraç'o mais &ovem tem, essencialmente, desocupado o campo dapolítica para a aç'o social como a intervenç'o prossional, como noOcidente.

    Esta orientaç'o + reorçada pela reorma da ormaç'o prossionalinternacional na 9ósnia, complementada por in0meras iniciativas ad hoc detreinamento incorporando a!ordagens teraputicas condu*idas porinstituiçes ocidentais. )l+m disso, os psicólogos go*am de um statuselevado na regi'o e muitas escolas &$ tm o seu próprio psicólogo, ormando

    um importante eleitorado onde as novas a!ordagens teraputicas est'osendo divulgados.

    Ao&e, em ve* de estados patológicos como racassado e populaçes comodisuncionais, patológicos relaçes patológicas internacionais que criamestados alidos devem ser su&eitos a interrogatório. oder ocidental elegitimidado e + rearmado, mas 1 custa das aspiraçes de autonomia depopulaçes inteiras. Enquanto isso, os países ocidentais (mal-estar políticopróprio + adiada.