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Arlindo Ugulino Netto – FARMACOLOGIA – MEDICINA P3 – 2008.2 1 MED RESUMOS 2012 NETTO, Arlindo Ugulino. FARMACOLOGIA ANTICONVULSIVANTES (ANTIEPILÉTICOS) (Professora Edilene Bega) Um frmaco anticonvulsivo (tambm chamado de anticonvulsivante ou antiepiléptico) representa uma classe de frmacos utilizada para a preveno e tratamento das epilpesias. Por definio, epilepsia corresponde a uma descarga eltrica anormal no crtex cerebral, que pode ser restrita a uma determinada rea (crises focais) ou disseminada/difusa por todo o crebro (crises generalizadas). A epilepsia clinicamente definida pela ocorrncia de duas ou mais crises caractersticas no provocadas, ou seja, no desencadeadas por febre, infeco no SNC, anormalidades eletrolticas, glicmicas ou hipxicas, em um perodo maior que 24 horas. TIPOS DE CRISES EPILPTICAS As crises epilpticas podem ser classificadas quanto ao seu mecanismo fisiopatolgico da seguinte maneira: Crises parciais: envolvem apenas uma regio do crebro, tendo efeito em apenas uma parte do corpo, sem que necessariamente o paciente perca a conscincia. Dependendo da rea cerebral afetada, a pessoa no entra em convulso, mas experimenta outras reaes. Pode ser de trs subtipos: o Parcial simples: o paciente apresenta mais comumente como distrbios motores, com movimentos tnicos ou clnicos envolvendo face, pescoo ou extremidades de um lado apenas, mas sem perder a conscincia. Uma aura uma sensao que pode preceder a crise parcial motora, e geralmente consiste em cefaleia e, as vezes, desconforto torcico. o Parcial complexa: o indivduo tende a perder a conscincia baseada em uma amnsia antergrada. O quadro clnico pode ser de difcil reconhecimento. A alterao da conscincia exemplificada por uma criana esttica, que interrompe de maneira sbita suas atividades e torna-se no responsiva a estmulos externos. o Parcial com ataques secundrios tnico-clnicos generalizados Crises generalizadas: ocorrem quando a disseminao do potencial eltrico anormal difusa e bilateral, atingindo ambos os hemisfrios cerebrais e, desta forma, manifestando sinais em todo o corpo. Os principais tipos de crises generalizadas so: o Crise de ausncia: indivduo passa por um estado catatnico (no responde a estmulos do meio, mas no perde a sensibilidade), sendo este estado caracterizado pela parada repentina na atividade motora e na fala, olhar vago, piscamento palpebral (mioclonias palpebrais) e fcies inexpressiva. Alguns automatismos de mos podem estar presentes. Era antigamente chamada de pequeno mal. o Ataque mioclnico: mioclonias so definidas como contraes musculares simtricas e breves, com perda do tono muscular e quedas ou projeo do corpo do paciente para frente, causando, muitas vezes, traumatismo de face. Podem se assemelhar a “choques”. o Ataque tnico-clnico: antigamente chamada de grande mal , as crises tnico-clnicas so as mais comumente encontradas na prtica clnica. Nesta desordem, o paciente perde a conscincia de maneira sbita, apresenta um movimento tpico para trs do globo ocular e toda a sua musculatura apresenta contrao tnica, o que leva invariavelmente apnia e cianose. A fase clnica tem como caractersticas as contraes rtmicas seguidas de relaxamento de todos os grupamentos musculares. Durante a crise, o paciente pode morder a lngua, raramente vomita, e o relaxamento esfincteriano (bexiga mais comumente) acontece. OBS 1 : Vale salientar que o termo convulsão no , necessariamente, um sinnimo de epilepsia. Convulsões so contraes involuntrias dos msculos de inicio sbito, gerada por descargas eltricas desordenadas dos neurnios. Desta forma, as convulses caracterizam sinais da crise epiléptica generalizada do tipo tônico-clônica. As drogas anticonvulsivantes tem, portanto, um papel fundamental no bloqueio de transportadores de ons responsveis por propagar os impulsos epilpticos. OBS 2 : fundamental, tambm, estabelecer a diferena entre convulsão febril e crises epilépticas em vigência de febre. Na primeira situao, temos uma condio benigna, autolimitada, que no evolui com anormalidades neurolgicas e dficit cognitivo ao longo do tempo (aps os 5 anos, a criana no volta a recorrer em crises e no se transforma, necessariamente, em um indivduo epilptico no futuro). A epilepsia uma doena crnica, caracterizada pela recorrncia (mais de uma crise em um intervalo maior que 24h) de crises convulsivas de natureza afebril, na grande parte dos casos.

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  • Arlindo Ugulino Netto FARMACOLOGIA MEDICINA P3 2008.2

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    MED RESUMOS 2012NETTO, Arlindo Ugulino.FARMACOLOGIA

    ANTICONVULSIVANTES (ANTIEPILTICOS)(Professora Edilene Bega)

    Um frmaco anticonvulsivo (tambm chamado de anticonvulsivante ou antiepilptico) representa uma classe de frmacos utilizada para a preveno e tratamento das epilpesias.

    Por definio, epilepsia corresponde a uma descarga eltrica anormal no crtex cerebral, que pode ser restrita a uma determinada rea (crises focais) ou disseminada/difusa por todo o crebro (crises generalizadas). A epilepsia clinicamente definida pela ocorrncia de duas ou mais crises caractersticas no provocadas, ou seja, no desencadeadas por febre, infeco no SNC, anormalidades eletrolticas, glicmicas ou hipxicas, em um perodo maior que 24 horas.

    TIPOS DE CRISES EPILPTICASAs crises epilpticas podem ser classificadas quanto ao seu mecanismo fisiopatolgico da seguinte maneira:

    Crises parciais: envolvem apenas uma regio do crebro, tendo efeito em apenas uma parte do corpo, sem que necessariamente o paciente perca a conscincia. Dependendo da rea cerebral afetada, a pessoa no entra em convulso, mas experimenta outras reaes. Pode ser de trs subtipos:

    o Parcial simples: o paciente apresenta mais comumente como distrbios motores, com movimentos tnicos ou clnicos envolvendo face, pescoo ou extremidades de um lado apenas, mas sem perder a conscincia. Uma aura uma sensao que pode preceder a crise parcial motora, e geralmente consiste em cefaleia e, as vezes, desconforto torcico.

    o Parcial complexa: o indivduo tende a perder a conscincia baseada em uma amnsia antergrada. O quadro clnico pode ser de difcil reconhecimento. A alterao da conscincia exemplificada por uma criana esttica, que interrompe de maneira sbita suas atividades e torna-se no responsiva a estmulos externos.

    o Parcial com ataques secundrios tnico-clnicos generalizados

    Crises generalizadas: ocorrem quando a disseminao do potencial eltrico anormal difusa e bilateral, atingindo ambos os hemisfrios cerebrais e, desta forma, manifestando sinais em todo o corpo. Os principais tipos de crises generalizadas so:

    o Crise de ausncia: indivduo passa por um estado catatnico (no responde a estmulos do meio, mas no perde a sensibilidade), sendo este estado caracterizado pela parada repentina na atividade motora e na fala, olhar vago, piscamento palpebral (mioclonias palpebrais) e fcies inexpressiva. Alguns automatismos de mos podem estar presentes. Era antigamente chamada de pequeno mal.

    o Ataque mioclnico: mioclonias so definidas como contraes musculares simtricas e breves, com perda do tono muscular e quedas ou projeo do corpo do paciente para frente, causando, muitas vezes, traumatismo de face. Podem se assemelhar a choques.

    o Ataque tnico-clnico: antigamente chamada de grande mal, as crises tnico-clnicas so as mais comumente encontradas na prtica clnica. Nesta desordem, o paciente perde a conscincia de maneira sbita, apresenta um movimento tpico para trs do globo ocular e toda a sua musculatura apresenta contrao tnica, o que leva invariavelmente apnia e cianose. A fase clnica tem como caractersticas as contraes rtmicas seguidas de relaxamento de todos os grupamentos musculares. Durante a crise, o paciente pode morder a lngua, raramente vomita, e o relaxamento esfincteriano (bexiga mais comumente) acontece.

    OBS1: Vale salientar que o termo convulso no , necessariamente, um sinnimo de epilepsia. Convulses so contraes involuntrias dos msculos de inicio sbito, gerada por descargas eltricas desordenadas dos neurnios.Desta forma, as convulses caracterizam sinais da crise epilptica generalizada do tipo tnico-clnica. As drogas anticonvulsivantes tem, portanto, um papel fundamental no bloqueio de transportadores de ons responsveis por propagar os impulsos epilpticos.OBS2: fundamental, tambm, estabelecer a diferena entre convulso febril e crises epilpticas em vigncia de febre. Na primeira situao, temos uma condio benigna, autolimitada, que no evolui com anormalidades neurolgicas e dficit cognitivo ao longo do tempo (aps os 5 anos, a criana no volta a recorrer em crises e no se transforma, necessariamente, em um indivduo epilptico no futuro). A epilepsia uma doena crnica, caracterizada pela recorrncia (mais de uma crise em um intervalo maior que 24h) de crises convulsivas de natureza afebril, na grande parte dos casos.

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    FATORES ETIOLGICOS QUE CONTRIBUEM PARA EPILEPSIA Dano cerebral relacionado ao nascimento Anomalia cerebral congnita Predisposio gentica, hereditariedade Infeces, tumores, leses cerebrais Anomalias nos vasos sanguneos cerebrais Uso de drogas de abuso, lcool Exposio a gases txicos Hipoglicemia

    ETAPAS DA CONVULSOO processo convulsivo envolve, em geral, trs etapas: (1) Desequilbrio na proporo de molculas excitatrias

    (sdio, glutamato, clcio) e inibitrias (GABA, cloreto, potssio) no crebro; (2) Os neurnios comeam a transmitir informaes desorganizadamente. Essas mensagens chegam medula; (3) Neurnios na medula passam as "ordens" de contrao desordenada para os msculos, gerando a convulso.

    As consequncias mais evidentes aps uma crise epilptica so: dores musculares; mal-estar; dor de cabea;dificuldade de concentrao; sonolncia; em alguns casos h fraturas por causa da contrao muscular.

    FRMACOS ANTICONVULSIVANTESDe uma forma geral, o tratamento das epilepsias no s farmacolgico: tambm pode ser conservador ou

    cirrgico. No que diz respeito as principais classes de anticonvulsivantes, podemos citar: Barbitricos: podem ser utilizados tanto como anticonvulsivante, quanto anestsicos gerais venosos. Ex:

    Fenobarbital (Gardenal, Barbitron); Mefobarbital; Primidona (Primid); Tiopental (Thiopentax); Tiamilal; Metohexital; Secobarbital; Pentobarbital.

    Benzodiazepnicos: grupo de frmacos ansiolticos utilizados no tratamento sintomtico da ansiedade e insnia, mas tambm comumente utilizado como anticonvulsivantes, chando a substituir os barbitricos, por serem muito menos txicos (os barbitricos podem matar por parada cardiorespiratria, por exemplo). So comumente utilizados como ansiolticos para o pr-operatrio, visando diminuir a ansiedade de pacientes antes de cirurgias. Ex: Diazepam (Dienpax, Valium); Clonazepam (Rivotril, Epileptil); Clorazepato; Lorazepam (Lorax, Ansirax); Midazolam (Dormonid, Dormium); Nitrazepam (Sonebom).

    Hidantonas: so frmacos utilizados para o tratamento de acessos tnico-clnicos generalizados e acessos focais. Ex: Fenitona (Fenital, Hidantal); Etotona, Fosfenitona.

    Oxazolinodionas: no so efetivos para o grande mal (convulso tnico-clnica), mas podem ser utilizados no tratamento de crises de ausncia. Seu mecanismo de ao no esclarecido. Ex: Trimetadiona.

    Carboxamidas: so frmacos efetivos, bastante utilizados como terapia inicial ou suplementar (monoterapia). Ex: Carbamazepina (Tegretol, Tegrex), Oxacarbazepina.

    Succinimidas: so frmacos que foram desenvolvidos na busca por frmacos menos txicos que as oxazolidinodionas. Ex: Etosuccimida (Etoxim).

    Outros: Valproato (cido Valprico), Felbamato, etc.

    OBS3: Enquanto que os barbitricos e benzodiazepnicos podem ser utilizados no s como anticonvulsivantes, mas como uma vastido de outras aes, os demais frmacos pr-citados (hidantonas, oxazolinodionas, carboxamidas, succinimidas, etc) so utilizados exclusivamente como anticonvulsivantes. Exceo feita Carbamazepina e ao Valproato, que so frmacos comumente utilizados pela psiquiatria como estabilizadores do humor no tratamento do transtorno de humor bipolar.

    BARBITRICOSOs barbitricos so frmacos amplamente utilizados como hipnticos, sedativos, ansiolticos e

    anticonvulsivantes. Barbitrico o nome dado a um composto qumico orgnico sinttico derivado do "cido barbitrico".

    Os barbitricos provocam dependncia fsica e psicolgica, diminuio em vrias reas do crebro, depresso na respirao e no sistema nervoso central, depresso na medula, depresso do centro do hipotlamo, vertigem, reduo da urina, espasmo da laringe, crise de soluo, sedao, alterao motora, causam dependncia, desenvolvimento de tolerncia e sndrome de abstinncia. Por este motivo, vm sendo amplamente substitudos por benzodiazepnicos.

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    Mecanismo de ao. Os barbutricos atuam em canais gabargicos, aumentando o influxo de cloreto (Cl-), simulando a atividade do

    GABA endgeno sem a necessidade da presena deste neurotransmissor inibitrio. Ao se ligar aos receptores gabargicos, os barbitricos abrem canais de Cl-, on responsvel por hiperpolarizar a clula e dificultar a sua despolarizao, inibindo, assim, a propagao do impulso nervoso.

    Portanto, de maneira semelhante aos benzodiazepnicos, os barbitricos aumentam a ao do GABA, via de regra, um neurotransmissor inibitrico do SNC; esse aumento feito por uma ligao em stio especfico do receptor de GABA tipo A, porm em local diferente dos benzodiazepnicos, com ao menos especfica. Na verdade, esses receptores nada mais so que canais inicos de cloreto.

    Os barbitricos intensificam uma variedade de sistemas sinpticos mediados pelo GABA, envolvendo inibio tanto pr-sinptica quanto ps-sinptica. No interferem na Glicina e Glutamato.

    Representantes. Fenobarbital: antiepilptico prottipo da classe dos barbitricos. Primeiramente comercializada como

    Luminal por Farbwerke Fr. Bayer & Co., em 1902, tambm conhecido sob o nome comercial Gardenal. Participa da ativao de receptores GABA-A, o que leva a um aumento do fluxo de Cl- para dentrio das clulas, hiperpolarizando-as e promovendo diminuio do impulso nervoso, estabelecendo, assim, seu efeito sedativo. uma substncia barbitrica usada como medicamento anticonvulsivante, hipntico e sedativo. Foi utilizado como sedante e hipntico at 1950, quando apareceram as benzodiazepinas. considerado o anticonvulsivante de escolha para crianas com menos de 2 meses de vida.

    Mefobarbital: uma pr-droga. No existem muitos dados sobre esta na literatura. Primidona: um anticonvulsivo da classe da Pirimidina muito utilizada em associaes com outros

    anticonvulsivantes. Tiopental: conhecido tambm como tiopentato de sdio, um barbitrico de ao rpida, depressor do

    sistema nervoso central, utilizado principalmente em anestesia e hipnose. tambm conhecido popularmente como um soro da verdade. um barbiturato administrado intravenosamente para a induo de anestesia geral ou para a produo de anestesia completa de curta durao. Tambm usado para hipnose, para o controle de estados convulsivos e um dos frmacos usados na injeo letal. Tem sido usado em pacientes neurocirrgicos para reduzir a presso intracraniana aumentada. No possui efeitos de analgesia.

    Metohexital: tambm chamada de methohexitone, uma droga derivada de barbitricos. classificada comouma droga de curta durao, e tem um rpido incio de ao. semelhante em seus efeitos para tiopental sdico, uma droga com a qual competiu no mercado de anestsicos.

    Secobarbital: frmaco utilizado em medicamentos sedativos, hipnticos e anestsicos sob forma do seu sal de sdio. Seus usos teraputicos incluem tratamento da insnia, sedao pr-operatria e convulses. Foi sintetizado em 1928 na Alemanha.

    Pentobarbital: um barbitrico sinttico comumente empregado como sedativo, hipntico e antiespasmdico na forma de seus sais de sdio ou clcio. Foram indentificados os seguintes sintomas em alguns casos de uso do pentobarbital destacando: reduo da presso intra-craniana em pacientes com sndrome de Reye's, traumas e leses cerebrais e induo ao coma em pacientes com isquemia. Pentobarbital tambm usado por suicdas em casos de morte assistida. Pentobarbital foi usado no norte da Austrlia, posteriormente tornando-se ilegal.

    Efeitos adversos.De um modo genrico, os barbitricos esto relacionados, principalmente, com os seguintes fenmenos

    indesejados: Causam morte por depresso cardiorespiratria; Induzem Citocromos P450 (enzima importante na biotransformao de drogas lipossolveis: o prprio tempo

    de meia vida do barbitrico diminudo pela sua existncia, sendo necessrio ento, um ajuste posolgico inicial na sua administrao);

    Dependncia e Tolerncia tambm so observados.

    BENZODIAZEPNICOSAs benzodiazepinas so um grupo de frmacos ansiolticos utilizados como sedativos, hipnticos, relaxantes

    musculares, para amnsia antergrada e atividade anticonvulsionante. A capacidade de causar depresso no SNC deste grupo de frmacos limitada, todavia, em doses altas podem levar ao coma. No possuem capacidade de induzir anestesia, caso utilizados isoladamente.

    Eles substituiram largamente os barbitricos nas suas utilizaes em muitas reas. Ao contrrio deles, os benzodiazepnicos no tm ao depressora do centro respiratrio, apresentando, por isso, um uso mais seguro, alm de terem maior especificidade sobre a sintomatologia ansiosa.

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    Mecanismo de ao. Os benzodiazepnicos atuam sobre receptores

    benzodiazepnicos acoplados aos receptores GABA-A; entretanto, diferentemente dos barbitricos, eles atuam favorecendo e facilitando o acoplamento do neurotransmissor GABA ao seu receptor,aumentando, desta forma, o influxo de cloreto e a atividade do GABA endgeno. Promovem, portanto, acentuao da atividade gabargica sem abrir, por conta prpria, os canais de cloreto.

    OBS4: Note que h uma diferena bsica no mecanismo de ao dos barbitricos e dos benzodiazepnicos: estes deflagram a entrada de cloro na clula excitando o receptor gabargico, o qual, mesmo em pequenas concentraes de GABA, excitado; j os barbitricos, que se ligam em um outro stio no receptores gabargicos, so responsveis por desencadear a abertura dos canais de cloro por si s, sem que seja necessrio a ligao do GABA nestes receptores.

    Principais representantes. Diazepam: um sedativo de ao longa (mas sem ao analgsica), ansioltico e anticonvulsivante (,

    inclusive, o anticonvulsivante de escolha nas emergncias em qualquer tipo de crise convulsiva como alternativa ao bolo de midazolam). Indicado para o tratamento da convulses e espasmos musculares, alm da insnia, tambm se usa antes dalguns procedimentos clnicos ou exames, como a endoscopia e tomografia, para reduzir ansiedade no paciente, e antes de procedimentos cirrgicos, para induzir amnsia antergrada. Na psiquiatria, comumente usado para transtornos no pnico, ansiedade generalizada, sintomas de abstinncia alcolica, relaxante msculo-esqueltico, estado de mal epilptico e no distrbio neurovegetativo (DNV, conhecido popularmente como piti). o frmaco de escolha para o tratamento do estado epilptico.

    Alprazolam: um ansioltico benzodiazepnico de ao sedativa, com pico em 1-2horas. Pode ser utilizado para tratamento do transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pnico com ou sem agorafobia, ansiedade aguda situacional.

    Midazolam: um benzodiazepnico de ao rpida e curta, funcionando como sedativo, hipntico, anticonvulsivante. Seu efeito, quando feito em regime endovenoso, tem incio em 1 a 5 minutos (com durao de 1 a 5 horas). utilizado para tratar insnia, sedao ps-procedimentos cirrgicos e diagnsticos, induo e manuteno da anestesia, sedao prolongada em CTI, estado de mal epilptico.

    Nitrazepam e Flunitrazepam: so benzodiazepnicos utilizados para tratar insnia e crise epilptica mioclnica. Seus efeitos anticonvulsivantes so mais explorados do que os ansiolticos, assim como o Clonazepam.

    Clonazepam: um benzodiazepnico de ao prolongada, til em todas as epilepsias resistentes. Serve como profiltico para as crises mioclnicas ou atnicas ou epilepsias fotossensveis e as crises de ausncia tpicas (pequeno mal) e atpicas, como o espasmo infantil (sndrome de West) e a sndrome de Lennox-Gastaut. Na psiquiatria, pode ser utilizado para o tratamento do transtorno do pnico, fobia social, mania aguda, acatasia induzida por neurolptico, ansiedade generalizada, insnia, etc.

    Indicaes.Como antiepilpticos, os benzodiazepnicos so largamente utilizados no tratamento das crises parciais tnico-

    clnico, sendo eles mais seguros em relao aos barbitricos. So ainda utilizados como drogas ansiolticas e indutoras do sono. Modificam a percepo da dor e do perigo, no afetando a conduo dos estmulos, mas relativizando-os emocionalmente (o doente sente a dor ou perigo, mas j no o incomodam).

    Efeitos adversos. Sedao Podem ser potencializadas por etanol (ou por qualquer droga de ao central), sob pena de favorecer a parada

    cardiorrespiratria. Alguma euforia e alucinaes Amnsia Indiferena e m avaliao do perigo. Tendem a responder mais a agresses por outros indviduos. Hipotermia Dependncia Aumento da hostilidade Ataxia Anemia hemoltica

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    HIDANTONASAs hidantonas e seus derivados so uma classe de substncias que despertam grande interesse, por

    apresentarem importantes atividades farmacolgicas, tais como anticonvulsivante, antiarrtmico e no tratamento de complicaes diabticas crnicas. Estes compostos tambm promoveram agregao de plaquetas e inibio da aldose redutase.

    Mecanismo de ao. De um modo geral, as hidantonas se ligam em canais de Na+, estabilizando-os em sua forma inativa,

    promovendo a inibio do espalhamento da atividade convulsivante. Por esta razo, so frmacos utilizados para o tratamento de acessos tnico-clnicos generalizados e acessos focais.

    Principais representantes. Fenitona: tem baixa hidrossolubilidade e baixo ndice teraputico. Quanto ao seu mecanismo de ao, ela

    inibe os canais de sdio, potssio e clcio, existentes na membrana dos neurnios, imediatamente antes. Altera concentraes locais de neurotransmissores como GABA, noradrenalina e acetilcolina. Diminui a excitao neuronal em geral. mais eficaz por ter uma menor incidncia de efeitos colaterais (escolhido para o uso de monoterapia inicial).

    Fosfenitona: um pr-frmaco de uso I.M. e I.V. devido aos problemas de solubilidade e pH. Etotona: menos txico, menos efetivo e mais sedativo.

    Efeitos adversos. Hiperplasia gengival (Fenitona > Etotona) Hirsutismo Hiperatividade.

    SUCCINIMIDASAs succinimidas so frmacos anticonvulsivantes obtidos durante a busca por drogas efetivas, mas menos

    txicas que as oxazolidinodionas. Seu mecanismo de ao est relacionado com o decrscimo na atividade de canais de Ca+2: estes frmacos ligam-se aos canais de clcio e diminuem a sua atividade.

    Seu principal representante a Etosuccimida, uma droga bastante efetiva e pouco txica, utilizada no tratamento de ataques de crises de ausncias; pode causar, entretanto, sonolncia, ataxia, rashes, disfuno renal ou heptica. Outros representantes so a Fensuccimida e a Metosuccimida.

    OXAZOLIDINODIONASSo frmacos pouco efetivos para quadros de convulso tnico-clnica (grande mal), mas so bastante

    utilizados no tratamento de crises de ausncia. Seu mecanismo de ao no bem esclarecido.Seu principal representante a Trimetadiona (Dimetadiona), que pode ser uma opo para pacientes com

    intolerncia a succinimidas ou ao cido valprico. Seu uso, entretanto, pode estar relacionado com: nefrose, anemia aplsica e depresso da medula ssea; fotofobia, sonolncia, mal-formao fetal.

    OBS5: A Etosuccimida e a Trimetadiona so utilizadas exclusivamente no tratamento das crises de ausncia (pequeno mal), ao passo em que o cido valprico pode ser tambm administrado para o mesmo uso, mas tambm pode ser usado para outros fins. De fato, as drogas de primeira escolha para a sndrome de ausncia ou a etosuccimida ou o cido valprico.

    CARBOXAMIDASAs carboxamidas, que apresentam a carbamazepina como prottipo, so drogas bastante utilizadas para o

    tratamento anticonvulsivante. Seu mecanismo de ao est relacionado com a sua ligao aos canais de sdio-voltagem dependentes, bloqueando-os e impedindo a disperso das ondas eltricas. Seus principais representantes so:

    Carbamazepina: atuam em canais de Na+ voltagem-dependentes, bloqueando-os e prevenindo a disperso das ondas eltricas (inibindo, assim, os ataques epilpticos). Pode ser utilizada em associao a hidantonas (como a Fenitona), agindo, assim, como frmacos tradicionais e mais seguros. Estabelecem uma terapia inicial ou suplementar (monoterapia) segura. Entretanto, seu metabolismo inibido por antibiticos macroldicos, formando metablitos epxidos mais ativo, porm muito txicos. Na psiquiatria, largamente utilizada como um estabilizador do humor para pacientes com transtorno bipolar que no respondem bem ao Ltio.

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    Oxacarbazepina: menos potente que a carbamezepina, mas apresentando melhor absoro por via oral. Sofrem menos metabolismo heptico (no forma epxido), mas apresentam efeitos colaterais no SNCimportantes. Apresentam atividade antipsictica (benzazepinas).

    CIDO VALPRICOO Valproato, tambm conhecido como cido Valprico, um dos antiepilpticos de eleio tanto nas crises

    generalizadas, como nas crises focais ou nas crises secundariamente generalizadas. Pode ser de liberao gstrica (cido valprico Depakene) ou entrica (divalproato Depakote), que melhor tolerada. Para a psiquiatria, to eficaz quanto o Ltio no tratamento da mania e mais eficaz em cicladores rpidos e mania disfrica.

    Tal como a Fenitona e a Carbamazepina, o valproato bloqueia as descargas repetidas e prolongadas dos neurnios, que esto por trs de uma crise epilptica. Estes efeitos devem-se, em doses teraputicas, diminuio da condutncia dos canais de sdio voltagem-dependentes.

    Suas principais caractersticas so: Frmaco de 1 escolha na crise de ausncia (alguns autores optam por etosuccimida) Baixa toxicidade: irritao gstrica Descoberto por acaso: uso como solvente em estudos de novos anticonvulsivantes Mecanismo de ao: inibio do espalhamento da atividade convulsivante.

    Relativamente aos seus efeitos secundrios, os agudos incluem nauseas, vmitos, dor abdominal, aumento de peso e alopcia. Em termos de toxicidade idiossincrtica, h que considerar a hepatotoxicidade e a trombocitopenia.

    FRMACOS ANTIEPILTICOS RECENTES Vigabatrina: inibe GABA-transaminase. Lamotrigina: inibe canais de sdio. Felbamato: mecanismo desconhecido. Gabapentina: mecanismo desconhecido. Tiagabina: inibidor da captura de GABA. Topiramato: potencializa canais de Cloro

    VISO GERAL DO TRATAMENTO DAS EPILEPSIASNa maioria das vezes, no

    necessrio tratar crise isoladas. Parapacientes epilpticos, frmacos que inibem a atividade cerebral tm eficcia em 75% dos casos. Em alguns casos, possvel a realizao de cirurgia, removendo a regio desencadeadora do sinal epilptico.

    Uma vez feito o diagnstico, devemos diferenciar se a crise focal, focal secundariamente generalizadas ou generalizadas. No tratamento da epilepsia, qualquer que seja a forma, existem frmacos de primeira escolha, que so os que proporcionam melhora da crise em 75% dos casos e, de segunda escolha, que prope remisso nos 25% dos casos, em associao com a de primeira escolha.

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    CRISES PARCIAISNas crises focais, a droga de primeira escolha a carbamazepina ou oxcarbazepina (pelos menores efeitos

    colaterais), ocorrendo remisso da crise em 75% dos pacientes. Primeira escolha: Carmbamazepina. Segunda escolha: Fenitona; Fenobarbital; Gabapentina; Iamotregina; Levetiracetam; Oxcarbazepina;

    Topirumato; Valproato; Vigabatrina.

    CRISES PARCIAIS SECUNDARIAMENTE GENERALIZADASNas crises focais secundariamente generalizadas, a droga de primeira escolha a mesma das crises focais,

    carbamazepina (Tegretol) ou oxcarbazepina. Primeira escolha: Carmbamazepina. Segunda escolha: Fenitona; Fenobarbital; Iamotregina; Levetiracetam; Oxcarbazepina; Topirumato;

    Vigabatrina.

    CRISES GENERALIZADASAs crises generalizadas apresentam tratamento de acordo com o padro da crise, j adiantando, o valproato

    (Depakote) a droga-padro para tratar todas as formas das crises generalizadas; as tnico-clnicas so tratadas com valproato; as de ausncia, dever associar com o valproato a etosuccimida (Etoxim); nas mioclnicas, o valproato e o clonazepam so as drogas de escolha; nas atnicas/tnicas, o valproato utilizado.

    Crises GeneralizadasTnico-clnicas Ausncias Mioclnicas Atnicas/tnicas

    Primeira escolha

    Segunda escolha

    Primeira escolha

    Segunda escolha

    Primeira escolha

    Segunda escolha

    Primeira escolha

    Segunda escolha

    Valproato CarbamazepinaFenitonaFenobarbitalIamotriginaLevetiracetamOxcarbazepinaTopiromato

    Valproato/etosuccimida

    ClonazepamIamotriginaTopiromato

    Valproato/Clonazepam

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