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1 FACEBOOK E ALGORITMOS: UM ESTUDO DE CASO DO USO DO FACEBOOK COMO SUPORTE PEDAGÓGICO NA DISCIPLINA DE ALGORITMOS E TÉCNICAS DE PROGRAMAÇÃO DO CURSO DE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM IES FACEBOOK AND ALGORITHMS: A CASE STUDY OF THE USE OF FACEBOOK AS A PEDAGOGICAL SUPPORT TO THE DISCIPLINE ALGORITHMS AND PROGRAMMING TECHNIQUES IN INFORMATION SYSTEMS COURSE IN A HEI Fabio Neves de MIRANDA 1 1 Faculdade de Minas, Faminas-BH, Professor da disciplina de Algoritmos e Linguagens de Programação do curso de Sistemas de Informação e-mail: [email protected] Resumo O presente trabalho teve como finalidade mostrar de que forma a rede social facebook pode contribuir para processo de aprendizagem dos discentes da disciplina de algoritmos e linguagens de programação proposta pelos cursos de Sistemas da Informação na modalidade presencial em uma Instituição de Ensino Superior. Para atingir este fim, foi utilizado como metodologia a pesquisa qualitativa usando como instrumentos metodológicos a pesquisa bibliográfica, estudo de caso e a observação desde a implantação e criação da disciplina na rede social facebook até o final da primeira etapa da disciplina em questão. O resultado que se obteve deste trabalho demostraram a satisfação dos alunos com o fato do professor usar esta ferramenta de interação da geração Y para envolver e interagir com os alunos, entendendo que a disciplina de algoritmos e linguagens de programação é base para posteriores disciplinas do curso de Sistemas de Informação. Este trabalho no futuro poderá servir de apoio a professores, que preocupados com o aspecto colaborativo da web 2.0 atual, exercerão de forma eficaz o ensino da disciplina de algoritmos e linguagens de programação, além de vislumbrar possibilidades pedagógicas em diversas disciplinas que requer maior apoio sistemático em uma Instituição de Ensino Superior (IES). Palavras-chave: Redes Sociais. Algoritmos. Linguagem de Programação.Colaboração. Abstract This study aims at showing how the social network Facebook may contribute to the learning process of students enrolled in the Algorithms and Programming Languages discipline from the Information Systems on-site courses offered by a Higher Education Institution. Thus, the qualitative research was used as methodology which included the following tools: literature research, case study and observation that lasted from the creation and deployment of the discipline in Facebook through the end of the first stage of the given discipline. The result obtained in this work displayed the students' satisfaction with the teacher's use of Facebook, which is a typical interaction tool of the Y generation, to interact and get the students engaged; understanding that the subject Algorithms and Programming Languages is the basis for subsequent courses of the program Information Systems. This work may serve ultimately as a support for teachers who, worried about the collaborative aspect of the current Web 2.0, will be able to teach the discipline of Algorithms and Programming Languages effectively besides being able to picture pedagogic possibilities in several disciplines that require more systematic support in a Higher Education Institution (HEI). Keywords:Social Networks. Algorithms.Programming Language.Collaboration.

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FACEBOOK E ALGORITMOS: UM ESTUDO DE CASO DO USO DO FACEBOOK

COMO SUPORTE PEDAGÓGICO NA DISCIPLINA DE

ALGORITMOS E TÉCNICAS DE PROGRAMAÇÃO DO CURSO DE

SISTEMAS DE INFORMAÇÃO EM IES

FACEBOOK AND ALGORITHMS: A CASE STUDY OF THE USE OF FACEBOOK

AS A PEDAGOGICAL SUPPORT TO THE DISCIPLINE ALGORITHMS AND

PROGRAMMING TECHNIQUES IN INFORMATION SYSTEMS COURSE IN A

HEI

Fabio Neves de MIRANDA1

1Faculdade de Minas, Faminas-BH, Professor da disciplina de Algoritmos e Linguagens de Programação do

curso de Sistemas de Informação

e-mail: [email protected]

Resumo

O presente trabalho teve como finalidade mostrar de que forma a rede social facebook pode contribuir para processo de aprendizagem dos discentes da disciplina de algoritmos e linguagens de programação proposta pelos cursos de Sistemas da Informação na modalidade presencial em uma Instituição de Ensino Superior. Para atingir este fim, foi utilizado como metodologia a pesquisa qualitativa usando como instrumentos metodológicos a pesquisa bibliográfica, estudo de caso e a observação desde a implantação e criação da disciplina na rede social facebook até o final da primeira etapa da disciplina em questão. O resultado que se obteve deste trabalho demostraram a satisfação dos alunos com o fato do professor usar esta ferramenta de interação da geração Y para envolver e interagir com os alunos, entendendo que a disciplina de algoritmos e linguagens de programação é base para posteriores disciplinas do curso de Sistemas de Informação. Este trabalho no futuro poderá servir de apoio a professores, que preocupados com o aspecto colaborativo da web 2.0 atual, exercerão de forma eficaz o ensino da disciplina de algoritmos e linguagens de programação, além de vislumbrar possibilidades pedagógicas em diversas disciplinas que requer maior apoio sistemático em uma Instituição de Ensino Superior (IES).

Palavras-chave: Redes Sociais. Algoritmos. Linguagem de Programação.Colaboração.

Abstract This study aims at showing how the social network Facebook may contribute to the learning process of students enrolled in the Algorithms and Programming Languages discipline from the Information Systems on-site courses offered by a Higher Education Institution. Thus, the qualitative research was used as methodology which included the following tools: literature research, case study and observation that lasted from the creation and deployment of the discipline in Facebook through the end of the first stage of the given discipline. The result obtained in this work displayed the students' satisfaction with the teacher's use of Facebook, which is a typical interaction tool of the Y generation, to interact and get the students engaged; understanding that the subject Algorithms and Programming Languages is the basis for subsequent courses of the program Information Systems. This work may serve ultimately as a support for teachers who, worried about the collaborative aspect of the current Web 2.0, will be able to teach the discipline of Algorithms and Programming Languages effectively besides being able to picture pedagogic possibilities in several disciplines that require more systematic support in a Higher Education Institution (HEI). Keywords:Social Networks. Algorithms.Programming Language.Collaboration.

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1 Introdução As novas maneiras de comunicar e se relacionar têm levado os educadores a

repensarem seus processos de ensino. As redes sociais tornam-se uma realidade do

contexto chamado web 2.0. Há algum tempo as “tecnologias interativas” tinham ênfase

no cenário tecnológico, porém atualmente as atenções tem se voltado para os chamados

“sistemas colaborativos”, “cultura participativa”.

O termo Web 2.0 que foi cunhado inicialmente por Tim O’Reilly em 2005, e que

significa uma web interativa, descrita como:

Web 2.0 é a revolução de negócios na indústria de informática causada pela mudança para a Internet como plataforma, e uma tentativa de entender as regras para o sucesso nessa nova plataforma. A principal entre essas regras é a seguinte: Construa aplicações que tenha os efeitos de rede para obter melhor aproveitamento das pessoas que usá-los. (Isto é o que eu tenho chamado em outro lugar de "aproveitamento da inteligência coletiva"). (O'REILLY, 2005, tradução nossa)1

A Web 2.0 é a mudança para uma Internet como plataforma (arquitetura em que

as aplicações de software são construídas e usadas sobre a Web) e o entendimento da

filosofia subjacente de modo a atingir tal objetivo. Entre outros, um dos objetivos mais

importantes passam pelo desenvolvimento de aplicativos que aproveitem os efeitos da

rede para se tornarem melhores quanto mais forem usados pelas pessoas, beneficiando a

inteligência coletiva (O’Reilly&Battelle, 2009).

As tecnologias Web 2.0 (podcasts, wikis, redes sociais e mundos virtuais) fazem

parte do dia-a-dia dos nossos alunos e, a pouco a pouco, os professores procuram

fortalecer a relação pedagógica entre ambos através de tecnologias e ferramentas Web

que favoreçam a interação com conteúdos e com os intervenientes dos processos de

aprendizagem.

O objetivo deste estudo e da investigação é apresentar inicialmente os

fundamentos das Redes Sociais, dedicando especial atenção à rede social Face book.

Seguidamente, será descrito uma experiência pedagógica mediada por esta rede social

com 30 alunos de uma turma de 1º período do curso de Sistemas de Informação na

disciplina de Algoritmos e Linguagens de Programação e suas contribuições no

processo de ensino-aprendizagem na disciplina em questão de uma IES.

Por fim, são tecidas algumas considerações relevantes, nomeadamente para

1 “Web 2.0 is the business revolution in the computer industry caused by the move to the internet as platform,

and an attempt to understand the rules for success on that new platform. Chief among those rules is this: Build applications that harness network effects to get better the more people use them. (This is what I've elsewhere called "harnessing collective intelligence.")” (O'REILLY, 2005)

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aqueles que procuram novas modalidades de utilização das redes sociais em contextos

educativos em Instituições de Ensino Superior (IES).

2 Redes Sociais

As redes sociais são formadas pelas pessoas e seus relacionamentos. Alguns

relacionamentos são duradouros e fortes, assim como relacionamentos em membros da

família ou de amizade, outros são passageiros e desaparecem com o tempo. As redes

sociais na web são ambientes virtuais onde os participantes interagem com outras

pessoas e criam redes baseadas em algum tipo de relacionamento.

De acordo com Nielsen (NIELSEN, 2009), o uso das redes sociais e dos blogs já

representa a quarta atividade mais realizada na web, e já atinge 66,8% da população

mundial. O tempo gasto nos sites de relacionamento cresce três vezes mais do que o

crescimento do tempo total gasto na internet, o que indica a tendência ainda maior do

crescimento das redes.

Como afirma Fuks (2011), as redes sociais atuam como auxílio na resolução de

problemas do “mundo real” tais como: a) armazenar e difundir o conhecimento entre

pessoas que vivem situações semelhantes, mas vivem ou trabalham em locais distintos;

b) reproduzir e gerar conexões entre pessoas e organizações; conectar pessoas ainda que

desconhecidas no presencial, para estabelecer parceria e colaboração; dentre outros

aspectos fundamentais na geração Y.

Estudos importantes realizados no âmbito brasileiro têm levantado a

possibilidade do uso das redes sociais na educação; a utilização de Redes Sociais na

Internet na educação (na aprendizagem), entre os principais estão Alves, 2008; Costa,

2008; Hardagh, 2009.Teorias importantes na era digital têm sido propostas como o

conectivismo de Siemens (2012) que possui alguns princípios norteadores como:

a) aprendizagem e conhecimento baseiam-se na diversidade de opiniões e posições;

b) aprendizagem é a capacidade de conectar nós específicos ou fontes de informações;

c) aprendizagem pode residir em dispositivos não humanos;

d) cultivar e manter conexões são necessários para a aprendizagem contínua, dentre

outros aspectos.

Para Lima (2011), as redes sociais Virtuais são grupos ou espaços específicos na

Internet, que permitem partilhar dados e informações, sendo estas de caráter geral ou

específico das mais diversas formas (textos, arquivos, imagens, fotos, vídeos, etc).

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Formando grupos que possuem afinidades e que encontram nas Redes Sociais Virtuais

espaço para debates e discussões.

Assumiu-se neste trabalho que o conceito de Rede Social é uma estrutura

organizada de indivíduos, grupos de indivíduos, organizações conectadas por laços

fortes ou fracos compartilhando um ou mais objetivos comuns. Existem diversas

plataformas para este fim, mas o foco em questão será o facebook.

2.1 Facebook

Uma pergunta importante se faz necessária: Por que usar o facebook na

Educação? Bozarth (2010) afirma de maneira apropriada os motivos: facilita a

conversação; ajuda a diminuir as relações hierárquicas de poder entre professor e

alunos; melhora o “nível” de relacionamento; suporta a interação entre alunos,

rompendo com o discurso limitado tipo aluno-professor.

Bozarth (2010) ressalta ainda que na cibercultura atual alguns aspectos

educacionais sejam importantes como: noção de conhecimento como uma construção;

aprendizagem participativa; integração das tecnologias digitais ao currículo;

inteligência coletiva que favorece o fluxo comunicacional por meio do

compartilhamento das mídias sociais, ou seja, o que está em jogo é mesmo o fluxo de

signos; a interação e a conectividade entre pessoas e conteúdos.

“Dar às pessoas o poder de compartilhar e tornar o mundo mais aberto e

conectado2” é a missão desta plataforma (Facebook, tradução nossa), conforme o

próprio criador Mark Zuckerberg descreve na página do Facebook destinada a

apresentar o produto à comunidade. No lançamento desta plataforma ela foi restrita aos

alunos da Universidade de Harvard, sendo que rapidamente ganhou dimensão mundial,

chegando hoje a cerca de 880 milhões de usuários.

O Facebook tornou-se não só um canal de comunicação e um destino para

pessoas interessadas em procurar, partilhar ou aprender sobre determinado assunto, mas

também, um meio de oportunidades para o ensino superior, designadamente: é uma

ferramenta popular; fácil de usar; não necessita de desenvolvimento interno ou de

aquisição de software; é útil para alunos, professores e funcionários; permite a

integração de diversos recursos no Facebook (RSS feeds, blogs, twitter, etc.); fornece

2 “Facebook's mission is to give people the power to share and make the world more open and connected.”

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alternativas de acesso a diferentes serviços; permite o controlo de privacidade (podemos

controlar a informação que queremos que os outros vejam sobre nós); e, acima de tudo,

não a podemos ignorar (Kelly, 2007).

Em face desta realidade, a seguir procuramos utilizar o facebook como uma

forma de interagir e promover situações de aprendizado em uma disciplina considerada

base para o curso de Sistema de Informação: Algoritmos e Linguagens de Programação

da turma do 1º. Período de 2012.

3 Facebook e a disciplina de Algoritmos e Linguagens de Programação

A disciplina de Algoritmos e Linguagens de Programação faz parte da grade

curricular dos cursos de Sistemas de Informação proposta pelo MEC e tem como

finalidade apresentar ao aluno a lógica de programação, suas estruturas, suas formas de

representação dessa lógica (algoritmos) e o uso aplicado destes algoritmos por meio da

linguagem de programação C.

Um algoritmo pode ser visto como uma sequência de ações executáveis para a

obtenção de uma solução para determinado tipo de problema. Os programas são

formulações concretas de algoritmos abstratos, baseado em representações e estruturas

específicas de dados. Em outras palavras, programas representam uma classe especial

de algoritmos capazes de serem seguidos por computadores (ZIVIANE, 2011).

Essa disciplina muitas vezes é encarada pelos estudantes como uma barreira

intransponível principalmente nos cursos de computação e algumas engenharias, dentre

outros. A dificuldade em assimilar os conceitos envolvidos em tais disciplinas é facilmente

observável especialmente nos primeiros semestres em que são introduzidas nos cursos de

graduação. Com o avanço do curso, para muitos as deficiências de aprendizagem nos

conceitos básicos de programação limitam o nível de abstração e amadurecimento conceitual

dos conteúdos subsequentes, dificultando ainda mais a aprendizagem e impulsionando altos

índices de evasão e reprovação.

4 Estudo de caso do Facebook em Algoritmos e Linguagens de Programação

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Os discentes utilizados neste trabalho são os alunos do 1º. período do curso de

Sistemas de Informação. É comum no 1º. período o aluno ter dificuldades para se

engajar no âmbito do curso superior. Como a disciplina de Algoritmos e Linguagens de

Programação requer grande esforço por parte do aluno dentro e fora de sala aula, o

facebook veio como um instrumento eficaz que os alunos já usam no seu dia a dia.

Apesar de todos os esforços do docente em impulsionar o uso da plataforma, este

apenas registrava um incremento de acessos que antecediam momentos de avaliação.

Portanto, se os alunos já estão motivados para o uso de redes sociais e utilizam

diariamente podendo ser um veículo de aprendizagem colaborativa e informal, por que

não usá-las em contexto educativo?

Neste sentido, foi proposto explorar e identificar o potencial educativo da rede

social Facebook, através de aplicações, recursos e atividades que pudessem suportar o

processo de ensino/aprendizagem, com a finalidade de obter uma participação mais

proativa, e interativa dos alunos. Este estudo de caso foi implementado com os

discentes de uma turma de 1º período do curso de Sistemas de Informação da

Instituição de Ensino Superior em questão. A técnica de coleta de dados usada foi a

sondagem simples e a recolhimento de informação baseada na observação.

4.1 Interações iniciais no Facebook

A experiência pedagógica teve início Fevereiro de 2012 com a criação do um

grupo chamado “SI-PERIODO-01” dentro do Facebook pelo professor administrador

do grupo. Logo após, o professor administrador do grupo orientou o representante de

turma para aos poucos inserir outros colegas que eles já conheciam na sala dentro do

grupo. Esta ação foi intencional pelo professor, assim o representante de turma poderia

atuar também como um elo entre o professor e a turma em questão.

Logo no início da criação do grupo e das primeiras interações, o representante da

turma (figura 1) busca na internet o livro da disciplina de Algoritmos e Linguagens de

Programação que consta no plano de ensino conforme orientação do professor em sala

de aula. Compartilha com os outros colegas da turma que a edição da biblioteca é mais

atual que a edição da internet. Isso demostra a preocupação do aluno em ir até a

biblioteca e também compartilhar com os outros colegas sua preocupação com a edição

do livro que servirá de base para os estudos da disciplina.

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Figura 1 – interação do representante sobre o livro

referência

Para melhor orientação quanto aos conteúdos da disciplina lecionada, o professor da

disciplina emite um comunicado para que os alunos possam continuar seus estudos fora

da sala de aula, ou seja, por meio de Ambientes Virtuais de Aprendizagem conforme

Figura 2.

Figura 2 – primeira comunicação do professor

O professor volta a incentivar o representante da turma para adicionar mais

colegas para obter maior interação por parte dos alunos e professor na disciplina. No

primeiro momento havia poucos alunos.

O universo previsto observado é de 30 alunos para esta pesquisa. Na figura

3observa-se 34 alunos adicionados, porém ao final deste processo, haverá mais de 80

alunos cadastrados no grupo em questão. Há uma intensa participação do representante

da turma para a participação dos que ainda não tinham entrado no grupo (figura4).

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Figura 3 – mais de 30 membros já adicionados no grupo para

interação

Figura 4 – representante da turma incentivando os

colegas

4.2 Dúvidas iniciais compartilhadas entre os discentes e o docente

A disciplina de algoritmos requer por parte dos alunos intensa prática fora de

sala de aula. Observa-se que a dúvida do aluno (Figura 5.1 e 5.2) é compartilhada com

outros discentes juntamente com o professor passam a interagir e a participar

ativamente na dúvida do aluno. Ao final, o aluno tira eficazmente sua dúvida podendo

prosseguir no processo de aprendizagem da disciplina.

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Figura 5.1 – dúvidas iniciais do discente determinado

exercício

Figura 5.2 – dúvida respondida ao final das

contribuições

4.3 Aumento da intensidade de indagações pelos discentes

À medida que a turma interage com outros discentes e o professor, a

complexidade das perguntas aumenta. O aluno neste caso (Figura 6) resolve não

somente perguntar, mas colar o conteúdo do algoritmo que ele está tentando resolver

para todos dentro do facebook, facilitando ainda mais o compartilhamento de

informações por parte de todos. Após várias interações, o aluno também sana sua

dúvida ficando satisfeito em continuar seu processo de aprendizagem.

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Figura 6 – aluno “cola” o algoritmo para compartilhamento de

informações

O outro aluno em vez de “colar” o conteúdo diretamente no campo para inserir textos

no Facebook, ele resolve copiar literalmente a tela (com a tecla printscreen) e colar

dentro do Facebook para outros colegas lhe ajudarem (Figura 7). Mais uma vez, o

compartilhamento de informações aconteceu e o aluno tirou sua dúvida de forma

satisfatória.

Figura 7 – aluno “cola” a tela para tirar

dúvidas

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Alguns alunos além de interagirem dentro do Facebook procuram formar os

chamados grupos de estudos (Figura 8). O aluno compartilha sua excelente ideia e o os

outros discentes discutem e ao final omitem a opinião dizendo da grande importância

que é um grupo de estudo para a disciplina em questão.

Figura 8 – proposta de grupos de estudos para melhor aprendizagem

Importante salientar aqui este outro caso onde o aluno compartilha o fato de que

terminou de fazer um determinado exercício, porém ficou com uma dúvida e expõe sua

dúvida aos demais discentes. Neste caso houve 20 comentários (figura 9), ou seja, uma

intensa interação e a dúvida compartilhada e sanada de forma altamente interativa.

Figura 9 – 20 (vinte) interações por parte dos discentes

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Constantemente o professor, como mediador do aprendizado, procura comunicar

aos discentes informações importantes durante a disciplina tornando ainda mais

interativo a relação do aluno com a disciplina (Figura 10).

Figura 10– comunicações ao longo da disciplina pelo

professor

O monitor (Figura 11) da disciplina de Algoritmos e Linguagens de Programação

também interage para ajudar os alunos na disciplina. O monitor é ativo, participativo e

contribui efetivamente para o entendimento do conteúdo da disciplina.

Figura 11 – aluno e monitor interagindo na disciplina

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Percebe-se nitidamente uma intensa interação e motivação por parte do docente e

dos discentes em uma disciplina que requer intensa busca e muita disciplina.

4 Percepção final dos discentes no uso do facebook na disciplina

Ao final da primeira etapa da disciplina, o professor procurou obter por parte dos

alunos suas opiniões sobre a eficácia do facebook na disciplina de algoritmos e

linguagem de programação. A pergunta foi feita da seguinte forma: de que forma o

Facebook tem contribuído para o aprendizado dos discentes de Algoritmos e

Linguagens de Programação? Eis as respostas dos alunos conforme figuras 12. É

nitidamente perceptível a opinião dos alunos. Os comentários ressaltam aspectos

colaborativos, troca de conhecimentos e experiências. Outros afirmam aspectos

diferentes como:

Aluno 1: “o facebook tem colaborado para tirar dúvidas de forma rápida e todos têm

contribuído para o crescimento geral de nosso desenvolvimento e aprendizado de nosso

conteúdo. Obrigado Professor”

Aluno 2: E como ajuda, entro no facebook ultimamente mais para estudar, do que

qualquer outra coisa... Vendo a galera interagindo sobre as matérias. “Aqui acabamos

ajudando uns aos outros e tirando muitas dúvidas, ou seja, compartilhamos e curtimos

conhecimentos...”

Aluno 3: “O uso do Facebook tem ajudado a orientar e compartilhar informações e

dicas sobre a matéria, além de contribuir para interação entre professor e aluno”.

Figura 12 – opiniões finais sobre a eficácia do facebook

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5 Conclusão

Os discentes na geração Y, já adotaram estilos de vida mais flexíveis, interativos

e atemporais, servindo-se das tecnologias Web 2.0 para participar, partilhar e

comunicar.

As redes sociais são ambientes sociais e digitais, com conectividade e

ubiquidade, baseadas na procura de aprendizagem, levando os educadores a ampliar a

visão de pedagogia para que os alunos sejam participantes ativos e coprodutores de

conteúdos, de modo que a aprendizagem seja um processo participativo, social, de

apoiado em objetivos e necessidades individuais (MacLoughlinet al., 2007).

Numa primeira análise, os resultados parciais deste estudo permitiram evidenciar

que os alunos se adaptam melhor às tecnologias quando vão ao encontro dos seus

interesses e necessidades pessoais. Ou seja, a utilização prévia do Facebook num

ambiente de aprendizagem informal contribuiu para que esse ambiente fosse

gradualmente organizando-se como um espaço de integração, comunicação e

colaboração entre todos, conforme demostrado em vários momentos neste trabalho,

observando-se de fato como um ambiente propício à aprendizagem formal, cooperativa

e colaborativa e altamente interativa na sociedade em rede que vivemos.

No cenário atual da cibercultura torna-se patente que o Facebook pode ser

utilizado como um recurso pedagógico potencializador importante para promover a

interação, a colaboração e as competências tecnológicas em Instituições de Ensino

Superior (IES), em cursos de Sistemas de Informação como também em outros cursos

de nível superior.

Por se tratar de um campo vasto e novo, o papel do facebook do ponto de vista

educacional já é uma realidade, principalmente, com o lançamento recente do facebook

for educators gerenciado pelos doutores Linda Fogg Phillips, Derek Baird, MA, & BJ

Fogg, Ph.D (FACEBOOK, 2012). Siemens (2012) propõe uma nova abordagem

pedagógica colaborativa chamada de Conectivismoque tem sido pesquisada e também

aceita como uma espécie de teoria de aprendizagem da era digital. Para futuros

trabalhos, pretende-se abordar aspectos desta suposta teoria aplicada à disciplina em

questão.

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6 Referências

BOZARTH, Jane. Social Media for Trainers.John Wiley & Sons, 2010. FACEBOOK, for Educators.Disponível em: http://facebookforeducators.org/. Acesso em: 09 jun 2012. FUKS, Hugo. Sistemas Colaborativos. São Paulo: Elsevier , 2012. KELLY, B. Introduction To Facebook: Opportunities and Challenges For The Institution. Disponível em: http://www.ukoln.ac.uk/web-focus/events/meetings/bath-facebook-2007-08/. Acesso em: 21 de Mar 2012. KENSKI, V. M. Tecnologias e ensino presencial e a distância. Campinas: Série Prática Pedagógica, 2003. LIMA, A. B. Social networks: uma nova onda? Disponível em: <http://grupopapeando.wordpress.com/2011/02/18/social-networks-uma-nova-onda/> Acesso em: 04 mar. 2012. SIEMENS, G. Connectivism: A Learning Theory for the Digital Age.elearnspace. Dezembro, 2004.Disponível em: <http://www.elearnspace.org/Articles/connectivism.htm>. Acesso em: 11 jun 2012. SIEMENS, G..Learning and knowing in networks: Changing roles for educators and

designers. Paper 105: University of Georgia IT Forum, 2008. MCLOUGHLIN, C., & LEE, M. J. (2007).Social software and participatory learning:

Pedagogical choices with technology affordances in the Web 2.0 era. Ascilite . Singapore. NIELSEN. Global Facesand Network Places. Março de 2009. Disponível em: <http http://blog.nielsen.com/nielsenwire/wp-content/uploads/2009/03/nielsen_globalfaces_mar09.pdf.>. Acessoem: 04 mar. 2012. O'REILLY, T. (2005).What Is Web 2.0. Design Patterns and Business Models for the Next

Generation of Software. de O'Reilly Network: Disponívelem: http://oreilly.com/web2/archive/what-is-web-20.html. Acessoem: 21mar 2012. ZIVIANE, Nivio. Projeto de algoritmos.São Paulo: Cengage Learning, 2011.