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FERNANDA CARREGARO Estudo das proteínas pequenas ricas em prolina (SPRRs) em câncer de cabeça e pescoço Study of Small Proline Rich Proteins (SPRRs) in Head and Neck Cancer. São Paulo 2012

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FERNANDA CARREGARO

Estudo das proteínas pequenas ricas em prolina (SPRRs) em câncer de cabeça e pescoço

Study of Small Proline Rich Proteins (SPRRs) in Head and Neck Cancer.

São Paulo 2012

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RESUMO

As proteínas pequenas ricas em prolina (small proline-rich protein/SPRRs)

compreendem uma sub-classe específica de precursores da camada córnea, codificadas

por uma família multi-gênica do complexo de diferenciação epidérmica mapeado no

cromossomo 1q21. Vários estudos têm sugerido que as SPRs estão relacionadas com

proliferação epitelial elevada e processos malignos. O presente trabalho teve como

objetivo investigar a participação das SPRs no desenvolvimento de carcinomas

epidermóides de cabeça e do pescoço e no fenótipo da célula neoplásica. O perfil de

expressão de onze genes SPRRs foi avaliado em cinco linhagens celulares (FADU,

HEP-2, UM-SCC-38, SCC-9) e em carcinomas primários da cabeça e pescoço, utilizando

PCR em tempo real. Os tumores foram classificados em agressivos (A) e menos

agressivos (LA) dependendo da presença ou da ausência de células neoplásicas nos

nódulos linfáticos regionais. Os resultados revelaram baixa expressão de genes SPRRs

em todas as linhagens celulares, exceto o SPRR4. Por outro lado, foram observados

níveis elevados de transcritos de SPRR2G, SPRR4 e SPRR2E e níveis reduzidos de

transcritos de SPRR3 tanto nos grupos A e LA de carcinomas. A expressão ectópica de

SPRR2E resultou em menor capacidade de invasão celular em ensaio de câmara de

Boyden, bem como em mudança do fenótipo epitelial para fibroblastóide, mas não afetou

a proliferação celular ou a migração. Após o tratamento das células HEP-2 com a

proteína anti-inflamatória anexina A1 (peptídeo AC2-26), ocorreu um aumento

substancial de expressão da maioria dos SPRRs, sugerindo uma associação entre SPRs

e inflamação.

Os genes SPRRs possuem sequências altamente conservadas e, após uma

análise filogenética utilizando o método de neighbor-joining, os resultados indicaram um

grupo homogêneo, que incluiu SPRR2 e SPRR4, e um grupo mais heterogêneo com

SPRR1 e SPRR3. Aparentemente, a diversidade de sequência destes genes é baixa.

Isto sugere que o controle da dosagem da proteína pode ser mais importante para o

desempenho de sua função que a complexidade estrutural.

A compreensão da função das SPRs avançou bastante nos últimos anos, mas

muitas questões sobre o seu papel no processo neoplásico ainda permanecem sem

resposta. Muitos dados são ainda necessários para identificar sua associação com

outras proteínas e com vias de sinalização. Portanto, é importante melhorar nosso

conhecimento sobre a regulação e a função de cada RPN, para que as descobertas

obtidas na pesquisa básica sejam traduzidas em aplicações clínicas.

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ABSTRACT

The small proline rich proteins (SPRs) constitute a specific sub-class of cornified

cell envelope precursors, encoded by a multi-gene family which are part of the epidermal

differentiation complex on chromosome 1q21. Several studies have suggested that the

SPRs are related to increased epithelial proliferation and to malignant processes. The

present work aimed to investigate the participation of SPRs in the development of head

and neck squamous cell carcinomas and in the phenotype of the neoplastic cell. The

expression profile of eleven SPRRs genes was evaluated in five cell lines (FaDu, HEP-2,

UM-SCC-38, SCC-9) and in primary carcinomas from head and neck, using real time

PCR. The tumors were classified as aggressive (A) and less aggressive (LA) depending

on the presence or absence of neoplastic cells in the regional lymph nodes. The results

revealed low expression of SPRRs genes in all cell lines, except SPRR4. Otherwise, high

levels of SPRR2G, SPRR4 and SPRR2E and low levels of SPRR3 transcripts were

observed in both A and LA carcinomas. Ectopic SPRR2E expression resulted in reduced

cell invasion evaluated by a Boyden chamber assay together with morphologic changes

from epithelial to fibroblast–like phenotype, but did not affected cell proliferation or

migration. After treatment of HEP-2 cell line with the anti-inflammatory protein annexin A1

(peptide Ac2-26), there was a substantial increase of expression of most SPRRs,

suggesting an association between SPRs and inflammation.

The SPRRs genes have highly conserved sequences and, after a phylogenetic

analysis using the neighbor-joining method, the results indicated a homogeneous group

including SPRR2 and SPRR4, and a more heterogeneous group with SPRR1 and

SPRR3. Apparently, the sequence diversity of these genes is low. This suggests that the

control of protein dosage may be more important to the performance of their function than

the structural complexity.

The understanding of the function of SPRs has advanced in the past years but

many questions on their role in the tumorigenic process still remain unanswered. Much

more data are required to recognize their association to other proteins and signaling

pathways. Therefore, it is important to improve our knowledge on the regulation and

function of each SPRs in order to translate findings from basic research into clinical

applications.

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I – INTRODUÇÃO

Aspectos básicos dos tecidos epiteliais normais

Os tecidos de vertebrados são didaticamente divididos em dois grandes grupos: os

epiteliais, geralmente com pouca substância intercelular, e os mesenquimais que, ao

contrário, são mais ricos em material extracelular (Junqueira & Carneiro, 2004).

Os tecidos epiteliais são formados por células cubóides ou colunares ligadas entre si

por meio de estruturas de adesão. Suas características morfológicas, como forma das

células e estratificação, variam com a função que desempenham e compreendem a base da

classificação desses tecidos. Em geral são agrupados em epitélio simples e estratificado e

em um tipo intermediário denominado transicional. O primeiro deles apresenta uma camada

de células em contato com a membrana basal e pode exibir um aspecto pseudoestratificado

quando os núcleos se encontram em níveis variáveis. No estratificado, somente as células

das camadas inferiores estão ligadas à membrana basal e são mitoticamente ativas,

enquanto as do estrato intermediário sofrem processos de diferenciação. Quando

queratinizadas (queratinócitos), as células do estrato superficial podem morrer se também

corneificadas pela adição de uma camada proteinácea na superfície citoplasmática da

membrana celular (revisto por Bragulla & Homberger, 2009). Um resumo da classificação

dos epitélios e exemplos de localização no organismo são apresentados na Figura 1.

O citoesqueleto das células epiteliais é formado pela interação de microfilamentos,

microtúbulos e filamentos intermediários. Os microfilamentos são formados por moléculas de

actina globular (G-actina) reunidas em actina filamentosa (F-actina) e se ancoram à

membrana celular por proteínas como as plectinas. Os microtúbulos resultam da associação

de moléculas de - e -tubulina e compreendem as maiores estruturas filamentosas do

citoesqueleto. Os filamentos intermediários, ao contrário dos anteriores, não são polarizados

e agregam-se em feixes de diâmetro variável que servem de arcabouço para os demais

componentes do citoesqueleto, mas também são fundamentais para traduzir estímulos do

ambiente em mudanças de expressão gênica. Nas células epiteliais, os filamentos

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intermediários são formados por queratinas encontradas apenas em vertebrados (revisto por

Bragulla & Homberger, 2009).

Os epitélios revestem superfícies internas e externas do organismo, formam glândulas,

separam compartimentos, regulam a troca de moléculas e atuam como órgãos sensoriais.

Um dos melhores exemplos é a epiderme, um epitélio estratificado queratinizado

corneificado que, juntamente com seus apêndices (penas e escamas em aves e répteis,

pelos e unhas em mamíferos), teve um papel importante na colonização do ambiente

terrestre durante a evolução. Esse tecido se especializou em defender o organismo de

insultos externos, incluindo danos físicos (injúria mecânica, radiação ultravioleta/UV),

químicos (substâncias irritantes, alergênicas, espécies reativas de oxigênio/ROS), infecção

por microorganismos (bactéria, fungo e vírus), perda de água e calor (Proksch, 2008). Essa

proteção é dada particularmente para as camadas celulares suprabasais por diferentes

enzimas destoxificantes e de reparo bem como por proteínas e vitaminas antioxidantes,

reduzindo os riscos de carcinogênese (Schafer & Werner, 2011).

Diferentemente da epiderme, outros tecidos epiteliais estratificados são não-

queratinizados e revestem superfícies internas do organismo, incluindo parte da cavidade

oral, esôfago e trato anogenital, que não estão submetidas ao mesmo grau de trauma

mecânico que a pele. Os epitélios simples não estratificados, por outro lado, se

especializaram em funções de absorção ou secretórias e revestem órgãos como o intestino,

o fígado e o rim (revisto por Presland & Dale, 2000; Presland & Jurevic, 2002; McLean,

Irvine, 2007).

Muito do conhecimento atual sobre a organização e as funções dos tecidos epiteliais

deriva de estudos de doenças hereditárias ou fortemente associadas a fatores ambientais.

Com a utilização de ferramentas de Biologia Molecular tem sido possível estudar animais

modelo e investigar a estrutura de proteínas produzidas por esses tecidos e entender sua

estrutura e funcionamento.

O processo de diferenciação das células epiteliais

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A diferenciação celular no epitélio tem início com a migração de células da membrana

basal para as camadas superiores. Em sequência, ocorre perda de atividade mitótica,

diferenciação e morte celular, cada fase caracterizada pela presença de proteínas

específicas (Candi et al., 2005). Embora a proliferação seja característica das camadas mais

basais, onde as células pluripotentes devem residir, figuras mitóticas podem também ser

detectadas em camadas mais superficiais durante processos de cicatrização, neoplásicos e

inflamatórios (Alberts et al., 2002).

Nos epitélios estratificados queratinizados, como a epiderme e a mucosa da gengiva e

do palato duro, as células seguem um programa de diferenciação que resulta na formação

de uma superfície mecanicamente resistente, composta de células mortas corneificadas,

sem núcleo e sem organelas citoplasmáticas, preenchidas por filamentos de queratina

(revisto por Presland & Dale, 2000; Presland & Jurevic, 2002).

As queratinas são as proteínas predominantes do citoesqueleto em todos os epitélios.

Pertencem à superfamília de filamentos intermediários e são classificadas em tipo I (ácidas)

e II (básicas) de acordo com suas propriedades bioquímicas e seqüência de aminoácidos.

São resistentes à digestão pelas proteases tripsina e pepsina e são insolúveis em ácidos

diluídos, álcalis, água e solventes orgânicos, mas solúveis em uréia (Steinert et al., 1982;

Steinert et al., 1985). Reúnem-se aos pares para compor filamentos que se estendem do

núcleo até a membrana, formando estruturas para suportar o estresse e manter o formato e

a viabilidade das células (Steinert, 2001).

Os filamentos de queratina são ancorados a complexos de adesão no lado interno da

membrana celular, tais como os desmossomos, assegurando que os queratinócitos

permaneçam conectados e que ocorra transferência de forças mecânicas entre células

vizinhas (Hanakawa et al., 2002). Os desmossomos são formados por dois grupos principais

de proteínas: as proteínas de adesão transmembrânicas da família das caderinas

(desmogleínas e desmocolinas) e as proteínas citoplasmáticas de ancoragem (como

placoglobina, desmoplaquina, placofilina, envoplaquina e periplaquina) (Alberts et al., 2002;

Presland & Jurevic, 2002).

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Os tecidos epiteliais expressam diferentes pares de queratina dependendo do tipo de

célula e do estágio de diferenciação. A maioria dos epitélios estratificados expressa o par de

queratinas 5 e 14 (K5/K14) na camada basal proliferativa. As camadas suprabasais,

normalmente pós-mitóticas e em processo de diferenciação, expressam outros pares de

queratinas. Por exemplo, na epiderme, são expressas as queratinas K1 e K10 enquanto, na

mucosa oral, são expressas K4 e K13 (Figura 2) (Bragulla, Homberger, 2009; Presland;

Jurevic, 2002).

Em paralelo à síntese de queratinas específicas, as células epiteliais produzem outras

proteínas bem como lipídeos. Em estágios avançados da diferenciação, as células adquirem

grânulos querato-hialinos com profilagrina, o precursor da filagrina, que é responsável pela

agregação de filamentos de queratina em pacotes densos. Essa agregação promove o

colapso da célula em uma forma achatada característica das camadas superficiais e inicia o

processo de corneificação (Candi et al., 2005), com síntese de uma série de proteínas. Entre

elas, estão a loricrina (a mais abundante), a involucrina, as proteínas pequenas ricas em

prolina (small proline-rich protein / SPRs) e as LEPs (late envelope proteins) (Kalinin et al.,

2001; Marshall et al., 2001). Essas proteínas unem-se por ligações dissulfeto e

isopeptídicas, catalisadas por transglutaminases dependentes de cálcio (Steinert; Marckov,

1995), resultando em um envelope protéico insolúvel, ideal para a função protetora dos

tecidos subjacentes (Martinet et al., 1990). Pelo menos na epiderme, esse processo parece

depender da ativação de Notch, uma família de proteínas transmembrânicas que atuam na

sinalização celular e podem induzir ativar genes do programa de diferenciação (Okuyama et

al. 2008).

A Figura 3 mostra as camadas celulares do epitélio queratinizado durante a

diferenciação e suas proteínas.

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Figura 2: Estrutura de epitélio estratificado (A) queratinizado da epiderme e de alguns sub-sítios da cavidade bucal e (B) não-queratinizado da mucosa oral, indicando os tipos de queratinas (K) e as queratinopatias associadas aos genes dessas queratinas. IBS, ictiosa bolhosa de Siemens; EHK, hiperqueratose epidermolítica; PC-1, paquioníquia congênita tipo I; EB simplex, epidermólise bolhosa simplex (modificado de Presland; Jurevic, 2002).

A B

Figura 1: Classificação dos epitélios em simples, transicional e estratificado corneificado e queratinizado, e exemplos de cada classe (modificado de Presland; Jurevic, 2002; Bragulla, Homberger, 2009, Candi et al., 2005).

Epitélio transicional

Epitélio da bexiga

urinária

Epitélio simples

Endotélio

Mesotélio

Epitélio da traquéia

Células secretoras das

glândulas salivares

Epitélio estratificado

queratinizado ou

corneificado

Gengiva e palato duro

Epiderme

EPITÉLIO

A B

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Figura 3: Camadas celulares do tecido epitelial queratinizado durante o processo de diferenciação e proteínas presentes em cada uma delas (modificado de Candi et al., 2005). K=queratina; TG=transglutaminase; SPR= proteínas pequenas ricas em prolina

O processo de formação do envelope corneificado da epiderme foi resumido por

Kalinin et al. (2001) em três etapas principais (Figura 4). Na primeira etapa, a

periplaquina e a envoplaquina, juntamente com a involucrina, associam-se com a

membrana plasmática em uma maneira dependente de cálcio. Nesse momento, a

tranglutaminase 1 é expressa e liga-se à membrana onde promove ligações cruzadas

entre as plaquinas, a involucrina e outras proteínas desmossômicas, o que resulta em

mudanças drásticas nas propriedades dinâmicas das junções celulares e nas interações

do citoesqueleto. Em uma segunda etapa, as células das camadas suprabasais

acumulam corpos lamelares, derivados do complexo de Golgi, que contêm lipídeos

posteriormente liberados no meio extracelular após fusão desses corpos lamelares com a

membrana plasmática. Na etapa final, a transglutaminase 3 promove ligações cruzadas

entre a loricrina, que é insolúvel, e a as SPRs, que são muito solúveis. Isto resulta na

solubilização da loricrina. Ao mesmo tempo, a maioria das organelas, microtúbulos,

microfilamentos e outras proteínas juncionais são degradadas. Os filamentos de

queratina consistindo principalmente dos tipos 1, 2e e 10, ligam-se às moléculas

remanescentes de plaquinas, involucrina, loricrina e SPRs. As células mortas

corneificadas mostram basicamente pacotes de filamentos intermediários e estão

embebidas em lamelas lipídicas, formando uma barreira mecânica permeável à água.

K5, K14, TG2

TG1, TG5

DESMOGLEÍNA-2,-3, 4

TG3, K1, K10, DESMOGLEÍNA-1

DESMOCOLINA-1

LORICRINA, PROFILAGRINA, INVOLUCRINA, SPRs

INVOLUCRINA LIPÍDEOS

LORICRINA

FILAGRINA K

DIF

ER

EN

CIA

ÇÃ

O T

ER

MIN

AL

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Figura 4: Etapas da formação do envelope corneificado das células da epiderme, segundo Kalinin et al. (2001), com modificações.

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Os genes que codificam as proteínas exclusivas do envelope corneificado (loricrina,

SPRs, involucrina e LEPs) possuem uma organização similar e estão mapeados em uma

mesma região cromossômica (1q21) conhecida como “complexo de diferenciação da

epiderme” (Mischke et al., 1996; Martin et al., 2004). Da mesma forma, sua estrutura

protéica apresenta semelhanças, com alto conteúdo de lisina e glutamina. Essas

características sugerem que esse grupo evoluiu de um gene ancestral após várias

duplicações (Figura 5) (Backendorf & Hohl, 1992).

As proteínas pequenas ricas em prolina (SPRs)

As proteínas SPRs compreendem uma sub-classe específica de precursores da

camada córnea, codificados por uma família multi-gênica mapeada no complexo de

diferenciação epidermal (Figura 6A) (Gibbs et al., 1993). Essa família compreende onze

membros, todos com dois exons constitutivos, o segundo com a região codificadora

completa. São eles: dois genes SPRR1 (A e B) sendo que o SPRR1A possui duas

isoformas, seis genes SPRR2 (A, B, D, E, F, G), um único gene SPRR3 (também com

duas isoformas) e um SPRR4, além de um pseudogene SPRR2C (Gibbs et al., 1993;

Cabral et al., 2001; Fischer; Backendorf, 2007). As sequências nucleotídicas das

isoformas de SPRR1A possuem similaridade acima de 90%, mas os produtos proteicos

são idênticos; o mesmo é válido para as isoformas de SPRR3 (Gibbs et al., 1993; De

Heller-Milev et al., 2000).

As proteínas SPRs (6 a 18 kDa) possuem uma estrutura similar, com os terminais

amino e carboxila ricos em lisina (K) e glutamina (Q), e um domínio central de motivos

turn- , com 2-20 repetições de oito ou nove unidades ricas em prolina (P) (Figuras 6B e

7). As regiões ricas em lisina e glutamina dos N- e C-terminais são substratos de

transglutaminases para ligações cruzadas, que criam uma rede de proteínas,

particularmente com a abundante loricrina, e conferem resistência mecânica ao envelope

córneo (Steinert et al., 1998; Kartasova et al., 1996). O domínio central, rico em glicina

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(G) e serina (S), forma uma estrutura flexível não organizada, que contribui para a

elasticidade do envelope (Candi et al., 2005).

Embora os N- e C-terminais mostrem similaridade com outras proteínas (como

involucrina e loricrina), a região central varia tanto no número de repetições quanto na

seqüência consenso e é responsável pela classificação das SPRs (Cabral et al., 2001;

Backendorf et al., 1992). Uma das classificações proposta (Cabral et al., 2001) considera

dois grupos de SPRs: o primeiro (SPR-1A ou cornifina-A ou 19kDa pancornulina; SPR-

1B, SPR-3 ou esofagina ou cornifina-B ou 22KDa pancornulina; e SPR-4) caracterizado

por N-terminal longo e C-terminal curto, um motivo repetido de 8 aminoácidos e maior

diversidade na região central, e o segundo grupo (SPR-2) caracterizado por N-terminal

curto e C-terminal longo e um motivo repetido de 9 aminoácidos.

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Figura 5: Diagrama hipotético mostrando a evolução dos genes SPRRs, involucrina e loricrina a partir de um ancestral comum. Os domínios N- e C- terminal, conservados em cada proteína, estão representados por quadrados. O domínio central com repetições está representado pelos símbolos: triângulo (loricrina); losango (involucrina); círculos (SPRR1, SPRR2 e SPRR3). A letra n representa o número de repetições: 6 para SPRR1, 3 para SPRR2, 14 para SPRR3, e 39 para involucrina. As setas pontilhadas indicam uma rota alternativa, que liga a evolução das SPRR1 e SPRR3 com a involucrina (duplicação do domínio N-terminal). H, similaridade entre os membros da mesma sub-família. D, divergência dos genes (modificado de Gibbs et al., 1993).

Loricrin Involucrin SPRR3 SPRR1 SPRR2

progenitores

ancestrais

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Figura 6: (A) Representação esquemática do complexo de diferenciação epidermal no cromossomo 1 (1q21), 151,930,000-153,620,000 pb, mostrando a posição dos genes SPRRs. (B) Alinhamento das sequências de aminoácidos das proteínas SPRs. Os N- e C-terminais são indicados por seta dupla e os aminoácidos idênticos em uma posição específica em pelo menos cinco SPRs são mostrados em cinza. As repetições de 8-9 aminoácidos são indicados por retângulos nas sequências de SPR-IA, SPR-2A, SPR-3 e SPR-4 (modificado de Henry et al., 2012).

A

B

SPR-1A SPR-1B SPR-2A SPR-2B SPR-2D SPR-2E SPR-2F SPR-2G SPR-3 SPR-4

SPR-1A SPR-1B SPR-2A SPR-2B SPR-2D SPR-2E SPR-2F SPR-2G SPR-3 SPR-4

SPR-1A SPR-1B SPR-2A SPR-2B SPR-2D SPR-2E SPR-2F SPR-2G SPR-3 SPR-4

cromossomo 1

S100 – fusão LCE SPRs

involucrina loricrina

S100

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Figura 7: (A) As proteínas SPRs possuem 3 domínios: N-terminal, central e C-terminal. O domínio central não possui uma estrutura ordenada e mostra alta motilidade. (B) Os resíduos utilizados pelas transglutaminases (setas) estão principalmente localizados nos N-e C-terminais. (C) As regiões ricas em glutamina (Q) e lisina (K) (em azul) dos N- e C-terminais são substratos de transglutaminases para ligações cruzadas, que criam uma rede de proteínas e conferem resistência mecânica ao envelope córneo. O domínio central, rico em glicina e serina (em vermelho), forma uma estrutura flexível não organizada, que contribui para a elasticidade do envelope (modificado de Candi et al., 2005).

A

B C

N - TERMINAL DOMÍNIO CENTRAL C - TERMINAL

N - TERMINAL DOMÍNIO CENTRAL C - TERMINAL

EXPANSÃO

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A ativação dos genes SPRRs é modulada in vitro por fatores indutores de

diferenciação, como forbol, retinóides, monofosfato de adenosina (AMP) cíclico e

interferon (Candi et al., 2005). Sua expressão também é afetada in vivo por radiação

UV, especialmente no caso dos genes SPRR2 (Tong et al., 2006).

A análise do promotor de SPRR2A, SPRR3, SPRR1A e 1B tem revelado a

presença de sítios Oct-11, Ets, AP-1, ATF, ISRE, TRE e GC Box que se ligam a

diferentes fatores de transcrição (Fischer et al., 1996; 1999; Sark et al., 1998; Reddy et

al., 2003). Mais recentemente, Fischer e cols. (2007) detectaram elementos de resposta

dependentes de cálcio no promotor do SPRR3, reforçando a idéia de que esses íons

possuem um papel importante na regulação das SPRs e na diferenciação terminal dos

queratinócitos. A participação de diferentes elementos no controle da expressão dessa

família gênica sugere que, durante sua evolução, a diversidade das seqüências

reguladoras recebeu mais atenção que a diversificação da estrutura. Isso implica que o

controle da dosagem protéica é mais importante para o desempenho de sua função que a

complexidade estrutural (Cabral et al., 2001).

As classes de SPRs mostram um padrão altamente específico de expressão

diferencialmente regulada em vários tipos de epitélio durante o envelhecimento ou em

situações de doenças e, como já referido acima, em resposta a estímulos ambientais

(revisto por Fischer et al., 1996). Sua seqüência contém resíduos de serina e treonina

que são substratos para quinases e, portanto, podem ser fosforilados em cascatas de

sinalização (Fischer et al., 1999).

A proteína SPR-I tem sido observada em epiderme e mucosa oral, incluindo língua

e gengiva, a SPR-2 em epiderme folicular e interfolicular e em papilas linguais e a SPR-3

não tem sido detectada na epiderme, mas está presente em epitélio escamoso interno

como o da cavidade bucal e do esôfago (Hohl et al, 1995; De Heller-Milev et al., 2000;

Lee et al., 2000). O banco de dados UNIGENE (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/UniGene)

confirma a presença de transcritos desses genes em vários sítios anatômicos,

principalmente em cavidade oral, laringe e faringe.

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São interessantes as referências de expressão das SPR em órgãos nos quais não

há epitélio escamoso estratificado, como útero (Song et al., 1999) e ovário de roedores

(Tesfaigzi, Carlson, 1996b). No momento, não existem explicações para esses achados,

mas é possível que tais proteínas levem à predisposição de metaplasia escamosa nesses

tecidos (Jetten et al 1996; Song et al., 1999) ou estão envolvidas em morte celular

programada e adaptação a estímulos ou insultos (Cabral et al., 2001).

Em condições de doença, a SPR-I e a SPR-2 foram observadas em epiderme

psoriática em níveis muito mais altos que em epiderme normal (Hohl et al, 1995; Hoffjan

& Stemmler, 2007) e em muitas outras lesões inflamatórias de pele (De Heller-Milev et

al., 2000; Jarzab et al., 2010). Associação de psoríase com polimorfismos nos genes

SPRRs também já foram citadas (Kainu et al., 2008).

Os transcritos de SPRR1 já foram detectados com níveis elevados em

camundongos expostos à fumaça do cigarro (Tesfaigzi et al., 1996). Do mesmo modo,

um aumento da expressão de SPR-2 no intestino delgado foi referida após indução de

inflamação gastrointestinal por substâncias alergênicas (Zimmermann et et al., 2005) e a

SPR-1 em metaplasia escamosa ocular autoimune (Li et al., 2008). Esses achados

podem estar relacionados com a ativação da proliferação epidérmica e com a presença

de citocinas inflamatórias, ou com a ativação de elementos que respondem a hormônios

(Oct-11) ou interferon (ISRE) presentes na região promotora de SPRRs (De Heller-Milev

et al., 2000).

Em relação a processos neoplásicos, a literatura é relativamente escassa. Em uma

busca no banco de dados MEDLINE (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed) limitada para

humanos e utilizando os termos MESH “Cornified Envelope Proline-Rich Proteins” e

“Neoplasia”, foram obtidos 32 artigos (acessado em 08/07/2012), alguns deles não

diretamente relacionados com as proteínas SPRs. Um resumo dos dados é apresentado

na Tabela 1 e alguns desses artigos são comentados a seguir.

Por exemplo, Cho e colaboradores (2010) detectaram expressão elevada de SPR-3

em tumores colorretais, o que foi associado a invasão linfovascular. Esses autores

Page 18: Estudo das proteínas pequenas ricas em prolina (SPRRs) em ... · PCR em tempo real. Os tumores foram classificados em agressivos (A) e menos agressivos (LA) dependendo da presença

também observaram que a indução de expressão dessa proteína resultava em

proliferação celular acelerada, ativação da via AKT e níveis de p53 diminuídos. O mesmo

foi referido em câncer de mama por Kim e colaboradores (2012), mas com associação a

estágios menos avançados da doença. Por outro lado, níveis baixos de SPR-3 (Abraham

et al. 1996, Zhang et al. 2008; Zinovyeva, 2010) foram detectados em carcinomas de

esôfago, ao contrário dos tecidos normais correspondentes.

Em relação a outras SPRs, tanto expressão elevada da proteína (SPR-I) como

expressão diminuída de transcritos (SPRR1A e SPRR2A) foram descritas pela literatura

em carcinomas epidermóides de pulmão (Hu et al, 1998) e de esôfago, respectivamente

(Luo et al., 2004).

Na carcinogênese cutânea, De Heller-Milev e colaboradores (2000) observaram

expressão diferencial de SPRR3 em queratoacantoma, ceratose liquenóide, doença de

Bowen e carcinoma epidermóide de pele, e concluíram que essa proteína pode ser

utilizada como diagnóstico.

Em relação aos carcinomas de cabeça e pescoço, Nishitani e colaboradores (2002),

estudando queratinócitos humanos orais normais antes e após imortalização por HPV 16,

observaram uma expressão basal alta de SPR-2 nesses últimos, associada com

proliferação celular e sugeriram sua participação em estágios iniciais da carcinogênese

oral. Resultados opostos foram observados Lohman e colaboradores (1997b), que

detectaram níveis reduzidos de SPR-2 em linhagens de queratinócitos derivadas de

carcinoma epidermóide de língua e pele. Dois estudos de nosso grupo (Silveira et al.,

2008; Polachini et al., comunicação pessoal) também revelaram baixos níveis de

transcritos dos genes SPRR2F, SPRR2E e SPRR3 em bibliotecas SAGE de tumores de

laringe, ou da proteína SPR-3 em carcinoma oral, respectivamente. Em vista dos

resultados contraditórios e escassos da literatura e considerando a freqüência desses

carcinomas na população, torna-se interessante a investigação do papel das proteínas

SPRs no fenótipo celular de carcinomas de cabeça e pescoço.

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Tabela 1. Alterações de expressão dos genes SPRRs e de seus produtos em neoplasias e linhagens celulares.

Estudo No. de amostras

Tecido de origem de linhagens (L) Lesão pré-maligna ou Tumor primário (T)

Tecido normal (N)

Linhagem celular/outras Nível de expressão de genes SPRRs e de seus produtos SPRs

Elevado Reduzido

Robinson et al. (1994) 3 (T) Queratocisto odontogênico SPR-1A

Yaar et al. (1995) 1 (N) Queratinócitos normais (L) Carcinoma de pele

SCC12F SPRR1

Abraham et al. (1996) 6 (T) Carcinoma de esôfago SPRR3

Lohman et al. (1997) (L) Carcinoma de língua (L) Carcinoma de pele (L) Queratinócitos normais

SCC4, SCC12B2, SCC12F2, SCC13 SCC15 NHK

SPRR2

Fujimoto et al. (1997) 11 Pele - Doenças inflamatórias e proliferativas (N) Mucosa oral normal e pele normal

SPRR1A SPRR1B

Hu et al. (1998) 63 (T) Carcinoma de pulmão SPR-1

DeMuth et al. (1998) (L) Epitélio brônquico maligno (L) Epitélio brônquico normal

H446, H82, N417, A549, A427, H2126, Calu-1, SW900, H520, H322, H661, H460

SPRR1

De Heller-Milev et al. (2000) 80 Pele – Dermatoses (T) Doença de Bowen, queratoacantoma, carcinoma

SPR-1 e SPR-2 SPR-3

Zucchini et al. (2000) 6 (T) Carcinoma anal SPRR2A

Lau et al. (2000) (L) Carcinoma broncogênico (L) Epitélio traqueobronquial

HTBE, HBE1, BEAS-2B H460

SPRR1 e SPR-1

Lee et al., (2000) (L) Queratinócitos normais de gengiva NHGK SPR-1

Patterson et al. (2001) (L) Epitélio brônquico e queratinócitos normais (L) Diferentes neoplasias

HBE1, BEAS-2B A549, NCI-H520, H358, A431, H661, Caco-2, A172

SPRR1B

Nishitani et al. (2002) (L) queratinócitos orais imortalizados por HPV (L) Queratinócitos orais normais

HOK16E6E7 NHOK

SPRR2

Jarnik et al. (2002) 1 (N) Pele normal de camundongos knockout para loricrina

SPR-1

Tesfaigzi et al. (2003) (T) Carcinoma de pulmão (L) Carcinoma de pulmão e ovário

CL25, I033, NCIH596, SK-MES-1, CHO

SPRR1B

Katou et al. (2003) 21 (N) Pele normal SPR-2 SPR-3

Luo et al. (2004) 8 (T) Carcinoma de esôfago SPRR1A e SPRR2A

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Kimchi et al. (2005) 24 (T) Carcinoma de esôfago (T) Metaplasia de Barretts

SPRR3

Tong et al. (2006) 1 (L) Epitélio córneo normal HCEC SPR-1 e SPR-2

Li et al., 2008 68 (T) Metaplasia escamosa ocular SPRR1B

Zhang et al. (2008) 8 (T) Carcinoma de esôfago (L) Carcinoma de esôfago

EC9706, KYSE30, KYSE150 KYSE180, KYSE410, KYSE450, KYSE510,NEC

SPR-3

Silveira et al. (2008) 3 bibliotecas SAGE

3 (T) Carcinoma de laringe Bibliotecas SAGE de laringe SPRR2F, SPRR2E e SPRR3

Maru et al. (2009) 11 (T) Carcinoma de esôfago SPRR2C

Cho et al. (2010) 35 (T) Carcinoma colorretal (L) Carcinoma colorretal (L) Cólon normal

FHC, CCD841, AMC5 SPR-3

Jarzab et al. (2010) 33 Pele - Dermatite atópica SPRR1A e SPRR2C

Zinovyeva et al. (2010) 21 (T) Carcinoma de esôfago SPRR3

de A Simão et al. (2011) 84 (T) Carcinoma de esôfago SPRR3 isoforma 1

Pasini et al. (2012) 69 (T) Carcinoma de cavidade oral SPRR2B

Kim et al. (2012) 241 (T) Carcinoma de mama SPRR3

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Carcinomas epidermóides de cabeça e pescoço

O carcinoma epidermóide de cabeça e pescoço (CECP) é uma neoplasia maligna que

atinge a cavidade oral, a faringe e a laringe. Compreende 95% de todos as neoplasias de

cabeça e pescoço e é o sexto tipo mais frequente de câncer. São esperados

aproximadamente 600 mil novos casos por ano no mundo, dos quais dois terços com lesões

em estágios avançados ao diagnóstico e/ou envolvimento de linfonodos regionais (Yan et al.,

2010) e apenas 40-50% com sobrevida acima de 5 anos (revisto por Leemans et al., 2010).

No Brasil, são estimados para o ano de 2012 cerca de 14 mil novos casos de câncer oral e 6

mil de laringe (Ministério da Saúde, 2012).

Os principais fatores de risco para CECP são o tabagismo e o consumo de bebidas

alcoólicas (Hashibe et al., 2009). Existem fortes evidências, tanto epidemiológicas quanto

experimentais, de que a infecção por papilomavírus (HPV) do tipo 16 também é responsável

por uma fração dos tumores de cabeça e pescoço, em especial os de orofaringe (IARC,

2007).

A conduta clínica do CECP ainda é difícil apesar do grande avanço na compreensão

de sua etiologia. Não existem ainda terapias eficazes e pouco agressivas que atuem apenas

nas células malignas e não tenham qualquer efeito sobre as células normais (Mehrotra et al.,

2011). Embora lesões iniciais sejam mais facilmente tratadas e curadas, sua detecção não é

simples e suas características morfológicas não possuem valor prognóstico suficiente para

cálculo do risco da doença (Molinolo et al., 2009).

A evolução clínica e a resposta à terapia dos CECPs são bastante variáveis, mesmo

nos casos histologicamente semelhantes (Takes et al., 1998). Alguns pacientes, por

exemplo, manifestam lesões múltiplas no mesmo sítio anatômico ou em outros sítios do trato

aerodigestivo superior, uma situação provavelmente relacionada com a exposição crônica de

toda a mucosa a insultos carcinogênicos, explicada por Slaughter e colaboradores (1953),

como cancerização de campo. Essas características tornam a investigação das alterações

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desencadeadas durante o processo de malignização muito importante na identificação de

marcadores úteis para o rastreamento de pessoas em risco de desenvolver a doença ou de

apresentar lesões múltiplas e para a previsão do curso da doença ou da resposta à terapia

(Wreesmann et al., 2004).

O modelo da progressão molecular dos tumores de cabeça e pescoço sugere que a

hiperplasia benigna já contém algumas alterações genéticas, como a inativação do gene

p16INK4A. Segundo esse modelo, a progressão clínica para displasia, carcinoma in situ e

invasivo está associada a outras alterações, como mutações no gene TP53, amplificação do

gene da ciclina D1 e EGFR, inativação do PTEN, além de deleções de diferentes segmentos

do genoma (revisto por Leemans et al., 2010). Tais alterações contribuem para o fenótipo

neoplásico que, de acordo com Hanahan e Weinberg (2011), está relacionado com

proliferação celular aumentada, insensibilidade a fatores supressores de crescimento,

resistência a apoptose, angiogênese sustentada, reprogramação do metabolismo energético,

evasão ao ataque imune e capacidade para invasão e metástase. Se essas características

puderem ser bloqueadas por um fármaco, provavelmente será possível deter ou alterar o

curso do processo tumoral.

No presente, os marcadores de prognóstico mais utilizados nas decisões sobre o

tratamento a ser utilizado em CECP são o sítio do tumor primário e a presença de

metástases regionais ou distantes (Greenman et al., 2000). Entretanto, a determinação do

status nodal não é simples. No caso de avaliação clínica, os resultados falsos positivos e

falsos negativos são frequentes. A avaliação por exames histopatológicos resulta algumas

vezes em falhas na detecção da doença metastática. A precisão do estadiamento pode,

entretanto, ser melhorada com a utilização de técnicas moleculares (Becker et al., 2004).

Um ponto crítico no estudo dos tumores de cabeça e pescoço é a definição da sub-

população de células iniciadoras, que comportam-se como células tronco. Existem indícios

de que essas células residem em nichos perivasculares na fronte invasiva e, como outras

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células tronco, são indiferenciadas e com capacidade de renovação limitada (Zhang et al.,

2012). Hombach-Klonisch et al. (2008) sugerem que nos carcinomas de cabeça e pescoço,

as células em diferenciação dos compartimentos supra-basais do epitélio desviam-se da rota

de diferenciação pré-determinada e transformam-se em células neoplásicas.

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II - CONCLUSÕES

As principais conclusões obtidas no presente trabalho estão descritas abaixo:

1- Por análise de agrupamento, a família de genes SPRRs mostra dois clados

principais: o primeiro com um grupo bastante similar (SPRR2A, B, D, E, F e

pseudogene SPRR2C) e provavelmente dois membros ancestrais (SPRR2G e

SPRR4), e o segundo clado mais heterogêneo, com os genes SPRR1 e SPRR3.

2- Os genes SPRRs apresentam ausência ou baixa expressão em linhagens de

carcinomas epidermóides de cabeça e pescoço em relação a queratinócitos bucais

normais, com exceção do gene SPRR4.

3- Em amostras de CECP, os genes SPRRs exibem heterogeneidade de expressão

entre os diferentes sítios, embora o padrão observado em laringe e soalho de boca

seja bastante similar e com elevação de níveis de transcritos. Nos carcinomas de

língua os genes SPRRs apresentam redução de expressão. Apenas o gene SPRR3

mostra redução significativa de expressão em carcinomas orais e de laringe.

4- A expressão dos genes SPRRs não está associada à presença de metástase

linfonodal.

5- A proteína anti-inflamatória anexina A1 inibe a expressão da maioria dos genes

SPRRs, exceto de SPRR2B, SPRR2C, SPRR3 e SPRR4.

6- A indução duradoura da expressão do gene SPRR2E resulta na mudança de

fenótipo epitelial para fibroblastóide e uma significativa redução da invasão celular.

7- A inserção dos genes SPRR4 e SPRR2E em vetor de clonagem mostra-se técnica

apropriada para experimentos futuros de expressão heteróloga, produção e

purificação das proteínas.

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III –REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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