estrategias de marketing dos supermercados …

73
ANA PAULA BURKOT ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS PARANAENSES FRENTE AOS GRUPOS GLOBAIS. Monografia apresentada a Coordenat;ao do Curse de P6s-Graduac;ao em Marketing Empresarial, Setor de Ciencias Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Parana, como requisite parcial para a obtent;ao do grau de especialista em marketing. Orientador: Zaki Akel Sobrinho CURITIBA 2007

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Page 1: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

ANA PAULA BURKOT

ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS

PARANAENSES FRENTE AOS GRUPOS GLOBAIS.

Monografia apresentada a Coordenat;ao do Curse de P6s-Graduac;ao em Marketing Empresarial, Setor de Ciencias Sociais Aplicadas, Universidade Federal do Parana, como requisite parcial para a obtent;ao do grau de especialista em marketing.

Orientador: Zaki Akel Sobrinho

CURITIBA

2007

Page 2: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

ii

':4 mente que se abre a uma nova ideia jamais volta a seu tamanho original".

Albert Einstein

Page 3: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

SUMARIO

RESUMO ................................................................................................................ V

1 INTRODUCAO .................................................................................................... 1

1.1 JUSTIFICATIVA DO INTERESSE .................................................................... 3

1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 5

1.3 ESTRUTURA .................................................................................................... 5

2 REVISAO TEORICO-EMPiRICA ........................................................................ 7

2.1 MARKETING DE VAREJO ............................................................................... 7

2.1.1 Marketing ....................................................................................................... 7

2.1.2 Varejo ............................................................................................................ 8

2.1.2.1 Classificac;ao do Varejo - Tipos de lojas .................................................. 10

2.1.2.2 Varejo no Brasil ........................................................................................ 11

2.1.3 0 conceito de Marketing de Varejo ............................................................. 11

2.2 SUPERMERCADOS E HIPERMERCADOS ................................................... 13

2.2.1 Hist6rico do setor de supermercados .......................................................... 13

2.2.2 0 conceito de supermercado ....................................................................... 14

2.2.3 Formatos de supermercados ....................................................................... 15

2.2.4 Tamanho do segmento supermercadista no Brasil ..................................... 17

2.2.4.1 Entrada de multinacionais (supermercados internacionais) ..................... 19

2.2.4.2 Tendencias no setor supermercadista ...................................................... 21

2.3 ESTRATEGIAS COMPETITIVAS ................................................................... 23

2.3.1 Concorrencia ............................................................................................... 23

2.3.2 As cinco forc;as competitivas ....................................................................... 24

2.3.3 Estrategias competitivas .............................................................................. 27

2.3.3.1 Posic;oes competitivas .............................................................................. 29

3 METODOLOGIA ............................................................................................... 30

3.1 Delineamento da pesquisa- Metodos ............................................................ 31

3.2 Metodo e instrumento de coleta de dados ...................................................... 32

3.3 Amostragem ................................................................................................... 33

3.4 Tratamento dos dados .................................................................................... 34

3.5 Limitac;oes metodol6gicas .............................................................................. 35

Page 4: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

4 ESTUDO DO TEMA .......................................................................................... 36

4.1 SUPERMERCADO DE VIZINHAN<;A- 0 MERCADO CURITIBANO ........... 36

4.1.2 0 cenario supermercadista de Curitiba ....................................................... 37

4.1.2.1 Empresas existentes antes da entrada de grupos internacionais ............. 38

4.1.2.2 Entrada de supermercados internacionais em Curitiba ............................ 41

4.1.2.3 Cenario atual do setor supermercadista curitibano .................................. 45

4.1.3 Comportamento dos supermercados locais diante das grandes redes

internacionais ....................................................................................................... 46

4.1.4 Estrategias competitivas utilizadas .............................................................. 53

5 CONCLUSOES E PROPOST AS ...................................................................... 58

5.1 PROPOSTAS ................................................................................................. 60

REFERENCIAS .................................................................................................... 62

ANEXO ................................................................................................................. 67

iv

Page 5: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

RESUMO

Este estudo possui o objetivo de analisar quais foram as estrategias de marketing adotadas pelos supermercados paranaenses, em especial os situados na cidade de Curitiba, diante da intensiva entrada de concorrentes globais. Busca tambem determinar as estrategias atuais dessas redes locais, de forma a acompanhar a concorrencia e se diferenciar em seus servigos. Como forma de atingir tal fim faz-se uma analise do setor varejista, mais especificamente dos supermercados e do cenario economico brasileiro na decada de 90, periodo de maior entrada de redes estrangeiras, devido principalmente a abertura economica e a estabilizagao dos pregos conseguida atraves do plano real. Tambem sao estudados os cenarios supermercadistas da cidade de Curitiba no periodo anterior e posterior a entrada de empresas estrangeiras, podendo assim delinear a atual situagao de mercado e as estrategias adotadas pelos supermercados paranaenses. A metodologia utilizada contem pesquisas bibliograficas e de campo, explorando o tema de estudo, assim como entrevista pessoal com empresarios responsaveis pelo departamento de marketing de supermercados paranaenses. Como base te6rica, sao estudados autores classicos do marketing como Philip KOTLER (1998), do marketing de varejo como Alexandre Luzzi LAS CASAS (2000) e o modelo de estrategias e forgas competitivas definido por Michael E. PORTER (1998). A pesquisa deixa clara a utilizagao, por parte das empresas, de formas alternativas de atragao de publico, focando em algum item em especifico, como mix de produtos, servigo diferenciado, atendimento ao cliente, programas de fidelidade, entre outros. Os resultados da pesquisa pessoal procuram analisar as estrategias competitivas utilizadas pelas redes locais, tentando tragar as suas fontes de sucesso frente ao enorme poderio de empresas globais.

Palavras Chave: Marketing de varejo, supermercados, estrategias competitivas, concorr{mcia.

v

Page 6: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

1 INTRODUCAO

As intensas transforma9oes pelas quais o Brasil passou a partir da decada de

90, como a abertura de mercado e a estabiliza9ao economica, trouxeram beneficios

e mudan9as em diversos setores, em especial para o segmento varejista. Poucos

setores conseguiram desenvolver urn crescimento tao rapido e significative,

mostrando seu desempenho ano a ano.

0 setor varejista compreende basicamente a compra de produtos de

fabricantes, atacadistas e distribuidores e a venda direta a consumidores finais. Essa

venda se concretiza atraves de lojas, vendedores e formas de negocia9ao de

pagamento. 0 varejo trouxe consigo o conceito de auto-servi90, surgindo assim os

primeiros supermercados, as lojas de conveniencia e conseqOentemente, os

hipermercados.

0 conceito de auto-servi9o foi inicialmente rejeitado pelos consumidores,

acostumados com os pequenos comercios de bairro, onde o proprio vendedor lhe

entregava a mercadoria e facilitava o pagamento. Com o tempo, os consumidores

passaram a adotar a nova forma de compra, escolhendo e pegando os produtos da

prateleira, colocando-os em seu carrinho e indo direto ao caixa para pagar suas

mercadorias. Dessa forma, o auto-servi9o passou a ser a principal forma de compra,

fazendo com que o setor supermercadista, compreendendo tanto super como

hipermercados, tivesse urn crescimento vertiginoso. No Brasil, esse formate teve

inicio a partir da decada de 50, mas foi a partir da decada de 90 que o pais passou a

se tornar o grande foco de empresas multinacionais, interessadas no potencial de

crescimento e consume do pais, que agora estava se tornando mais estavel e aberto

a investimentos externos.

As multinacionais sao empresas de capital externo e grande porte mundial

que investem e concretizam sua marca em diversos parses, alem do seu de origem.

0 Brasil se tornou alvo de interesse por parte das empresas estrangeiras devido ao

enorme potencial de consume que estava se desenvolvendo e que nao estava

sendo explorado totalmente pelas redes locais. A entrada de supermercados

globais trouxe consigo diversas mudan9as, tanto economicas (desenvolvimento do

setor, gera9ao de empregos, etc), como nos formatos de supermercados, assim

como nas formas de negocia9ao e pre9os dos produtos.

Page 7: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

2

As redes ja instaladas tiveram que se adaptar a nova realidade que estava se

delineando, mas muitas delas nao resistiram e acabaram falindo, ou mesmo,

cedendo a aquisiyoes e fusoes com as novas redes entrantes. Os supermercados de

pequeno porte tiveram que utilizar o conceito de conveniencia, se ajustando aos

novas moldes de consumo, alem de melhorar seu mix de produtos, atendimento,

formas de pagamento, entre outros.

Para sobreviver a essa nova concorrencia os supermercados locais tiveram

que utilizar conceitos de marketing de varejo, tomando decisoes que iam desde a

escolha da localizayao das lojas aos seus formatos, mix de produtos, layout,

promoyoes de venda, programas de fidelidade e relacionamento, entre muitos

outros. 0 conceito de marketing nao se estendia apenas a definiyoes pertinentes

aos 4P's, mas sima todo o contexto em que os supermercados estavam inseridos e

ligados as mudanyas mercadol6gicas do setor. Nesse novo mercado extremamente

competitive a busca por novas formatos, estrategias e ayoes localizadas se tornaram

cada vez mais necessarias.

E dentro deste contexto que foi definido o problema de pesquisa a ser

estudado: Quais as estrategias de marketing adotadas pelos supermercados

regionais, em especial os da cidade de Curitiba, para se manter no mercado diante

da intensiva entrada de empresas intemacionais?

0 estudo das estrategias de marketing tern seu foco na cidade de Curitiba,

por ela poder ser urn grande exemplo de mercado de atuayao estrangeira e

consequente desestabilizayao de redes locais. A cidade manteve ainda algumas

dessas redes locais, que servem de exemplo aoestudo.

Para a analise das estrategias competitivas sera utilizado como referencial

te6rico o modelo de cinco foryas competitivas desenvolvido por Michael Porter

(1998). Neste modelo, o nivel de concorrencia e determinado por tensoes entre

fornecedores, fabricantes, consumidores, substitutes e novas entrantes (foryas

competitivas).

0 estudo das estrategias competitivas utilizadas pelo setor supermercadista

permitira avaliar o processo evolutivo e as novas tendencias que estao se

delineando.

Page 8: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

3

1.1 JUSTIFICATIVA DO INTERESSE

Este projeto procura direcionar seus estudos no sentido de compreender o

mercado supermercadista e as mudanc;as pelas quais ele passou depois da decada

de 90, epoca marcada pela abertura de mercado e grande entrada de empresas

multinacionais. 0 grande interesse pelo assunto surgiu de pesquisas de bibliografia,

materias jornalisticas e experiencias anteriores como a realizac;ao de pesquisas de

varejo para supermercados, podendo analisar as estrategias adotadas tanto por

pequenos, como por medias e grandes supermercadistas. 0 assunto ainda e pouco

explorado bibliograficamente e sao poucos os estudos na area, gerando assim, a

possibilidade de contribuir de alguma forma para o mercado e para outros

pesquisadores.

0 tema em questao, alem de pouco explorado, e de interesse geral e vern

demonstrando a sua grandiosidade atraves do crescimento do mercado

supermercadista e, em especial, de empresas estrangeiras. Sao essas empresas

multinacionais que detectaram as possibilidades promissoras de neg6cios no Brasil

e ampliaram seus neg6cios, atraves de fusoes e aquisic;oes, que continuam sendo

realizadas ate os dias atuais, incorporando redes de pequeno e media porte a sua

mega estrutura nacional e internacional. Urn importante fator a se destacar e que a

participac;ao de empresas deste porte muda toda a estrutura de mercado concebida

anteriormente, como modos de compra da populac;ao, formatos de lojas, produtos

disponiveis e, para a concorrencia, altera as formas de negociac;ao, os prec;os, o

nivel de competitividade, entre outros.

0 estudo do tema relacionado a supermercados mostra tambem a sua

importancia atraves de numeros de mercado divulgados pela Associac;ao Brasileira

de Supermercados (ABRAS) - Ranking 2006. 0 setor de auto-servic;o obteve no

ultimo a no urn faturamento de R$ 106,4 bilhoes, sendo que destes, R$ 95,9 bilhoes

pertencem ao segmento supermercadista. Com este faturamento, o setor de auto­

servic;os mantem a participac;ao de 5,5% do Produto lnterno Bruto (PIB). Os

supermercados brasileiros somam urn total de 32.234 lojas com 128.934 check-outs,

e uma area de vendas de 13,3 milhoes de metros quadrados.

Page 9: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

4

0 setor de auto-servic;os, alem de fomentar a economia e ajudar no

desenvolvimento do pais, emprega cerca de 800.922 pessoas, sendo que s6 o

segmento supermercadista gera 664.891 empregos. 0 crescimento do setor pode

ser notado pela diferenc;a no faturamento do auto-servic;o em 1998, quando era de

R$ 56,8 bilhoes, passando em 2005 para R$ 106,4 bilhoes. Grande parte deste

crescimento esta relacionado ao impulso na economia causado pelo capital investido

por empresas estrangeiras, gerando urn aumento no consumo por parte da

populac;ao.

0 estudo em questao tern seu foco na regiao Sui, mais especificamente no

estado do Parana - Curitiba. Este estado tambem apresenta numeros que

demonstram a importancia significativa do setor para a economia e que classifica o

Parana como urn interessante objeto de estudo da entrada de multinacionais. 0

Parana ocupa atualmente o 5° Iugar no ranking ABRAS, com urn faturamento de R$

3,9 bilhoes e cerca de 322 espalhadas pelo estado, as quais ocupam uma area de

vendas de 379.693 metros quadrados e geram cerca de 20.378 empregos diretos.

As principais redes internacionais investiram no estado ou mesmo iniciaram suas

atividades nele, aproveitando o potencial da regiao e utilizando seu mercado como

teste para atingir todo o pais. Algumas redes locais ainda mantiveram sua forc;a e

resistem ao poderio das multinacionais (Wai-Mart, Pao de Ac;ucar, Carrefour), como

o Condor (1° colocado no Parana), o Superpao e Beal (Festval).

A analise das estrategias competitivas adotadas pelos supermercados locais,

tradicionalmente de menor porte, possibilita o entendimento dos mecanismos

utilizados para a permanencia no mercado. Sao poucos os estudos que focam

estritamente nas estrategias mercadol6gicas adotadas pelos supermercados locais

como: mix de produtos, formatos, localizac;ao, servic;os, etc.

Devido a todas as razoes citadas anteriormente, o projeto demonstra a sua

importancia de mercado e academica, podendo servir de fonte para consultas e

novos estudos, contribuindo para o desenvolvimento do mercado e das redes de

capital local, delimitando ac;oes eficazes para os pequenos varejistas permanecerem

no mercado.

Page 10: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

5

1.2 OBJETIVOS

0 objetivo geral deste estudo e: ldentificar as estrategias de marketing

utilizadas pe/os supermercados /ocais para se manter no mercado diante da

intensiva entrada de grupos multinacionais.

Como objetivos especificos pode-se destacar:

- Analisar o varejo supermercadista anterior a decada de 90 e o cenario

atual, assim como a mudanga no comportamento de compra do consumidor.

- Avaliar a entrada de supermercados de redes multinacionais no Brasil,

assim como o impacto e as mudangas ocorridas nos mercados regionais.

- Analisar o cenario supermercadista de Curitiba, anterior e posterior a entrada de empresas estrangeiras.

- Verificar as estrategias competitivas adotadas pelos supermercados locais,

em especial os situados na cidade de Curitiba.

- Descobrir as estrategias e taticas de marketing utilizadas como forma de

permanecer no mercado por algumas redes curitibanas, assim como a sua postura

atual.

Os objetivos se tornam mais claros na estruturagao do trabalho, analisando

cada urn dos t6picos descritos acima.

1.3 ESTRUTURA

Pretende-se apresentar nos pr6ximos capitulos da dissertagao os seguintes

conteudos:

0 segundo capitulo apresenta os conceitos iniciais de marketing e varejo,

assim como a definigao de marketing de varejo e sua utilizagao. Delimita os

conceitos e diferengas entre supermercados e hipermercados, seu hist6rico,

formatos de lojas, tamanho do segmento e desempenho do setor. 0 capitulo ainda

conta com uma analise da entrada de multinacionais supermercadistas, o processo

de compra de varias empresas locais, as propostas e conseqOencias geradas por

essa nova concorrencia e as tendencias atuais do setor. Para tanto, serao utilizados

dados quantitativos sabre a participagao de empresas do setor no mercado,

Page 11: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

6

provenientes da ABRAS e APRAS, respectivamente associac;oes de supermercados

nacional e regional (Parana). Tambem sao explicitadas as estrategias competitivas

definidas por Porter (1998), que sao a base para a analise de estudo de case.

No terceiro capitulo sao abordados os aspectos referentes ao trabalho te6rico

desenvolvido, assim como os aspectos metodol6gicos empregados na pesquisa de

campo, que visava obter informac;oes sobre as estrategias utilizadas pelas empresas

locais para permanecerem no mercado diante da nova concorrencia estrangeira.

Neste capitulo sao abordados os metodos e instrumentos para coleta de dados,

assim como definidos o tamanho da amostra e o metodo de tratamento dos dados.

0 quarto capitulo e composto da apresentac;ao dos conceitos de

supermercado de vizinhanc;a, assim como a analise de todo o segmento

supermercadista da cidade de Curitiba, cidade escolhida para o estudo. Sao feitas

as analises do cenario anterior a entrada da concorrencia internacional e da situac;ao

supermercadista atual da cidade. No capitulo sao apresentados ainda os resultados

da pesquisa de campo, feita atraves da busca de informac;oes, visita e entrevista

pessoal. Dessas informac;oes foi possivel analisar o comportamento das pequenas

redes locais, diante da concorrencia acirrada, e as estrategias competitivas utilizadas

pelos mesmos.

0 quinto capitulo refere-se aos aspectos conclusivos do trabalho, procurando

responder as questoes propostas na pesquisa de acordo com o conteudo do estudo.

Neste capitulo procura-se comparar a teoria explicitada com os resultados

encontrados no estudo de case. Delimitam-se ainda possibilidades de novos estudos

que podem ser feitos na area, de forma a complementar as informac;oes, ou mesmo,

suprir algumas lacunas deixadas por areas que nao foram ainda totalmente

exploradas e que nao contam com grande numero de informac;oes disponiveis.

Page 12: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

7

2 REVISAO TEORICO-EMPiRICA

2.1 MARKETING DE VAREJO

0 marketing de varejo compreende variaveis que vao desde a escolha da

localizayao de lojas ao programa de relacionamento com o cliente. 0 varejista, assim

como qualquer empresa que utilize principios de marketing, precisa pensar

primeiramente em satisfazer as necessidades de seu publico-alvo. Esse

conhecimento se faz principalmente atraves de pesquisas.

Porem, para compreender o que e marketing de varejo e necessaria,

primeiramente, estar a par de dois conceitos: marketing e varejo.

2.1.1 Marketing

0 marketing pode ser entendido como as atividades desenvolvidas por uma

instituiyao, no sentido de atender as necessidades dos consumidores da melhor

forma e tambem atingir os seus pr6prios objetivos. "Marketing e urn processo social

e gerencial pelo qual individuos e grupos obtem o que necessitam e desejam

atraves da criayao, oferta e troca de produtos de valor com outros" (KOTLER, 1998,

p.27). Pode ser entendido tambem como" ... uma filosofia, uma norma de conduta

para a empresa, onde as necessidades latentes, quer no plano qualitative, quer no

plano quantitativa, impoem a deduyao dos objetivos que a empresa deve ter em

mente, para definir as caracteristicas dos produtos ou serviyos a serem elaborados e

as respectivas quantidades a serem oferecidas" (COBRA, 1994, p.22). Esses

conceitos deixam clara a ideia de que o objetivo da organizayao deve ser atender as

necessidades e vontades dos mercados escolhidos como alvo e satisfazer os

clientes superando a concorr€mcia.

0 principio basico do marketing esta fundamentado na teoria dos chamados

4Ps ou Composto Mercadol6gico elaborado por E. Jerome McCARTHY em 1976

(apud COBRA, 1994). Ele e formado pelo preyo, produto, ponto de venda e

promo9ao.

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8

Produto pode ser definido como "algo que pode ser oferecido a urn mercado

para aprecia9ao, aquisi9ao, usou ou consume e para satisfazer urn desejo ou uma

necessidade" (KOTLER e ARMSTRONG, 2004, p. 204). Ele e normalmente

conhecido por seus atributos fisicos, mas pode tambem ser urn servi90 ou ter seus

atributos intangiveis destacados. Ja 0 preyo e 0 valor pago por determinado produto

ou servi9o, em troca de algum beneficia. KOTLER e ARMSTRONG (2004, p. 263)

define pre9o como "a soma de todos os valores que os consumidores trocam por

beneficios de obter ou utilizar urn produto ou servi9o".

0 ponto de venda ou pra9a como e conhecido, e o Iugar onde o produto sera

vendido e foi distribuido. Como sera neste local que ele sera exposto, e importante o

cuidado com diversos fatores como: disposi9ao, quantidade, layout, iluminayao, etc

(COBRA, 1994). 0 varejo e dos pontos de venda onde diversos produtos podem ser

encontrados.

0 quarto "p" e a promo9ao, a divulga9ao para o consumidor das

caracteristicas e qualidades do produto, tornando-o conhecido no mercado. Para

isso existem diversas formas como a propaganda, a publicidade, rela96es publicas,

merchandising, entre outros.

Os "4ps" sao o principia basico sobre o qual se delineiam as estrategias de

marketing, buscando fundamentar as a9oes nesses pontos principais, levando

sempre em considera9ao que cada tipo de atividade exige a96es especificas

(COBRA, 1994).

2.1.2 Varejo

Nao ha uma classifica9ao unica para o setor de varejo, que integra fun9oes

classicas de opera9ao comercial: procura e sele9ao de produtos, aquisi9ao,

distribui9ao, comercializa9ao e entrega (COSTA; SANTOS, 2006). A American

Marketing Association define varejo como "uma unidade de neg6cio que compra

mercadorias de fabricantes, atacadistas e outros distribuidores e vende diretamente

a consumidores finais e eventualmente a outros consumidores" (LAS CASAS, 2000,

p.17). Segundo estes conceitos, o varejo estaria englobado num tipo de comercio,

Page 14: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

9

feito basicamente atraves de lojas, e tratando-se das vendas diretas a consumidores

finais, nao definindo exatamente o perfil destes consumidores. Porem, KOTLER e

ARMSTRONG (2004), acrescentam ao conceito urn importante fator, definindo

varejo como as atividades envolvidas na venda de bens ou servic;os diretamente a

consumidores finais para o seu uso pessoal, e nao empresarial. Nesse conceito

estao excluidas do varejo as vendas 828, ou seja, aquelas feitas de empresa para

empresa ou mesmo a compra de produtos para a utilizac;ao empresarial. Dessa

forma, varejo s6 poderia ser considerado como as vendas feitas diretamente a

consumidores finais do produto, atraves de lojas fisicas ou nao, considerando o

grande crescimento do varejo sem lojas (Internet, por exemplo).

Dentro ainda desse conceito, LEVY (apud CUNHA JR., 1996, p.87) define a

atividade varejista como sendo urn "conjunto de neg6cios que adiciona valor a

produtos e servic;os vendidos para consumidores para o seu consumo pessoal ou

familiar". Esse conceito e bern mais atual, pois inclui na definic;ao a ideia de valor

agregado ou adicionado.

0 varejo proporciona a reduc;ao do numero de intermediaries ate o

consumidor final, o que resulta em reduc;ao de custos.

Ao transferir fun~Oes mercadol6gicas, a empresa obtem vantagens porque permite que o fabricante se dedique mais ao seu objetivo principal de fabrica~ao, ao mesmo tempo que cria uma especializa~ao por parte dos varejistas por exercerem e especializarem-se nesse tipo de atividade, o que certamente proporciona redu~ao nos custos operacionais da empresa em decorrencia dessa especializa~ao (LAS CASAS, 2000, p.18).

Segundo COBRA (1994), o varejo apresenta quatro caracteristicas

importantes:

- No varejo quem inicia a compra geralmente e o consumidor, sendo ele o

tomador de iniciativa e decisor.

- 0 varejo apresenta urn sentido de urgemcia. As pessoas precisam comprar e

usar as mercadorias imediatamente.

-A venda e efetuada geralmente em pequenas quantidades.

- Normalmente o varejo possui uma localizac;ao fixa, e por isso, precisa atrair

compradores.

0 varejo tambem e altamente influenciado pelas mudanc;as economicas e

financeiras, sendo que essas se refletem diretamente no volume de vendas. COSTA

Page 15: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

10

e SANTOS (2006) apontam que para facilitar e aumentar essas vendas, muitas

empresas tern utilizado algum tipo de financiamento ao cliente final, facilitando a

concessao de cn3dito e garantindo a compra. 0 mercado caracteriza-se tambem

como tradicional absoNedor de mao de obra.

2.1.2.1 Classifica9ao do varejo - tipos de lojas

Existem diversas classifica96es para os estabelecimentos varejistas,

apresentando-se sob diversos formatos e tamanhos, sendo que novos tipos de

varejo estao sempre surgindo. Alguns autores consideram as empresas de varejo

em duas modalidades: varejo com loja e varejo sem loja, sendo a primeira a mais

comum e estudada na literatura sabre o assunto (BORGES, 2001 ).

Segundo KOTLER e ARMSTRONG (2004), as lojas de varejo podem ser

classificadas segundo diferentes caracteristicas, dentre etas o volume de seNi9os

que oferecem, a abrangencia e a profundidade de suas linhas de produtos, os

pre9os relatives que cobram eo modo como sao organizadas.

Ainda segundo os autores as principais lojas de varejo classificam-se em:

- Lojas de especialidades

- Lojas de departamentos

- Supermercados I Hipermercados

- Lojas de conveniencia

- Superlojas

- Lojas de desconto

- Varejistas de ponta de estoque

- Lojas de fabrica

- Clube de compras

Page 16: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

11

2.1.2.2 Varejo no Brasil

0 varejo brasileiro caracteriza-se por urn crescimento Iento, iniciado no

periodo colonial, tomando for9a no inicio da industrializa9ao e agravado por

problemas de infra-estrutura e transporte (COSTA; PURKOTE e SANTOS, 2001).

Mas recentemente, urn grande fator de convivencia e interferencia direta nas vendas

foi a infla9ao. Dessa forma, COSTA e SANTOS (2006) analisam que nesse periodo

as empresas atuavam de forma ofensiva, nao pensando em estrategias de pre9os e

custos, mas sim em lucratividade financeira, caracterizando-se pela constante

remarca9ao de pre9os, reflexo direto da oscila9ao da infla9ao.

Os anos 90 trouxeram mudan9as significativas para o setor, como a libera9ao

das importa9oes e o aumento da concorrencia interna. Essa concorrencia gerou

transforma9oes nas posturas das empresas nacionais. Segundo COSTA e SANTOS

(2006), em seu artigo sobre as caracteristicas do varejo no Brasil, o plano de

estabiliza9ao economica impulsionou o atendimento a classes C, D e E, que

possuiam uma demanda reprimida, assim como a entrada de produtos importados

aumentou a concorrencia e exigiu uma postura por parte dos varejistas. Essas

empresas tern utilizado algumas modifica9oes para se manterem no mercado, entre

elas COSTA e SANTOS (2006, p.12) destacam as principais: troca de controle,

fechamento de lojas, redu9ao de funcionarios, busca de maier capitaliza9ao,

automa9ao comercial e informatica, altera9ao no mix de vendas, conhecimento do

cliente, mudan9a de enfoque e planejamento de a9oes.

A reestrutura9ao do mercado brasileiro tambem motivou a entrada de grandes

varejistas mundiais, para os quais ha uma certa satura9ao em seus mercados de

origem e ha uma atra9ao pelo potencial de crescimento brasileiro (BORGES, 2001 ).

2.1.3 0 conceito de Marketing de Varejo

Devido a todas essas transforma9oes citadas anteriormente, os varejistas

nacionais tiveram que procurar op9oes e maneiras de se manterem no mercado.

Para isso, eles utilizaram conceitos de marketing de varejo, passando agora a

Page 17: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

12

pensar no produto, no seu pre~o, distribui~ao, nas necessidades e desejos dos

consumidores, no conhecimento do seu publico, entre outros .

... as lojas estao ficando cada vez mais parecidas. A diferencia9ao entre os servi9os dos varejistas tambem se deteriorou. Os clientes ficaram mais atentos e mais sensiveis aos pre9os. Nao veem razao para pagar mais por marcas identicas, especialmente quando as diferen9as estao diminuindo. Por todas essas razoes, muitos varejistas hoje estao repensando suas estrategias de marketing (KOTLER; ARMSTRONG, 2004, p. 341 ).

0 marketing de varejo seria a utiliza~ao de conceitos de marketing adaptadas

as realidades especificas do varejo. Muitas pessoas entendem os conceitos de

varejo e marketing como sendo processes de venda e promo~ao. Porem, a venda e

apenas uma das fun~oes do marketing de varejo, sendo que a principal delas e a

presta~ao de servi~os ao consumidor (BORGES, 2001 ).

A concep~ao aceita do composto mercadol6gico dos 4P's apresenta os

conceitos de produto, pre~o, promo~ao e pra~a. Para LAS CASAS (2000), no caso

do marketing de varejo alguns outros conceitos podem ser refor~ados como o local

de venda, a mercadoria, a comunica~o especifica para o varejo, o pre~o (incluindo

promo~oes que agradam a esse tipo de publico), servi~os (relacionamento com o

cliente), atributos fisicos (aspectos de PDV) e pessoal (treinamento de funcionarios).

Esses conceitos formam os chamados componentes globais do marketing

estrategico de varejo. "0 varejo, como canal de distribui~ao, desempenha papel

importante no marketing, pois as variaveis de produto, pre~o e comunica~ao

dependem, em ultima instancia do varejo" (COBRA, 1997, p. 337).

Assim, qualquer mudan~a que ocorra no setor varejista sera capaz de

provocar repercussoes imediatas em todo o mercado, alterando o proprio composto

de marketing de atacadistas e fabricantes.

Page 18: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

13

2.2 SUPERMERCADOS E HIPERMERCADOS

Os supermercados e hipermercados podem ser diferenciados por suas

caracteristicas basicas, indo desde o tamanho de sua estrutura ate o tipo de

produtos vendidos em cada urn deles.

Segundo estudo feito pelo BNDES (www.bndes.gov.br, 1996), supermercados

podem ser considerados como aqueles de alcance de bairro, compras rotineiras,

prec;os medias, pouca autonomia em termos de politica de prec;os, predominio de

alimentos. Ja os hipermercados sao classificados como aqueles de localizac;ao em

areas de grande fluxo de pessoas e facil acesso, destinado a compras de maior

volume, prec;os mais baixos e com mais descontos, participac;ao maior de nao­

alimentos em seu mix de produtos, oferecendo diversos itens para casa, autom6veis,

etc.

Para o presente estudo sera utilizado o termo supermercado para designar

tanto hiper como supermercados e suas derivac;oes.

2.2.1 Hist6rico do setor de supermercados

0 conceito de supermercados, ou supermarket, surgiu na decada de 30 nos

Estados Unidos. Seu primeiro idealizador foi Michael Cullen, que ap6s ter sua ideia

ignorada por seus patroes resolveu abrir a sua propria loja de auto-servic;o. Com o

tempo, a ideia foi se expandindo e tomou forc;as principalmente ap6s a Segunda

Guerra Mundial, quando os EUA passaram a exportar seu modo de vida para o resto

do mundo (COSTA; PURKOTE; SANTOS, 2001). No Brasil, esse tipo de servic;o

apareceu somente na decada de 50. A grande inovac;ao era o auto-servic;o, que

apesar de parecer algo simples, constituiu fator de grande resist€mcia.

Os consumidores de inicio rejeitaram esse tipo de servic;o, pois achavam que

somente por entrarem na loja ja teriam obrigatoriamente que fazer a compra de

algum produto, tambem estranharam o tamanho dos carrinhos e a mudanc;a da

forma de pagamento, como a conhecida "caderneta" ou o "fiado" (COSTA,

PURKOTE e SANTOS, 2001 ). Ainda segundo os auto res, as primeiras experiencias

Page 19: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

14

de auto-servi90 surgiram em Sao Paulo, com o frigorlfico Wilson, em 1947.

Destacam-se tambem as Lojas Americanas, utilizando o sistema self-service no Rio

de Janeiro, em 1952. Porem, os supermercados nos moldes atuais come9aram a

aparecer no inlcio da decada de 50, sendo o primeiro oficialmente registrado o

Supermercado Americana, em 1953, em Sao Paulo.

Ao Iongo das decadas os supermercados passaram por transforma9oes ate

chegar ao seu formato atual. BORGES (2001), analisa essa passagem, apontando

que na decada de 70 o setor obteve urn grande crescimento com o surgimento das

grandes cadeias e dos hipermercados. Ja os anos 80 foram urn perlodo de crise,

devido a alta infla9ao. 0 cenario varejista come9ou a melhorar na decada de 90,

com a derrubada da infla9ao e a estabilidade economica do pals. Essa estabilidade

trouxe os conceitos de moderniza9ao, qualidade nos servi9os e no atendimento ao

cliente.

2.2.2 0 conceito de supermercado

0 principal diferencial dos supermercados para os demais tipos de comercio

(tradicionais) era o auto-atendimento (self-service). Atualmente os supermercados

nao sao a (mica forma de auto-servi90, mas e o que merece maior destaque devido

a sua grande visibilidade e ao enorme mix de produtos existentes em sua linha, indo

desde alimentos a artigos de decora9ao e eletro-eletronicos.

Segundo KOTLER (2004, p. 337) supermercado pode ser definido como "lojas

de auto-servi90 relativamente grandes, de baixo custo, baixas margens, alto volume,

projetadas para atender a todas as necessidades dos clientes em alimenta9ao,

artigos de lavanderia, higiene pessoal e limpeza domestica". E importante salientar

que a variedade de produtos aumenta constantemente, nao se resumindo a uma

linha fechada de produtos.

Os supermercados estao sempre em constante aprimoramento e mudan9a de

seu mix de produtos, incorporando artigos que possam interessar aos consumidores

e facilitar suas compras rotineiras. Esse tipo de varejo e conhecido por dispor seus

produtos em se9oes, de acordo com o item a ser vendido, e por utilizar o auto-

Page 20: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

15

servic;o, ou seja, o consumidor e quem escolhe a mercadoria e a paga no caixa, sem

nenhum outro intermediario (BORGES, 2001).

Devido a todas essas caracteristicas, o setor supermercadista foi urn dos que

mais cresceu na economia brasileira. "Em cinco decadas essa evoluc;ao saiu da era

do varejo de armazems, emp6rios e feiras livres para a instalac;ao de uma rede de

mais de 24 mil lojas cobrindo todo o pais, segundo estudo Abras/ACNielsen 2001"

(BORGES, 2001, p. 36). Devido ao enorme crescimento do setor, suas lojas

passaram a se diferenciar por algumas caracteristicas, sendo portanto, classificadas

de acordo com seus formatos especificos.

2.2.3 Formatos de supermercados

As lojas pertencentes ao setor de auto-servic;o foram classificadas e divididas

de acordo com alguns itens como o tamanho da sua area de vendas, o numero de

itens oferecidos, o numero de check-outs, a porcentagem de venda de nao

alimentos e de acordo com as suas sec;oes, dividindo os itens em alimentos e nao­

alimentos, por exemplo. Abaixo segue a tabela com a atual classificac;ao feita pela

Associac;ao Brasileira de Supermercados - ABRAS.

Quadro 1 - C/assificaqao das /ojas do setor de supermercados

Formato Area de ND %de N°de

de lojas vendas/m2 medio vendas Check Se~oes

de nao- outs

itens alimentos

Bares 20-50 300 1 - Merceria, ranches e bebidas !

Mercearias 20-50 500 3 - Mercearia, fries, racticinies e

bazar

Pad aria 50-100 1.000 1 - Padaria, mercearia, fries,

racticinies, ranches

Page 21: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

16

Minimercado 50-100 1.000 3 1 Mercearia, frios, lacticinios, bazar

Loja de 50-250 1.000 3 1-2 Mercearia, frios, lacticinios, bazar,

Conveniemcia lanches

Supermercado 300-700 4.000 3 2-6 Mercearia, hortifruti, carnes, aves,

Compacta frios, lacticinios, bazar

Supermercado 700-2.500 9.000 6 7-20 Mercearia, hortifruti, carnes, aves,

Convencional frios, lacticinios, peixaria e bazar

Superloja 3.000-5.000 14.000 12 25-36 Mercearia, hortifruti, carnes, aves,

frios, lacticinios, peixaria, padaria,

bazar, textil, eletrOnicos

Hipermercado 7.000- 45.000 30 55-90 Mercearia, hortifruti, carnes, aves,

16.000 frios, lacticinios, peixaria, padaria,

bazar, textil, eletrOnicos

Clube 5.000- 5.000 35 25-35 Mercearia, hortifruti, carnes, aves,

atacadista 12.000 frios, lacticlnios, bazar, textil,

eletrOnicos

Fonte: Adaptado de estudo coordenado pela Abras. BRITO, Denise. Quale o formato correto de sua /oja. SuperHiper, p.74-77,

set.1998.

As lojas de auto-servi9o possuem algumas outras caracteristicas pr6prias que

as diferenciam. Seguem abaixo suas principais diferen9as, segundo dados do

lnforme Especial ABRAS - Associa9ao Brasileira de Supermercados (1998 apud

BORGES, 2001 ).

Page 22: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

17

Loja de Conveniencia: Normalmente localizada em postos de combustive! ou

areas de grande concentrac;ao populacional. Ausencia de nao-alimentos. Prec;os

15% maiores que os dos supermercados.

Lojas de sortimento limitado: Prec;os baixos e poucas marcas, tradicional loja

de desconto.

Supermercado: Normalmente s6 oferece alimentos e pode dispensar uma das

cinco sec;oes tradicionais.

Supermercado tradicional: Maior area (dados tabela acima), cinco sec;oes

tradicionais e as vezes padaria.

Superloja: Da destaque a produtos prontos, semi-prontos e congelados. 0

setor de bazar pode representar ate 10% das vend as.

Hipermercado: Modelo da loja importado da Franc;a, que funciona com 5

departamentos. A area destinada a alimentac;ao ocupa mais da metade da loja.

Supercenter: Versao americana do hipermercado, tern as caracteristicas de

uma loja de departamentos com auto-servic;o acrescida de urn supermercado, que

ocupa ate 40% da area de venda. 0 layout de disposic;ao das gondolas cria sec;oes

isoladas dentro da loja.

Segundo dados do Ranking ABRAS (2006}, dentro do setor de auto-servic;o,

65% sao supermercados, que correspondem a 60% das vendas, 6% sao

hipermercados com 0,9% das vendas e 29% sao lojas de conveniencia que

correspondem a 39% das vendas do setor.

2.2.4 Tamanho do segmento supermercadista no Brasil

Poucos foram os setores que conseguiram urn desempenho tao grande e

rapido como o de supermercados, que vern crescendo ano a ano. Segundo o 29°

Ranking Abras (2006), pesquisa oficial do desenvolvimento do auto-servic;o no pais,

elaborada desde 1978, o setor conta com 72.884 lojas espalhadas por todo o

territ6rio nacional, com ampliac;ao de cerca de 1,7% da area de vendas e 1,8% do

numero de check-outs. Em 2005 o setor registrou urn faturamento nominal de R$

106,4 bilhoes, com crescimento real. Com este faturamento, o setor de auto-servic;os

Page 23: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

18

mantem a participac;ao de 5,5% do Produto lnterno Bruto (PIB). 0 numero de

empregos diretos cresceu 1 ,6%, totalizando 800.922 pessoas trabalhando

diretamente no setor, registrando uma expansao de 1 ,3% no numero de novas lojas.

No segmento supermercadista o numero de empregos diretos gerados fica em torno

de 664.891. "Hoje o setor de supermercados e urn dos que mais empregam no Pais

e tern grande potencial de desenvolvimento" (SUPER HIPER, 2006, p.28) afirma o

presidente da Abras, Joao Carlos de Oliveira.

0 varejo de alimentos faturou R$ 61 bilhoes em 1995, sendo que no anode

2000 esse faturamento passou para R$ 67,6 bilhoes, o que representou 6,2% do PIB

brasileiro, sendo que desses, R$ 62,1 bilhoes sao apenas do segmento de

supermercados, o que representa 91% do faturamento do setor. (COSTA;

PURKOTE; SANTOS, 2001 ). Esse crescimento vern se elevando a no a a no,

principalmente devido a entrada de novas players e cresceu vertiginosamente ate

2005, devido a consolidac;ao desses novas atuantes e a grande expansao realizada.

Atualmente o segmento supermercadista corresponde a urn faturamento de

R$ 95,9 bilhoes, sendo que o setor de auto-servic;os ao todo faturou R$ 106,4

bilhoes. Os supermercados brasileiros somam urn total de 32.234 lojas com 128.934

check-outs e uma area de vendas de 13,3 milhoes de metros quadrados (ABRAS,

2006).

Desde a metade da decada de 90 houve urn aumento no setor, grac;as a

enxurrada de investimentos estrangeiros, caracterizando numa grande concentrac;ao

dos neg6cios. 0 setor supermercadista neste inicio de seculo "movimenta-se em

intenso ritmo de aquisic;oes, fusees, inaugurac;oes de lojas grandes e pequenas,

segmentac;oes, modernizac;ao de layouts, automac;ao, informatizac;ao, contratac;oes

e treinamento de funcionarios" (BORGES, 2001, p. 44). 0 Ranking Abras (2006)

destaca as tres empresas que ocupam os primeiros lugares no ranking, no anode

2005:

1. Companhia Brasileira de Distribuic;ao (Pao de Ac;ucar): faturamento de R$

16,169 bilhoes e 15,2 % de participac;ao de mercado.

2. Carrefour: faturamento de R$ 12,546 bilhoes e 6,4 % de participac;ao de

mercado.

Page 24: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

19

3. Wai-Mart: faturamento de R$ 11,7 bilhoes e 11% de participa9ao.

Os resultados do ranking demonstram o dominic do mercado por parte de

redes internacionais, que crescem ano a ano, principalmente atraves de fusoes com

as redes locais. A principal diferen9a em rela9ao aos outros anos foi a mudan9a de

faturamento do Wai-Mart, que adquiriu a opera9ao da rede Sanae, com mais de 400

lojas no Pais, acrescentando o faturamento do Sanae ao seu, e praticamente

encostando no segundo colocado do ranking, o Carrefour (SUPER HIPER, 2006).

2.2.4.1 Entrada de multinacionais (supermercados internacionais)

0 Brasil ganhou destaque como rota na expansao das redes internacionais

de supermercados, principalmente desde a decada de 90, quando a situa9ao

economica do pais come9ou a melhorar e o poder de compra da popula9ao

aumentou. Nessa epoca, as aquisi9oes e fusoes fizeram parte desse crescimento,

sendo que as atividades das principais redes no inicio de sua implanta9ao estao

resumidas abaixo (ALMEIDA, 1998, p. 101):

Carrefour (Fran(Ja): Assumiu o Eldorado (SP) em dezembro/97 e comprou 23

supermercados das Lojas American as em outubro/98. Entrou no pais em 197 4.

Grupo Pao de A(Jucar: Comprou o Barateiro (SP) em maio/98 e varias

pequenas redes.

Sanae (Portugal): Comprou o Real (RS) em duas etapas (1989 e 1997) e o

Candia (SP) em junho/98.

Jeronimo Martins (Portugal): Comprou o Se (SP) em dezembro/97.

Bompre(Jo: Associou-se ao grupo holandes Ahold em 1996 e comprou o

Supermar (BA) em 1997, fortalecendo-se no Nordeste.

A partir desse periodo, essas redes passaram a aumentar cada vez mais seu

numero de lojas, expandindo sua area de atua9ao para diversos estados brasileiros.

Outra rede de grande destaque e importancia na entrada do Brasil foi o Wai-Mart

Page 25: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

20

que expandiu sua area de atuac;ao para a America do Sui, incluindo o Brasil, em

1995.

Para ALMEIDA (1998), as empresas estrangeiras viram no Brasil urn enorme

mercado, nao abastecido completamente pelas redes ja instaladas, necessitando

assim de opc;oes de compra e constituindo-se em grande fonte de Iueras. Outro fator

que levou a entrada de multinacionais foi os niveis de saturac;ao, concentrac;ao e

competic;ao nos seus mercados de origem, principalmente na Europa e America do

Norte, promovendo queda de rentabilidade e exigindo elevados niveis de

investimento (ALMEIDA, 1998).

0 setor de varejo no Brasil ainda e pouco concentrado, se comparado a

outros paises, como podemos perceber pela participac;ao das cinco maiores redes

nas vendas em 1997 (ALMEIDA, 1998, p. 1 00): Brasil 28%, EUA 33%, lnglaterra

48%, Chile 53%, Argentina 60%, Franc;a 70%. Este quadro se alterou nos ultimos

anos devido as fusoes e aquisic;oes, porem serve de base para a comparac;ao da

concentrac;ao de mercado nacional e internacional. Urn exemplo disto e a lnglaterra

e Alemanha, onde cinco redes de supermercados correspondem a 56% das vendas

e a Suecia, onde tres redes correspond em a 95% das vend as (BORGES, 2001 ).

As redes internacionais se sentiram atraidas pelo grande potencial de

consume que estava se delineando no mercado brasileiro, assim como a alterac;ao

do perfil de compra do consumidor, que estava comprando menos superfluos e

gastando mais em servic;os, assim como em nao alimentos, como eletroeletronicos,

por exemplo, (COSTA e SANTOS, 2006). 0 ranking divulgado pela revista

Supermarket News, de 22 de maio de 2000 (apud BORGES, 2001 ), mostra o

poderio dessas redes, analisando que o Wai-Mart e o Carrefour sozinhos, faturaram

em torno de 250 bilhoes de d61ares em 1999 e disponibilizaram 13 mil pontos de

venda em todo o planeta.

Com a entrada das multinacionais o setor varejista no Brasil incorporou o

estilo de supermercados de outros paises assim como seus formatos de lojas,

produtos, form as de negociac;ao, entre outros. Segundo BORGES (2001) os

hipermercados sao urn formate de varejo importado da Franc;a, com as primeiras

lojas instaladas no Brasil no final da decada de 70. Ja os supercenters sao uma

versao norte-americana do hipermercado.

Page 26: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

21

Alem de incorporar seus formatos de lojas e tipos de produtos, o varejo

brasileiro passou por uma enorme mudanc;a ate mesmo na sua forma de

negociac;ao, principalmente com seus fornecedores. Segundo SOCORRO (2006), as

grandes redes passaram a adquirir grandes volumes de produtos, assim como os

fornecedores passaram a ter maior grau de dependencia, pais nao estar na gondola

de uma dessas grandes redes significa uma grande perda de mercado.

0 varejo ou os supermercados possuem urn enorme poder de barganha, hoje temos uma enorme categoria de produtos, grande diversidade, fornecida par varios fabricantes. Com isso, o varejo cada dia mais passou a ter condigao de negociar com a industria, comprando os produtos mais rentaveis para o seu neg6cio (SOCORRO, 2006, p. 4).

Essa negociac;ao e feita, basicamente, de acordo com principios como o

supply chain, baseado no ganho de todos ao Iongo da cadeia, atraves de acordos

realizados de parceria entre varejistas, atacadistas, fornecedores e distribuidores

(COSTA; SANTOS, 2006). Essa disputa entre fornecedores e varejistas deve

continuar, porem segundo MACHADO e OLIVEIRA (2003), ha uma tendencia de que

o mercado de fornecedores tambem passe a se concentrar, o que formaria no Iongo

prazo urn monop61io bilateral, gerando urn certo equilibria entre as forc;as.

Os que mais sao afetados por esse processo sao os pequenos produtores,

que nao possuem o mesmo poder de negociac;ao e nem possibilidade de se integrar

ao processo de logistica e automac;ao que o mercado exige.

2.2.4.2 Tendencias no setor supermercadista

A tendencia e o aumento cada vez mais acirrado da concorrencia e a

necessidade de adaptac;ao por parte tanto dos produtores, como de fornecedores,

distribuidores, pequenos varejistas, etc (BORGES, 2001). Para as autoras COSTAe

SANTOS (2006) e extremamente necessaria investir no conhecimento de seu

publico-alva, assim como em inovac;oes tecnol6gicas como logistica, pesquisa,

automac;ao comercial, tecnologia da informac;ao, treinamento de pessoal, fidelizac;ao

de clientes, informatizac;ao, entre outros.

Page 27: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

22

Ainda segundo COSTAe SANTOS (2006), as principais mudan9as ocorridas

nos super e hipermercados para a adapta9ao a nova realidade sao: aumento do

tamanho das lojas, pulveriza9ao, redu9ao de custos, inova96es no servi9o ao cliente,

mudan9as de layout e disposi9ao de mercadorias, expansao de marcas pr6prias e

de financiamento ao consumidor, padroniza9ao de procedimentos de opera9ao entre

supermercados e fornecedores, entre outros.

Page 28: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

23

2.3 ESTRATEGIAS COMPETITIVAS

2.3.1 Concorrencia

A disputa pelo consumidor, a chamada concorrencia, esta gerando uma

enorme quantidade de estrategias para esse publico, cada vez mais exigente e

informado. A concorrencia pode ser definida, segundo o dicionario Aurelio (1995)

como sendo uma " ... disputa ou rivalidade entre produtores, negociantes, industriais,

etc. pela oferta de mercadorias ou servic;os iguais ou semelhantes ... ". Essa disputa

tern se acirrado ao Iongo dos anos, devido a quantidade cada vez maior de

empresas e servic;os praticamente semelhantes, forc;ando cada uma delas a adotar

urn a estrategia para conseguir conquistar o consumidor (BORGES, 2001 ). Existem

muitas formas de diferenciac;ao, como por exemplo, o prec;o, o produto, atendimento,

layout e disposic;ao da loja ou ate mesmo preferencia do consumidor por

determinada marca.

Dentro do setor supermercadista, a concorrencia pode ser classificada e

dividida, segundo SOUZA e LEITE (1996) em dois tipos: concorrencia direta, por

meio de lojas de auto-servic;o e hipermercados (em relac;ao aos supermercados

tradicionais), e a concorrencia indireta, que se da em nivel de sec;oes ou

departamentos, como por exemplo, o setor de carnes concorrer com urn ac;ougue.

Para fazer frente a seus concorrentes, o supermercadista pode utilizar

algumas ferramentas chamadas por SOUZA e LEITE (1996), como variaveis

relativamente controlaveis como: linha de produtos, decisoes relativas a area de

vendas, localizac;ao, ambientac;ao e decorac;ao, politica de prec;os, decisoes de

layout e de merchandising, politica promocional, comunicac;ao na empresa

supermercadista, atendimento no auto-servic;o e servic;os adicionais. Ja COSTA e

SANTOS (2006) expoem que a concorrencia e crescente tanto entre formatos

identicos, como em formatos diferentes e ate mesmo entre fornecedores e varejistas,

principalmente no que diz respeito a supermercados, ja que possuem uma enorme

disputa entre marcas do produtor e marcas do distribuidor.

Atualmente, a concorrencia a nivel tanto nacional como mundial, tern levado a

redefinic;oes dos tipos de lojas e servic;os oferecidos, precisando se adaptar as novas

Page 29: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

24

condic;oes de mercado e tentando ser sempre inovador em suas estrategias. Neste

caso, evidencia-se a necessidade de adoc;ao de ac;oes voltadas a melhoria dos

servic;os e do atendimento prestados, condic;oes que podem alterar os niveis de

percepc;ao do consumidor e de relac;ao custo/beneficio (COSTA; SANTOS, 2006). 0

que se percebe e que cada dia mais, os produtos e servic;os tendem a ser muito

parecidos, sendo que sao os pequenos fatores que diferenciam uma rede de outra.

Portanto, a adoc;ao de estrategias competitivas torna-se fator essencial a sobrevivencia em urn mercado extremamente competitive.

2.3.2 As cinco forc;as competitivas

Toda a empresa deve possuir uma estrategia de atuac;ao no mercado, de

forma a conseguir acompanhar a concorrencia. Mas para que se tenha essa

estrategia e necessario que a empresa conhec;a a estrutura competitiva do setor,

tendo assim, mais chances de enfrentar todos os agentes envolvidos no processo. A

metodologia de analise de competitividade utilizada consiste nas cinco forgas

competitivas, modelo desenvolvido por Michael PORTER (1998). " ... na luta por

participac;ao de mercado, a competic;ao nao se manifesta apenas atraves dos

demais concorrentes. Pelo contrario, a competic;ao em urn setor tern suas raizes em

sua respectiva economia subjacente e existem forc;as competitivas que vao bern

alem do que esteja representado unicamente pelos concorrentes estabelecidos ... "

(PORTER, 1998, p.11 ). Essas forc;as perm item que a empresa perceba a

complexidade do mercado e aponte os fatores criticos de sua concorrencia, podendo

assim, criar uma estrategia adequada de atuac;ao.

0 modelo de Porter (1998) consiste na concepc;ao de que o nivel de

rivalidade nao e apenas determinado pelas empresas fornecedoras ou

transformadoras, isoladamente. Ela e afetada por todos os agentes envolvidos na

cadeia, do produtor e fornecedor de materias-primas ao consumidor final. Nesse

processo competitive tambem fazem parte elementos como produtos substitutes e

potenciais entrantes. As cinco forc;as competitivas correspondem aos pontos basicos

Page 30: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

25

dessa cadeia de determinado produto. Segue diagrama com as cinco forgas

competitivas, modelo que pode ser aplicado a diversos ramos de neg6cio:

I fORNECEDORES 1--

ENTRAtHES POlENCiAI::;'i

1Arm.~ad .• ~.rro. vos

Entrarte~

Riv~lidade en1re ae&mpreses t:!ld~erdcG

---1 COMPRADORES I Po!lerqe negp:taq6o .ctos cgm pradores

Fonte: Modelo adaptado de PORTER, Michael E. Vantagem Competitiva: Criando e sustentando urn desempenho superior. Rio de Janeiro: Campus, 1992, p.4.

Cada uma dessa forgas busca uma estrategia que possibilite uma posigao,

de forma a se defender frente aos outros e na medida do possivel, influencia-los.

0 conhecimento dessas fontes basicas de pressao competitiva propicia o trabalho preliminar para uma agenda estrategica de aQao. Elas acentuam os esforQos crfticos e os pontos fracas da empresa, dao vida ao posicionamento da empresa no setor, tornam claras as areas onde as mudanQas estrategicas possam oferecer maiores vantagens e acentuam os lugares onde as tendencias do setor prometem ser da maior importancia, seja como oportunidade, seja como ameaQa. (PORTER, 1998, p. 12).

Atraves de cada uma dessa forgas forma-sea estrutura competitiva do setor.

Podemos definir como novas entrantes as empresas que se inserem em urn

determinado mercado. "Os novas entrantes trazem novas capacidades, desejo de

ganhar participagao de mercado e, freqOentemente, concorrem com recursos

substanciais" (PORTER, 1998, p.13). Quando uma empresa de outro ramo adquire

uma empresa de urn setor, pode tambem ser considerado como urn novo entrante.

0 impacto da entrada dessas empresas depende das barreiras atuais e da reagao

dos concorrentes existentes a entrada dos mesmos (PORTER, 1998). Normalmente,

os novas entrantes possuem poder e grande capital para a sua insergao no

mercado, causando uma grande ameaga as empresas ja instaladas.

Page 31: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

26

Os fornecedores sao uma forma competitiva importante, ja que sao o ponto

de partida para a atua<;ao de urn segmento. A sua participa<;ao tern reflexo direto

sabre os custos. "Os fornecedores podem exercer poder de barganha sabre os

participantes de urn setor, aumentando os pre<;os ou reduzindo a qualidade das

mercadorias e servi<;os adquiridos" (PORTER, 1998, p.16). Segundo PORTER

(1998), existem alguns fatores importantes para a determina<;ao do poder de urn

fornecedor, os principais sao: concentra<;ao do mercado por poucas empresas, o

nivel de disputa com substitutes no fornecimento para a industria, a industria nao ser

urn cliente importante para o fornecedor, o produto do fornecedor ser de vital

importancia para a empresa, entre outros. Os varejistas podem ganhar poder de

barganha com os fornecedores quando se tornam importantes para ele, comprando

em grande escala, ou mesmo quando conseguem influenciar as decisoes de compra

dos consumidores (PORTER, 1998).

Os substitutes sao produtos similares aos ja existentes no mercado, que

desempenham as mesmas fun<;oes, concorrendo diretamente. "Os substitutes

frequentemente entram rapidamente em a<;ao se algum desenvolvimento for feito,

aumentam a competi<;ao em seus setores e provocam redu<;ao de custos e melhoria

do desempenho" (PORTER, 1998, p.21). Esses produtos for<;am a cria<;ao de urn

teto para os pre<;os assim como reduzem os retornos potenciais de empresas.

Como ultimo elemento da cadeia de for<;as competitivas temos os

compradores. A sua caracteristica principal e buscar uma redu<;ao nos pre<;os,

melhor qualidade nos produtos e vantagens que levem a preferemcia de urn produto

em detrimento de outro (PORTER, 1998). 0 autor ainda descreve que para atingir

esses objetivos, muitas vezes os consumidores tendem a colocar uma empresa

contra a outra, a fim de for<;ar essas vantagens de compra. De maneira geral, eles

representam a linha de chegada, onde as empresas concentram seus esfor<;os,

tornando assim, os compradores detentores do poder de controlar o mercado.

Da convergencia dessa for<;as cria-se urn mapa de atua<;ao, fazendo uma

analise da concorrencia e das estrategias do setor. Esse modelo e geral, podendo

ser adaptado conforme o caso e o mercado em estudo. Ele constitui, juntamente

com a analise da concorrencia a base para a formula<;ao de estrategias

empresariais.

Page 32: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

27

2.3.3 Estrategias Competitivas

Devido a formac;ao de urn ambiente extremamente competitive, delinearam-se

conceitos como o de estrategia, nos processes de gestae empresarial. Estrategia

pode ser definida como" ... urn conjunto de objetivos, politicas e normas que guiam o

esforc;o de marketing da empresa no correr do tempo- seu nivel, mix e alocac;ao,

em parte de forma independente, e em parte como resposta a mudanc;as nas

condic;oes competitivas e ambientais" (SOUZA; LEITE apud KOTLER, 2004, p.162).

Portanto, ela serve como forma de encontrar maneiras de sobreviver e permanecer

no mercado, alterando conceitos e formas de atuac;ao. Ja a estrategia competitiva,

tambem chamada de estrategia de unidades de neg6cio, diz respeito a " ... criac;ao

de vantagem competitiva em cada urn dos ramos de neg6cio ao que o grupo

compete" (PORTER, 1998. p. 237). Ela visa a estabelecer uma posic;ao lucrativa e

sustentavel contra as forc;as que determinam a concorremcia.

As empresas ganham essa vantagem ao satisfazer as necessidades dos

clientes de melhor forma do que os concorrentes (PORTER, 1998). Portanto, nao

basta apenas saber o que o consumidor deseja, torna-se necessaria tambem, o

conhecimento das estrategias adotadas pela concorrencia. Segundo KOTLER e

ARMSTRONG (2004) esse e o primeiro passe para a elaborac;ao das estrategias

competitivas de uma empresa. 0 conhecimento e avaliac;ao da concorrencia

solidificam as bases sabre as quais atuar, moldando urn rumo dos neg6cios e

mostrando em que niche a empresa pode se segmentar.

0 segundo passe e identificar as melhores estrategias competitivas de

marketing, que possam posicionar a empresa solidamente no mercado, frente a concorrencia, garantindo a melhor vantagem competitiva. "A vantagem competitiva

surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para seus

compradores e que ultrapassa o custo de fabricac;ao pela empresa" (PORTER, 1992,

p. 2). Portanto, faz-se necessaria a escolha de qual estrategia utilizar e sabre o

escopo dentro do qual ira alcanc;a-la. "Ser tudo para todos e uma receita para a

mediocridade estrategica e para urn desempenho abaixo da media, pais

normalmente significa que uma empresa nao tern absolutamente qualquer vantagem

Page 33: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

28

competitiva" (PORTER, 1992, p. 1 0). lsso nao significa, porem, que uma mesma

empresa possa utilizar diferentes estrategias para diferentes produtos, por exemplo.

Michael PORTER (1992), sugeriu a mais de uma decada, tres estrategias

competitivas que as empresas poderiam adotar, sao elas (KOTLER, 2004, p.488 e

489):

- Lideranca pelo custo total: a empresa busca alcanc;ar os menores custos de

produc;ao e distribuic;ao, de modo que possa cobrar prec;os mais baixos do que seus

concorrentes e conquistar uma grande participac;ao de mercado. "Um produtor de

baixo custo deve descobrir e explorar todas as fontes de vantagem de custo. Via de

regra, estes produtores vendem urn produto-padrao, sem maquilagem, e dao enfase

consideravel a obtenc;ao de vantagens de custo absoluto e de escala de todas as

fontes" (PORTER, 1992, p.11 ). Com prec;os equivalentes ou mais baixos que os da

concorrencia, a tendencia e a de retornos mais altos. No entanto, o produto deve ser

comparavel ou aceitavel em relac;ao aos demais, pois senao acabara diminuindo seu

prec;o muito abaixo do da concorrencia, podendo anular a sua estrategia de custo

favoravel (KOTLER, 2004).

- Diferenciacao: caracteriza-se pela procura por urn desempenho superior,

como uma linha de produtos, o sistema de entrega ou urn programa de marketing

altamente diferenciado. A empresa busca ser (mica, de acordo com algumas

variaveis altamente valorizadas pelos compradores. "Eia seleciona urn ou mais

atributos, que muitos compradores numa industria consideram importantes,

posicionando-se singularmente para satisfazer estas necessidades" (PORTER,

1992, p.12). A empresa deve estar atenta aos custos referentes a essa

diferenciac;ao, buscando uma proximidade aos prec;os da concorrencia. Um exemplo

disso e a empresa Dell, que vende computadores, mas ao mesmo tempo oferece um

servic;o de diferenciac;ao de seus concorrentes, que e a possibilidade de escolha dos

componentes do produto de forma individual, de acordo com a necessidade do

cliente.

- Enfogue (Foco): a empresa busca ser a melhor em alguns poucos

segmentos de mercado, em vez de procurar o mercado inteiro. Empreende a

lideranc;a de mercado em custos ou diferenciac;ao dentro do segmento-alvo. Essa

Page 34: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

29

estrategia pode trazer grandes Iueras em segmentos que nao estao sendo bern

atendidos por concorrentes com alvos amplos (KOTLER e ARMSTRONG, 2004).

2.3.3.1 Posic;oes competitivas

As empresas que competem em urn mesmo mercado se diferenciam pelas

estrategias que adotam, assim como por seus objetivos e recursos, ocupando

posic;oes diferentes no mercado (PORTER, 1998). Grandes empresas podem, no

entanto, ocupar posic;oes diferentes de acordo com seus diferentes produtos.

Segundo KOTLER e ARMSTRONG (2004), existem quatro posic;oes competitivas

diferentes e estrategias especificas para cada uma delas:

1. Uder: Possui a maior participac;ao de mercado e lidera as outras empresas

em termos de prec;o, produtos, distribuic;ao e promoc;ao. E o caso de empresas como

a Coca-Cola, McDonald's, Wai-Mart, entre outras. Estrategias que podem ser

adotadas: expansao do mercado total e protec;ao e expansao da participac;ao de

mercado.

2. Desafiante: Ocupam a segunda ou terceira colocac;ao no mercado,

aspirando sempre a primeira colocac;ao. Eo caso de empresas como a Pepsi, Ford,

Colgate, etc. Como estrategias competitivas, elas podem desafiar a lider ou as suas

concorrentes com mesma posic;ao, podendo fazer urn ataque direto ou indireto,

mostrando suas qualidades e lanc;ando inovac;oes de mercado.

3. Seguidora: Muitas empresas preferem seguir a lider ao inves de desafia-la.

A seguidora aprende com a lider e copia ou aprimora seus produtos, normalmente

com muito menos investimento. Uma seguidora deve saber manter e conquistar

novas clientes. Deve procurar manter baixos custos de produc;ao e alta qualidade de

produtos e servic;os.

4. Ocupante de nicho: Essas empresas visam segmentos especificos de

mercado ao inves de tentar atingir todo ele. Dessa forma, ele conhece o seu nicho

melhor do que ninguem, podendo atende-lo da melhor forma. Sua principal

estrategia deve ser a especializac;ao.

Page 35: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

30

3 METODOLOGIA

Segundo MATTAR (1994), a metodologia mostra o caminho a ser seguido,

norteando as decisoes do pesquisador, atraves das fontes e ferramentas

disponiveis. Diferentes metodologias pedem diferentes formas de coleta e analise de

dados, de maneira a atender aos objetivos da pesquisa, tanto tecnica como

economicamente. SAMARA e BARROS (2002, p.6) definem a pesquisa de

marketing como " ... projetos formais que visam a obtenc;ao de dados de forma

empirica, sistematica e objetiva para a soluc;ao de problemas ou oportunidades

especificas relacionadas ao marketing de produtos e servic;os".

Nesse estudo busca-se obter informac;oes que contribuam para responder ao

problema levantado: Quais as estrategias de marketing adotadas pelos

supermercados regionais diante da entrada de empresas multinacionais? 0

problema delimita o objeto de estudo, e pede a identificac;ao dos procedimentos

metodol6gicos a serem utilizados durante a elaborac;ao da pesquisa. Para tanto,

delinearam-se algumas questoes, a fim de atingir os objetivos visados pelo estudo.

0 objetivo geral e identificar as estrategias de marketing utilizadas pelos

supermercados locais para se manter no mercado diante da intensiva entrada

de grupos internacionais. Como objetivos especificos encontram-se:

- Analisar o varejo supermercadista anterior a decada de 90 e o cenario atual,

assim como a mudanc;a no comportamento de compra do consumidor.

- Avaliar a entrada de supermercados de redes multinacionais no Brasil,

assim como o impacto e as mudanc;as ocorridas nos mercados regionais.

- Analisar o cenario supermercadista de Curitiba, anterior e posterior a entrada de empresas estrangeiras.

- Verificar as estrategias competitivas adotadas pelos supermercados locais,

em especial os situados na cidade de Curitiba.

- Descobrir as estrategias e taticas de marketing utilizadas como forma de

permanecer no mercado por algumas redes curitibanas, assim como a sua postura

atual.

Page 36: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

31

3.1 Delineamento da pesquisa - Metodos

Para atingir os objetivos desta pesquisa adotou-se como principais recursos

metodol6gicos os estudo explorat6rios e os estudos descritivos. 0 projeto teve inicio

com uma pesquisa explorat6ria sobre o tema, o que permitiu urn aprofundamento

sobre o assunto, assim como uma melhor compreensao do ambiente em estudo. A

pesquisa explorat6ria tern como principais caracteristicas a "informalidade, a

flexibilidade e a criatividade, e neles procura-se obter urn primeiro contato com a

situac;ao a ser pesquisada ou urn melhor conhecimento sobre o objeto em estudo

levantado e hip6teses a serem confirmadas" (SAMARA e BARROS, 2002, p.29).

Para tanto, foram utilizadas fontes secundarias como levantamentos bibliograficos

feitos atraves de livros de autores classicos da area de marketing, assim como teses

e dissertac;oes, revistas especializadas, materias publicadas em jornais, estudos de

caso, relat6rios e publicac;oes de instituic;oes e associac;oes relacionadas ao assunto.

0 segundo passo inclui os estudos descritivos, que podem ser entendidos

como aqueles que "procuram descrever situac;oes de mercado a partir de dados

primarios, obtidos originalmente por meio de entrevistas pessoais ou discussoes em

grupo, relacionando e confirmando as hip6teses levantadas na definic;ao do

problema de pesquisa. Ja MATTAR (1994, p.143) define dados primarios como

"aqueles que nao foram antes coletados, estando ainda em posse dos pesquisados,

e que sao coletados com o prop6sito de atender as necessidades especificas da

pesquisa em andamento".

No projeto em questao, os estudo descritivos foram utilizados na busca de

dados primarios obtidos atraves de pesquisas pessoais junto ao setor de marketing

dos supermercados locais situados na regiao de Curitiba. Esse metodo permite a

obtenc;ao de dados qualitativos, levantando dados e estrategias de marketing

adotadas pelos mesmos para se manter no mercado, diante da entrada de

multinacionais supermercadistas.

Page 37: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

32

3.2 Metoda e instrumento de coleta de dados

A coleta de dados foi definida por MATTAR (1994, p.104) como sendo "o

documento atraves do qual as perguntas e questoes serao apresentadas aos

respondentes e onde serao registradas as respostas e dados obtidos". Diversos

autores classificam de forma diferente o metoda para a coleta de dados. COBRA

(1997) estabelece os metodos da observa9ao e da experimenta9ao. Ja MATTAR

(1994) tambem define dais metodos, mas com nomenclaturas diferentes. Para o

autor, esses metodos seriam os da comunica9ao e da observa9ao. Ja SAMARA e

BARROS (2002) definem tres metodos para a coleta de dados, sendo eles:

Observa9ao, lnquerito ou Contato eo metoda lnterativo.

Os metodos de coleta de dados determinam a maneira como os dados sao

obtidos no projeto. Para o estudo em questao e baseando-se nos metodos definidos

por SAMARA e BARROS (2002), utilizou-se o metoda do inquerito ou contato,

baseando-se na entrevista pessoal. "... com ela se obtem o maior numero de

informa96es possivel do entrevistado, embora haja sempre uma caracteriza9ao da

artificialidade da situa9ao e possivel influencia do entrevistador sabre o entrevistado"

(SAMARA e BARROS, 2002, p. 65). A pesquisa de entrevista pessoal foi feita com

os responsaveis pelo departamento de marketing dos supermercados curitibanos,

com capital essencialmente paranaense, no periodo da entrada de supermercados

multinacionais.

Tambem foi utilizado o metoda da observa9ao, na visita e registro das

caracteristicas dos ambientes das lojas estudadas. Esse metoda nao envolve

questionamentos e respostas, mas sim consiste no registro de comportamentos,

fatos e a96es relacionadas a pesquisa (MATTAR, 1994).

Como instrumento de coleta de dados foi utilizado o Nao Estruturado Nao

Disfar9ado (SAMARA e BARROS, 2002). Nao estruturado por tratar-se de pesquisa

qualitativa e ser aplicado atraves de urn roteiro de pesquisa, e nao disfar9ado por

expor claramente aos entrevistados o objetivo da pesquisa. Como instrumento pode­

se utilizar o questionario (para pesquisas quantitativas) e o roteiro (para pesquisas

qualitativas). 0 questionario apresenta perguntas ao entrevistado exatamente com

as mesmas palavras, na mesma ordem e com as mesmas op96es de resposta para

Page 38: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

33

todos os entrevistados. Ja o roteiro pode apresentar alterac;oes de acordo com a

vontade de entrevistador ou o andamento da pesquisa (SAMARA e BARROS, 2002).

Como a entrevista pessoal utiliza questoes abertas e de profundidade, elaborou-se

urn roteiro de pesquisa, porem tentando sempre obedecer a ordem e a estrutura das

perguntas na hora da entrevista. 0 roteiro para o departamento de marketing era

composto por 13 perguntas abertas (vide anexo 1) e foi aplicado em abril de 2007,

com 2 entrevistados, responsaveis pelo departamento de marketing de

supermercados de Curitiba.

No estudo da observac;ao, o instrumento utilizado foi a analise dos itens que

poderiam ter relevancia para a pesquisa, atraves da visita ao local e impressoes

obtidas pelo pesquisador. Tambem foram utilizados como instrumento para a coleta

de dados bases da literatura, assim como entrevistas realizadas por outros meios e

coleta de dados via internet.

3.3 Amostragem

A amostra pode ser definida como "... urn a parte de urn universo, ou

populac;ao, com as mesmas caracteristicas destes" (SAMARA e BARROS, 2002, p.

91). As amostras sao representativas de urn universo, ja que na maioria das

pesquisas o universo pesquisado e muito grande, faz-se necessaria a utilizac;ao e

aplicac;ao das entrevistas a urn pequeno numero representative dessa populac;ao.

A pesquisa utilizada no projeto foi feita atraves de uma amostra nao­

probabilistica, por ser selecionada atraves de criterios subjetivos do pesquisador, de

acordo com sua experiencia e com os objetivos do estudo (SAMARA e BARROS,

2002). Essa amostra nao utiliza, portanto, conceitos estatisticos para a sua

definic;ao.

Dentro ainda dessa amostra nao-probabilistica definiu-se a amostra por

julgamento, ou seja, aquela cujos "... elementos da amostra sao selecionados

segundo criterios de julgamento do pesquisador, tendo como base o que se acredita

que o elemento selecionado possa fornecer ao estudo" (SAMARA e BARROS, 2002,

p. 94). Portanto, para a definic;ao dos entrevistados, assim como do numero de

Page 39: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

34

entrevistas utilizou-se o criteria de julgamento, escolhendo aqueles supermercados

paranaenses que existiam no periodo de entrada de concorrentes internacionais e

que resistiram ate hoje, buscando saber que instrumentos utilizaram para tal.

0 numero de entrevistados resumiu-se a dais supermercados de destaque na

cidade de Curitiba, por serem praticamente os unicos a permanecerem atuando

essencialmente com capital local, nao cedendo a fusoes com as redes

internacionais. 0 resto do mercado e dominado por redes multinacionais ou mesmo

redes locais que foram compradas por essas redes internacionais, mas permanecem

com seu antigo nome. Os demais supermercados sao menores redes, e, portanto,

de menor expressao no mercado supermercadista, oferecendo menos riscos as

redes internacionais.

Essas duas redes locais servem como base de estudo das estrategias de

sucesso para mantE~-Ias no mercado ate os dias atuais, lutando contra a

concorr€mcia das multinacionais sem nenhum tipo de fusao.

3.4 Tratamento dos dados

Ap6s a coleta, os dados foram analisados e transferidos como forma de

informa~oes que complementem os dados obtidos no estudo de caso. A tabula~ao e

"a padroniza~ao e codifica~ao das respostas de uma pesquisa" (SAMARA e

BARROS, 2002, p.1 03). Ja a analise dos dados e a "descri~ao do quadro de

tabula~ao referente aos valores relevantes" (SAMARA e BARROS, 2002, p. 1 03).

Na pesquisa aplicada neste projeto, foram analisadas e interpretadas todas as

respostas obtidas, de forma a evitar distor~oes nas respostas. Esses dados foram

acrescentados as informa~oes ja obtidas atraves de outros meios, assim como a

observa~ao feita nas lojas das redes pesquisadas. Como as perguntas baseavam-se

em questoes abertas, e para facilitar a sua interpreta~ao, as respostas foram

divididas de acordo com suas categorias, delimitando assuntos especificos.

Esses questionarios possibilitaram uma analise geral da forma como as redes

locais fizeram para permanecer no mercado diante da entrada da varios e fortes

concorrentes. Eles constituem uma opiniao isolada, mas ao mesmo tempo

Page 40: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

35

representativa dos supermercados locais, servindo como base para o estudo em

questa a.

3.5 Limitagoes metodol6gicas

Como limitagoes ao estudo pode-se citar a falta de material bibliografico

especifico, que apresentasse estrategias de pequenos supermercados para

enfrentar a concorrencia internacional. Poucos sao os estudos no setor, a maioria e

muito abrangente, tratando do setor de auto-servigos e especificando algumas

caracteristicas dos supermercados.

Houve tambem dificuldade de acesso para entrevista a profissionais de

marketing de supermercados locais, nao fornecendo todas as informagoes que

poderiam ser possiveis para incrementar a pesquisa e chegar a melhores

conclusoes sabre as suas estrategias utilizadas para enfrentar a concorrencia.

Foram colocados muitos empecilhos burocraticos por parte dessas empresas, alem

de falta de tempo para responder as perguntas em profundidade.

Page 41: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

36

4 ESTUDO DO TEMA

4.1 SUPERMERCADO DE VIZINHAN<;A- 0 MERCADO CURITIBANO

Devido as transformac;oes ocorridas nos modos e padroes de consumo, as

empresas varejistas tiveram que se adaptar as novidades do mercado, atendendo as

exigencias de seus clientes. "Nao resta duvida de que o consumidor esta em busca

da conveniencia total. Por isso, o formato de loja varejista que mais conseguir se

aproximar desse conceito tera grandes chances de sucesso" (BORGES, 2001, p.

81). Dessa forma, os supermercados de pequeno porte tiveram que se adaptar e

utilizar o conceito de conveniencia, se ajustando as demandas existentes em sua

localidade.

Os supermercados de vizinhanc;a se originaram dessa necessidade dos

clientes, adequando a conveniencia a proximidade de suas residencias. Ha anos

atras, essas lojas de vizinhanc;a eram conhecidas como "pequenos armazens de

bairro, em que muitas vezes o dono conhecia a preferencia de cada urn de suas

poucas dezenas de clientes e os atendia pelo nome ... " (AZEVEDO e POMERANZ,

2003, p.05). Esse conceito atualmente diz respeito a supermercados compactos,

principalmente nas grandes cidades, onde o hipermercado costuma estar bern Ionge

da casa da maioria dos consumidores finais. Segundo estudo da AC Nielsen,

divulgado pela Revista Distribuic;ao, os consumidores buscam o supermercado de

vizinhanc;a por diversos fatores, entre eles os mais significativos sao os que constam

no grafico a seguir:

[ Razoes para escolha do local de compra ]

Proxlmldade

Menores Prec;os

Ofertas/Promoc;oes

Variedade de produtos {

Atendimento • Em porcentagem (%)

• Janeiro de 04

• Janeiro de 05

Variedade de marcas {

Fonte: AC Nielsen

Fonte: Adaptado da Revista Distribui9~o. Janeiro de 2006, p.26.

Page 42: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

37

0 estudo mostrou a importancia da proximidade de casa para a escolha do

local de compra, destacando-o como elemento mais significativo. Outra tendencia

inesperada e encontrar grandes redes como o Carrefour, por exemplo, com lojas de

800 metros quadrados, em bairros de periferia. Em seus ambiciosos projetos de

expansao, elas sabem que precisam do supermercado de vizinhanga como

ferramenta estrategica e de lucratividade. (SUPERHIPER, maio 2000 apud

BORGES, 2001).

Os supermercados de bairros podem ser encontrados em diversos tamanhos

e formatos. Eles podem variar de 251 a 1.000 m2, media de 6.939 itens e 7 check­

outs (SUPERHIPER, maio 2000 apud BORGES, 2001 ). Esses supermercados

contam ainda com basicamente 5 segoes basicas: mercearia, agougue, FLV (frutas,

verduras e legumes), frios, lacticinios e bazar.

Para explicar a atratividade dos consumidores as compras de vizinhanga e

importante destacar alguns elementos que fornecem fonte de diferenciagao, como os

definidos por SOCORRO (2006): pregos e produtos mais populares, entrega em

domicilio, produtos de padaria, hortifrutigrangeiros e agougue sempre frescos,

proximidade de casa e facilidades de pagamento.

4.1.2 0 cenario supermercadista de Curitiba

A realidade do setor supermercadista de Curitiba passou por inumeras

transformagoes na decada 90, mais especificamente depois de 1997, com a entrada

de novos concorrentes que mudaram a competitividade do setor, antes dominado

por supermercados locais ou mesmo de vizinhanga. Segundo GONCALEZ (2004,

p.28), essa expansao tern origens sustentadas por uma possivel demanda reprimida,

baseada em indicadores economicos como:

- De 1991 a 2003, Curitiba foi a capital que obteve o maior crescimento medio

da populagao - 2,6% ao ano.

- 0 potencial de consumo anual da cidade e de US$ 7,5 bilhoes, contra US$

6,9 bilhoes de Porto Alegre.

Page 43: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

38

- 0 consumo per capita do curitibano e de US$ 4. 768, contra US$ 4.293 do

paulistano e US$ 2.500 da media nacional.

- A cidade possui as maiores pon;oes de classe AlB entre os grandes centros

do pais, fator que indica urn elevado poder de consumo de sua populac;ao.

- Conquista da quarta posic;ao no ranking dos 50 maiores municipios do pais

com maior fndice de Potencial de Consumo (IPC) em 2004.

Segundo dados do Ranking Abras (2006), o Parana esta em quinto Iugar no

ranking supermercadista brasileiro, com urn faturamento de cerca de 3,9 bilhoes de

reais e 322 lojas espalhadas pelo estado. 0 estado ainda emprega cerca de 20.378

pessoas, conta com uma area de vendas de 379.6936 metros quadrados e 2.765

check-outs (SUPER HIPER, 2006).

Ainda segundo dados da Associac;ao Brasileira de Supermercados (Abras),

Curitiba tern urn hipermercado para cada 110 mil habitantes. A concentrac;ao e bern

maior do que em Sao Paulo, que tern urn estabelecimento para cada 615 mil

habitantes e Porto Alegre, cuja comparac;ao e urn hipermercado para cada 230 mil

habitantes. (E. NEWS, Apras, 2006).

4.1.2.1 Empresas existentes antes da entrada de grupos internacionais

Entre as empresas que ja compunham o setor supermercadista de Curitiba,

destacam-se algumas de maior relevancia, tanto por suas caracteristicas hist6ricas e

de tradigao, como pelo envolvimento no processo de concentrac;ao que se iniciou na

decada de 90.

Mercadorama:

Surgiu como urn armazem no comec;o do seculo XX, fundado por Pedro

Demeterco. Quando Pedro faleceu, seu filho Jose Luiz tornou-se o pioneiro na

implantac;ao do auto-servic;o em Curitiba, transformando o armazem no

supermercado Mercadorama, em 1951 (ALBERTI, 1998). Ao Iongo dos anos a rede

foi se expand indo, procurando ocupar a regiao central da cidade.

Page 44: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

39

No ano de 1998, o Mercadorama era a maior rede de supermercados do

estado do Parana, contando nessa epoca com 12 lojas na capital e urn

hipermercado em Maringa. Segundo ALBERTI (1998), o Mercadorama alcanc;ou o

primeiro Iugar na preferencia dos consumidores (47, 1% dos entrevistados) em

pesquisa realizada pela Associac;ao Paranaense de Supermercados em 1998,

alcanc;ando assim enorme forc;a e tradic;ao no mercado.

0 Mercadorama foi adquirido pela rede Sanae em 1998. Na epoca ela

possuia 13 lojas, contanto atualmente com 24 lojas e ocupando o primeiro Iugar no

ranking do estado.

Senff Parati:

A marca Senff surgiu em 1892, no centro de Curitiba. Foi uma das pioneiras

no auto-atendimento na decada de 60, utilizando a marca Parati para seus

supermercados durante 25 anos. 0 parati surge em 1961 como a segunda rede do

genera na cidade. A rede tambem obteve grande expansao, tornando-se em 1999 a

segunda colocada entre as empresas de supermercados com sede no Parana.

Neste ano a rede contava com 12 lojas no estado. No ano de 2000 o Parati acaba

sendo comprado pelo Grupo Pao de Ac;ucar.

Coleto (Coletao):

Surgiu como Coleta, alterando depois o seu nome para Coletao. Foi fundada

em 1975 em Curitiba. No ano de 1999 a rede Coletao tambem prosperava como

uma das maiores redes com sede no estado, conquistando a preferencia de grande

parte dos curitibanos (13,7% pesquisa Apras, 1998 apud ALBERTI, 1998). Os

supermercados Coletao foram adquiridos pela rede Sanae, acabando por perder a

sua nomenclatura.

Condor:

A rede de supermercados Condor foi fund ada em 197 4, quando Pedro Joanir

Zonta, seu atual proprietario, abriu a primeira loja no bairro do Pinheirinho. Ao

contrario dos demais mercados, principalmente o Mercadorama, o Condor procurou

atingir os bairros perifericos da cidade. "A periferia precisava ser atendida e, por

Page 45: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

40

outro lado, eu tinha de desviar dos concorrentes fortes porque eu nao era forte o

suficiente para enfrenta-los" afirma Zonta em entrevista ao caderno de Marketing em

parceria da Gazeta do Povo com a Fae Business School. (SERlE MARKETING­

GAZETA DO POVO, 2006, p.12). Somente depois de uma maior expansao, a partir

da decada de 90, e que a rede explorou a atua<;ao no centro da cidade. Em 1986,

ele ja tinha uma rede de 14 supermercados de grande porte em Curitiba e mais

cinco na regiao metropolitana e urn em Apucarana. Ja no ano de 2000, o Condor era

o 17° no ranking nacional, sendo a (mica rede de grande porte a continuar operando

com capital integralmente paranaense (COSTA; PURKOTE e SANTOS, 2001).

Atualmente a rede de supermercados Condor possui 23 lojas, sendo 8 hiper e 14

supermercados em cidades como Curitiba, Araucaria, Lapa, Sao Jose dos Pinhais,

Paranagua, Ponto Grossa, Apucarana, Londrina e Maringa. Sua previsao de

faturamento para 2007 e de R$ 1 bilhao de reais.

Segundo dados do Ranking Abras 2006, o Condor ocupa o decimo segundo

Iugar no ranking nacional, o terceiro Iugar na regiao sui e o primeiro no ranking

paranaense de supermercados.

Festval:

Os supermercados Festval surgem em 1995, epoca de maior entrada das

multinacionais em Curitiba. A rede foi se expandindo, abrindo novas lojas em 1997,

1999, 2000. Em 2002 o Festval passa por uma cisao ficando com apenas 2 lojas

com seu nome e abrindo mais uma em 2003. No mesmo ano, a rede e comprada

pelos supermercados Beal, rede com mais de 20 anos de atua<;ao em Cascavel,

mantendo o nome Festval em seus supermercados.

Atualmente o Festval ocupa o 41° Iugar no ranking Abras 2006 (SUPER

HIPER, 2006), e o 7° colocado na regiao sui e ocupa o 3° Iugar no ranking

paranaense de supermercados.

Essas sao as redes que tiveram maior destaque em Curitiba no periodo

anterior a entrada de novas concorrentes, em especial as multinacionais varejistas.

Todas elas procuraram fazer frente a essa entrada, buscando se manter no

mercado. Esses novas players acabaram for<;ando esses supermercados a

Page 46: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

41

adotarem uma mudan<;a de estrategia ou mesmo renderem-se a fusoes com essas

novas redes.

4.1.2.2 Entrada de supermercados internacionais em Curitiba

A expansao do setor na cidade de Curitiba e resultado tanto de seus fatores

economicos e de atra<;ao, como pela estabilidade trazida pela nova moeda. Dessa

forma, tanto empresas nacionais como internacionais iniciaram sua expansao no

mercado brasileiro a partir da decada de 90. Essas empresas sao chamadas por

PORTER (1998) de novas entrantes. E importante salientar que mesmo aquelas

empresas que assumem o controle de empresas ja instaladas no setor tambem sao

novas entrantes (PORTER, 1998). Essas empresas assumem o mercado atraves de

aquisi<;oes e fusoes, trazendo consigo uma nova estrutura organizacional. Segue

breve atua<;ao dessas novas redes entrantes no Brasil e especificamente em

Curitiba:

Grupo Sonae Distribuigao Brasil:

0 grupo e conhecido como urn dos maiores grupos privados Portugues, tendo

neg6cios nao apenas no ramo de varejo como tambem em telefonia m6vel,

informatica e comunica<;ao. 0 Sanae nasceu em 1959 como produtor de laminados

de madeira. Sua internacionaliza<;ao coincidiu com a entrada de Portugal na Uniao

Europeia. Em 1985 o grupo adquiriu uma rede de supermercados e associou-se ao

grupo frances Promodes, ja atuantes no ramo. Dessa forma, o Sanae passou a

investir na abertura de hipermercados tanto em seu pais como no exterior. Em

Portugal o grupo utiliza as marcas Modelo para supermercados e Continente para

hipermercados.

A entrada do Sanae no Brasil ocorreu em 1990, ao adquirir 26% das a<;oes do

Real, dando origem a Companhia Real de Distribui<;ao. Em 1997, o grupo portugues

adquiriu a totalidade da companhia Real, iniciando urn processo de expansao. E nesse momenta que ela abre seu primeiro hipermercado na cidade de Curitiba, com

a marca BIG. A empresa utiliza no Brasil a mesma forma de distin<;ao de marcas:

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42

BIG para hipermercados e marcas regionais (Real, Mercadorama, Candia) para os

supermercados. Essas marcas tambem foram adquiridas pelo grupo, sendo que no

Parana, o Sonae adquire a maior rede atuante no setor, o Mercadorama. 0 grupo

comprou tambem em 1999 outras duas redes paranaenses, Coletao e Muffatao,

garantindo assim a sua presenga na regiao. Outras redes de supermercados

regionais foram adquiridas, fazendo o grupo chegar em 1999 com 47 lojas e 12 mil

empregados, contanto em 2000, com 164 lojas eo dobro de funcionarios.

0 grupo Sonae acabou sendo comprado em dezembro de 2005 por outro

entrante estrangeiro, o Wai-Mart. Segundo o jornal GAZETA DO POVO (GUIDO

ORGIS, Agosto 2005, p.20) quando se deu inicio as negociagoes, o presidente do

Sonae, Belmiro de Azevedo, mostrou o seu descontentamento com os neg6cios no

Brasil, fator que gerou a venda para o Wai-Mart. 0 grupo teria investido em torno de

urn bilhao de euros para adquirir redes tradicionais locais e montar o hipermercado

BIG. "Os problemas comegaram com a dificuldade de se adaptar ao estilo do

consumidor brasileiro e foram potencializados por lojas deficitarias e desvalorizagao

cambial" (GAZETA DO POVO, 2005, p.20). A venda do grupo Sonae foi

concretizada em dezembro de 2005, tornando o Wai-Mart a rede lider no setor de

supermercados no Parana.

Carre four:

0 grupo Carrefour iniciou a sua atuagao no inicio da decada de 1960 na

Franga. Em poucos anos obteve urn grande crescimento, tornando-se uma das

maiores redes de varejo do mundo, iniciando assim, a sua expansao internacional.

Atualmente o Carrefour conta com 7.000 lojas por todo o mundo, em 19 paises

(www.carrefour.com.br, 2007). 0 Carrefour chegou ao Brasil em 1975, inaugurando

uma loja em Sao Paulo, tornando-se a primeira rede de supermercados estrangeira

a chegar ao Brasil. "Trazendo uma nova forma de administragao ja experimentada

em outros paises e crescendo a partir da construgao de filiais tanto neste Estado

como nos demais, o Carrefour chegou ao inicio dos anos 90 como a maior rede de

supermercados do pais" (COSTA; PURKOTE e SANTOS, 2001, p.7). Em 1999 o

Carrefour adquire 85 supermercados no Brasil, entre etas 23 unidades das Lojas

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Americanas, alem de lojas como Planaltao, Roncetti, Mineirao, Rainha, Dallas e

Continente.

0 Carrefour chegou a cidade de Curitiba no ano de 1981 onde instalou o

Carrefour Pinhais. Atualmente, alem da loja em Pinhais o Carrefour conta com mais

duas nos bairros do Parolin e Champagnat. A rede francesa, que durante a decada

de 90 foi a maior rede de supermercados do Brasil, hoje ocupa a segunda posi9ao

no ranking com faturamento de R$ 12,546 bilhoes de reais (ABRAS - SUPER

HIPER, 2006).

Companhia Brasileira de Distribuiqao - Pao de Aqucar:

0 Grupo Pao de A9ucar foi fundado em 1943, pelo portugues Valentim dos

Santos Diniz, pai de Abilio Diniz, com uma doceria na regiao central de Sao Paulo.

Apenas em 1954 e que o grupo inaugurou seu primeiro supermercado, sendo que

ap6s cinco anos, ja possuia 40 lojas. Durante a decada de 70, o grupo foi o

responsavel pela abertura dos primeiros hipermercados no Brasil. 0 Pao de A9ucar

obteve urn crescimento vertiginoso, passando na decada de 80, a faturar cerca de

urn bilhao de d61ares. Com essa estrutura o grupo tornou-se a maior rede varejista

no Brasil. No entanto, no final da decada de 80, ela perde o posto para a rede

francesa Carrefour, devido a problemas causados por disputas familiares, crises de

sucessao e brigas por divisoes acionarias (COSTA; PURKOTE e SANTOS, 2001). A

administra9ao da rede acabou sendo passada totalmente para as maos de Abilio

Diniz, que fez uma serie de ajustes, entre elas redu9ao do quadro de funcionarios,

redu9ao do numero de lojas, atua9ao somente no ramo de supermercados, entre

outros. Ap6s esses ajustes a rede retoma a sua posi9ao de lideran9a em 2000.

0 grupo Pao de A9ucar iniciou suas atividades na cidade de Curitiba

inaugurando o primeiro hipermercado na cidade, o Jumbo. Em 2000 adquire a rede

paranaense Parati, aumentando o seu poder na regiao. Em 2001 a rede ja contava

com 10 supermercados Pao de A9ucar e 2 hipermercados Extra (rna rca inaugurada

em 1989, antigo Jumbo).

Como forma de permanecer no mercado, o Grupo Pao de A9ucar associou-se

ao grupo frances Cassino em 1999. Atraves dessa associa9ao o grupo passa a ter

acesso a novas tecnologias e a possibilidade de vender produtos com marcas

Page 49: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

44

pr6prias, atividade na qual o grupo Cassino ja atuava desde 1901. A partir de 2012,

por contrato, a rede francesa podera comprar de Abilio Diniz o restante das ac;oes e

se tornar a dona da companhia.

Foi a partir do ano de 2000 que o Pao de Ac;ucar retomou a sua posic;ao de

lider no ranking, com bandeiras como Extra, Pao de Ac;ucar, Comprebem Barateiro e

ExtraEietro, alem de atuar no comercio eletronico com o Pao de Ac;ucar Delivery e

Extra.com. No ano de 2006, a rede Pao de Ac;ucar ainda detem a lideranc;a com

15,2% do mercado e faturamento de R$ 16,169 bilhoes (ABRAS, 2006).

Atualmente a rede Pao de Ac;ucar conta no Parana com 8 supermercados

Pao de Ac;ucar e 2 Extra, sendo que em todo o Brasil o grupo administra 556 lojas

com as suas diversas bandeiras (www.grupopaodeacucar.com.br, 2007).

Wai-Mart:

0 Wai-Mart foi fundado por Sam Walton, nos EUA em 1962, adotando o

modelo de auto-servic;o. Apenas trinta anos depois, o Wai-Mart se tornou a maior

rede varejista dos Estados Unidos, passando depois a se expandir pelo mundo.

Partindo de uma base de 2220 lojas, o Wai-Mart inicia sua expansao internacional

em 1993, aumentando sua rede para 3600 lojas no mundo. Suas vendas alcanc;am o

crescimento de U$ 1 ,4 milhao em 1960 para U$ 26 bilhoes em 1990 (WALTON e

HUEY, 1993 apud COSTA; PURKOTE e SANTOS, 2001). A empresa atua hoje em

paises da America do Norte, America do Sui, Europa e Asia. No Brasil a rede opera

com 152 unidades, localizadas em 14 estados brasileiros (www.wal-mart.com.br,

2007).

0 Wai-Mart chegou ao Brasil em 1995, instalando lojas no estado de Sao

Paulo. Suas primeiras unidades fora de Sao Paulo foram construidas em Curitiba em

1998, atraves de dais modelos de loja com os quais a empresa atua, inaugurando

urn Sam's Club Atuba e urn Wai-Mart Supercenter Torres. 0 primeiro modelo e urn

clube de compras e o segundo e o hipermercado tradicional. A rede continuou se

expandindo, abrindo mais dais supercenters - Arthur Bernardes em 2003 e Cabral

em 2004 e urn Sam's Club Barigui em 2003 (FAE BUSINESS, 2005, p.34).

Sua expansao no mercado brasileiro nao parou. No ano de 2004 a rede

compra o grupo Born Prec;o, destaque por suas lojas no nordeste brasileiro. Ja em

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45

2005, o grupo norte-americana compra a rede Sanae Distribui<;ao, entao lider no

estado. Nessa epoca o Sanae detinha no Brasil a porcentagem de vendas de 4,3

bilhoes em vendas e o Wai-Mart 6 bilhoes, passando depois da aquisi<;ao a possuir

10,3 bilhoes em vendas (GAZETA DO POVO, 2005). Dessa forma, o Wai-Mart

passou a terceiro colocado no ranking supermercadista (SUPER HIPER, 2006),

quase alcan<;ando o segundo colocado, o Carrefour.

Considerando todas as bandeiras que o Wai-Mart administra no estado do

Parana- Wai-Mart, Sam's Club, Mercadorama, BIG e MaxxiAtacado- o Wai-Mart

tern 40 lojas (E. NEWS, Apras, 2006).

4.1.2.3 Cenario atual do setor supermercadista curitibano

0 cenario supermercadista atual na cidade de Curitiba e composto por

diversas bandeiras, sendo a maioria delas administrada por uma s6 rede. A

concentra<;ao na cidade de Curitiba e grande, sendo que segundo dados da

Associa<;ao Brasileira de Supermercados (Abras), Curitiba tern urn hipermercado

para cada 110 mil habitantes. Essa diversidade, porem, acirra a competi<;ao,

prejudicando muitas vezes as menores redes, e ao mesmo tempo, fornece mais

op<;oes de compra para os consumidores. A competi<;ao tambem gera briga per

pre<;os e descontos, sendo que o principal beneficiado e o consumidor.

Os supermercados na cidade de Curitiba sao administrados em sua maioria

pela rede Wai-Mart ja que ela detem marcas como:

• Wal Mart

• Sam's Club

• MaxxiAtacado

• Marcas adquiridas da compra do Sanae:

- Mercadorama

- Big

Outras grandes redes de capital internacional atuantes na cidade com sao:

• Carrefour

• Grupe Pao de A<;ucar que administra as marcas:

- Pao de A<;ucar

Page 51: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

46

-Extra

Curitiba possui ainda a forte presenc;a de redes locais como:

• Condor

• Festval

• Super Muffato

• Angeloni

Essas duas ultimas, Super Muffato e Angeloni entraram no mercado

curitibano em 2002, ap6s a entrada da maioria das multinacionais.

4.1.3 Comportamento dos supermercados locais diante das grandes redes

internacionais

Os supermercados locais perceberam o processo de entrada de grandes

redes mundiais e a mudanc;a no comportamento de compra dos consumidores,

fatores que geraram a mudanc;a de atitude e estrategia por parte dessas redes. Eles

perceberam que para conseguir manter os clientes precisavam se diferenciar das

grandes redes, oferecendo servic;os exclusives, diferenciando o seu mix de produtos

e investindo em tecnologia para acompanhar as mudanc;as do mercado. Dois

grandes exemplos sao os supermercados Condor e Festval, duas redes de capital

essencialmente paranaense.

Condor:

0 primeiro supermercado Condor foi fundado em marc;o de 1974 por Pedro

Joanir Zonta. Em 1973 ele era s6cio minoritario de urn modesto abatedouro de

suinos, em Curitiba, produzindo banha e lingOic;a. Porem, ap6s uma nova

regulamentac;ao do Ministerio da Saude, os neg6cios precisaram ser regularizados e

acabaram por trazer prejuizos, decidindo assim abandonar a atividade. Ap6s se ver

desempregado, Zonta juntou dinheiro e montou o seu primeiro supermercado no

bairro do Pinheirinho, uma loja com cerca de 110m2. Segundo dados do caderno

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especial de marketing da GAZETA DO POVO (2006), a visao de marketing esteve

sempre presente em seu neg6cio. Sem dinheiro para investir em propaganda, Zonta

sara aos domingos, num carro de som, com outras quatro pessoas, mas era ele

mesmo que anunciava as ofertas pelo alto-falante enquanto seus funcionarios

distribufam panfletos. A ideia nao s6 deu certo, como no primeiro mes a sua loja ja

faturou cerce de 135 mil cruzeiros e tres meses mais tarde seu faturamento dobrou,

passando para 290 mil cruzeiros.

Com o passar do tempo a loja acabou ficando pequena, tendo que ser

ampliada em 1975 para 220 m2 e em 1976 para 330m2. Ja em 1977 foi construfda

uma nova sede, ainda no bairro do Pinheiro, desta vez com 1.200 m2. "Zonta mirou

no seu publico-alva- as classes C,D e E- e come9ou a veicular propagandas do

seu supermercado nas radios de Curitiba, em programas de musica sertaneja ou

outros que atingissem a popula9ao de baixa renda" (SERlE MARKETING- GAZETA

DO POVO, 2006, p.11).

A segunda loja do Condor foi aberta apenas em 1979, depois que Zonta

percebeu que havia uma grande demanda e nicho de mercado nos bairros mais

afastados, que nao estava sendo totalmente suprida, ja que as maiores redes se

concentravam no centro da cidade. Somente ap6s uma maior expansao, a partir da

decada de 90, e que foram explorados outros locais da cidade, como o Centro. Em

1986, o Condor ja contava com quatorze supermercados e mais cinco na regiao

metropolitana e urn em Apucarana. Ainda durante a decada de 80, o Condor passou

a investir em bairros onde a popula9ao possufa maior poder aquisitivo, procurando

construir lojas mais modernas, sofisticadas e urn mix de produtos mais abrangente.

Ja no a no de 1981 , o Condor foi urn a das primeiras redes a investir em

informatiza9ao, melhorando areas como a administrativa, o financeiro, compras e

controle de estoque. Foi a pioneira entre os supermercados do Estado a implantar o

sistema de informatiza9ao de pre9os, em 1992. Foi no perfodo da informatiza9ao, na

decada de 80, que foi criada a primeira central de distribui9ao. 0 Condor continuou

com o seu crescimento e no ano de 2000 era o 17° no ranking nacional, sendo uma

das unicas redes atuando com capital genuinamente paranaense.

0 Condor tornou-se Condor Super Center Ltda e possui hoje 24 lojas, sendo

9 hipermercados e 15 supermercados, alem de 2 centrais de distribui9ao. Seus

Page 53: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

48

supers e hiper estao situados em cidades como Curitiba, Araucaria, Lapa, Sao Jose

dos Pinhais, Paranagua, Ponta Grossa, Apucarana, Londrina e Maringa. Seu

faturamento em 2005 foi de R$ 770 milhoes de reais e a previsao para 2007 e de R$

1 bilhao de reais. Segundo dados do Ranking ABRAS 2006, o Condor ocupa o

decimo segundo Iugar no ranking nacional, o terceiro Iugar na regiao sui e o primeiro

Iugar no ranking paranaense de supermercados. Tudo isto se deve principalmente a constante preocupa<;ao com as necessidades e desejos dos consumidores. "Em

Maringa, por exemplo, ha uma se<;ao completa de produtos japoneses para atender

a comunidade niponica que vive no municipio. Ja na cidade da Lapa, o Condor

oferece diversos tipos de erva-mate porque o chimarrao e urn dos habitos mais

arraigados da popula<;ao" (SERlE MARKETING- GAZETA DO POVO, 2006, p.14).

A rede de supermercados Condor acabou tendo que disputar Iugar, a partir

especialmente da decada de 90, com grandes redes de capital internacional. Essas

redes formavam uma poderosa concorremcia que amea<;ava seu neg6cio, ja que

compravam em grande escala, negociavam pre<;os e prazos de pagamento,

podendo diminuir seu pre<;o de venda ao consumidor. Porem, o Condor conseguiu

se manter no mercado, apesar da ofensiva entrada de multinacionais. Seu fundador,

Pedro Joanir Zonta, afirma que a entrada dessas empresas for<;ou-o a utilizar toda a

sua habilidade nos neg6cios para superar a fase dificil de durou desde 1998 ate o

ano 2000. "Eies pressionavam muito os fornecedores para obter bans acordos

comerciais. E muitos fornecedores, para manter a margem de Iuera, tentavam tirar a

diferen<;a nas redes regionais. A lucratividade ficou no vermelho" (SERlE

MARKETING- GAZETA DO POVO, 2006, p.13). Como as redes locais e de menor

porte tinham menos poder de barganha, acabavam perdendo grande parte de sua

lucratividade ou tendo que aumentar os pre<;os, nao conseguindo acompanhar a

concorrencia e, consequentemente, perdendo grande parte de sua clientela.

Para superar essa crise, o Condor procurou utilizar solu<;oes criativas para o

seu neg6cio. Segundo COSTA; PURKOTE e SANTOS (2001), a rede produziu

folhetos em larga escala, que ajudaram nao s6 a recuperar as vendas, como se

transformaram numa poderosa ferramenta de marketing. Tambem investiu na

moderniza<;ao de suas lojas, substituindo gondolas antigas por outras menores,

aumentando o espa<;o dos corredores, assim como a area de refrigeradores contou

Page 54: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

49

com novos balcoes e ilhas. lnvestiu em urn servic;o de entregas em domicilio e

compras pela Internet.

0 Condor procura prestar o melhor servic;o a seus clientes, buscando sempre

o atendimento impecavel, nao dando nenhuma margem a insatisfac;oes por parte

dos consumidores. Para isso, a rede procura construir uma relac;ao de confianc;a,

pratica a troca de mercadorias, assim como oferece diversas opc;oes de pagamento

(cartoes de credito e ticket alimentac;ao).

A rede esta sempre presente em projetos de responsabilidade social,

participando de varias ac;oes de solidariedade da comunidade e parcerias com o

governo. Outro diferencial esta no tratamento dado aos funcionarios, que sempre

recebem alem de cafe da manha e almoc;o, plano de saude, treinamentos,

beneficios, etc. "0 Condor pratica urn marketing que vai muito alem da propaganda e

esta presente em todos os detalhes da empresa, todos os dias" (SERlE

MARKETING- GAZETA DO POVO, 2006, p.14).

Festval:

Os supermercados Festval surgem com a familia Breda, em 19 de julho de

1995, inaugurando a sua primeira loja na Rua Brigadeiro Franco, Merces, na cidade

de Curitiba. Novas lojas foram abertas em 1997, 1999 e 2000.

- 1997, inaugurado o segundo Festval no bairro do Cajuru

- 1999, inaugurac;ao da terceira loja no Agua Verde

- 2000, quarta loja no Alto da XV.

Em outubro de 2000, 60% da empresa passa a fazer parte da LMF

Participac;oes. Em 2002 o Festval passa por uma cisao entre os s6cios Breda e LMF

Participac;oes ficando a familia Breda com as lojas do Cajuru e XV de Novembro e a

LMF com as lojas do Agua Verde e Brigadeiro Franco. Esses supermercados

pertencentes a LMF continuaram utilizando a bandeira Festval e os pertencentes a familia Breda utilizaram outra marca.

Em 2003 o Festval inaugura a sua terceira loja, ja com a administrac;ao da

LMF, na Avenida Manoel Ribas, e possui nesta epoca, 369 colaboradores, dos quais

Page 55: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

50

61 sao portadores de necessidades especrars. Neste mesmo ano, a rede e

comprada pelos supermercados Seal, porem mantendo o nome Festval em suas

lojas. A Rede Super Seal, fundada em 1972 em Cascavel - PR, e uma empresa

familiar, porem adota modelos de administra9ao moderna. Em 2003, quando

comprou o Festval, os supermercados Seal possuiam quatro lojas e cerca de vinte

anos de atua9ao em Cascavel.

A empresa Super Seal conta hoje com oito unidades, sendo quatro lojas com

a bandeira Super Seal em Cascavel - PR, quatro lojas com a bandeira Festval em

Curitiba - PR, alem de uma central de distribui9ao tambem em Curitiba. A rede

possui pianos de expansao tanto nas duas cidades como em outros mercados,

buscando dessa forma, expandir seu ramo de atua9ao e atingir potenciais clientes.

Numeros empresa Festval/ Seal:

0 faturamento anual da Rede Super Seal e de R$ 66 milhoes para bandeira

Festval, com 428 colaboradores e R$ 74 milhoes para a bandeira Seal, com 556

colaboradores. (Dados fornecidos pela Analista de Marketing dos Supermercados

Festval, Jane Charla Sodre).

Festval Brigadeiro

Area Total: 3.390 m2

Area de venda: 1.200 m2

Check- out: 14

Festval Agua Verde

Area total: 5.417m2

Area de venda: 1.480 m2

Check-Outs: 14

Festval Merces

Area total: 6.216 m2

Area de venda: 1 .800 m2

Check-outs: 15

Page 56: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

Festval Barigui

Area total: 2.600 m2

Area de venda: 1.300 m2

Check-outs: 13

Vagas no estac: 85

Total Rede Beal

Faturamento anual: R$ 146.000.000,00

Numero de colaboradores: 1200

Area total de loja: 34.823 m2

Area de vend a: 13.780 m2

Check-outs: 1 03

ltens cadastrados: 36.000

ltens ativos: 23.894

ltens ativos Festval: 14.570

51

Para atuar com eficiencia no setor supermercadista, a rede Festval teve que

se adaptar ao mercado extremamente competitivo e criar estrategias para se

diferenciar da concorrencia. Alem de suas ac;oes de marketing, o Festval procura

investir em pequenas inovac;oes que cativem a simpatia de seu publico. Alem de

oferecer servic;os diferenciados, adega, qualidade no atendimento e urn diferenciado

mix de produtos, o Festval procura empregar entre seus funcionarios uma parcela de

pessoas portadoras de deficiencias fisicas, mentais ou Sindrome de Down. Esse

fator de nada diminui a eficiencia nos servic;os, mas sim, alem de cumprir o seu

papel social, contribui para melhorar a sua imagem perante a comunidade. Para

manter este projeto, o Festval mantem convenio com dez instituic;oes de ensino

especializadas em pessoas com deficiencia, onde sao treinadas e encaminhadas

para o trabalho. Grac;as a esta ac;ao, a rede foi premiada com o trofeu Zilda Arns

pela ADVB-PR e pelo premio FGV de Responsabilidade Social.

Page 57: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

52

0 Festval procura sempre se destacar da concorrencia, praticando ac;oes que

o diferenciem perante os demais supermercados. Para tanto, busca sempre estar

aprimorando seu mix de produtos- de acordo com as preferencias de seu publico­

alva, inovando em seus equipamentos, melhorando a qualidade de seus servic;os e

buscando sempre escapar da concorrencia e da luta acirrada por prec;os e ofertas

sempre iguais. 0 Festval oferece a seus clientes produtos diferenciados, de

qualidade, com servic;os voltados a atender o seu segmento, respeitando o cliente e

tornando as suas compras mais prazerosas. "Na escolha das ofertas, o Festval

busca colocar produtos que atendam a necessidade do consumidor, mas dando a

ele alternativas para sair do Iugar comum" (HARA, 2005, p.13). A rede possui

espac;os diferenciados para atender segmentos especificos, como e o caso de sua

adega de vinhos. Esta e uma forma de atrair urn certo publico, focando em urn

segmento e tornando-se o melhor, com mais opc;oes disponiveis em comparac;ao

com a concorrencia. Seu principal diferencial pode ser definido como: estilo serio e

dinamico de atender, em que carinho e simpatia sao marcas consolidadas (HARA,

2005). Possui como maior foco a satisfac;ao dos clientes, trabalhando com seriedade

na qualidade dos produtos e no born atendimento.

0 crescimento da rede esta ligado tambem a urn born relacionamento com o

seu publico interno e externo. Os colaboradores, fornecedores e clientes sao sempre

bern tratados, respeitados e motivados a participar da missao a que o Festval se

destina, que e o de gerar valores para a comunidade, como empregos, renda,

responsabilidade social e novas oportunidades de neg6cio (HARA, 2005). Segundo

Sr. Paulo Beal, Diretor Administrativo da Rede Super Beal, "0 Festval entende que a

uniao de esforc;os e o caminho mais curto e facil para atingir os objetivos e que o

objetivo comum e a felicidade traduzida em crescimento social e economico para as

partes envolvidas" (HARA, 2005, p.13). Paulo Beal ainda julga como urn dos grandes

diferenciais do Festval a qualidade de seus produtos, pois ha uma constante

preocupac;ao em oferecer novidades com qualidade ao consumidor.

A rede Festval nao possui produtos de marca propria, mas procura sempre

abrir espac;o em suas gondolas para empreendedores regionais, comercializando

marcas locais e incentivando o desenvolvimento do Estado. Essas marcas sao tanto

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53

aquelas produzidas em pequenas industrias como aquelas produzidas no campo,

obtendo produtos mais fresquinhos e de melhor qualidade ao consumidor.

Atualmente o Festval ocupa o 41° Iugar no ranking nacional Abras 2006

(SUPER HIPER, 2006), e o 7° colocado na regiao sui e o 3° no ranking paranaense

de supermercados.

4.1.4 Estrategias competitivas utilizadas

Condor:

0 Condor foi fund ado em 197 4 no bairro do Pinheirinho, por Pedro Joanir

Zonta. No periodo de grande entrada de empresas estrangeiras, mais

especificamente no ano de 1995, o Condor contava com 12 lojas. Atualmente a rede

se tornou Condor Super Center Ltda e possui 24 lojas, sendo 15 supermercados e 9

hipermercados.

Em entrevista realizada com o Diretor Comercial da rede Condor Super

Center - Jefferson F. de Oliveira - foram procurados esclarecer os impactos

causados nas redes locais diante da entrada de empresas globais, mudangas nas

formas de negociagao e no mercado como urn todo. Jefferson acredita que o

impacto em geral foi positivo, ja que obrigou as empresas instaladas no estado a

investirem em tecnologia, capacitagao de pessoal e a reverem os seus modelos de

gestao. Essas atitudes tiveram que ser tomadas pelo Condor e foram as premissas

para o seu sucesso atual.

0 mercado estava mudando e as redes locais tiveram que se adaptar as

novas condigoes que estavam se delineando. Para ele, as mudangas nao ocorreram

s6 naquela epoca, elas estao acontecendo constantemente, quer seja pela

concorn3ncia (farmacias, padarias, lojas de conveniencia, etc), como por agoes

governamentais. 0 fundamental e estar preocupado e conectado a essas mudangas,

conseguindo acompanhar o mercado e se dirigir para o rumo certo.

Page 59: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

54

A entrada de multinacionais varejistas acarretou uma atitude por parte das

redes locais e foi quando o Condor decidiu rever sua forma de atua9ao e estrategias

competitivas. A rede mudou do conceito de Super para Hipermercado e passou a

incluir em seu publico pessoas das classes A e B. Jefferson de Oliveira acredita que

o Condor divide basicamente o mesmo publico das grandes redes e concorre de

igual para igual, procurando refor9ar apenas o fato da empresa ser paranaense.

Este seria, na sua opiniao, o seu principal diferencial, alem da agilidade no

atendimento e o investimento em treinamento, tecnologia e capacita9ao.

0 Condor possui como estrategias de promo9ao a propaganda em TV, com

anuncio de suas ofertas, mas buscando sempre salientar o fato da rede ser

paranaense e objetivando urn envolvimento pessoal por parte dos telespectadores.

0 Condor nao possui programas de relacionamento ou de fidelidade com seus

clientes.

Para Jefferson, o segredo do sucesso da rede esta ligado a marca, alem dos

pre9os e promo96es de produtos. Os elementos apontados como sendo os de maior

relevancia para a rede sao o mix e diversidade de produtos, a comunica9ao externa

(anuncio das ofertas), o atendimento ao cliente (buscando sempre agilidade e born

atendimento), assim como a localiza9ao das lojas, de acordo como seu publico-alva.

Os elementos considerados como de media importancia foram o layout das lojas e

as promo96es. Ja os elementos considerados como de menor importancia foram o

formato e ambienta9ao das lojas, a comunica9ao visual interna e a entrega em

domicilio. No entanto, os elementos que sao trabalhados e considerados como

essenciais no dia a dia do Condor sao o mix de produtos e o atendimento ao cliente,

buscando sempre satisfaze-los e fazendo com que eles se sintam em casa e bern

tratados por seus funcionarios.

Dessa forma, e a partir da visita9ao as lojas e das declara96es feitas pelo seu

Diretor Comercial, pode-se perceber que o Condor procura adotar a estrategia de

lideram;a pelo custo total. Porem, o Condor nao possui as mesmas possibilidades de

negocia96es que algumas redes globais, mas procura acompanhar os pre9os de

mercado, ter os menores custos de produ9ao, alem de alta qualidade dos servi9os e

produtos. 0 Condor procura ocupar o mesmo segmento e nicho de mercado que as

grandes redes, acreditando em seu potencial, seguindo as estrategias da

Page 60: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

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concorremcia e as condic;oes do mercado supermercadista. Ela pode ser considerada

uma seguidora, que aspira a condic;ao de desafiante ou mesmo lider de mercado.

No mercado paranaense, considerando as redes locais, o Condor ja e o primeiro

colocado no ranking.

Festval:

0 Festval iniciou a sua atuac;ao no setor supermercadista em 1995, e entre

este ano e 1999 abriu mais tres lojas. Este foi o maior periodo de entrada de

empresas estrangeiras, sendo assim, o Festval ja iniciou as suas atividades em urn

mercado extremamente competitive e tendo que se adaptar, em sua condic;ao de

supermercadista local. A empresa ja entrou no mercado consciente do novo

ambiente que estava se formando e, a partir de entao, desenvolvendo ac;oes para

atingir o seu segmento de mercado.

Segundo entrevista com a analista de marketing dos supermercados Festval,

Jane Charla Sodre, no periodo de entrada de empresas estrangeiras a rede estava

iniciando suas atividades no mercado, e portanto, ainda se adaptando as condic;oes

do mercado. Porem, o setor era extremamente competitive e essa concorrencia

aumentou ao Iongo dos anos, tanto sobre o aspecto de venda de empresas

nacionais para grupos estrangeiros como pela concentrac;ao de mais de uma marca

na mao do mesmo grupo. A principal preocupac;ao ocorrida na epoca foi o

investimento de capital estrangeiro em grandes marcas conhecidas pela populac;ao

de Curitiba, como foi o caso do Mercadorama. lsso de certa forma fez com que as

redes menores e paranaenses se preocupassem com outros diferenciais. Porem,

Jane Sodre acredita que o povo curitibano e bairrista, nao que por este fator a

populac;ao tenha deixado de comprar nas suas marcas conhecidas porque elas

passaram a pertencer a grupos estrangeiros, mas o curitibano passou a valorizar a

empresa da regiao, e de certa forma, criticou o investimento estrangeiro e esta foi a

maior oportunidade para as redes locais. Este foi urn diferencial perante as grandes

redes e a empresa que soube verificar esta oportunidade conseguiu prosperar.

Page 61: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

56

Como principais mudan<;as ocorridas ap6s a entrada de empresas

internacionais, Jane citou as formas de negocia<;ao de produtos e pre<;os. As

maiores redes tern maior poder de negocia<;ao, mas por outro lado sao muito

burocraticos e isso afeta o atendimento ao consumidor, como a ruptura, problemas

de sistemas ocasionando pre<;os diferenciados dos das gondolas com o do caixa, a

falta de atendimento personalizado, entre outros. As empresas com menor poder de

negocia<;ao buscam outros diferenciais para atender a seus clientes, suprindo as

falhas deixadas pelas maiores redes.

Dentro das estrategias competitivas utilizadas pelo Festval, a analista de

marketing afirma que o sucesso da empresa esta ligado a uma serie de fatores, mas

que o fator primordial e colocar o cliente como foco principal da empresa,

conhecendo os seus gostos, suas necessidades, seus desejos e preenchendo as

lacunas deixadas pela concorrencia. 0 Festval e uma empresa do segmento de

supermercados focada em alimentos, que trabalha com pre<;os justos, tanto para o

cliente como para o proprio Festval. Ela praticamente nao compete com a

concorrencia em pre<;os. Procura atuar com produtos diferenciados, uma grande

linha de importados, inclusive com urn setor especifico para esta area. Possui

produtos diferenciados e importados nao tao comuns no mercado, como frutas

ex6ticas.

0 Festval procura dar a seus clientes urn atendimento personalizado, com

lojas de vizinhan<;a e cuidando para que os seus clientes sintam-se em casa. Para

isso, foca seus esfor<;os no atendimento, procurando encantar o cliente e

personalizando ao maximo o atendimento. Quando perguntada qual seria o grau de

importancia de alguns elementos para o Festval, Jane Sodre citou como elementos

mais importantes o mix de produtos, a comunica<;ao externa, o atendimento ao

cliente, a localiza<;ao de suas lojas e a responsabilidade s6cio-ambiental. Como

elementos de importancia media foram citados a ambienta<;ao das lojas, seu layout,

seus formatos e a comunica<;ao visual interna. Como elementos de menor

importancia foram citadas as promo<;oes e a entrega em domicilio. Ainda entre os

elementos mais importantes, os dois de maior relevancia segundo a entrevistada sao

o atendimento ao cliente eo mix de produtos. Esses sao considerados por ela como

o maior diferencial da empresa.

Page 62: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

57

Dentro do fator "atendimento ao cliente", Jane cita algumas ac;oes do Festval

para encantar seus clientes, como cortar a carne que ele pede, avisar sobre a

chegada de um produto quando o cliente nao encontrou anteriormente, levar suas

compras ate o carro, ajudar no empacotamento, ajudar o cliente a encontrar algum

produto na loja, lembrar de seu aniversario, levar suas compras em casa, saudar o

cliente, sempre agradecer pela sua preferencia, entre varias outras atitudes simples

que agradam e fidelizam seu publico, fazendo-o sentir-se bern atendido. 0 Festval,

apesar de ja possuir anteriormente, nao utiliza programas de fidelidade, s6 ac;oes de

relacionamento como as citadas anteriormente.

0 Festval faz propaganda em televisao com ofertas, mas procura ter ofertas

com prec;os justos, sem ser agressivo na briga de prec;os com a concorrencia.

Segundo Jane, a principal estrategia de seu setor e desenvolver e aprimorar o

atendimento ao cliente, seu relacionamento com o Festval. Para tanto, ela

desenvolve ac;oes de relacionamento voltadas para o encantamento do consumidor.

Este encantamento nao se faz s6 por ac;oes diretas, mas tambem nao deixando

ocorrer rupturas de produtos nas lojas, divergencias de prec;os, solucionando

problemas na estrutura fisica que possam afetar o cliente de alguma forma, entre as

demais ac;oes ja citadas.

Diante das considerac;oes expostas na pesquisa realizada, pode-se concluir

que a estrategia utilizada pelo Festval foi a de diferenciar:;ao, pois procurou buscar

elementos para atrair seu publico e ter diferenciais em relac;ao as demais redes

supermercadistas. Pode ser considerada tambem como a do enfoque (foco), pois

busca ser a melhor no seu segmento de mercado, ao inves de buscar o mercado

inteiro. Dessa forma, consegue suprir as necessidades de clientes que nao estao

sendo bern atendidos pelas amplas estrategias de marketing de grandes redes.

Page 63: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

58

5 CONCLUSOES E PROPOSTAS

Analisando o setor de supermercados na decada de 90, em Curitiba, ficou

claro o processo de concentrac;ao do setor. 0 antigo cenario composto por

pequenas e medias empresas de carater local, tradicional e familiar deu Iugar ao

movimento de novos entrantes de carater mundial (Wai-Mart, Carrefour, Sonae e

Pao de Ac;ucar). Estas empresas internacionais tern capital para investir,

conhecimento acumulado em seu pals de origem e diferenciais competitivos, como a

pressao que exercem sobre os fornecedores e os prec;os dos produtos. Usando o

seu poder de compra (tamanho e grandes aquisic;oes de mercadorias), as grandes

redes globais pressionam os fornecedores em negociag6es de prec;os, quantidade e

servic;os.

0 mercado brasileiro tambem sofreu fortes mudanc;as. 0 consumidor, ap6s a

alterac;ao economica e a abertura de mercado se tornou mais exigente, buscando

produtos de qualidade, com prec;os bons e conveniencia na hora da compra. Dessa

forma, os supermercados passaram a oferecer urn maior mix de mercadorias, novos

formatos de lojas, servic;os modernos e born atendimento. A mudanc;a economica,

advinda com a estabilizac;ao da moeda e dos prec;os, trouxe grandes beneflcios aos

consumidores, que podem comparar prec;os, tern mais possibilidades de escolha e

se beneficiam da disputa entre as redes de supermercados, que estao sempre

brigando com promoc;oes a prec;o mais baixo e para cobrir as ofertas da

concorrencia. Essa disputa acirrada por prec;os baixos eo ponto mais importante do

esforc;o de marketing destas grandes empresas, que pecam em fatores como urn

marketing de relacionamento eficiente com seu cliente, p6s-venda e relac;oes mais

pr6ximas com o consumidor. Estes fatores podem levar a clientela a voltar a fazer

suas compras nas redes locais, nas quais sao mais bern atendidas e encontram

alguns diferenciais que s6 elas tern.

Diante do novo cenario que se delineou as pequenas redes tiveram que se

adaptar a nova realidade. Muitas nao resistiram e acabaram falindo, ou mesmo,

vendendo suas empresas para as redes internacionais, que as incorporaram a sua

rede de neg6cios. Os supermercados locais que conseguiram permanecer

Page 64: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

59

precisaram se diferenciar de alguma forma, buscando atender nichos de mercado

que as grandes redes nao atingem, ter urn atendimento diferenciado, produtos

diversificados, boa rela<;ao com fornecedores, amizade e born convivio com clientes,

funcionarios treinados para bern atender, servi<;os especiais e urn adequado

ambiente de loja. Sao estes diferenciais que se destacam num mercado

extremamente competitive. As pequenas redes conseguiram explorar os pontos

fracos das grandes redes, suprir lacunas deixadas por eles.

As redes locais basearam-se em ideias inovadoras para conseguir se

diferenciar. Entre elas podem-se destacar fatores como o conhecimento da cultura

local, os valores da comunidade, a possibilidade de urn atendimento diferenciado e

por vezes, pessoal. Esses sao diferenciais que as grandes redes nao possuem. Por

virem de outros paises, na maioria das vezes, elas pecam em inumeros fatores por

nao conhecerem a cultura de cada uma das regioes em que atuam, globalizando

demais os produtos, o layout das lojas e a forma de atendimento. Os funcionarios de

grandes redes nao tern nenhum tipo de relacionamento com o cliente ou

conhecimento de suas preferencias. Por estas e diversas outras razoes os

supermercados regionais conseguiram se manter no mercado e sobreviver a intensa

concorrencia. Eles tern demonstrado for<;a e condi<;oes de sobreviver e ate mesmo

conseguir se igualar as maiores redes, crescendo, mesmo com todas as

adversidades encontradas.

Em linhas gerais pode-se concluir que o movimento de novos entrantes,

concretizado por grandes redes globais, foi o fator determinante para as

modifica<;oes na competitividade que se iniciou na decada de 90, gerando urn

enorme de processo de concentra<;ao que permanece ate os dias atuais. Esta

superoferta varejista e benefica para o consumidor no curto e medio prazo, mas

podera gerar desinvestimentos e uma concentra<;ao ainda maior no setor, fazendo

com que nao haja os mesmos ganhos obtidos na queda do custo de vida.

A hiperconcentra<;ao na cidade de Curitiba e evidente, ja que segundo dados

da ABRAS (Associa<;ao Brasileira de Supermercados), a cidade possui urn

hipermercado para cad a 11 0 mil habitantes, sendo que em outros gran des centros,

como Sao Paulo, este numero e de 615 mil pessoas para cada estabelecimento. Urn

exemplo disto e a regiao do Agua Verde e Portao em Curitiba. Em urn raio de 2 km

Page 65: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

60

existem cinco super I hipermercados: Angeloni, Big, Pao de Agucar, Super Muffato e

Wai-Mart.

A tendemcia para diminuir os efeitos da concentragao, por parte dos

supermercados, e realizar adaptagoes como: redugao do tamanho das lojas,

redugao de pessoal, diminuigao do mix de mercadorias e volume de estoques e a

realizagao de compras cooperadas.

A perspectiva futura e de que as grandes redes continuem pressionando as

pequenas, manipulando relagoes com fornecedores, pregos, formas de negociagao,

etc. Porem, sempre havera urn nicho de mercado que podera ser atendido pelas

redes regionais, suprindo lacunas deixadas pela concorrencia e atuando de forma

diferenciada em seus servigos.

5.1 PROPOSTAS

Alguns aspectos e questoes nao puderam ser tratados neste trabalho e

deixaram algumas lacunas, que podem ser preenchidas com o desenvolvimento de

novos trabalhos na area. Desta forma, propoe-se algumas sugestoes para novos

estudos, entre elas:

- Analisar a relagao entre grandes e pequenas redes supermercadistas com

seus fornecedores, incluindo formas de pagamento, pregos, negociagoes, etc.

- Estudar quais sao as estrategias adotadas por uma grande rede global, se

ela e a mesma para todos os paises ou se ha algum tipo de estudo de mercado.

- Estudar o comportamento do consumidor e sua propensao a realizar

compras em pequenas e grandes redes. Quais sao os diferenciais encontrados no

ponto de vista do consumidor.

- Pesquisar a relagao entre fornecedores de grande porte x grandes redes,

assim como os pequenos fornecedores x pequenas redes, dificuldades encontradas

de relacionamento entre esses dois angulos e politica de pregos adotadas.

- Analisar as estrategias de comunicagao utilizadas pelas redes locais e

internacionais, fazendo uma comparagao em suas estruturas, verba investida e

possibilidade de atragao de publico.

- Estudar o processo de entrada de redes internacionais no ambito nacional.

Page 66: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

61

- Pesquisar o processo de concentragao varejista, seu impacto e perspectivas

futuras.

- Analisar o surgimento de centrais de compra e a uniao de pequenas redes

para conseguir melhores negociagoes com fornecedores, de forma a competir em

igualdade de pregos com maiores redes.

- Estudar o processo de aquisigao de pequenas redes por grandes grupos.

- Pesquisar a tendencia de uniao tambem por parte de fornecedores, podendo

fazer frente aos supermercados e passar a ditar as regras, ao inves de apenas se

adaptar a aquelas estabelecidas pelas grandes redes varejistas.

Page 67: ESTRATEGIAS DE MARKETING DOS SUPERMERCADOS …

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67

ANEXO A- ROTEIRO DE PESQUISA

1. Nome da empresa:

2. Seu nome e cargo:

3. Atual numero de lojas:

4. Ano e local de fundac;ao da empresa:

5. Com quantas lojas sua empresa contava na decada de 90, mais especificamente

no periodo de 1995, quando grandes redes entraram no mercado curitibano?

6. Qual foi o impacto causado pela entrada de empresas estrangeiras?

7. Quais foram as principais mudanc;as ocorridas no mercado supermercadista?

Houve mudanc;as nas formas de negociac;ao, prec;os, entre outros?

8. Quais foram as mudanc;as ocorridas na estrutura da sua empresa?

9. Na sua op1n1ao, que estrategias sua empresa utilizou para permanecer no

mercado e competir com as grandes redes multinacionais? Explique.

10. Qual e hoje o principal diferencial de sua empresa? No que ela mais investe?

11. Quais os tipos de promoc;ao de venda mais utilizados? Que outras estrategias

sao adotadas por seu departamento de marketing?

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12. Voce acredita que o sucesso de sua empresa esta ligado a que fator?

Marque de 01 a 05 o grau de importancia dos itens citados abaixo (sendo 1 menos

importante e 5 mais importante).

Mix de produtos ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

Layout ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

Formato das lojas ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

Promogoes ( ) 1 ()2()3()4()5

Comunicagao visual interna ( ) 1 ()2()3()4()5

Comunicagao externa (publicidade, etc) ( ) 1 ()2()3()4()5

Atendimento ao cliente ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

Entrega em domicilio ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

Ambientagao ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

Localizagao ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

Outre. Qual? ________ ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5

Descreva os 2 que considerar como de maier importancia.

13. Quais sao os servigos oferecidos aos clientes que agregam maier valor? Voces

possuem algum programa de fidelidade e/ou relacionamento?