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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF SIDSON NEI DA COSTA MEDINA
O BATALHÃO DE INFANTARIA DE SELVA NO ESCALÃO DE ATAQUE DEUMA BRIGADA NAS OPERAÇÕES DE TRANSPOSIÇÃO DE CURSO DE
ÁGUA.
Rio de Janeiro
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2018
ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF SIDSON NEI DA COSTA MEDINA
O BATALHÃO DE INFANTARIA DE SELVA NO ESCALÃO DE ATAQUE DEUMA BRIGADA NAS OPERAÇÕES DE TRANSPOSIÇÃO DE CURSO DE
ÁGUA
Rio de Janeiro
Trabalho acadêmico apresentado àEscola de Aperfeiçoamento de Oficiais,como requisito para a especialização emCiências Militares com ênfase em GestãoOperacional.
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MINISTÉRIO DA DEFESAEXÉRCITO BRASILEIRODECEx - DESMil
ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS(EsAO/1919)
DIVISÃO DE ENSINO / SEÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO
FOLHA DE APROVAÇÃO
Autor: Cap Inf SIDSON NEI DA COSTA MEDINA
Título: O Batalhão de Infantaria de Selva no Escalão de Ataque de umaBrigada nas Operações de Transposição de Curso de Água.
Trabalho Acadêmico, apresentado àEscola de Aperfeiçoamento de Oficiais,como requisito parcial para a obtençãoda especialização em CiênciasMilitares, com ênfase em GestãoOperacional, pós-graduaçãouniversitária lato sensu.
APROVADO EM ___________/__________/__________ CONCEITO: _______
BANCA EXAMINADORA
Membro Menção Atribuída
__________________________________ALEXANDER FERREIRA DA SILVA - TC
Cmt Curso e Presidente da Comissão
_____________________________________JOSÉ WELLITON SOARES ROCHA - Cap
1º Membro
_______________________________________TIAGO ANDRÉ DE ARAÚJO MORELATO - Cap
2º Membro e Orientador
________________________________________SIDSON NEI DA COSTA MEDINA – Cap
Aluno
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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF SIDSON NEI DA COSTA MEDINA
VERIFICAR SE OS PROCEDIMENTOS PREVISTOS
NAS OPERAÇÕES DE TRANSPOSIÇÃO DE CURSO DE ÁGUA,
SÃO ADEQUADOS PARA UM
BTL INF SL NO ESC ATQ DA BDA,
NO AMBIENTE OPERACIONAL AMAZÔNICO
Rio de Janeiro
2018
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ESCOLA DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS
CAP INF SIDSON NEI DA COSTA MEDINA
VERIFICAR SE OS PROCEDIMENTOS PREVISTOS
NAS OPERAÇÕES DE TRANSPOSIÇÃO DE CURSO DE ÁGUA,
SÃO ADEQUADOS PARA UM
BTL INF SL NO ESC ATQ DA BDA,
NO AMBIENTE OPERACIONAL AMAZÔNICO
Artigo Científico apresentado àEscola de Aperfeiçoamento deOficiais, como requisito para aespecialização em CiênciasMilitares com ênfase em GestãoOrganizacional
Orientador: Tiago André de Araújo Morelato
Rio de Janeiro
2018
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O Batalhão de Infantaria de Selva no Escalão de Ataque de uma Brigada nas
Operações de Transposição de Curso de Água.
Sidson Nei da Costa Medina¹*
Tiago André de Araújo Morelato²*
RESUMO
Com a atual modernização do Exército Brasileiro, surgem novas
tecnologias e uma forma moderna de se combater. Nesta modernidade, as
tropas do Exército Brasileiro, buscam a modularidade, a flexibilidade, a
elasticidade e a rapidez nas suas ações. Por conta de sua especificidade, o
Exército Brasileiro no ambiente operacional amazônico, busca a adaptação e
aclimatação da tropa para realizar o combate convencional e utiliza materiais e
equipamento orgânicos e processos especiais para a realizar as suas
operações.
Visando atender a esta demanda, os Batalhões de Infantaria de Selva,
dentro das suas limitações, realizam deslocamentos fluviais de pequeno
alcance, utilizando exclusivamente embarcações orgânicas para transpor os
diversos cursos de água existentes na região. Adestra suas tropas dentro do
ambiente operacional amazônico, visando o combate convencional, conquistar
e manter acidentes capitais existentes.
As Operações de Transposição de Curso de Água, são realizadas
conforme a Doutrina Militar Terrestre (DMT). Porém, diante do ambiente
operacional amazônico caracterizado por florestas equatoriais densas, de clima
úmido e cortado por inúmeros cursos de água, o BIS dotado de seus meios
orgânicos e recebidos em reforço, realiza as Operações de Transposição de
Curso de Água, adequando-se a DMT e ao combate moderno. Busca o máximo
de proteção ao pessoal, ocultação de suas tropas de selva, rapidez durante a
realização das operações ofensivas, ter o seu Poder Relativo de Combate
superior ao da ameaça, e para seus comandantes, a consciência situacional do
campo de batalha nos diversos níveis.
1* Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das AgulhasNegras (AMAN) em 2008. Especialista em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais(ESAO) em 2018.2* Capitão da Arma de Infantaria. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das AgulhasNegras (AMAN) em 2005. Especialista em Ciências Militares pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais(ESAO) em 2015.
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Por fim, as Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP) empregados por
um Batalhão de Infantaria de Selva (BIS) nas Operações de Transposição de
Curso de Água, estão alinhadas com a doutrina militar Terrestre e com as
tendências do combate moderno. Alinhado a todos estes fatores, este trabalho
busca mostrar esse alinhamento, apresentando as características e
peculiaridades das Operações de Transposição de Curso de Água realizadas
por um BIS, enquadrado no escalão de ataque de uma Brigada de Infantaria de
Selva (Bda Inf Sl), durante uma Operação Ofensiva. Desta forma, este trabalho
poderá ser uma possível ferramenta para o desenvolvimento da Doutrina Militar
Terrestre na concepção estratégica da força.
Palavras-chave: Infantaria de selva, Operações Ofensivas, Manobras Ofensivas, Transposição
de Curso d’água, Funções de Combate.
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Abstract
With the emergence of new technologies and a modern way of
fighting, where modularity, flexibility, elasticity and speed of action are sought,
the Brazilian Army in the Amazonian environment, due to its specificity, requires
the adaptation and acclimatization of the troops, as well as the use of special
materials and equipment to carry out the operations.
In order to meet this demand, the Battalions, within their limitations,
carry out small-scale river movements with part of their means, using
exclusively organic vessels to cross water courses, training troops within the
Amazon environment for conventional combat, conquering and maintaining
capital accidents.
The water course transposition operations are carried out according
to the current military doctrine but equipped with new technologies, in order to
adapt to the modern combat. It seeks to give personnel maximum protection,
concealment, speed, relative superior combat power to the threat, and to their
commanders at various levels, situational awareness of the battlefield.
Finally, the techniques, tactics, and procedures employed by a
Jungle Infantry Battalion in water-course transposition operations are in line with
current military doctrine and the trends of modern combat.
Aligned to all these factors, this work seeks to present the
characteristics and peculiarities of the water course transposition operations
performed by a BIS, framed in the attack step of a Brigade during an offensive
maneuver. Thus, it could be a possible tool for the development of military land.
9
Keywords: Jungle Infantry, Offensive Operations, Offensive Maneuvers, Water
Course Transposition, Combat Functions.
1. INTRODUÇÃO
O Ambiente Operacional Amazônico abrange porções territoriais do
BRASIL, GUIANA, GUIANA FRANCESA, SURINAME, VENEZUELA,
COLÔMBIA, PERU, BOLÍVIA e EQUADOR. A extensão da área de fronteira
com o Brasil é de cerca de 11.000 km, com largos trechos caracterizados por
cobertura vegetal da floresta amazônica.
A Amazônia Legal possui uma área aproximada de 5 milhões de
quilômetros quadrados, correspondente a mais de 50% do território nacional.
Contém ainda a maior bacia hidrográfica do planeta, a do rio
SOLIMÕES/AMAZONAS, estendendo-se do oceano ATLÂNTICO aos ANDES,
limitada ao norte pelo planalto GUIANENSE e ao sul pelo planalto CENTRAL
BRASILEIRO. (BRASIL,1997)
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Fonte: Almanaque Abril/2008
Dentro do ambiente operacional amazônico, as tropas mais aptas a
operar são as tropas de Infantaria de Selva, sendo o Batalhão de Infantaria de
Selva (BIS), a unidade básica a operar nesta na região.
O BIS é a unidade tática básica da Brigada de Infantaria de Selva (Bda
Inf Sl), podendo atuar enquadrado ao escalão superior ou isoladamente,
recebendo uma área de responsabilidade.
Orgânico da Bda Inf SL, O Batalhão de Infantaria de Selva é
constituído por 01 (um) comando, 01 (um) estado-maior, 01 (uma) Companhia
de Comando e Apoio e 03 (três) Companhias de Fuzileiros de Selva, conforme
Figura 1.
11
Figura 1
Fonte: IP 72-20 Batalhão de Infantaria de Selva
A grande fluidez, a capacidade de atuar com grande descentralização
de suas frações, possibilitando operar continuadamente na região de selva
devido ao preparo psicológico (BRASIL, 1997), aclimatação, adestramento e
apoio logístico, com seus meios fluviais orgânicos e com os propiciados pelo
escalão superior (aeronaves e embarcações) são características marcantes
das tropas de infantaria do BIS.
Possui como possibilidades, enquadrado na Brigada, a realização de
Operações Ofensivas na área de selva. As Operações de Transposição de
Curso de Água, tem como finalidade realizar manobras em um terreno
(ambiente operacional amazônico) onde há a existência de um grande número
de rios obstáculos, conforme figura 2 e 3.
12
Figura 2
Fonte: Almanaque
Abril/2008
Figura 3
Fonte: Almanaque Abril/2008
As Operações de Transposição de Curso de Água são classificadas em:
Transposição de Curso de Água Obstáculo, quando todos os cursos de água
não são vadeáveis; Transposição de Curso de Água Obstáculo de vulto,
quando todos os cursos de água possuem a largura entre cem e trezentos
metros e a Transposição do Curso de Água Obstáculo de Grande Vulto quando
todos os cursos de água possuem a largura superior a trezentos metros.
(BRASIL,1996).
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Do exposto, iremos descrever as Técnicas, Táticas e Procedimentos
do BIS na realização das Operações de Transposição de Curso de Água, em
um ambiente amazônico, verificando a sua coerência com os conceitos da
Doutrina Militar Terrestre (DMT).
1.1 PROBLEMA
Diante do ambiente operacional amazônico, onde predominam
inúmeros cursos de agua de pequeno e grande vulto como rios, lagos,
igarapés, as tropas de infantaria de selva necessitam de um adestramento
adequado para a realização de suas operações.
Inserido neste ambiente, o BIS realiza o adestramento de suas
tropas através das Operações Ofensivas, enquadrado em uma Bda Inf SL. As
Operações de transposição de curso de água, são realizadas durante estas
operações para a transpor um curso de água obstáculo, que não dispõe de
pontos de passagens e que a sua segunda margem se encontre defendida pelo
inimigo. (BRASIL, 1997).
No sentido de colaborar com esta necessidade do BIS, relacionado
as táticas e procedimentos a serem realizados durante as Operações de
transposição de curso de água no ambiente amazônico, formulamos o seguinte
problema:
Os procedimentos realizados pelo BIS, compondo o escalão de
ataque de uma Bda Inf Sl, nas Operações de Transposição de Curso de Água
no ambiente amazônico, são compatíveis com a Doutrina militar terrestre?
1.2. OBJETIVOS
A fim analisar os procedimentos realizados pelo BIS na Operações de
Transposição de Curso de Água, no ambiente amazônico, o presente estudo
propõe o estudo as Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP) empregados
pelas tropas de Infantaria de Selva durante a realização da referida operação.
Para viabilizar a consecução do objetivo geral de estudo, foram
formulados os objetivos específicos, que permitiram o encadeamento lógico do
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raciocínio descritivo apresentado neste estudo:
a) Apresentar a Doutrina militar de um BIS no ambiente operacional
amazônico;
b) Apresentar suas possibilidades, limitações e formas de emprego no
ambiente operacional amazônico;
c) Citar as formas de Transposição de Curso de Água de acordo com a
Doutrina Militar Terrestre;
d) Identificar a partir de questionários aplicados aos Capitães de
Infantaria quais as Técnicas, Táticas e Procedimentos realizados pelos seus
Batalhões de Infantaria de Selva nas Operações de transposição de Curso de
Água no ambiente operacional amazônico.
e) Verificar se as Técnicas, Táticas e Procedimentos coletados
através dos questionários, ao compor o escalão de ataque de uma Bda Inf Sl
nas Operações de Transposição de Curso de Água no ambiente amazônico,
são compatíveis com a Doutrina militar terrestre (DMT).
1.3.JUSTIFICATIVAS E CONTRIBUIÇÕES
Durante o adestramento de suas tropas, o BIS realiza operações
ofensivas dentro do Ambiente Operacional Amazônico com finalidade de
garantir a soberania nacional dentro Amazônia Legal.
Nestas operações, se faz necessário o emprego de procedimentos de
transposição de curso de água com o uso de materiais orgânicos dos
Batalhões de Infantaria de Selva (Embarcações Patrulha de Grupo,
Embarcações Patrulha de Esquadra, Botes Pneumáticos e Lanchas),
embarcações regionais, meios de engenharia fornecidos pelo escalão
superior e até mesmo de implementos do próprio combatente de selva
(Anexo A)
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Ao estudarmos as Técnicas, Táticas e Procedimentos teremos uma
maior noção de como o BIS realiza o adestramento de suas tropas no
ambiente operacional amazônico durante as Operações de Transposição
de Curso de Água.
Destaca-se a importância do estudo do terreno em que as tropas de
infantaria de selva serão empregadas. Neste ambiente, predominam
inúmeros cursos de água obstáculo, impeditivos e restritivos para as tropas
de infantaria. Desta forma, durante as operações em ambiente de Selva,
necessita-se transpor estes obstáculos, tendo em vista a continuidade do
combate. (BRASIL,1997).
Nesse sentido, o presente estudo se justifica por promover uma pesquisa
a respeito da importância do conhecimento dos procedimentos a serem
realizados por um BIS em uma operação de transposição de curso de água,
sendo os conhecimentos adquiridos de suma importância para a evolução
doutrinária e adestramentos futuros no ambiente operacional amazônico.
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2. METODOLOGIA
Visando alcançar os objetivos descritos acima, a presente pesquisa se
valeu da análise das principais fontes de consulta relacionadas as Operações
de Transposição de curso de água como os manuais de campanha C7-10, C7-
20, C 31-60, EB70-MC-10.223 (Operações) e das Instruções Provisórias IP 72-
1 e IP 72-20 Btl Inf Sl.
Com a finalidade de coletar dados acerca do presente tema, usamos
também questionários (Anexo A) direcionados aos militares que já serviram nos
diversos Batalhões de Infantaria do ambiente operacional amazônico.
Para uma melhor análise dos dados coletados, foram realizadas
perguntas direcionadas ao público alvo, visando o levantamento dos reais
procedimentos utilizados nas operações de transposição de curso de água,
pelas tropas de infantaria do BIS no ambiente operacional amazônico.
Quanto ao nosso objetivo geral, foi empregada a modalidade
exploratória, tendo em vista o grande conhecimento disponível, notadamente
escrito, acerca do tema, o que exigiu uma familiarização inicial, materializada
pela aplicação de questionários para uma amostra com vivência profissional
relevante sobre o assunto em pauta.
Quanto à forma de abordagem do problema, utilizamos os conceitos
de pesquisa qualitativa, pois a informação a ser utilizada será expressa nos
resultados obtidos pelos questionários.
Desta forma, conseguimos subsídios para verificar se as Técnicas,
Táticas e Procedimentos utilizados pelo BIS, ao compor o escalão de assalto
da Bda Inf Sl nas Operações de transposição de curso de água, estão de
acordo com a Doutrina Militar Terrestre.
2.1. REVISÃO DE LITERATURA
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Iniciamos a pesquisa com a definição de termos e conceitos utilizados
nas Operações de transposição de curso de água, por tropas do BIS no
ambiente operacional amazônico.
A finalidade destas definições, é viabilizar uma solução para o problema
da pesquisa.
Baseada em uma revisão de literatura nos manuais vigentes, essa
delimitação consistiu-se na necessidade de verificação conceitual do tema em
questão nos seguintes manuais, dando embasamento teórico para um estudo
mais analítico a respeito do tema: Batalhão de Infantaria (C 7-20), Companhia
de Infantaria (C7-10), Operações na Selva (IP72-1), Batalhão de Infantaria de
Selva (IP72-20) e Operações de Transposição de Curso de Água (IP 31-60).
Foram utilizadas as palavras-chave: Batalhões de Infantaria de Selva,
Operações na Selva, Operações Ofensivas, Manobras Ofensivas,
Transposição de Curso d’água e Ambiente Operacional Amazônico.
Para tanto, a presente pesquisa seguiu os seguintes critérios:
a. Critério de inclusão:
- Estudos publicados em português, relacionados ao emprego de tropas
de infantaria de selva no ambiente operacional amazônico, especificamente
nas operações de transposição de curso de água
- Manuais do exército relacionados as tropas de infantaria realizando
Operações Ofensivas; e
- Estudos publicados em português, relacionados as operações
ofensivas em ambiente amazônico.
b. Critério de exclusão:
- Estudos que abordam o emprego de tropas de natureza diferente da
analisada em operações ofensivas;
- Estudos que abordam o emprego de tropas em um ambiente diferente
da analisada.
2.2.COLETA DE DADOS
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Na sequência do aprofundamento teórico, de forma a complementar e
materializar os conhecimentos adquiridos nas fontes de consulta, foi realizada
uma coleta de dados por meios do seguinte instrumento: questionário.
2.2.1 Questionário
A aplicação do questionário (Anexo B) teve por finalidade verificar se as
Técnicas, Táticas e Procedimentos utilizados pelo BIS, ao compor o escalão de
ataque de uma Bda Inf Sl nas operações de transposição de curso de água,
são compatíveis com a doutrina militar terrestre.
O universo para a coleta de dados, foi estimado a partir do efetivo de
oficiais, aperfeiçoados ou não, que exercem ou exerceram funções de
comando táticas (Cmt de Destacamento Especial de Fronteira DEF, Cmt
Pelotão Especial de Fronteira, Cmt de Pelotão de Fuzileiros de Selva e Cmt de
Subunidade). A amostra selecionada para responder este questionário foi
restrita a esse universo pelo fato de já terem tido experiências, seja através de
exercícios no terreno ou por missões reais. O estudo foi limitado
particularmente aos oficiais da arma de infantaria.
Com as respostas dos mesmos, foram feitas as tabulações dos
resultados de forma a cooperar com o intuito da pesquisa.
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3.RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa sobre as Técnicas, Táticas e Procedimentos (TTP) realizados
por um BIS, nas Operações de Transposição de Curso de Água no ambiente
amazônico, nos possibilitou verificar se as referidas técnicas utilizadas nestas
operações, estão compatíveis com a Doutrina Militar Terrestre (DMT).
Alguns aspectos doutrinários tiveram destaques na nossa pesquisa :
- O objetivos da realização de uma Operação de Transposição de Curso
de Água por parte de BIS, ao transpor um rio obstáculo: ” O objetivo de
qualquer operação de transposição é levar o poder de combate através de um
obstáculo aquático, assegurando a integridade e a impulsão de nossas forças. ”
(BRASIL,1996);
- A dificuldade logística na execução deste tipo de Operação no
ambiente amazônico: “ Operações complexas, realizadas no nível de Grandes
Comandos Operativos e que demandam, dos executantes, um grande número
de medidas de coordenação e controle”. (BRASIL,1996);
- O faseamento da transposição: as operações de transposição de
curso de água em ambiente amazônico, são realizadas obedecendo a seguinte
sequência: “ obtenção de conhecimentos (coleta de dados do ambiente),
planejamento e execução” (BRASIL,1996);
- A rapidez: as operações de transposição de curso devem ser: “ rápidas,
oportunas e sigilosas” (BRASIL,1996). No ambiente operacional amazônico,
elas possibilitam a transposição de um rio obstáculo sem perda de tempo,
dando continuidade às operações ofensivas.
Em relação a pessoal, O BIS é constituído por um comando, um estado-
maior, uma companhia de comando e serviços e três companhias de fuzileiros
de selva (BRASIL, 1997). Ao selecionarmos nossa amostra, destacamos
militares que já serviram em unidades (BIS) sediadas no ambiente operacional
amazônico, oficiais aperfeiçoados, não aperfeiçoados e que tenham exercido
funções de comando em suas OMs (Cmt SU, Cmt Pel, Cmt Destacamentos ou
Pelotões Especiais de Fronteira).
Desta forma, conseguimos ter uma idéia inicial do grau de confiabilidade
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e experiências vividas pelos entrevistados em suas respostas. O quesito se
deu conforme tabela abaixo:
TABELA 1 - Opinião absoluta e percentual do total da amostra acerca davivência no ambiente amazônico.
Grupo
Quantidade
Amostra
Valorabsoluto
Percentual
Serviu em OM no ambienteoperacional amazônico
21 91,3%
Não serviu em OM noambiente operacionalamazônico
02 8,7%
TOTAL 23 100%
Fonte: O autor
TABELA 2 - Opinião absoluta e percentual do total da amostra acerca darealização de Operações de Transposição de Curso de Água emambiente amazônico.
Grupo
Quantidade
Amostra
Valorabsoluto
Percentual
Participou de Operações deTransposição de Curso deÁgua
22 95,6%
Não participou de Operaçõesde Transposição de Curso deÁgua
01 4,4%
TOTAL 23 100%
Fonte: O autor
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Na percepção da amostra, verificamos um elevado número de militares
(95,6%) que participaram de Operações de Transposição de Curso de Água no
ambiente amazônico.
Diante deste resultado, podemos constatar a importância da realização
do adestramento das tropas de Infantaria de Selva do BIS em Operações de
Transposição de Curso de Água, devido a existência de diversos Rios
obstáculos no ambiente amazônico e da complexidade deste tipo de operação.
Em outros itens, procurou-se investigar as principais Técnicas, Táticas e
Procedimentos (TTP) realizados pelo BIS nas Operações de Transposição de
Curso de Água no ambiente Operacional Amazônico.
Percebemos que, para o emprego do BIS nestas operações, devem ser
observados a necessidade de uma grande quantidade de equipamento peculiar
e de pessoal especialmente instruído (BRASIL,1996). A quantidade de meios
existentes para realizar a transposição de curso de água obstáculo, será
limitada a quantidade de meios existente no QDMP/QDM de cada unidade e os
procedimentos relativos ao transporte destes meios (orgânicos ou recebidos
em apoio) serão definidos pelo BIS até o local da travessia.
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Fonte: QDM 7º BIS, Aprov: Aprovação: Port n° 206 - EME/4ª SCh - Res de
15/12/2006 - Publicação: BRE n° 12/2006 (Separata)
Os meios orgânicos existentes no BIS utilizados para a realização de
operações de transposição de curso de água, aumentam a sua mobilidade e a
velocidade das operações ofensivas
Ao verificarmos aspectos sobre os tipos de transposição que o BIS
realiza no ambiente operacional amazônico, constatamos que a transposição
imediata, “ executada com meios já disponíveis ou que possam ser obtidos em
curto prazo, sem interrupção das operações em curso para preparativos de
vulto” (BRASIL, 1996), foi a transposição apresentada pela amostra mais
utilizada em ambiente operacional amazônico. Podemos perceber no resultado
da tabela, cujo qual exemplifica de maneira clara o que foi quantificado neste
item, como sendo a mais realizada:
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TABELA 3: Avaliação da amostra, em valores absolutos, sobre o tipo detransposição realizada pelo BIS no ambiente operacional amazônico.
Grupo
Avaliação
Amostra
Valorabsoluto
Percentual
Transposição Imediata 17 73,9%Transposição Preparada 9 28,1%outros 2 8,0%
TOTAL 28 100%
Fonte: O autor
O resultado desse item, começa a mostrar algumas limitações e
características do BIS e dos meios utilizados para a transposição de um rio
obstáculo no ambiente amazônico. A transposição preparada, “ realizada após
um meticuloso planejamento e amplos preparativos, visando concentrar a força
e os meios necessários para desencadear inicialmente um ataque na margem
oposta” (BRASIL, 1996), apresentou-se em 39,1% dos resultados, mostrando
assim uma característica do BIS “ Instruído para combater a pé, necessita,
conforme a situação, do apoio do escalão superior em viaturas, meios fluviais e
aéreos” (BRASIL, 1997) e “ Dependência de apoio de embarcações táticas e
logísticas para movimentos fluviais de maior alcance.” (BRASIL, 1997).
Ao analisarmos a amostra conforme tabela abaixo, colhemos dados
sobre a realização ou não do Planejamento Prévio por parte do EM do BIS, da
Operação de Transposição de Curso de Água.
TABELA 4: Avaliação da amostra, sobre a realização de planejamento préviojunto ao EM do BIS nas operações de transposição de curso deágua.
GrupoAvaliação
Amostra
Valorabsoluto
Percentual
É realizado 18 78,3%Não foi realizado 5 21,7%TOTAL 23 100%
Fonte: O autor.
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No Planejamento Prévio de uma Operação de Transposição de Curso de
Água serão abordados pelo EM do BIS itens relativos ao levantamento do
maior número de informações referentes a Função de combate Inteligência das
quais destacam-se: informações detalhadas sobre o terreno, o inimigo
(dispositivo, composição e valor) e as condições meteorológicas na área de
travessia; superioridade aérea local; meios adequados para a travessia;
sistema de apoio de fogo inimigo ; e sistema de comando e controle e guerra
eletrônica inimigos. (BRASIL, 2016)
Da amostra, constatamos ainda que em 21,7% dos resultados não
houve a abordagem destes referidos itens no planejamento da Operação de
transposição, tendo em vista a grande quantidade de Rios obstáculos
existentes no ambiente operacional amazônico.
Com isso, percebe-se uma possibilidade do BIS de “empregar as suas
companhias de forma descentralizada” (BRASIL, 1997), porém, ao se alinhar
com a Doutrina Militar Terrestre (DMT), se faz necessário o planejamento
prévio da operação, destacando aspectos relativos a Função de combate
Inteligência, devido ao alto grau de complexidade e importância dado a
transposição de rios obstáculos.
Fazendo referência aos meios utilizados para a realização da travessia
dos rios obstáculos no ambiente amazônico, destacou-se a utilização de botes
de assalto como sendo o meio mais utilizado pelo BIS para as operações de
transposição, como podemos verificar na tabela.
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TABELA 5: Avaliação da amostra, sobre os meios utilizados para atransposição de um rio obstáculo no ambiente operacionalamazônico.
Grupo
Avaliação
Amostra
Valorabsolut
oPercentual
Botes de Assalto 10 43,5%
Viaturas Anfibias 1 4,3%Passadeiras 0 0%
Portadas1 4,3%
EPE/EPG 3 13%
Outros 521,7%
Botes/pequenas embarcações 7 30,4%TOTAL 27 100%
Fonte: O autor.
Este item, também foi aberto para a realização de comentários da
resposta em “outros”. Neste local, observamos que também foram utilizadas
pequenas embarcações, conhecidas como lanchas e embarcações de pequeno
porte orgânicas da unidade.
Analisando as observações feitas neste item, concluiu-se que, alinhado
com a DMT, o BIS opera com a seguinte característica e limitação, visando
diminuir as dificuldades encontradas nas operações ofensivas em ambiente
amazônico: “... deslocar-se através da floresta com meios fluviais orgânicos e
operar com aeronaves e embarcações propiciadas pelo escalão superior”
(BRASIL,1997); “dependência de apoio de embarcações táticas e logísticas
para movimentos fluviais de maior alcance” (BRASIL, 1997).
Na área de travessia, diversas medidas de coordenação e controle
devem ser observadas. Destacam-se as áreas de reunião iniciais, linhas de
controle, espaços para transposição, controle de tropa, pontos de controle de
transito e de dispersão dos comboios.
26
A região amazônica está sujeita a inundações, fenômeno que ocorre na
estação das chuvas e por ocasião do degelo nos Andes, modificando
significativamente os cursos de água e originando igapós e chavascais.
(BRASIL, 1997). Devido á dificuldade de locomoção e visualização de pontos
nítidos dentro da mata densa, as seguintes medidas de coordenação e controle
devem ser adaptadas para a região onde se deseja operar: Linhas de controle,
linhas de partida, posição de ataque, zona de reunião inicial e final dos
materiais de engenharia e frentes de travessia.
Para verificar se estas medidas são tomadas, um item do
questionamento foi importante para percebermos a execução destas medidas
pelo BIS ao realizar operações de transposição de curso de água obstáculo.
A tabela abaixo exemplifica o que foi quantificado neste item.
TABELA 6 – Para a realização da Operação de Transposição de Curso deÁgua, medidas de coordenação e controle como Linhas decontrole, linhas de partida, posição de ataque, zona de reuniãoinicial e final dos materiais de engenharia e frentes de travessiaforam estabelecidas:
Grupo
Avaliação
Amostra
Valorabsoluto
Percentual
Sim13 56,5%
Não 12 43,5%
TOTAL 25 100%
Fonte: O autor
O resultado acima exposto, nos mostra uma dificuldade enfrentada pelo
BIS. No ambiente operacional amazônico, ao se alinhar com a DMT, a frente
de travessia (figura 6) e as medidas de coordenação e controle para a
transposição de um rio obstáculo, tendem a diminuir. Esta situação é fruto da
característica do ambiente: “ A extensa e densa floresta equatorial, a malha
aquática de grandes proporções, a escassez de estradas... a abundância de
chuvas.” (BRASIL, 1997).
27
Figura 6
Assim sendo, fica evidente uma das limitações do BIS para a
realização das Operações Ofensivas, como um ataque com transposição de
curso de água.
Em outro questionamento, procurou-se abordar mais um item relativo
a DMT. Nas Operações de Transposição de Curso de Água, segundo a DMT,
as áreas de travessia devem possuir comandantes, sendo designados pelas
Forças de Assalto, com autoridade para exercer o controle absoluto dos meios
de travessia e do trânsito no interior da área (BRASIL, 1996).
Estes militares, asseguram a correta realização do plano de
travessia, executando-o de forma apropriada e sem que haja concentração
indevida de equipamentos e pessoal no interior da área. A função poderá ser
desempenhada por um dos oficiais do estado-maior da força, o chefe do
estado-maior de grandes unidades ou o comandante do batalhão de assalto
em uma área de travessia secundária (BRASIL, 1996).
28
Verificamos a inexistência de Comandantes das áreas de travessia,
tendo em vista a descentralização das operações no ambiente operacional
amazônico. Porém, no ambiente amazônico, devido a extensa área de selva a
ser abordada e a realização de ações descentralizadas, rápidas e contínuas, se
faz presente a figura do Oficial Cmt Pel ou até mesmo do Cmt GC como Cmt
área de travessia. Por ser o militar mais antigo de cada vaga/grupo de
travessia, ele realiza o plano de travessia e o controle operacional das vagas
de assalto, atendendo assim DMT. O resultado, pode ser observado no gráfico
abaixo:
61,80%
38,20%
Gráfico 1 – Opinião da amostra sobre a designação de comandantes da áreade travessia.
Fonte: O autor
Para termos a real situação do local onde a zona de embarque e
transposição fica situada no ambiente operacional amazônico, tivemos um item
que abordou acerca da localização da zona de embarque, visando atender a
DMT das operações de transposição de curso de água. Vejamos a tabela 7:
29
TABELA 7 – Para a realização da transposição, a zona de embarque etransposição era de fácil identificação no terreno.
Grupo
Avaliação
Amostra
Valorabsoluto
Percentual
Sim20 87%
Não 03 13%
TOTAL 23 100%
Fonte: O autor
Podemos ter a clara percepção que embora esteja inserido no
ambiente operacional amazônico, é possível termos áreas de embarque bem
delimitadas e de fácil identificação no terreno.
Desta forma, durante a realização da travessia, cresce de
importância a ocultação dos meios utilizados na primeira margem,
principalmente os de Engenharia (Zonas de Reunião Iniciais de Material de
Engenharia - ZRIME) conforme figura 7.
30
Figura 7
Além deste dado, pode-se também coletar dados sobre o
balizamento das áreas e locais utilizados para a travessia.
Por ser um ambiente com “extensa e densa floresta equatorial,
malha aquática de grandes proporções, escassez de estradas e chuvas
abundantes ” (BRASIL,1997), muitas vezes o curso dos rios muda, dificultando
assim a sua abordagem. Surge então, a necessidade do balizamento correto
de áreas/zonas de embarque e reunião.
TABELA 8 – Para a realização da transposição, a zona de embarque etransposição estava balizada
Grupo
Avaliação
Amostra
Valorabsoluto
Percentual
Sim18 78,3%
Não 05 21,7%
TOTAL 23 100%
Fonte: O autor
Por fim, verificamos a opinião da amostra sobre o objetivo geral das
operações de transposição de curso de água no ambiente amazônico que é:
31
“Levar o poder de combate através de um obstáculo aquático para a sua
margem oposta, assegurando a integridade e a impulsão das forças ofensivas”
(BRASIL,1996).
TABELA 9 – O objetivo de levar o poder de combate através de um obstáculoaquático para a sua margem oposta, assegurando a integridadee a impulsão das forças ofensivas foi atingido pelo BIS
Grupo
Avaliação
Amostra
Valorabsoluto
Percentual
Sim22 95,7%
Não 01 4,3%
TOTAL 23 100%
Fonte: O autor
Após este item, a pesquisa foi aberta para algumas considerações a
respeito do tema, tendo como finalidade esclarecer os dados acerca das
operações de transposição de curso de água no ambiente operacional
amazônico. Destacamos os seguintes comentários:
- “ Uma projeção para o futuro que se encontra em desenvolvimento por
empresas multinacionais, são pares de Drones que possuem uma bobina e por
programação lançam pontes e/ou cordas para guiar a transposição por botes
até um ponto de ancoragem (árvore) na margem de destino.”
- “Acredito que as operações em ambiente amazônico são de grande
dificuldade, e que é necessário um balizamento e estrutura para as
embarcações do Comando Militar da Amazônia (CMA)”
Por fim, ao comparamos a DMT com as TTP utilizadas pelo BIS nas
operações de transposição de curso de água no ambiente operacional
amazônico, percebemos que as medidas de coordenação e controle utilizadas,
se enquadram para todas as fases da operação.
Além disso, percebemos que as tropas de infantaria de selva,
alinhadas com a DMT e apoiadas pelas tropas de engenharia das Brigadas de
Infantaria de Selva, são as tropas mais aptas a realizar este tipo de operação.
32
Este fato se deve as suas características operacionais e peculiaridades
inerentes ao ambiente operacional amazônico como “ a capacidade de operar
continuadamente em região de selva, a fluidez, a capacidade de atuar com
grande descentralização de suas frações, do seu adestramento para deslocar-
se através da floresta, dos meios fluviais orgânicos e do adestramento para
operar com aeronaves e embarcações propiciadas pelo escalão superior. A
capacidade de operar continuadamente em região de selva, por sua vez,
resulta do preparo psicológico, da aclimatação, do adestramento e do apoio
logístico para o combate neste ambiente operacional “ (BRASIL, 1997).
4.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação às questões de estudo abordadas e aos objetivos propostos
no início deste trabalho, conclui-se que a presente pesquisa abordou o
pretendido, ampliando a nossa compreensão sobre as Técnicas Táticas e
Procedimentos realizados pelo BIS nas Operações de Transposição de Curso
de Água no Ambiente Operacional Amazônico.
A revisão da literatura nos possibilitou concluir acerca das limitações e
possibilidades do BIS, as quais interferem decisivamente, nas Técnicas,
Táticas e Procedimentos para a realização das Operações de Transposição de
Curso de Água, alinhando-se assim a DMT.
Dessa forma, entende-se que a principal limitação para realização das
Operações de transposição de um Rio Obstáculo pelo BIS, é a quantidade de
meios utilizados para a travessia nas diversas fases do combate. A extensa e
densa floresta equatorial presente no ambiente Amazônico, a malha aquática
de grandes proporções e a escassez de estradas, tornam as medidas de
coordenação e controle dificultadas e as de comando e controle reduzidas ao
33
uso de equipamentos rádio.
Ao compilar os dados recebidos, verificamos que um BIS possui
capacidade técnica para levar poder de combate a uma margem oposta
dominada pelo inimigo, assegurando desta maneira a impulsão do ataque e a
integridade e de suas forças.
Apesar da existência de problemas como a falta de comandantes de
Área de Travessia, a pesquisa nos mostrou que o BIS, por estar inserido no
ambiente operacional amazônico, adapta as suas TTP á DMT, atingindo desta
maneira os objetivos gerais das operações de transposição de curso de água.
Do exposto verificamos que as TTP utilizadas pelo BIS, ao compor o
escalão de ataque de uma Bda Inf Sl, nas Operações de Transposição de
Curso de Água em ambiente Operacional amazônico estão de acordo com a
DMT.
Visando um aumento da capacidade do BIS no contexto estratégico da
força, recomenda-se a realização de exercícios de adestramento, utilizando
meios orgânicos (seção Fluvial) conjugados com os meios recebidos pelo
escalão superior. Recomenda-se ainda o alinhamento da Doutrina Militar de
emprego das embarcações do BIS com embarcações especializadas do Centro
de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (CECMA), realizando
simulações de combate, adestramento das tropas de infantaria na transposição
de curso de água obstáculos de grande vulto e de operações ofensivas
complementadas por operações de transposição de curso de água em rios
obstáculos de grande vulto em ambiente amazônico.
34
5- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Manual de Campanha, Batalhões de Infantaria, C7-20, 4ª Edição,
2007;
_______. Manual de Campanha, Operação de Transposição de Curso de
Água, C31-60, 2ª edição, 1996;
_______. Manual de Campanha, Operações, EB70-MC-10.223, 1ª edição,
2017;
_______. Manual de Campanha, Planejamento de Emprego da Inteligência
Militar, EB70-MC-10.307, 1ª edição, 2017;
_______. Instruções Provisórias, Operações na Selva, IP72-1, 1ª edição,
1997;
_______. Instruções Provisórias, Batalhão de Infantaria de Selva, IP 72-20, 1ª
edição, 1997;
CLAYTON, Amaral Domingues; Estatísticas Aplicada ás Ciências Militares,
RJ EsAO 2008
35
- BRE n° 12/2006 (Separata), Quadro de Distribuição de Material (QDM), 7º
BIS, Aprov: Aprovação: Port n° 206 - EME/4ª SCh - Res de 15/12/2006 -
Publicação:
Anexo A
1- Embarcações em uso pelo BIS para a realização das Operações de
Transposição de Curso de Água:
Ferry Boat EmpurradorBote Pneumático Comandos
Embarcação Regional Médio Porte Embarcação Regional Grande Porte
36
Embarcação Patrulha de EsquadraLancha Guardian
Ferry Boat com Balsa transporte de
Pessoal
Embarcação Patrulha de Esquadra
BalsasLancha Guardia de Assalto
37
Fonte: Site http:// www.cecma.eb.mil.br
2- Transposição de Curso de Água em ambiente amazônico com o uso de
implementos:
Lancha Guardian tipo PolíciaFormação de EPG durante o assalto
Espinha de Peixe nível BtlEspinha de Peixe nível GC
Transposição com uso ponte Três cordasTransposição com uso de cabo submerso
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Anexo B
O presente instrumento de pesquisa é parte integrante da
especialização em ciências Militares na ESAO do Cap Inf SIDSON NEI DA
COSTA MEDINA, cujo tema de estudo é Descrever as técnicas táticas e
procedimentos realizados pelo BIS nas Operações de Transposição de curso
de Agua no ambiente opracional amazônico.
Pretende, através da compilação dos dados coletados, verificar se as técnicas
utilizadas pelo BIS, são compatíveis com a doutrina militar terrestre. A
experiência profissional do senhor irá contribuir sobremaneira para a pesquisa.
Caso deseje complementar a cerca de alguma experiência profissional
relacionado ao tema será extremamente importante. Desde já agradeço pelas
informações prestadas para o incremento significativo do trabalho e coloco-me
a disposição para esclarecimentos: Sidson Nei da Costa Medina (Capitão de
Infantaria – AMAN 2008) e-mail: [email protected])
1. O senhor serviu em Batalhão de Infantaria de Selva nas OM do CMA?
Sim ( ) Não ( )
2. O senhor realizou operações de transposição de curso de água de grande
ou de pequeno vulto no ambiente operacional amazônico?
Grande ( ) Pequeno ( )
3. O senhor realizou outras operações no ambiente amazônico, onde foram
necessárias a utilização de técnicas de transposição de curso de água?
Sim ( ) Não ( )
Quais? ____________________________
40
4. Quais os tipos de transposição o senhor realizou:
( ) Transposição imediata: É uma operação de transposição de um curso de
água obstáculo, executada com meios já disponíveis ou que possam ser
obtidos em curto prazo, sem interrupção das operações em curso para
preparativos de vulto.
( ) Transposição preparada - É uma operação de transposição de um curso
de água obstáculo, executada após meticuloso planejamento e amplos
preparativos, visando a concentrar a força e os meios necessários para
desencadear, inicialmente, um ataque na margem oposta.
5. O senhor considera que houve um planejamento prévio junto ao EM do BIS,
para que a Operação de transposição de curso de água fosse realizada?
Sim ( ) Não ( )
6. Nos locais favoráveis e previstos para a travessia, o senhor utilizou quais
meios de travessia:
( )botes de assalto
( ) viaturas anfíbias
( ) passadeiras
( ) portadas
( ) pontes
Outros: ______________________________________
7. Na área de travessia, com relação aos espaços necessários para
transposição, controle de tropa e dispersão dos comboios, o senhor julga que
estavam adequados? ( Obs: área de travessia prevista é de 2 km a 3 km de
profundidade, em cada margem, a partir do curso de água)
Sim ( ) Não ( )
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8. Nas operações de transposição, foram designados os comandantes da área
de travessia?
Sim ( ) Não ( )
9. O senhor considera que a zona de reunião para a embarque e transposição
da tropa era de fácil identificação?
Sim ( ) Não ( )
10. O senhor considera que a zona de reunião para a embarque e transposição
da tropa estava balizada corretamente de acordo com as levas previstas no
planejamento?
Sim ( ) Não ( )
11. O objetivo de qualquer operação de transposição, é levar o poder de
combate através de um obstáculo aquático, para a sua margem oposta,
assegurando a integridade e a impulsão de nossas forças. O senhor considera
que as operações realizadas por sua OM atingiram este objetivo?
Sim ( ) Não ( )
Este espaço destina-se a algum complemento das respostas apresentadas que
possa favorecer o desenvolvimento da pesquisa. Utilize o verso se achar
necessário.
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
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42
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_______________________________________________________________
_________________________________________
Tudo pela Amazônia! Selva!