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1. INTRODUO
1.1. OBJETIVO GERAL :
Esta dissertao objetiva a determinao da viabilidade tcnica e
econmica de se adotar um processo construtivo com uso de madeira
de reflorestamento, disponveis em nosso Estado, comparativamente ao
processo construtivo convencional em alvenaria, para casas populares.
1.2. OBJETIVOS ESPECFICOS :
a) Determinar a viabilidade tcnica e econmica do uso de
madeira na construo de casas populares, comparado com o modelo
padro em alvenaria da Companhia de Habitao do Paran
(COHAPAR), a Casa da Famlia CF-40, com 40 m 2 de rea construda.
b) Determinar os parmetros/requisitos estruturais mnimos para
construo da habitao em madeira.
c) Determinar o custo bsico da construo da planta CF-40, pelo
sistema LIGHT WOOD FRAME, com o uso da madeira de PINUS ,
autoclavado e tratado, reproduzindo a mesma configurao daconstruo convencional, em concreto e alvenaria de t i jolos.
1.3. JUSTIFICATIVAS :
A casa de madeira um produto sustentvel, que atende a um
requisito dos mais procurados na moderna Construo Civil. Mesmo
que os custos de sua implantao fossem superiores da casa
convencional, uma poltica de viso no futuro levar os governos aassumirem tal postura.
Aqui no Brasil, de maneira muito especial, o uso da madeira que
j est disponvel, e que pode ser reposta a qualquer tempo, atravs de
projetos de Reflorestamento, fator de integrao entre polticas
sociais com recursos naturais. As reservas de madeira que no so
pequenas, podem at mesmo ser bastante ampliadas. Existem
fronteiras enormes de reas que no so ideais para a agricultura e
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que podem ser manejadas adequadamente pela vasta inteligncia
disponvel na rea da silvicultura, incrementando ainda mais as
reservas.
Estudos j realizados e implementados, como foi A Construo
Habitacional em Campos do Jordo, util izando madeira de
Reflorestamento (LIMA,1988), so indicativos de que o sucesso obtido
j em 1988, quando ainda no se dava tanto destaque no Brasil a este
assunto, justifica o processo construtivo. Tratou-se de uma iniciativa da
Prefeitura municipal de Campos do Jordo, com o suporte do Instituto
de Pesquisas Tecnolgicas do estado de So Paulo S/A IPT, usando
madeira de PINUS .Outro estudo, de 1983, anterior ao citado, que foi Casa de
Madeira Modular : Manual de Montagem (ASSINI et al,1983), mostrou
uma soluo com madeira de PINUS, de interesse social, com a grande
praticidade e rapidez de montagem, que embasou o estudo que ora se
inicia.
Um aspecto positivo adicional s razes j expostas, a
migrao de mo de obra da Construo Civil convencional para aespecialidade da carpintaria, fator de grande promoo social.
comum na mdia a afirmativa de que a mo de obra da Construo Civil
a mais desqualificada no Brasil. Devemos buscar, atravs de polticas
equilibradas, canalizar o contingente disponvel de mo de obra
especializando-o cada vez mais, para que haja ascenso dos padres
de vida da populao como um todo.
Cria-se tambm uma demanda por profissionais especializados naconstruo civil de madeira, que representa um salto significativo na
alocao de profissionais no mercado de trabalho.
Caso tenha este trabalho significncia na esfera da soluo de
alguns dos grandes problemas nacionais, ao menos se colocam dados
que merecem reflexo, e que so dados numricos, no subjetivos.
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2. REVISO DE LITERATURA
2.1. O uso da madeira na construo civilA madeira material usado na construo desde a Antiguidade,
como atestam obras seculares, que at hoje perduram, e tm sua
manuteno assegurada pelo valor histrico, mas que apontam
claramente para o fato de que a soluo tecnicamente vivel,
conveniente sob o ponto de vista ambiental, econmica, e adequada ao
uso que lhe destinado.
A soluo tcnica sofreu muita evoluo, especialmente no sculoXX, com o desenvolvimento das idias e processos de pr-fabricao,
que permearam fortemente todas as reas da construo. A busca por
solues prticas, rpidas, de execuo simples, encontrou na madeira
campo frtil para o desenvolvimento de processos construtivos que se
consagraram de forma especial para as moradias, isoladas ou
coletivas, em unidades de pequeno ou mdio porte. Esta consagrao
verificou-se de forma efetiva em pases desenvolvidos, onde
reconhecidamente o custo de mo de obra impregna de forma mais
importante o custo final das construes. Pases como os Estados
Unidos, Canad, na Amrica do Norte, e pases como Inglaterra,
Frana, Alemanha, Dinamarca, Sucia, Noruega e Finlndia na Europa,
possuem como soluo mais comum a casa de madeira. Foram criadas
solues que contornam problemas importantes tais como o isolamento
trmico, viabilizando a soluo.
oportuno ressaltar que o uso de madeiras de florestas nativas
no processo construtivo enfocado retira dele uma das principais
virtudes : a sustentabilidade. O enfoque est no uso de madeiras de
reflorestamento. O perodo de crescimento da floresta nativa muito
superior ao da floresta plantada, o que inviabiliza aquelas. Isto sem
contar o aspecto de preservao ambiental puro e simples que cada
vez mais as pessoas enfatizam, nas suas manifestaes ecolgicas. O
aspecto ecolgico, longe de ser um inimigo da explorao da madeira,
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um aliado : a grande quantidade de energia empregada na produo,
a devastao ambiental, as dificuldades com o transporte por seu
grande peso, fazem do ao e do cimento solues desfavorveis.
Sob o ponto de vista ambiental, a madeira o elemento que
oferece a melhor relao com as idias que atualmente orientam
grande parte das discusses neste sentido. A facilidade de reposio
da matria prima, que hoje se caracteriza como atividade econmica de
alta rentabilidade, vem ao encontro de muitas expectativas que cada
vez mais se acentuam nos pases desenvolvidos. A vasta tecnologia e
conhecimento cientfico na rea Florestal tm transformado tal
atividade em investimento econmico cada vez mais efetivo, por parteat de grupos econmicos que muitas vezes no tm a menor conexo
com a mesma.
O estudo A casa Ecolgica Coerncia entre Tecnologia,
Conforto e Meio Ambiente (ALVAREZ et al, 2000), desenvolvido no
Brasil, idealizado pela Secretaria de Estado para Assuntos do Meio
Ambiente do Estado do Esprito Santo, levou em conta, como o prprio
ttulo atesta, aspectos que vm ao encontro das premissas que oraapontamos, e cuja soluo util izou a madeira de EUCALIPTO.
O aspecto econmico da soluo em madeira para construo de
habitaes fica devidamente qualificado quando se comparam os
custos de uma construo de carter popular na soluo em alvenaria e
na soluo em painis de madeira. Os custos so parecidos para
soluo de painis de madeira de fechamento, compostos por
superfcies interna e externa diferentes, associadas por um processoqualquer. No se est falando da soluo praticada comumente no
Brasil, de colocao de tbuas verticais simples, arrematadas por ripas
nas junes. Tal soluo muito mais econmica que a soluo com
painis, mas esbarra em uma srie de inconvenientes, tais como o
baixo desempenho trmico, extremamente crtico nas regies quentes
ou frias. Se tais argumentos no parecem suficientes, constate-se pura
e simplesmente, de que nos referidos pases desenvolvidos, a soluo
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adotada a construo de madeira, considerada mais econmica que
outras solues.
A adequao ao uso destinado da construo conseguida em
muitos graus diferentes de sofisticao, quanto aos aspectos trmico,
acstico, arquitetnico e funcional. A versatil idade de configuraes
finais encontra na indstria grande variedade de alternativas, desde
construes simples, para habitaes populares, passando por
habitaes regulares, para a classe mdia. Atinge at mesmo as
configuraes muito sofisticadas, com residncias de alto padro, para
consumidores abastados. Nenhuma das referidas categorias de
construes encontra falta de solues apropriadas por parte daindstria. Segundo The Best of Fine Homebuilding (NEWTON,1996),
podem ser conseguidas solues de arquitetura que fujam bastante do
convencional em construes de madeira, tais como tetos curvos,
paredes curvas e muitas outras, com o uso de tcnicas e ferramentas
adequadas. Quanto ao aspecto relativo ao isolamento trmico, os
processos construtivos atuais, usados em pases desenvolvidos, que
empregam paredes duplas, com um espao entre elas, possibilitam umincremento significativo no desempenho, quando se tornar necessrio,
ao se aplicarem materiais isolantes no espao confinado. O aspecto
acstico, desfavorvel na soluo em madeira, que tanto preocupa os
brasileiros da classe mdia, j vem sendo gradualmente rompido com o
uso cada vez mais expressivo de divisrias em gesso acartonado e
painis dry-wall nas construes convencionais. O foco deste trabalho
est nas habitaes da classe popular. Nesta camada da populao, ashabitaes normalmente j no tm isolamento acstico significativo.
muito mais importante conseguir o isolamento trmico, j que isto
proporcionar melhoria significativa na salubridade das construes.
Um programa de desenvolvimento de habitaes populares com as
caractersticas que so apontadas neste trabalho, pode fazer parte no
s das polticas habitacionais, mas tambm das polticas de sade. As
polticas de sade constituem-se na poca atual na maior demanda por
parte das populaes de baixa renda.
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Em nosso pas, encontramos uma situao em que as solues
disponveis so, em sua grande maioria, solues em que no se
incorporam parmetros tcnicos adequados de Engenharia. Acabado o
ciclo econmico da madeira (de lei) em nosso pas, aps a explorao
pura e simples das nossas reservas com o conseqente esgotamento,
seja para o mercado interno ou para as exportaes, no houve mais
interesse em desenvolver e aprimorar esta soluo. O maior interesse
verificado na reposio florestal deveu-se principalmente ao
atendimento de uma florescente indstria de papel, verificada no final
do sculo passado. A reposio florestal foi to acentuada, que supriu
com excesso a demanda da indstria de papel, resultando em volumeconsidervel de madeira que acabou sendo direcionada para a
construo civil. Veio, no entanto, sem incorporar conceitos tcnicos
arraigados na indstria internacional da madeira reflorestada, que so
os tratamentos para garantir principalmente a sua durabilidade. Sem
durabilidade garantida por estes meios artificiais, a indstria do
cimento, fortemente organizada e competente como sempre foi no
Brasil, tratou de explorar semanticamente esta deficincia do material.Aliado a isto, as grandes empreiteiras de obras pblicas tambm vm
como de alto interesse as solues de moradias populares construdas
com concreto e paredes de alvenaria. fcil entender esta posio,
visto que a mo de obra correspondente em nosso pas tem baixa
qualificao e mal remunerada. A inexistncia de uma indstria
madeireira organizada, tecnicamente aparelhada e economicamente
forte faz com que a soluo consagrada em pases desenvolvidos noencontre no Brasil terreno para prosperar e adquirir volume suficiente
que a torne competitiva com a soluo convencional.
Segundo DOMEL JR,1997, as construes de madeira so uma
soluo muito conveniente, pela facilidade de corte , leveza e
disponibilidade do material.
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2.2. Entraves ao uso da madeira na construo civil
Sendo a madeira material orgnico, apresenta uma srie grande
de caractersticas que podem ser encaradas como inconvenientes ao
seu uso. Para os cientistas desta rea, no entanto, os inconvenientes
podem e devem ser tratados sob o enfoque tecnolgico, resultando em
procedimentos que eliminem ou atenuem tais dificuldades. No se deve
omitir que todas as opes de materiais usados na construo civil
apresentam em maior ou menor grau, inconvenientes a serem
encarados.
O principal obstculo ao uso da madeira na construo civil tem
sido apontado como a sua baixa durabilidade, quando desprotegida.
Este um fato real, mas no deve estar dissociado do fato tambm real
que os demais materiais, tais como o ao e o concreto padecem da
mesma caracterstica. O custo para tornar os trs principais materiais
durveis diferenciado. No ao, a proteo por pintura ou por
galvanizao, no concreto, a proteo por revestimentos ou pelculas, e
na madeira, a proteo por secagem e tratamentos aplicados, devem
ser devidamente quantificados quando do estabelecimento do custo daobra. No devemos esquecer de computar a necessidade de
manuteno peridica e reaplicao dos processos. Sob este ponto de
vista mais abrangente, e tecnicamente mais adequado, o tratamento da
madeira pode se tornar o menos dispendioso entre os materiais
comparados. Esto disponveis no mercado produtos tecnicamente
qualificados para garantir por longos perodos (at 20 ou 30 anos) a
imunizao da madeira contra vrios fatores que podem causar a suadeteriorao. Existem at mesmo produtos que retardam a ao do
fogo, e oferecem uma condio mais favorvel at do que o ao, nestas
circunstncias, assegurando tempo suficiente para aes de proteo
aos usurios da construo.
Outro obstculo importante apontado ao uso da madeira na
construo civil a falta de homogeneidade das suas propriedades
fsicas e mecnicas, mesmo considerando uma determinada espcie.
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conhecida a desproporo de suas propriedades, conforme a direo
que se considera da madeira. No entanto, a cincia da Mecnica das
Estruturas de Madeira, aponta que o uso da madeira na construo se
faz atravs de peas serradas do tronco, em que predomina uma das
dimenses, a longitudinal, exatamente a direo em que a maioria dos
parmetros mecnicos mais favorvel. Tambm de se salientar que
na citada cincia da Mecnica das Estruturas de Madeira, a criao de
elementos resistentes de grande capacidade se faz atravs de sistemas
treliados, compostos por barras, de grandes comprimentos e pequenas
sees transversais, exatamente como apontamos ser de grande
convenincia no uso da madeira. O fato de que cada espcie demadeira tem propriedades diferentes das outras, no deve ser motivo
de impedimento tcnico : ensaios simples cuidam de estabelecer
adequadamente tais parmetros.
Uma terceira restrio comumente apontada a apresentao de
defeitos nas peas de madeira. Ressalve-se que h, de acordo com a
NBR-7190/1997, uma definio clara da qualidade da madeira a ser
empregada : tratam-se de peas com limitao de ocorrncia dedefeitos, de tal modo a proporcionar desempenho mecnico compatvel
com a destinao da madeira. Esta definio de qualidade do material
acontece com os demais materiais tambm, a saber, o ao e o
concreto.
Estes entraves apontados, no entanto, acabam deixando de ser
significativos quando se trabalham com as chapas compostas, de
madeira compensada ou reconstituda, tais como os painis OSB(Oriented Strand Board) e similares. A tcnica construtiva das chapas
acabam homogeneizando o material, dando-lhes uma conotao
uniforme, tanto em termos de suas propriedades fsicas como
mecnicas.
No Brasil, a aparncia da madeira motivo suficiente para que a
soluo seja repudiada pelo usurio, sob a alegao de que a casa de
madeira casa de pobre. Este estigma se justifica exatamente pela
observao j feita de que em nosso pas, via de regra, casas de
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madeira industrializadas ou no, so solues sem grande preocupao
no uso de critrios de engenharia e arquitetura. Sendo portanto
solues precrias, acabam tendo sua imagem associada soluo em
madeira, genericamente falando. Segundo GRIEGER,1990, no seu
trabalho Casa de Madeira para a Amaznia, so levantadas as
condies de moradia na Amaznia e a constatao que a casa na
sua quase totalidade, de madeira. Naquele trabalho, fica claro, nas
observaes locais, que a soluo precria sob muitos pontos de
vista, e surpreendentemente, no se procuraram no decorrer do tempo
formas de evoluir a soluo existente, de madeira, mas sim , mudar o
processo construtivo. Como tambm j se afirmou, determinadossetores da construo civil no pas tm interesse em denegrir a soluo
em madeira, por no convir aos seus propsitos comerciais. A soluo
para tal dificuldade, passa por dois tpicos : em primeiro lugar, a
conscientizao da populao de baixa renda, quanto ao fato de que a
soluo universal, no est destinada apenas a camadas
economicamente mais desfavorecidas. Trazendo-se ao conhecimento
desta populao, que a soluo mundial e bem aceita, grande parteda restrio pode ser afastada . Em segundo lugar, a incorporao de
revestimentos externos que aproximem a aparncia da construo de
madeira com a aparncia das construes convencionais. Esta soluo,
que parece contrariar os princpios da Engenharia, se justifica no
Brasil, em funo do baixo grau de informao e escolaridade das
populaes de baixa renda, que repudiam uma soluo diferente
daquela que est estabelecida na paisagem urbana, seja no aspecto damoradia, do vesturio, do comportamento, etc. misso dos cientistas
abordar em seus projetos, mesmo que de reas to especficas como a
Engenharia, aspectos sociolgicos como os apontados, que acabam
tendo tanta significncia na apresentao de solues ao seu pblico
especfico. mais fcil convencer com argumentos pessoas com nvel
intelectual superior do que pessoas menos favorecidas neste aspecto.
Ao longo do tempo, dando-se solues convenientes de moradia
populao, e tornando estas solues familiares aos mesmos, podem
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ser removidas estas providncias de carter psicolgico, concentrando-
se apenas nos aspectos de Engenharia e arquitetura das habitaes. O
que no pode ser deixado de lado o aspecto arquitetnico das
construes, seja na configurao da planta, por menor rea que tenha,
como no aspecto subjetivo, da aparncia externa. Uma habitao
tambm agradvel aos olhos externos provoca uma significativa
ampliao da auto-estima dos usurios, desdobrando-se os benefcios
para muitas outras facetas do problema social que atinge as
populaes de baixa renda.
Este trabalho busca estabelecer parmetros de qualidade e
desempenho nas construes de edifcios de madeira, para habitaoresidencial, de pequeno e mdio porte, de tal modo que sejam
avaliados os problemas e os inconvenientes, dando-lhes solues
adequadas. Segundo LAROCA,2002 , no seu trabalho Habitao Social
em Madeira : uma alternativa vivel, so enumerados muitos dos
parmetros que definem o desempenho da construo de madeira, e
que apontam para a concluso que o ttulo sugere. O sentido de se
criar uma expectativa de produo em larga escala, o que acabartrazendo significativa reduo nos custos de produo. No Brasil, a
carncia de moradias to acentuada, da ordem de quase sete milhes
de casas populares, que um vasto programa de moradias populares,
com base nas prerrogativas que so apontadas, far florescer uma
necessidade por operrios to importante que atingir outra das
maiores demandas sociais de nossa populao : a gerao de
empregos.Complementando estas idias, a criao de polticas
habitacionais como as apontadas, atingir a Economia como um todo,
porque sero impactados setores como o trabalho, a moradia, e a
sade. Junto a estes impactos, o transporte ser levado como
componente indispensvel, faltando apenas a questo da Educao. A
Educao, de forma indireta, acaba sendo gerada pelas informaes
veiculadas, e a organizao dos espaos urbanos que fatalmente um
grande programa gerar. Tais programas podem acontecer
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simultaneamente na esfera federal, estadual e municipal. A figura 1
estabelece a interdependncia entre as aes geradas pela criao de
um grande programa de habitao, a gerao de melhores condies
de sade, o crescimento da disponibilidade de trabalho, e
conseqentemente, melhores estruturas de transporte e educao,
sendo que todo este encadeamento realimenta todo o processo.
FIGURA 1 DIAGRAMA DAS AES CORRELATAS
2.3. Processos construtivos pr-fabricados utilizando
madeira
So conhecidos muitos processos construtivos em madeira, sendo
os mais empregados os chamados LOG HOUSE e LIGHT WOOD
FRAME, a saber, respectivamente, casa de troncos e estrutura leve
de madeira. Aqui no Brasil, emprega-se o processo de vedao,
principalmente na chamadas casas pr-fabricadas, exploradas
comercialmente por muitas indstrias de pequeno porte. Nenhum dos
dois primeiros alcanou ainda repercusso ou alcance comercial
significativo no Brasil. O sistema LOG HOUSE feito de troncos
empilhados horizontalmente em seqncia, ligados a peas verticais,
dentro de uma modulao pr-estabelecida. considerado em pases
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do exterior uma construo de alto padro, dadas as suas aptides
estticas e de desempenho da moradia. J o processo LIGHT WOOD
FRAME, muito util izado em vrios pases do mundo, especialmente
nos Estados Unidos, onde se caracterizam como a soluo
convencional para moradias. Dada esta caracterstica, as indstrias
locais desenvolveram satisfatoriamente o processo, que j tem um
histrico superior a um sculo, de acordo com THALLON,2000 , e com
a disponibilidade de adaptao do sistema praticamente a qualquer tipo
de configurao arquitetnica e das respectivas instalaes e sistemas.
Uma das principais caractersticas do processo construtivo a
racionalizao das etapas, com todo o material sendo encaminhado obra na seqncia correta de execuo, desde infra-estrutura at a
cobertura, num processo encadeado de execuo que requer pouca
superviso para operrios com razovel treinamento. As instalaes
so aplicadas com grande facilidade, no espao entre as duas faces
das paredes, o que torna a obra muito limpa, durante a execuo, j
que quase no existem sobras. Todos estes atributos podem
perfeitamente ser reproduzidos no Brasil, porque os produtosempregados neste processo construtivo j se encontram disponveis
comercialmente, apenas os custos de alguns deles ainda so um pouco
altos, se comparados relativamente com outros pases, dada a pequena
demanda ainda existente pelos mesmos. Na verdade, o processo
construtivo LIGHT WOOD FRAME j est sendo util izado no Brasil,
mas de uma forma que ainda no to automatizado como em outros
pases. O processo de vedao, ou Canadense, constitudo pormontantes verticais com ranhuras para encaixe de pranchas horizontais
com encaixe macho e fmea. Tal processo, do ponto de vista da
engenharia, tal como existe no Brasil, considerado inadequado : a
madeira util izada quase sempre madeira de lei, no tratada, para que
se evitem as despesas com autoclavagem, produtos qumicos e
secagem, na busca de um preo mais acessvel. O que resulta um
sistema que no tem grande preciso nos encaixes, pois a madeira, no
processo natural de secagem que ocorre desde a serragem da mesma
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at a montagem definitiva, apresenta muitos dos inconvenientes que
so bastante conhecidos da Construo Civil : empenamento, variao
nas dimenses, trincas, etc.
A madeira util izada no processo construtivo LIGHT WOOD
FRAME pode ser o PINUS ou o EUCALIPTO, espcies reflorestadas
disponveis aqui no Brasil. Existem reservas j consolidadas em volume
suficiente para a adoo de um processo construtivo de casas de
madeira em nvel nacional, e o mais importante de tudo, temos uma
comunidade cientfica na rea Florestal altamente capacitada,
experiente, e preparada para dar uma continuidade reposio das
reservas j existentes. Muitos ncleos cientficos e industriais estoplenamente capacitados at mesmo a ampliar consideravelmente a
produo de madeira das espcies apontadas. O que facilita muito esta
deciso, que a atividade de reflorestamento j um processo
economicamente rentvel, constituindo-se em alternativa auto-
sustentvel para o uso da madeira. Faz parte de qualquer poltica
governamental sria, a explorao adequada de madeira do tipo
renovvel, tanto no sentido da manuteno do equilbrio ambiental,como no aspecto da abertura de novos setores de produo nacional,
com o incremento do nmero de postos de trabalho.
Temos no Brasil um enorme potencial para aproveitar a grande
quantidade de profissionais das reas afins, tais como Engenharia Civil
e Florestal, que hoje encontram-se sub-aproveitados, dada a grande
estagnao do ramo da Construo Civil.
Um dado concreto o dficit de residncias no pas : quase setemilhes de unidades, segundo dados do Governo Federal. A maioria
das famlias que necessitam de unidades habitacionais esto
localizadas nas classes de baixa renda. Uma pequena parte refere-se
classe mdia, que tambm pode ser atendida por unidades construdas
segundo o mesmo processo, mas isto deve acontecer como uma
conseqncia da implantao do processo construtivo nas populaes
de baixa renda, e no como um dos objetivos a serem perseguidos. Nos
pases desenvolvidos, a soluo que tida como padro atende a
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classe mdia (que constitui a grande maioria da populao) e a classe
alta tambm.
Nos Estados Unidos, desenvolveu-se de tal modo o processo
construtivo, que a construo possvel de ser executada obedecendo-
se simplesmente a prescries geomtricas, que esto disponveis na
forma de um manual, logicamente direcionado a engenheiros. Trata-se
do Wood Frame Construction Manual-WFCM, 2001, ou Manual
Construtivo de Estruturas de Madeira. um manual restrito a
habitaes de dimenses limitadas, para uma ou no mximo duas
famlias. uma ferramenta simples, de fcil aplicao, e que depende
apenas de uma ambientao por parte do usurio (engenheiro) formado manual para rapidamente estabelecer a configurao estrutural
necessria construo em foco. um grande passo dado na
simplificao da construo de casas. No Brasil, o processo tradicional
de construo de casas sob encomenda reconhecidamente
trabalhoso, partindo-se para a contratao de mltiplos profissionais,
tais como o arquiteto, os engenheiros de projeto das instalaes, que
so cada um deles especializado (eletricista, hidrulico, estrutural, etc)e do engenheiro construtor.
Para as construes populares, toda esta tarefa pode ser ainda
mais simplificada. Deseja-se tratar da construo de casa populares,
que apontam no Brasil para um enorme dficit na demanda. possvel
estabelecer solues arquitetnicas padronizadas, como de fato j
feito, porm em carter regional. O estabelecimento de polticas
Nacionais, com configuraes padronizadas no processo construtivo,mesmo que com solues arquitetnicas variadas, pode ser implantado
de forma regional (Estadual ou Municipal), obedecendo-se s
peculiaridades do local. As peculiaridades so mltiplas :
disponibilidade de uma certa espcie de madeira, soluo de fundao,
clima, temperaturas mdias anuais, terrenos maiores ou menores,
relevo (plano ou inclinado), e muitos outras.
Sabe-se que no Brasil, os programas habitacionais padecem de
um reconhecimento claro por parte da populao em relao sua
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autoria. Mesmo que esta premissa seja um vetor a ser abolido, em uma
poltica habitacional sria, possvel imprimir um aspecto de autoria a
tais projetos, na forma da configurao arquitetnica das fachadas
individuais, por exemplo. Este aspecto de autoria acaba sendo uma
ferramenta que leva a populao a reconhecer a vontade de uma certa
administrao em dar nfase soluo habitacional. Se no for um
aspecto meramente eleitoral, contribui no seu aspecto global a motivar
as pessoas para esta poltica. Este projeto tem uma conotao de
causa social, e no apenas de poltica habitacional, dada a gravidade
do problema no Brasil.
Simplificar o processo como se pretende, reduzir o custo dashabitaes, estimular o aumento do atendimento da populao,
criar um crculo virtuoso de aes que levam soluo de outros
problemas sociais tambm.
O dficit habitacional na rea da populao de baixa renda deve
merecer soluo que mesmo comprometendo recursos acentuados, seja
efetivamente implementada, pois desafoga em curto e mdio prazo
outros setores de governo que so altamente solicitados, tais como acriao de emprego e a rea da sade.
2.4. Requisitos da madeira para uso na construo de
habitaes.
So bem conhecidas as propriedades da madeira, no seu aspecto
geral, pela populao, e perfeitamente definidas as metodologias para
reconhecimento numrico de tais propriedades, por parte da
comunidade tcnica e cientfica. A Norma Brasileira correspondente,
Projeto de Estruturas de Madeira, NBR7190, ABNT, agosto/1997,
especifica com propriedade tais procedimentos. Est disponvel no
Brasil uma norma de Estruturas de Madeira que se configura como
absolutamente compatvel com suas similares nos pases
desenvolvidos, no se encontrando portanto obstculos a adaptar um
processo construtivo de tanto sucesso no exterior, como o LIGHT
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WOOD FRAME. Pode ser criada uma referncia ao sistema com
termos na nossa lngua, o Portugus, e a sugesto Sistema Leve de
Casas de Madeira. O termo leve estimulador da idia de que se
trocar um sistema pesado por outro leve, mas to eficiente quanto
o outro, o que sugere um custo menor.
O que tambm pode ser posto nesta discusso o fato de que as
madeiras util izadas em pases do exterior para a construo de casas
apresentam propriedades (ver tabela 1, na pg. 20) muito similares s
madeiras que dispomos no Brasil. As principais madeiras de
reflorestamento no Brasil so o PINUS, madeira oriunda dos Estados
Unidos e o EUCALIPTO, madeira oriunda da Austrlia, trazidas eadaptadas ao nosso ambiente com muita competncia pela comunidade
tcnica e cientfica Brasileira da rea Florestal.
De maneira objetiva, podemos apontar os principais requisitos da
madeira para uso na construo de habitaes :
2.4.1- Propriedades Fsicas da Madeira
A Norma NBR7190, ABNT, 1997, aponta no seu Anexo B, a
metodologia para a determinao das principais propriedades fsicas :a umidade, a densidade, a estabilidade dimensional ou retratibilidade, e
a dureza.
2.4.1.1- Umidade
A umidade contida no interior das peas de madeira um dos
principais inconvenientes, tpicos do material, para a construo. No
s o aspecto da presena da umidade, como tambm a caracterstica
inconveniente da variao do volume da madeira em funo dapresena em maior ou menor quantidade de umidade.
A presena da umidade, gera na madeira uma srie de
problemas. Um dos mais importantes o ambiente propcio ao
aparecimento e desenvolvimento de fungos e insetos, inclusive o do
apodrecimento, com todas a suas conseqncias. um fator que
muitas vezes, para o leigo, atrapalha a viso que se possa ter da
madeira como um material efetivo de construo, com os respectivos
atributos de resistncia e durabilidade. Trata-se de adequar o produto,
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atravs de processos de secagem e estabilizao adequados, para que
o mesmo possa oferecer o desempenho esperado.
2.4.1.2- Densidade
A densidade a propriedade que vai estipular o peso da
construo de madeira, em funo do volume empregado de material.
Todas as madeiras conhecidas apresentam densidades diferentes entre
si, o que dificulta um pouco o processo de avaliao. No possvel
uma padronizao de parmetros, tal como se faz com o ao e o
concreto. Entretanto, razovel estabelecer que ao estipular um
processo como o que pretende este projeto, trabalhe-se com umuniverso de espcies de madeira muito reduzido, abrangendo duas,
trs ou no mximo quatro espcies diferentes de madeira.
2.4.1.3- Retratibilidade
A retratibilidade da madeira o atributo que a mesma possui de
variar o seu volume, em funo da variao do teor interno de umidade.
Sabendo-se que mesmo o ambiente normal de util izao dasconstrues possui graus variveis de umidade no ar, tais variaes
podem ser incorporadas ou desincorporadas madeira, propiciando
variaes de volume. No entanto, um atributo que pode ser
controlado devidamente, por meio do estabelecimento de um teor
adequado prvio, atravs de secagem natural ou artificial, e tornado
constante, pela estabilizao das superfcies, por meio de pintura ou
tratamentos equivalentes.
2.4.1.4- Dureza
A dureza a propriedade que reflete o comportamento da
madeira, quando solicitada por aes que tendem a deform-la
dimensionalmente. como outras propriedades, indicativa de usos que
se pretendem dar madeira, esperando um desempenho adequado
naquelas circunstncias.
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Existem ainda outras propriedades fsicas da madeira, que variam
de espcie para espcie, e que seu conhecimento contribui para um
uso racional da mesma. So elas:
2.4.1.5- Resistncia ao fogo
Resistncia da madeira ao fogo, cuja atribuio nem sempre
reconhecida pelos usurios da madeira, leigos ou tcnicos. A madeira
possui boa capacidade de resistir s temperaturas elevadas,
contribuindo em certas circunstncias de incndio, para promover a
ocorrncia de um tempo razovel entre o comeo do mesmo e a runa
do material. Por menor que seja este intervalo, se ele ocorrer, podepropiciar a evacuao da construo. Nas casas de madeira, talvez a
maior preocupao de carter tcnico existente, nos pases que j
consagraram esta soluo, est relacionada possibilidade de fogo. As
instalaes eltricas, se forem sobrecarregadas, podem induzir a
ocorrncia de altas temperaturas que em seqncia levam ao incndio.
Desde logo, positivo relatar que a sobrecarga na rede eltrica
conseqncia de desinformao do usurio : mantidas as previsesiniciais do projeto, o uso da eletricidade no deve ocasionar maiores
problemas, as alteraes e incremento de util itrios na construo
que promovem a ocorrncia de problemas. No temos no Brasil uma
cultura adequada de manuteno das construes, muito menos de
adequao a alteraes promovidas no uso das mesmas. um
problema que deve ser resolvido de forma tcnica : como so imveis
de carter popular, e que tero um correspondente financiamento, ouso do imvel originalmente projetado, com as finalidades previstas
deve ser fiscalizado, no s no sentido de promover uma conscincia
de manuteno, para garantir a sua durabilidade, mas tambm
educativa, ressaltando a inconvenincia de eventuais ampliaes ou
alteraes no controladas.
O trabalho Anlise de Normas de Projeto para Estruturas de
Madeira considerando a resistncia ao fogo MORAES et al, 2000,
mostra a comparao entre os critrios de Normas Internacionais
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(Francesa, Americana, Britnica e Australiana), para a considerao do
efeito do fogo. No Brasil, estas Normas so inexistentes, mas fica
demonstrado no trabalho referido a possibilidade de adoo daqueles
critrios em nosso pas.
2.4.1.6- Resistncia qumica
Resistncia qumica, que tem se revelado um atributo muito
conveniente da madeira, principalmente nas aplicaes industriais, em
que a presena de gases cidos atacam as estruturas que no so de
madeira. Esta qualificao natural da madeira a coloca como fator
decisivo na escolha do material, em determinadas construes.
2.4.1.7- Durabilidade natural
Durabilidade natural, que pode ser assegurada atravs de um
manejo adequado do material em termos de Engenharia Florestal, cuja
comunidade cientfica domina o conhecimento do comportamento das
vrias espcies existentes no Brasil. Tratamentos preservativos
aumentam consideravelmente tal propriedade, assim como uma grandeajuda pode ser dada quando o projeto torna as situaes crticas em
termos de durabilidade da madeira menos vulnerveis. um bom
exemplo desta situao o projeto adequado de paredes e acabamentos
externos que encaminham naturalmente eventuais acmulos de gua da
chuva, aumentando a durabilidade.
2.4.2- Propriedades Mecnicas da MadeiraA Norma Brasileira tambm aponta no seu Anexo B, a
metodologia para a determinao das principais propriedades
mecnicas, a saber : resistncias compresso paralela e normal s
fibras, resistncias trao paralela e normal s fibras, resistncia ao
cisalhamento, fendilhamento, flexo e embutimento. A tabela 1, na
pgina 20 e grficos 1 a 4, na pgina 20, mostram as respectivas
propriedades mecnicas de duas espcies de PINUS e duas espcies
de EUCALIPTO.
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fcok
(daN/cm2)
ftok
(daN/cm2)
fvok
(daN/cm2)
Ecom
(daN/cm2)
Pinus taeda 310 580 54 133.040
Pinus elliotti 282 462 52 118.890Eucalyptus citr iodora 434 865 75 184.210
Eucalyptus grandis 282 491 49 128.130
TABELA 1 PROPRIEDADES MECNICAS DE MADEIRAS
0
100
200
300
400
500
fcok - daN/cm2(RESISTNCIA COMPRESSO)
GRFICO 1
pinus taeda
pinus elliottii
eucalytuscitriodora
eucalyptusgrandis
0200
400
600
800
1000
ftok - daN/cm2(RESISTNCIA
TRAO) GRFICO 2
pinus taeda
pinus elliottii
eucalyptuscitriodora
eucalyptusgrandis
010
20304050607080
fvok - daN/cm2(RESIST. AO
CISALHAMENTO)GRFICO 3
pinus taeda
pinus elliottii
eucalyptuscitriodora
eucalyptusgrandis
0
50.000
100.000
150.000
200.000
Ecom - daN/cm2(MDULO DE
ELASTICIDADE)GRFICO 4
pinus taeda
pinus elliottii
eucalyptuscitriodora
eucalyptusgrandis
fonte : NBR-7190 ,ABNT,1997
2.4.2.1-Resistncias compresso
As resistncias compresso paralela e normal s fibras, e queservem de base para o clculo da resistncia compresso inclinada
s fibras, so uma das propriedades mecnicas mais mobilizadas no
tipo de construo que abordamos, as unidades habitacionais pelo
processo construtivo LIGHT WOOD FRAME. O processo trabalha com
montantes de pequena seo transversal, mas que recebem cargas
reduzidas, dada a distribuio das mesmas por todas as paredes. Estes
montantes so solicitados compresso paralela s fibras. A ao do
vento, que transversal, dimensionada para ter estabilidade
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compresso e trao das paredes verticais, consideradas como um
painel, devidamente amarradas nos seus cantos.
2.4.2.2- Resistncias flexo e cisalhamento
As resistncias flexo e cisalhamento sero mobilizadas pelas
peas componentes das lajes, ou seja, caibros ou vigas e painis,
funcionando predominantemente estas solicitaes.
2.4.2.3- Resistncia ao embutimento
A resistncia ao embutimento, que a resistncia ao
esmagamento da madeira nas ligaes, na rea de contato com ospinos das mesmas, ser util izado no critrio de dimensionamento das
unies.
Todas estas propriedades mecnicas so suficientemente
elevadas, para resistir s tenses que se geram nas peas das
construes.
A propsito destas afirmaes, uma comprovao matemtica
mostrada no item 4.1, pg. 53, deste trabalho.De qualquer modo, saliente-se que a classe de resistncia
estabelecida na norma NBR-7190 , ABNT, 1997, para as Conferas, na
sua classificao mais baixa, ou seja, classe C-20, fornece valores
caractersticos de resistncia compresso paralela s fibras, da
ordem de 20 Mpa (200 daN/cm2). So valores considerveis, levando
em conta que o concreto, tambm na sua classificao de resistncia
mais baixa, da mesma ordem : C-20 (200 daN/cm
2
).
2.4.3- Propriedades Trmicas da Madeira
A madeira tem reconhecidas propriedades de condutibilidade
trmica, quando comparada com outros materiais. Para as Conferas,
valores mdios para a condutibilidade trmica so equivalentes
a )C.hora.mkcal(100,0 o2 . O concreto tem valores da ordem de
)C.hora.mkcal(200,1 o2 , enquanto que o material cermico apresenta
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)C.hora.mkcal(700,0 o2 . Como se v, so valores muito significativos os
da madeira. O que no se compara muitas vezes so as espessuras
construtivas equivalentes. Uma parede de alvenaria de quinze
centmetros de espessura no pode ser comparada a uma parede de
tbuas de dois centmetros. No processo construtivo em foco, LIGHT
WOOD FRAME, as paredes so duplas, com painis externos e
internos, separados por um vo livre da ordem de 10 centmetros, que
pode eventualmente at ser preenchido com materiais que aumentem
consideravelmente o isolamento. Nos pases em que este sistema
construtivo adotado, a injeo de espuma de poliuretano, entre outros
materiais, proporciona conforto trmico interno adequado, mesmo para
temperaturas externas da ordem de vinte graus centgrados negativos
ou at menos. Efetivamente, conforto trmico no um problema
incontornvel nas construes de madeira.
De acordo com SUGINOHARA,1985, possvel estabelecer
condies fsicas na construo da casa de madeira, que melhoram em
muito as condies de conforto interno, em funo das condies
climticas do local de implantao.
2.4.4- Propriedades Acsticas da Madeira
A madeira no apresenta propriedades de isolamento acstico to
acentuados como outros materiais util izados nas construes
convencionais aqui no Brasil. Talvez esta caracterstica venha a ser o
maior desafio para implantao do processo que este projeto prope.
No entanto, a finalidade deste trabalho a busca por soluo paramoradias populares, que se constituem na grande demanda existente
no pas, e que esta parcela da populao, hoje habita construes
muito precrias, at mesmo em favelas, onde barracos improvisados
so a soluo que est estabelecida para tal populao. Tais
habitaes oferecem, efetivamente, isolamento acstico precrio. No
se trata de justificar uma m soluo baseados na existncia de uma
situao anterior que j inadequada, mas apenas de buscar
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caracterizao para o problema, tornando o fato aceitvel ou no,
baseados em premissas, tais como, a referncia das construes
praticadas no exterior, que no consideram este fator como obstculo
preponderante. H, nos pases do exterior, uma aceitao cultural
deste inconveniente, e que se resolve atravs de auto-educao ou
educao dirigida, no nosso pas, indispensvel ao sucesso do projeto.
Tambm importante assinalar que a soluo proposta vai incorporar
uma delimitao de espaos internos (atravs da arquitetura) que j
um grande salto na qualidade de vida das pessoas que compem a
faixa de renda a que se destinam estas moradias. Quase sempre, esta
populao convive em unidades familiares em que filhos de idadesmuito diferentes convivem em um mesmo dormitrio, at mesmo com o
casal. A simples delimitao da famlia em espaos mais apropriados j
traz uma grande evoluo no aspecto da convivncia, sendo que a
soluo acstica, pode perfeitamente ser postergada para uma fase
posterior da implantao deste projeto. A soluo oferecida contempla
anseios de melhoria na acomodao das famlias de baixa renda.
2.5. A madeira como alternativa na construo de
habitaes.
A madeira uma alternativa econmica na construo de
moradias no Brasil; tanto isto verdade que muitas vezes, a primeira
casa de uma famlia das classes de renda mais baixas no Brasil uma
casa de madeira. Em outras faixas de renda, h uma opo pelo
aluguel de um imvel, de padro mais elevado, em detrimento da
aquisio da casa prpria. No se pode esquecer que, em um passado
no muito distante, a maioria das casas no Brasil eram de madeira, e
somente as famlias abastadas desfrutavam da soluo das casas de
alvenaria. A modernizao do estilo de vida e da produo no Brasil,
encarregaram-se de refutar a soluo da casa de madeira, sob a
pretensa alegao de que no seria possvel industrializar a
construo. Esta motivao infundada, o processo industrializado de
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construo de casas de madeira muito mais rpido, limpo, eficiente e
econmico que o processo das casas de alvenaria.
Nos Estados Unidos, pas onde o desenvolvimento da soluo da
casa em madeira mais se desenvolveu, de acordo com DOMEL
JR,1997, mais do que duas em trs casas so de madeira.
A casa de madeira muito mais leve do que a construo
convencional de alvenaria de tijolos, da ordem de 70%, o que
possibilita solues de fundao muito mais econmicas. Levando em
conta o fato de que os terrenos que so destinados s moradias
populares no Brasil so as reas mais desvalorizadas, em terrenos
baixos quanto sua topografia, com presena de umidade, o pequenopeso passa a ganhar uma conotao ainda mais significante no aspecto
econmico.
No Brasil, os principais processos construtivos em madeira so,
em primeiro lugar, o sistema tradicional de paredes de tbuas
justapostas, seladas por uma ripa de vedao, colocadas verticalmente.
Em segundo lugar, vem o sistema de pr-fabricao de colocao de
montantes preenchidos por tbuas horizontais (sistema canadense). Afigura a seguir ilustram tais solues :
FIGURA 2
PRINCIPAIS PROCESSOS CONSTRUTIVOS EM MADEIRA
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O primeiro proceso o mais util izado no Brasil para a construo
de casas de madeira. Apresenta como grande inconveniente a pequena
espessura das paredes, o que no permite um adequado isolamento
trmico, imprescindvel no clima variado do Brasil : temos temperaturas
variando de altas a baixas, dependendo da estao e da localizao, o
que requer solues mais consistentes. Um aspecto desta soluo, que
tambm ajudou a rotul-la como soluo pobre, foi o fato de que
sempre se util izou a madeira bruta simplesmente serrada, sem
qualquer tipo de preocupao com a durabilidade, com um tratamento
preservativo qualquer. Aps pequeno tempo de uso, o apodrecimento
da madeira, que recebe o contato direto da chuva, comea a acontecer.O segundo sistema uma adaptao do sistema praticado em
outros pases, conhecido como canadense em que se usam troncos
macios. um sistema muito superior ao mostrado anteriormente, que
fornece um razovel isolamento, em que os espaos entre peas so
vedados, mas que no Brasil no construdo com madeira tratada:
usam-se Dicotiledneas, para tentar evitar o tratamento da madeira, e
com isto aparecem uma srie de inconvenientes: empenamentos, cheirodesagradvel de algumas espcies, dificuldade de funcionamento de
esquadrias, causada pela retratibilidade da madeira ao secar
naturalmente, dentre outros.
No se trata de denegrir solues existentes, mas de caracterizar
adequadamente sob o ponto de vista tcnico, os processos construtivos
existentes no pas, na busca de solues mais adequadas s nossas
necessidades.No exterior, os principais sistemas construtivos so os j
mencionados, LIGHT WOOD FRAME e LOG HOUSE,
respectivamente estrutura leve de madeira e casa de troncos, numa
tentativa de traduo literal. O grande diferencial de tais sistemas em
relao aos que so praticados no Brasil o uso de Conferas tratadas
e preservadas, alm de se constiturem exclusivamente em espcies
reflorestveis. Como o peso das construes de madeira
significativamente mais baixo, a resistncia das peas estruturais de
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madeira no necessita ser muito elevada, o que vem perfeitamente ao
encontro dos atributos das Conferas.
FIGURA 3- ASPECTOS DA PAREDE ESTRUTURAL DA
CONSTRUO NO PROCESSO FRAME
2.6. Vantagens e Desvantagens do Processo Constru-
tivo em Madeira.
A construo de madeira apresenta muitas vantagens em relao
ao sistema convencional de alvenaria de tijolos :
A principal delas o fator econmico, a casa de madeira
produzida industrialmente pode ser significativamente mais barata que
a convencional. Apesar da necessidade de secagem adequada e
tratamentos preservativos, a produo em srie revela-se
economicamente vivel.
Uma outra vantagem de enorme valia a praticidade da
adaptao da casa para novas configuraes, como por exemplo, a
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incluso de mais um cmodo. uma operao que no implica nos
transtornos habituais na soluo de alvenaria de tijolos : alm de
rpida, a interveno causa menos resduos. Este aspecto pode
parecer irrelevante mas deve ser avaliado com bastante cuidado : a
populao de baixa renda apresenta estatisticamente uma tendncia a
constituir famlias maiores, e a oportunidade da aquisio da casa
prpria nem sempre contempla a soluo desejada de espaos, tanto
no presente como no futuro. As classes economicamente mais
privilegiadas podem dar soluo a este problema com relativa
facilidade, como a troca do imvel por outro maior, o que j no ocorre
com as demais. Como se percebe, a questo habitacional deve serencarada como fator de promoo social, de cidadania, e no apenas
como foco de interesse comercial, pela sociedade organizada.
Uma caracterstica muito relevante, apontada como vantagem, a
possibilidade de manuteno ser feita pelos prprios usurios nas
construes de madeira : eventuais trocas de revestimento ou
esquadrias podem ser executadas com facilidade por leigos,
especialmente quando se tratarem de edificaes padronizadas, e quepossuam por esta caracterstica peas de reposio disposio dos
mesmos com certa facilidade e a preos acessveis. Com especial
interesse podemos apontar a facilidade de transporte que apresentam
os produtos de madeira para a manuteno das casas : sendo leves,
podendo vir desmontados, veculos convencionais podem servir de
meio de transporte at o local.
Outro aspecto importante do desenvolvimento de uma polticahabitacional que use o processo construtivo em madeira, o
aparecimento de muitos profissionais carpinteiros, o que eleva
sensivelmente o nvel profissional dos trabalhadores na construo.
muito freqente na mdia a informao de que a construo civil uma
grande empregadora de mo de obra desqualificada, no sentido de que
fcil criar muitos empregos com o estmulo da mesma. fcil criar
muitos empregos porque os salrios na Construo Civil so baixos.
Esta idia uma distoro que se apregoa relativamente a polticas de
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emprego e promoo social no Brasil. muito caracterstica a
circunstncia que pode ser observada nos trabalhadores da Construo
Civil em pases desenvolvidos : sua condio social e econmica
compatvel com trabalhadores de outros setores tambm muito
importantes da Economia, como o comrcio e a indstria, fato que no
se observa no Brasil.
Uma vantagem que tambm no desprezvel a grande
diferena de cargas para a fundao na soluo de madeira,
comparativamente soluo convencional. As cargas na fundao da
casa de madeira so da ordem de 150 quilos por metro quadrado,
contra 400 quilos por metro quadrado na soluo convencional. Sabe-se muito bem que a caracterstica dos terrenos destinados
construes populares no Brasil so, via de regra, terrenos com
caractersticas menos favorveis em termos de soluo de fundao,
razo pela qual, uma substancial reduo de cargas ajuda
grandemente. Tais terrenos so geralmente menos favorveis porque
os melhores terrenos so sempre escolhidos para empreendimentos
destinados a faixas da populao com poder aquisitivo mais elevado. Asoluo de fundao que se pretende padronizar o radier, ou seja
uma laje de pequena espessura, que alm de promover baixas tenses
de contato com o terreno, favorecendo a fundao, tambm traz para a
obra uma limpeza muito favorvel para as etapas seguintes da mesma.
A ausncia de terra entre os baldrames ou sapatas corridas, que se
constituem na soluo convencional, faz com que a execuo das
paredes, que se constituem tambm na estrutura principal da casa,possa ser executada com grande facilidade.
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Outra grande vantagem que aparece no processo construtivo de
madeira a prpria confeco das paredes, que so pr-montadas
atravs dos painis constitudos dos montantes e peas da base e do
topo, conforme se observa na Figura 4.
FIGURA 4- TCNICA DE CONFECO DE PAREDES EM PAINIS
A montagem feita com a fixao na base e amarrao lateral
entre painis paralelos e transversais. A fase seguinte a fixao dos
painis externos aos montantes. O fechamento interno s feito aps
as instalaes eltrica e hidrulica terem sido executadas. No h
necessidade de quebrar a parede executada, como na soluoconvencional, bastando instalar os dutos hidrulicos, passantes pelos
montantes, e a fiao eltrica, que no requer os eletrodutos.
A construo de madeira no necessita do tempo de cura para as
partes de concreto, de alvenaria, e dos respectivos revestimentos, tais
como emboo, reboco e calfino, para s depois aplicar a pintura. Todo
este tempo ganho reverte como uma acelerao sensvel no processo
construtivo. As sobras de material no processo em madeira so muitopequenas (provindas de furos nos montantes e no gesso, que se
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constitui no acabamento interno das paredes), e facilmente
removvel, o que no acontece com as sobras de concreto, emboo,
reboco e calfino do processo convencional. O recorte das chapas e da
madeira macia pode ser feito em fbrica e os restos, reaproveitados.
significativo o fato de que as amarraes entre painis e
instalao das placas externas se faz por pregao com ferramentas, e
no manualmente, acelerando o processo.
Enumerando as vantagens do processo construtivo em madeira,
salientamos o impacto ecolgico favorvel da soluo, em relao
construo com concreto e alvenaria, j que a madeira a ser usada o
PINUS OU EUCALIPTO, reflorestveis e j disseminados em nossoestado. O processo convencional usa o cimento, a brita e o ao para
confeco do concreto, materiais que causam enorme impacto
ambiental negativo, com dispndio muito grande de energia. No caso
dos tijolos no menos importante o impacto ecolgico negativo. As
plantaes de PINUS e EUCALIPTO para reposio florestal so uma
disciplina que dispe de vasta tecnologia e experincia por parte da
comunidade florestal no Paran, o que no representa entrave, maspelo contrrio, constitui-se em fator de desenvolvimento de aptides
nesta matria. Existe uma aspirao antiga, no interior das instituies
que esto afetas construo de moradias populares no Paran, tal
como a Companhia de Habitao do Paran COHAB, de encontrar
uma soluo em madeira para elas. At agora, no se configurou nos
estudos desenvolvidos uma soluo que tivesse os requisitos
pretendidos para tais moradias, principalmente a durabilidade. Adurabilidade fator preponderante para um imvel que ser financiado
em perodos de at vinte e cinco anos. A soluo que este estudo
oferece com o uso de madeira autoclavada, tratada adequadamente,
no sentido de garantir a durabilidade desejada, tal como se faz na
Amrica do Norte e Europa, nos pases que usam esta soluo como
padro para as moradias. O processo de tratamento e secagem da
madeira um processo que pode ser inclusive certificado, para dar
margem a aceitao do produto final por parte de instituies como a
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prpria Caixa Econmica Federal, que o orgo repassador de
recursos para a maioria dos empreendimentos que envolvem programas
de habitaes populares. Os painis estruturais de fechamento externo,
que podem ser os painis OSB (Oriented Strand Board) ou chapas de
madeira compensada, podem ter a sua certificao de qualidade
quanto ao processo industrial, o que facilitaria grandemente a
aceitao por parte da Caixa Econmica Federal. Todos os demais
produtos a serem usados tm a mesma configurao que os produtos
da soluo convencional, o que no pode representar novos
obstculos.
Mais importante ainda, o fato de que alguns dos materiais queso usados na soluo convencional, tais como a madeira da estrutura
de cobertura, ou a madeira das esquadrias, no so madeiras tratadas,
portanto no certificadas, mas so aceitas no s pela Caixa
Econmica Federal como tambm pelos rgos oficiais, tais como a
COHAB . ste fato, da maior importncia, no deve ser explorado como
falha de procedimento, muito mais uma contribuio ao
aprimoramento de uma metodologia que se reveste da maior nobrezano contexto poltico das aes governamentais.
Outra vantagem que no deve ser menosprezada o fato de que
a soluo em madeira oferece grande maioria dos usurios, a
facilidade de promover pequenos consertos, e at mesmo ampliaes,
por ser um processo que aprendido pela simples observao.
Havendo uma realizao macia de construes do tipo Frame,
certamente haver um comrcio paralelo de produtos inerentes aoprocesso, que se agregar ao cotidiano dos usurios, tal como
acontece nos bairros de periferia, onde pequenas lojas de comrcio de
material de construo sempre esto presentes em grande quantidade,
o que facilitar os procedimentos que acabamos de apontar. Alm
disto, os materiais bsicos requeridos, que so de madeira, so de
pequeno peso, comparados aos materiais da construo convencional,
que exige muitas vezes at transporte especfico.
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Como grande vantagem ainda, pode-se apontar a possibilidade de
se fazerem melhorias significativas no desempenho da construo em
termos de isolamento trmico, fato que no se verifica na mesma
amplitude na construo convencional. Havendo em certas regies
gradientes de temperaturas que escapam para cima ou para baixo das
mdias previstas, possvel a introduo de materiais isolantes, por
aplicao atravs de pequenas aberturas, no vazio gerado entre os
fechamentos externo e interno das paredes. Isto pode ser feito at
mesmo tempos depois da construo da casa, na busca por melhorias
da edificao. Esta possibilidade praticamente inexistente na soluo
convencional, a no ser na regio da cobertura, onde isolantestrmicos podem ser aplicados sob as telhas, sobre o forro. possvel
melhoria das condies de um dos cmodos apenas, com a aplicao
respectiva do isolante. No quadro da Sade Pblica, um fator de
grande exigncia de recursos o tratamento de tais doenas, nas
camadas de baixa renda. possvel at mesmo estabelecer parmetros
financeiros que relacionem o custo de tais melhorias na habitao, com
os custos de tratamento de moradores de casas populares.
2.7. Uso de Painis de Madeira Reconstituda para Edi-
ficaes.
O uso de painis de madeira nas construes uma util izao
largamente verificada nos dias atuais. No Brasil, o comeo do uso deu-
se atravs da implantao de indstrias de chapas de madeira
compensada, produto que se disseminou no mercado, dadas as suas
caractersticas de praticidade e agilizao da Construo Civil. um
produto que depende de toras com dimetro suficientemente grande
para possibilitar a retirada das lminas, atravs do processo de
desdobro em tornos laminadores. No de se desprezar, no entanto, o
fato de que existem pelo menos trezentas indstrias no pas,
produzindo chapas com um grau de qualidade compatvel com as
necessidades que so bastante variadas : desde chapas para uso como
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formas de concreto at compensados navais. Sendo assim, a indstria
da Construo Civil est impregnada pela soluo vigente, e nota-se
uma certa relutncia em substituir o produto por outro mais
contemporneo. Trata-se de algo muito semelhante com o que
acontece com as habitaes de madeira em relao s de alvenaria de
tijolos. Mesmo que novas solues revelem-se mais eficazes, o
mercado reluta em adot-las. A soluo que o objeto deste estudo,
comporta perfeitamente o uso de chapas de madeira compensada no
fechamento externo das paredes. Alis, esta foi a soluo que se
adotou at recentemente, nos pases que usam o sistema LIGHT
WOOD FRAME, sem que as chapas apresentassem qualquer problemade desempenho que no pudesse ser adequadamente resolvido. H
uma variedade bastante grande de espcies de madeira que so
utilizadas na fabricao de chapas de madeira compensada: desde as
Dicotiledneas at Conferas, que possuem vastas reas de plantio no
Brasil. Tambm indispensvel que se qualifique o tipo de cola
empregado : colas naturais e sintticas, com especificaes variadas,
dependendo do uso a ser dado s chapas, devem ser escolhidas emconcomitncia ao tipo de madeira. A estabilidade das colas fator
determinante da qualidade do produto final : a propriedade que a
colas possuem de no sofrerem perda de capacidade quando da
presena de umidade. Um exemplo bastante significativo destas
questes o compensado naval, fabricado com madeira resistente e
cola estvel e resistente, suficiente para que a chapa possa at ser
usada submersa, sem perda de suas caractersticas estruturais.J as placas OSB (Oriented Strand Board), so painis que
surgiram para ocupar espaos que as chapas de madeira compensada
no conseguiram, especialmente na questo matria-prima : a
produo de OSB usa partculas de madeira de pequenas dimenses,
sem a necessidade de se contar com dimetros suficientemente
grandes para atender ao processo de corte de lminas. Este tipo de
painel comeou a ser util izado no Brasil somente a partir de 1990,
atravs da importao da Argentina e Chile principalmente, vizinhos
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prximos do Brasil. A partir do final de 2001 tivemos o incio da
produo no Brasil de tais chapas, e imediatamente foi possvel
observar uma crescente adeso do mercado ao novo produto, dadas as
suas aptides quanto ao desempenho, se comparado com a chapa de
madeira compensada. Os painis OSB revelam-se gradualmente,
medida que aumenta a escala de produo, cada vez mais
convenientes economicamente. Os atributos de desempenho a que nos
referimos so a sua estabilidade dimensional (no h variaes
significativas nas suas dimenses), capacidade estrutural (resistncias
mecnicas), resistncia ao fogo, resistncia aos ataques de fungos e
insetos, isolamento trmico e acstico. Mantm-se em comum com osdemais tipos de chapas a facilidade em trabalhar, desdobrar e demais
operaes.
Por sua vez, as placas cimentcias, que so compostas por uma
mistura de cimento especial e partculas de madeira, apresentam
caractersticas superiores s demais, quanto ao seu desempenho. So
uma tima soluo para a casa de madeira, nas reas molhadas, onde
o desempenho frente umidade superior aos demais tipos de painis.O seu custo, no entanto, bastante elevado, por ser um produto
importado, que ainda no fabricado no pas.
Outros tipos de painis de madeira existem, so tambm
fabricados no Brasil, mas como o caso das chapas de aglomerado,
dadas as suas ms caractersticas estruturais e de estabilidade,
acabam no tendo aplicao na Construo Civil.
Os painis de madeira mencionados anteriormente tm suautilizao configurada na casa de madeira no s como fechamento
externo de paredes (funo estrutural de amarrao dos frames),
como tambm na composio de lajes de piso, apoiadas em vigas,
quando se tratarem de construes de dois pavimentos ou mais. Este
estudo est focado na casa de madeira popular, em que a soluo na
maioria das vezes corresponde a casa trrea, mas isto pode
eventualmente no acontecer, notadamente nos casos em que as reas
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de terrenos destinadas implantao das mesmas tm dimenses
reduzidas.
Outro elemento que deve ser considerado na soluo de lajes de
piso a util izao de perfis I, compostos de madeira. J existe no
mercado Brasileiro este produto, que acabar trazendo praticidade ao
sistema construtivo em madeira, j que os perfis so completos,
compostos por laminas de madeira coladas longitudinalmente, com as
fibras no mesmo sentido.
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3. Materiais e Mtodos
3.1. O Projeto de Casa Popular de Madeira.Ser apresentado a seguir a definio do projeto para casaspopulares, destinadas a populao de baixa renda, incorporando os
conhecimentos que j esto consagrados no Estado do Paran, tais
como organizao dos espaos internos e aspecto externo
(arquitetura). Ser adotado como referncia o sistema praticado
principalmente nos Estados Unidos, onde a tcnica vem se
desenvolvendo h mais de cem anos, conhecido como LIGHT WOOD
FRAME. So conhecidos muitos estudos que j se fizeram no sentido
de aproveitar a grande vocao que nosso pas tem para a util izao
da madeira na Construo Civil, sem que tenha havido uma
repercusso adequada. Consideramos que no houve at aqui a
caracterizao nos estudos realizados, de um enfoque marcadamente
sob o ponto de vista da Engenharia Civil, fato pelo qual escolhemos
este tema, retomando um assunto que muitas vezes considerado nos
meios oficiais, nos diversos organismos habitacionais oficiais, como
assunto recorrente, sem perspectiva de viabilizao econmica.
Foram excees estudos como o realizado no Instituto de
Pesquisas Tecnolgicas IPT, do Estado de So Paulo, para a cidade
de Campos do Jordo, LIMA,1988. O estudo foi feito para suprir a
demanda por habitaes de interesse popular, naquela cidade, devido
grande demanda existente. Resultou o estudo em um grande projeto de
implantao efetiva de unidades habitacionais construdas com madeira
de PINUS autoclavada e tratada. O processo construtivo adotado foi o
chamado sistema de vedao, com painis estruturando as paredes, e
revestidos externa e internamente por tbuas. Uma peculiaridade do
projeto a acentuada irregularidade nos nveis topogrficos dos
terrenos de implantao, o que gerou uma arquitetura com vrios nveis
diferentes no piso interno das casas. Acompanhando a arquitetura, a
estruturao da construo tambm requereu soluo em nveis
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variados. Esta referncia importante para se salientar que mesmo em
implantaes com dificuldades de ordem topogrfica, o processo
construtivo em foco prov solues adequadas. Este projeto, pelo seu
pioneirismo, referncia importante nos estudos que se faam da
soluo de casa de madeira, porque mostrou, atravs da construo em
grande escala, a sua viabilidade tcnica e econmica.
O que se observa dos estudos que j foram feitos da casa de
madeira, a deciso de determinadas administraes atenderem s
expectativas que cada vez mais esto se criando na conscincia
ecolgica das pessoas : como usar a madeira na Construo Civil, para
o atendimento da questo da moradia de interesse social. Mas o quetem efetivamente impedido a implantao de programas habitacionais
com esta soluo a falta de uma comprovao nos dias atuais, da
viabilidade tcnico-econmica, e no apenas ecolgica da construo
de madeira. notvel que na grande maioria dos estudos j realizados,
a participao principal de Arquitetos ou Engenheiros Florestais, que
demonstraram a viabilidade tcnica, mas com falta de concluso
econmica, que possivelmente o engenheiro Civil pode trazer. Repita-se que em absoluto no se trata de diminuir o mrito de trabalhos
anteriores com as caractersticas apontadas. Tais trabalhos
efetivamente so a base de nosso estudo, partindo das concluses a
que j se chegou, e implementando uma soluo que atenda no s os
requisitos de Arquitetura, mas tambm oferecendo a soluo de
Engenharia, estrutural e construtiva, com um custo que possa se
equiparar ao da construo praticada como convencional atualmente noBrasil.
Este trabalho mostra a viabilidade tcnica e econmica que por
diversas razes, anteriormente no foi possvel encontrar. A concluso
que dispomos hoje de processos construtivos e principalmente
produtos que possibilitam a casa de madeira vivel economicamente.
Ser descrita, a partir deste ponto, a configurao relativa a uma
casa popular de madeira, tomando por base uma soluo que j existe
na COHAPAR, Companhia de Habitao do Paran, e j est
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consagrada como soluo arquitetnica adequada, sob a especificao
de CF-40 . Trata-se de uma casa com dois dormitrios, banheiro,
sala/cozinha e uma varanda frontal, totalizando quarenta metros
quadrados aproximadamente. Tomaremos como referncia esta
configurao, dentre outras existentes na COHAPAR, por julg-la
representativa de casa para uma famlia de baixa renda. A concluso
obtida, passvel de ser extrapolada para outras configuraes.
Pretende-se um estudo e principalmente uma concluso que
tenha um carter regional (o Estado do Paran, na verso da
COHAPAR), e que possa ser extrapolado para outras regies do pas.
Sem dvida, esta abrangncia para outras regies do pas no se fazsem alterao nas configuraes : regies muito frias ou muito quentes
devero contemplar nas suas solues providncias que atenuem ou
contornem as dificuldades decorrentes. Mas esta adequao, de
qualquer modo, uma adequao que sempre ter que ser feita nas
respectivas regies do pas.
Mostra-se a seguir, na figura 5, a planta da casa padro CF-40 da
COHAPAR, composta por dois dormitrios, banheiro, cozinha e salasconjugadas, alm de uma pequena varanda frontal. A escolha deste
modelo foi feita pela grande abrangncia que o projeto arquitetnico
pode proporcionar a famlias de baixa renda ou carentes, no
esquecendo que muitas vezes tais famlias podem conter um nmero
razoavelmente maior de componentes que esta soluo propicia. A
discusso do tamanho das famlias, a convenincia de uma casa com
apenas dois quartos, e outras questes sociolgicas no so o foco daargumentao desenvolvida. importante ressaltar que os prprios
programas habitacionais oficiais no contam apenas com a soluo de
dois quartos nas casas populares. O que mais importante discutir e
chegar a uma concluso, o fato de que deseja-se encontrar a
resposta para a pergunta : possvel construir casas de madeira de
interesse social a custos inferiores aos da soluo com alvenaria
de tijolos?
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A resposta a esta pergunta no se esgota na afirmativa que
obteremos ao final deste trabalho, importante cercar a mesma de
outras informaes : possvel construir a casa de madeira
popular de madeira, com caractersticas tcnicas equivalentes de
habitabilidade soluo de tijolos ?
Para que se consiga determinar com preciso a resposta
pretendida, passa-se a detalhar alguns dos aspectos que caracterizam
a soluo escolhida como referncia para este trabalho.
No se trata em absoluto de uma casa com luxo e conforto. O que
se estabelece como parmetros fundamentais a existncia de uma
organizao razovel de espaos, dentro de uma limitao de reanecessria para atingir um baixo custo por unidade, no sentido de que
se consiga implantar o maior nmero possvel de unidades para
disponibilizar populao-alvo.
O que se observa na planta geral da casa, na figura 5, a
existncia de dispositivos mnimos de util itrios : tanque externo de
lavar roupa, chuveiro no banheiro, pia na cozinha e alguns poucos
pontos eltricos distribudos na mesma. A existncia da varanda umaspecto que valoriza muito a habitabilidade e a auto-estima dos
ocupantes, fatores que incrementam a cidadania dos mesmos. O objeto
de discusso uma soluo que muitas vezes servir para retirar
famlias de habitaes muitssimo precrias sob qualquer ponto de
vista, tais como barracos de favela ou at mesmo abrigos sob pontes
e viadutos. neste sentido que relevamos o fator cidadania, que a
obteno de uma moradia to simples deve trazer aos seus ocupantes.
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FIGURA 5- PLANTA GERAL DA CASA CF-40 DA COHAPAR
Pode-se observar no oramento comparativo, na tabela 2,
localizada no tem 4.2, pg. 58, muitas das especificaes que cercam
tal construo. Na construo desta planta com madeira, no caso deste
estudo, a madeira de PINUS, com oferta razovel no Estado do Paran,
sero adotadas especificaes semelhantes, como se pode observar
inclusive pela igualdade de preos de um nmero muito grande de
materiais.
As diferenas mais importantes esto localizadas nas paredes da
casa, que ao invs de serem construdas com tijolos e cintas de
concreto, o so com painis de caibros de PINUS e chapas de
revestimento externas e internas respectivamente de madeira e de
gesso acartonado.
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3.1.1. FUNDAO DA CASA DE MADEIRA
A fundao destas casas de madeira vm atender um requisito
que se julga da maior importncia na execuo de conjuntos
residenciais com nmero grande de unidades, ou seja, uma execuo
padronizada. A soluo de um radier, que uma laje nica apoiada
diretamente sobre o terreno, com a geometria que se observa na figura
6 :
FIGURA 6- ASPECTO DO RADIER DE FUNDAO
No contorno da laje de fundao, executa-se uma viga com trinta
centmetros de altura, para criar o desnvel do interior da casa para o
exterior, evitando-se a percolao de gua. J a laje interna
executada com dez centmetros de altura, apoiada diretamente sobre o
terreno, tal como a viga de contorno, com o substrato devidamente
preparado e compactado. A tubulao de esgoto fica sob tal laje deconcreto, tal como na soluo atualmente praticada nos
empreendimentos da COHAPAR, que fica sob o contra-piso. Esta
fundao nica elimina toda a presena de sujeira na obra, para as
fases subseqentes. um fator de grande praticidade e agilizao do
processo construtivo.
A soluo convencional, orada em setembro de 2003, na planilha
contida na tabela 2, no item 4.2, pg. 58 deste trabalho, contempla a
execuo de baldrames sobre estacas, em uma das alternativas, e
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sapatas corridas sob todas as paredes estruturais. Percebe-se
claramente na referida planilha uma diferena importante de custo a
menor para a soluo convencional, em torno de quatrocentos e
cinqenta reais, desfavorvel soluo de madeira. Esta diferena
ser recuperada com folga ao serem montados os oramentos com BDI
(Benefcios e Despesas Indiretas), razo pela qual foi mantida a
soluo no oramento. O ganho com superviso, medies, tempo de
execuo compensar o acrscimo de custo correspondente.
Outra questo de grande importncia a das cargas a serem
transmitidas s fundaes por um sistema e outro. No caso da
construo convencional, as cargas totais, que so da ordem dequatrocentos quilogramas-fora para cada metro quadrado (~400
kgf/m2), reduzem-se para cento e cinqenta quilogramas-fora para
cada metro quadrado (~150 kgf/m2), o que representa uma diferena
considervel, especialmente se for levado em conta que no caso da
casa de madeira, estas cargas so distribudas uniformemente por toda
a rea da casa, enquanto que na soluo convencional, as cargas
sero concentradas apenas nas faixas correspondentes s paredes.Pode acontecer que alguns terrenos necessitem de sapatas corridas
mais robustas, com rea de contato com o solo maiores que as
constantes do projeto-padro, para que as tenses sejam reduzidas. No
caso de se util izarem estacas, podero ser encontradas dificuldades
quanto presena de umidade excessiva no terreno, o que pode at
impossibilitar a soluo.
O radier vai estabelecer uma taxa de contato com o terreno daordem de cinqenta gramas-fora para cada centmetro quadrado, o
que significa em termos prticos que a grande maioria dos terrenos de
implantao das casas pode oferecer tal capacidade sem a menor
dificuldade.
Este aspecto generaliza a soluo no s no mbito regional
como tambm nos demais Estados Brasileiros, o que pode efetivamente
dar margem a uma repercusso maior deste trabalho.
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Esta generalizao d margem inclusive a uma sistematizao de
execuo de fundaes, atravs do uso de rguas metlicas e nveis, o
que no se consegue nas solues com sapatas corridas ou estacas.
Todos estes ganhos tm que ser incorporados no oramento completo
das obras, o que s no foi feito porque este trabalho tem a conotao
de no estabelecer quantidades de casas e tambm no especifica
localizao.
3.1.2. PISO DA CASA DE MADEIRA
A questo relativa aos pisos nas duas solues enfocadas traz
uma grande vantagem para a casa de madeira : a soluo convencionalestabeleceu custo para terreno apiloado no interior de toda a casa
seguida de execuo de contra-piso, enquanto que na casa de madeira,
a laje do radier (figura 6), com previso de lona preta sob a mesma
estabelece uma fronteira absolutamente superior na questo relativa
salubridade ambiental. J se grifou anteriormente neste trabalho o
compromisso que a soluo que estudamos no se limita a definir
parmetros exclusivamente de custos para as casas populares, mastambm buscar a melhoria de outras condies, at mesmo de sade,
no sentido de se atingir patamares de cidadania mais elevados, que
no deixa de ser o objetivo primordial de qualquer programa
habitacional. Foi mencionada inclusive a expectativa de diminuio de
gastos na rea de sade pblica, com o aprimoramento das condies
de moradia das populaes carentes. Fica neste ponto um alerta para
que outros estudiosos, das reas sociais, cuidem de estabelecerparmetros numricos para os benefcios apontados.
3.1.3. ESTRUTURA DA CASA DE MADEIRA
A estrutura da casa de madeira do tipo LIGHT WOOD FRAME
composta por montantes verticais de madeira, com seo de 5 X 10
centmetros, posicionados de forma eqidistante, conforme se pode
observar na figura 7. A eqidistncia um aspecto que facilita muito o
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processo construtivo, sem que se percam de vista as necessidades
relativas implantao das aberturas, portas e janelas.
De acordo com SCHWARTZ, 1997, este processo construtivo,
considerado a soluo padro nos Estados Unidos, feita a verificao
da estabilidade das peas que constituem o arcabouo estrutural, sem
grandes dificuldades.
Os quadros estruturais so montados e fixados base, que a
laje do radier, atravs de parafusos colocados a distncias regulares.
FIGURA 7 FIXAO DAS PAREDES SOBRE AS FUNDAES
Os quadros subseqentes so tambm fixados em seqncia, e a
colocao de quadros transversais, que se fixam entre si, configuram a
amarrao rgida que necessria ao arcabouo estrutural. So
colocados `a meia altura, nos frames, barras transversais que atuam
como corta-fogo, alm de promoverem tambm o enrigecimento do
conjunto.
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Segundo FAHERTY E WILLIAMSON, 1997, a simples ligao entre os
painis constituintes das paredes, absorvem os efeitos transversais
atuantes sobre a construo. O vento o efeito transversal mais
importante a ser avaliado no projeto estrutural. A considerao
adequada do efeito do vento est estabelecida na Norma Foras
devidas ao vento em edificaes, NBR 6123, ABNT, 1988, e
constituem-se, para casas isoladas, em aes de baixa intensidade.
No Brasil, os efeitos do vento previstos na Norma respectiva so
de intensidade equivalentes aos efeitos previstos nas Normas
Americanas, pas onde o processo construtivo mais se desenvolveu. De
acordo com NEWMAN,1995, as velocidades de vento nos EstadosUnidos podem atingir at 110 milhas por hora (aproximadamente 179
quilmetros por hora), enquanto que no Brasil, a Norma NBR-6123 ,
ABNT, 1988, estabelece velocidades de at 180 quilmetros por hora.
Com a colocao das chapas externas de base para o
revestimento, estas promovem a configurao do quadro todo como
uma placa rgida, ou com deformabilidade muito pequena, instituindo-se
da o sistema completo que serve como estrutura da casa.Completando a configurao, tesouras de madeira so apoiadas
verticalmente sobre os quadros, exatamente na posio dos montantes,
transmitindo-se todas as cargas decorrentes para a fundao
constituda pelo radier.
A observao da estrutura como um todo, configura um arcabouo
muitssimo leve, razo pela qual o sistema recebe a denominao de
LIGHT WOOD FRAME, ou seja, Estrutura Leve de Madeira.Uma observao que se reveste de grande importncia diz
respeito soluo convencional, de alvenaria de tijolos, em que o
projeto estrutural no contempla a colocao ao menos de pilares de
concreto nas extremidades da construo, erguendo-se as alvenarias
simplesmente at o nvel da cobertura. uma disposio que propicia o
aparecimento de patologias, tais como trincas, que se no
comprometem a estabilidade da construo, causam desconforto visual.
Alm disto, caracteriza a situao, que se tolerada, ajuda a
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estigmatizar a casa como casa de pobre. Uma outra expresso que
j foi usada anteriormente, pelo arquiteto Paulo Alceu Grieger,1990, no
trabalho Casa de Madeira para a Amaznia, que a casa de madeira
no casa de gente decente, colhida na sua pesquisa in loco na
Amaznia, que to chocante quanto a anterior, e demonstra a
necessidade de serem oferecidas solues de moradias coletivas de
madeira populao que sejam eficientes, e que eliminem estas
denominaes depreciativas.
3.1.4. VEDAO DA CASA DE MADEIRA
PAREDES EXTERNAS E INTERNASA estrutura que foi descrita anteriormente, com montantes
verticais colocados a distancias regulares, sobre os quais so
aplicadas as chapas internas e externamente, tem uma modularidade
que contempla no apenas a possibilidade de fabricao em srie, ou
industrializada da casa de madeira, mas tambm, possibilitar a fixao
de chapas de madeira do tipo OSB, em uma base com dimenses
compatveis s suas prprias medidas. O painel OSB est sendoutilizado com crescente preferncia em relao s chapas de
compensado, em funo do custo atual, que torna-se cada vez menor,
pelo aumento de produo. A indstria que produz tais painis tem
grande interesse na certificao de qualidade do mesmo, o que abre
uma perspectiva bastante promissora quanto ao aspecto de aceitao
da soluo para financiamento das unidades habitacionais por
organismos como a prpria Caixa Econmica Federal, que na maioriadas vezes, pelo menos o rgo repassador de recursos, quando no
o faz diretamente.
Os painis externos compostos por chapas OSB atuam de forma
importantssima no arranjo resistente (estrutural) da construo : so
os painis que executam o travamento horizontal dos frames
verticais. Alm disso configuram os painis de paredes como elementos
completos, que servem como travantes da edificao, e absorvendo os
esforos causados pela ao do vento.
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Os revestimentos internos das paredes de contorno da edificao
so constitudos por placas de gesso acartonado, exclusivamente com
a finalidade de realizar o fechamento. Para as paredes internas, a
soluo a mesma que para as paredes externas, ou seja, a colocao
de painis OSB em uma das faces, e gesso acartonado na face
restante. A exceo fica por conta das paredes do banheiro, onde
sero util izadas as chamadas placas verdes (cimentcias) no box do
chuveiro, para estabelecer um grau menor de permeabilidade.
3.1.5. ABERTURAS DA CASA DE MADEIRA
Janelas e portas da casa so fixadas entre montantes verticais demadeira, j colocados de forma modulada, como descrito
anteriormente. Quando for necessrio, interrompido um dos
montantes, e se adicionam vergas que possibilitem a instalao de
janelas com larguras superiores modulao. A f igura 8 i lustra com
preciso estas possibilidades :
FIGURA 8 LOCALIZAO DAS ABERTURAS NO SISTEMA FRAME
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A praticidade do sistema, que se reflete na composio do
oramento com B.D.I. , permanece, mesmo na colocao das
esquadrias. especialmente quando se trata da execuo de projetos
padronizados, como so as habitaes populares que so enfocadas
neste trabalho.
A propsito disto, saliente-se que, no caso de uma reforma, ou de
uma ampliao, fica patente a grande facilidade de recomposio dos
montantes interrompidos para colocao de janelas, mediante um
trabalho bastante simples de carpintaria, assim como o fechamento de
aberturas. Este fenmeno no se repete no caso das construesconvencionais de alvenaria de tijolos, lembrando as grandes
interferncias que elas representam para