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  • Bolm lnst. oceanogr., S. Paulo, 29 (2), 283289,1980

    ''STANDING CROP" NA REA ESTUARlNA SW DA BAfA DE TODOS OS SANTOS * VERA MARIA CARVALHO PEIXINHO.

    JORGE FALCO PAREDES e

    ELIANA MARIA PALMASIMAS Instituto de Biologia. Universidade Federal da Bahia. Salvador. BA, Brasil

    SYNOPSIS

    The present stuay IS mtended to evaluate the potential oJ an estuarine area su"ounded by mangrove at Todos os Santos Bay (Bahia Sta te . Brazil). for supporting aquaculture activities. From October 1977 to July 1978 samples were collected monthly on altemate tides for de te rmination o f Darticulate organic. carbon and tota I Droteins . The folia wing en vironmen t(1l para meter.' were also considered: salinity. temf)f! ratu re. pH. tranrparence. dissolved oxygen. silicates. ammonia. nitrites. nitrates. phorphates and precipitation. Although the area p!'esented low cet1 density and low photossinthetic activity. high values for lhe standing crop were found. demonstrating the importance of detritic material for the particulate organic matter.

    Introduo

    f amplamente difundido o conceito de que as guas estua-rinas so mais produtivas qUe o mar aberto, sendo capazes de uma produo de matria orgnica a uma taxa anual de 10 a 100 vezes.maior aue as lJruas ocenicas (Perkins. 1974)

    A Baa de Todos os Santos (130 00'S I: 38 0 30'W) com 800 Jan2 de extenso, representa uma bacia naturalmente rele-vante em termos de produo, embora muito pouco explorada quanto a~ conhecimento do seu real potencial. Nela desembo-cam 5 esturios, jodos eles marginados por extensas reas de man-guesais que contribuem naturalmente com elevados teores de matria orgnica detrtica para as guas estuarinas.

    Nossos estudos concentrarn~e nos estuarios aos nos Jaguaripe e Jacuruna, localizados sudoestes da Baa de Todos os Santos, rea de elevada precipitao pluviomtrica (2000/2300 mm anuais), onde se desenvolvem estudos de biologia bsica e prtica de cultivo da ostra nativa do mangue Crassostrea rizopho-rae.

    A quantificao sazonal da biomassa em termos de car-bono e protenas particulados analisada e discutida, relaciona-da parmetros ambientais fsico-qumicos e meteorolgicos.

    Metodologia

    1 -

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    Amostragens - Foram realizadas mensalmente no pero-do de outubro de 1977 a julho de 1975, nos cursos da enchente e da vazante, em 4 estaes, sendo 2 situadas no Rio J acuruna, uma no Rio J aguaripe e uma no Canal de Itaparica, onde desembocam os dois esturios (Fig. 1). As tomadas de guas foram feitas por bomba eltrica sub-mersvel, em superfcie e fundo, ou simplesmente pro-fundidade do disco de Secchi para carbono e protenas. Nas "~'taes de pouca profuncltoade (U e 1) essas amoS'-tragens realizaram-se em apenas 1 nvel. Solin.Uklde e lP..mperatura - Dada por salinmetro - ter-mmlmO condutvmetro n1::lckman. pH - Determinaes potenciomtricas com medidor Hei-lige Lilliput modo 750. Transparncia - Dada por disco de Secchi (30 cm). Oxignio dissolvido - Mtodo titulomtrico de Winlder de acordo com a padronizaco de Magliocca (1966). Amnia - Anlise cOlorimtrica segundo mtodo modifi-cado e descrito em Stricldand & Parsons (1972). Nitratos e nitritos - Mtodo colorimtrico da reduo dos nitratos a nitritos em coluna de cobre e cadmio de acordo com a descrio de Strickland & Parsons (1972). FOlfatos - Mtodos de Murphy e Riley de acordo com as modutcaes de Koroleff (Grasshof, 1976). SiliCtltos - De acordo com o mtodo colorimtnco des-crito em Stricldand & Parsons (1972) . Matria orgriniCtl e inorgniCtl em suspens4'o - Detritos concentrados em membrana GF de 47 mm ti> e oxidados em 5000 C; fraes orgnicas e inorgnicas calculadas por diferena de peso seco. Carbono particulado - Por oxidao mida segundo o mtodo descrito por Johnson e referido em Strickland & Parsons (1972). Proteinas da matria particulada - Concentrao da ma-tria em membrana GF de 25 mm ti> e protenas quanti-ficadas pelo mtodo de Lowry, modificado por Price (1965). Correntes de IlUperffcie - Medidas com flutuador "tipo cogumelo" cronometrado em percurso padro.

    14 - Precipitao - Determinada por pluvimetro instalado nas proximidades da estao 1.

    Resultados

    I - Parmetros meteorolgicos e ffsico-qufmicos - A rea estudada situa-se na faixa de mais alta pluviosidade de re-cncavo da Bahia, com totais anuais de 2200 a 2300 mm normalmente concentrados no perodo compreendido entre maro e agosto, defmindo uma poca chuvosa e uma poca seca compreendendo o perodo de setembro a fe-vereiro. Na Figura 2 a pluviosidade registrada na estao 1, de maro 77 a maro de 78, evidencia esta situao com um pico excepcional em outubro. O pH apresenta grandes flutuaes mais evidentes nas es-taes do rio Jacuruna onde atinge valores de at 5,2 nas pocas de maior pluviosidade, quando a intensa drenagem do solo do manguesal carreando cidos hmicos e tnicos provoca uma acidificao das guas. Nas estaes 2A e 4, que sofrem a maior influncia mari-nha, este parmetro se ap~ta bem mais estvel (Tab. 1). As temperaturas registradas nesse perodo (rab. lI) mos-

    traram pequenas variaes relativamente s 4 estaes ma.. reve-lam uma variao sazonal com valores mnimos registrados nas pocas de maior pluviosidade. As estaes mais rasas (O e 1) apre-sentam maiores flutuaes, por serem mais sensveis s variaes de insolao e precipitao. Nas estaes mais profundas (2A e 4) a amplitude de variao sazonal menor e no se observa estra-tifi.caco

    J a salImdade revela ligeinl. estratiticaco na estao 4. mais evidente no ms de outubro (Fig. 3). Este parmetro apre-senta-se como varivel de pequena amplitude nas estaes 2A e 4 com mdias anuais em tomo de 30 a 280 /00, respectivamente, conftrmando a maior influncia marinha nessas duas estaes. A ausncia de estratificao na estao 2A, evidencia o alto grau de mistura nas guas do Canal de Itaparica. Nas estaes O e I a salinidade mostra variaes de grande amplitude, sazonais e entre-mars, com valores mdios de 10 a 250 /00, respectivamente.

    A taxa de saturao do DO nas estaes 1, 2A e 4, rara-mente decaiu abaixo de 70% (Fig. 4). No entanto, na estao O esta taxa ocorreu com certa freqncia abaixo de 70%, principal-mente durante a vazante. Idntica situao foi constatada em duas observaes na estao 1 e, em uma nica, na estao 4. As situaes mais crticas tm sua ocorrncia nos meses de fe-vereiro (estao O e 1) e em maio, com reflexos em todas as 4 estaes. No entanto estes resultados so admissveis em reas estuarinas tropicais e subtropicais onde ocorrem fermentaes em quantidade para imporem elevaes temporrias do BOD.

    A velocidade mdia das correntes em perodos de enchen-te e vazante mostra situaes diferentes quando se compara os rios Jacuruna e Jaguaripe (Tab. ln) .

    Nas estaes do Rio Jacuruna a velOCldaOe mdia das cor-rentes maior na vazante, significando que as causas aqui gera-das teriam os seus efeitos deslocados na ilireo do Canal; e como principal causa teramos a considerar a drenagem de matria or-gnica detrital para as guas do rio nas pocas de intensa pluvio-sidade. No Rio Jaguaripe, observamos uma situao inversa com velocidade mdia maior na enchente, o que nos leva a admitir a pouca influncia das guas interiores na estao 4, fato confu-mado pelas altas salinidades normalmente registradas e que si-tuam esta.p.

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    C.R.~t

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    Fig. 1 - Estaes de amostragem

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    1.

    Fig. 2 - Est. 1 .:. PrecIpita"o pluviomtrica - totais men~

  • PEIXINHO, PAREDES & SIMAS: "Standing Cr.op" na Baa de Todos os Santos"

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    Fig . 3 - OXIGNIO, Setembro 76 /J ulho 77 Enchente. Vazante O

    ENCHENTE SUPERFi"CIE ENCHENTE FUNDO

    .....

    O VAZANTE SUPERFI'CIE o VAZANTE FUNDO

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    Fig.4 - SALINrDADE, Setembro 76/Julho 78

    ENCHENTE SUPERFrCIE __ Q ENCHENTE FUNDO_._ . _ J-LgP04 - P! VAZANTE SUPERFt'CIE ____ _

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    ESTAAo O VAZANTE FUNDO_ .. _ .. __ ------------~~~~~~~~~~~

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    Fig.5 - FOSFATOS, Outubro 77/Julho 78

    ENCHENTE SUPERFrCIE __ ENCHENTE FUNDO_._._

    j.LgN03 - N!I VAZANTE SUPERF(CIE ____ _

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    ESTAAO O VAZANTE FUNDO_ .. _ ..

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    Fig.6 -NITRATOS, Outubro 77/Julho 78

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    E l'ESTAOO )(

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    3 30 25 20 15 10

    5

    ONDJFMAMJJ

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    O N O J M A

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    Bolm Inst. oceanogr., S. Paulo, 29 (2),1980

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    A E N ... )( S ~ P. 35

    30 25 15 10

    5

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    30 25 20 15 10

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    O N O J F M

    O ' FitAAO INORGANICA .

    1 2 3

    Fig.) - MATERIAL EM SUSPENSO, Outubro 77/Julho 78 FRAAO ORG. ENCHENTE I!I FRAAO ORG. VAZANTE

    3 mg/m

    2000

    400

    mgJm 2000

    1600

    1200

    800

    400

    ESTAAo O

    NO J F M A MJJ ESTAO 2A

    NOJFMAMJJ

    mg/m 3 2000

    1600

    1200

    800

    400

    1600

    1200

    800

    400

    ESTAAO 1

    NOJFMAMJJ ESTAAO 4

    Fig. P, - CARBONO PARTICULADO, Novembro 77/Julho 78

    mg/m 400

    300

    200

    100

    300

    200

    100

    ESTA~OO

    ~/ I ,

    NOJFMAMJJ

    ESTAAO 2A

    I

    /~ f'olpJFMAMJJ

    ESTAAO 1

    mg/m 3 400

    300

    200

    100

    mg/m.3 400

    300

    200

    100

    ~ I

    I

    I

    N O"TI""M-A M J J

    ESTAA04

    , ,

    NOJFMAMJJ

    Fig.9 - PROTEINAS, Novembro 77/Julho 78

  • PEIXINHO, PAREDES & SIMAS: "Standing Crop" na Baa de Todos os Santos" 287

    Tabela I - pH nas estaOes de coleta

    ~~ MAIlli NVEL ESTAO O ESTAO 1 ESTAO 2A ESTACO 4

    MARe ENCHENTE SUPERFCIE 6,1 8,1 -7,9 FUNDO 8,0 -

    :t8 SUPERFfcIE 8,2 -VAZANTE 6,9 7,7 FUNDO 8,2 -

    MAIO ENCHENTE SUPERFCIE 7,3 8,0 8,1 8,0 FUNDO 8.1 8,1

    78 SUPERFCIE 7,9 7,9 VAZANTE 7 ,9 8,0 FUNDO 8,0 8,0

    JUNHO ENCHENTE SUPERFCIE 8,1 8,O - 8,0 FUNDO 8,1 8,1

    78 SUPERFCIE - -VAZANTE 5 , 2 6,7 FUNDO - -

    JULHO ENCHENTE SUPERFCIE 5 ,9 7,3 8,1 8,1 FUNDO 8,1 8,0

    78 VAZANTE SUPERFCIE 5 ,6 8,1 8,5 8,3 FUNDO 8,4 -

    Tabela n - Temperatura nas estaes de coleta

    Ms MAllli NlVEL ESTAO O ESTAO 1 ESTAO 2A ESTAO 4 OUTUBRO ENCHENTE SUPERFCIE 26.10 27 0 60 26.60 - 26,,-00 FUNDO 2~.W- - -2&~-OO

    77 VAZANTE SUPERFCIE 26 0 00 27 .20 27.20 . I - 27 ~40 -FUNDO 27~30

    NOVEMBRO ENCHENTE SUPERFCIE 26 050 31010 29.10 28.20 FUNDO 28~60 - 28.00 77 VAZANTE SUPERFCIE 29.00 30 0 00

    FUNDO 29000 30 030 28 0 60 28 0 20

    ENCHENTE SUPERFCIE 31.30 31 0 18 29.00 29 002 DEZEMBRO FUNDO 29 006 29 uOO 77 VAZANTE SUPERFCIE 30 020 -

    FUNDO 32.70 3L70 30 000 -SUPERFCIE 29.20 -

    JANEIRO ENCHENTE FUNDO 28.44 29 0 60 29.00 28.80

    78 VAZANTE SUPERFCIE 28.54 29 0 80 29.11 28 060 FUNDO 29~12 28,,61

    FEVEREIRO ENCHENTE SUBERFCIE 32.20 29 0 90 29 u30 28.90 FUNDO 28 0 70 28 0 30 78 VAZANTE SUPERFCIE 29.24 -

    FUNDO 28 040 29 010 29 0 40 -SUPERFCIE 29.50 -MARO ~NCHENTE FUNDO 26.50 29 u30 29.50 -

  • 288

    Tabefa 11 (contnuaa:o) 78 VAZANTE

    MAIO IENCHENTE

    78 VAZANTE

    JUNHO !ENCHENTE

    78 IVAZANTE

    JULHO ENCHENTE

    78 VAZANTE

    Bolm Inst. oceanogr., S. Paulo, 29 (2), 1980

    SUPERFfcIE 28.70 30.20 . FUNDO 29.60 29 0 80 SUPERFfcIE 27.90 27 050 FUNDO 28.32 27 ~ 44 SUPERF!CIE 26.10 27 Q 80 FUNDO 26.90 27 080 SUPERFCIE 25 0 46 25.06 -FUNDO 25 ~ 38 SUPERFfcIE -FUNDO 24 "12 25.12 -SUPERFCIE 23 0 60 26 0 20 26~00 FUNDO 26 0 00

    SUPERFI~IE 23.50 25.90 26~50 FUNDO 26.40

    Tabela 111 .- Dire~o e velocidade mdia de correntes de superfcie

    ESTAES MAR DIREO VELOCIDADE t-mDIA (m/h) O ENCHENTE E-+W 600

    VAZANTE W-+ E 865

    1 ENCHENTE E-+W . 666 VAZANTE W-+E 1004

    2A ENCHENTE S-+N 1003 VAZANTE N -+ S* 1663

    4 ENCHENTE E-+W 1004 VAZANTE W-+E 813 ,

    Para o clculo de velocidade mdia da estao 2A na va zante , utilizaram-se os dados de direo N -+ S por ser a direo que predomina durante a vazante ; entretanto comum verificar--se no Canal, uma inverso da corrente aps a 3a hora da vazante para a direo S -+ N.

    -

    -

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    -

    -

    -

    25.26 25 042 -

    -

    26 000 25.80 26.40 -

  • PEiXINHO, PAREDES & SIMAS: "Standing Crop" na Baa de Todos os Santos" 289

    Dos macronutnentes analizados, as concentraes de amnia apresentaram grandes flutuaes sazonais, entre-mars e mesmo entre superfcies e fundo, com valores mnimos em todas as estaes no ms de novembro (0.3 J.J8/1) e mximos em fevereiro quando chegaram a ultrapassar o lumte de deteco do mtodo (84 /lg/ I); entretanto, situaram-se sempre dentro dos limites considerados nonnais para guas no poludas e bem oxigenadas. As concen-traes de nitritos so sempre baixas com pequena amplitude de v~o sazonal e valores mximos registrados no ms de maio (9 J-Ig/ 1) .. ) Os silicatos apresentaram grandes flutuaes sazonais e concentraes relativamente altas, frequentemente ultrapassan-do o limite de detecso do mtodo (40 /lg-at/ 1).

    As concentraes de P-P04 (Fig. 5) , evidenciam uma ntida variao sazonal com um esgotamento visvel em todas as estaes nos meses de fevereiro e maro, fun do perodo de es-tiagem: o que sugere ter este elemento uma origem principalmente terrgena; uma elevao na concentrao dos fosfatos imediata-mente aps o incio do perodo de chuvas, com picos em maio (valores mximos de 32,5 f1 g/l), confIrmam esta hiptese. Ape-sar das variaes sazonais, as mdias anuais das concentraes de fosfatos mantm-se equilibradas nas estaes O, J e 2A com valores de apJ:Oximadamente 9,0 J-I g/l. J na estao 4 esse valor mdio sobe para 12,7 jJ. g/l, onde possvel haver uma contri-buio devido drenagem de fertilizantes em reas cultivadas que margeiarn o Rio Ja,guaripe.

    Com relao aos mtratos (Fig. 6), a variao sazonal acompanha em valores mdios o que foi observado para os fos-fatos, embora com flutuaes bem maiores entre-mars e entre superfcie e fundo. Tambm aqui, a carncia maior observada no fun do perodo de estiagem correspondente aos meses de ja-neiro, fevereiro e maro e picos que ultrapassaram o limite de deteco do mtodo (280 J1 g/l) foram detectados no ms de maio. As medidas anuais mostraram um gradiente crescente da estao O pllIa a estao 4 com valores de 42,9 (est. O) - 51,6 (est. 1) - 52,1 (est. 2A) - 54,0 (est. 4). Esse gradiente, obser-vado apenas para os nitratos, talvez se explique pelas diferenas de velocidade nos fluxos de enchente e vazante no Rio Jacuru-na ; uma vez que a mineralizao do N mais lenta que a do P, a cau!la !(erada no Jacuruna teria o seu efeito deslocado para o Canal.

    As relae~ N-N03/P-P04 inorgnicos calculadas a par-tir desses dados e que se situa entre 10 e 20 em guas costeiras no poludas, apresentou grandes flutuaes, apesar da corres-pondncia sazonal entre curvas mdias de nitratos e fosfatos; al-gumas vezes foram observados valores de 1;4 e mesmo < 1 O (maio e junho), jsto , concentraes de fosfatos mais elevadas que as de nitratos. Na estao 2A, onde essa relao se manteve menos instvel no decorrer do ano, foram registradas variaes de 1 a 17. As mm altas relaes foram observadas no ms de fevereiro, com valores de 57 na estao 1 e 89 na estao 4.

    A matria em suspenso analizada gravimetricamente e decomposta em frao orgnica e inorgnica, mostra na Figura 7 uma 1i1'l.ao com a transparncia, evidencillndo o papel das chu-vas no transporte de material particulado terrgeno para as guas, rt>.duzindo a transparncia; o seston mostra-se ligeiramente mais rele'lllllte na estao 1.

    A biomassa do seston avaliada em termos de carbono par-ticulao ~Fig. 8) mostra uma ntida variao esta.cional, com picos excepcionais mais ou menos coincidentes, no perodo com-preendido entre fevereiro e maio, determinando esse perodo como o mais favorvel em termos de alimento disponvel quan-titativamente para os consumidores primrios. Vale ressaltar as grandes flutuaes observadas entre-mars e que esses dados es-timam a matria ocgnica particulada total viva e no viva, inclu-indo, portanto, alm de fIto e zooplncton, bactrias e detritos orgnicos em diferentes estgios de decomposio.

    Em termos J!\ protenas (Fig. 9), esta biomassa mostra e.~reita correspondncia com os dados de carbono quanto varia-o sazonal, com os valores mdios de enchente e vazante mos-trando desvios menores e picos no ms de maio nas 4 estaes.

    A produtividade biolgica em ambiente aquticos prin-cipalmente funo de organismos planctnicos que constituem a base energtica para a existncia de outros nveis trfIcos, in-clusive peixes. Entretanto, a matria orgnica em suspenso na gua do mar tem 4 componentes principais: fItoplncton, zo-oplncton, bactrias e detritos, estes ltimos resultantes da des-truio de organismos mortos de origem animal e vegetal (Finen-ko & Zaika, 1973).

    Em reas estuarinas marginadas por manguesais, devido grande contribuio da vegetao arbrea, esses detritos podem representar at 80% da biomassa sestnica total, desempenhando um relevante papel na alimentao de animais mtrado


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