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GIRA MUNDO FINLÂNDIA
RELATÓRIO FINAL
Refletir, agir e compartilhar: Explorando Competências do Século
XXI no Ensino da Química por meio de Metodologias Ativas
LUIS VICTOR DOS SANTOS LIMA
Relatório apresentado como
parte das exigências do Edital nº
003/2017 de Concessão de
quotas de bolsa do Programa
Gira Mundo Finlândia.
Professoras Orientadoras
Prof/a. Dr/a Irma Kunnari
Profa Dra Essi Ryymin
Profa Marja Laurikainen
João Pessoa, PB
Data, 20 de Agosto de 2018
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A moment like this
Some people wait a lifetime for a moment like this
Some people search forever for that one special kiss
Oh, I can't believe its happening to me
Some people wait a lifetime for a moment like this
Kelly Clarkson – A Moment Like This
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SUMÁRIO
1. ABSTRACT.................................................................................................. 4
2. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 4
3. METODOLOGIA........................................................................................ 5
2.1. Universo do Projeto .................................................................................... 6
2.2. Development Work: Competências do século XXI e o Ensino de
Química............................................................................................................... 6
2.3 Difusão dos aprendizados do Programa Gira Mundo
Finlândia............................................................................................................. 6
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................... 6
3.1 Referentes ao DW......................................................................................... 6
3.2 Referentes as ações de difusão do
aprendizado...................................................................................................... 10
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 11
6. REFERENCIAS........................................................................................... 13
7. APENDICES................................................................................................ 14
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1. ABSTRACT
This project proposal - Development Work (DW), was based on the association of an object of
knowledge of chemistry "Chemical transformations and energy", with the theme "Food" with
the approach of Competencies of the 21st century and adoption of active methodologies. The
DW proposal comes from the pre-project to apply for Notice 003/2017, granting of shares of
the Gira Mundo Finlandia Program, and was adapted and applied at ECI Francisca Ascensão
Cunha, in a full-time class of the 2nd year , with approximately 18 students. Through the use
of active methodologies, such as World Café, guided research, debates, students were able to
understand conceptualizations of chemistry, in a contextualized way, through the transversal
theme of feeding. Throughout the process, we sought to stimulate student leadership, including
culmination, where they were free to choose, in agroup, appropriate communications to pass
on to the class what they learned during the application of DW. It was possible to perceive that
the proposal had a good adhesion of the students, as, it enabled the work of competences of the
21st century as digital literacy, numeracy, initiative, cooperation, leadership, among others.
Even though amid the adversities of a reform, we have been able to transform different spaces
of the school into places of learning. With regard to the diffusion of the knowledge acquired
during the period in Finland, we were able to construct from tutorials and guidance material on
the World Café, even the participation in international events and formations in the
aforementioned school.
Key words: Active methodologies; Chemistry teaching. Competences of the 21st Century;
Education; Contextualization.
2. INTRODUÇÃO
A vida e os hábitos dos brasileiros nos últimos anos mudaram bastante, principalmente
no tocante à alimentação, e esse fenômeno deve-se ao acesso que algumas camadas sociais
vivenciaram, em que foi possível uma condição aquisitiva melhor. Dados do IBGE indicam
que a alimentação dos brasileiros anda bem preocupante, e que a população mais jovem é que
mais está sucessível a sofrer por essa má alimentação (IBGE, 2013).
Devido à vasta tecnologia desenvolvida na área de alimentos, se tornou possível
conservar alimentos, prepará-los de forma instantânea de forma muitas vezes indiscriminada.
Muitos brasileiros acabam substituindo alimentos tradicionais de refeições importantes, como
o almoço, por refeições rápidas, popularmente conhecidas por fastfood (IBGE, 2013). Esse
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quadro apresentado sinaliza a necessidade de levar tal problemática à discussão em sala de
aula, na perspectiva de aproximar a escola de problemas reais enfrentados pelos cidadãos.
A principal meta da educação brasileira é formar os estudantes para o exercício da
cidadania (BRASIL, 1996). Para que esse objetivo seja alcançado se faz necessário que, em
sala de aula, discussões que englobem o meio em que esses estudantes estão inseridos se façam
presentes. Exercer a cidadania implica atuação, participação, tomada de decisão, conhecimento
de seus direitos e deveres (SANTOS & SCHNETZLER, 2000).
Historicamente o ensino de Química é marcado pela intensa teorização dos conteúdos,
sem apresentar relevância explícita social desses, seguido do baixo rendimento e interesse dos
estudantes (CRESPO & POZO, 2009). O que ocorre, na maioria das vezes, é uma formação
que privilegia apenas o aspecto formativo no tocante à linguagem dessa área, esquecendo-se
de explorar a relevância e presença de conceitos e fenômenos químicos no meio em que
vivemos (CRESPO & POZO, 2009; NUÑEZ & RAMALHO, 2004).
No contexto das Escolas Cidadãs Integrais – ECI’s, a formação dos estudantes deve
pautar ações que os tornem autônomos, solidários, socialmente ativos e competentes
(PARAIBA, 2015), mostrando assim um alinhamento com as metas traçadas na LDB. Logo,
torna-se imprescindível que sejam desenvolvidas ações na escola, a partir das problemáticas
enfrentadas pelos estudantes, principalmente durante o processo de adaptação à realidade
integral, de passar o dia na escola.
O projeto foi aplicado em uma ECI, e abordou objetos de conhecimento da Química
associados à temática alimentação visando o fortalecimento de competências do século XXI e
o protagonismo juvenil, que são premissas do modelo das ECI (PARAIBA, 2015). Durante
todo o processo, centralizamos ao máximo os estudantes no processo de aprendizado, de forma
protagonista, ao planejar, desenvolver e o executar das ações previstas. Ao fim, pudemos
aprimorar e desenvolver percepções sobre a importância da alimentação para a qualidade de
vida, o bom funcionamento do organismo, em um contexto em que metodologias ativas e o
desenvolver de competências do século XXI se fizeram presente.
3. METODOLOGIA
3.1. Universo do Projeto
O presente projeto, advém da proposta construída enquanto pré-projeto para concorrer
ao Edital nº 003/2017, de Concessão de quotas de bolsa do Programa Gira Mundo Finlândia, e
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foi adaptado e aplicado na ECI Francisca Ascensão Cunha, em uma turma do 2º Ano Integral,
com aproximadamente 18 estudantes.
A razão da adaptação do projeto para essa escola deve-se ao fato do público ter
demandas diferentes do público da escola anterior. Grande parte dos estudantes da escola são
pertencentes ao Bairro do Timbó, e apresentam grade defasagem de aprendizado em Língua
Portuguesa e Matemática, como pode ser sinalizado na avaliação diagnóstica aplicada na
escola, durante o primeiro bimestre. A supracitada escola encontra-se em seu primeiro ano
enquanto integral, e além disso, encontra-se em período de reforma de abril deste ano.
3.2. Development Work: Competências do século XXI e o Ensino de Química
A proposta do projeto – Development Work (DW), teve como base a associação de um
objeto de conhecimento da Química “Transformações químicas e energia”, a temática
“Alimentação” com a abordagem de Competências do século XXI e adoção de metodologias
ativas. A Tabela 1 (em apêndice) descreve detalhadamente a tessitura da Sequência Didática
(SD) elaborada para a aplicação do DW.
3.3 Difusão dos aprendizados do Programa Gira Mundo Finlândia
A tabela 2 (em apêndice) descreve as diversas ações realizadas desde o retorno da
formação na Universidade de HAMK.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Referentes ao DW
O ensino de Química, historicamente, é concebido como difícil, abstrato e desconexo
por muitos estudantes e ex-estudantes do componente, na perspectiva de dialogar com a
realidade, buscamos criar espaços em que os estudantes pudessem participar ativamente do
processo de construção de seus saberes. Anterior ao início das aplicações referentes ao DW,
havíamos realizados algumas atividades com essa turma, e outras turmas da escola, em que
usamos diversas metodologias ativas associadas ao desenvolvimento de Competências do
século XXI, no intento de avaliar os impactos e reconhecer pontos de ajustes para futuras
aplicações.
A primeira parte da aplicação ocorreu do lado de fora da sala (ver apêndices, Figuras 1
à 3), visando criar um espaço diferenciado da sala de aula, e para que os estudantes ficassem à
vontade. Durante a aplicação, os estudantes responderam, por meio do método World Cafe, em
grupo, as perguntas: Que problemas associados à alimentação pessoas da idade de vocês
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enfrentam?; A alimentação pode comprometer o bem-estar das pessoas? Explique; Há
importância da alimentação para um bom desempenho nos estudos e trabalho? Explique.
De modo geral podemos apontar que os estudantes reconhecem que: a alimentação pode
causar desordens no organismo, tanto no referente físico quanto ao mental; a alimentação como
meio da aquisição de energia para o funcionamento no corpo e que existe relação entre uma
boa alimentação e um bom rendimento nos estudos; que a deficiência de alguns nutrientes pode
comprometer a saúde.
A motivação por trás da atividade vem da a necessidade de provocar e envolver os
estudantes na temática a ser desdobrada nas próximas aulas. Essa temática é necessária para a
reflexão dos mesmos, uma vez que todos estão ingressando no ensino de integral de dois turnos,
pela primeira vez, e reconhecer a importância de regular a sua alimentação na nova realidade
é necessária. Sobre a escolha do tema e do objeto de conhecimento, as Orientações Curriculares
Nacionais – OCEM, no capítulo sobre o Ensino de Química, aponta como:
“(...) necessária a articulação na condição de proposta pedagógica na qual situações
reais tenham um papel essencial na interação com os alunos (suas vivências, saberes,
concepções), sendo o conhecimento, entre os sujeitos envolvidos, meio ou ferramenta
metodológica capaz de dinamizar os processos de construção e negociação de
significados. ” (BRASIL, 2006, p. 117).
Escolher associar a temática “Alimentação” e o objeto de conhecimento da química
envolvido nessa aplicação, Transformações Químicas e Energia, parte do princípio de trazer “à
tona limites dos saberes e conceitos cotidianos e, sem negá-los nem substituí-los” (BRASIL,
2006, p. 118), provocando assim um diálogo entre o que os estudantes trazem consigo e o que
o ensino da química pode somar. A aplicação do World Café desdobrou-se em um debate
posterior, em que os estudantes puderem, inclusive, especificar algumas respostas que
apareciam como tópicos nos cartazes para os seus colegas. Momento esse, de grande
importância, em que os estudantes puderam explorar a capacidade de argumentação e
criticidade.
Nas aulas seguintes discutimos a energia envolvida nas transformações química, por
meio do conteúdo de Termoquímica, enfatizando a natureza endotérmica, reações que ocorrem
com ganho de calor (ATKINS, 2006), e exotérmica, transformações que ocorrem com perda
de calor (ATKINS, 2006), das transformações usando como temática transversal a alimentação.
Optamos por uma abordagem de aula dialógica para somar, junto ao universo de metodologias
ativas do DW. Entendemos aqui aula dialógica como
“(...) uma postura do professor e da professora diante de seus estudantes como alguém
que pode aprender com eles/as tanto quanto deseja ensiná-los/as. De alguém que os/as
respeita, escuta, compartilha vivências e com eles/ as constrói caminhos rumo ao
conhecimento (...) que entende a prática educativa como um processo maior de
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ensinar e de aprender (...) que, independente do método (instrumentos) que utilize, se
preocupe com os conteúdos do ensino, em como são escolhidos, a favor de quem e
contra quem estão sendo formulados e qual o papel de cada pessoa da comunidade
nessa construção. (GABASSA, 2009, p. 153) [grifo nosso]
Enquanto docentes não podemos ignorar o fato dos estudantes possuírem uma gama
vasta de conhecimentos sobre a vida, natureza, sociedade, etc, é preciso valorizar e reconhecer
os mesmos como úteis no processo de ensino e aprendizagem, principalmente no ensino de
Ciências Naturais. Durante a aula, a abordagem do ponto descrito anteriormente, utilizamos
vários exemplos relacionados com as questões apresentadas no World Café, como por exemplo,
questionando a função da alimentação como processo endotérmico, e as atividades realizadas
pelo corpo como processo exotérmico.
Para efeito ilustrativo, um dos inúmeros pontos que questionamos, relacionando
química e alimentação, foi o fato de irmos dormir alimentados, saciados e acordarmos
famintos. Para alguns estudantes, o corpo “para de funcionar” durante o sono, demonstrando
assim, que alguns não reconheciam as atividades metabólicas e cardiovasculares como
consumidores de energia. É preciso reconhecer a educação como um “processo de socialização
da cultura da vida, no qual se constroem, se mantêm e se transformam saberes, conhecimentos
e valores” (BRASIL, 2013, p. 16) e aproveitar todos os questionamentos, sejam corretos ou
não, para que possam ser adquirir novos significados.
Por seguinte, em outra aula, abordamos as questões quantitativas das transformações
da matéria e energia associadas ao teor calórico médio que os estudantes consomem
diariamente. Para isso, aplicamos uma atividade em que solicitamos que os estudantes
listassem os alimentos que costumam consumir em cada refeição do dia, e que os mesmos
usassem a internet para pesquisar o teor calórico por porção de cada alimento listado (em
apêndice, ver Material Didático 1).
Essa atividade foi uma oportunidade metodológica para que os estudantes, que até então
não haviam feito uso da internet do celular para atividades didáticas em sala de aula,
reconhecessem as possibilidades que a internet oferece além das redes sociais. Foi possível
discutir a questão da confiança das informações, fontes, dados dispostos na internet, uma vez
que, os estudantes se depararam com um universo vasto de informações.
Como a atividade foi realizada em grupo, em que cada um dos estudantes preencheu
sua ficha, foi possível que os membros questionassem quais fontes seriam mais confiáveis para
pesquisa e os critérios que determinariam essa confiabilidade (ver apêndices, Figuras 5 à 6).
Nos dias de hoje, em que cada vez a difusão de notícias falsas – fake news, aumenta
devido ao acesso com pouca restrição a alguns domínios da internet, colocar os estudantes
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diante de situações investigativas na internet é um ótimo exercício para praticar a seleção de
fontes confiáveis. Usar a internet em sala de aula para atividades didáticas estimula o
letramento digital, assim como, a capacidade de investigação dos estudantes, como aponta as
OCEM:
O aluno cuja competência investigativa tiver sido adequadamente desenvolvida na
escola, ao deparar-se com situações problema para cuja solução os conhecimentos
adquiridos são insuficientes, poderá recorrer a livros, à Internet, ou consultar um
especialista para encontrar respostas razoáveis. Portanto, a construção das
competências não se encerra na escola, mas esse é o ambiente no qual se podem
oferecer subsídios e possibilidades para que tal ocorra. Para isso, a contextualização
e a interdisciplinaridade devem ser consideradas. (BRASIL, 2006, p. 49)[grifo nosso]
Posterior a essa atividade, realizamos uma atividade de reflexão (em apêndice, Material
Didático 2) em cima dos dados que os estudantes coletaram na construção de seu cardápio. A
finalidade de atividade era comparar o que é recomendado pelo Ministério da Saúde com o que
constava em cada cardápio. Durante esse momento, e o anterior, o professor atuou como
orientador, seu papel apenas foi de esclarecer questões, e explicar para os estudantes que as
respostas deveriam ser com base nos dados coletados, tentando deixar claro a ideia de as
questões estarem “certas” ou “erradas”, caso alguma pergunta tivesse de desacordo com o
recomendado pelo Ministério da Saúde.
No que compete a relacionar componente curricular e realidade, Paulo Freire sinaliza
algo de grande valia, inclusive para que pensemos a contextualização como meio de promover
uma educação que leve em conta os meios e sujeitos, ao dizer “porque não estabelecer uma
necessária "intimidade" entre os saberes curriculares fundamentais aos alunos e a experiência
social que eles têm como indivíduos? ” (FREIRE, p.17, 1996). É importante, enquanto
docentes, buscar contextualizar os conteúdos vistos na escola com a realidade dos estudantes,
visando, sempre que possível, contribuir com a formação cidadã dos mesmos lembrando o
contexto em que estão inseridos.
Ao término da aplicação dessa SD, após terem formados grupos e escolherem a melhor
forma de comunicação para apresentar uma forma de comunicação para a turma do que
aprenderam durante o processo, os estudantes realizaram a culminância da SD. Ao total, cada
um dos quatro grupos de estudantes formados apresentaram comunicações nas formas de
vídeo, paródia, cartazes e seminários (ver apêndices, Figura 7 à 10). Em comum, apresentaram
como ponto de alerta: a importância da seleção dos alimentos que promovam uma melhor
qualidade de vida; alimentos que devem ser prioridades no consumo; curiosidade sobre alguns
alimentos.
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Deixar os estudantes a vontade quanto a forma de comunicação escolhida foi um ponto
muito importante para a culminância. Muitas vezes, a escola privilegia algumas habilidades em
detrimento de outras, por exemplo, ao exigir que todos estudantes elaborem comunicações na
forma visual, sendo que existem outras possibilidades, e nem todos se sentem confortáveis em
usar dessa para se expressar. Cada grupo escolheu uma forma de comunicação diferente, com
base no que seria mais confortável para cada grupo. Criar um espaço de conforto em que as
habilidades dos estudantes possam ser potencialmente trabalhadas é indispensável para que a
escola acolha os estudantes em meio a diversidade de talentos que possuem.
Promover a integração entre os estudantes, dar opção de escolhas, promover o
surgimento de liderança durante os trabalhos, foram ações que visaram fortalecer o papel deles
enquanto protagonistas do processo de aprendizado. Alinhando dessa forma, a prática com os
quatro pilares dos princípios das ECIs:
[...] aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender
a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de
participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente,
aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes (DELORS, 1998, p. 89-
90).
Outras atividades, em que os estudantes participaram ativamente, por meio de debates,
rodas de diálogo, pesquisas e que Competências do século XXI foram trabalhadas, associadas
à objetos de conhecimento da Química, foram desenvolvidas nas outras turmas, com menor
duração, mas de grande importância. Nessas atividades pudemos abordar questões como direito
dos consumidores, trabalhadores, nivelamento matemático, inserção de tecnologias em sala de
aula. (ver apêndices, figuras 11 à 14)
Precisamos pensar na escola como um espaço que aproveite os conhecimentos que os
estudantes trazem consigo, e mais do que nunca, reconhecer que a escola não é único lugar que
se aprende, reconhecer que existem mais de uma possibilidade de abordagem e que a melhor é
aquela em que o estudante é ativo, participativo, engajado, no processo de construção e/ou
ressignificação do conhecimento e consequente aprendizado.
4.2 Referentes as ações de difusão do aprendizado
A escolha de fazer um tutorial sobre o uso dos aplicativos Padlet, Plickers e Kahoot na
educação e sobre a metodologia World Café (ver apêndices, ver Material Didático 3 e 4) partiu
da percepção de que podemos replicar vivências produtivas e valorosas que temos enquanto
professor. O compartilhamento ocorreu em redes sociais como WhatsApp e Facebook, difusão
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em blogs, de colegas professores, dentre outras formas. Estima-se que mais de 500 pessoas
tenham sido alcançadas pelos tutoriais escritos em língua portuguesa.
Tivemos a oportunidade de compartilhar nossos saberes pós-HAMK no “Evento de
Internacionalização do IFRN” durante o mês de maio (ver apêndices, Figuras 15 à 17), e foi
uma oportunidade de dialogar com pares sobre as perspectivas atuais da nossa educação e como
um currículo por competências pode nos ajudar a promover uma educação melhor. De forma
similar podemos pontuar que a formação que ocorreu na semana de planejamento da ECI
Francisca Ascensão Cunha foi de grande valor (ver apêndices, Figura 21 e 22).
Poder cooperar com a colega Anne Franciare (ver apêndices, Figura 19 e 20) em uma
atividade de seu DW foi um momento muito importante, pois, enquanto professor de Química,
pude usar de meu conhecimento em língua inglesa para somar ao projeto, assim como, ajudar
a difundir o uso do aplicativo Plickers na turma da referida professora.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Durante todo o processo de aplicação do DW com os estudantes, foi perceptível a
evolução de postura, até mesmo de maior envolvimento dos mesmos, sendo esse um aspecto
válido de apontar aqui. No referente ao alcance dos objetivos podemos perceber que atingimos
o previsto, uma sensibilização sobre hábitos alimentares e sua importância. A escola está em
seu primeiro ano como ECI, e estamos em meio a uma reforma, o que dificultou a execução
num melhor contexto. Mesmo com a falta de espaços adequados, recursos materiais e humanos
na escola, a SD pode ser aplicada.
De início, alguns estudantes estranharam tamanhas “mudanças” na postura do
professor, que, segundo os mesmos, até então não tinham tidos tantos momentos em que
pudessem atuar, agir, escolher como ocorreu durante a aplicação. Um fator crítico que
comprometeu a aplicação foram os intervalos que tivemos devido a reforma, e a evasão de
estudantes no período da tarde, onde maioria das aulas estavam concentradas (vale salientar
que na escola em que trabalho não possuímos inspetor no turno da tarde e muitos acabam por
ir embora sem que haja controle).
Pelo fato de ser o primeiro ano numa escola integral, muitos ainda não se adaptaram
fisicamente à realidade. Ficar 9h na escola é algo que, para mim, enquanto professor, é demais,
principalmente quando esse espaço-aula não é bem aproveitado no sentido de os estudantes
atuarem ativamente. Em meio a reforma, alguns ficaram doentes, incomodados com barulhos
e com isso não puderam acompanhar todas as etapas da SD. A reforma da escola é um mal
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necessário, mas a reforma no modelo das ECI é algo que deveríamos pensar na perspectiva de
refletir, em educação, menos é mais.
Vimos isso na Finlândia, que em educação menos é mais, e esse longo período na escola
poderiam ser otimizados para que ações integradas ocorressem no sentido de contemplar
competências e habilidades em comum entre os componentes curriculares. Pensar em educação
é pensar em pessoas, pessoas que, no caso desse trabalho, possuem contextos pessoais
complicados que comprometem inclusive seu rendimento na escola.
Enquanto professor, reconheço que o período formativo que tive na Finlândia me fez
perceber outras possibilidades de ensino, perceber espaços e posturas que podem contribuir
para uma escola melhor e um aprendizado eficiente. E ensinar pela postura vem sendo a melhor
forma de replicar o aprendido em meio a equipe de professores que estou. Como participante
do programa Gira Mundo eu esperava que nosso aproveitamento para a rede estadual pudesse
ter sido maior, inclusive, nas orientações no Brasil pela coordenação que deixou a desejar.
Demorei um tempo para decidir o que seria melhor para o meu DW, e mesmo em meio a tantos
fatores críticos, admito que ser o professor que meus estudantes merecem vem sendo meu foco.
Independentemente do que consta nesse relatório, as mudanças que percebo em mim é
algo que não consigo mensurar em gráficos, números, tabelas, talvez em fotografias, ao ver
meus estudantes envolvidos, empolgados e mais presentes na escola. É importante a articulação
da rede estadual de professores, por meio da Secretaria de Educação, para que núcleos
formativos itinerantes levem para todo o estado, não apenas o que foi aprendido na Finlândia
pelos egressos do Gira Mundo, mas experiências de pessoas que nunca saíram do estado, mas,
contribuem significativamente com uma educação de qualidade para o estado da Paraíba.
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6. REFERENCIAS
ATKINS, Peter. Princípios de Química. 3ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2006
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Disponível em:
______. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica. Ministério da
Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral.
Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013.
______. Orientações Curriculares Para O Ensino Médio: Ciências da natureza,
matemática e suas tecnologias. Secretaria de Educação Básica. – Brasília: Ministério da
Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006.
CRESPO, Miguel Ángel Gómez. POZO, Juan Ignácio. A aprendizagem e o Ensino de
Ciências. Do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. 5º Edição. Porto Alegre:
Artmed, 2009.
DELORS, Jacques (Coord.). Educação: um tesouro a descobrir. São Paulo/Brasília:
Cortez/Unesco/MEC, 1998
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São
Paulo: Paz e Terra, 1996. (
GABASSA, Vanessa. Comunidades de Aprendizagem: A construção da dialogicidade na
sala de aula. Tese (Doutorado em Educação) – Programa de Pós-Graduação em Educação,
Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2009
IBGE. Análise do Consumo Alimentar Pessoal no Brasil. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_20
09_analise_consumo/.
NUÑEZ, I. B.; RAMALHO, B. L. Fundamentos do Ensino-Aprendizagem das Ciências
Naturais e da matemática: O Novo Ensino Médio.Porto Alegre: Sulinas.2004
PARAÍBA. Decreto Nº 36.408 de 30 de Novembro de 2015: Cria e Escola Cidadã Integral.
SANTOS, W.; SCHNETZLER, R. Educação em Química: compromisso som a cidadania.
Ijuí: UNIJUÍ. 2000.
http://formacaodocentefest.forumeiros.com/t3-freire-paulo-pedagogia-da-autonomia-saberes-necessarios-a-pratica-educativa-sao-paulo-paz-e-terra-1996-colecao-leitura#3http://formacaodocentefest.forumeiros.com/t3-freire-paulo-pedagogia-da-autonomia-saberes-necessarios-a-pratica-educativa-sao-paulo-paz-e-terra-1996-colecao-leitura#3http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_20%2009_analise_consumo/http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_20%2009_analise_consumo/
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7. APÊNDICE
I. TABELAS
Tabela 1 – Organização das atividades aplicadas com os estudantes referentes ao DW
Ações Quantidade
de Aulas
Habilidades da
Química
Competências
do século XXI Objetivo
Realização de um World
Café em que, divididos
em três grupos, os
estudantes discutiram e
construíram argumentos
para perguntas
2 aulas
Articular, integrar e
sistematizar o
conhecimento de
outras áreas no
enfrentamento de
situações problemas
como as envolvidas
nas problemáticas
associadas à hábitos
alimentares.
Avaliar impactos
decorrentes das
escolhas alimentares
realizadas para os
diferentes campos da
vida do indivíduo.
Comunicação;
Colaboração;
Sensibilização dos
estudantes em
relação à temática
“Alimentação”;
Conhecer as
concepções que os
estudantes possuem
acerca da temática;
Estimular a
argumentação e
curiosidade perante a
temática proposta;
Exposição dos cartazes
com as respostas para
discussão.
2 aulas
Pensamento
Crítico;
Comunicação;
Socializar e discutir
as respostas
apresentadas durante
o World Cafe;
Aula dialógica sobre a
função biológica da
alimentação com
enfoque em questões
referentes as
transformações químicas
e a energia envolvida
nessas que ocorrem
durante o processo
3 aulas
Compreender,
quantificar e
reconhecer as
transformações
químicas que ocorrem
no processo de
alimentação e a
natureza da energia
envolvida dos
mesmos;
Reconhecer, empregar
e relacionar
adequadamente
símbolos, unidades de
medidas e códigos
para representar a
variação de energia em
uma transformação
química;
Identificar fontes de
informação e formas
Letramento
científico;
Numeração;
Compreender a
alimentação como
uma transformação
química em que
ocorrer absorção de
energia para o
funcionamento do
organismo;
Quantificar as
medidas de energia;
Classificar as
transformações
quanto a natureza
energética usando
como base as
atividades realizadas
pelo ser humano;
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15
de obter informações
relevantes para o
conhecimento da
Química
Construção do “cardápio
individual” dos
estudantes com base no
que costumam comer
nas refeições
2 aulas
Reconhecer a medida
de energia, entalpia,
como uma grandeza
extensiva;
Reconhecer, empregar
e relacionar
adequadamente
símbolos, unidades de
medidas para
expressar a energia
(em caloria) dos
alimentos.
Numeração;
Letramento
Digital;
Mensurar o teor
calórico médio
ingerido
diariamente;
Relacionar a
quantidade calórica
de um alimento a sua
quantidade;
Selecionar sites
confiáveis para a
consulta do teor
calórico dos
alimentos
Análise do “cardápio
individual” construído 2 aulas Não houve abordagem
Leitura e
Interpretação;
Comunicação
Comparar os dados
recomendados pelo
Ministério da Saúde
para a alimentação do
brasileiro com os do
cardápio construído
pelos estudantes.
Divisão dos estudantes
em grupos para a escolha
da proposta de
culminância
1 aula Não houve abordagem
Iniciativa;
Liderança
Selecionar formas de
comunicações que
expressem o
aprendizado durante o
período da aplicação
do projeto;
Culminância das
atividades 2 aulas Não houve abordagem
Criatividade;
Comunicação
Compartilhar com a
turma as
comunicações
relacionadas a
temática estudada.
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Tabela 2 – Ações realizadas pós formação na Universidade de HAMK
Ação Público-alvo Finalidade Público
alcançado
Carga Horária
na produção e
aplicação
Planejamento,
Construção e
divulgação de um
tutorial para
professores sobre o
uso dos aplicativos
Padlet, Plickers e
Kahoot na educação e
de um guia orientador
de como usar a
metodologia World
Café com referencias
e aplicações na
educação
Profissionais
da educação
em geral
Estimular o conhecimento,
por parte dos profissionais
da educação, de como
aplicativos digitais podem
contribuir para novas
dinâmicas de ensino e
aprendizado na escola
Em torno de
500
alcançados
20h
Planejamento em
grupo via
conferência,
construção, e
Aplicação de um
Workshop em evento
de
Internacionalização
do IFRN em Maio
Inscritos no
evento
O título do workshop era
“Como inovar utilizando o
Currículo Baseado em
Competências? ” e
utilizamos os saberes
adquiridos durante os dois
meses na universidade de
HAMK para discutir as
perspectivas de um currículo
baseado em competência e
inclusive da nossa atual
perspectiva curricular,
perante as discussões da
Base Nacional Comum
Curricular (BNCC).
20
profissionais
da educação
15h
Planejamento,
Construção e
Aplicação de Oficina
durante semana de
planejamento
Professores da
ECI
Franscisca
Ascensão
Cunha
Compartilhar vivências e
aprendizados durantes a
formação na Universidade
de HAMK
14
profissionais
da educação
10h
Atividade cooperativa
referente ao DW da
Professora Anne
Franciare e
Digitalization,
referente ao tutorial
elaborado
Estudantes da
Escola
SESQUI
Centenário
Cooperar com o DW da
professora, por meio de uma
atividade de conversação em
Língua Inglesa com os
estudantes do 1º Ano;
Suporte na aplicação e uso
do Plickers
20 estudantes 4h
Planejamento em
grupo via
conferência,
construção, e
Inscritos no
Evento
O workshop intitulado
"Competências para o
Século XXI" visa discutir de
que formas a educação na
20
profissionais
da educação
10h
-
17
Aplicação de um
Workshop durante o
Seminário Final do
Programa Gira
Mundo Finlândia
escola pode contribuir para a
maturação e
desenvolvimento de saberes
permanentes para a vida.
Planejamento,
Orientação e
execução do DW
Estudantes do
2º Ano da ECI
Francisca
Ascensão
Cunha
Orientações com a profa.
Irma Kunnari via
conferência para delinear as
ações do DW; Reuniões com
o Grupo de trabalho;
Planejamento individual das
ações; Aplicação das ações
planejadas
18 estudantes 50h
-
18
II. MATERIAIS DIDÁTICOS
Material Didático 1 – Construção do Cardápio Individual
Disponível para Download em: http://bit.do/giramundoLuis
http://bit.do/giramundoLuis
-
19
Material Didático 2 – Analisando o Cardápio
Disponível para Download em: http://bit.do/giramundoLuis
http://bit.do/giramundoLuis
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20
Material Didático 3 – Tutorial sobre o uso dos aplicativos Padlet, Plickers e Kahoot na
educação
Disponível para Download em: http://bit.do/giramundoLuis
http://bit.do/giramundoLuis
-
22
Material Didático 4 – Orientações para a realização do World Café
Disponível para Download em: http://bit.do/giramundoLuis
http://bit.do/giramundoLuis
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III. FIGURAS
Figura 1 – Momento da realização do World Café
Figura 2 – Estudantes discutindo ideias durante o World Café
Figura 3 – Exposição das ideias dos estudantes acerca da temática Alimentação
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24
Figura 4 – Estudante realizando atividade de pesquisa para a construção do cardápio
individual
Figura 5 – Estudante realizando atividade de pesquisa para a construção do cardápio
individual (b)
Figura 6 – Estudante realizando atividade de pesquisa para a construção do cardápio
individual (c)
-
25
Figura 7 – Culminância da SD em que o grupo da figura escolheu falar sobre Cogumelos na
alimentação: mitos e verdades por meio da apresentação de um seminário
Figura 8 – Culminância da SD em que o grupo da figura escolheu construir cartazes sobre
alimentos que devemos consumir mais e os que devemos consumir menos
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26
Figura 9 – Culminância da SD em que o grupo da figura escolheu produzir um vídeo
ilustrando alimentos nutritivos que podem ser substituídos por aqueles que apresentam
calorias vazias e poucos nutrientes
Figura 10 – Culminância da SD em que o grupo da figura escolheu produzir uma paródia
com a música “Amor Falso” do Aldair Playboy apontando comidas de Fast Food como
vazias em nutrientes
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Figura 11 – Atividade de culminância realizada com o 3º Ano referente ao conteúdo
Radioatividade em que, durante 5 aulas, discutimos transversalmente Direito do Trabalhador
por meio do caso da “Mulheres Fantasmas”, caso que ocorreu com um grupo de mulheres
que trabalharam em fábricas de relógios, pintando mostradores com tinta luminosa feita à
base do elemento químico rádio. Após as mulheres apresentarem efeitos colaterais terríveis
provocados pela radiação, teve início uma luta que mudou para sempre as leis trabalhistas dos
Estados Unidos. Na figura temos a realização de um World Café sobre a temática.
Competências envolvidas: Letramento Científico, Comunicação, Consciência Social e
Pensamento Crítico.
Figura 12 – Aula de prática experimental em que os estudantes trabalharam unidades de
medida por meio das medidas de massa e comprimento, seguida da tabulação dos dados para
construção de gráficos com os dados. Competências envolvidas: Letramento Matemático,
Tratamento de Dados, Colaboração e Liderança.
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28
Figura 13 – Aula de prática experimental em que trabalhamos os princípios da lei das
proporções múltiplas por meio do preparo de sabão a base de óleo de soja. Antes do início do
experimento os estudantes tiveram que realizar cálculo de quantidades com base na
quantidade de óleo disponível para a realização da prática, cálculos feitos realizaram os
procedimentos de preparo do sabão. Competências envolvidas: Letramento Matemático,
Letramento Científico, Colaboração e Liderança.
Figura 14 – Momento que, em uma das turmas, trabalhamos a ferramenta digital Plickers
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Figura 15 – Certificado de Participação durante o Workshop no evento do IFRN
Figura 16 – Durante workshop no evento do IFRN
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Figura 17 – Colegas de Giramundo Andréa Giovana, Carolina Rodrigues e Ione Michelle que
ministraram junto comigo o Workshop no IFRN
Figura 18 – Uma das 4 reuniões, via conferência, com a professora Irma Kunnari, junto com
o Work group
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Figura 19 – Cooperação com a colega Anne Fraciare e seus estudantes do 1º Ano da escola e
que a mesma trabalha.
Figura 20 – Utlização de Plickers com os estudantes da Anne Fraciare
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Figura 21 – Formação na semana de planejamento
Figura 22 – Formação ocorreu em parceria com os colegas Leonardo Souto e Karolina
Cavalcante