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Emanuel Ferreira Leite
O Processo de Criao de Empresas de Base Tecnolgica, Via Incubadora:
O Perfil do Empreendedor do Norte de Portugal e do Brasil
Dissertao apresentada na Faculdade de Engenharia da Universidade
do Porto para obteno do grau de Doutor em Cincias da Engenharia.
Porto
Dezembro 1998
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ii
Os trabalhos de Investigao apresentados nesta tese de Doutoramento foram apoiados
pela CAPES - Fundao Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel
Superior, atravs de uma bolsa de estudos.
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Resumo
O objectivo da investigao traar o perfil dos empreendedores/criadores de
empresas de base tecnolgica, via incubadora, comparando-se a situao em Portugal e
no Brasil.
O perfil aqui traado constitudo tendo como base os resultados recolhidos
atravs de um inqurito aplicado em forma de entrevistas, sendo assim estruturado:
Parte I Identificao da Empresa.
Parte II Perfil do empreendedor (12 questes).
Parte III Motivaes do empreendedor para a criao da empresa
(3 questes).
Parte IV Percepes do empreendedor sobre as dificuldades e facilidades
encontradas para a criao da empresa (13 questes).
Parte V Percepo do empreendedor sobre o processo de criao da
empresa (5 questes).
Efectuado como estudo exploratrio, realizado entre Janeiro de 1995 e
Dezembro de 1997, a investigao reuniu dados de 70 empreendedores/criadores de
empresas de base tecnolgica, via incubadora, sendo 40 do Brasil e 30 do Norte de
Portugal. O universo dos empreendedores estudados no Brasil era de 100 e no Norte de
Portugal, de 60.
Esta investigao desenvolveu-se em trs momentos: trata-se, no primeiro, de
apresentar o referencial terico, isto , reter os conceitos operacionais de
comportamento, atitudes, motivao, entrepreneur, entrepreneurship, inovao,
empresa de base tecnolgica e incubao de empresas.
Na segundo momento, o mtodo utilizado para dirigir este trabalho determinou
as escolhas relativas recolha de dados e sua anlise. O estabelecimento de uma
amostra e a utilizao de um instrumento, o inqurito, as tcnicas estatsticas
desenvolvidas devem corresponder sem aniquilar nem perturbar as hipteses emitidas.
A metodologia adoptada exige uma coerncia lgica entre os instrumentos utilizados, os
dados analisados, estudados e os objectivos pretendidos.
O perfil dos empreendedores/ criadores de empresa, via incubadora, estudados
apresenta trs causas bsicas para arrancarem com seu negcio:
ter liberdade para desenvolver seus projectos pessoais;
auto-realizao;
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iv
ter o seu prprio negcio, sem estar subordinado a chefias.
O empreendedor/criador de empresas de base tecnolgica, via incubadora,
apresenta as seguintes caractersticas:
sexo masculino;
boa experincia profissional;
nvel de escolaridade excelente;
automotivado;
necessidade de realizao;
necessidade de independncia;
alta dedicao empresa.
O propsito deste trabalho consistiu em estudar e compreender o processo de
nascimento, formao das empresas de base tecnolgica, via incubadora, para analisar,
estudar e avaliar a possibilidade de acelerar o mecanismo de surgimento de novos
empreendedores/criadores de empresas de base tecnolgica.
Assim, o resultado deste trabalho tem como objectivo propor, de acordo com as
caractersticas qualificadas deste perfil, aces, metodologias que visem estabelecer e
estimular a capacidade criativa dos empreendedores/criadores de empresas de base
tecnolgica, via incubadora. Essas aces podem ser, por exemplo, a pesquisa de
indivduos com caractersticas empreendedoras e sua explicitao, capacitao e
vontade explcita de criao de empresas, aces de formao inicial ou contnua,
aces de ajuda ou desenvolvimento (transferncia de tecnologia, crditos bancrios,
entre outros.), aces de associaes (subcontratao, produo comum, distribuio
comum ou complementares, parcerias, entre outros).
Finalmente, a apresentao dos resultados finais, o perfil dos
empreendedores/criadores de empresas de base tecnolgica, via incubadora, do Brasil e
do Norte de Portugal, devem ser vistos como uma "fotografia" dos indivduos
estudados, pelo que as interpretaes e concluses s so pertinentes para a amostra
pesquisada.
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Abstract
The aim of the investigation is to draw the profile os entrepreneurs/creators of
the enterprises of technological basis, through incubation (in the moment of
preparation), comparing the situation in Portugal and Brazil.
The draw profile consists of gathering results by means of na inquiry that is held
through the method of interviews.
It goes like this:
Part I - Enterprise identification
Part II - Entrepreneur's profile (12 questions)
Part III - Entrepreneur's motivations to the creation of the enterprise (3 questions)
Part IV - Entrepreneur's perception of the dificulties and facilities found in creating the
enterprise (13 questions)
Part V - Entrepreneur's perception of the process of creation of the enterprise (5
questions).
Done as an exploratory study, held between January 1995 and December 1977,
the research put together data of 70 entrepreneurs/creators of enterprises of
technological basis, through incubation (in the moment of preparation), being 40 from
Brazil and 30 from the North of Portugal. The universe of entrepreneurs studied in
Brazil was of 100 and in the North of Portugal of 60.
This research was developed in 3 moments: in the first it is presented the
theoretical referetial, that means to keep the operational concepts of behavior, attitudes,
motivation entrepreneur, entrepreneurship, innovation, enterprise of technological basis
and enterprises incubation.
In the second moment, the employed method to direct this work detemined the
choices concerning the gathering of data and their analysis, The establishing of a sample
and the using of an instrument, the inquiry, the developed statistical techniques should
correspond without destroying or disturbing to the issued hypothesis.
The methodology selected requires a logic coeherence between the instruments
used, the analysed and studied data and the aimed purposes.
The profile of the entrepreneurs/creators of the enterprise studied presents 3
basic causes to start their business:
to have freedom to carry out their personal projects;
self- fulfillment;
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to have their own business without being submitted to any command.
The entrepreneurs/creators of the enterprises of technological basis, through
incubation (in the moment of the preparation), presents the following characteristics:
male sex;
good professional experience;
excellent scholarity degree;
self-motivated;
need of realization;
need of independence;
great dedication to the enterprise.
The purspose of this work consisted of the studying and understanding the process
of the birth, formation of enterprises of technological basis, through incubation (in
moment of the preparation), in order to analyse, study and evaluate the possibility of
accelerating the mechanism of appearing of new entrepreneurs/creators of enterprises of
technological basis.
So the result of the work has the aim of proposing according to the qualified
characteristics of this profile, actions, methodologies that tend to establish and stimulate
the creative capacity of the entrepreneurs/creators of the technological basis, through
incubation (in the moment of preparation). These actions can be, for instance, the
research of the individuals with characteristics of an entrepreneu and its explanation,
capacity and explicit will of creating enterprises, actions of help or development
(technology transference, loans, among others) actions of associations (subcontract
common production, common or complementary distribution, parthnership, among
others).
Finaly the presenting of the final results the profile of the entrepreneurs/creators
of enterprises of technological basis, in the moment of the preparation, from Brasil and
the North of Portugal must be seen as a photograph of the studied individuals, that's
why the interpretation and conclusion are relevant ony for the analysed sample.
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Rsum
L'objectif de l'investigation c'est tracer un profil des entrepreneurs/crateurs des
entreprises de base technologique, voie couveuse, comparant la situation au Portugal et
au Brsil.
Le profil ici tracer est constitu ayant comme base les rsultats recueillis traves
d'une enqute applique sous forme d'interviews, tant ainsi structure:
Partie I - Identification de l'entreprise.
Partie II - Profil de l'entrepreneur (12 questions).
Partie III - Motivations de l'entrepreneur pour la cration de l'entreprise (3
questions).
Partie IV - Perception de l'entrepreneur sur les difficults et facilits trouvs
pour l cration de l'entreprise ( 13 questions)
Partie V - Perception de l'entrepreneur sur le procs de l'entreprise (5 questions).
Effectu comme une tude exploratrice, ralise entre janvir 1995 et dcembre
1997, l'investigaton a reuni des donnes de 70 entrepreneurs/crateurs d'entreprises de
base tchnologique, voie couveuse, tant 40 du Brsil et 30 du Nord du Portugal. L'
univers des entrepreneurs tudis au Brsil etait de 100 et au Nord du Portugal de 60.
Cette investigation s'est dveloppe en trois moments:
le premier sert pour prsenter le rferenciel thorique, ce la veut dire, retenir les
concepts oprationels de comportement, attitudes, motivation, entrepreneur,
entreprenuership, innovation, entreprise de base technologique et incubation
d'entreprises.
Dans le deuxime moment, la mthode utilise pour diriger ce travail a
determin les choix relatifs la remise de donnes et leur analyse. L' tablissement d'un
chantillon et l'utilisation d'un instrument, l'enqute, les techniques, statistiques
developpes doivent correspondre sans annihiler ni troubler les hypothses mises. La
mthodologie adopte exige une cohrence logique entre les instruments utiliss, les
donnes, analyses, tudies et les objectifs prtendus.
Le profil des entrepreneurs/crateurs de l'entreprise, voie couveuse, tudis
presenter trois causes basiques pour commecer leur ngocie:
avoir liberter pour developper leurs projets personnels;
auto-ralisation;
-
viii
avoir leur mme ngoce, sans tre subordonn commandements.
L'entrepreneur/crateur d'entreprises de base technologique, voie couveuse,
prsente les caractristique suivantes:
sexe masculin;
bonne exprience professionnelle;
un excellent niveau de scolairit;
automotiv;
ncessit de ralisation;
ncessit d'indpendance;
grande dvouement/ddicace l'entreprise.
Le propos de ce travail a consist tudier et comprendre le procs de naissance,
la formation des entreprises de base technologique, voie couveuse, pour analiser,
tudier et valuer la possibilit d'acclrer le mecanism d'apparition de nouveaux
entrepreneurs/crateurs d'entreprises de base technologique.
Ainsi le rsultat de ce travail a comme objectif proposer selon les
caractristiques qualifis de ce profil, actions, mthodologies qui visent etablir et
stimuler la capacit creative des entrepreneurs/crateurs d'entreprises de base
technologique, voie couveuse. Les actions peuvent tre, par exemple, la recherche
d'individus avec des caracteristiques d'un entrepreneur et leur explicitation, capacit et
volont explicite de cration d'entreprises, actions de formation initiale au continue,
actions d'aide au developpement (transfrement de technologie, credits bancaires,
entre outres). Actions d'associations (subcontratation, production, commune,
distribuition commune ou complmentaires, socits, entre outres).
Finalement, l'apresentation des rsultats finals, le profil des
entrepreneurs/crateurs d' entreprises de base technologique, voie couveuse, du Brsil
et du Nord du Portugal doivent tre vus comme une "photographie" des individus
tudis, c'est pourquoi les interprtations et conclusions sont seulement pertinents pour
l'chantillon recherch.
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Agradecimentos
Um investigador quase to bom quanto suas fontes, suas musas e seus
professores. Tive sorte, nesses trs itens. Centenas de empreendedores contriburam
para esta tese, cedendo amavelmente seu tempo para as entrevistas, compartilhando suas
ideias ou indicando-me outras pessoas com quem conversar sobre o processo de criao
de empresas de base tecnolgica, via incubadora.
No posso citar todas aqui, mas gostaria de agradecer particularmente minha
querida esposa Alice e os meus adorados filhos Waldimir Neto, Emanuel Jnior e
Emmanuelle, merecem mais gratido do que posso lhes oferecer. Essa tese no teria
comeado sem o estmulo de Alice, sem sua leitura e seus conselhos e no teria sido
escrita sem seu apoio, pacincia, incentivo e amor. Vocs so luzes de minha vida. "Por
seus pensamentos claros, por suas personalidades profundas, pela beleza de suas almas",
eu os amo.
A Waldimir Maia Leite e Aida Ferreira Leite, meus queridos pais, "que durante uma
crise de minha juventude, me ensinaram a sabedoria da escolha: tentar e falhar, , pelo
menos, aprender; no chegar a tentar sofrer a perda incalculvel do que poderia ser
conseguido".
A Jos da Costa Leite, meu av, meu primeiro empreendedor/criador de empresas.
A meus irmos, cunhados e cunhadas, pelo estmulo presente.
Ao estimado Professor Doutor Borges Gouveia, cuja inspirao intelectual
transmitiu apoio, ideias, orientao, colaborao segura e constante que foram decisivos
na conduo dos trabalhos realizados e apresentados nesta dissertao.
Ao meu estimado sogro Dinaldo Zeferino Vieira de Melo, por ter suportado a nossa
ausncia.
Aos ausentes Professor Aderbal Zeferino Vieira de Melo e Dona Maria Alice de
Souza Leo Vieira de Melo, tenho certeza que de onde estiverem sabem do apreo e
respeito do autor.
Professora Doutora Nilda Leone, nossa orientadora da dissertao de mestrado, a
quem devemos o despertar da motivao e constante incentivo a prosseguir com o
Doutoramento, a nossa dvida de gratido enorme.
Professora Maria Kathleen Vasconcelos, pela amizade, estmulo e apoio sempre
presentes.
-
x
Ao professor Srgio Barcelar, pela amizade, estmulo com que me cercou durante a
realizao deste trabalho.
Os trabalhos de investigao apresentados nesta tese de Doutoramento foram
integralmente apoiados por uma bolsa de estudo concedida pela CAPES - Fundao
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior. Tenho enorme gratido
por esta ajuda.
A todos os empreendedores/criadores de empresas, sem os quais este trabalho nunca
seria realizado.
Aos amigos que me incentivaram para a realizao desta pesquisa, os quais seria
impossvel mencionar, nominalmente.
-
ndice Parte I - Inovao Tecnolgica e Entrepreneurship
1. O fenmeno do entrepreneurship em Portugal e no Brasil 1
1.1. Introduo 1
1.2. Organizao da tese 23
2. Caracterizao do Entrepreneurship 25
2.1.Introduo 25
2.2. As principais etapas da investigao 29
2.3. O objectivo da investigao 37
2.3.1.O estudo do entrepreneurship 39
2.3.1.1. Justificao da investigao 39
2.3.1.2. Variveis do estudo 40
2.3.1.3. Hiptese formulada 42
2.4. Delimitao do mbito geogrfico e amostral 46
2.5. Os mtodos de medida 51
2.5.1. Instrumentos de recolha dos dados: o questionrio 51
2.5.2. O instrumento de medida adoptado 54
2.5.3. Os mtodos de anlise 55
Parte II - Viso Integrada dos Conceitos de Entrepreneur e Entrepreneurship
3. A perspectiva econmica do fenmeno do entrepreneurship 57
3.1. Introduo 57
3.2. O conceito de entrepreneur e entrepreneurship segundo Schumpeter 57
3.3.O entrepreneur na perspectiva dos economistas 60
3.3.1. A inovao e a actividade empreendedora 60
3.3.2. O lucro como fonte propulsora do empreendimento 64
3.4.O entrepreneur e a inovao: a contribuio de Schumpeter. 65
3.5. Fundamentos para uma prtica gerencial empreendedora 68
3.5.1..A economia do entrepreneurship. 69
3.5.2.As premissas do entrepreneurship 73
3.5.3..Entrepreneurship = liberdade de aco + oportunidade 75
3.6.Concluso 77
-
NDICE xii
4. A perspectiva psicolgica do fenmeno do entrepreneur e do
entrepreneurship 83
4.1. Introduo 83
4.2. O conceito de entrepreneur e entrepreneurship na percepo de
McClelland 83
4.2.1 Max Weber como fonte de inspirao de McClelland 86
4.3 A teoria motivacional de McClelland 87
4.3.1.A necessidade de realizao e o entrepreneurship 87
4.3.2. A necessidade de afiliao e o entrepreneurship 88
4.3.3.A necessidade de poder e o entrepreneurship 89
4.4.O entrepreneur na sociedade moderna 90
4.4.1. Entrepreneurship e as vises romnticas sobre o fenmeno 91
4.5. Atitude e o entrepreneurship 96
4.5.1. Relevncia do estudo da atitude 96
4.5.2. Definio de atitude 97
4.5.3. Organizao da atitude 98
4.5.4. Relao entre atitude - comportamento 99
4.5.5 Modelo de Avaliao do Entrepreneurship 99
4.6. Caracterizao do entrepreneurship 103
4.7. Concluso 105
5. A perspectiva de gesto do fenmeno do entrepreneurship 107
5.1. Introduo 107
5.2. Conceito de entrepreneur e entreprepreneurship de Drucker 108
5.3. O conceito de inovao na viso de Drucker 113
5.4. A prtica da gesto empreendedora 117
5.5. O entrepreneurship e a actividade empresarial 122
5.5.1. Os sectores de resultados 122
5.5.2. Definio de produtos e servios 122
5.5.3. Resultados das actividades empresariais 123
5.5.4. O cliente o negcio 123
5.5.5. O comportamento do cliente 124
5.6. Negcios baseados no conhecimento 126
5.7. O entrepreneur e as oportunidades 129
-
NDICE xiii
5.8. Instrumentos do entrepreneur de base tecnolgica: tecnologia e gesto 133
5.9. O entrepreneur e a gesto eficaz 137
5.9.1. A prtica da gesto 143
5.10 A sociedade ps-industrial 145
5.11. O desafio do sector do conhecimento no acto de subsidiar a inovao 147
5.11.1 A informao como canal de distribuio da sociedade
ps-industrial 148
5.12. A sociedade ps-capitalista e a ascenso da sociedade do conhecimento 152
5.12.1. Roteiro para gesto do capital intelectual 156
5.12.2. O valor do capital humano 159
5.13. Concluso 160
6. Viso integrada do entrepreneur e do entreprenuership 163
6.1. Introduo 163
6.2. Aprofundando a identificao das caractersticas do entrepreneur
e do entrepreneurship 164
6.3. Novas competncias exigidas do entrepreneur para criar e desenvolver
um empreendimento bem-sucedido 168
6.4. Entrepreneurship como uma opo de vida 174
6.4.1 A tbua dos mandamentos do entrepreneurship 175
6.4.2. Sntese dos traos de personalidade tpicos de um entrepreneur
sucesso 177
6.5. Refutando os mitos do entreprenuership 177
6.6. Distino entre entrepreneur e empresrio 184
6.7. Entrepreneurship no mundo 187
6.8. Desemprego: uma enfermidade europeia 191
6.9. (Re) pensando o futuro do entrepreneurship 196
6.9.1. Uma retrospectiva histrica do entreprenuership 198
6.10. Concluso 199
Parte III - Caracterizao do Entrepreneur
7. Caracterizao do entrepreneur de empresas de base tecnolgica 201
7.1. Introduo 201
7.2. O que um entrepreneur de empresas de base tecnolgica 202
7.2.1. Entrepreneurship e o criador de empresa de base tecnolgica 211
7.3. Mandamentos para a criao de uma empresa de base tecnolgica 212
-
NDICE xiv
7.4. Concluso 217
8. A caracterizao do negcio 219
8.1. Introduo 219
8.2. A oportunidade do negcio 220
8.2.1. Ideias X oportunidades 225
8.2.2. A janela de oportunidades 227
8.3. A teoria do negcio 229
8.3.1. Bases da revoluo empreendedora do sculo XXI 237
8.3.2. Ecosistema empresarial e o processo evolutivo na concepo da
incubao de empresas 239
8.3.3. Uma galxia de alianas no ciberespao 240
8.3.4 A metfora biolgica 242
8.4. A capacidade visionria do entrepreneur 245
8.4.1. transformando uma viso numa oportunidade de negcio 246
8.5. Concluso 248
9. Os riscos do entrepreneur 251
9.1. Introduo 251
9.2.Entrepreneuship e o risco empresarial 252
9.3. Como o entrepreneur pode tirar partido dos fracassos 254
9.3.1. Grande concepo + fraca execuo = morte do empreendimento 255
9.4. Regras bsicas para o lanamento de produtos/servios de base
tecnolgica 263
9.5. Concluso 266
10. Entrepreneur como criador de empresa 269
10.1. Introduo 269
10.2.O fenmeno do start-up e do spin-off 270
10.2.1. Spin-off: aprofundando as reflexes sobre o fenmeno 270
10.3. De acadmico a entrepreneur: o exerccio do processo criativo 272
10.3.1. Spin-off: tipos e problemas institucionais 273
10.3.2. Spin-off: estratgias e organizao 275
10.3.3. O relacionamento com o ambiente externo 276
10.4. Roteiro para criao de empresas via spin-off 278
10.4.1. Fase de idealizao 278
10.4.2. Fase de concepo 278
-
NDICE xv
10.4.3. fase de formao 279
10.4.4. Fase de consolidao 279
10.4.5. Fase de maturao 280
10.5. Centros de investigao e universidades: gnese do spin-off 281
105.1.Unindo universidade e empresa 282
10.6. O entrepreneur como dinamizador da economia 283
10.7. A personificao da empresa 294
10.8. O processo de start-up 311
10.9.Concluso 313
11 O entrepreneur como factor de desenvolvimento 315
11.1. Introduo 315
11.2.O entrepreneur como factor de fomento do crescimento e do
desenvolvimento econmico da sociedade moderna 316
11.2.1. O papel do entrepreneur como criador de riquezas 316
11.3. Concluso 330
12. O entrepreneur e a sua formao 331
12.1. Introduo 331
12.2.Formar entrepreneur e criar empregos 331
12.2.1 Os mitos no processo de formao de entrepreneur 333
12.3. A morte dos empregos para toda a vida 337
12.4. Escola de entrepreneur 341
12.5. Concluso 344
Parte IV - Estudo e Criao das Empresas de Base Tecnolgica
13. Caractersticas das novas empresas 347
13.1.Introduo 347
13.2. Desaparecimento dos micro e pequenos negcios: crnica de
uma morte desmentida 353
13.3. Empresas de base tecnolgica revolucionam a gesto 356
13.4. Paradigma empresarial do sculo XXI: produtos/servios
inovadores + marketing criativo 359
13.5. As empresas de base tecnolgica e as tecnologias de informao 359
13.6. Concluso 369
14. A inovao e a empresa de base tecnolgica 373
14.1. Introduo 376
-
NDICE xvi
14.2.O impacto da economia digital no tecido empresarial 378
14.2.1 Como navegar nas ondas das mudanas da nova economia 382
14.2..2 A tecnologia de informao como motor da nova economia 388
14.2.3. Entrepreneur "literado em computadores" 388
14.3. O papel do marketing: como ficar mais prximos de seus clientes 389
14.4. A primavera da inovao 391
14.4.1. os novos mandamentos da economia do sculo XXI 394
14.5. A criao de formas de empregos no tradicionais 399
14.5.1. Cyberjobs: a autpsia da formao profissional 403
14.5.2.. Entrepreneur do sculo XXI: o desafio de ser a prpria empresa 404
14.6. Concluso 406
15. A criao de empresas de base tecnolgica: entrepreneurship + inovao
+ incubao 407
15.1. Introduo 407
15.2. Incubadora de empresas: uma creche para as empresas de base
tecnolgica 408
15.2.1. Incubadora de empresas de base tecnolgica: inovao
tecnolgica + oportunidades do mercado 412
15.2.2. Incubadora como local de gerao, gestao e crescimento das
empresas de base tecnolgica 417
15.3. O papel da tecnologia na formatao das empresas de base tecnolgica 419
15.3.1. A inovao tecnolgica e as empresas de base tecnolgica 423
15.3.2. Quando as leis da fsica encontram as leis dos negcios 425
15.4. A importncia da capacidade tecnolgica 428
15.4.1. O papel capacitador da tecnologia da informao 429
15.4.2. A capacidade inovadora das micro, pequenas e mdias empresas
de base tecnolgica 433
15.5. Incubadora de empresas de base tecnolgica e o desafio de criar
organizaes em ambientes high-tech 438
15.5.1. Incubadora: berrio do spin-off 439
15.6.Como liderar organizaes em ambientes de elevada tecnologia 441
15.6.1. Criatividade e inovao 447
15.6.2. Deciso de inovar: actividade inerente ao entrepreneurship 450
-
NDICE xvii
15.7. Negcios via Internet: ideias de McLuhan + entrepreneurship 456
15.7.1.O impacto da Internet na estrutur(ao) organizacional das micro,
pequenas empresas de base tecnolgica 464
15.7.2. E- Business: a nova viso do negcio no sculo XXI 465
15.8. Exploso inovadora: entrepreneurship + capitalismo 469
15.9. Incubadora na Era Digital: entrepreneurship + alta tecnologia +
capital intelectual 477
15.10. Plos e parques de cincia e tecnologia: como instrumentos de apoio
no processo de incubao de empresas de base tecnolgica 482
15.10.1.Parques tecnolgicos como motor da cultura empreendedora 484
15.10.2. Formatao dos plos tecnolgicos 486
15.11. Concluso 489
Parte V: Resultados, Concluses e Recomendaes
16. Apresentao, anlise e interpretao dos resultados 493
16.1. Anlise descritiva 493
16.1.1. Parte I do questionrio 493
16.1.1.1. Caracterizao do empreendimento 494
16.1.1.2. Micro, pequenas e mdias empresas: razes para um
encantamento 497
16.2. Parte II do questionrio 500
1.6.2.1. Caracterizao do perfil empreendedor/criador de empresas de
base tecnolgica 500
16.2.1.2. Qualificaes pessoais do empreendedor/criador de empresas
de base tecnolgica, via incubadora 507
16.2.1.3. Exemplos familiares: factores condicionantes para que um
indivduo torne-se um empreendedor 507
16.2.1.4. Experincia profissional do empreendedor 509
16.3. Parte III do questionrio 522
16.3.1. Motivaes e oportunidades para a criao da empresa 522
16.4. Parte IV do Questionrio 531
16.4.1. Anlise dos resultados relativos ao processo de criao da
empresa - facilidades e dificuldades encontradas para criao
da empresa 531
-
NDICE xviii
16.4.2. Composio da equipa 551
16.4.3. Declogo para acertar na escolha do scio 553
16.4.4. Scio catalisador 537
16.5. Projecto de criao da empresa 560
16.5.1. Colaboradores na elaborao do projecto de criao da equipa 562
16.6. Situao profissional do empreendedor quando da criao da empresa 567
16.7. Percepo dos empreendedores sobre as iniciativas empresarias 570
16.8. Alerta aos futuros criadores de empresas de base tecnolgica, via
incubadora 571
16.9. Resultados propostos 577
16.9.1. A verificao das hipteses emitidas 577
16.9.2. Elaborao de uma tipologia 578
17. Concluses e recomendaes 583
17.1. Introduo 583
17.1.1. Anlise da reviso bibliogrfica e referncias 583
17.1.2. Caracterizao dos empreendimentos 584
17.1.3. Perfil do empreendedor 585
17.1.3.1. As dez qualidades de um empreendedor bem-sucedido 588
17.1.4. Motivaes e oportunidades para a criao da empresa 589
17.1.5. Percepo do empreendedor sobre as dificuldades e
facilidades encontradas para criao da empresa 590
17.1.6. Percepo do empreendedor sobre o processo de criao de sua
empresa 591
17.2. Concluses 592
17.3.Recomendaes 596
Anexos 609
Anexo 1 - Inqurito 610
Anexo 2 - Incubadoras participantes da pesquisa 621
Bibliografia 627
-
Lista de Figuras 1.1. Esprito empreendedor 10
1.2. O crculo virtuoso 14
1.3.A viso integrada: Schumpeter, McClelland e Drucker 15
2.1.Objectos da investigao 31
2.2. Resumo das hipteses 45
2.3.As hipteses 45
2.4.Modelo de Estudo do Processo de Criao de Empresas de Base Tecnolgica,
Via Incubadora 48
2.5. Anlise Estatstica 56
3.1. Representao grfica do modelo de Schumpeter do "entrepreneurial
innovation" 63
3.2. Modelo interactivo do processo de inovao 65
3.3. Feedback e interaco no processo de inovao 66
3.4. Representao sistemtica do modelo schumpeteriano de inovao gerada
por uma grande empresa 67
4.1. A viso de Weber 86
4.2. A viso de McClelland 86
4.3. Modelo de Avaliao da Manifestao Comportamental Empreendedora 100
6.1.Perfil do empreendedor 171
6.2. Caractersticas X traos marcantes de um empreendedor de sucesso 172
6.3. Principais causas dos fracassos de um empreendedor 173
6.4. Atributos para manter o esprito empreendedor: os 10 D's 176
6.5.Atributos essenciais para ser bem-sucedido como empreendedor
no sculo XXI 183
6.6. Estilos de entrepreneurship 188
6.7 Os factores de sucesso na abordagem da inovao 189
6.8. Desafios e Respostas aos Estmulos Ambientais 200
8.1. Roteiro para a aplicao da teoria do negcio 234
8.2. Equilibrando a balana da competio 237
8.3. Parcerias no ciberespao 241
-
LISTAS DE FIGURAS xx
xx
8.4. Como avaliar a sua capacidade para transformar uma viso em um
empreendimento vivel 247
8.5. Modelo para a avaliao da capacidade empreendedora 250
10.1. Elo de ligao Universidades e Centros de Pesquisas 273
10.2.A base de descrio do processo de criao de um novo negcio 295
10.3. Processo de criao de empresas de base tecnolgica, via incubadora 298
10.4 O processo do start-up 311
12.1. Antiga Escola versus a Nova Escola do Entrepreneurship 343
13.1.A Big Blue segue o lder 355
13.2. Como as companhias so administradas 369
14.1. Mudanas em Paradigmas 380
14.2. Tecnologia e Marketing: bases da estratgia vencedora 386
14.3. Paradigmas gerenciais contrastantes 397
15.1. Atractivos de uma incubadora 412
15.2. Equao da corrente da inovao 432
15.3. Corrente do entrepreneurship 449
15.4. Da ideia realidade 450
16.1. Modelo de Desenvolvimento de empreendedores/criadores de empresas
de base tecnolgica, via incubadora 509
16.2. Implicaes Estratgicas da Dependncia Tecnolgica 537
16.3. Modelo de Criao de Empresas de Base Tecnolgica, via incubadora 581
17.1. Processo de Incubao 598
17.2. A Era Digital 603
17.3. Viso Integrada 605
-
Lista de Tabelas 16.1 Facturao 494
16.2.Patrimnio 495
16.3. Nmero de empregados 496
16.4. Empresas existentes nos Estados Unidos da Amrica e na Europa 497
16.5.Ramo de actividade 499
16.6. Faixa Etria 501
16.7. Sexo 503
16.8. Profisso do Pai 506
16.9.Profisso da Me 507
16.10. Experincia em criar empresas 510
16.11. Actividade profissional 511
16.12. Funo/cargo acumulado 511
16.13. Ligao profissional 513
16.14. Nvel de escolaridade 514
16.15. Curso de graduao 516
16.16. Fontes de obteno de tecnologia 519
16.17. Contribuio institucional 521
16.18. Caractersticas do perfil empreendedor 523
16.19. Fonte de oportunidades 531
16.20. Factores determinantes no processo de criao de empresas 534
16.21.Desafios enfrentados pelos empreendedores 540
16.22. Percepo do empreendedor 546
16.23.Promotor da criao da empresa 551
16.24.Contribuio de cada scio 554
16.25. Motivos para a criao da empresa em sociedade 558
16.26. Fonte de obteno de capital 559
16.27.Estratgia adoptada para criao da empresa 563
16.28.Tempo investido no processo de criao da empresa 564
16.29.Percepo do empreendedor sobre a experincia de criar a empresa em
sociedade 566
16.30. Vantagens e desvantagens de incubar uma empresa 568
-
xxii
16.31.Percepo dos empreendedores sobre ameaas das empresas de base
tecnolgica 569
16.32. Motivao do empreendedor para criar sua empresa novamente 570
16.33. Conselhos aos futuros empreendedores 572
-
Captulo 1 O fenmeno do entrepreneurship em Portugal e no Brasil 1.1. Introduo O estgio de desenvolvimento econmico de um pas ou regio pode ser
avaliado, tambm, em funo das suas actividades na rea da inovao e criao de
empresas de base tecnolgica. No Brasil e no Norte de Portugal, onde as actividades
econmicas mais inovadoras so baseadas, predominantemente, na iniciativa privada, as
empresas de base tecnolgica, criadas via incubadora, actuam como uma verdadeira
alavanca que impulsiona a transformao de conhecimentos em riquezas e acumulao
de capital fsico e intelectual.
A inovao um termo econmico e social. Seu critrio no se baseia na cincia
ou na tecnologia, mas nas mudanas no ambiente econmico e social e no
comportamento das pessoas como consumidores ou produtores1.
A revoluo tecnolgica da ltima metade do sculo XX gerou grandes
mudanas econmicas e industriais, no mundo inteiro. O que talvez seja um pouco
menos bvio para ns so as mudanas tecnolgicas subjacentes e as correspondentes
nas estruturas econmicas de produo, distribuio e concorrncia.
Ao longo dos anos, o homem identificou perodos de extremo progresso e
mudana em sua sociedade, no apenas local, mas como um todo. Podemos constatar
que o progresso tcnico alcanado, o superado pelo homem nestes ltimos 25 anos do
sculo XX como a terceira onda2, to decisiva e complexa para a humanidade como
forma, a primeira e a segunda, respectivamente a Revoluo Agrcola e a Industrial.
Os ciclos das inovaes so cada vez mais acelerados. A quantidade de
conhecimento cientfico, acumulado na ltima dcada, ultrapassa tudo o que se
descobriu na histria humana precedente. A cada 18 meses, dobram-se a potncia e a
capacidade do computador. A cada 12, duplicam-se o tamanho e o alcance da Internet.
O nmero de sequncias de DNA analisadas tambm dobra a cada dois anos. Os ttulos
dos veculos de comunicao social quase diariamente anunciam avanos nos sectores
de informtica, telecomunicao, explorao espacial, entre outros.
1 Drucker, Peter F. The best of Peter Drucker on Management. New York: Harper & Row, 1977,
pgina 182. 2 Toffler, Alvin, A terceira onda, Rio de Janeiro. Record,1980, 491p.
-
Introduo 2
Na esteira desta revoluo, indstrias e estilos de vida esto sendo descartados,
s para dar lugar a outros tantos, inteiramente novos. Mas essas rpidas e assombrosas
mudanas no so apenas quantitativas. Elas representam as contraces do nascimento
de uma nova era.
Durante a maior parte da histria humana s tivemos condies de observar,
como circunstantes, a bela dana da natureza. Hoje, ao contrrio, vivemos o pice de
uma transio, passando de espectadores passivos da natureza para activos coregrafos.
O progresso na informtica, tecnologias da informao e telecomunicaes aps
a segunda metade deste sculo, reuniu o mundo de forma mais transparente, porm no
menos complexa. Se o final do sculo XX pode ser reconhecido como a era dos
computadores, com absoluta segurana, o sculo XXI j nascer na biotecnologia.
Biotecnologia, no conceito da Organizao para Cooperao e o
Desenvolvimento Econmico, "a aplicao dos princpios cientficos e da engenharia
ao processamento de materiais, atravs de agentes biolgicos, para prover bens e
servios" ou a biotecnologia. qualquer tcnica que se utiliza de seres vivos ou suas
partes funcionais para a prestao de bens e servios em escala industrial".
No ltimo quarto de sculo, vimos a tecnologia e seus efeitos actuarem como se
no existissem fronteiras nacionais. A transferncia de novas tecnologias para lugares
distantes e a interligao das empresas, no mundo inteiro, criaram um novo ambiente
competitivo.
O mundo, at certo ponto e em todos os nveis, est sendo reinventado. Existe
uma lgica curvilnea no universo e a curva sempre desce, no final.
As novas tecnologias so contra o desemprego. Mas h quem afirme que estas
so inimigas do emprego. Existem muitas formas de combate ao desemprego. Por
vezes, no basta dizer que esto a criar-se mais postos de trabalho, e com isso, mais
oportunidades para a populao desempregada.
O investimento permanente nos recursos humanos pode representar a diferena
entre acompanhar a mudana, ou ficar "paralisado" perante a competitividade dos
mercados. Em economias abertas e competitivas, so os que investem permanentemente
nas pessoas e no desenvolvimento de novos produtos/servios e tecnologias que melhor
enfrentam o choque das mudanas.
Este final de sculo est totalmente associado s conquistas cientficas e
tecnolgicas. O homem conseguiu integrar povos e naes e fomentar o comrcio
internacional, graas s telecomunicaes, multiplicou a velocidade do trabalho e at o
-
eliminou, graas ao computador, e agora caminha rapidamente para a manipulao dos
genes, de forma a obter substncias que lhe possam ser teis.
Os grandes fenmenos da segunda metade do sculo 20 so quase todos
consequncia de avanos tecnolgicos. A globalizao, que comeou pelos mercados
financeiros, no teria acontecido se no fossem a diminuio das tarifas telefnicas
internacionais e os enormes avanos da informtica.
As mudanas que, desde meados da dcada de oitenta, tm vindo a afectar as
economias, a nvel mundial, assim como a crescente globalizao dos mercados
provocou um aumento da concorrncia entre as empresas, em todas as reas de
interveno. Os factores crticos de sucesso para um negcio alteraram-se, ento,
radicalmente3.
O sucesso de uma empresa em um mercado global e competitivo passa,
essencialmente, pela sua diferenciao em relao concorrncia.
A mudana dos factores de sucesso uma das variveis que os empreendedores
devem ter em mente, nesta virada de sculo.
Constata-se a existncia de trs pocas diferentes que marcam a evoluo destes
critrios de competitividade: a era da produo em massa, a era da qualidade e a era do
consumidor virtual, cada uma delas claramente marcada por diferentes factores de
exigncias.
O cliente o principal mentor destas exigncias, que se vo alterando medida
das suas necessidades. Se, na chamada Era da Produo em massa, o custo, a
disponibilidade e o aproveitamento das economias de escala eram factores preferenciais,
tudo isto se alterou quando o consumidor comeou a ter uma maior preocupao com
factores como a confiana, a segurana, a durabilidade do produto. Foi a evoluo
natural para a chamada Era da Qualidade. Actualmente, as coisas alteram-se mais ainda.
Na Era do Consumidor Virtual as preocupaes de empreendedores e
consumidores passam muito pela presena global, disponibilizada principalmente pela
Internet.
A globalizao est, a cada dia, mais evidente. Isto se deve ao grande avano
tecnolgico dos ltimos tempos, o que permitiu uma velocidade de comunicao, nunca
vista antes e ainda insuficiente para o que j hoje necessrio.
Existem vrias vises a respeito da globalizao:
3 Brockhaus, Robert H. Entrepreneurial research: are we playing the correct game? American
Journal of Small Busieness, 12(3): 55-61, Winter 1988.
-
Introduo 4
h os que acreditam que a globalizao um mal inevitvel, que resultado do
grande avano tecnolgico e que as pessoas j esto inseridas em um mundo
globalizado;
outros acreditam que s acontecer a globalizao aps a consolidao dos
mercados regionais;
h tambm os que crem que a globalizao ocorrer a todos os nveis: econmico,
financeiro, social, poltico, cultural. Assim, a globalizao est mais distante de se
tornar totalmente consolidada, pois no se faz esse tipo de mudana rapidamente;
e para as empresas, especialmente as de base tecnolgica criadas via incubadora, a
globalizao um bom negcio? Depende de seu empreendedor, se o seu
produto/servio tem qualidade para competir em um mbito mundial, por que no
conquistar o prprio mercado?
A globalizao como fenmeno tem como consequncia bvia a entrada em
novos mercados, muitas das vezes com novos produtos ou segmentos de consumidores.
O facto que os empreendedores/criadores de empresas de base tecnolgica, via
incubadora, sabem que h novos desafios a vencer, a todo instante. Tero de estar
atentos para essa tendncia mundial. Estamos numa verdadeira corrida de obstculos4.
Do incio da teoria econmica, com Adam Smith, at muito recentemente, os
economistas explicavam o desenvolvimento das naes como resultado de trs
variveis: mo-de-obra barata, matria-prima abundante e capital disponvel para
investimentos. Hoje, sabe-se que existem duas outras variveis, provavelmente mais
importantes que as demais: a tecnologia e o entrepreneurship (o esprito
empreendedor).
Sem medo de empreender, produzir e ser feliz. Assim so os empreendedores.
O empreendedor/criador de empresas de base tecnolgica precisa ter uma clara
viso de seu sucesso e tomar uma direco para chegar l. Ele tem que saber que
comboio pegar. o desafio de transformar ideias em produo. vencer o desafio de
passar de investigador a empreendedor.
Para atingir esse objectivo, o empreendedor dever seguir um modelo estratgico
para o sucesso tem de descobrir algo que diferencie o seu negcio dos outros,
procurando, dentre outras coisas:
formular uma viso baseada na realidade;
-
definir os valores centrais e a filosofia de sua empresa;
criar uma declarao da misso da empresa que seja precisa, concisa e inspiradora;
avaliar um conceito unificado para criar valor para seus clientes.5
So necessrios impostos mais baixos e leis laborais mais flexveis para criar um
ambiente onde os empreendedores floresam e o desemprego diminua. O Brasil e
Portugal esto a acordar para a importncia que as micro e pequenas empresas de base
tecnolgica so a chave para o crescimento e a prosperidade das suas economias.
E o progresso tecnolgico, aumentando a produtividade, pode at levar
substituio de alguma mo-de-obra, por novas mquinas, por exemplo. Essa
"destruio criativa", como chamou Schumpeter, a caracterstica do formidvel
impulso inovador do capitalismo. Mudanas trazem vantagens para uns e desvantagens
para outros.
Reaces contra a inovao so antigas, e reaces contra mquinas tornaram
notrios os luditas ingleses que deram origem palavra francesa "sabotagem", dos
tamancos jogados para quebr-las. Mas segurar, travar o desenvolvimento da tecnologia
no a soluo.
preciso apostar, cada vez mais, nos empreendedores/criadores de empresas de
base tecnolgica, via incubadora. Ainda que a capacidade de empreender seja um
conceito difcil de definir, os economistas reconhecem sua importncia, desde a anlise
do desenvolvimento econmico feita por Joseph Shumpeter, na transio do sculo.
Indivduos com viso, dispostos a arriscar seu prprio dinheiro e o de outros
investidores em novos produtos, so o motor que combina capital humano e fsico,
estimulando o crescimento econmico e o progresso.
Um ambiente que favorece empreendimentos de sucesso tem como caracterstica
uma destruio criativa permanente, nos termos do prprio Schumpeter. Novas
empresas prosperam e ajudam a economia em parte destruindo os mercados de
concorrentes estabelecidos. Pases que protegem os mercados e ganhos de empresas j
existentes impedem a destruio criativa, to essencial ao progresso.
O mercado recompensa o mrito, a capacidade, a coragem de correr riscos, a
sorte e o sucesso dos empreendedores por meio de remuneraes, lucros, ganhos de
4 Ferro, J. R & Torkomian, Ana Lcia. A criao de pequenas empresas de alta tecnologia.
Revista de Administrao de Empresas, 28 (2): 43-50, Abril / Junho 1988. 5 Albrecht, Karl. The northbound Train: Finding the Purpose, Setting the Direction, Shaping
Destiny of your Organization. New York: Amacon, 1994.
-
Introduo 6
capital e dividendos. Os prmios diferem porque o desempenho difere. Ganhos
desiguais so a prova de que o mercado est cumprindo a sua misso.
Os intelectuais no gostam do mercado porque no consideram a riqueza o
resultado de um processo de criao, como a arte e a literatura. Os intelectuais
consideram a riqueza, quando acumulada, roubada, e banal, quando herdada. Eles
consideram a riqueza uma quantidade finita, como os recursos "no renovveis", as
pessoas que enriquecem so as que j repetiram o prato antes que as outras pudessem
comer sua primeira poro.
Os intelectuais simplesmente no conseguem relacionar a riqueza de um
empreendedor ao processo de criao/destruio criativa.
O ataque "cobia", vontade de crescer, prosperar dos empreendedores
criadores de empresas de base tecnolgica , na realidade, um ataque contra a liberdade
de empreender. Empenhar-se na defesa deste direito uma forma de defender a
liberdade humana.
preciso mudar a atitude e o comportamento das pessoas nas vidas particular e
profissional para que possam assumir postura mais empreendedora, mais positiva diante
da vida empresarial. H pessoas que sofrem muito para mudar de um "status " de
empregado para um de empreendedor e so submetidas a um "stress" muito grande por
isso6.
Embora algumas culturas encorajem a capacidade empresarial mais do que
outras, todas as culturas tm reservas de talento que vm tona quando o ambiente
propcio para negcio. preciso resgatar a figura do empreendedor que assume riscos,
como nos alerta David McClelland7.
As viagens de descobrimento portuguesas dos sculos XV e XVI so
comparadas aos programas especiais de hoje ambos so vistos como esforos
nacionais que visam explorar o desconhecido e abrir novas fronteiras.
muito grande o nmero de pessoas, no Brasil e no Norte de Portugal, que
acreditam que ganharo muito dinheiro comeando um negcio novo numa incubadora
de empresas de base tecnolgica. A grande maioria fracassar ao tentar levar adiante
suas ideias. Ainda assim, essa vontade conduz uma economia para novos apogeus
6 Cooper, A. C. & Dunkelberg, W. C. Entrepreneurial research: old questions, new answers and
methodological issues. American Journal of Small Business, 11(3): 11-23, Winter 1987. 7 McClelland, David C. The Achieving Society. New York: D. Van Nostrand Company, 19961,
pp. 205-258.
-
quando encorajados por uma atmosfera regulatria favorvel e baixos impostos sobre
lucros, ganhos de capital e rendimentos.
Ser empreendedor significa ter capacidade de iniciativa, imaginao frtil para
conceber as ideias, flexibilidade para adapt-las, criatividade para transform-las em
uma oportunidade de negcio, motivao para pensar conceptualmente, e a capacidade
para ver, perceber a mudana como uma oportunidade.
No s com esprito empreendedor, intuio e muita vontade de trabalhar que
se faz o sucesso de uma empresa. Alm de ter coragem para se arriscar, muitas vezes em
um sector produtivo ainda no explorado, o empreendedor/criador de empresa de base
tecnolgica, via incubadora, precisa levar muito a srio a gesto de seu negcio. O
mercado, mais dia, menos dia, acaba devorando os amadores8.
A importncia da aplicao da tecnologia e do entrepreneurship, no
desempenho e na competitividade das empresas de base tecnolgica, indiscutvel.
Actualmente, novos produtos e processos do s empresas a possibilidade de compensar
seus recursos escassos ou debilidades. Eles so superados pela utilizao da tecnologia e
da inovao. Se repararmos na competio na maioria dos sectores da economia,
veremos que vence quem melhor souber utilizar uma tecnologia. Ela diminuiu muito a
importncia dos antigos factores de produo, considerados fundamentais.
Um pas ser verdadeiramente desenvolvido na medida em que souber criar,
para suas empresas, um ambiente no qual elas tenham condies de melhorar e inovar
mais depressa que suas rivais estrangeiras. Por outras palavras: as empresas precisam de
condies que lhes permitam criar inovaes, o que invariavelmente se d pelo emprego
adequado de tecnologias j existentes.
A estratgia aprender. O desenvolvimento de formas de organizao que
privilegiam a aprendizagem ainda muito novo no universo administrativo-empresarial.
As empresas em processo de aprendizagem as "Learning Organization"
comearam a se estruturar como tal e a se multiplicar s a partir destes ltimos dez
anos. "Aprender mais depressa do que os rivais a nica vantagem competitiva
duradoura.9
8 Ireland, R Duane & Van A. P. M. Entrepreneurship and small business research: an historical
typology and directions for future research. American Journal of Small Business, 11(4): 9-20, Spring 1987.
9 Senge, Peter. The Fifth Discipline The Art & Pratice of the Leraning Organization, New York, Currency Doubleday, 1990.
-
Introduo 8
O que levou as empresas japonesas a trilhar um caminho de sucesso no
aprendizado sistemtico da sua prpria aprendizagem, definindo novas culturas
organizacionais que evoluram segundo os seguintes estgios:
1946 a 1964 aprendendo a produzir (just-in-time);
1964 a 1973 aprendendo a produzir com qualidade ( TQC);
1973 a 1985 aprendendo a inovar ( integrao da tecnologia);
1985 a ... perseguindo a inovao sistmica ( convergncia das tecnologia).
Estas empresas de base tecnolgica procuram como, onde e quando inovar, e
nessa busca esbarram numa realidade simplista e factual: no existe inovao sem
criatividade humana! E a criatividade humana deve ser cada vez mais estimulada. a
valorizao do capital humano das naes como factor decisivo do prximo milnio.
E essa a questo-chave para o empreendedor de empresas de base tecnolgica,
no Brasil e no Norte de Portugal. Hoje, o importante saber empregar, adequadamente,
as tecnologias existentes e ser capaz de perceber o advento das tecnologias emergentes.
Ou seja, evidente que no se cogita para o Brasil, nem para o Norte de Portugal, um
papel de potncia responsvel pelo surgimento de tecnologias emergentes; mas estas
duas regies poderiam saber utilizar e buscar adequadamente as tecnologias disponveis
no estrangeiro.
O que realmente importa actualmente no onde a tecnologia foi criada, mas
sim como ela est sendo aplicada. Todos os pases, actualmente, tm acesso mesma
tecnologia, seja produo, nos servios, na medicina ou at mesmo na rea militar.
As tecnologias esto a mudar a organizao do trabalho. o fim da estabilidade
laboral. As tecnologias avanam e os processos de trabalho alteram-se. Alguns homens
adaptam-se e outros ......no.
A complexidade do sistema econmico refora a tese da seleco das espcies
de Darwin: os empreendedores altamente capacitados, preparados, prosperam, os
capacitados sobrevivem e os incapacitados so as maiores vtimas do processo de
mudana - a transformao no mundo das organizaes.
Estabilidade laboral e emprego para toda a vida so conceitos cada vez mais
distantes do quotidiano dos indivduos. Impossvel de prever no futuro.
Por uma razo ou por outra, j quase toda a gente ouviu falar em substituio
dos homens pelas mquinas. Foi assim durante a revoluo industrial e o cenrio repete-
se no virar do milnio, numa altura em que se vai generalizando a dispensa de mo-de-
-
obra menos qualificada, gradualmente pela introduo de tecnologias informao em
grande parte dos processos produtivos.
Estamos presenciando o advento da Sociedade da Informao, e a medida de
todas as coisas , cada vez mais, a capacidade de compreender e utilizar o valor
acrescentado, disponibilizado pelos novos instrumentos de trabalho, de onde se
destacam o computador, as redes de comunicaes e as telecomunicaes (tecnologia da
informao) a ele associadas. A mquina em si mesma nem sequer constitui notcia. A
grande novidade est naquilo que esta mesma mquina passou a proporcionar, no que se
refere organizao do trabalho.
Os produtos e servios ofertados pelas empresas de base tecnolgica so,
sobretudo, produtos/servios com muito valor acrescentado, produtos/servios
reconhecidos em toda parte pela alto grau de tecnologia sofisticada e capital intelectual
incorporados, e portanto no competem apenas em termos de preo. So
empreendimentos baseados no conhecimento.
Hoje, a nova fronteira a economia global. Investir na formao, em novas
tecnologias, implantar mtodos sofisticados de treinamento para aproveitamento desses
avanos, aperfeioar os controles de qualidade e criar sistemas de informaes voltados
para a pronta adequao de oferta, preos e produo s condies do mercado podem
ser uma forma de responder s oportunidades proporcionadas pela globalizao.
As empresas de base tecnolgica foram as primeiras a perceber a importncia
dos computadores e das tecnologias da informao e telecomunicaes e a investir
maciamente no sector.
O empreendedor/criador de empresas de base tecnolgica, substituiu a
fabricao de bens de consumo pela produo de bens sofisticados em sectores baseados
no conhecimento, o segmento de mais rpido crescimento na economia mundial,
independente do sector industrial onde possa ser aplicado.
As realizaes empresarias destes empreendedores/criadores de empresas
devem-se muito a uma cultura que valoriza a iniciativa, a inovao, o pragmatismo e o
individualismo. Este pode ser um legado para as prximas geraes de empreendedores
e pode ser fonte de inspirao a milhes de indivduos, no Brasil e no Norte de Portugal.
preciso estimular os espritos independentes, empreendedores e pioneiros,
acalentar todos aqueles que manifestem interesse em criar seu prprio negcio. Ser
receptivo energia e ao talento em ascenso.
-
Introduo 10
O esprito empreendedor e a iniciativa individual precisam cada vez mais ser
encorajados, incentivados e apoiados.
Os empreendedores criadores de empresas de base tecnolgica esto melhor
adaptados para a actual economia baseada no conhecimento e em constante mutao.
Numa sociedade cada vez mais tercerizada, onde quase todas as actividades j
no dispensam o uso do computador e das vantagens que este proporciona,
nomeadamente em termos de ligao s grandes redes de informao, faz cada vez mais
sentido a existncia de mo-de-obra disponvel no mercado, com competncia adequada
s novas exigncias profissionais.
Nessa ptica, as novas tecnologias so responsveis pela passagem da era do
taylorismo era do ps-taylorismo, burocracia adhocracia, da especializao
polivalncia, da era da produo em massa era da produo flexvel. Numa palavra, da
sociedade industrial sociedade da informao.
Ser empreendedor, dono do seu prprio negcio, o sonho de muita gente.
Contudo, no fcil realiz-lo. De facto, deixar a segurana proporcionada por um
emprego estvel, pelo cheque que no falta ao fim do ms, abdicar confronto dos
inmeros benefcios oferecidos pelas empresas (carro, seguro de sade, carto de
crdito, formao diferenciada, bnus anuais, aces da empresa, etc.) uma atitude
difcil, que no se toma de nimo leve. Para mais quando se tem filhos, quando se est a
pagar a casa, quando se gostaria de comprar aquele barco ou aquela casa de campo ou
quando se planeia fazer aquela viagem espectacular.
No entanto, ser que dar o salto para deixar de ter um patro e passar a ser patro
de si prprio assim to difcil? Ser a barreira intransponvel?
ANTES AGORA Formao acadmica Nenhuma formao acadmica especfica
Envolvimento puramente tcnico Sede de novidades tecnolgicas
Pouco entrosamento com as demais reas
da empresa
Faro para os negcios
Viso voltada para solues rotineiras
dos problemas
Viso global do negcio da empresa
Esprito investigador Esprito empreendedor
Figura 1.1: Esprito empreendedor
-
Urge, pois, uma aposta na formao de base em entrepreneurship de todas as
pessoas que, de uma maneira geral, e, principalmente, daquelas que se encontram na
situao de desemprego, em particular10.
A quem compete esse papel? sociedade, no seu todo, onde se integram,
naturalmente, todas as organizaes e empresas.
preciso fugir tentao de convocar o Estado para capitanear este processo de
mudana. De todas as coisas organizadas, o Estado, em qualquer parte ou poca, a
mais mal organizada de todas, o que nos ensina Fernando Pessoa.
Este clebre poeta lusitano nos alerta que: Quanto mais o Estado intervm na
vida espontnea da sociedade, mais risco h, se no positivamente mais certeza, de a
estar prejudicando.... de estar entrando em conflito com as leis naturais, com leis
fundamentais da vida....
Agora pode-se perceber que o sucesso da indstria de software no foi motivado
pela regulamentao do governo, sim pela liberdade e pelo desejo de aprender , inovar e
se superar.
A trajectria de sucesso da indstria de software vai continuar - se a inovao
no for (re) estruturada, regulamentada pelo governo.
As empresas de base tecnolgica participam num jogo onde existem muitos
vencedores e perdedores e muita liberdade de errar. Estas empresas esto sujeitas
disciplina do mercado.
preciso resgatar a cidadania empresarial, atravs do apoio aos indivduos com
esprito empreendedor que possam utilizar a sua capacidade de colocar em prtica a sua
criatividade e iniciativa, capacidade de ligar o produto do conhecimento com a
actividade empreendedora e a capacidade de renovar constantemente a organizao e
seu produto/servio, mesmo que isto exija torn-los obsoletos.
Lana-se aqui o desafio a vrias organizaes, especialmente quelas que se
socorrem das mais modernas tecnologias para facilitar o acesso das pessoas
desempregadas formao em entrepreneurship, voltado para as empresas de base
tecnolgica.
Ou seja, em vez de anunciar que iria criar postos de trabalho, para ajudar a
combater o desemprego, as organizaes, responsveis por essa questo, devem ir um
10 Ronstadt, R. The educated entrepreneurs: a new of entrepreneurial education is beginning.
American Journal of Small Business, 11(4): 37-53, Spring 1987.
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Introduo 12
pouco mais atrs no processo e propor-se a apoiar a formao de pessoas,
desempregadas ou no, na rea de novas tecnologias da informao, pondo disposio
meios tcnicos e know-how de gesto de empreendimentos de base tecnolgica,
constituindo-se assim a base de um sistema de formao e reconverso profissional ao
longo da vida activa dos indivduos, atravs da criao das escolas de empreendedores.
Esta tese reflete a importncia que as micro e pequenas empresas de base
tecnolgica, criadas passaram a ter nos ltimos anos, no desenvolvimento econmico e
social do Brasil e de Portugal, especialmente na regio Norte onde h um tecido
empresarial de grande dimenso, nomeadamente nos sectores tradicionais da economia.
Empreendedores principalmente os de micro e pequenas empresas so
cidados que utilizam sua capacidade de trabalho e tenacidade para criar valor, riqueza e
postos de trabalho. Vo muito alm das pessoas que precisam trabalhar para sobreviver
ou das que almejam cumprir uma vocao. obvio que ningum nasce grande, mas no
h verdadeiro empreendedor que se contente com poucos riscos e raras oportunidades.
Esta tese aborda o processo de criao de empresas de base tecnolgica, via
incubadora, visando traar o perfil dos empreendedores brasileiros e do norte de
Portugal.
Agora, estudantes universitrios, docentes e investigadores, cujo nico
objectivo, anteriormente, era um emprego administrativo em alguma grande empresa ou
universidade/instituto politcnico, sonham com planos de uma empresa prpria.
As empresas de base tecnolgica, criadas via incubadora, podem ser definidas
como um empreendimento que congrega design, desenvolvimento ou produo de um
novo produto/servio ou processo atravs da sistemtica aplicao do conhecimento
tcnico, cientfico existente, empregando largamente o "estado da arte" das tcnicas de
gesto existentes.
Para atingir estes objectivos as empresas de base tecnolgica precisam:
ser jogadora global (praticar a globalizao);
ser inovadora (utilizar novas tecnologias);
ser vencedora (busca constante da excelncia);
defender a abertura dos mercados (acreditar no comrcio livre);
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basear-se na economia de mercado no aceitar que o Estado dite regras nem
venha a intervir na economia (acreditar na desregulamentao)11;
ser proprietrio e controlador do negcio (apoiar a economia privada).
Um empreendedor especializado sabe muito sobre uma determinada rea, mas
faltam-lhe conhecimentos econmico-financeiros para gerir os fundos, apoios, analisar
investimentos e o sentido do marketing, ou seja, saber comunicar-se com o cliente.
Muitas vezes, por no dominar estes factores e no ter ningum que o ajude, uma boa
ideia pode acabar por ficar comprometida. H ainda que fazer uma anlise para saber
at que ponto vale a pena investir numa especializao. No acreditar que pode fazer
tudo sozinho e no se tornar autista. Isto , correr o risco de se apaixonar muito por uma
determinada ideia, ficar cego e no ter espao mental para pensar sobre o que se passa
volta. Antes de se lanar numa aventura, uma sondagem sobre a receptividade e avaliar
se existe uma populao crtica interessante, no fruto do projecto.
No contexto do mercado actual, essencial existirem especializaes, pois
atravessamos uma poca em que as tecnologias do saber dominam. Especializar-se e, de
forma criativa, transferir essa tecnologia do saber para um projecto empresarial. O risco
maior dessa super especializao perder o sentido prtico suficiente para traduzir num
servio til sociedade. Por outro lado, evitar a qualificao numa rea muito
especifica, sem nenhuma utilidade prtica um cuidado que deve ser tomado pelo
empreendedor.
A iniciativa de um negcio, partindo de uma especializao, no suficiente se
no existir um encontro com as necessidades do mercado. H ento que encontrar as
necessidades especficas de um determinado segmento e oferecer um produto ou servio
mais restrito e que v ao encontro das mesmas. H que ter em ateno, antes de
enveredar por uma determinada especializao, as realidades que traduzem essas
necessidades e desejos dos clientes. Comear a partir do mercado e avaliar o que este
precisa, utilizando informao com origem no consumidor.
O empreendedor/criador de empresas de base tecnologia, via incubadora, sabe
que deve ter sempre em mente:
ser realista e no criar muitas expectativas;
11 Kent, Calvin A. & Wooten, Sandra P. Privatization: the entrepreneurial response. In
Entrepreneursip and the privatization of goverment /edited by Calvin A. Kent. New York: Quorum Books, 1987, p.145-157.
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Introduo 14
ir ao encontro das necessidades dos potenciais clientes e no tentar impor a
tecnologia;
desenvolver aptides de gesto e marketing do seu negcio;
no tentar enriquecer rapidamente e canalizar os lucros para a expanso do negcio.
Devagar se vai ao longe;
comear pequeno com objectivos grandes, designadamente internacionais;
ser persistente e no se desviar do seu conhecimento. Acreditar que possvel ir
alm dos limites.
Os especialistas empreendedores so peritos a tirar partido do saber singular e se
lanam num negcio prprio. Conhecem bem uma rea de negcios e criam uma
empresa para fornecer ideias, produtos e servios. Com muita persistncia e coragem,
nunca desanimam. Sabem como poucos o quanto pode valer uma especializao e como
deve ser trabalhada para se transformar em lucro.
preciso colocar em prtica o crculo virtuoso riqueza humana
competitividade riqueza econmica. 12
RIQUEZA HUMANA - COMPETITIVIDADE RIQUEZA ECONMICA RIQUEZA HUMANA COMPETITIVIDADE
RIQUEZA ECONMICA
Figura 1.2: O crculo virtuoso.
Num cenrio em que a procura de emprego (especialmente o primeiro) se
apresenta cada vez mais difcil, no apenas pelo maior grau de exigncia, por parte de
quem recruta, mas tambm devido forte concorrncia existente entre a generalidade
12 Documento dos Lderes, Relatrio da Gazeta Mercantil, 18 de Fevereiro de 1998, pgina 04, adaptao
do autor.
Acumulao democratizada
de riqueza humana
Construo permanente da
competitividade das empresas de base
tecnolgica, criadas via incubadora
Gerao crescente de riqueza econmica e
valor acrescentado pelas empresas de base
tecnolgica , criadas via incubadora
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dos candidatos, uma alternativa que se coloca a da criao de seu prprio posto de
trabalho13.
De que forma? Pondo a imaginao, a criatividade a trabalhar e apostando no
esprito de iniciativa e empresarial que reside em cada um de ns.
No mercado haver sempre lugar para ideias com valor, que possam dar origem
a projectos de criao de negcios com sucesso. preciso ser inovador, ter
determinao e ser persistente.
indispensvel criar mecanismos capazes de impulsionar a capacidade
empreendedora dos indivduos, traduzida numa maior e melhor capacidade de iniciativa
e numa mais acentuada autonomia daqueles que pretendem criar o seu prprio negcio,
na preparao e concretizao da sua integrao na vida empresarial.14
A oportunidade uma criatura amistosa e muitas vezes imperceptvel.
Perigosa, somente quando ignorada pelos empreendedores. Ela precisa ser protegida,
explorada, preservada, dinamizada e aumentada.
Oportunidade, ento, a soma de uma necessidade com as condies de
satisfaz-la. O welfare state europeu reduziu consideravelmente o grau de necessidade
das pessoas. No por acaso, hoje, faltam empreendedores criativos na maioria dos
pases europeus.
Os empreendedores de sucesso sabem como identificar e aproveitar as
oportunidades, medida que elas se apresentam. Com a ideia de risco no lugar do
destino, temos hoje uma teoria para aproveitar as oportunidades. Os empreendedores
tm a livre determinao. A ideia de risco s faz sentido quando os empreendedores tm
a possibilidade de escolha.
A forma mais barata de criar e de ter sucesso numa empresa que a iniciativa
corresponda a uma necessidade do mercado.
O empreendedor um artista, um criador. Algum que cria novos produtos,
novos empregos, novas coisas. E nunca param. Os empreendedores no criam porque
querem, mas porque tm uma grande necessidade de realizao.
13 Bilrley, S. The Role of the new firms: biths,deaths,and job generation. Strategic Management
Journal, 7(4): 361-76, July / August 1986. 14 As aces do Servio Brasileiro de Apoio Micro e Pequena Empresa - SEBRAE, no Brasil,
da Associao Nacional de Jovens Empresrios - ANJE e da Novas Empresas e Tecnologias -NET, na Cidade do Porto, Portugal, so exemplos de como apoiar as micro e pequenas empresas.
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Introduo 16
Agora, de forma esquematizada, apresentamos um novo conceito de esprito
empreendedor, resultante de uma viso integrada da percepo da atitude e do
comportamento empreendedor (Schumpeter, McClelland e Drucker).
Figura 1.3: A viso integrada: Schumpeter, McClelland e Drucker.
As empresas de contedo tecnolgico obedecem ao seguinte processo de
nascimento e crescimento:
a concepo do produto;
a largada para a produo;
os primeiros negcios;
crescimento da empresa;
estabilizao gerencial e comercial;
a expanso.
Em geral, os capitalistas de risco entram da terceira ou quarta etapa, quando o
empreendedor demonstra, claramente, dimenso empresarial. Da a necessidade de
concatenar esforos com empresas de capital de risco para garantir as duas primeiras
etapas15.
As palavras-chave do empreendedor/criador de empresas de base tecnolgica,
via incubadora, enfrentar o sculo XXI so :
flexibilidade;
actualizao permanente;
motivao, envolvimento e compromisso;
criatividade;
atitude pr-activa e empreendedora;
abertura mudana e disponibilidade;
capacidade de adaptao;
orientao para a resoluo de problemas;
Empreender
Perceber
Antecipar Decidir
Agir Correr Riscos
OPORTUNIDADE
Criar
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tenacidade e resistncia a situaes stressantes.
Ser empreendedor significa:
ter a oportunidade de trabalhar em todas as vertentes do negcio;
controlar o seu prprio destino;
gerir o prprio tempo;
lidar directamente com os clientes.
Os empreendedores tambm enfrentam dificuldades no exerccio de suas
funes, tais como:
ter que despedir empregados,
trabalhar com um scio;
contratar empregados;
ter que fornecer formao aos empregados.
O capitalismo mostra uma imensa capacidade de se renovar, de baixo para cima:
novas tecnologias, naes emergentes e os espritos animais dos empreendedores
criam, continuamente, novas empresas16.
preciso saber explorar a capacidade do trabalhador do conhecimento. No
esquecer que vem a a sociedade cognitiva. As tarefas manuais exclusivas tendem a
desaparecer. Perdem expresso numrica e assumem cada vez menos importncia.
No passado, com excepo de algumas poucas profisses, como mdicos,
advogados, trabalhar por conta prpria significava uma diminuio de status social.
Agora, virou mote que desafia cidados informais, donas de casa e incontveis
doutores formados pelas melhores universidades do planeta. Todos entretidos na corrida
para abrir seu prprio negcio. E conquistar um espao prestigiado e confortvel.
Este um trabalho dedicado a quem acredita na liberdade de iniciativa, prefere a
competio ao conforto da autarquia estatal e v, na sua capacidade de decidir, um
elemento vital da existncia humana.
A todo momento, esto nascendo novas empresas, guiadas pela iniciativa
empresarial de certos indivduos, dotados de esprito empreendedor, que se dispem a
assumir riscos inerentes ao prprio empreendimento, pois no sabendo que era
impossvel, vo luta e faz acontecer.
15 Burch, John G. Profiling the entrepreneur. Business Horizons, 29(5): 13-6, Sept./Oct. 1986. 16 Burroughs, Helen J. & Thompson, M. Kay. Small business is America's future. Business
America, 110 (9): 2-10, May 8, 1989.
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Introduo 18
A atitude uma pequena coisa que estabelece uma grande diferena. H pessoas
que vivem com a impresso de que as oportunidades lhes escapam entre os dedos.
Muitas vezes, olham para trs e espantam-se com as coisas que no fizeram.
Por que ser que certas pessoas tm e apoiam ideias novas, enquanto outros, que
dispem dos mesmos dados, as rejeitam?
Os empreendedores agem de forma inversa: percebem tudo como grandes
oportunidades. A sua segurana econmica no est fundamentada num emprego, mas
no seu prprio potencial de produzir, de pensar, de aprender, de criar, de se adaptar.
Essa a sua verdadeira independncia financeira. A excelncia operacional o bilhete
para entrar no jogo. Mas no suficiente para poder venc-lo.
preciso que os empreendedores/criadores de base tecnolgica, via incubadora,
estejam aptos para tomar as rdeas dos negcios, preparados para assumir as complexas
responsabilidades de administrao, no limiar do sculo XXI, turbulento, competitivo,
globalizado, desafiador, sobrevivendo as melhores organizaes, aquelas que cultuam a
excelncia.
Os empreendedores/criadores de empresas de base tecnolgica, via incubadora,
so pessoas de qualidade rara, da qual emerge algo de slido e verdadeiro, em
contratendncia ao mundo de hoje, onde tudo fico e aparncia. Ser e no parecer,
esse , verdadeiramente, seu dote maior.
Nos mais diversos meios de comunicao social, hoje freqente ouvirem-se
comentrios acerca da necessidade de aparecimento de uma nova gerao de
empreendedores de maneira a poder encarar-se desafios e oportunidades de
empreendimentos de base tecnolgica que se advinham.
A mudana da estrutura produtiva de um pas ou regio no acontece do dia para
a noite, nem de gerao espontnea, existindo, geralmente, um no aproveitamento do
capital de conhecimentos de certas instituies, de produo de saber universidades e
institutos de investigao que no passam no sistema produtivo. O desenvolvimento
de uma rede de micro e pequenas empresas de base tecnolgica, criadas via incubadora,
poder constituir um instrumento eficaz de poltica econmica, atravs da criao de
interfaces entre a Universidade e os Institutos de Investigao e Desenvolvimento
(detentores tradicionais do saber) e a indstria, revitalizando todo o aparelho produtivo.
A inovao o sangue da longevidade empresarial. A inovao converte-se em
factor de xito quando a actividade de I&D se integra e alimenta o processo de
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transformao que pode garantir o desenvolvimento empresarial. Isolada, perde as
propriedades competitivas.
Os homens trilham quase sempre estradas j percorridas. Nicolau Maquiavel.
Escreveu o genial florentino estas palavras, para dizer que as pessoas buscam sempre o
caminho que lhes familiar por acomodao ou medo. Os empreendedores/criadores de
empresas agem de forma totalmente diferente: criam seu prprio caminho. uma
alegria renovada a cada passo bem-sucedido, no fazem nada sem alegria.
ai que comea uma histria de intensa insatisfao com o sucesso. O
empreendedor/criador de empresas de base tecnolgica, via incubadora, amaldioado
pelo talento e pela sorte. Este o seu destino: prosperam com base na inovao e
mudana. Esto sempre dispostos a experimentar novas tecnologias. A resistncia
mudana a maldio para estes empreendedores.
Estas ligaes, ainda que marginais no contexto de contribuio do PIB, podem
induzir efeitos propulsores, nomeadamente em perodos de descontinuidade, como os
que vivemos e que podem genericamente caracterizar-se como seguem:
abandono, por parte da generalidade dos pases industrializados, do modelo
tradicional de crescimento baseado no paradigma dos factores de produo
(trabalho, terra, recursos naturais e capital) que fazem com que deixem de
privilegiar-se certas indstrias, as empresas de base tecnolgica so vtimas deste
processo. Faz-se necessrio que sejam acrescentados aos tradicionais factores de
produo a figura do empreendedor e o processo de entrepreneurship, o novo
conceito baseia-se na inovao (quer seja ao nvel do processo ou do produto) e no
entrepreneurship, que em muitos casos impe uma ruptura com sectores
anteriormente apoiados;
a dinmica proporcionada pela descontinuidade tecnolgica, onde o diferencial
tecnolgico poder constituir-se uma vantagem competitiva sustentvel, se
permanentemente mantido e aprofundado;
ciclo de vida dos produtos cada vez mais curtos os produtos passam rapidamente
da juventude maturidade e mesmo ao declnio e exigncias, cada vez maiores, de
investimentos em investimento & desenvolvimento.17
17 Ibrahim, A. B. & Goodwin, J. R. Perceived causes os success in small business. American
Journal of Small Business, 11 (2): 41 - 50, Fall 1986.
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Introduo 20
O que poderia mudar, em duas dcadas, est renovando agora, em dois anos. A
velocidade dramatiza ainda mais a profundidade da mudana. O empreendedor de
empresas de base tecnolgica que no mudar, morre.
Estamos num momento de mudana, do tipo que cria grandes oportunidades.
Est deixando de existir o emprego, no sentido clssico, que era o antigo sonho da
maioria dos indivduos, e est surgindo um mundo em que todos precisam, de uma
forma ou outra, ser mais empreendedores.
Num ambiente de maior competio, a exposio de cada um ao risco aumentou.
Tambm aumentaram as chances de fazer dinheiro em volume maior. Vivemos tempos
interessantes. Uma poca em que vale muito mais o crebro que o capital inicial para
abrir-se uma empresa.
o valor da ideia. No por acaso que Bill Gates no fabrica computadores.
Vender o que vai dentro deles um negcio muito melhor.
a incansvel procura de um nicho de mercado, pois a tecnologia no o nico
grande capital contemporneo. preciso tambm apostar no marketing.
Quando se compete na crista da onda da inovao, preciso estar preparado para
pagar o preo do fracasso, por mais competente que seja o empreendedor. Pode ser
chato ter de admitir, mas no h sada quando se est frente do processo de inovao.
preciso preparar-se para o fracasso.
Se o empreendedor no est cometendo erros, ele no est assumindo riscos, e
isso significa que ele no est indo a lugar algum.
A criao de empresa de base tecnolgica constituir, provavelmente, o embrio
e o motor das transformaes radicais que j se manifestam no aparelho produtivo e no
futuro prximo podero desempenhar um papel decisivo na dinamizao, tanto da
economia brasileira como da portuguesa, a exemplo do que assiste-se em outras regies
do mundo.
Negcios empreendedores tratam o empreendimento como um dever. Eles so
disciplinados com relao a ele.... eles estudam-no........eles praticam-no.18
O emprego no mora aqui. Onde a sua nova morada? Este ser o dilema do
sculo XXI, quando o indivduo perceber que o seu melhor como empregado no ser
suficiente para a manuteno de seu posto de trabalho.
18 Drucker, Peter F.. Innovation and Entrepreneurship. New York: Harper Row, 1985. p. 150.
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As empresas de base tecnolgica, criadas via incubadora, apresentam algumas
importantes vantagens comparativas:
existncia de know-how super especializado;
produtos/servios de alta qualidade;
flexibilidade estrutural;
ligao fcil a centro de excelncia;
proximidade/conhecimento de clientes; se organizam em redor do cliente e no de
acordo com a sua lgica interna, o cliente a razo de ser de seu negcio, no
importa em que negcio a empresa est, o sucesso depende da sua capacidade de
resposta s mudanas nas necessidade e desejos dos seus clientes. E para isso tem
de se manter em constante contacto com eles;
mercado em forte crescimento e tecnologia de ponta;
o sangue vital deste tipo de empreendimento no equipamento, mas sim capital
humano e se sua escassez ocorrer, seria como se a humanidade ficasse sem o
minrio de ferro durante a revoluo industrial.
Se o indivduo quer colher a curto prazo, planta cereais. Se quiser colher a
longo prazo, planta rvores frutferas. Se os empreendedores/criadores de empresas de
base tecnolgica querem colher para sempre, devem investir no ser humano.
O conhecimento sempre importou, mas duas coisas mudaram. Primeiro, a
percentagem do valor adicionado a um produto passou a ser a coisa mais importante. Os
custos costumavam ser 80% para materiais e 20% para conhecimentos agora esto
repartidos em 70% e 30%. Segundo, cada vez mais possvel administrar o
conhecimento.11
O conhecimento um activo muito importante nas empresas. Passmos de uma
fase em que o principal activo das empresas era o capital, depois passou a ser a mo-de-
obra e agora no nenhuma dessas coisas. a informao. E a informao, j se dizia
h algum tempo, so dados providos de sentido. o conhecimento, no mais do que o
estgio a seguir: so informaes sobre as quais podemos decidir e empreender aces.
Em uma frase: o capital intelectual constitui a matria intelectual
conhecimento, informao, propriedade intelectual, experincia que pode ser
utilizada para gerir riqueza.12
11 Leite, Emanuel F. Capital Humano Incrementa Desenvolvimento de Empresas. Dirio de
Pernambuco, pgina 44, 07 de julho de 1991. 12 Stewart, Thomas A. Intellectual Capital. New York: Doubleday/Currency, 1997, pgina XIII.
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Introduo 22
O empreendedor/criador de empresas de base tecnolgica, via incubadora, um
filho da revoluo do saber, que a cada dia aumenta o seu quociente de inteligncia,
atravs das seguintes estratgias:
investe em activos de capital intelectual (patentes, base de dados, know-how,
marcas, etc.) partilhados pelo colectivo, por exemplo, atravs de intranets e
extranets;
organizao descentralizada com maior capacidade de deciso, a nvel local e na
frente dos clientes;
cultura interna fomentadora do esprito empreendedor;
cooperao total entre os envolvidos no processo - os scios, accionistas,
empregados, clientes, fornecedores, distribuidores funcionando como uma
verdadeira comunidade de interesses, como um autntico cluster;
participao alargada de todos os membros da organizao nos processos de
formulao estratgica da empresa;
cultivo de factores dinmicos internos, como a liderana, a estratgia e um ambiente
favorvel mudana;
sistemas de recompensas baseados na performance, com participao accionria e
nos lucros.
Este estudo visa, em sua essncia, analisar o processo de criao de empresas de
base tecnolgica, via incubadora, no Brasil e Norte de Portugal.
O trabalho fundamenta-se na trilogia do conceito do esprito empreendedor:
Schumpeter (Entrepreneurship, Inovao e Economia), McClelland (Entrepreneurship,
Inovao e Psicologia Motivao) e Drucker (Entrepreneurship, Inovao e Gesto),
considerando-se como agente central desse processo o empreendedor/criador de
empresas.
Para contextualizar a importncia do tema desta tese, podemos afirmar que as
quatro principais revolues ocorridas no sculo XX podem ser assim sintetizadas:
a revoluo poltica e o revolucionrio profissional. Marx foi o primeiro a
entender as dinmicas internas do capitalismo industrial, tema que Schumpeter
magistralmente retoma em Capitalismo, Socialismo e Democracia.
a revoluo da gesto e o gestor profissional. Alfred Sloan, o lder da General
Motors, foi o prtico e Peter Drucker o terico.
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a revoluo do saber e o empreendedor da terceira vaga. Joseph Schumpeter, foi o
terico e Bill Gates, um dos criadores da Microsoft, o prottipo do empreendedor da
terceira vaga mais bem-sucedido at hoje. Schumpeter veria na contnua
destruio criativa a essncia do capitali