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7/26/2019 Criterios Dx Diabetes
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Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto
Desenvolvimento de um dispositivo mdico
para Diabticos Insulinodependentes tipo 1
Dissertao realizada no mbito do Curso de
Mestrado em Design Industrial e do Produto
Orientador: Prof. Dr. Joo Manuel R. S. Tavares
Co-orientador: Prof. Dr. Antnio Augusto Fernandes
Setembro de 2014
JOO ANTNIO DE ABREU
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Agradecimentos
Aos meus camaradas,
Carlos Ribeiro
Patrcia Costa
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IV
Resumo
Tendo em considerao o aumento da prevalncia de diabetesem Portugal, nomeadamente do
tipo 1, torna-se pertinente o desenvolvimento de um novo dispositivo mdico que promovauma melhoria de qualidade de vida destes doentes insulinodependentes.
A diabetes, tambm conhecida por diabetes mellitus, uma doena crnica do metabolismo, que
pode ter vrias causas e que caracterizado pelo aumento da glicose (acar) no sangue,
acompanhado de alterao do metabolismo dos hidratos de carbono, das gorduras e das
protenas. Na base destas alteraes esto anomalias na secreo pancretica de insulina, na sua
ao ou em ambas.
Esta doena classificada em quatro classes clnicas, designadamente diabetes tipo 1, diabetes
tipo 2, diabetes devido a outras causas e diabetes gestacional.
No que respeita diabetes tipo 1, os dispositivos que atualmente existem no mercado para
administrao de insulina, so demasiado invasivos e complexos, resultando num processo
moroso para os utilizadores.
Deste modo, no mbito desta tese de mestrado apresentada uma possvel soluo que visa
melhorar ou facilitar o uso deste tipo de equipamentos no dia-a-dia dos doentes
insulinodependentes.
Palavras chave: diabetes mellitus; glicose; insulina; aparelhos de administrao de insulina;
alimentao nos diabticos; acompanhamento mdico dos doentes.
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V
Abstract
Considering the increasing prevalence of diabetes in Portugal, namely type I, it is pertinent to
the development of a new medical device that promotes improved quality of life of theseinsulin-dependent patients.
Diabetes, also known as diabetes mellitus, is a chronic metabolic disease, which may have
various causes and is characterized by increased glucose (sugar) in the blood, accompanied by
altered metabolism of carbohydrates, fats and proteins. On the basis of these changes are
abnormalities in pancreatic insulin secretion, its action or both.
This disease is classified into four clinical classes, namely type 1 diabetes, type 2 diabetes,
diabetes due to other causes and gestational diabetes.
With respect to type 1 diabetes, the devices currently existing on the market for insulin
administration are too invasive and complex, resulting in a lengthy process to users.
Thus, under this master's thesis is presented a possible solution that aims to improve or
facilitate the use of such equipment on a day- to-day insulin-dependent patients.
Keywords: diabetes mellitus; glucose; insulin; insulin delivery devices; supply in diabetics;medical monitoring of patients.
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ndice
Resumo ...................................... ................................................................ ............................................... IV
Abstract ............................................................ ................................................................ .......................... V
1. Introduo ........................................................................................................................................ 14
1.1 Enquadramento .................................................................................................................. .... 15
1.2 Definio do problema ........................................................... ............................................... 16
1.3 Objetivos ............................................................. ................................................................. .... 16
1.4 Metodologia do projeto .......................................................... ............................................... 16
1.5 Contribuies para o projeto ............................................................................................ .... 17
1.6 Estruturao da dissertao .............................................................. .................................... 18
2. Definio da doena (Diabetes Mellitus) .................................................................................... .... 21
2.1 Histria .......................................................................................................... .......................... 22
2.2 Tipos de diabetes .......................................................... .......................................................... 24
2.2.1 DiabetesMellitustipo 1 Insulinodependentes (DMID) ............................................. 27
2.2.2 DiabetesMellitustipo 2 No-insulinodependentes (DMNID) ................................. 28
2.3 Epidemiologia ............................................................... .......................................................... 29
2.4 Insulinoterapia........................................................................................................................ 34
2.5
Educao do diabtico ............................................................ ............................................... 40
2.5.1 Alimentao .............................................................. .......................................................... 41
2.5.2 Exerccio Fsico ......................................................... .......................................................... 48
2.6 Complicaes ...................................................................................................................... .... 50
2.6.1 Complicaes agudas ......................................................... ............................................... 50
2.6.2 Complicaes crnicas ................................................................ ...................................... 51
2.6.3 Impacto psicossocial da diabetes mellitusnas crianas ................................................. 54
2.6.4 Qualidade de vida ........................................ ................................................................. .... 57
2.7 Resumo .......................................................................................................... .......................... 58
3. Tratamento da diabetes tipo 1 Dispositivos mdicos utilizados ............................................ 59
3.1 Histria da insulina ............................................................................................................... 60
3.2 Medio da glicemia ............................................................... ............................................... 62
3.3 Dispositivos mdicos para a administrao de insulina ................................................... 64
3.3.1 Seringa de insulina ....................................... ................................................................. .... 65
3.3.2 Caneta de insulina .............................................................. ............................................... 67
3.3.3 Caneta de insulina sem agulha ........................................................................................ 79
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3.3.4 Bombas de infuso de insulina .................................................................................... .... 81
3.3.5 BLOB ............................................................... ................................................................. .... 84
3.3.6 Novos tratamentos na diabetes ............................................................... ......................... 85
3.4 Novos tipos de insulina .......................................................... ............................................... 87
3.4.1 Insulina via oral ................................. ................................................................ ................ 87
3.4.2 Insulina intra-nasal .............................................................................................. .............. 88
3.4.3 Outras vias de administrao de insulina ...................................................................... 89
3.5 Resumo .......................................................................................................... .......................... 89
4. Identificao do problema/necessidades dos insulinodependentes ......................................... 91
4.1 Metodologia ............................................................................................................. ............... 92
4.2 Recolha de dados ................................................................................................................... 93
4.2.1 Inquritos ....................................................... ................................................................. .... 94
4.2.2 Entrevistas ................................................................ ........................................................ 105
4.3 Identificao das necessidades ......................................................... .................................. 114
4.4 Resumo .......................................................................................................... ........................ 115
5. Interao do designer com o problema identificado/ desenvolvimento de um novo produto
117
5.1 Introduo .......................................................... ................................................................. .. 118
5.2 Patentes ............................................................... ................................................................. .. 1205.2.1 Patente n US 8206340 B2 .............................................................. .................................. 121
5.2.2 Patente n US 20020013522 A1 ....................................................................................... 122
5.2.3 Patente n WO 2011139110 A2 ....................................................................................... 123
5.2.4 Patente n US 5728074 A ............................................................... .................................. 124
5.2.5 Patente n EP 0749332 B1 ................................................................................................ 125
5.2.6 Patente n US 8556865 B2 .............................................................. .................................. 126
5.2.7 Patente n EP 0777123 B1 ................................................................................................ 127
5.3 Brainstorming...................................................... ................................................................. .. 128
5.3.1 Conceitos ........................................................ ................................................................. .. 128
5.4 Seleo de conceitos ................................................................ ............................................. 135
5.5 Resumo .......................................................................................................... ........................ 136
6. Definio do projeto tcnico-construtivo ................................................................................. .. 138
6.1 Introduo .......................................................... ................................................................. .. 139
6.2 Metodologia ............................................................................................................. ............. 139
6.2.1 Renders ............................................................................................................................. 140
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6.3 Anlise do produto ...................................................... ........................................................ 147
6.4 Anlise do pblico-alvo ...................................................................................................... 147
6.5 Anlise do mercado ............................................................................................................. 149
6.6 Prottipo final ............................................................... ........................................................ 150
6.7 Resumo .......................................................................................................... ........................ 150
7. Concluses e verditos na aplicabilidade futura ........................................................................ 152
7.1 Concluses mbito geral da dissertao ........................................................................ 153
7.2 Veredito do designer ........................................................................................................... 154
7.3 Aplicabilidade futura ....................................... ................................................................. .. 155
8. Referncias bibliogrficas ........................................................................... .................................. 156
9. Anexos ................................................................ ................................................................ ............. 171
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Lista de figuras
Figura 1 Esquema da estruturao da dissertao. ............................................................ .............. 17
Figura 2 Comparao entre a decomposio dos alimentos numa pessoa sem e com diabetes,
adaptado de [11]. ..................................................... ................................................................. ............... 25
Figura 3 Valores de referncia da glicemia em jejum e aps refeio, adaptado de [12]. ........... 26
Figura 4 Prevalncia estimada de diabetes no mundo no ano de 2035, adaptado de [19]. ........ 30
Figura 5 - Prevalncia da Diabetes em Portugal em 2012, por Sexo e Escalo Etrio, [3]. ............. 31
Figura 6 - Prevalncia da Diabetes em Portugal por Escalo do ndice de Massa Corporal (IMC)
em 2012, adaptado de [3]. ............................................................. .......................................................... 31
Figura 7 Tipos e caratersticas de insulina, adaptado de [23]. ........................................................ 37
Figura 8 - Locais de administrao de insulina, adaptado de [33].................................................... 39Figura 9 Plano de educao ao diabtico, adaptado de [34]. .......................................................... 40
Figura 10 Passos de uma medio de glicemia capilar , adaptado de [36]. .................................. 41
Figura 11 Equivalncias de hidratos de carbono dos amidos, adaptado de [34]. ........................ 43
Figura 12 Equivalncias de hidratos de carbono de laticnios, sopas e frutas, adaptado de [34].
................................................................ ................................................................ .................................... 44
Figura 13 Equivalncias de hidratos de carbono de frutas (continuao), adaptado de [34]. .... 45
Figura 14 Absoro de acar, adaptado de [39]. ............................................................................ 47
Figura 15 Benefcios que so desencadeados mediante a prtica de exerccio fsico, adaptado
de [42]. ........................................................................................................ ............................................... 49
Figura 16 Cuidados a ter para evitar uma hipoglicemia, adaptado de [42]. ................................ 50
Figura 17 Procedimento para monitorizar a glicemia no sangue: puno (a.), insero da tira
teste com a amostra de sangue no glucmetro (b.) e leitura do valor de glicemia (c.), adaptado
de [70]. ........................................................................................................ ............................................... 63
Figura 18 Primeira seringa para administrao de insulina (1922), adaptado de [71]. ............... 65
Figura 19 Seringas e respetivas agulhas usadas atualmente para administrao de insulina,
adaptado de [71]. ............................................................... ................................................................. .... 65
Figura 20 Escolha do tipo de agulha de acordo com o ndice de Massa Corporal (IMC) do
paciente, adaptado de [73]............................. ................................................................ ......................... 66
Figura 21 Componentes de uma seringa para administrao de insulina, adaptado de [75]. ... 67
Figura 22 Componentes de uma caneta de insulina descartvel, adaptado de [78]. ................... 68
Figura 23 Preparao e administrao de insulina em canetas recarregveis e recarregveis e
pr-cheias, adaptado de [76]. ........................................................................................ ......................... 69Figura 24 Caneta HumaPen Luxura e respectivos componentes, adaptado de [84]. .................. 71
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Figura 25 Canetas para administrao de insulina Novopen 4, adaptado de [87]. ..................... 72
Figura 26 Canetas para administrao de insulina para crianas, disponibilizadas pela Novo
Nordisk, adaptado de [87]. ........................................................... .......................................................... 72
Figura 27 Canetas descartveis FlexPen, adaptado de [89]. ........................................................... 73
Figura 28 Canetas principais disponibilizadas pela Sanofi Aventis, adaptado de [92]. ............. 74
Figura 29 Principais canetas para administrao de insulina, adaptado de [93]. ........................ 75
Figura 30 Estrutura da caneta Safe-Inject, adaptado de [95]. ......................................................... 79
Figura 31 Comparao da distribuio do medicamento entre um seringa comum e a Safe-
Inject, adaptado de [41]. ................................................................ .......................................................... 80
Figura 32 Componentes da caneta Safe-Inject, adaptado de [41]................................................... 81
Figura 33 Componentes descartveis da caneta Safe-Inject, adaptado de [41]. ........................... 81
Figura 34 Bomba de insulina Accu-Check Spirit (EUA), adaptado de [97]. ................................. 82Figura 35 Sistema de infuso continua de insulina Accu-Chek Combo, adaptado de [102]. ..... 83
Figura 36 Bomba de insulina Paradigm Veo , adaptado de [104]........................................... 83
Figura 37 Bomba de libertao de insulina OmniPod, adaptado de [105]. ................................... 84
Figura 38 Dispositivo BLOB, adaptado de [107]. .................................................... ......................... 85
Figura 39 Etapas do processo de identificao de necessidades. ................................................... 92
Figura 40 Tempo do diagnstico da diabetes ................................................................... ................ 94
Figura 41 Tipos de insulina administrados .............................................................. ......................... 95Figura 42 Dispositivo utilizado para a administrao de insulina. ............................................... 96
Figura 43 Altura do dia para a administrao de insulina. ............................................................ 96
Figura 44 Fatores determinantes para a escolha do dispositivo de administrao de insulina. 97
Figura 45 Marca das canetas de insulina utilizadas. .......................................................... .............. 98
Figura 46 Grau de satisfao perante a escolha do dispositivo de administrao de insulina. . 99
Figura 47 Classificao dos inconvenientes dos atuais mtodos de medio de
glicemia/administrao de insulina. ........................................... ........................................................ 102
Figura 48 Fatores que dificultam a adeso teraputica nos doentes diabticos tipo 1. .......... 104
Figura 49 Grau de satisfao dos doentes insulinodependentes face aos dispositivos
atualmente disponveis no mercado. ..................................................................................... ............. 105
Figura 50 Enfermeira Sara Pinto, Hospital de Santo Antnio Porto. .......................................... 107
Figura 51 Professor Dr. Castro Lopes, Diretor-Presidente da SPAVC. ....................................... 107
Figura 52 Nesta foto procede-se puno para leitura do valor de glicemia no sangue. ........ 108
Figura 53 Aguarda-se o resultado da anlise da glicemia. ........................................................... 108
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Figura 54 Nesta foto, feita a medio de glicemia num segundo medidor (com caneta de
puno integrada), de forma a comprovar a falta de preciso na leitura dos valores em alguns
equipamentos. ............................................................ ................................................................ ............ 109
Figura 55 Aguarda-se o resultado do teste realizado no segundo medidor de glicose. ........... 109
Figura 56 Nesta foto esto evidentes os dois resultados (muito) dspares dos dois medidores
de glicose. ............................................................................................................................................... 109
Figura 57 Dra. Isabel (ao centro) com a sua equipa do IPO - Porto ............................................. 111
Figura 58 Nesta sequncia de fotos a D. Edylena procede aos passos necessrios para a
medio da glicose no sangue. ............................................................................................................ 112
Figura 59 Esta figura representa todos os equipamentos necessrios no quotidiano de um
doente diabtico insulinodependente. .............................................................. .................................. 113
Figura 60 Metodologia projetual sobre o design mediante a identificao das necessidades. 115Figura 61 Hierarquia de necessidades levantadas pelos inquritos realizados. ........................ 118
Figura 62 Adaptao do design s necessidades estabelecidas.................................................... 119
Figura 63 Critrios de seleo na pesquisa de patentes. ............................................................... 120
Figura 64 Conjunto de desenhos referente patente n US 8206340 B2, adaptado de [122]. ... 121
Figura 65 Conjunto de desenhos referente patente n US 20020013522 A1, adaptado de [123].
................................................................ ................................................................ .................................. 122
Figura 66 Conjunto de desenhos referente patente n WO 2011139110 A2, adaptado de [124]................................................................. ................................................................ .................................. 123
Figura 67 Conjunto de desenhos referente patente n US 5728074 A, adaptado de [125]. .... 124
Figura 68 Conjunto de desenhos referente patente n EP 0749332 B1, adaptado de [126]. ... 125
Figura 69 Conjunto de desenhos referente patente n US 8556865 B2, adaptado de [127]. ... 126
Figura 70 Conjunto de desenhos referente patente n EP 0777123 B1, adaptado de [128]. ... 127
Figura 71 Conceito 1. ...................................................... ................................................................. .. 131
Figura 72 Conceito 2. ....................................................... ................................................................. .. 132
Figura 73 Conceito 3 ........................................................ ................................................................. .. 133
Figura 74 Conceito 4 ........................................................ ................................................................. .. 134
Figura 75 Estruturao do projeto tcnico-construtivo. ................................................................ 139
Figura 76 Render 1 ............................................................ ................................................................. .. 141
Figura 77 Render 2 ............................................................ ................................................................. .. 142
Figura 78 Esquema do corte transversal do produto: categoria tcnica (1), sensorial (2) e
espao interior do produto (3). ..................................................................................... ....................... 146
Figura 79 Ordem sequencial do manuseamento do produto. ...................................................... 148
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Figura 80 Notcia Jornal de Notcias (30/07/14), pgina 6. ............................................................ 150
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Lista de tabelas
Tabela 1 Antidiabticos orais, adaptado de [18]. ............................................................................. 29
Tabela 2 Incidncia da Diabetes em Portugal entre 2000 e 2012, adaptado de [3]. ...................... 32
Tabela 3 Prevalncia da Diabetes tipo 1 nas Crianas e nos Jovens em Portugal entre 2008 e
2012, adaptado de [3]. ............................................................................................................................. 32
Tabela 4 Incidncia da Diabetes tipo 1 na Populao Portuguesa em diferentes faixas etrias,
adaptado de [3]. ....................................................... ................................................................. ............... 33
Tabela 5 bitos por DiabetesMellitusem Portugal entre 2000 e 2012, adaptado de [3]. ............ 33
Tabela 6 Principais fabricantes de canetas de insulina e respetivos tipos de insulina que
disponibilizam, adaptado de [80]. .......................................................... ............................................... 70
Tabela 7 Tipos de insulina, fabricantes e modelos de canetas de insulina, e valorescorrespondentes, disponveis em Portugal, adaptado de [18]. ......................................................... 78
Tabela 8 Grau de importncia das caratersticas a considerar num novo dispositivo para
medio de glicemia/administrao de insulina. .............................................................................. 100
Tabela 9 Classificao das caratersticas a melhorar no mtodo de medio de
glicemia/administrao de insulina. ........................................... ........................................................ 103
http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397http://c/Users/Jo%C3%A3o/Desktop/Tese%20corrente%203.docx%23_Toc398848397 -
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Lista de anexos
Anexo I Questionrio para Diabticos Insulinodependentes ....................................................... 172
Anexo II Questionrio para Mdicos de Endocrinologia e Clnica Geral ................................... 179
Anexo III Resultados do inqurito a insulinodependentes (online) ............................................ 182
Anexo IV Resultados do inqurito para Mdicos de Endocrinologia e Clnica Geral .............. 188
Anexo V Desenho de atravancamento ............................................................................................ 190
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Glossrio
Cetoacidose diabtica uma das complicaes da diabetes e carateriza-se pela acidose
causada pela acumulao de corpos cetnicos no organismo.
Doena crnicadoenas que tm uma ou mais das seguintes caractersticas: so permanentes,
produzem incapacidade/deficincias residuais, so causadas por alteraes patolgicas
irreversveis, exigem uma formao especial do doente para a reabilitao, ou podem exigir
longos perodos de superviso, observao ou cuidados.
Doena auto-imune doenas autoimunes ou de autoagresso quelas patologias em que
ocorre um fenmeno de autoimunidade, ou seja, em que h um desenvolvimento de certas
reaes imunes aos constituintes naturais do organismo, que levam a leses localizadas ou
sistmicas.
Doena coronria consiste na insuficincia das artrias coronrias, os vasos sanguneos
encarregues de irrigar o corao, de proporcionarem ao msculo cardaco, o miocrdio, os
nutrientes e o oxignio de que este necessita para manter a sua constante actividade.
Glicemia quantidade de glicose (acar) no sangue. Os nveis normais de glicose no sangue
de at 99mg/dL pr-prandial (antes de comer) e de at 140mg/dL ps-prandial (depois de
comer).
Hiperglicemiacaracteriza-se pelo elevado nvel de glicose no sangue.
Hipoglicemia uma diminuio no nvel de glicose no sangue.
Sistema de Infusosignifica, em medicina, injeco lenta, geralmente por via endovenosa, de
uma substncia diluda num meio lquido.
Nefropatia diabtica A nefropatia diabtica consiste numa alterao nos vasos sanguneos
dos rins, que leva perda de protena atravs da urina. Os rins comeam a reduzir a sua funo
lentamente, de forma progressiva, at paralisao total. Esta resulta, essencialmente, das
leses que a diabetes provoca nos rins.
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Neuropatia diabtica resulta de vrias alteraes nos nervos cuja causa especfica no est
totalmente esclarecida. No entanto, sabe-se que uma concentrao persistentemente elevada de
acar no sangue que envolve as clulas nervosas desempenha um papel importante.
Polidipsiaexcessiva sensao de sede.
PoliriaVolume excessivo de urina; significa que a pessoa elimina volumes significativos e
anormais de urina diariamente.
Retinopatia diabtica a leso retina causada pelas complicaes do diabetes mellitus;
problema ocular que afeta os doentes com diabetes, e que pode levar a perdas de viso ou
mesmo cegueira.
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Lista de siglas
ADN cido Desoxirribonucleico
AVCAcidente Vascular Cerebral
DIMOVAssociao de Diabticos em Movimento
DMIDDiabetesMellitusInsulinodependentes
DMNIDDiabetesMellitusNo Insulinodependentes
HCHidratos de Carbono
IDFInternational Diabetes Federation
IMC ndice de Massa Corporal
INE Instituto Nacional de Estatstica
INFARMEDAutoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Sade
IPOInstituto Portugus de Oncologia
NPHNeutral Protamine Hagedorn
SICISistema de Infuso Contnua de Insulina
SNS Servio Nacional de Sade
SPAVCSociedade Portuguesa do Acidente Vascular Cerebral
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1. Introduo
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1.1 Enquadramento
A diabetes uma doena crnica em larga expanso em todo o Mundo, sendo que, segundo os
nmeros da International Diabetes Federation(IDF), para 2030 prevem-se cerca de 438 milhes depessoas com diabetes. Todos os anos morrem aproximadamente 3,8 milhes de pessoas por
diabetes ou causas com ela relacionadas [1] [2].
Em Portugal o estudo observacional PREVADIAB apontava em 2009 uma taxa de prevalncia
de diabetes de 11,7% em indivduos entre os 20 e os 79 anos de idade [3].
A diabetes mellitus compreende um grupo de doenas que afetam a forma como o nosso
organismo utiliza a glicose presente no sangue. A glicose vital, j que se trata da principal
fonte de energia que as clulas do nosso corpo utilizam. O aumento deste componente no
sangue reflete a presena de diabetes e pode conduzir a graves complicaes para a sade [4].
Esta doena classificada essencialmente em tipo 1 e tipo 2. Na diabetes tipo 1, o pncreas
produz pouca ou nenhuma insulina, hormona necessria para que a glicose entre nas clulas e
produza energia. Aparece tipicamente na infncia e adolescncia, mas pode desenvolver-se em
qualquer idade [4].
A monotorizao e administrao de insulina realizada atravs de aparelhos de administrao
especficos para esta doena, como so as canetas de injeo e bombas infusoras de insulina.
imprescindvel melhorar a qualidade de vida dos utilizadores deste tipo de aparelhos e evitar
preconceitos e estigmas associados doena. Sendo estes aparelhos indispensveis no controlo
da mesma, fatores como ergonomia, design e a praticabilidade so fundamentais.
A motivao para o desenvolvimento desta tese consistiu na inexistncia de um dispositivo
especfico que englobe todos os instrumentos que fazem parte do quotidiano de um doente
insulinodependente, bem como plataformas interativas, dentro do mesmo dispositivo, que
sugiram boas prticas para a monotorizao da doena, visando melhorar a qualidade de vida
destes doentes.
Neste mbito, portanto, crucial que o designer esteja o mais prximo possvel da realidade
desta doena, e responder da melhor forma s necessidades deste pblico-alvo.
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1.2 Definio do problema
Atualmente, o principal inconveniente para os doentes insulinodependentes precisarem de
um kit/estojo complexo e de grandes dimenses, que contenha todos instrumentos necessrios,
desde a realizao do teste de glicose no sangue administrao de insulina. Assim sendo, em
vez de termos aparelhos separados para cada funcionalidade inerente monitorizao e
administrao de insulina, pretende-se que a definio da soluo possvel seja integrar todos
esses componentes num nico dispositivo.
1.3 Objetivos
De acordo com o que foi mencionado no item anterior pretendeu-se, contrariamente ao que j
existe, integrar num mesmo aparelho todo o processo inerente doena diabetes tipo I. Sendo
esta uma doena que aparece com maior frequncia em crianas e jovens, pretende-se criar um
produto simples e discreto, que omita o aspeto medicinal com que o equipamento atual visto.
Desenvolver um dispositivo que se adeque s necessidades de um pblico-alvo mais afetado
pela doena, nomeadamente crianas e jovens, o principal desafio a enfrentar. Contudo, h
uma responsabilidade na ateno no desenvolvimento deste produto, no que respeita a adultos
e idosos.Se, por um lado, o setor jovem tem mais facilidade em manusear e lidar com novas tecnologias,
preciso ter em conta um pblico-alvo de uma faixa etria mais avanada, cuja capacidade de
abertura para essas inovaes no to evidente.
1.4 Metodologia do projeto
A metodologia aplicada para esta dissertao foi desenvolvida com base no conhecimento dos
produtos j existentes no mbito deste tipo de mercado (equipamentos para
insulinodependentes).
Por estes dispositivos estarem diretamente ligados com a sade das pessoas, h uma peculiar
importncia em garantir a segurana e eficcia do produto, bem como conhecer normas e
requisitos impostos pelas autoridades competentes por esta rea.
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Sucintamente, toda a metodologia patente nesta dissertao est esquematizada na figura
abaixo (figura 1).
Figura 1 Esquema da estruturao da dissertao.
Por forma a cumprir esta metodologia, foi estabelecido um planeamento do projeto para definir,
passo a passo, as etapas necessrias ao desenvolvimento deste novo dispositivo. Para cada
etapa, foram estabelecidas tarefas para auxiliar a estruturao do projeto, respondendo quer em
questes de timing, quer do ponto de vista de concretizao realista do produto final.
1.5
Contribuies para o projeto
Para o desenvolvimento deste novo dispositivo mdico, que visa melhorar o conforto e
qualidade de vida dos diabticos tipo I, foram tidas em conta as etapas seguintes:
o Estudo da doena diabetes mellitus e o seu impacto na qualidade de vida dos
doentes;
o Anlise da informao relacionada com diabetes tipo 1 insulinodependentes;
o
Identificao dos equipamentos existentes atualmente para o tratamento;
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o Desenvolvimento de um dispositivo que integre todas as funcionalidades dos aparelhos
comuns, num mesmo produto;
o Aplicao da metodologia mencionada no tpico anterior, por forma a validar a sua
aplicabilidade num futuro prximo;
o Contribuio da vertente designer para distanciar o produto final de um rtulo patente
na sociedade. imperativo tentar contrariar o estigma de ser insulinodependente, ao
utilizar aparelhos convencionais disponveis (lancetas, aparelho de medio da glucose,
agulhas para administrao de insulina e canetas (descartveis e reutilizveis).
1.6 Estruturao da dissertao
Para a concretizao da fase de planeamento, a dissertao est organizada atendendo aos
objetivos e etapas anteriormente definidas. Deste modo, foi subdividida em sete captulos
posteriormente apresentados:
Captulo 2 Definio da doena DiabetesMellitus
Neste captulo so mencionadas todas as informaes relevantes para melhor compreender esta
patologia, nomeadamente o que a doena em si; a sua histria e classificao; diagnstico; a
prevalncia e como se pode manifestar a diabetes; cuidados a ter e tratamento da diabetes.
Captulo 3 Identificao do pblico-alvo (Insulinodependentes)
A diabetes tipo 1 requer obrigatoriamente o uso de um dispositivo mdico para a administrao
de insulina. Como tal so descritos os dispositivos mdicos actualmente existentes no mercado
para este fim, e feito um estudo comparativo dos mesmos.
Captulo 4 Levantamento e anlise de necessidades
Para a concretizao desta fase foram realizados inquritos a doentes insulinodependentes e
feita uma recolha de dados. Da resultaram informaes relevantes que foram cruciais para o
desenvolvimento de um novo produto, que compense as lacunas existentes nos dispositivos
atuais, bem como a melhoria da qualidade de vida do pblico-alvo.
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Captulo 5 Interao do designer com o problema identificado/ desenvolvimento de um
novo produto
Neste captulo foi feita a reflexo daquilo que foi apurado dos inquritos e do que realmente
necessrio e possvel concretizar, projetualmente falando. Se por um lado j existem aparelhosque atendem s necessidades uma vez defendidas pelos fabricantes com base no estudo dos
inquritos e das entrevistas realizadas, foram destacadas algumas desvantagens. Assim, o
designer poder debruar-se sobre o que atualmente a tecnologia disponibiliza e desta forma
aplic-la diretamente em vrios conceitos, surgidos atravs de brainstormings. Esta foi uma fase
em que as ideias contariam apenas para um estado embrionrio do projeto em si. Daqui
resultaram comparaes entre vrios conceitos que foram surgindo dentro de uma lgica
projetual cujo designer habitualmente executa, nomeadamente atravs de modelos de estudo
(maquetes escala real). Atravs dos vrios conceitos criados, o designer selecionou, por fim, o
melhor modelo de experincia, que reflita de forma realista e concretizveis as necessidades
manifestadas pelo pblico-alvo.
Captulo 6 Definio do projeto tcnico-construtivo
Esta fase representou a projeo do modelo final do produto, baseado em todos os conceitos
desenvolvidos na etapa anterior. Assim, foram selecionadas todas as caratersticas importantespara o produto final, bem como componentes e tecnologias aplicadas, materiais e processos de
fabrico aplicados. Contudo, ainda que nesta fase todas as diretrizes do projeto tenham
assumido uma projeo muito prxima do que resulta, em base, o produto final, foi necessrio
ter em considerao o aprofundamento de detalhes tcnicos, nomeadamente normas aplicadas
para a sua comercializao e certificao. Aqui, o dispositivo demonstra que alm ter seguido as
condutas e normas legislativas, teve que evidenciar o conjunto de funcionalidades e interface
que permitiram torn-lo operacional e funcional na sua prtica.
Captulo 7 Concluses e vereditos na aplicabilidade futura
A ttulo de concluso, so apresentados neste captulo os resultados obtidos ao longo do
desenvolvimento de cada uma das fases da dissertao.
Porm, existem trs consideraes a ter sobre todo o processo. Em primeiro lugar, destaque
para o que foi apurado e apreendido no contato com o tema da dissertao; a aprendizagem,
caminhos e tomadas de deciso que o designer optou, bem como o veredicto pessoal sobre o
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produto que desenvolveu e o que contribuiu para o seu conhecimento e crescimento pessoal e
profissional. Por fim, salienta-se o contributo da proposta apresentada para futuras aplicaes,
quer do ponto de vista de investigao (acadmica), quer do ponto de vista comercial, na rea
em que este aplicado.
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2. Definio da doena (Diabetes Mellitus)
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2.1 Histria
A diabetes uma das mais antigas doenas humanas de que h conhecimento, tendo sido
identificada na Grcia Antiga. Todas as histrias da diabetes so iniciadas com a referncia ao
papiro de Ebers, datado de 1500 antes de Cristo (A.C.), no qual se fala de uma doena
caracterizada por poliria (urinar em grandes quantidades e muitas vezes, especialmente
durante a noite). Segundo Pedro Eurico Lisboa, foi no sculo II A.C. que Demtrio de Apamea
lhe deu o nome e Apolnio de Mnfis a definiu como uma doena do corpo como um
aqueduto percorrido por gua em abundncia entrada pela boca e sada como urina [1].
Clinicamente, a doena s foi definida no sculo II depois de Cristo (D.C.) por Areteo da
Capadcia. Segundo o mesmo autor, a medicina indiana tambm identificou a doena,
referindo a sede e poliria, o coma e a melitria. No mundo rabe foi Avicena quem descreveu
as complicaes como a gangrena, a impotncia, a furunculose e a tuberculose [5] [6].
A descoberta da melitria ficou a dever-se, segundo Pedro Lisboa, a Thomas Willis, no sculo
XVII. Este mdico observou um carreiro de formigas que se dirigia para um recipiente que
continha urina; mergulhou um dedo na urina e provou-a, verificando assim que esta era doce
como o mel. Este fato foi comunicado Real Academia de Cincias Britnica [7].
O seu nome completo diabetes mellitus foi dado mais tarde para a distinguir de outra
doena na qual o doente tambm urina grandes quantidades, mas a urina no doce (diabetes
inspida, cujas causas so totalmente diferentes da diabetes mellitus). O mesmo autor refere duas
figuras importantes para a histria da diabetes no sculo XIX: Claude Bernard e Apolinaire
Bouchardart. Claude Bernard fez estudos sobre um metabolismo intermedirio, descobriu o
glicognio, a neoglicognese, a importncia do fgado na glicogenlise heptica, definiu o
conceito de secreo interna e inventou um mtodo de doseamento de glicose no sangue.
Bouchardart foi o primeiro diabetologista, em justia assim designado, pois foi o primeiro ausar uma teraputica que, seguida com rigor, prolongou a vida a muitos diabticos do seu
tempo. Foi este clnico quem iniciou a prescrio de uma dieta restrita em hidratos de carbono,
assente em base cientficas, descobrindo tambm a importncia do exerccio fsico [1] [7].
Ainda no sculo XIX outras figuras destacaram-se, como Minkowski e von Mering, que
produziram a diabetes experimental no co, retirando no pncreas. Paul Langerhans descobriu
as estruturas que produzem a insulina no pncreas (ilhus de Langerhans) [1].
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No sculo XX, Pedro Lisboa reala dois grandes diabetologistas: Elliot P. Joslin e Frederick M.
Allen. Joslin foi o maior diabetologista de todos os tempos. Fundou uma clnica nos EUA,
escreveu um tratado sobre diabetes e ensinou muitos seguidores. Allen tambm escreveu um
tratado sobre diattica da diabetes experimental, tratou muitos diabticos e dedicou algum do
seu tempo s nefropatias e hipertenso arterial [1].
No entanto, a grande preocupao dos investigadores era a descoberta e posterior uso clnico da
insulina. Depois de muitos ensaios, onde se distinguem Bang, Scott, Kleiner, Meltzer e Paulesco,
a equipa constituda por McLeod, Banting, Best e Collip (1922) que vai fazer a passagem da
investigao animal para a humana. Leonard Thompson foi o primeiro diabtico salvo pela
insulina, quando j estava em coma e lhe foram aplicadas as primeiras injees desta hormona.
Os quatro investigadores foram galardoados com o Prmio Nobel [1].
Em 1926 criada a primeira Associao de Diabticos em todo o mundo. Essa Associao
portuguesa e tem as suas instalaes em Lisboa. Nesta Associao trabalharam, fizeram e fazem
clnica diabetolgica nomes bem conhecidos da Medicina e da Diabetologia como Ernesto Roma
(fundador da primeira Associao de Diabticos, fundador da diabetologia social e pioneiro da
educao do diabtico), S Marques, Pedro Lisboa, Castelo Branco, Nunes Correia, Gardet
Correia (foi o investigador principal do estudo PREVADIAB) e Jos Boavida (presidente atual
da Sociedade Portuguesa de Diabetes e coordenador do Programa Nacional de Preveno eControlo de Diabetes) [4].
Portugal sempre acompanhou os progressos da cincia mdica, o que se verificou, tambm, no
campo da diabetologia pela qualidade cientfica e clnica de endocrinologistas e internistas
dedicados particularmente diabetes, dos quais destacamos Manuel Hargreaves (primeiro
presidente da Sociedade Portuguesa de Diabetologia), Igncio Salcedo, Emlio Peres, Almeida
Ruas, Charneco da Costa, Lusa Vila-Cova, Manuela Cravalheiro, Lus Marques, Francisco
Carrilho, Silvestre Abreu, Rui Csar, Rui Duarte, Baldaque Faria, Lima Reis, Daniel Braga,Celestino Neves, Joo Raposo e outros colegas que, no sendo aqui nomeados, so tambm
lembrados pelos doentes pelo seu saber e pelo seu elevado humanismo [1].
Anos mais tarde, em 1935, o Roger Hinsworth identificou a existncia de duas formas distintas
da doena: DiabetesMellitusInsulinodependente (DMID), tambm designada tipo 1 e Diabetes
Mellitusno-insulinodependentes (DMNID) tipo 2.
A diabetes uma doena crnica em larga expanso em todo o mundo. Segundo os nmeros da
International Diabetes Federation (IDF), em 2010 existiriam cerca de 284 milhes de pessoas
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com diabetes, prevendo-se para 2030 cerca de 438 milhes, um aumento de cerca de 54%.
Aproximadamente 3.8 milhes de pessoas morrem todos os anos por diabetes ou por causas
com ela relacionadas [3] [8].
Em Portugal, o estudo observacional PREVADIAB apontava, em 2009, 11,7% como taxa deprevalncia de diabetes em indivduos entre os 20 e os 79 anos de idade. Destes 905.035
portugueses com diabetes, 395.134 (43,6% do total) desconheciam que tinham esta doena
crnica. Um total de 23,2% dos indivduos com idades compreendidas entre os 20 e os 79 anos,
a que correspondem 1.782.663 pessoas, tm pr-diabetes, uma situao que est associado ao
risco de desenvolver diabetes e doenas do foro cardiovascular [9].
Deste modo, torna-se imperativa a evoluo dos conhecimentos nos tratamentos e o avano na
descoberta de novos medicamentos que contribuam para a melhoria da qualidade de vida e
eficcia teraputica dos doentes.
2.2 Tipos de diabetes
A diabetes mellitus compreende um grupo de doenas que afetam a forma como nosso
organismo usa a glicose presente no sangue, comummente designada acar. A glicose
vital, j que se trata da principal fonte de energia que as clulas do nosso corpo utilizam. A
glicose existente no sangue provm da digesto dos alimentos e das alteraes qumicas
produzidas pelo fgado. Parte da glicose armazenada e parte dela usada para obteno de
energia [10]. A insulina possui um formato prprio que encaixa em receptores especiais na
superfcie das clulas de todo o corpo. Ao encaixar-se nesses receptores, a insulina faz com que
as clulas extraiam a glicose do sangue e tambm impede que elas destruam as protenas e a
gordura. a nica hormona que consegue reduzir a glicose no sangue, f-lo de diversas
maneiras:
o Aumentando a quantidade de glicose armazenada no fgado na forma de glicognio;
o Impedindo que o fgado liberte demasiada glicose;
o Encorajando as clulas de outras partes do corpo a receberem glicose.
Outros mecanismos do corpo trabalham em conjunto com a insulina para ajudarem a manter o
nvel correto de glicose no sangue. No entanto, a insulina o nico meio que o corpo
efetivamente possui para baixar os nveis de glicose no sangue, por isso quando o fornecimento
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de insulina falha, todo o sistema perde o seu equilbrio (figura 2). Aps uma refeio, no h um
travo para a quantidade de glicose absorvida por aquilo que comeu, por conseguinte o nvel de
acar no seu sangue continua a aumentar [9] [11].
Figura 2 Comparao entre a decomposio dos alimentos numa pessoa sem e com diabetes, adaptadode [11].
Quando a concentrao sobe acima de um determinado nvel, a glicose comea a espalhar-se da
corrente sangunea para a urina. As infees, tais como a cistite ou a candidase, podem
desenvolver-se mais rapidamente quando a urina doce, uma vez que os germes responsveispodem aumentar com maior rapidez [11].
No indivduo no-diabtico, a glicose no sangue varia entre 70 e 80 mg/dl e no ultrapassa os
100 mg/dl, em jejum. Num perodo a seguir a uma refeio, o valor da glicose no sangue deve
ser inferior a 140 mg/dl [12] [5].
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Figura 3 Valores de referncia da glicemia em jejum e aps refeio, adaptado de [12].
Os critrios para o diagnstico de diabetes (excluindo a diabetes gestacional) so os seguintes:
o Quando uma pessoa tem sintomas de diabetes e o valor da glicose no sangue (colheita
feita a qualquer hora do dia sem estar obrigatoriamente em jejum) superior ou igual a
200 mg/dl. Os sintomas clssicos da diabetes incluem poliria (urinar com muita
frequncia), polidipsia (ter muita sede, desidratao, perda de peso inexplicada,
infees do trato urinrio (como por exemplo cistite) ou candidase, cansao e letargia,
perturbaes na viso resultantes da desidratao do cristalino dos olhos [13].
o Quando o valor da glicose em jejum superior ou igual a 126 mg/dl (o jejum deve ser
de, pelo menos, 8 horas).
o Numa prova de tolerncia glicose (que obriga ingesto de um copo de gua com 75g
de glicose), quando o valor da glicose na colheita de sangue duas horas aps o incio da
prova for superior ou igual a 200 mg/dl.
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O aumento da glicose no sangue que no atinja os valores suficientes para o diagnstico de
diabetes pode ser classificado de duas maneiras, a que corresponde designao, muitas vezes
referida, de pr-diabetes:
- alterao da glicose em jejum: quando a glicose em jejum est entre 100 e 125 mg/dl;
- alterao da tolerncia glicose: quando o valor da glicose no sangue da colheita feita duas
horas aps o incio da prova de tolerncia glicose for entre 140 e 199 mg/dl.
Entre outras, este grupo de doenas inclui a diabetes tipo 1 (DMID) e a diabetes tipo 2
(DMNID). Outras alteraes potencialmente reversveis so a pr-diabetes (quando os nveis de
glicose esto mais elevados do que o normal, mas no suficientes altos para se considerar
diabetes), e a diabetes gestacional (que ocorre durante a gravidez) [14] [5].
2.2.1 DiabetesMellitustipo 1 Insulinodependentes (DMID)
Este tipo de diabetes, mais rara, resulta da destruio das clulas pancreticas produtoras de
insulina (as clulas beta), o que implica que o pncreas produza insulina em quantidade
insuficiente ou em qualidade deficiente ou ambas as situaes. Como resultado, as clulas do
organismo no conseguem absorver, do sangue, o acar necessrio ainda que o seu nvel se
mantenha elevado e seja expelido para a urina [15].
A insulina tem um papel muito importante na manuteno da estabilidade do corpo, limitando
a eliminao de protenas (de que depende a estrutura da massa muscular) e gorduras. Quando
h uma falha de insulina, formam-se produtos secundrios, resultantes da eliminao de
gordura e massa muscular, verificando-se o aparecimento no sangue de substncias
denominadas cetonas. Se nada for feito para impedir esta situao, o nvel vai aumentar at
poder, eventualmente, fazer com que o doente entre em coma diabtico. Hoje em dia, isto
menos comum, j que a diabetes normalmente diagnosticada muito antes deste tipo de
manifestao. No entanto, quando sucede, os pacientes necessitam de tratamento hospitalar
urgente com insulina e soro por via intravenosa [16].
Este tipo de diabetes aparece com maior frequncia nas crianas e nos jovens, podendo tambm
aparecer em adultos e at em idosos.
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2.2.2 DiabetesMellitustipo 2 No-insulinodependentes (DMNID)
Esta classe clnica de diabetes a mais frequente (cerca de 90% dos casos), e resulta de uma
diminuio progressiva da secreo de insulina associada a um estado de resistncia insulina. uma doena relacionada, sobretudo, com os estilos de vida moderna, constitudos por
ingesto exagerada de calorias e vida sedentria (a maior parte destes doentes tm excesso de
peso) [16].
Este tipo de diabetes aparece normalmente na idade adulta e o seu tratamento, devido menor
perigosidade da doena, a maioria das vezes basta que a alimentao seja adequada e que o
exerccio fsico passe a fazer parte da rotina diria para que, com a ajuda de outros
medicamentos especficos (que no a insulina), a diabetes consiga ser perfeitamente controladapelo doente e pelo mdico. Os medicamentos usados no tratamento deste tipo de diabetes so
geralmente frmacos (comprimidos) que atuam no pncreas, estimulando a produo de
insulina [17]. Na tabela seguinte (tabela 1) esto indicados as principais substncias ativas
utilizadas no tratamento deste tipo de diabetes.
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SULFONILUREIAS BIGUANIDASOUTROS ANTIDIABTICOS
ORAIS
INIBIDORES DA
GLUCOSIDADE
INTESTINAL ALFA
GLUCAGON
Glibenclamida
Metformina
Glibenclamida + Metformina
Acarbose Glucagon
Gliclazida Glimepirida + Pioglitazona
Glimepirida Metformina + Pioglitazona
Glipizida
Metformina + Sitagliptina
Metformina + Vildagliptina
Nateglinida
Pioglitazona
Saxagliptina
Sitagliptina
Vildagliptina
Tabela 1 Antidiabticos orais, adaptado de [18].
Seguindo uma alimentao correta e adequada, praticando exerccio fsico dirio e respeitando
a toma dos comprimidos indicada pelo mdico, o doente com diabetes tipo 2 garante a
diminuio do risco de tromboses e ataques cardacos; a preveno de doenas nos olhos e nosrins e da m circulao nas pernas e nos ps, fator que diminui significativamente o risco de
amputaes futuras.
2.3 Epidemiologia
A diabetes uma doena crnica cuja prevalncia tem vindo a aumentar quer em Portugal quer
no resto do Mundo, pelo que se torna importante fazer investigaes e pesquisas por forma a
contrariar esta tendncia [3].
A Diabetes no Mundo
A diabetes atinge mais de 382 milhes de pessoas em todo o mundo, correspondendo a 8,3% da
populao mundial e continua a aumentar em todos os pases. Em 46% destas pessoas, a
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diabetes no foi ainda diagnosticada, prosseguindo a sua evoluo silenciosa. Em 2013 a
Diabetes matou 5,1 milhes de pessoas.
Estima-se que em 2035 o nmero de pessoas com diabetes no mundo atinja os 592 milhes, o
que representa um aumento de 55% da populao atingida pela doena (figura 4).
Portugal posiciona-se entre os pases europeus que registam uma mais elevada taxa de
prevalncia da diabetes [19] [20].
Figura 4 Prevalncia estimada de diabetes no mundo no ano de 2035, adaptado de [19].
Epidemiologia da Diabetes
Prevalncia da diabetes
A prevalncia da diabetes em 2012 de 12,9% da populao portuguesa com idades
compreendidas entre os 20 e os 79 anos (7,8 milhes de indivduos), a que corresponde um
valor estimado de 1 milho de indivduos [2].
O impacto do envelhecimento da estrutura etria da populao portuguesa (20-79 anos)
refletiu-se num aumento de 1,2 p.p. da taxa de prevalncia da diabetes entre 2009 e 2012.
Em termos de composio da taxa de prevalncia da diabetes, em 56% dos indivduos esta j
havia sido diagnosticada e em 44% ainda no tinha sido diagnosticada.
Por prevalncia ajustada entende-se a aplicao das taxas de prevalncia por escalo etrio e
por sexo distribuio da populao no ano em anlise [3].
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Verifica-se a existncia de uma diferena estatisticamente significativa na prevalncia da
Diabetes entre os homens e as mulheres (figura 5). Verifica-se a existncia de uma correlao
direta forte entre o incremento da prevalncia da diabetes e o envelhecimento dos indivduos.
Mais de um quarto da populao portuguesa integrada no escalo etrio dos 60-79 anos tem
diabetes [3].
Figura 5 - Prevalncia da Diabetes em Portugal em 2012, por Sexo e Escalo Etrio, adaptado de [3].
Verifica-se a existncia de uma relao entre o escalo de ndice de Massa Corporal (IMC) e a
Diabetes, com perto de 90% da populao com Diabetes a apresentar excesso de peso ou
obesidade, de acordo com os dados recolhidos no mbito do PREVADIAB (figura 6). Verifica-
se, ainda, que uma pessoa obesa apresenta um risco 3 vezes superior de desenvolver Diabetes
do que uma pessoa com peso normal [3].
Figura 6 - Prevalncia da Diabetes em Portugal por Escalo do ndice de Massa Corporal (IMC) em 2012,adaptado de [3].
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Incidncia da Diabetes
A taxa de incidncia da diabetes fornece-nos a informao respeitante identificao anual do
nmero de novos casos de diabetes. Verifica-se um crescimento acentuado do nmero de novos
casos diagnosticados anualmente em Portugal na ltima dcada (tabela 2), o qual, contudo, foi
bastante atenuado pelos valores registados no ltimo ano [3].
Tabela 2 - Incidncia da Diabetes em Portugal entre 2000 e 2012, adaptado de [3].
Prevalncia da Diabetes tipo 1 nas Crianas e nos Jovens
A diabetes tipo 1 nas crianas e nos jovens em Portugal (Registo DOCE), em 2012, atingia perto
de 3 200 indivduos com idades entre 0-19 anos, o que corresponde a 0,15% da populao
portuguesa neste escalo etrio, manifestando uma tendncia de crescimento significativa ao
longo do perodo considerado (tabela 3) [3].
Tabela 3 - Prevalncia da Diabetes tipo 1 nas Crianas e nos Jovens em Portugal entre 2008 e 2012,adaptado de [3].
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Incidncia da Diabetes tipo 1 nas Crianas e nos Jovens
A taxa de incidncia da diabetes tipo 1 fornece-nos a informao respeitante identificao
anual do nmero de novos casos. A incidncia da diabetes tipo 1 nas crianas e nos jovens tem
vindo a aumentar em Portugal (tabela 4). Em 2012 foram detetados 19,7 novos casos de diabetes
tipo 1 por cada 100 000 jovens com idades compreendidas entre os 0-14 anos, valor bastante
superior ao registado em 2003 (dinmica semelhante verificada no escalo etrio dos 0-19
anos) [3].
Tabela 4 - Incidncia da Diabetes tipo 1 na Populao Portuguesa em diferentes faixas etrias, adaptadode [3].
A diabetes assume um papel significativo nas causas de morte, tendo a sua importncia relativa
crescido ligeiramente no ltimo ano. De salientar que em 2012 o ano em que se regista o maior
nmero de bitos por diabetes mellitus desde que existem registos informatizados da
mortalidade no Instituto Nacional de Estatstica (INE) (tabela 5) [3].
Tabela 5 - bitos por DiabetesMellitusem Portugal entre 2000 e 2012, adaptado de [3].
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2.4 Insulinoterapia
O principal objetivo do tratamento da pessoa com diabetes conseguir um timo controlo
metablico, para que possa ter uma vida com qualidade, evitando ou atrasando as complicaes
crnicas da diabetes [17].
No caso dos diabticos tipo 1, no h nenhuma alternativa ao tratamento que no sejam as
injees dirias para substituir a insulina em falta. Um determinado nmero de pessoas cuja
diabetes no-insulinodependente no seja eficazmente controlada atravs da alimentao e de
comprimidos pode ter que mudar para um regime de injees de insulina.
A insulinoterapia consiste na administrao de insulina por via subcutnea (por baixo da pele).
No existem comprimidos de insulina pois no possvel absorv-la uma vez que os cidos do
estmago a destroem [21].
Desde a primeira injeo de insulina, h mais de 90 anos, tanto a sua descoberta como o incio
desta teraputica, foram um marco na histria da medicina e dos doentes diabticos. A partir
da, a diabetes deixou de ser considerada uma doena fatal e passou a ser classificada como
uma doena crnica de evoluo prolongada devido s suas complicaes a curto, mdio e
longo prazo. Esta descoberta proporcionou progressos para os diabticos insulinodependentes
quer pela melhoria na sua qualidade de vida quer no que respeita ao desenvolvimento normal
das crianas diabticas e na reduo de complicaes agudas [7].
A administrao de insulina deve ser feita a par de uma vigilncia correta da glicemia e de uma
alimentao saudvel e prtica de exerccio fsico regular.
As administraes de insulina nos diabticos tipo 1 so sempre adaptadas a cada caso. Dever
ser realizada administrao de insulina de ao prolongada (1 ou 2 vezes por dia em funo da
insulina e das caratersticas individuais de cada pessoa) e administrao de insulinas de aorpida/ultra-rpida, pelo menos 4 vezes por dia. Para a administrao de insulina e ao
rpida/ultra-rpida antes das refeies, recomenda-se a contagem de hidratos de carbono [22].
As insulinas so de vrios tipos, dependendo da sua estrutura molecular, do incio de ao
(tempo que a insulina demora a comear a atuar, depois de injetada), pico mximo (perodo de
tempo em que a insulina atua com maior atividade maior capacidade de diminuio do acar
no sangue) e do seu tempo de ao (tempo de atuao no organismo) (figura 7) [23] [24] [25].
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Insulina de ao rpida a soluo lmpida e aps a injeo subcutnea o seu efeito
hipoglicemiante inicia-se de 30 a 45 minutos aps da sua administrao. O pico e a durao da
ao so de duas a quatro horas e de seis a oito horas, respetivamente. Este tipo de insulina
pode ser utilizado nas bombas de insulina e pode ser administrado por via endovenosa.
Existem tambm associaes deste tipo de insulina com insulina de ao intermdia (NPH -
Neutral Protamine Hagedorn ou Isofano). Os nomes comerciais so: Actrapid, Humulin
Regular e Insuman Rapid [23] [25].
Insulina de ao ultra-rpida (anlogos) so insulinas obtidas por uma modificao da
estrutura da insulina no que diz respeito aos cidos aminados. Esta modificao da molcula de
insulina vai condicionar uma absoro subcutnea mais acelerada, o que d um efeito mais
imediato (10 a 15 minutos), um pico mais precoce (uma a duas horas) e uma durao de ao
encurtada (quatro a seis horas). Este tipo de insulina pode ser utilizado nas bombas de infuso
de insulina. So exemplos a Lispro, Asparto e Glulisine [23].
Insulinas de ao prolongada (anlogos)incluem a insulina Glargina e insulina Detemir.
- Insulina Glargina: esta insulina tem um efeito contnuo de 24 a 28 horas, sem pico de ao.
No deve ser misturada com outras insulinas e o seu local de injeo deve ser diferente quando
h necessidade de administrar outro tipo de insulina [25].
- Insulina Detemir: Esta insulina tem um efeito contnuo de 24 horas no mximo, sem pico de
ao. Tem um aspeto cristalino apresentada em canetas pr-cheias de 3 ml ou 300 unidades.
No deve ser administrada por via endovenosa pois pode ocorrer uma hipoglicemia grave, a
mistura de insulinas tambm deve ser evitado de modo a que nenhuma sofra alteraes no seu
perfil de ao [23].
Insulina de ao intermdia com Protamina NPH este tipo de insulina tem aspeto turvo e
deve ser agitada, 20 vezes, com cuidado antes da sua administrao. Tm um incio de ao deuma a duas horas, um pico mximo de quatro a doze horas e uma durao de ao de dezoito a
vinte e seis horas. Os nomes comerciais so Humulin NPH, Insulina Insulatard e Insuman Basal
[26] [27].
Insulina Pr-misturada a insulina NPH misturada com insulina rpida, em que existem
vrias concentraes, por exemplo, 30% de insulina de ao rpida misturada com 70% de
insulina de ao intermdia. Os nomes comerciais so: Insulina Humulim M3 30% de ao
rpida; Insulina Insuman Comb 25 25% de insulina de ao rpida; Insulinas Mixtard 10, 20,
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30, 40, 50 o nmero significa a percentagem de insulina de ao rpida; Novo Mix 30 mistura
de insulina ultra-rpida (30%) com 70 % de insulina asparte protaminada sob a forma de cristais
de ao prolongada; Humalog Mix 25 e 50 misturas com anlogo de insulina Humalog nas
propores respetivas de 25% e de 50% [25] [28].
As insulinas com zincotm um incio de ao de uma a trs horas, um pico mximo de seis a
quinze horas e uma durao de ao de dezoito a vinte e seis horas. O nome comercial :
Insulina Monotard [27].
Insulinas de ao ultralentao incio de ao de seis a catorze horas, no tm pico mximo e
a durao de ao de mais de vinte e quatro horas. Nome comercial: Insulina Ultratard.
Anlogos lentos da insulinao incio da ao de uma a duas horas, no tm pico mximo e a
durao de ao pode variar de acordo com o tipo de anlogo, entre vinte e vinte e quatro
horas. Depois de injetadas, tm uma libertao mais regular e constante. Nomes comerciais:
Lantus (glargina 24 horas) e Levemir (detemir 20 horas) [25] [27].
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Figura 7 Tipos e caratersticas de insulina, adaptado de [23].
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Est em fase avanada de ensaios uma insulina que aplicada trs vezes por semana que pode
ser associada a outras insulinas, antes das refeies (Degludec). Este tipo de insulina tem
demonstrado nos ensaios clnicos uma baixa variabilidade do seu efeito permitindo melhoria do
equilbrio entre o controlo glicmico desejado e o risco de hipoglicemia [29].
At h cerca de vinte anos a insulina utilizada era extrada do pncreas do porco ou da vaca,
existindo com frequncia casos de alergias e outros efeitos adversos.
Atualmente, a insulina existente em Portugal obtida atravs de tcnicas de engenharia
gentica (a partir de uma hormona humana geneticamente elaborada por tecnologia de cido
desoxirribonucleico (ADN) recombinante ou por modificao qumica da insulina porcina),
tendo, por isso, um grau de pureza bastante elevado, o que reduz, em grande nmero, os casos
de alergia [25].
Alm deste avano surgiram outros desenvolvimentos, tais como o aumento da durao do
tempo de ao atravs da adio do zinco e da protamina e a criao de anlogos da insulina
que permitem uma absoro mais fisiolgica por parte do organismo [30].
A tcnica de administraode insulina extremamente importante para que esta cumpra o seu
efeito. Nos ltimos anos as recomendaes para a administrao de insulina mudaram bastante.
Esta aprendizagem deve ser feita junto do profissional de sade j que a tcnica deadministrao varia de pessoa para pessoa tendo em conta especificidades como por exemplo a
espessura do tecido adiposo (camada de gordura por baixo da pele). Todas as pessoas tm
tecido adiposo, mesmo as mais magras [31].
A insulina tem de ser administrada por baixo da pele, no tecido adiposo e no no msculo, por
isso o tamanho da agulha muito importante. Se a prega da pele apanhar o msculo existe o
perigo de acelerar a absoro da insulina podendo provocar hipoglicemia. Outra das situaes
a insulina ser administrada dentro da pele (intradrmica), esta situao pode causar dor e/oureaes alrgicas [27].
Para administrar a insulina deve ser feita uma prega na pele com o dedo polegar e com o dedo
indicador e injetar com a agulha perpendicular pele. A agulha no deve ser retirada
imediatamente, devendo esperar-se entre a 10 a 15 segundos [31].
A insulina pode ser injetada na regio abdominal, nas coxas, nos braos e nas ndegas (figura
8). A parede abdominal o local de eleio para uma mais breve absoro da insulina de ao
rpida. Deve ser usada para as injees realizadas durante o dia. A coxa utiliza-se
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preferencialmente para as injees de insulina de ao intermdia, sendo a regio das ndegas
uma boa alternativa. Se depois da injeo nestas zonas tiver atividade muscular (andar a p ou
praticar alguma atividade desportiva como jogar futebol, por exemplo), a insulina absorvida
mais rapidamente [25] [27].
importante a rotao dos locais onde administrada a insulina, de forma a evitar a formao
de ndulos na pele (lipodistrofias) que interferem na sua absoro, alm disso massacra a pele e
pode causar feridas [32].
Figura 8 - Locais de administrao de insulina, adaptado de [33].
A definio da dosagem diria de insulina varia de acordo com alguns fatores, nomeadamente a
idade, peso, durao da doena, comportamento nutricional e psicolgico, doenas
intercorrentes clnicas ou cirrgicas e os estados de puberdade do doente. O mdico deverestipular a quantidade de vezes que o doente deve administrar a insulina, de forma a evitar o
prolongamento de hiperglicemia e, consequentemente, reduzir as complicaes tardias [15].
- Conservao da insulina
A insulina deve ser protegida do calor, do frio excessivo e da luz solar direta, pois ocorre o
perigo de se deteriorar. Assim, as recargas das canetas ou das ampolas que ainda no foram
utilizadas devem ser guardadas numa prateleira do frigorfico (no do congelador). As recargas
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das canetas e das ampolas que esto a ser utilizadas so estveis fora do frigorfico a 25 ,
durante 4 semanas [32].
Se a insulina tiver sido exposta a calor excessivo ou congelado, se tiver um aspeto granuloso ou
com uma cor diferente da habitual (acastanhada), deve ser inutilizada e utilizar-se uma novarecarga ou ampola.
Hoje em dia, a administrao da insulina pode ser feita atravs de diversos dispositivos, sendo
os mais conhecidos as seringas de plstico, canetas de injeo reutilizveis, canetas pr-cheias
descartveis e bombas infusoras de insulina.
2.5
Educao do diabtico
A educao do diabtico assenta em trs pontos fulcrais: a alimentao, o exerccio fsico e o
tratamento, quer seja com medicamentos como o caso da diabetes tipo 2, quer a
insulinoterapia em diabticos tipo 1 (figura 9) [34]. Esta educao teraputica feita entre
mdico, enfermeiro ou nutricionista, estando sempre centrada no doente. A troca de
conhecimentos entre todos estes elementos visa resolver os problemas associados diabetes,
tendo em considerao as particularidades culturais e psicossociais do diabtico [35].
importante que o diabtico conhea bem o seu tipo de diabetes para que, dessa forma, possa
cumprir e melhorar o tratamento.
Figura 9 Plano de educao ao diabtico, adaptado de [34].
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O principal objetivo do tratamento controlar os nveis de glicemia, mantendo-os dentro dos
valores normais para que haja menor probabilidade de sofrer de complicaes associadas
diabetes. Desta forma, importante vigiar os valores de glicemia, fazendo as medies
necessrias (figura 10). Este controlo facilmente feito a partir de casa, utilizando aparelhos de
dimenses reduzidas e fceis de utilizar [36].
Figura 10 Passos de uma medio de glicemia capilar , adaptado de [36].
2.5.1 Alimentao
Uma alimentao saudvel e equilibrada faz parte do tratamento das pessoas com diabetes, em
conjunto com a atividade fsica e a medicao (antidiabticos orais ou insulina) [37].
Os principais objetivos da alimentao de um diabtico so: obter um bom controlo da glicemia,
colesterol, triglicridos, presso arterial e atingir e manter um peso saudvel, de forma a
prevenir o aparecimento das complicaes da diabetes. Para ajudar a controlar estes fatores de
risco, recomendada a reduo da ingesto de gordura e sal e o aumento da ingesto de fibra.
A alimentao das pessoas com diabetes no tem que ser montona e restritiva aos cozidos e
grelhados. Existem muitos mtodos de culinria saudvel que permitam variar a alimentao a
obter uma maior riqueza em nutrientes. No entanto, como medida preventiva do aumento
excessivo de peso e de doena cardiovascular, os fritos e pratos com molhos gordurosos
devero ser pouco frequentes [34].
Existem outros aspetos, para alm da culinria saudvel, que ajudam o diabtico a manter os
seus nveis de glicemia controlados, como por exemplo saber contabilizar os hidratos decarbono.
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A alimentao saudvel para uma pessoa com diabetes faz parte do seu tratamento e, na
verdade, no difere muito da alimentao que qualquer outra pessoa deve fazer.
A melhoria dos hbitos alimentares permite que o tratamento, quer para os diabticos tipo 1
quer para os diabticos tipo 2, seja muito mais eficaz.
Alimentao saudvel
Uma alimentao saudvel e equilibrada deve ser variada e incluir as pores corretas de
nutrientes e de vitaminas e de hidratos de carbono. A roda dos alimentos indica quantas
pores de cada grupo devem ser ingeridas, devendo, no entanto, ser diferenciadas consoante a
constituio fsica e o nvel de atividade fsica de cada pessoa. importante que a ingesto dos
alimentos seja repartida em pequenas refeies ao longo do dia, sendo recomendadas entre
cinco e seis refeies dirias [37].
Equivalncias de Hidratos de Carbono (HC)
Como parte integrante do tratamento da diabetes, a distribuio dos alimentos com HC pelas
vrias refeies, sabendo quais as quantidades adequadas e a forma de mant-las de dia para
dia, igualmente importante.
Assim, o diabtico deve aprender a substituir os alimentos ricos em HC uns pelos outros, semalterar o total recomendado, ou seja, aprender as equivalncias de HC (figuras 11, 12 e 13). Esta
consistncia em HC nas refeies e ao longo do dia, importante para os diabticos que tomam
comprimidos ou fazem doses fixas de insulina, para evitar oscilaes nos valores de glicemia. A
quantidade total de HC aconselhada pelo dietista ou nutricionista de acordo com a idade, o
peso, o gnero e o nvel de atividade fsica de cada pessoa [34].
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Figura 11 Equivalncias de hidratos de carbono dos amidos, adaptado de [34].
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Figura 12 Equivalncias de hidratos de carbono de laticnios, sopas e frutas, adaptado de [34].
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Figura 13 Equivalncias de hidratos de carbono de frutas (continuao), adaptado de [34].
Todos os alimentos da tabela, nas quantidades indicadas, tm os mesmos HC (a que se
considera uma poro de HC). Por exemplo, uma batata pequena tem os mesmo HC do que
duas colheres de arroz ou massa, ou do que trs colheres de gro ou de feijo, ou do que seis
colheres de ervilhas ou favas. Isto significa que todos estes alimentos se transformam na mesma
quantidade de acar tendo o mesmo efeito na subida da glicemia [38].
Uma pea de fruta tem o mesmo total de HC do que uma batata do tamanho de um ovo ou doque 25g de po. No entanto, os HC da fruta, entre os quais a frutose, tm uma transformao
em acar mais rpida devendo, por isso, quando se ingere fruta fora das refeies, juntar-se
25g de po ou o equivalente em bolachas.
Alguns doentes diabticos optam por reduzir o convvio com amigos e familiares e evitar festas
com receio de terem vontade de comer um doce e ficarem com as glicemias muito elevadas. Por
outro lado, tentam evitar o constrangimento de terem os familiares a controlarem o que
escolhem para provar e terem de justificar todas as opes alimentares que fazem.
A diabetes e os cuidados alimentares a ter, no devem por em causa a vida social do diabtico e
a soluo para controlar a diabetes no passa de modo algum por evitar este tipo de ocasies
especiais. A estratgia para incluir um doce num dia festivo sem que a glicemia fique
descontrolada passa por reduzir ou eliminar os ouros HC de uma refeio.
No entanto, importante no esquecer que os doces so maioritariamente ricos em gordura e
calorias, levando muitas vezes ao aumento de peso, o que acaba por contribuir para piorar o
controlo da diabetes.
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Aprender as equivalncias em HC uma forma de ajudar a controlar a glicemia, o que til
para as pessoas com diabetes, bem como para todas as outras que pretendam manter um peso
ideal e uma alimentao equilibrada [38].
Consumo de acar
Erradamente se associa que uma pessoa com diabetes no pode ingerir acar. Por exemplo,
numa situao de baixa de acar no sangue (glicemia) moderada, o acar sem dvida o
melhor tratamento pois, sendo rapidamente absorvido pelo organismo, permite que a pessoa
tenha uma subida imediata da glicemia e atinja com a maior rapidez os valores normais [39].
Por outro lado, o acar presente nos doces no serve para tratar uma hipoglicmia, pois,
devido existncia de outros nutrientes (por exemplo a gordura) no tm uma absoro rpida,
tendo que passar por todo o processo de digesto at chegar ao sangue. Deste modo, facilmente
se conclui que ingerir um bolo, um gelado ou um chocolate, no a melhor forma de se tratar
corretamente uma hipoglicemia. Estes alimentos devem ser reservados para ocasies especiais,
fazendo uma compensao na reduo da quantidade de outros HC (arroz, po ou batata) na
mesma refeio.
Noutras circunstncias, as pessoas podem ingerir os HC extra do doce e compensar com a
teraputica, mantendo desta forma as glicemias estveis. Trata-se de pessoas de diabetes tipo 1que fazem insulina de ao rpida s refeies. Tal como o nome indica, este tipo de insulina
atua rapidamente no organismo, permitindo que o acar ingerido no se acumule no sangue.
Neste caso o diabtico pode fazer mais insulina a contar com os HC existentes no doce.
Contudo, nem todas as pessoas insulinodependentes administram insulina de ao rpida s
refeies e relativamente a quem as administra, se este tipo de compensao for feita
demasiadas vezes, acaba por contribuir para um aumento de peso e da gordura corporal que
nenhum benefcio lhe trar e ir contribuir para um pior controlo da diabetes [39].
Acar
Existem variados tipos de acar: sacarose, glucose, dextrose, frutose, maltose, maltodextrina,
xarope de glucose, xarope de milho, geleia de milho, acar invertido, melao e mel.
exceo da frutose, a maioria dos acares, quando digeridos isoladamente, so rapidamente
absorvidos pelo organismo, provocando um aumento dos nveis de acar no sangue
(hiperglicemia). Quando so utilizados como ingrediente de algum alimento, como por
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exemplo de um bolo, o acar absorvido mais lentamente, devido presena de outros
nutrientes que necessitam passar pelo processo de digesto, e por isso no beneficiam o
tratamento de uma hipoglicemia, mas contribuem para o aumento do valor calrico desse
produto (figura 14) [39].
Figura 14 Absoro de acar, adaptado de [39].
Adoantes
Tal como o acar, os adoantes no so todos iguais. Existem essencialmente dois tipos: os
calricos e os no calricos [39].
Os poliis so adoantes com cerca de metade das calorias do acar. Destes so exemplo o
manitol, o xilitol, maltitol, lactitol, isomalte e o sorbitol. Estes podem ser consumidos pordiabticos mas quando ingeridos em excesso (mais do que 10g por dia, no adulto) podem
provocar clicas intestinais ou at diarreia [37].
No caso das crianas ou de pessoas com menor constituio fsica, as quantidades dirias
devem ser menores.
Um exemplo de adoante calrico a frutose (existente na fruta e tambm pode ser comprada
em supermercados), que contm as mesmas calorias que o acar e tambm aumenta a
glicemia. No entanto, a sua absoro mais lenta que a do acar e, quando consumida em
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excesso, pode contribuir para o aumento dos nveis de gordura no sangue, nomeadamente dos
triglicerdeos, como tambm pode aumentar a resistncia insulina.
A sacarina, o aspartame, o acesulfame de potssio, a sucralose, o ciclamato de sdio e a estvia
so exemplo de adoantes no calricos. Este tipo de adoantes tm mais vantagens do que osanteriores, j que no aumentam os nveis de glicemia nem de triglicerdeos e ajudam a
controlar o peso.
Nenhum destes adoantes aconselhado a crianas com menos de dois anos, e a sacarina e o
cicl