Belcea QuartetJean-Guihen Queyras
14 FEVEREIRO 2017
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14 DE FEVEREIROTERÇA19:00 — Grande Auditório
Ciclo de Músicade Câmara
Belcea QuartetCorina Belcea Violino
Axel Schacher Violino
Krzysztof Chorzelski Viola
Antoine Lederlin Violoncelo
Jean-Guihen Queyras Violoncelo
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Franz SchubertAndamento de Quarteto para Cordasem Dó menor, D. 703, Quartettsatz
Dmitri ChostakovitchQuarteto para Cordas n.º 3,em Fá maior, op. 73
AllegrettoModerato con motoAllegro non troppoAdagio –Moderato
intervalo
Duração total prevista: c. 2hIntervalo de 20 min.
Este concerto é gravado pela RTP – Antena 2
Franz SchubertQuinteto para Cordas em Dó maior, D. 956
Allegro ma non troppoAdagioScherzo: PrestoAllegretto – Più Allegro
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A par com o Lied, a música de câmara foi, sem dúvida, um terreno da predileção de Franz Schubert, tendo o compositor produzido um corpus central de quinze quartetos para cordas, acompanhado por várias partituras destinadas a formações instrumentais diversas, entre as quais o Quinteto para Piano e Cordas, op. 114, A Truta, o Octeto para Cordas e Sopros, op. 166 e o magistral Quinteto para Cordas, em Dó maior, op. 956, para dois violinos, viola e dois violoncelos, obra que teremos oportunidadede ouvir no presente recital de câmara.Em dezembro de 1820, Schubert empreendeu a composição de um novo quarteto para cordas, numa altura em que contava já com sólida experiência neste campo musical, por via de quinze composições, nem todas levadas a bom porto, é certo. Também o Quarteto para Cordas em Dó menor, D. 703 foi deixado incompleto, ante as dificuldades que o jovem músico enfrentou em Viena, para poder dedicar-se à Arte, por completo. Apesar da atividade intensiva, quer como professor de piano, quer como compositor, Schubert dependeu do apoio de amigos para suprir necessidades básicas do quotidiano, por forma a prosseguir os seus intentos na capital
da música europeia. Do Quarteto em Dó menor, Schubert compôs apenas o primeiro andamento, Allegro assai, bem como cerca de quarenta compassos de um segundo andamento, Andante, em Lá bemol maior, o qual nunca chegou a ser concluído. Estes dois andamentos foram publicados separadamente na primeira edição completa das obras de Schubert, surgida em Leipzig, no final do século XIX, mas apenas o Allegro assai veio a impor-se no repertório soba designação de Quartettsatz.Apesar de evidenciar uma arquitetura formal abrangente e unificada, o Quartettsatz reúne qualidades musicais intrínsecas que sugerem uma fusão subtil entre o lirismo instrumental do contemporâneo Quinteto A Truta e o ímpeto dramático afeto às melhores canções paravoz e piano do mesmo período. Neste sentido,a partitura inacabada espelha plenamente o espírito perscrutador e sempre inconstantedo Romantismo inicial. Do derradeiro ano da vida de Schubert data o Quinteto para Cordas em Dó maior, D. 956, obra-mestra da literatura de câmara romântica, a qual continua a desvendar toda a diversidade
Franz SchubertViena, 31 de janeiro de 1797Viena, 19 de novembro de 1828
Andamento de Quarteto para Cordasem Dó menor, D. 703, Quartettsatz
Quinteto para Cordas em Dó maior, D. 956
composição: 1820estreia: Viena, 1 de março de 1867duração: c. 10 min.
composição: 1828estreia: 1850duração: c. 52 min.
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dos sentimentos humanos junto das gerações atuais. Schubert renunciou à formação “clássica” do quinteto para cordas, prescindindo da segunda viola e substituindo-a por um segundo violoncelo. Deste modo, e ao mesmo tempo que reforçou as potencialidades do registo grave da textura, o músico abriu um novo horizonte idiomático, variado e surpreendente, a todos os títulos. Pensa-se que o Quinteto em Dó maior, tonalidade que partilha com a anterior Sinfonia n.º 9, “A Grande”, terá sido elaborado no verão de 1828, mas o desaparecimento do autógrafo impossibilita uma datação precisa. Tanto quanto se sabe, a obra não foi objeto de execução pública em vida de Schubert, tendo permanecido, deste modo, uma “joia” esquecida do espólio do compositor. Só muito mais tarde, em 1850, viria pela primeira vez a exsudar o seu deslumbramento no Musikverein de Viena.Maravilha absoluta do génio inventivo de Schubert, o primeiro andamento, Allegro ma non troppo, desperta, desde os primeiros compassos, um contínuo de sensações estimulantes, propiciadas pelos componentes temáticos e pelos variados efeitos de textura. Uma melodia extremamente pungente dá início ao segundo
andamento, Adagio. Exposta pelo segundo violino, com o acompanhamento em pizzicato do primeiro violino e do violoncelo, a doce melopeia evolui gradualmente, à medida que desvela os segredos interiores de um ser absorto, também ele hesitante ante o limiar da sua própria existência. A secção central deste Adagio assinala uma rutura com todo o edifício musical já apresentado, no que diz respeito à tonalidade (que é agora a de Fá menor), tempo, organização de dinâmicas e das principais ideias melódicas. Esta é uma característica que o aproxima do Scherzo seguinte. O Trio central deste andamento (Andante sostenuto), na mesma tonalidade de Fá menor, acentua o dramatismo subjacente ao Scherzo, afirmando-se como parcela autónoma do mesmo. O andamento final, Allegretto, confere ao quinteto uma renovada exuberância de cores instrumentais, para a qual contribui o diálogo constante entre as cordas, por vezes ensombrado pelas inflexões no modo menor. Nos seus matizes variados e surpreendentes, esta derradeira página parece remeter, ora para as tertúlias vienenses coevas, ora para horizontes estéticos futuros, somente imaginados pela mente prodigiosa do compositor.
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No centro do legado de música de câmara de Dmitri Chostakovitch assumem um lugar central os quinze quartetos para cordas que escreveu desde a conturbada década de trinta (durante a qual chegou a ser alvo da severa crítica do poder soviético) até pouco antes da sua morte.Os quartetos para cordas refletem diferentes momentos de um percurso artístico que, na sua fase inicial, se revelou tributário dos pressupostos formais classicistas de Joseph Haydn, aliando-os à influência nacional de Tchaikovsky, o grande pioneiro da música de câmara na Rússia.O Quarteto n.º 3, em Fá maior, op. 73, partilha desta herança estilística de índole clássico-romântica, combinando-a, porém, com a expressão irreverente, muitas vezes angustiada, de sentimentos e de estados de espírito, tão característica do músico russo. No ano em que a obra viu a luz, em 1946, o mundo deparava-se emocionado com o trágico desfecho da Segunda Grande Guerra, pelo que as consequências do conflito se podem vislumbrar em diversas passagens. Após o primeiro andamento, Allegretto, evocação estilizada do universo das danças ancestrais, levada a efeito através da permuta constante de material motívico entre os
instrumentos participantes, tem lugar o Moderato con moto. Torna-se percetível a mudança de pathos, rumo a sugestões angustiadas e ambíguas. Sinais de inquietude parecem espreitar a cada compasso, à medida que os instrumentos exploram curiosos efeitos tímbricos e de textura. O vigoroso terceiro andamento, Allegro non troppo, remete, por sua vez, para o universo das marchas fúnebres. Persistentes linhas de acompanhamento, em ostinato, percorrem o andamento, intensificando o dramatismo deste Scherzo, o qual se reveste, por vezes, de contornos violentos. A secção contrastante, assinalada Adagio, relembra a influência de Beethoven.No culminar desta gradual caminhada da luz para a obscuridade, o derradeiro andamento, Moderato, faz sobressair as sonoridades graves e fluidas do violoncelo nos primeiros compassos, servindo de introdução a um discurso de grande lirismo, com solos comoventes dos dois violinos. Somente nos derradeiros compassos se assiste como que à dissipação das inquietudes e incertezas, por via de uma textura estática e contemplativa, a qual parece anunciar, sem receios, a esperança na renovação da vida. notas de rui cabral lopes
Dmitri ChostakovitchSão Petersburgo, 25 de setembro de 1906Moscovo, 9 de agosto de 1975
Quarteto para Cordas n.º 3,em Fá maior, op. 73
composição: 1946estreia: Moscovo, dezembro de 1946duração: c. 33 min.
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O Belcea Quartet foi fundado no Royal College of Music, em Londres, em 1994. Venceu os concursos internacionais de Osaka e de Bordéus em 1999, e recebeu o Prémio de Música de Câmara da Royal Philharmonic Society em 2001 e 2003. Conjuntamente como o Artemis Quartet, partilha uma residência no Konzerthaus de Viena desde 2010. A proveniência artística dos músicos do Belcea Quartet (Roménia, Polónia e França) favorece o seu estilo interpretativo e a sua dinâmica musical. São também herdeiros da melhor tradição de quartetos de cordas, a qual lhes foi legada pelos Quartetos Alban Berg e Amadeus. Estas influências e características complementam-se e refletem-se no repertório, o qual inclui estreias mundiais regulares – os quartetos para cordas de Mark-Anthony Turnage Twisted Blues with Twisted Ballad (2010) e Contusion (2014), bem como lucid dreams, de Thomas Larcher (2015) – e uma forte ligação com as grandes obras dos períodos clássico e romântico. Por outro lado, o seu espírito aberto e humilde permite-lhes desenhar um perfil sonoro próprio, refinado e elegante, na interpretação do repertório tradicional. Neste sentido, colaboram também com frequência com outros artistas
de primeiro plano como Piotr Anderszewski, Till Fellner, Valentin Erben ou Ian Bostridge. Apresentando-se com regularidade nos mais prestigiados palcos e festivais internacionais, estrearam-se no Grande Auditório Gulbenkian em abril de 2006, tendo regressado em fevereiro de 2008 e em maio de 2010. Recentemente foi criado o Belcea Quartet Trust, instrumento que tem como objetivo principal o apoio e formação dos jovens quartetos de cordas através de sessões de aperfeiçoamento organizadas de acordo com as necessidades de cada grupo selecionado. Inclui também o estímulo à composição de novas obras.O Belcea Quartet recebeu o prémio Gramophone para melhor disco de estreia em 2001. Desde então, a sua relevante discografia inclui os Quartetos para Cordas de Britten e Bartók, bem como obras de Schubert, Brahms, Mozart, Debussy, Ravel, Janácek e Dutilleux (EMI Classics), entre outros compositores. Em 2012 e 2013, gravaram (ZigZag Territories) no Benjamin Britten Studio, em Snape, uma integral dos Quartetos para Cordas de Beethoven, trabalho que mereceu a atribuição do prémio ECHO Klassik.
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Jean-Guihen Queyras nasceu no Canadá, mas vive em França desde os oito anos de idade. Uma firme focalização na música caracteriza o seu trabalho artístico, guiado pela curiosidade e pela diversidade. Em palco, ou no estúdio de gravação, a sua paixão e humildade combinam-secom o profundo respeito pelas composições que interpreta. As motivações íntimas do compositor, do intérprete e do público devem convergir por forma a enriquecer e amplificar a experiência de um concerto. O violoncelista interiorizou esta abordagem interpretativade Pierre Boulez, compositor e maestro queo influenciou profundamente. Estreou obrasde I. Fedele, G. Amy, B. Mantovani, M. Jarrell,J. Staud e T. Larcher, entre outros. Em novembro de 2014, gravou o Concerto para Violoncelo de Peter Eötvös para assinalar o 70.º aniversário do compositor. São também relevantes as suas colaborações no domínio da música antiga, as quais incluem a Freiburg Baroque Orchestra,a Akademie für Alte Musik Berlin e o Concerto Köln. É membro fundador do Arcanto Quartete forma um trio com a violinista IsabelleFaust e o pianista Alexander Melnikov.Jean-Guihen Queyras é um convidado regular das principais salas de concertos e festivais, nomeadamente como artista em residência, incluindo o Concertgebouw de Amesterdão,
o Festival d’Aix-en-Provence, ou o Wigmore Hall de Londres. Como solista de concerto, apresentou-se com importantes orquestras como a Orquestra de Filadélfia, a Sinfónicada Rádio de Baviera, a Philharmonia Orchestra,a Orquestra de Paris, a Sinfónica NHK de Tóquio, a Orquestra do Gewandhaus deLeipzig ou a Orquestra do Tonhalle de Zurique,sob a direção de maestros como I. Fischer,P. Herreweghe, Y. Nézet-Séguin, O. Knussen, ou R. Norrington. Gravou uma discografia variada e ambiciosa, que incluiu as Suites para Violoncelo solo de J. S. Bach – que interpretou na sua estreia no Auditório Gulbenkian em dezembro de 2010 –, os Concertos para Violoncelo de Elgar, Dvorák, P. Schoeller eG. Amy, bem como o Concerto para Violoncelo de Schumann. Em colaboração com os irmãos Chemirami (zarb) e Sokratis Sinopoulos(lira), explora os cruzamentos musicais,a improvisação e as tradições mediterrânicas, projeto que apresentou na Gulbenkian Música em outubro de 2016. Jean-Guihen Queyras é professor na Universidade de Música de Friburgo e Diretor Artístico do festival Rencontres Musicales de Haute-Provence, em Forcalquier. Toca um violoncelo Gioffredo Cappa de 1696, por gracioso empréstimoda Mécénat Musical Société Générale.
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BANCODE CONFIANÇA.
O BPI foi reconhecido como a marca bancáriade maior confiança em Portugal, de acordocom o estudo Marcas de Confiança que as Selecções do Reader’s Digest organizam há 16 anos em 10 países. O nível de confiançado BPI subiu de 39% para 46%, registandoo melhor resultado alguma vez alcançado em todo o sistema financeiro português desdeo lançamento do estudo em 2001. O BPI agradece este voto de confiança e tudo fará para continuar a merecê-lo.
25%2º Banco
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BPI é Marca de Confiança na Banca pelo 3º ano consecutivo.
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direção criativaIan Anderson
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Lisboa, Fevereiro 2017
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