ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO DA TERRA NA BACIA HIDROGRÁFICA DO CÓRREGO TABOCA, TRÊS LAGOAS/MS COM
AUXILIO DAS GEOTCNOLOGIAS
Andréia da Cruz Rodrigues Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e-mail: [email protected];
Rafael Martins Brito Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e-mail: [email protected];
Sergio Henrique Pereira Cordeiro Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e-mail: [email protected];
Suzana Maria de Souza Carvalho [email protected]
INTRODUÇÃO
As últimas décadas têm sido marcadas por profundas modificações tecnológicas,
sociais, econômicas e, principalmente, ambientais.Qualquer alteração nos diferentes
componentes da natureza (relevo, solo, vegetação, clima e recursos hídricos) acarreta o
comprometimento da funcionalidade do sistema, quebrando o seu estado de equilíbrio
dinâmico. Estas variáveis tratadas de forma integrada possibilitam obter um diagnóstico
das diferentes categorias hierárquicas da fragilidade dos ambientes naturais. (SPÖRL,
C. & ROSS, 2004, p.40).
A análise ambientalda Bacia Hidrográfica do Córrego Taboca (BHCT) se faz
necessária devido a modificação do uso da terra nesses últimos anos e ao crescimento
do agronegócio no município de Três Lagoas/MS e em nosso país. O estado de Mato
Grosso do Sul apresenta riquezas naturais, com grande capacidade hídrica, pedológica e
climática com verões chuvosos e invernos secos, clima propicio para o cultivo de
monoculturas, afim de atenderem interesses hegemônicos.
ABacia Hidrográfica do Córrego Taboca é um afluente da margem esquerda da
Bacia Hidrográfica do Rio Sucuriú localizado entre as coordenadas 53º 7’ 38.38” e 50º
51’ 45.66” W de longitude e 21º 18’ 44.58” e 19º 8’ 57.71” S de latitude no município
de Três Lagoas no estado de Mato Grosso do Sul(Figura 1). Quanto a geomorfologia,
Cattanio (s.d.) apud Silva, 2008, a configuração da paisagem no município de Três
Lagoas pode ser dividida em três compartimentos; segmento plano, segmentos das
colinas convexo-côncavas longas; segmentos das colinas convexo-côncavas longas.
Aspectos geoecológicos da Região – os solos encontrados no município de Três
Lagoas em especial na BHCT sãoLatossolo Vermelho-Escuro álico A moderado
textura argilosa e muito argilosa relevo suave ondulado e plano + Podzólico Vermelho-
Escuro eutrófico Tb A moderado e chernozêmico textura média/argilosa + Latossolo
Vermelho-Escuro álico A moderado textura média relevo suave ondulado e PEe3 -
Podzólico Vermelho-Escuro eutrófico Tb A moderado textura argilosa e média
cascalhenta/argilosa cascalhenta + Podzólico Vermelho-Amarelo distrófico A moderado
textura média/argilosa e média/média cascalhenta relevo suave ondulado. A vegetação
arbórea densa é de formação campestre com estrato de árvores baixas, xeromórficas de
esgalhamento profundo, providas de grandes folhas coriáceas, perenes e casca corticosa.
(SILVA, 2008).
Figura 1: Localização da área de estudo no município de Três Lagoas/MS. Org.: Rodrigues, 2014. OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo a geração de cartas imagens de uso e
ocupação da terra da BHCT afim de obterem informações sobre manejo, declividade do
solo para análise ambiental.
METODOLOGIA
Juntamente com o auxílio do SIG, e a utilização do software gratuito Spring
5.2.5 para processamento de imagens, iniciaremos a importação das imagens do satélite
Landsat-8 com a seguinte composição: R(4), G(5) e B(6) para melhor análise do uso e
ocupação da terra seguido de imagem contraste utilizando a função linear, com imagens
atuais, analisando as cartas de declividade e tipos de solo. Adotamos como metodologia
a pesquisa de Bertalanffy (1950) que considera de forma integrada o ambiente natural,
analisando o ambiente como um sistema que funciona de forma hierárquica, assim
temos:
● Sistema: Bacia Hidrográfica do Rio Paraná;
● Subsistema: Bacia Hidrográfica do Rio Sucuriú;
● Parte componente: Bacia Hidrográfica do Córrego Taboca;
A utilização do software gratuito Spring 5.2.5 resultará no mapeamento do uso
da terra com rapidez, analisando a forma como a área é utilizada para atender interesses
agrícolas, comparando os níveis de declividade com o uso da terra. Avaliando qual é o
nível ambiental que esta área se encontra e quais medidas devem ser tomadas para
preservar a parte componente do Rio Sucuriú, este que abastece o município de Três
Lagoas/MS e faz parte da análise integrada ambiental e dinâmica sistêmica natural.
Assim a pesquisa encontra-se em fase de desenvolvimento com análises laboratoriais e
futuros trabalhos de campo, essencial para conhecer a área estudada, amadurecer ideias
e propor medidas de conservação e manejo.
As imagens foram georreferenciadas através da aquisição de pontos de controle
identificados na imagem Geocover Landsat (NASA, 2005), foi realizado o procedimento de
classificaçãonão-supervisionada, coletando amostras por meio de polígonos. No
procedimento denominado de Treinamento, foram coletadas amostras para
classes:Drenagem, Vegetação Florestal, Mata Ciliar, Solo Exposto, Pastagem, Silvicultura,
Área Úmida e Vegetação Campestre.
O mapa de declividade foi gerado a partir da imagem de radar SRTM, de altimetria
disponibilizado pelo site da EMBRAPA e importado para o software pela categoriaModelo
Numérico do Terreno (MNT), aplicando os intervalos de declividade em porcentagem de
acordo com De Biasi (1970) de 0 a 3, 3 a 6, 6 a 9, 9 a 12, 12 a 15 e 15 a 18, objetivandocriar
as curvas de nível com uma variação de equidistância de cota de 10 metros. Realizamos a
aquisição dos dados de solos por meio do site do Sisla para análise sobre o tipo de solo
e suas características. Depois de gerados os mapas de uso e ocupação da terra e
declividade da Bacia Hidrográfica do Córrego Taboca os dados foram cruzados naopção
Tabulação Cruzada do Spring® 5.2.5.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O uso e ocupação da Terra da Bacia Hidrográfica do Córrego Taboca foi
classificada pelas classes de Solo Exposto, Vegetação Florestal, Vegetação Campestre,
Área Úmida, Pastagem, Silvicultura e Drenagem sendo que o uso predominante oscila
entre pastagem, vegetação campestre e Silvicultura, baseados na classe das cores do
IBGE (2008). (Figura 2).
Figura 2: Carta Imagem do Uso e Ocupação da Terra da Bacia Hidrográfica do Córrego Taboca, Três Lagoas/ MS, 2013. Org: Rodrigues, 2014.
A predominância das classes Vegetação Campestre e Pastagem foram altas no
entanto a atividade mais preocupante está relacionada a atividade do manejo da terra, pois a
pecuária é uma atividade que, dependendo da forma de de manejo, pode afetar de modo
negativo o solo e causar ou agravar problemas como escoamento superficial de água e
erosão, o que prejudica também a quantidade e a qualidade da água dos mananciais.
SILVA, 2008. A Vegetação campestre representa o campo e sua diversidade de árvores,
arbustos após plantações ou utilização deste solo, o bioma predominante nesta região que
envolve o município de Três Lagoas é o Cerrado com características peculiares, árvores
de grande e pequeno porte com galhos tortuosos e estações climáticas bem definidas
(uma época bem chuvosa e outra seca) e regiões de solo de composição arenosa.
A tabela abaixo apresenta as classes temáticas da BHCT e como foram
distribuídas e feita a classificação utilizando oMaxver, classificador supervisionado de
máxima verossimelhança. Os dados foram obtidos em hectares por meio da função
medidas de classes da classe temática no software Spring 5.2.5 onde convertemos em
porcentagem.
Tabela 1: Uso e Ocupação da Terra da BHCT
Fonte: Processamento Digital da Imagem Landsat TM 8 ano 2013.Org.: Rodrigues, 2013
O gráfico abaixo apresenta dados em porcentagem referentes as classes
temáticas na Bacia Hidrográfica do Córrego Taboca.
0,16
24,41967693
12,33
drenagem pastagem silvicultura
Classes Drenagem Pastagem
Silvicultura Área úmida Campestre Florestal
Solo Exposto TOTAL
bela 1: Uso e Ocupação da Terra da BHCT
Fonte: Processamento Digital da Imagem Landsat TM 8 ano 2013.
O gráfico abaixo apresenta dados em porcentagem referentes as classes
temáticas na Bacia Hidrográfica do Córrego Taboca.
12,33
4,30460508
31,89
21,61082946
5,28
silvicultura área umida campestre florestal solo exposto
Área (ha) (%)35,7 0,16
5.534,5 242.795,4 12,30975,6 4,30
7.228,3 31,894.897,9 21,611.196,7 5,289.813,3 100,00
O gráfico abaixo apresenta dados em porcentagem referentes as classes
solo exposto
(%) 0,16
24,41 12,30 4,30
31,89 21,61 5,28
100,00
Figura 3: Uso e Ocupação da Terra – BHCT 2013
Ao analisarmos o gráfico de uso e ocupação da terra da BHCT percebe-se que as
classes com maiores representações foram Vegetação Campestre, Pastagem e Vegetação
Florestal. A Vegetação Florestal representa áreas “nativas” com vegetação natural que
devem ser preservadas, apresentando 21,61% desta classe na BHCT. A classe
silviculturarepresentamétodos naturais e artificiais de regenerar e melhorar os
povoamentos florestais para atender o interesse e as necessidades do mercado
financeiro, apresenta 12,33% na BHCT, ou seja, comparado com as outras atividades a
silvicultura está em crescimento nesta região, sendo classificada como a quarta mais
representativa na BHCT.
A classe temática solo exposto corresponde a 5,28% na BHCT, sendo este tipo
de classificação referente ao solo sem nenhum tipo de gramínea ou árvores, um solo
totalmente exposto e analisado por meio de imagens de satélite sua refletância é alta e
nenhum tipo de vegetação apresenta. Porém a classe temática área úmida corresponde a
4,30% na BHCT. A área úmida representa os locais próximo ao curso d’agua onde
deveriam existir mata ciliar, ou áreas que deveriam ser preservadas, como áreas de
várzea e brejo. A carta imagem abaixo apresenta dados de declividade da Bacia
Hidrográfica do Córrego Taboca.
Org.: Rodrigues, 2014 Figura 4: Carta Imagem de Declividade da Bacia Hidrográfica do Córrego Taboca, Três Lagoas/ MS, 2013. Org.: Rodrigues, 2014.
A carta imagem 2 juntamente com a tabela 2 apresentam classes e dados
referente a declividade da BHCT por meio da opção de cruzamento de dados
(Tabulação Cruzada), realizado o cruzamento entre os dados de uso e ocupação da terra
e declividade.
Tabela 2: Tabulação Cruzada entre o Uso e Ocupação da Terra em 2013 e Declividade da BHCT
Fonte: Processamento Digital da Imagem Landsat TM 8 ano 2013. Org. Rodrigues, 2014.
Uso da Terra Declividade (%)
Total 0-3 3-6 6-9 9-12 12-15 15-18
Drenagem 50,6 47,7 1,6 0,0 0,1 0,0 100
Pastagem 40,4 51,8 7,0 0,42 0,38 0,0 100
Silvicultura 39,1 54,8 5,7 0,3 0,1 0,0 100
Área Úmida 34,1 48,1 15,5 2,0 0,3 0,0 100
Campestre 36,5 51,1 11,1 1,1 0,2 0,0 100
Florestal 37,6 48,8 13,3 1,8 0,5 0,0 100
Solo Exposto 40,1 52,8 6,3 0,6 O,2 0,0 100
Pode-se observar que a classe de declividade predominante da BHCT está na classe
entre 3-6%, representando terras com nenhuma ou somente pequenas limitações de uso.
Apresentam solos profundos, de fácil mecanização.
A classe de declividade 0-3% como a anterior apresenta pequena limitações de
uso por ser classificada como plana com suaves ondulações. Porém a classe 6-9% é uma
área que também apresenta suave ondulaçõescom características de vegetação
diferenciadas, em relação a BHCT a classe área úmida apresenta maior destaque
consequentemente indícios da ação antrópica não planejada neste ambiente frágil.
As classes de declividade 9-12% e 12-15% representam áreas com fortes
ondulações, áreas frágeis, que devem envolver ações conservacionistas intensas como
medidas de preservação, portanto nessas áreas os níveis de ações antrópicas são bem
reduzidos na BHCTcom dados que variam de 0,42 a 0,38%.
Concluímos que o uso da terra na Bacia Hidrográfica do Córrego Taboca é
classificada em relevância pela Vegetação Campestre e Pastagem, atividades essas que
influenciam na dinâmica financeira do município, sem deixar de citar os 40% de
vegetação florestal que ainda há indícios de preservação e ao crescimento da
silvicultura. Associamos os dados de ocupação da terra com a declividade do terreno e
observamos que as áreas mais ocupadas com atividades antrópicas são classificadas
como áreas suaves e planas com pequenas limitações de uso. Portanto a BHCT merece
atenção especial, assim como toda área natural inclusive praticas conservacionistas para
iniciar a preservação e conservação.
REFERENCIAS
BEERTALANFFY, L. V. Teoria Geral dos Sistemas. Ed. Vozes. Petrópolis, RJ, 1975.
CHRISTOFOLETTI, A. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo: Edgard Blucher, 1999.
DE BIASI, M. Carta de Declividade: confecção e utilização. Geomorfologia, no 21, p. 8-13, 1970
FERREIRA, O.A.D.; FERREIRA, R.E. Geografia e Território: Interpretação do Espaço Brasileiro. Rio Claro: IGCE/UNESP – Pós-Graduação em Geografia, 2010.
MOREIRA, M. A Fundamentos do sensoriamento remoto e metodologias de aplicação. São José dos Campos, Editora UFV, 2001, 307 p. 40.
SILVA, N.C.L. Uso Do Solo No Manejo De Bacias Hidrográficas: O Caso Da Microbacia Córrego Prata, Três Lagoas/ Ms. Revista RBGF- Revista Brasileira de Geografia Física. Recife-PE Vol.2 n.01 jan/abril 2008, p.01-13.