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Minhas FériasLuis Fernando Veríssimo.
Eu, minha mãe, meu pai, minha irmã (Su) e meu cachorro (Dogman) fomos fazer camping. Meu paidecidiu fazer camping este ano porque disse que estava na hora de a gente conhecer a natureza deperto, já que eu, a minha irmã (Su) e o meu cachorro (Dogman) nascemos em apartamento, e, atcinco anos de idade, sempre que via um passarinho numa árvore, eu gritava !aque"e fugiu#$ e corriapara avisar um guarda% mas eu acho que meu pai decidiu fazer camping depois que viu os pre&os doshotis, apesar da minha mãe avisar que, na primeira vez que aparecesse uma co'ra, e"a vo"tariapara casa correndo, e minha irmã (Su) insistir em "evar o tocadisco e toda a co"e&ão de discos de"a,mesmo o meu pai dizendo que aonde ns *amos não teria corrente e"trica, o que dei+ou minhairmã (Su) muito irritada, porque, se não tinha corrente e"trica, como e"a ia usar o secador deca'e"o Mas eu e o meu cachorro (Dogman) gostamos porque o meu pai disse que ns *amos pescar,e cozinhar ns mesmos o pei+e pescado no fogo, e comer o pei+e com as mãos, e se há uma coisaque eu gosto confusão. -oi muito engra&ado o dia em que minha mãe a'riu a porta do carro 'emdevagar, espiando em'ai+o do 'anco com cuidado e perguntando !será que não tem co'ra$, e omeu pai perdeu a pacincia e disse !entra no carro e vamos em'ora$,, porque ns ainda nemt*nhamos sa*do da garagem do edif*cio. /a estrada tinha tanto 'uraco que o carro quase que'rou, ens atrasamos, e quando chegamos no "ugar do camping já era noite, e o meu pai disse !este pareceser um 'om "ugar, com 'astante grama e perto da água$, e decidimos dei+ar para armar a 'arracano dia seguinte e dormir dentro do carro mesmo% s que não conseguimos dormir, porque o meucachorro (Dogman) passou a noite inteira querendo sair do carro, mas a minha mãe não dei+avaa'rirem a porta, com o medo de co'ra% e no dia seguinte tinha a cara feia de um homem nosespiando pe"a jane"a, porque ns t*nhamos estacionado o carro no quinta" da casa de"e, e a águaque o meu pai viu era a piscina de"e e tivemos que sair correndo. /o fim conseguimos um 'om "ugarpara armar a 'arraca, perto de um rio. 0evamos dois dias para armar a 'arraca, porque a minha
mãe tinha usado o manua" de instru&1es para "impar umas porcarias que meu cachorro (Dogman) fezdentro do carro, mas ficou 'em "ega", mesmo que o z*per da porta não funcionasse e para entrar ousair da 'arraca a gente tivesse que desmanchar tudo e depois armar de novo. 2 rio tinha um cheiroruim, e o primeiro pei+e que ns pescamos já saiu da água cozinhando, mas não deu para comer, e ome"hor de tudo que choveu muito, e a água do rio su'iu, e ns vo"tamos pra casa f"utuando, o quefoi muito me"hor que vo"tar pe"a estrada es'uracada% quer dizer que no fim tudo deu certo.
Veríssimo, Luis Fernando. O Santinho. 3io de 4aneiro. 2'jetiva
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InimigosLuis Fernando Veríssimo.
!2 ape"ido de Maria 5ereza, para /or'erto, era 67uequinha8. Depois do casamento, sempre quequeria contar para os outros uma de sua mu"her, o /or'erto pegava na sua mão, carinhosamente, ecome&ava9
:ois a 7uequinha...
E a 7uequinha, dengosa, protestava9
2ra, ;eto#
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A bolaLuis Fernando Veríssimo.
2 pai deu uma 'o"a de presente ao fi"ho. 0em'rando o prazer que sentira ao ganhar sua primeira'o"a do pai. nmero F sem tento oficia" de couro. =gora não era mais de couro, era de p"ástico.Mas era uma 'o"a. 2 garoto agradeceu, desem'ru"hou a 'o"a e disse !"ega"$ 2u o que os garotosdizem hoje em dia quando gostam do presente ou não querem magoar o ve"ho. Depois come&ou agirar a 'o"a, á procura de a"guma coisa.
, com a'o"a do seu "ado, manejando os contro"es do v*deo game. ="go chamado Monster ;a"", em que timesde monstrinhos disputavam a posse de uma 'o"a em forma de ;"ip e"etrHnico na te"a ao mesmotempo que tentavam se destruir mutuamente. 2 garoto era 'om no jogo. 5inha coordena&ão eracioc*nio. Estava ganhando da máquina.
2 pai pegou a 'o"a nova e ensinou a"gumas em'ai+adinhas.
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Peça Inan!ilLuis Fernando Veríssimo.
= professora come&a a se arrepender de ter concordado (!>oc a nica que tem temperamento paraisto$) em dirigir a pe&a quando uma das fadinhas anuncia que precisa fazer +i+i. K como um sina". 5odasas fadinhas decidem que precisam, urgentemente, fazer +i+i.
Está 'em, mas s as fadinhas L diz a professora. L E uma de cada vez#
Mas as fadinhas vão em 'ando para o 'anheiro.
ma de cada vez# ma de cada vez# E voc, onde que pensa que vai
=o 'anheiro.
/ão vai não.
Mas tia.
Em primeiro "ugar, o 'anheiro já está cheio. Em segundo "ugar, voc não fadinha, ca&ador. >o"te
para o seu "ugar.
m pirata chega atrasado e com a not*cia de que sua mãe não conseguiu terminar a capa. Serve a
toa"ha
/ão. >oc vai ser o nico de capa 'ranca. K me"hor tirar o tapao"ho e ficar de anão. >ai ser um pouco
engra&ado, oito an1es, mas tudo 'em. :orque voc está chorando
Eu não quero ser anão.
Então fica de "avrador.
:osso ficar com o tapao"ho
:ode. m "avrador de tapao"ho. 5udo 'em.
5ia, onde que eu fico
K uma margarida.
>oc fica a"i.
= professora se dá conta de que as margaridas estão desorganizadas.
=ten&ão, margaridas# 5odas a"i. >oc não. >oc coe"hinho.
Mas o meu nome margarida.
/ão interessa# Descu"pe, a tia não quis gritar com voc. =ten&ão, coe"hinhos. 5odos comigo. Margaridas
a"i, coe"hinhos aqui. 0avradores daque"e "ado, árvores atrás. =rvore, tira o dedo do nariz. 2nde que
estão as fadinhas 7ue +i+i mais demorado.
Eu vou chamar.
-ique onde está, "avrador. ma das margaridas vai chamá"as.
4á vou.
>oc não, Margarida# >oc coe"hinho. ma das margaridas. >oc. >á chamar as fadinhas. :iratas,
fiquem quietos.
5ia, o que que eu sou Eu esqueci o que eu sou.
>oc o so". -ica a"i que depois a tia... :iratas, por favor#
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=s fadinhas come&aram a vo"tar.
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Mas, tia, e a frase da 0ua
!;oa noite, So"$.
;oa noite.
Eu não estou fa"ando com voc#
Eu não sou mais o So"
K. Mas eu estava dizendo a frase da 0ua. !;oa noite, So".$ ;oa noite, So". ;oa noite, So". /ão vou esquecer. ;oa noite, So"...
=ten&ão, todo mundo# :iratas e an1es nos 'astidores. 7uem fizer um 'aru"ho antes de entrar em cena,
eu esgoe"o.
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PAPOSLuis Fernando Veríssimo.
! Me disseram...
Disseramme
?ein
2 correto 6disseramme8. /ão 6me disseram8.
Eu fa"o como quero. E ti digo mais... 2u 6digote8
2 qu
Digote que voc...
2 6te8 e o 6voc8 não com'inam.
0he digo
5am'm não. 2 que voc ia me dizer
7ue voc ta sendo grosseiro, pedante e chato. E que vou ti partir a cara. 0he partir a cara. :artir a suacara.
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O A"OR Luis Fernando Veríssimo.
2 ?omem chega em casa, a're a porta e rece'ido pe"a mu"her e os fi"hos, a"egremente. Distri'ui'eijos entre todos, pergunta o que há para jantar e dirigese para o seu quarto. >ai tomar 'anho, trocarde roupa e prepararse para a"gumas horas de sossego na frente da te"evisão antes de dormir. 7uandoestá a'rindo a porta do seu quarto ouve uma voz que grita9
oc tem que transmitir me"hor odesespero do personagem. E"e chega em casa e desco're que sua casa não uma casa, um cenário.Desco're que está no meio de um fi"me. /ão entende nada.
/ão entendo...
-ica desconcertado. /ão sa'e se en"ouqueceu ou não.
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Eu devo estar "ouco. Nsto não pode estar acontecendo. 2nde está minha mu"her 2s meus fi"hos =minha casa
=ssim está me"hor. Mas espere at come&armos a rodar. >o"te para sua marca. =ten&ão, "ues...
Mas que marca Eu não sou personagem nenhum. Eu sou eu# /ingum me dirige. Eu estou na minhaprpria casa, dizendo as minhas prprias fa"as...
;oa, 'oa. >oc está fugindo um pouco do script, mas está 'om.
7ue script /ão tem script nenhum. Eu digo o que quiser. Nsto não fi"me. E mais, se um fi"me, umaporcaria de fi"me. Nsto sim'o"ismo u"trapassado. Essa de que o mundo um pa"co, que tudo foipredeterminado, que não somos mais do que atores... :orcaria#
;oa, 'oa. Está convincente. Mas espere come&ar a fi"mar. =ten&ão...
2 homem agarra o diretor pe"a frente da camisa.
>oc não vai fi"mar nada# Está ouvindo /ada# Saia da minha casa.
2 diretor tenta "ivrarse. 2s dois ro"am pe"o chão. /isto ouvese uma voz que grita9
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O nari$Luis Fernando Veríssimo.
Era um dentista respeitad*ssimo.
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/ão sei L respondia a recepcionista, que tra'a"hava com e"e há AF anos. L /unca vi !e"e$ assim.
/aque"a noite, e"e tomou seu chuveiro, como fazia sempre antes de dormir. Depois, vestiu o pijama e onariz posti&o e foi se deitar.
>oc vai usar esse nariz na cama L perguntou a mu"her.
>ou. ="iás, não vou mais tirar este nariz.
Mas, por qu
:orque não#
Dormiu "ogo. = mu"her passou metade da noite o"hando para o nariz de 'orracha. De madrugadacome&ou a chorar 'ai+inho. E"e en"ouquecera. Era isto. 5udo estava aca'ado. ma carreira 'ri"hante,uma reputa&ão, um nome, uma fam*"ia perfeita, tudo trocado por um nariz posti&o.
:apai...
Sim, minha fi"ha.
:odemos conversar
oc não se dá conta de que se transformou no pa"ha&o do prdio Eu não possomais encarar os vizinhos, de vergonha. = mamãe não tem mais vida socia".
/ão tem porque não quer...
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apro+imarse de"e. Mandou o pedido de demissão pe"o correio. 2s amigos mais chegados, numa "timatentativa de sa"var sua reputa&ão, o convenceram a consu"tar um psiquiatra.
>oc vai concordar L disse o psiquiatra depois de conc"uir que não havia nada de errado com e"e L queseu comportamento um pouco estranho...
Estranho o comportamento dos outros# L disse e"e. L Eu continuo o mesmo. /oventa e dois por centodo meu corpo continua o que era antes. /ão mudei a maneira de vestir, nem de pensar, nem de mecomportar.
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%rin&adeiraLuis Fernando Veríssimo.
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Se voc andar na "inha, eu não conto.
oc sa'e.
/ão sei. 2 que que voc sa'e
/ão se faz de inocente.
Mas eu rea"mente não sei.
>em com essa.
>oc não sa'e de nada.
=h, quer dizer que e+iste a"guma coisa pra sa'er, mas eu que não sei o que
/ão e+iste nada.
2"ha que eu vou espa"har...
:ode espa"har que mentira.
ou espa"har.
Mas da"i a pouco veio um te"efonema.
Escute. Estive pensando me"hor. /ão espa"ha nada so're nada daqui"o.
=qui"o o qu
>oc sa'e.
:assou a ser temido e respeitado. >o"ta e meia a"gum se apro+imava de"e e sussurrava9
>oc contou para a"gum
=inda não.
:u+a. 2'rigado.
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O es!ranho 'ro&edimen!o de dona (oloresLuis Fernando Veríssimo.
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5odos encontram tudo o que querem na nossa Re"atec, agora com prati"eiras superdimensionadas,gavetas em >idro R"ass e muito, mas muito mais espa&o. /ova Re"atec Espacia", a ca'e tudo.
:are co isso, Do"ores.
Mas dona Do"ores não ouvia.
:ai e fi"hos fizeram uma reunião secreta, aproveitando que dona Do"ores estava na frente da casa,mostrando para uma p"atia invis*ve" as vantagens de uma nova tinta de paredes.
E"a está nervosa, isso.
ida Mansa agora tem dois ingrediente recmdesenvo"vidos pe"a cinciaque o tornam duas vezes mais eficiente
2 qu
Sim, os fa'ricantes de >ida Mansa não descansam para que voc possa descansar.
Do"ores...
Mas dona Do"ores estava outra vez virada para o "ado, e sorrindo9
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Diga voc tam'm a pa"avra mágica. Taz# 2 nico com ?U2.
2 marido de dona Do"ores acompanhava, apreensivo, da cama, o comportamento da mu"her. E"a estavasentada na frente do toucador e fa"ando para uma cQmara que s e"e via, enquanto passava creme norosto.
Marce" de :aris não apenas um creme hidratante. E"e devo"ve O sua pe"e o fresco que o tempo "evou,e que parecia perdido para sempre. 3ecupere o tempo perdido com Marce" de :aris.
Dona Do"ores caminhou, "anguidamente, para a cQmara, dei+ando cair seu ro'e de cham're no caminho.Enfiouse entre os "en&is e 'eijou o marido na 'oca. Depois, apoiandose num cotove"o, dirigiuse outravez para a cQmara.
E"e não sa'e, mas estes "en&is são da nova "inha :assiona" da Sante+. ;ons "en&is para mauspensamentos. :assiona" da Sante+. =gora, tudo pode acontecer...
V...W
(Luis Fernando Veríssimo. O nari) e outrcaas cr(nicas. São :au"o9 tica, ABBP.p.PIFX.)
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(e!alhesLuis Fernando Veríssimo.
2 ve"ho porteiro do pa"ácio chega em casa, trmu"o. ai direto O aguardente. =tirase na sua po"trona perto do fogão e toma um go"e da'e'ida, pe"o garga"o.
GG ?e"muth, o que foi
GG Espera, ?e"ga. Dei+a eu me contro"ar primeiro.
5oma outro go"e de aguardente.
GG oc não vai acreditar.
GG
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GG E os cava"os em ratos.
GG ?e"muth...
GG /ão tem mais aguardente
GG =cho que voc já 'e'eu demais por hoje.
GG 4uro que não 'e'i nada#
GG Esse tra'a"ho no pa"ácio está aca'ando com voc, ?e"muth. :ede para ser transferido para oa"mo+erifado.
Luis Fernando Veríssimo
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O li)oLuis Fernando Veríssimo.
Encontramse na área de servi&o. oc tam'm perdoe a minha indiscri&ão, mas tenho visto a"guns restos de comida em seu "i+o.
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K que eu estou com um pouco de coriza.
=h.
>ejo muita revista de pa"avras cruzadas no seu "i+o.
K. Sim. ;em. Eu fico muito em casa. /ão saio muito. Sa'e como .
/amorada
/ão.
Mas há uns dias tinha uma fotografia de mu"her no seu "i+o. =t 'onitinha.
Eu estava "impando umas gavetas. oc não rasgou a fotografia. Nsso significa que, no fundo, voc quer que e"a vo"te.
>oc já está ana"isando o meu "i+o#
/ão posso negar que o seu "i+o me interessou.
Engra&ado. 7uando e+aminei o seu "i+o, decidi que gostaria de conhec"a. =cho que foi a poesia.
/ão# >oc viu meus poemas
>i e gostei muito.
Mas são muito ruins#
Se voc achasse e"es ruins mesmo, teria rasgado. E"es s estavam do'rados.
Se eu sou'esse que voc ia "er...
S não fiquei com e"es porque, afina", estaria rou'ando. Se 'em que, não sei9 o "i+o da pessoa ainda propriedade de"a
=cho que não. 0i+o dom*nio p'"ico.
>oc tem razão. =travs do "i+o, o particu"ar se torna p'"ico. 2 que so'ra da nossa vida privada seintegra com a so'ra dos outros. 2 "i+o comunitário. K a nossa parte mais socia". Será isso
;om, a* voc já está indo fundo demais no "i+o. =cho que...
2ntem, no seu "i+o...
2 qu
Me enganei, ou eram cascas de camarão
=certou.
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Eu adoro camarão.
Descasquei, mas ainda não comi. 7uem sa'e a gente pode...
4antar juntos
K.
/ão quero dar tra'a"ho.
5ra'a"ho nenhum.
>ai sujar a sua cozinha
/ada. /um instante se "impa tudo e p1e os restos fora.
/o seu "i+o ou no meu
Luis Fernando Veríssimo. O Analista de *a&é. 0@:M, ABIA.
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A aliançaLuis Fernando Veríssimo.
Esta uma histria e+emp"ar, s não está muito c"aro qua" o e+emp"o. De qua"quer jeito, mantenhaa"onge das crian&as. 5am'm não tem nada a ver com a crise 'rasi"eira V...W Situase no terreno mais'ai+o das pequenas af"i&1es da c"asse mdia. Enfim. =conteceu com um amigo meu. -ict*cio, c"aro.
E"e estava vo"tando para casa como fazia, com fide"idade rotineira, todos os dias O mesma hora. V...W-urou"he um pneu. oc não nota nada de diferente em mim /ão está fa"tando nada
L /ão.
L 2"he
E e"e mostraria o dedo da a"ian&a, sem a"ian&a.
L 2 que aconteceu
E e"e contaria. 5udo, e+atamente como acontecera. 2 macaco. 2 "eo. = a"ian&a no asfa"to. 2 chuteinvo"untário. E a a"ian&a voando no 'ueiro e desaparecendo. V...W
L Está me achando com cara de 'o'a De pa"ha&a Eu sei o que aconteceu com essa a"ian&a.
>oc tirou do dedo para namorar. K ou não :ara fazer um programa.
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L 7ue fim "evou a sua a"ian&a
E e"e disse9
L 5irei para namorar. :ara fazer um programa. E perdi no mote". :ronto. /ão tenho descu"pas. Se voc
quiser encerrar nosso casamento agora, eu compreenderei.
E"a fez cara de choro. Depois correu para o quarto e 'ateu com a porta. Dez minutos depois reapareceu.Disse que aqui"o significava uma crise no casamento de"es, mas que e"es, com 'omsenso, a venceriam.
L 2 mais importante que voc não mentiu pra mim.
E foi tratar do jantar.
Luis Fernando Veríssimo. As mentiras +ue os homens contam.
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*ma sur'resa 'ara (a'hneLuis Fernando Veríssimo.
Daphne ma" podia acreditar nos seus ouvidos. 2u no seu ouvido esquerdo, pois era neste que chegava avoz de :eter >est:oc[et, atravs do fone.
Daphne, voc está a* Sou eu, :eter.
7uando fina"mente conseguiu se refazer da surpresa, a pequena e vivaz Daphne era assim que a"egenda da sua foto como de'utante no \5att"er\ a descrevera, anos atrás esfor&ouse para contro"ar avoz.
>oc quer dizer o sujo, tratante, traidor, nojento, desprovido de qua"quer decncia ou caráter,estpido e desprez*ve" :eter >est:oc[et
Esse mesmo. K 'om sa'er que voc ainda me ama.
Seu, seu...
5ente porco.
:orco# -oi por isso que eu dei+ei voc, Daphne. >oc sempre faz o que eu mando. Era como viver comum perdigueiro. =gora aca"mese.
:orco imundo#
Está 'em. =gora aca"mese. :ergunte por que que eu estou te"efonando pra voc depois de dois anos.
/ão me interessa. E foram dois anos, duas semanas e trs dias.
Eu preciso de voc, Daphne.
:eter...
:reciso mesmo. Eu sei que fui um ca"horda, mas não sou orgu"hoso. :e&o perdão.
2h# :eter. /ão 'rinque comigo...
Daphne, voc se "em'ra daque"a semana em 5aormina
Se me "em'ro. Do jasmineiro no pátio do hote" Das azeitonas com vinho 'ranco O tardinha no caf dapra&a
:eter, eu estou come&ando a chorar. E daque"a vez em que fomos nadar nus, ao "uar, e veio um guardamuito srio pedir nossos documentos, e depois os trs come&amos a rir e o guarda aca'ou tirando aroupa tam'm
/ão. Nsso eu não me "em'ro.
;om. Deve ter sido em outra ocasião. E a pensão em 3apa""o, Daphne.
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= pensão# 2 ve"ho do acordeão que s tocava \5orna a Sorriento\ e \5ea for 5]o\. E a festa deaniversário em que ns entramos por engano e eu aca'ei fazendo a minha imita&ão do Maurice oc tem certeza
5enho. =h, :eter, :eter... /ão consigo ficar 'ra'a com voc.
^timo Daphne. :recisamos nos ver. 5chau.
5chau# 5
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O &asamen!oLuis Fernando Veríssimo.
_ Eu quero ter um casamento tradiciona", papai.
_ Sim, minha fi"ha.
_ E+atamente como voc#
_ ^timo.
_ 7ue msica tocaram no casamento de vocs
_ /ão tenho certeza, mas acho que era Mende"ssohn. 2u Mende"ssohn o da Marcha -ne're /ão, eraMende"ssohn mesmo.
_ Mende"ssohn, Mende"ssohn...
=cho que não conhe&o. arum tem um sintetizador e"etrHnico e e"e vai tocar na cerimHnia.
2 :adre 5uco já dei+ou. S que esse Mende"ssohn, não sei,não...
_ K, acho que no sintetizador não fica 'em...
_ 7uem sa'e a"guma coisa do 7ueen...
_ 7uem
_ 2 7ueen.
_ /ão a 7ueen
_ /ão. 2 7ueen. E o nome de um conjunto, papai.
_ =h, certo. 2 7ueen. /o sintetizador.
_ =cho que vai ser o maior 'arato#
_ S o s*ntetizador ou...
_ /ão.
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_ arum
_ Eu sa'ia...
_ 2 qu
_ 7ue voc já ia come&ar a imp"icar com e"e.
_ Eu não estou imp"icando. Eu gosto de"e. Eu at o 'eijaria na testa se e"e
a"gum dia tirasse aque"e capacete de motoqueiro.
_ E"es nem casaram e voc já está imp"icando.
_ Mas que imp"icQncia K um timo rapaz. 5em uma 'oa ca'e&a.
:e"o menos eu imagino que seja ca'e&a o que e"e tem de'ai+o do capacete.
_ K um 'e"o rapaz.
_ E eu não sei ?á quase um ano que e"e freqenta a nossa casa diariamente.
E como se fosse um fi"ho. Eu Os vezes fico esperando
que e"e me pe&a uma mesada. m 'e"o rapaz. Mas por que >arum
_ E o ape"ido e pronto.
_ =h, então isso. >oc e+p"icou tudo. 2'rigado.
_ 7uanto mais se apro+ima o dia do casamento, mais intratáve" voc fica.
_ Descu"pe. Eu sou apenas o pai. m inseto. Me esmiga"ha. Eu mere&o.
`_ =* +ará#
_ bi, >arum, como vai = sua noiva está se arrumando. E"a já desce.
Senta a* um pouquinho. 5ira o capacete...
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_ Essa noivinha...
_ >ocs vão ao cinema
_ E"a não "he disse /s vamos acampar.
_ =campar S vocs dois
_ K. 7ua" o ga"ho
_ /ão. E que... Sei "á.
_ 4á sei o que voc tá pensando, cara. Saquei.
_ K# >oc sa'e como ...
_ Saquei. >oc está pensando que s ns dois, no meio do mato, pode pintar um "ance.
_ /o m*nimo isso. m "ance. =t dois.
_ Mas qua", +ará. /ão tem disso não. Está em fa"ta. bi,gatona#
_ 2i, >arum. 2 que que voc e papai estão conversando
_ /ão, o ve"ho a* tá preocupado que ns dois, acampados pode pintar um "ance. Eu já disse que não temdisso.
_ b, papai. /ão tem perigo nenhum. /em co'ra. E qua"quer coisa o >arum me defende. Eu 4ane, e"e
5arzan.
_ S não dou o meu grito para proteger os cristais.
_ >amos
_ >am"á
_ Mas... >ocs vão acampar de motocic"eta
_ De motoca, cara. >árum, várum.
`_ Desco'ri por que e"e se chama >arum.
_ 2 qu >oc quer a"guma coisa
_ Disse que desco'ri por que e"e se chama >arum.
_ >oc me acordou s para dizer isto
_ >oc estava dormindo
_ K o que eu costumo fazer Os trs da manhã, todos os dias. >oc não dormiu
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_ =inda não. Sa'e como que e"e chama e"a Ratona.
:or um estranho processo de degenera&ão gentica, eu sou pai de uma gatona. >arum e Ratona, a dup"adinQmica, está neste momento, no meio do mato.
_ Então isso que está preocupando voc
_ E não para preocupar >oc tam'm não devia estar dormindo.= gatona sua tam'm.
_ Mas não tem perigo nenhum#
_ oc tam'm tinha um ape"ido pra mim, durante o nosso noivado.
_ Eu prefiro não ouvir.
_ >oc me chamava de -ormosura. :ensando 'em, voc tam'm tinha um ape"ido.
_ :or favor. 3eminiscncias não. oc não se "em'ra >oc e o seu Rordini envenenado.
_ 5ão envenenado que morreu, nas minhas mãos. m dia "evei num mecQnico e disse que a 'ateriaestava ruim.
E"e disse que a 'ateria estava 'oa, o resto do carro que tinha que ser trocado.
_ >iu s E voc se quei+a do >arum. id Rordini#
_ Mas eu nunca "evei voc para o mato no meu Rordini.
_ /ão "evou porque meu pai matava voc.
_ ?mmmm.
_ !?mmmm$ o qu
_ >oc me deu uma ideia. =ssassinato...
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_ /ão seja 'o'o.
_ m go"pe 'em ap"icado... /a ca'e&a não porque e"a está sempre 'em protegida. Sim. id Rordiniataca outra vez...
_ 2 que voc tem cime. /isso tudo, tem uma coisa que me preocupa acima de tudo que o que metira o sono.
_ 2 qu
_ Será que e"e tira o capacete para dormir
`
_ ;om dia.
_ ;om dia.
_ Eu sou o pai da noiva. Da Maria ?e"ena.
_ Maria ?e"ena... =h, a Ratona#
_ Essa.
_ 7ue prazer. ="guma dvida so're a cerimHnia
_ /ão, :adre 2sni. E que...
_ :ode me chamar de 5uco. E como me chamam.
_ /ão, :adre 5uco. E que a Ra... = Maria ?e"ena me disse que e"a pretende entrar dan&ando na igreja. 2conjunto toca um roc[ e a noiva entra dan&ando, isso
_ K. m roc[ suave. /ão roc[ pau"eira.
_ =h, não roc[ pau"eira. Sei. ;om, isto muda tudo.
_ Muitos jovens estão fazendo isto. = noiva entra dan&ando e na sa*da os dois saem dan&ando. 2 senhor
sa'e, a Ngreja hoje está diferente.
K isto que está atraindo os jovens de vo"ta O Ngreja. 5emos que evo"uir com os tempos.
_
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=cho que voc ainda não era nascido. Mas estou meio fora de forma e...
_ Ensaie, ensaie.
_ arum.
_ >oc estava um estouro entrando naque"a igreja. :arecia um 'ai"arino profissiona".
_ :ois . Nmprovisei uns passos. =cho que me sai 'em.
_ Muito 'em#
_ /ão sei se voc sa'e que eu fui o rei do chácháchá.
_ Do qu
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_ oc ainda não era nascido.
_ ;ota tempo nisso.
_ Eu tinha um Rordini envenenado. 5ão envenenado que morreu. m dia "evei no...
_ 5inha um qu
_ Rordini. >oc sa'e. m carro. >arum, varum.
_ =h.
_ Esquece.
_ m 'rinde ao sogro 'ai"arino.
_ m 'rinde. Eu sei que vocs vão ser muito fe"izes.
_ 2 que que voc achou da minha 'eca, cara
_ Sensaciona". /unca tinha visto um noivo de macacão verme"ho, antes. Rostei. aci"ou.
_ >aci"ei. Mas a* vi que o :adre 5uco estava de 'on e pensei, tudo 'em.
5emos que evo"uir com os tempos. E ataquei meu roc[ suave.
Luis Fernando Verissimo
5e+to e+tra*do do "ivro ,O analista de *a&é,- 0@:M Editores L :orto ="egre, ABIA, pág. A
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O (esaioLuis Fernando Veríssimo.
m pu'"icitário morreu e, como era da área de atendimento e mau para o pessoa" da cria&ão, foi para oinferno. 2 Dia'o, que todos os dias rece'e um printout com nome e profissão de todos os admitidos nadata anterior, mandou que o pu'"icitário fosse tirado da gre"ha e"evado ao seu escritrio. 7ueria fazer"he uma proposta. Se e"e aceitasse sua carga de castigos diminuiria e e"e teria rega"ias. =rcondicionado,etc.
_ 7ua" a proposta
_ 5emos que me"horar a imagem do inferno _ disse o Dia'o. _ -a"am as piores coisas do inferno.
7ueremos mudar isso.
_ Mas o que que se pode dizer de 'om disto aqui /ada.
_ :or isso que precisamos de pu'"icidade.
2 pu'"icitário topou. Era um desafio. E as rega"ias eram atraentes.
7uis sa'er a"gumas coisas que diziam do Nnferno e que mais irritavam o Dia'o.
_ ;em. Dizem que aqui todos os cozinheiros são ing"eses, todos os gar&ons são ita"ianos, todos osmotoristas de tá+i são franceses e todos os humoristas a"emães.
_ E verdade
_ K.
_ ?mmm _ disse o pu'"icitário. _ ma das tcnicas que podemos usar transformar desvantagem emvantagem. :egar a coisa pe"o outro "ado.Sua ca'e&a já estava funcionando.
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gra&a s aumenta a revo"ta gera", mantendo a popu"a&ão ativa e sria. 2 a"*vio dado pe"os gar&onsita"ianos.
_ :erfeito# _ e+c"amou o Dia'o. _ 4á vi que acertei.7uando podemos come&ar a campanha
_ Espere um pouquinho _ disse o pu'"icitário. _ 5emos que com'inar a"gumas coisas, antes. :or
e+emp"o9 a ver'a.
_ Nsto já não comigo _ disse o Dia'o. _ K com o pessoa" da área econHmica. >oc pode tratar come"es. E aproveitar para acertar tam'm o seu contrato.