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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL SEMINÁRIOS APLICADOS DIAGNÓSTICO LABORATORIAL de Salmonella SP. APLICADO À AVICULTURA Denizard André de Abreu Delfino Orientadora: Valéria de Sá Jayme UFG GOIÂNIA 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

SEMINÁRIOS APLICADOS

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL de Salmonella SP. APLICADO À

AVICULTURA

Denizard André de Abreu Delfino

Orientadora: Valéria de Sá Jayme – UFG

GOIÂNIA

2013

ii

DENIZARD ANDRÉ DE ABREU DELFINO

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL DE Salmonella SP. APLICADO À

AVICULTURA

Seminário apresentado junto à

disciplina Seminários Aplicados do

curso de Doutorado em Ciência

Animal da Escola de Veterinária e

Zootecnia da Universidade Federal

de Goiás.

Área de concentração:

Sanidade Animal

Linha de pesquisa:

Epidemiologia das doenças infecciosas

Orientadora:

Prof. Dr. Valéria de Sá Jayme – UFG

Comitê de orientação:

Prof. Dr. Maria Auxiliadora Andrade – UFG

Prof. Dr. Guido Fontgalland Coelho Linhares – UFG

GOIÂNIA

2013

iii

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 4

2 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................... 7

2.1 Salmonella sp. e salmoneloses aviárias: ....................................................... 11

2.1. 2 - Salmoneloses aviárias ............................................................................. 11

2.2 Aspectos imunológicos das aves ................................................................... 13

2.3 Fatores de virulência ...................................................................................... 16

2.4 DIAGNÓSTICO .............................................................................................. 21

2.4.1 Diagnóstico bacteriológico convencional ..................................................... 22

2.4.2- Diagnóstico sorológico ............................................................................... 24

2.4.3- Soroaglutinação rápida (SAR). ................................................................... 24

2.4.4 Soroaglutinação Lenta (SAL) ...................................................................... 26

2.4.5 – Teste Imunoenzimático (ELISA) ............................................................... 26

2.4.6 Diagnóstico molecular ................................................................................. 27

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 33

4

1 INTRODUÇÃO

O gênero Salmonella foi nomeado em função do seu descobridor

Daniel E. Salmon (1850–1940). É um gênero de bactérias em forma de

bastonetes, que fazem parte da família Enterobacteriaceae, não formam esporos,

apresentam coloração negativa em Gram e são formadas principalmente por

sorovares que apresentam motilidade, sendo que as variantes imóveis incluem

Salmonella enterica sorovar Gallinarum e Salmonella enterica sorovar Pullorum. O

gênero Salmonella é dividido em duas espécies: Salmonella bongori e Salmonella

enterica, sendo esta última de maior preocupação em saúde pública (HERDT &

PASMANS, 2010).

Salmonella sp. continua a ser um agente patogênico mundial, com

importância epidemiológica tanto do ponto de vista humano quanto animal, pois

está relacionada com contaminações nas indústrias de alimentos, sendo isolada e

identificada com frequência como agente etiológico de surtos de doenças

veiculadas por alimentos e, consequentemente, muito pesquisada (BEAM et al.,

2013).

A incidência de salmonelose no homem continua aumentando em

várias partes do mundo, mesmo com todo o desenvolvimento tecnológico utilizado

na produção de alimentos e a adoção de melhores medidas higiênico-sanitárias.

A preocupação com a qualidade dos alimentos envolve não só os riscos de

veiculação de enfermidades para o consumidor, mas também perdas econômicas

devidas às alterações microbianas ocorridas no alimento. Os surtos de

salmonelose humana podem ter um custo bastante elevado, pois devem ser

computados os custos médicos e as perdas de produtividade, de modo que a

legislação proíbe a existência deste microrganismo em 25 g ou mL de alimento

(BRASIL, 2003).

Os problemas relacionados com o trato digestivo são os que mais

afetam os plantéis de aves jovens. Na natureza, os processos para a obtenção da

microbiota intestinal ocorrem naturalmente e as mortes decorrentes de processos

infecciosos representam grandes perdas econômicas (GOMES, 2008).

Salmonella sp., Campylobacter spp. e Listeria spp. estão entre os

principais agentes causadores de enfermidades transmitidas por alimentos no

5

homem, além de representarem risco para a sanidade avícola. As aves são os

principais carreadores de Salmonella sp., determinando alta taxa de mortalidade,

especialmente em aves jovens (CHAPPEL, et al., 2009).

Salmonella enterica pode ser dividida em dois amplos grupos com

base na patogênese e biologia da infecção, podendo causar a doença clínica ou

apenas colonizar o trato intestinal, determinando o estado de portador,

dependendo do sorovar, da dose infectante, da susceptibilidade da espécie, da

idade e do estado imune do hospedeiro(HERDT & PASMANS, 2010).

O número de sorovares descobertos inclui mais de 2.625 sorotipos,

entre os quais 1.367 pertencem à subespécie enterica. Estes estão amplamente

difundidos na natureza, sendo capazes de infectar o trato intestinal de animais,

tanto de sangue frio quanto de sangue quente, entre eles o homem (SUO et al.,

2010). Os componentes deste grupo são os principais responsáveis pela

contaminação de ovos e de carcaças durante o processamento de abate

(BERCHIERI JR. et al., 2010).

O outro grupo é composto por um pequeno número de sorovares que

causam doenças sistêmicas restritas a determinados espécies, semelhantes à

febre tifóide, tais como: Salmonella enterica sorovar Typhi em seres humanos,

Salmonella enterica sorovar Choleraesuis em suínos, Salmonella enterica sorovar

Dublin em bovinos, Salmonella enterica sorovar Pullorum e Salmonella enterica

sorovar Gallinarum em aves. Vários destes sorovares podem após a doença

persistir nos tecidos durante longos períodos (BARROW et al., 1994; WIGLEY et

al., 2001; BERCHIERI JR. et al., 2010).

Para a distinção dos sorovares, são utilizados antissoros que reagem

com antígenos presentes na célula bacteriana. Existem três diferentes tipos de

antígenos que podem identificar os sorovares de Salmonella sp, antígeno

somático (O), antígeno flagelar (H) e o antígeno capsular de virulência (Vi)

(FRANCO & LANDGRAF, 1996).

O antígeno somático O apresenta-se na porção mais externa da

parede bacteriana e corresponde à parte antigênica da camada de

lipopolissacarídeos (LPS), presentes na membrana celular de todas as bactérias

Gram negativas como Salmonella sp. (REEVES et al., 1996; SELANDER et al.,

2002). Já os antígenos H da fase um são homólogos a outras bactérias entéricas,

6

enquanto antígenos H de fase dois são específicos do gênero Salmonella

(BARROW, 2010).

Essas subunidades formam regiões altamente variáveis, em que os

tipos de arranjos dos açúcares determinam diferentes epítopos e, assim, a

especificidade de cada sorovar (KONEMAN et al., 2001).

Os antígenos na camada de lipopolissacarídeos (LPS) facilitam o

contato direto da bactéria com o ambiente, contribuindo na interação do agente

com o hospedeiro, isso faz com que Salmonella sp. possa resistir em diferentes

locais e condições como fezes, poeira, ambientes secos, acidez do estômago,

lúmen do intestino, espaço extracelular dos tecidos do hospedeiro e dentro de

macrófagos (SUO et al.,2010).

A grande maioria dos sorotipos restantes é incapaz de produzir

infecções sistêmicas em animais adultos saudáveis. Contudo, podem colonizar o

trato digestivo de uma variedade de animais, desencadeando um quadro de

enterite aguda ou infecções subclínicas (BARROW et al., 2010).

Salmonella Enteritidis (SE) emergiu como um grande problema avícola

e de saúde pública no Brasil a partir de 1993. Os estudos epidemiológicos,

incluindo a fagotipagem e sonda complementar de rRNA, sugerem a entrada de

SE no Brasil via importação de material genético avícola contaminado,

provavelmente no final da década de 80. As taxas de crescimento da avicultura

brasileira na década de 90 criaram condições favoráveis para a manutenção e

proliferação da SE nos plantéis avícolas (CHAPPELL et al., 2009).

Diante do exposto e considerando a importância do patógeno, buscou-

se fazer uma revisão sobre Salmonella sp., abordando aspectos relacionados aoo

microrganismo, ao sistema imunológico das aves de produção, à expressão de

alguns fatores determinantes de virulência e a métodos de diagnóstico do

patógeno.

7

2 REVISÃO DA LITERATURA

A vigilância de doenças de origem alimentar é complexa devido a

vários fatores, dentre os quais destaca-se a não notificação de casos, pois o

serviço médico muitas vezes não é procurado, pois embora a doença possa ser

severa ou até mesmo serem reportados freqüentemente casos fatais, são mais

comuns casos com sintomatologia moderada. Além disso, muitos patógenos são

transmitidos não só por meio dos alimentos, mas também através da água ou de

pessoa para pessoa e essa variedade de forma de transmissão também dificulta o

diagnóstico (BARROW, et al., 2010).

As doenças atribuídas à bactéria Salmonella, com exceção da febre

tifóide, não são de notificação compulsória, o que dificulta estimar dados da real

incidência dos casos. Porém, estima-se que a incidência seja bastante elevada

entre a população mundial (CRUMP et al., 2004).

Ainda assim, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS)

Salmonella sp. é o agente bacteriano mais frequentemente envolvido em casos

de doenças transmitidas por alimentos em todo o mundo. O agente é

normalmente transmitido ao homem por meio de alimentos de origem animal,

como carne, ovos e leite (BORSOI, et al., 2011).

Surtos de salmonelose, portanto, têm sido descritos com relativa

frequência, em diversas regiões. Em trabalho conduzido no Rio Grande do Sul, foi

verificada a ocorrência de surtos de salmonelose em 99 relatórios de

investigação, correspondendo a 74,7%, dos registros, sendo 11,4% associados

ao consumo de carne de aves (NADVORNY et al., 2004). No Estado do Rio de

Janeiro, em estudo de 53 surtos que acometeram 461 pessoas, Salmonella sp. foi

responsável por 7% dos casos, atingindo 15,8% dos indivíduos, inclusive com um

óbito (FERNANDEZ et al., 2001). Nos Estados Unidos, ZHAO et al. (2001)

relataram a ocorrência de 1,4 milhões de casos notificados de salmonelose em

seres humanos.

Ressalta-se que como responsável por surtos humanos, produtos

avícolas têm se constituído em fontes de infecção frequentes. Assim, tanto a

presença quanto a disseminação de Salmonella sp. nos alimentos representam

uma importante preocupação na indústria avícola, já que podem determinar

8

decréscimo no consumo de carne de aves, representando assim ameaça ao

comércio avícola nacional e internacional (IKUNO et al., 2004).

A bactéria é rotineiramente detectada em amostras clínicas, de

alimentos e de meio ambiente, utilizando-se cultivo microbiológico, depois de ser

realizado um enriquecimento seletivo, que possibilita posterior sorotipagem

(GAST, 2003).

Embora esse microrganismo tenha uma multiplicação rápida, mais de

72 horas são necessárias para sua cultura e sorotipagem (WOODWARD &

KIRWAN, 1996). Dado que a técnica PCR e outras técnicas moleculares

propiciam um resultado rápido e com alto grau de especificidade, constituem uma

ferramenta de grande utilidade no diagnóstico microbiológico (WOODWARD &

KIRWAN, 1996). STONE et al. (1994), além dos fatores supracitados, ressaltaram

ainda o fato de que o uso das várias técnicas de PCR propiciarem um aumento do

número de amostras positivas e, ao mesmo tempo, reduzido número de falsos

negativos, além de permitirem o processamento de grande número de amostras

em um curto período de tempo.

Em pesquisa com diversos alimentos enviados para um laboratório na

cidade de São Paulo, SP, nas 140 amostras isoladas de Salmonella sp. havia 17

sorotipos, com S. Enteritidis presente em dez dos 12 tipos de alimentos

pesquisados, sendo a carne de frango “in natura” o alimento em que mais se

obteve isolados, 77,1% (LÍRIO et al., 1997). Em trabalho com cortes de frango

(coxa e peito) verificaram-se, de um total de 15 amostras, quatro positivas para

Salmonella sp. (26,7%) (GONÇALVES et al., 1998). Já em carcaças de frango

CASON et al. (1997) detectaram uma frequência de Salmonella sp. de 94%,

enquanto SANTOS et al. (2000), avaliando 150 carcaças de frango congeladas,

identificaram 32% das amostras positivas.

No Brasil existem muitos estudos de prevalência e frequência de

isolamento de Salmonella spp. em produtos de origem avícola. Um estudo

realizado em 1996 pesquisou este micro-organismo em 45 cortes (15 peitos, 15

asas e 15 coxas) oriundos do comércio de Jaboticabal (SP). Dos cortes

examinados, 35% estavam contaminados, sendo 46,6% de asas, 40% de peito e

20% de coxas. Neste estudo foram identificados 10 sorovares de Salmonella spp.,

sendo que o sorovar mais prevalente foi S. Enteritidis (COSTA et al.,1997).

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No período de 1996 a 1997, 32% das amostras de carcaças de frango

analisadas em São Paulo apresentaram a bactéria (SANTOS et al., 2000).

Conforme a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2008), os dez

sorovares mais frequentemente isolados de carcaças de frango e aves vivas no

Brasil em 2008 estão listados na Tabela 1.

Tabela 1 - Sorovares mais prevalentes em aves vivas e carcaças de frango no Brasil.

Sorovares Prevalência (%)

S. Enteritidis 48,8

S. Infantis 7,6

S. Typhimurium 7,2

S. Heidelberg 6,4

S. Mbandaka 4,8

S. Agona 3,6

S. Rissen 3,2

S. Panamá 2

S. Give 2 S. Ohio 1,2 S. Senftenberg 1,2

Fonte: BRASIL (2008).

Em estudo referente a casos de 15 países da Europa (Áustria, Bélgica,

Dinamarca, Inglaterra, País de Gales, França, Alemanha, Irlanda, Itália, Holanda,

Portugal, Escócia, Espanha, Suécia e Suíça), foram notificados 59.965 isolados

10

de Salmonella sp., em 1993, e 55.911 em 1995 (ROWE & BARTLETT, 1997). Os

autores ressaltaram que a infecção por S. Typhimurium já era, na época, um

problema emergente. A maior parte das S. Typhimurium isoladas na Inglaterra e

no País de Gales foram estirpes multirresistentes aos medicamentos, o que

reduziria as opções terapêuticas nos casos de infecção invasiva (ROWE &

BARTLETT, 1997).

Dentro dessa questão de resistência, o uso de antibióticos como

promotores de crescimento tem gerado muita polêmica, tanto com relação às

preocupações com a saúde animal, pela perda da eficiência ao longo do tempo,

quanto com a saúde pública, pelo desenvolvimento de cepas resistentes

(CALIXTO et al., 2002).

O surgimento de cepas resistentes de Salmonella sp. é comum e

agravado com o uso indiscriminado de antibióticos em rações animais,

principalmente os promotores de crescimento. Portanto, rações avícolas têm sido

relatadas como um elo de grande importância no ciclo epidemiológico da

salmonelose aviária, agravando assim as infecções alimentares causadas por

estas bactérias (REIS et al., 1995).

Avaliando a resistência do patógeno, CALIXTO et al. ( 2002)

verificaram também resistência parcial à tetraciclina (77,1%), ácido nalidíxico

(18%), nitrofurantoína (2,16%), amicacina (1,44%) e cefoxitina (0,7%). Em estudo

com 60 amostras de farinha de carne, de osso e de sangue, constituintes de

ração para animais, os pesquisadores detectaram 25 amostras positivas para

Salmonella sp. e oito sorotipos, com maior índice de resistência a antimicrobianos

para o ácido nalidíxico (43,1%), seguido por estreptomicina (3,4%) e ampicilina

(1,7%). Os autores ainda ressaltaram que a utilização de farinhas de origem

animal como fonte de proteína na ração de frangos representa um risco

importante a ser monitorado, pela potencialidade da contaminação por Salmonella

sp., que pode chegar à carne e aos ovos.

Em outra pesquisa, BERCHIERI JR. et al. (1987), testando 18

amostras de Salmonella spp. isoladas de abatedouros, verificaram que todas

foram sensíveis à colistina e ao ácido nalidíxico e resistentes à tetraciclina. Foi

verificada resistência parcial aos seguintes antimicrobianos: amicacina,

ampicilina, cefalotina, cloranfenicol, lincospectin, neomicina, tobramicina e

11

nitrofurantoína. Já MARTINS et al. (2000) analisaram 26 amostras de miúdos de

aves e isolaram em 11 delas Salmonella sp., observando que 54,5% das

amostras foram resistentes ao cloranfenicol e 45% à ampicilina.

Portanto, pesquisas diversas têm mostrado a importância do patógeno

em alimentos de origem animal, particularmente aviária, destacando-se que aves

de corte são potenciais carreadoras de patógenos em abatedouros, açougues e

cozinhas industriais e domésticas (GLYNN et al., 2006).

2.1 Salmonella sp. e salmoneloses aviárias:

2.1.1 – O agente

O gênero Salmonella, pertencente à família das Enterobacteriaceae,

caracteriza-se por ser um bacilo curto, Gram negativo, aeróbio e anaeróbio

facultativo, desprovido de cápsula, não formador de esporos imóvel ou móvel com

flagelos peritríquios. Cresce numa variação de temperatura, 5oC – 45oC,

entretanto, a temperatura ótima para seu crescimento é de aproximadamente

37oC. Cresce muito bem em pH entre 4–9, sendo 7 o pH ideal. Inclui

microrganismos fermentadores de L-rhamnose, L-arabinose, D-sorbitol, D-manitol,

D-manose, D-xilose, maltose e trehalose, porém, não fermentam lactose e

sacarose (GAST, 2008).

O gênero Salmonella se divide em apenas duas espécies: Salmonella

enterica e Salmonella bongori, de acordo com os antígenos somáticos “O” e

flageleres “H”. Salmonella bongori possui 23 sorovares e Salmonella enterica

divide-se em seis subespécies: Salmonella enterica subespécie enterica,

Salmonella enterica subespécie salamae, Salmonella enterica subespécie

arizonae, Salmonella enterica subespécie diarizonae, Salmonella enterica

subespécie houtenae e Salmonella enterica subespécie indica

(GUIBOURDENCHE et al., 2010).

2.1. 2 - Salmoneloses aviárias

A salmonelose é uma das principais causas de infecção bacteriana

intestinal no homem e nos animais. A enfermidade nas aves pode ser

12

categorizada em três doenças diferentes: pulorose, tifo e paratifo aviário

(BARROW, et al., 2010).

As aves sem sinais clínicos, com aspecto saudável, podem ser

portadoras de salmonelas no seu organismo, se estabelecendo um status de

portadoras inaparentes e excretar o patógeno de forma intermitente. Aves de vida

livre são apontadas como potenciais carreadoras de patógenos para criações

comerciais, sendo as aves sinantrópicas consideradas importantes nesta cadeia

de transmissão, visto sua grande proximidade com atividades humanas (GOPEE,

et al.; 2000).

Ressalta-se que fato das aves terem menor probabilidade de serem

infectadas por sorovares não adaptados, causadores de toxinfecções em

humanos como, por exemplo, Salmonella enterica sorovar. Enteritidis e

Salmonella enterica sorovar. Typhimurium, contribui para o estado de portador

inaparente e favorece a transmissão destes sorovares para o homem pela

ingestão de carne e ovos contaminados (TERZOLO, 2011).

O tifo tem como agente etiológico Salmonella enterica sorovar

Gallinarum que acomete principalmente aves adultas ou semi-adultas, cursando

com diarréia esverdeada e mortalidade de ate 80% do lote, tendo como principal

forma de transmissão a via horizontal. À necropsia observa-se a presença de

fígado “bronzeado” (coloração marrom-esverdeada) (SHIVAPRASAD &

BARROW, 2008).

A pulorose é uma doença específica das aves, causada por Salmonella

enterica sorovar Pullorum, que acometendo principalmente indivíduos jovens, com

menos de três semanas de vida, causando quadro clínico de diarréia pastosa de

cor esbranquiçada e elevada letalidade. A via vertical é considerada como

principal via de transmissão do agente, entretanto pode ocorrer pela via

horizontal. As aves adultas geralmente são portadoras assintomáticas e poedeiras

comerciais podem apresentar queda de aproximadamente 30% na postura

(BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009).

Paratifo aviário é uma doença causada por qualquer sorovar não

adaptado ás aves e Salmonella enterica sorovar Enteritidis e Salmonella enterica

sorovar Typhimurium são incriminados como os principais sorovares podendo ter

um quadro entérico, ou sistêmico, ou portadoras assintomáticas sendo que as

13

aves adultas infectadas apresentam queda de postura de 10%. Estes sorovares

podem permanecer no trato digestório de frangos até o período de abate e em

poedeiras no sistema reprodutor e digestório favorecendo a contaminação de

carcaças e ovos (GAST, 2008).

Para OLIVEIRA et al. (2004) o grande problema do paratifo nas aves

está na ocorrência de infecções subclínicas, possibilitando a propagação do

agente para outras espécies animais através do ambiente contaminado e fezes de

aves infectadas.

Uma vez infectadas as aves poderão se tornar portadoras temporárias

ou mesmo vitalícias, com excreção intermitente da bactéria, que permanece

viável dentro dos macrófagos e de células do sistema mononuclear fagocitário. A

quantidade de lisozima em alguns tecidos das aves faz com que ocorra a

remoção total parede bacteriana, dando lugar à formação de um protoblasto, ou a

remoção parcial, formando um esferoblasto, que é a chamada “forma L”. As

membranas das bactérias em “forma L” são similares às membranas das células

hospedeiras, por isso não são detectadas pelo sistema imune e não havendo

resposta à presença do microrganismo, que, além disso, não é detectado no

exame bacteriológico (TERZOLLO, 2011).

De acordo com o mesmo autor, os portadores de Salmonella sp. se

enquadram em três categorias de portadores: a) ativos, nos quais a bactéria se

multiplica “in vivo” e é excretada em elevada quantidade, contaminando o

ambiente; b) passivos, nos quais a bactéria não é capaz de se multiplicar quer

seja pela imunidade do hospedeiro ou por ser sorovar não adaptativo; c) latentes,

os quais não conseguem excretar o microrganismo, que fica oculto

intracelularmente e não é detectado em exames laboratoriais a não ser que

ocorra uma situação estressante (alterações na temperatura, superlotação,

restrição alimentar, dentre outras), quando então o portador latente pode se tornar

ativo.

2.2 Aspectos imunológicos das aves

A eliminação do agente depende da resposta humoral e da resposta

imune local no intestino, que se desenvolvem após o nascimento, sendo que a

14

imunidade local parece ser mais efetiva na salmonelose sistêmica (BARROW, et

al., 2010).

O sistema imune das aves é constituído de órgãos linfóides centrais,

bursa de Fabrícius, timo e órgãos linfóides periféricos que são o baço, glândula de

Harder e os tecidos linfóides associados ao sistema digestório (GALT) e sistema

respiratório (BALT). A bursa é um apêndice da cloaca estrutura exclusiva das

aves sendo o local de desenvolvimento dos linfócitos B e no timo, estrutura

localizada na região cervical onde ocorre o desenvolvimento de linfócitos T.

Durante a fase embrionária e logo após a eclosão os linfócitos B e T migram dos

órgãos linfóides centrais para as regiões linfóides periféricas (GOMES, 2008;

MONTASSIER, 2009).

Acrescenta-se ainda, que os tecidos linfóides do sistema digestório

(GALT) compreendem as placas de Peyer, encontradas ao longo do trato

intestinal, as tonsilas cecais e a Bursa de Fabricius. Estes órgãos captam

antígenos presentes na luz intestinal que vão estimular células responsáveis pelo

desenvolvimento da imunidade geral e específica denominadas células T e

células B precursoras de IgA, responsáveis por bloquear os receptores diminuindo

a quantidade de bactérias na luz intestinal (BARROW, 2010; GAST et al., 2011).

A primeira linha do sistema de defesa dos vertebrados é a resposta

imune inata constituída de barreiras físicas e células fagocitárias, sendo que nas

aves as principais são os macrófagos e heterófilos. A imunidade adquirida ou

adaptativa é subdividida em imunidade passiva pela qual ocorre transferência de

anticorpos de uma ave imunizada para outra (matriz-pinto) ou imunidade ativa que

é induzida pela exposição da ave a antígenos. Uma vez identificada a presença

do antígeno são desencadeadas as respostas humoral e celular. A resposta

imune inata pode influenciar o caráter da imunidade adquirida, que por sua vez

possui ramos efetores que se utilizam de mecanismos da inata como os fagócitos

(ABBAS & LICHTMAN, 2005).

De acordo com MORGULES (2005), a Bursa de Fabricius controla a

imunidade humoral, atuando na secreção de anticorpos pelos linfócitos B. Os

anticorpos interagem e neutralizam o patógeno permitindo a digestão, lise e morte

celular. Por outro lado, a resposta imune celular envolve a interação entre células

diferentes montando uma resposta especifica ao antígeno invasor. Os macrófagos

15

além de detectar, fagocitar, digerir e apresentar fragmentos do patógeno aos

linfócitos T secretam citocinas como a IL-1 capaz de alterar a atividade dos

linfócitos T, e IL-2 indutoras da proliferação clonal de células que responderão

especificamente ao antígeno.

As salmonelas virulentas, segundo TERZOLO (2011), possuem um

sistema denominado PhoP/PhoQ, capaz de regular genes que permitem a

adaptação do microrganismo nas condições do ambiente interno dos órgãos das

aves. Este sistema PhoQ é um regulador da expressão de aproximadamente 40

genes envolvidos na sobrevivência da bactéria no interior dos macrófagos, na

resistência a peptídeos antimicrobianos e no crescimento em quantidades

limitadas de Mg2+. Cepas mutantes com supressão do sistema PhoP têm elevado

nível de atenuação aliada à perfeita capacidade de colonização do intestino.

BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO (2009) relataram que

infecções por Salmonella ocorrem principalmente por via oral. Na superfície apical

do epitélio intestinal este microrganismo induz a ruptura e o afastamento das

microvilosidades, provocando endocitose. As bactérias são fagocitadas pelos

macrófagos e por fagócitos polimorfonucleares permanecendo nos fagossomos

nos quais se multiplicam e estabelecem a infecção sistêmica. Ao penetrar no

epitélio intestinal estimulam receptores das células intestinais “toll-like receptor 5”

(TLR5) que desencadeiam a produção de IL-1, IL-6, IL-8 que são citocinas pró-

inflamatórias. A ação dos macrófagos e heterófilos juntamente com a secreção de

IL-1, IL-6, IL-8 configura a resposta imune inata, que auxilia na prevenção da

infecção sistêmica e estimula a resposta imunidade ativa (celular e humoral).

A IL-1 ativa macrófagos e células T, em macrófagos do fígado há a

produção de IL-18 que estimula as células Th-1 (T helper) a produzirem INF-gama

e também estimula a produção de IL-2 iniciando a resposta imune celular. O INF-

gama ativa MHC II que apresentam antígenos bacterianos aos linfócitos T que

irão destruir células infectadas. IL-2 ativam macrófagos e induzem a multiplicação

de linfócitos T e B (BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009).

Além disso, bactérias do gênero Salmonella são capazes de estimular

resposta imunológica via complexo de histocompatibilidade (MHC) de classes I e

II ao atingirem as células M da mucosa intestinal. Células T CD8+ e T CD4+ são

16

as células que reconhecem os antígenos apresentados pelo MHC I e II

respectivamente (WEISS & KRUSCH, 2001).

Estudos desenvolvidos por VAN IMMERSSEL et al. (2005)

confirmaram que após a invasão de Salmonella sp. no epitélio intestinal a bactéria

é capaz de se multiplicar intracelularmente causar inflamação da parede intestinal

e promover a migração de macrófagos dos vasos para a lâmina própria realizando

a fagocitose. Mas, diferente do que acontece com outros patógenos, as

substâncias antimicrobianas não são capazes de eliminar a bactéria. Com isso, os

macrófagos migram de volta para o sangue disseminando o agente para os

órgãos internos estabelecendo assim a doença sistêmica.

Uma observação importante no estudo de respostas imunes do

organismo das aves á salmonela é que no caso das infecções por Salmonella

Enteritidis e que, quando este sorovar esta presente num lote de aves, outros

normalmente encontrados, desaparecem. Podendo postular que a infecção por

Salmonella Enteritidis possui um excelente mecanismo de resistência as outras

salmonelas em aves (CHA et al., 2013).

2.3 Fatores de virulência

Os microorganismos patogênicos se distinguem de outros da mesma

espécie por possuírem e expressarem genes que codificam os fatores de

virulência e que conferem à bactéria a habilidade de causar doença no seu

hospedeiro. Estes fatores propiciam a invasão e colonização das células do

hospedeiro pelo micro-organismo, levando à ocorrência de uma série de eventos

que levam ao aparecimento da doença. Estes fatores podem ser mecanismos de

invasão, que interfiram na resposta imune do hospedeiro ou mecanismos de

resistência a antimicrobianos (VIEIRA, 2009).

De acordo com VAN ASTEN & VAN DICK (2005), os genes

codificadores dos fatores de virulência podem estar alojados no próprio

cromossoma do patógeno, como, por exemplo, nas ilhas cromossomais,

denominadas ilhas de patogenicidade ou em elementos genéticos transmissíveis

que são os plasmídeos, bacteriófagos e transposons.

17

De modo geral os fatores de virulência relevantes são as adesinas, as

toxinas, as invasinas, o sistema de captação de ferro, os mecanismos que burlam

as defesas do hospedeiro, assim como os eventos mutacionais nos quais ocorrem

mudanças sequenciais nos genes das bactérias frente a uma determinada

situação e a aquisição de resistência a determinados antibióticos (VIEIRA, 2009).

Assim como em outros microrganismos patogênicos as bactérias do

gênero Salmonella possuem fimbrias ou pili que são estruturas protéicas,

dispostas em forma helicoidal e responsáveis pela aderência as superfícies,

permanência no ambiente em que se encontram e formação de biofilmes

(GIBSON et al., 2007).

Antes de invadir uma célula do hospedeiro a salmonela deve encontrar

e se aderir a um ou mais tipos de células intestinais. Geneticamente, em

Salmonella enterica sor. Typhimurium são descritos quatro tipos diferentes de

fimbrias que são as fimbrias do tipo I (FIM), as fimbrias codificadas por

plasmídeos (PE), fimbria polar longa (LPF) e as fimbrias agregativas (AGF).

Postula-se ainda que cada tipo de fimbria tem tropismo especifico para o tipo

celular que será colonizado e que participam diretamente no processo de

recrutamento de leucócitos para o sitio de infecção (VIEIRA, 2009).

Em Salmonella enterica sorovar Enteritidis foram descritos pelo menos

cinco tipos diferentes de fimbrias: SEF14, SEF17, SEF21, fimbria tipo 3 e BFP

(bundle-forming pili). A fimbria SEF14 é codificada por um gene de 5,3Kb que foi

estratificado, com o auxilio da enzima de restrição Hind III, em uma porção de

3,9Kb. Após sequenciamento genético este fragmento foi subdividido em três

genes: SEFA, SEFB E SEFC. Estes genes são responsáveis pela estrutura e

expressão da fimbria SEF14, destacando-se que a identificação de suas

seqüências nucleotídicas constituiu a primeira seqüência de um operon fimbrial

importante com relação à capacidade invasiva deste agente. Entretanto, o gene

SEFA codifica apenas uma fimbria enquanto que sefB e sefC codificam proteínas

similares ás proteínas acessórias de Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae. As

transcrições de sefB e sefC se iniciam nas regiões de sefA, portanto não se

expressam na ausência de sefA (CLOUTHIER et al., 1993).

Posteriormente estudo desenvolvido por COLLINGHAN &

WOODWARD (2001) permitiu a identificação de mais dois genes no operon

18

codificadores de fimbrias sefD e sefE. Foi constatada a presença de genes sefA e

sefD em 100% dos isolados de Salmonella enterica sor. Dublin e Salmonella

enterica sorovar Enteritidis, entretanto, apenas em 38,9% das 18 cepas de

Salmonella enterica sorovar Pullorum encontrou-se o gene sefD (ZHU et al.,

2010).

NAUGHTON et al. (2001) analisaram a contagem de Salmonella sp.

em estômago e intestino de ratos e observaram que as bactérias que

expressaram as fimbrias SEF21 estavam em maior número nas primeiras horas

após a inoculação. Para estes pesquisadores a fimbria SEF21 é considerável

fator de virulência nas fases iniciais de infecção por esse patógeno.

Em pesquisa desenvolvida por SALEHI et al. (2011) foram identificados

genes fimbriais codificadores de SEF14, SEF17 e SEF21 em 100% de Salmonella

enterica sor. Enteritidis isoladas em 45 amostras de fezes de diarréia de humanos

e em 25 de excretas de aves assintomáticas. Os autores concluíram que embora

a presença de genes fimbriais seja essencial para a aderência e colonização da

bactéria no epitélio intestinal do hospedeiro, isoladamente os mesmos não são

capazes de determinar infecção clinica. Portanto, outros fatores de virulência

como, por exemplo, endotoxinas, resistência à ação de fagócitos e genes

plasmidiais são indispensáveis para instalação da enfermidade.

As ilhas de patogenicidade são extensas regiões do cromossoma, com

variação de 10.000 até 200.000 pares de base, que apresentam características

próprias, de grande instabilidade e que têm pelo menos um gene associado à

virulência. Dentre as características específicas das ilhas de patogenicidade

destaca-se a elevada quantidade de guanidina e citosina com relação ao restante

do sequenciamento do cromossoma, que geralmente se encontra associada a

genes codificadores de RNA trasportador (VIEIRA, 2009).

Em Salmonella sp. são denominadas “Salmonella patogenicity islands”

(SPI) sendo que neste gênero foram descritas mais de dez ilhas de

patogenicidade diferentes (SALEHI et al., 2011), sendo cinco delas em sorovares

de interesse veterinário (SPI-1, SPI-2, SPI-3, SPI-4, SPI-5) (BERCHIERI JÚNIOR

& FREITAS NETO, 2009).

A sobrevivência do microrganismo no hospedeiro e a manifestação da

fase sistêmica da doença são processos estabelecidos pelas ilhas SPI-2, SPI-3 e

19

SPI-4. Já a SPI-5 codifica fatores de virulência relacionados à inflamação e

secreção de cloretos, caracterizando a fase entérica da doença (MARCUS et al.,

2000). A SPI-1 está presente em todos os sorovares de Salmonella sp. e contém

genes que são indispensáveis para a invasão do patógeno em células não

fagocíticas, como as células do epitélio intestinal: inv, spa e hil (HACKER et al.,

1997).

A SPI-1 contém genes responsáveis pela codificação do sistema de

secreção tipo III (SSTT), o qual favorece a entrada de proteínas denominadas

“efetoras” no interior da célula do hospedeiro. Por meio deste mecanismo, as

bactérias exportam proteínas com auxílio de uma espécie de seringa molecular.

Uma vez dentro da célula alvo, as proteínas efetoras interagem com proteínas do

hospedeiro, desencadeando algumas sequências de reações químicas capazes

de configurarem diversas alterações celulares, tais como, escape do sistema de

defesa, mudanças no citoesqueleto e morte celular (MOTA et al., 2005).

A ilha de patogenicidade denominada SPI-2 promove a ativação de

outro tipo de SSTT que estabelece o trânsito de proteínas bacterianas no meio

intracelular, no momento em que a bactéria está dentro dos fagossomos. Genes

pertencentes a SPI-2 provocam a inativação da enzima NADPH-oxidase,

impedindo a morte bacteriana por intermediários reativos de oxigênio e

consequentemente criando ambiente satisfatório à sobrevivência do patógeno

(BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009).

De acordo com GALAN et al. (1992), o operon invABC em diversos

sorovares de Salmonella sp. desempenha função importante na invasão de

células epiteliais. O gene invA é o primeiro do opero , estando situado na mesma

unidade transcricional dos genes invB e invC, sendo que invD está alojado em

outra unidade.

Destaca-se que WHANG et al. (2009) afirmaram que o gene invA

parece estar conservado em todos os sorovares de Salmonella sp. sendo eleito

para detecção desta bactéria pela técnica da Reação em Cadeia da Polimerase

(PCR).

Em estudo realizado por PAVLOVA et al. (2011) foram infectados

macrófagos alveolares de suínos com Salmonella enterica sor. Typhimurium e

Salmonella enterica sor. Enteritidis e suas estirpes mutantes que foram

20

desprovidas da SPI-1. Os pesquisadores observaram que os mutantes de ambos

sorovares foram cerca de cinco vezes menos eficientes no processo de invasão

do hospedeiro. Destacaram, entretanto, que apesar desta condição, os

macrófagos infectados por estas bactérias responderam de forma satisfatória à

infecção pelo aumento da expressão de citocinas inflamatórias como, por

exemplo, IL-1b, IL-8 E IL-23. Concluíram ainda que a SPI-1, além de auxiliar na

invasão celular é responsável pela supressão da expressão de citocinas pelos

macrófagos.

Os plasmídeos constituem elementos genéticos extracromossomais

que se replicam de maneira independente, carreiam informações genéticas

adicionais e podem ser perdidos ou adquiridos de forma espontânea (ARBEIT,

1999), sendo que, segundo ROTGER & CASADÉSUS (1999), a maioria dos

sorovares de Salmonella enterica subspécie enterica não possue plasmídeos.

Contudo, estão presentes nos sorovares frequentemente associados a infecções

humanas e de animais de criação, como Salmonella enterica sor. Enteritidis,

Salmonella enterica sor. Pullorum, Salmonella enterica sor. Gallinarum,

Salmonella enterica sor. Dublin, Salmonella enterica sor. Typhimurium e

Salmonella enterica sor. Abortus-ovis.

Ressalta-se que os plasmídeos apresentam tamanhos variados de

acordo com o sorovar de Salmonella sp., no entanto, existe uma região

cromossômica, de 7,8Kb, que se mantém conservada nos diversos sorovares do

gênero. Esta região foi sequenciada e foi determinada a presença de cinco genes

denominados spv (Salmonella Plasmid Virulence): spvA, spvB, spvC, spvD, spvR.

Os genes spvA, spvB, spvC, spvD são considerados genes estruturais, mas só

são ativados mediante a presença do produto codificado pelo spvR, que é

produzido na fase estacionária de crescimento. Bactérias patogênicas portadoras

de operon spv expressam fatores de virulência que contribuem para sua

sobrevivência em ambientes desfavoráveis como, por exemplo, privação de

nutrientes, pH ácido e altas temperaturas (VALONE et al., 1993).

21

2.4 DIAGNÓSTICO

O diagnóstico da salmonelose nas aves pode servir como um meio de

reduzir a infecção em humanos. Para apoiar o diagnóstico, são importantes

informações epidemiológicas e clínicas, incluindo histórico, sinais clínicos, lesões

e mortalidade (RODRIGUES, 2011; CHA, et al., 2013).

A avaliação clínica e a microbiologia convencional em conjunto com técnicas

capazes de detectar infecções inaparentes tais como testes sorológicos,

imunoistoquímica e diagnóstico molecular, são ferramentas utilizadas para auxiliar

no diagnóstico (MORENO et al., 2009).

Para diagnóstico por isolamento bacteriano de aves com sinais clínicos da

doença ou suspeitas sorológicas, é comum a utilização de swabs de órgãos ou de

fragmentos colhidos com material estéril. Na monitoria de lotes, são mais usadas

as coletas através de swabs de cloaca, swabs de arrasto, cama, fezes frescas,

conteúdo de comedouros e água, e no caso de reprodutoras e poedeiras

comerciais, ovos e embriões também podem ser cultivados (BERCHIERI JÚNIOR

& FREITAS NETO, 2009).

Já o diagnóstico sorológico, que mede uma resposta sorológica do

organismo frente a um antígeno específico, tem grande importância na medicina

aviária, pois permite o diagnóstico de doenças e o monitoramento do plantel

avícola

Destaca-se que além da tipificação sorológica, os sorovares de

Salmonella sp. podem ser classificados pelas técnicas fenotípicas e genotípicas.

Dentre as fenotípicas as mais importantes são: biotipagem relacionada com

reações bioquímicas; fagotipagem baseada no emprego de bacteriófagos

específicos e reações antígeno-anticorpo, que se baseiam na presença ou

ausência de atividades metabólicas ou biológicas expressas pelo microrganismo

(FARBER, 1996).

Os métodos genotípicos se baseiam na reação em cadeia da polimerase (PCR),

que é uma técnica muito específica, podendo ser analisados DNA cromossomais ou

plasmidiais, possibilitando a designação do perfil bacteriano a partir da utilização de

genes conhecidos e únicos para determinada espécie (DOUBLET et al., 2008).

22

Segundo VELILLA & TERZOLO (2009), as técnicas de caracterização

genotípicas são adequadas para identificar diferentes sorovares de Salmonella

sp. mediante a detecção de variações na sequência do DNA, sendo mais

vantajosas que as fenotípicas, uma vez que todas as bactérias podem ter seu

DNA extraído e, assim, a capacidade discriminatória dos métodos genotípicos é

maior que nos fenotípicos

Esses citados métodos de diagnóstico serão, pela sua importância e

aplicabilidade na medicina aviária, incluindo na salmonelose, estão descritos

sequencialmente.

2.4.1 Diagnóstico bacteriológico convencional

Segundo a Portaria nº 126 de 03/11/1995 da Secretaria de Defesa

Agropecuária do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), que

aprova as normas de Credenciamento e Monitoramento de Laboratórios para

diagnóstico da Pulorose e Tifo Aviário, o diagnóstico da Salmonella sp. deve ser

realizado por método bacteriológico tradicional, com o isolamento e identificação

do agente (BRASIL, 1994).

O diagnóstico bacteriológico é o teste gold standard para detecção de

Salmonella sp. nas fezes dos animais, no entanto, para o processamento das

amostras por essa técnica é necessário um prazo aproximado de uma semana.

No Rpcr as amostras são processadas em um prazo aproximado de 24 horas,

incluído-se o período de enriquecimento bacteriano. As técnicas moleculares vêm

sido usadas com sucesso na detecção de Samonella sp , inclusive dos sorotipos

específicos (DILMAGHANI et al., 2011).

A microbiologia convencional utiliza para o diagnóstico: isolamento,

identificação bioquímica e caracterização antigênica. Para a identificação final da

presença de Salmonella sp. as fases de pré-enriquecimento, enriquecimento

seletivo, isolamento em meio sólido, seleção de colônias suspeitas e sorologia

são necessárias. Já no isolamento em meio sólido, os ágares indicados pelo

MAPA incluem ágar Hektoen, ágar Rambach, MacConkey, verde brilhante

suplementado com novabiocina, e o XLT4 (chamado de ágar xilose lisina tergitol

23

4). Além de seletivos, tais ágares são meios diferenciais, porque as colônias das

bactérias se multiplicam com diferentes características (BARROW, et al., 2010)..

Nas etapas de detecção, os testes bioquímicos utilizados apresentam

características que permitem, de acordo com a mesma fonte, observar, quando

há crescimento bacteriano, mudanças de pH e alterações de coloração dos meios

de cultura. O meio Sulphur Indol Motility (SIM) determina se os micro-organismos

têm motilidade ou não, dependendo do sorovar, sem motilidade (Positivo para

Samonella Gallinarum ou Salmonella Pullorum). Na presença de Salmonella sp. o

meio Triple Sugar Iron (TSI) apresenta bisel alcalino com produção de gás

positiva ou negativa e o meio Lysine Iron Agar (LIA) se mostra alcalino na base e

com ou sem presença de gás H2S. O caldo ureia apresenta reação de urease-

negativa para a presença de Salmonella sp. A interpretação dos resultados dos

testes é realizada após a incubação a 37º C por 24 horas (DILMAGHANI et al.,

2011).

Sequencialmente, as colônias que apresentarem a leitura dos testes

bioquímicos preliminares compatíveis com Salmonella sp. passam pela

caracterização bioquímica definitiva com testes para utilização do citrato e

malonato, desidrolação da arginina, transformação da fenilalanina,

descarboxilação da lisina e ornitina, fermentação de carboidratos, prova de

Voges-Proskauer e prova do vermelho de metila. Para confirmação do perfil

esperado para Salmonella sp., prossegue-se a caracterização antigênica com

soro antissomático O polivalente de Salmonella sp, sendo a identificação final de

sorovar realizada pelos laboratórios credenciados ou de referência (BRASIL,

1994). No isolamento de salmonelas oriundas de amostras clínicas alguns fatores

podem interferir, como administração de antimicrobianos que podem retardar o

seu crescimento, competição com outros micro-organismos e a sua eliminação de

maneira intermitente em baixo número (STONE et al., 1994).

Essa metodologia tradicional ou microbiologia convencional para

detecção de Salmonella sp. requer no mínimo quatro dias para obtenção de

resultado negativo. Assim, nem sempre são os mais adequados frente a

determinadas necessidades. As indústrias de alimentos, por exemplo, requerem

resultados em menor tempo para reduzir a estocagem de produtos e custos

associados, assim, métodos rápidos para detecção de Salmonella sp., por

24

exemplo, o ensaio imunoenzimático – ELISA, são utilizados com frequência por

causa do seu benefício de detecção rápida e eficiente (FLOWERS et al., 1988).

Assim, uma abordagem sucinta sobre testes sorológicos será sequencialmente

procedida

2.4.2- Diagnóstico sorológico

A sorologia é uma metodologia laboratorial que visa o estudo e a

mensuração das reações antígeno-anticorpo através do soro, após a

exposição do hospedeiro a um determinado agente estranho, ou seja, a

sorologia mede uma resposta específica do organismo frente a um antígeno

específico. Consiste em detectar e quantificar a presença de anticorpos para

um determinado agente. Esta técnica é a melhor opção para diagnosticar uma

infecção, uma vez que o agente infeccioso tende a ser eliminado com a

evolução do quadro. Apenas anticorpos permanecem e servem como prova

de que a infecção ocorreu. Portanto a sorologia representa um método

indireto para o diagnóstico de infecções (MAIJALA, et al., 2005).

Na avicultura, um programa de monitoramento sorológico tem

como objetivo reduzir os riscos de infecções em uma população específica e

aumentar o controle sanitário dos plantéis avícolas. Para tal, faz-se

necessário desenvolver e implementar normas e procedimentos rígidos em

todos os segmentos da produção por meio de programas de biossegurança

(RODRIGUES, 2011)..

Especificamente para salmoneloses aviárias, Salmonella enterica

sorovar Gallinarum e Salmonella enterica sorovar Pullorum podem ser detectadas

sorologicamente pelo uso de testes de aglutinação em tubo, aglutinação rápida ou

teste de micro aglutinação (ZANELLA, 2007), os quais serão abordados a seguir:

2.4.3- Soroaglutinação rápida (SAR).

A SAR é uma prova simples para monitorar o estado de saúde de

plantéis avícolas, dotada de grande sensibilidade para a detecção dos anticorpos,

porém, requer de especificidade quanto à identificação do agente. Assim, deve-se

25

usar provas mais específicas para suporte de um diagnóstico mais preciso

(RODRIGUES, 2011).

A realização de provas de soroaglutinação rápida (SAR) com antígenos

polivalentes O (somático) utilizado para tirar aves reagentes para Salmonella

pullorum e Salmonella gallinarum, pode ser útil para reconhecer aves infectadas

por diferentes espécies de salmonelas do grupo paratifóife, particularmente

Salmonella enteritidis (OLIVEIRA, 2004).

A descrição original do teste, usando soro, foi realizada por RUNNELS

em 1927. Posteriormente, BUNYEA, et al. (1929) fizeram uma adaptação da

prova usando uma gota de sangue total e uma gota de suspensão salina densa

de Salmonella pullorum viva como antígeno.

Em 1931, SCHAFFER, publicou um trabalho alertando sobre o risco do

uso de antígeno vivo na realização do teste de SAR em granjas e no mesmo

trabalho descrevem um novo antígeno produzido com Salmonella pullorum

inativada com formol e corado com cristal violeta.

O uso do teste de aglutinação rápida tem sido novamente enfatizado

devido ao reaparecimento de Salmonella pullorum em operações integradas de

frangos de corte e devido à possibilidade de detecção de lotes infectados por

Salmonella enteritidis. O teste é, entretanto sujeito a alterações nos resultados.

Podem ser encontrados resultados falso-positivos, pelo teste apresentar uma

especificidade inadequada e falso-negativos em conseqüência de sua baixa

sensibilidade (BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS NETO, 2009).

A soroaglutinação é um teste de triagem que detecta imunoglobulinas

M e G, sendo IgM a principal. A concentração de proteína/g.cm3 detectado é 0,05

Este teste é qualitativo, portanto determina a positividade e negatividade de

animais, também considerado teste de ligação secundária, o qual processa-se de

dois estágios. O primeiro estágio é a interação entre antígeno e anticorpo, uma

reação 24 que não é intensamente afetada pela temperatura, mas pode ser

revertida por força iônica alta ou um pH baixo. O segundo estágio é determinado

pelo estado físico do antígeno. Portanto, se os anticorpos combina-se com

antígenos solúveis em solução sob condições apropriadas, os complexos

precipitam-se. Se os antígenos são particulados – por exemplo, bactérias ou

eritrócitos, então, eles aglutinam-se. (MONTASSIER, 2009).

26

Apesar da larga utilização do teste de SAR na triagem das aves, o

achado de aves com sorologia positiva não pode ser interpretado como infecção,

sendo sempre recomendada a cultura bacteriológica, para identificação do

organismo infectante (OLIVEIRA et al., 2004).

2.4.4 Soroaglutinação Lenta (SAL)

O teste é utilizado em várias provas diagnósticas. Geralmente tomam-

se diluições seriadas do soro, sobre as mesmas adiciona-se uma suspensão do

antígeno padronizado. Após um período de incubação em temperatura adequada,

procede-se a leitura, verificando-se a formação do aglutinado no fundo do tubo ou

da microplaca (MUNOZ, 2005).

A salmonelose também pode ser detectada por teste de

soroaglutinação lenta em tubos e ELISA O ensaio imunoenzimático ELISA detecta

portadores de resposta sorológica ao agente da pulorose e do tifo aviário. Oliveira

et al, (2004) verificaram que o ELISA é sensível para detectar resposta sorológica

para S. Gallinarum e S. Pullorum.

Os testes de microaglutinação e soroaglutinação macroscópica em

tubos (prova lenta) também detectam anticorpos contra S. Enteritidis, embora com

variação de sensibilidade entre elas (MONTASSIER, 2009).

2.4.5 – Teste Imunoenzimático (ELISA)

Samonella enteritidis (SE) é um patógeno importante da avicultura e

tem sido isolada de frangos de corte, matrizes e lotes de aves de postura

comercial. A identificação bacteriológica de aves positivas é difícil devido à

excreção intermitente da bactéria. A presença de anticorpos nem sempre

determina uma infecção, mas indica exposição prévia. A análise por

imunoabsorção ligada a enzimas tem demonstrado ser útil na detecção de

anticorpos contra salmonela aviária e em especial no controle em larga escala de

lotes para verificar à presença de infecção causadas por SE (BURKHOLDER, et

al., 2008).

27

O kit pode ser usado como método de triagem inicial para detecção de

anticorpos contra Salmonella enteritidis. Entretanto, uma vez que o ELISA para

SE baseia-se nos antígenos flagelares g,m podem gerar potencialmente

resultados falso positivos. Portanto, os resultados positivos da detecção devem

sempre ser confirmados por bacteriológicos convencionais (ABBAS & LICHTMAN,

2005).

O princípio de reação dos kit (INDEXX SE) é feito em uma microplaca

de titulação revestida com antígeno purificado de SE. Durante a primeira

incubação, os anticorpos de SE presentes na amostra reagem com os antígenos

imobilizados. Após a lavagem, é adicionado às microvilosidades um conjugado

enzimático de anticorpos monoclonais contra SE. Sem não houver anticorpos

contra SE na amostra testada, o conjugado enzimático anti-SE estará livre para

reagir com antígeno de SE. De forma contrária, se houver anticorpos contra SE

na amostra, o conjugado estará impedido (bloqueado) de reagir com o antígeno.

Depois deste período de incubação, o conjugado não reagente é removido pela

lavagem e é adicionada uma solução de substrato enzimático e cromogênico. Na

presença da enzima, o substrato é convertido em um produto, o qual reage com

cromóforo para gerar uma cor azul. A presença de anticorpos contra SE indica

exposição prévia a SE, seja por infecção natural ou por vacinação (OLIVEIRA, et

al., 2004)..

Portanto, o teste de ELISA aparece como uma alternativa diagnóstica,

entretanto, devido à ocorrência de resultados que não estão de acordo com a

microbiologia convencional, BEUMER et al. (1991) destacam que este teste

diagnóstico permanece incerto na detecção de Salmonella sp.

2.4.6 Diagnóstico molecular

As técnicas associadas à biologia molecular e à engenharia genética

progrediram muito desde a década de 50, quando o DNA teve sua estrutura

descrita. Os métodos genotípicos se baseiam na reação em cadeia da polimerase

(PCR), que é uma técnica muito específica, podendo ser analisados DNA

cromossomais ou plasmidiais, possibilitando a designação do perfil bacteriano a

28

partir da utilização de genes conhecidos e únicos para determinada espécie

(DOUBLET et al., 2008).

Assim, o desenvolvimento da PCR representou um avanço tecnológico,

possibilitando diagnóstico rápido, rentável e automatizado. Além destas citadas

vantagens, as técnicas de amplificação do ácido nucléico apresentam, segundo

MORENO et al. (2009), outras como a utilização de amostras clínicas com

pequenas quantidades de microrganismos, elevadas sensibilidade e

especificidade e segurança no diagnóstico.

Nesse contexto, WEI et al. (2013) destacaram que a PCR apresenta

capacidade de detectar um gene especifico de um microrganismo isolado ou em

grupo. Além desta, há a possibilidade de detectar a presença de um patógeno

sem a necessidade de cultivo e isolamento de cultura pura e detecção de grupos

taxonômicos amplificados, como no caso das provas de região alvo da molécula

de RNA ribossômico com níveis diferentes de variabilidade.

Deve ser registrado que para aplicação da técnica de PCR, o Comitê

Internacional de Normatização da Europa (European Committee for

Standardization) estabeleceu protocolos de PCR para detecção de patógenos.

Um método de PCR padronizado deve cumprir alguns critérios como precisão de

análise e de diagnóstico, alta probabilidade de detecção, baixa contaminação e

protocolos que sejam acessíveis e de fácil interpretação. (MALORNY et al., 2004).

Ressalta-se que um ponto crítico da técnica da PCR é a seleção das

sequências que flanqueiam os segmentos de DNA que se pretende amplificar,

sendo que a especificidade do método de diagnóstico molecular está vinculada à

precisão dos iniciadores em desempenhar esta tarefa. No caso de Salmonella sp.

a região escolhida deve ser comum á maioria das cepas, deve codificar proteínas

importantes na patogenicidade e não deve apresentar homologia com outros

patógenos, evitando assim resultados falso-positivos (STONE et al., 1994). O

conjunto de genes invABCDE distingue entre Salmonella sp. e outras bactérias

como, por exemplo, Escherichia coli, pela hibridização com sonda específicas ou

amplificação de DNA uma vez que estão presentes em uma série de sorovares de

Salmonella sp. e ausentes na região correspondente de outros patógenos.

Existe uma variedade de iniciadores utilizados para detectar

Salmonella sp.: invA, agfA, IS200, hin, H-li, iagAB, spvR, viaB, mkfA, ompC, oriC,

29

sendo a principal característica a especificidade. Por exemplo, o gene invA está

presente nas duas espécies de Salmonella, mas o gene invAB somente em

alguns sorovares de Salmonella enterica (BAUNLER et al., 1997).

A PCR em Tempo Real permite a quantificação das amostras

amplificadas, é de grande relevância para diagnósticos de patógenos e doenças

genéticas. Dentre as vantagens, desta técnica em relação à PCR qualitativa estão

a facilidade na quantificação, maior sensibilidade, maior precisão,

reprodutibilidade e acurácia, velocidade na análise, melhor controle de qualidade

no processo e menor risco de contaminação (HEID, et al., 2004).

A reação em cadeia de polimerização em tempo real combina a

metodologia de PCR convencional com um mecanismo de detecção e

quantificação por fluorescência. A metodologia por não mais requerer a detecção

em gel de eletroforese, necessário na análise da PCR, permite que os processos

de amplificação, detecção e quantificação de DNA sejam realizados em uma

única etapa, agilizando a obtenção de resultados e diminuindo o risco de

contaminação da amostra e dando maior precisão. A possibilidade de monitorar a

PCR em tempo real ( PCR) revolucionou, pois, o processo de quantificação de

fragmentos de DNA e RNA e na aplicação em diagnósticos, como a detecção de

patógenos ou doenças, como a salmonelose (MULLIS et al., 1990).

A r PCR realiza a quantificação destes ácidos nucléicos de maneira

precisa e com maior reprodutibilidade, porque determina valores durante a fase

exponencial da reação. O ponto que detecta o ciclo na qual a reação atinge o

limiar da fase exponencial é denominado de Cycle Threshold (CT). Este ponto

permite a quantificação exata e reprodutível baseado na fluorescência (HEID, et

al., 2004).

A r PCR requer uma plataforma de instrumentação que contém um

termociclador com sistema ótico para a excitação da fluorescência e na coleção

da emissão e um computador com um software para aquisição de dados e análise

final da reação. Estas máquinas diferem na capacidade da amostra (96-poços

padrão, processamento de poucas amostras ou requerem tubos capilares de vidro

especializados), no método da excitação (lasers ou fontes claras do espectro

largo com filtros ajustáveis) e na sensibilidade total. Há também diferenças nos

softwares para o processamento dos dados (HEID, et al., 2004).

30

A emissão dos compostos fluorescentes gera um sinal que aumenta na

proporção direta da quantidade de produto da PCR. Sendo assim, os valores da

fluorescência são gravados durante cada ciclo e representam a quantidade de

produto amplificado. Os compostos fluorescentes mais utilizados são o SYBR®

Green e TaqMan®. (MULLIS et al., 1990), que serão sucintamente enfocados.

O SYBR® Green se liga entre a fita dupla de DNA e com a excitação

da luz emitida pelo sistema ótico do termociclador, emite uma fluorescência verde.

As vantagens da utilização do SYBR® Green são: baixo custo, facilidade no uso e

sensibilidade. A desvantagem é a ligação em todo DNA fita dupla que surge

durante a reação, incluindo os dímeros dos iniciadores e outros produtos

inespecíficos, podendo superestimar a concentração do fragmento alvo. O

SYBR® Green não ligado ao DNA exibe uma fluorescência muito pequena (HEID,

et al., 2004).

.Entretanto, a fluorescência é realçada quando ligado na fita dupla do

DNA. No começo da amplificação, a mistura da reação contém o DNA

desnaturado, os iniciadores e o SYBR® Green. As moléculas não-ligadas do

SYBR® Green apresentam fluorescência fraca produzindo um sinal mínimo sendo

este subtraído durante a análise de computador. Após o reconhecimento dos

iniciadores, algumas moléculas do SYBR® Green podem ligar-se na fita dupla

previamente formada. Durante a polimerização catalisada pela enzima Taq DNA

polimerase, as moléculas do SYBR® Green vão se ligando ao DNA recentemente

sintetizado. Assim, a reação é monitorada continuamente e um aumento da

fluorescência é observado em tempo real. No ciclo seguinte, na etapa de

desnaturação do DNA, as moléculas do SYBR® Green são liberadas e há queda

no sinal da fluorescência. A detecção da fluorescência no fim da etapa de

extensão de cada ciclo da PCR permite monitorar a quantidade crescente de DNA

amplificado (VITZTHUM et al., 1999).

Já TaqMan® é uma sonda (fragmento de DNA marcado usado para

hibridizar outra molécula de DNA) utilizada para detectar seqüências específicas

nos fragmentos de DNA amplificados na PCR. Esta sonda apresenta em uma

extremidade um fluoróforo, e na outra extremidade um quencher (molécula que

aceita energia do fluoróforo na forma de luz e a dissipa na forma de luz ou calor).

Os produtos da reação são detectados pela fluorescência gerada após a atividade

31

exonuclease 5'—>3' da Taq DNA polimerase. Durante a PCR em tempo real a

sonda TaqMan® hibridiza com a seqüência da fita simples de DNA complementar

alvo para a amplificação.

No processo da amplificação a sonda TaqMan® é degradada devido à

atividade exonuclease 5'—>3' da Taq DNA polimerase, separando o quencher da

molécula fluorescente durante a extensão. A separação do fluoróforo do quencher

resulta em um aumento da intensidade da fluorescência. Assim, durante o

processo de amplificação a emissão de luz é aumentada de forma exponencial.

Esse aumento da fluorescência ocorre apenas quando a sonda hibridiza e quando

a amplificação da seqüência alvo é estabelecida (HEID et al., 1996). A reação

com a TaqMan® é considerada um método sensível para determinar a presença

ou ausência de seqüências específicas (VITZTHUM et al., 1999).

Ressalta-se que esse sistema de quantificação em tempo real, além da

aplicação direta na análise de sequência de patógenos como a Salmonella sp.,

dentre outros agentes virais, bacterianas ou de protozoários a partir de várias

fontes, possibilita a identificação de alelos em DNA genômico, a análise de

patógenos em produtos transgênicos e em alimentos, sendo esta última também

importante para a bactéria aqui abordada.

Muitos estudos vêm sendo conduzidos empregando a técnica de PCR.

Dentre eles, pode-se citar o de MALORNY et al ( 2004), que visando avaliar

amostras de alimentos contaminadas com Salmonella sp. avaliaram 110 amostras

de alimentos pela bacteriologia convencional e pelo PCR em tempo real. Os

primers e a sonda eram específicas para um locus altamente conservado

composto por cinco genes no operon de Salmonella sp. denominado ttr. Até então

esta região não teria sido relatada para detecção desta bactéria. Os genes ttrA,

ttrB e ttrC são responsáveis pela codificação de proteína tetrationato reductase.

Todas as amostras analisadas, tanto pela microbiologia como pelo diagnóstico

molecular foram positivas, entretanto, a PCR em tempo real (q-PCR), foi

concluída em 24h enquanto que a bacteriologia demorou cinco dias, além de

demonstrar alta seletividade, precisão e probabilidade de detecção

Destaca-se que a técnica de PCR utilizada nesse referido estudo, a de

PCR em tempo real, é empregada principalmente, segundo GLYNN et al. ( 2006),

devido à característica qualitativa da PCR tradicional, que a torna limitante nos

32

estudos quantitativos,. Na PCR em tempo real se utilizam processos químicos

automatizados de monitoramento do acúmulo de produtos de PCR em uma

reação em tempo real utilizando sondas químicas fluorescentes A.

33

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

As infecções causadas por Salmonella sp. são de grande relevância, tanto na

Saúde Pública como na sanidade avícola, uma vez que podem afetar homens e aves e

causar grandes perdas na produção avícola, com impactos sanitários e econômicos.

Assim, o controle da salmonelose nos sistemas de criação é

fundamental, dependendo, dentre outros fatores, do conhecimento da

epidemiologia, patogênese e das características do patógeno, principalmente

aquelas relacionadas à virulência e transmissão.

Estudos do grau de contaminação das aves e do ambiente de criação

de uma determinada região devem ser conduzidos para que sejam tomadas

decisões a respeito do monitoramento e controle da bactéria bem como a

utilização de algumas ferramentas como, por exemplo, a vacinação.

Outro aspecto importante e atual refere-se à resistência antimicrobia,

pois o uso indiscriminado de antibióticos pode levar à seleção de cepas

resistentes e estas podem estar presentes nos alimentos de origem animal e

causar graves infecções em seres humanos.

Por todas essas questões, técnicas que permitam um diagnóstico preciso e

eficiente são cada vez mais necessárias para minimizar ou evitar riscos á saúde

humana, como surtos de infecções, principalmente devido às toxico infecções

alimentares, e à produção animal, em especial quanto à avicultura industrial,

devido às restrições comerciais.

Portanto, há necessidade de ampliação de pesquisas na área que

permitam não apenas mensurar a circulação do patógeno na avicultura, mas,

dentre outros aspectos, identificar seus principais fatores de risco e avaliar e

desenvolver técnicas de diagnóstico efetivas visando à sua prevenção e controle,

minimizando os impactos da salmonelose tanto no setor avícola quanto para a

saúde humana.

A redução de tais impactos representa um dos maiores desafios para a

avicultura atualmente, pois evitar a ocorrência de doenças transmissíveis aos

seres humanos, garantir a saúde e o desempenho das aves bem como atender às

demandas comerciais são aspectos indissociáveis, destacando-se a crescente

relevância da segurança alimentar, que deve ser aplicada tanto para alimentos

destinados à exportação quanto para abastecimento do mercado interno.

34

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