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04 - Editorial: Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião: D. Pio Alves22 - Semana de.. Carlos Borges24 - Dossier Dia Mundial do Doente26 - Entrevista Padre Carlos Azevedo

50 - Multimédia52 - App Pastoral54- Estante56 - Concílio Vaticano II58- Agenda60 - Por estes dias62 - Programação Religiosa63- Minuto Positivo64 - Liturgia66 - Vida Consagrada70 - Jubileu da Misericórdia72 - Fátima 201776 - Fundação AIS78 - Lusofonias

Foto da capa: D.R.Foto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Dia Nacional daUCP[ver+]

Papa de braçosabertos à China[ver+]

Dia Mundial doDoente[ver+]

D. Pio Alves | Paulo Rocha| JoséManuel Pereira de Almeida | MarineAntunes | Manuel Barbosa | PauloAido | Tony Neves | FernandoCassola Marques | Carlos Borges |Bento Oliveira

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Fátima é mais do que um lugar

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Entre o mês de maio de 2015 e o de 2016, aImagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátimaestá a percorrer todas as dioceses de Portugal.Uma iniciativa que se insere no itinerário depreparação para a celebração do centenário dasAparições na Cova na Iria, cujo programa deatividades e princípios orientadores de umconjunto de iniciativas, religiosas, culturais eartísticas, foram apresentados detalhadamentenos últimos dias.A presença da Imagem Peregrina de NossaSenhora de Fátima em todo o território portuguêstem sido um “despertador” de convicçõesreligiosas de mulheres e homens, grupos ecomunidades. Tanto na visibilidade dositinerários de rua como nos encontros junto decolaboradores e utentes de muitas instituições,nos templos e nas prisões, nos lugares de fé enos mais variados ambientes do

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quotidiano, a passagem da ImagemPeregrina tem revelado marcas deuma identidade que o tempo nãoapaga! Mesmo nas circunstânciasem que não é manifestada e atéabsorvida por opiniõesaparentemente dominantes napraça pública.Nesta como noutras peregrinaçõescom Maria, a capacidade deconvocar multidões é sempre motivoentusiasmo e espanto. Entusiasmonaqueles que ousam seguir umitinerário que acontece numambiente de luz, no simbolismo depequenas velas e na luminosidadeem que se transformam percursosde vida, e espanto provocado peladistância e escuridão gerada pelarecusa dessa experiência.A celebração do Centenário dasAparições de Fátima é umaoportunidade para novas partilhasdessa história, desde osacontecimentos fundantes.

Agora, também pela arte, a música,a imagem, o digital. Tudo para que“nenhum peregrino se sintaexcluído”. É com essa determinaçãoque o reitor do Santuário de Fátimase refere ao programa que vaiassinalar o centenário, em 2017,com o objetivo de “proporcionar aoperegrino uma experiência feliz deFátima”, que se estende, cada vezmais, a todos os locais onde aMensagem se celebra, vive e recria.O ambiente do Santuário da Covada Iria não é exclusivo de um local,mas de uma pessoa, Maria, e deuma experiência, Deus que é Mãe.Fátima vive-se, por isso, em muitoslocais, em todos os lugares ondevibram os desafios de umaMensagem, que impossibilita aindiferença a quem ousa aproximar-se, acender uma vela, iniciar opercurso de um peregrino. Em todosos recantos do mundo como nos dePortugal.Fátima é mais do que um lugar, éuma luz!

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Comissário europeu dos Assuntos Económicos, Pierre Moscovici, nadivulgação das previsões económicas da Comissão Europeia,

Bruxelas, 04.02.2016@Lusa

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“Nos últimos dias, nas últimas horas, e mesmonos últimos minutos, as autoridadesportuguesas fizeram propostas que vão nobom sentido, mas que devemos ainda analisarem detalhe”Pierre Moscovici, Comissário europeu dosAssuntos Económicos, Bruxelas, 04.02.2016 “É muito importante que se chegue a umentendimento com a Comissão Europeia sobreo próximo Orçamento por uma razãofundamental: porque Portugal é um país quedepende muito do estrangeiro, em particular nofinanciamento, nas exportações e noinvestimento",Aníbal Cavaco Silva, presidente da RepúblicaPortuguesa, Rio Maior, 03.02.2016 “Nós teremos um orçamento responsável, quecumpre todos os compromissos queassumimos com os portugueses” e os“celebrados entre os partidos que asseguram aviabilização e o apoio ao Governo”António Costa, primeiro-ministro de Portugal,Évora, 03.02.2016 “Convoco cada um de vocês para lutarmosjuntos contra a propagação do mosquitotransmissor do vírus zika. Este vírus, depresença recente no Brasil e na AméricaLatina, deixou de ser um pesadelo distantepara se transformar em ameaça real aos laresde todos os brasileiros”Dilma Rousseff, presidente do Brasil, Brasília,03.02.106

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Instituto de Estudos da Religiãoé nova aposta da UCP

A reitora da Universidade CatólicaPortuguesa (UCP) revelou àAgência ECCLESIA que a instituiçãoacadémica decidiu criar um Institutode Estudos da Religião, atualmenteem “fase de instalação”. “Temos umsonho que está a concretizar-se,através de um grupo de professoresque estão a estudar a montagem doInstituto

de Estudos da Religião”, disse Mariada Glória Garcia, durante umaentrevista a respeito do Dia Nacionalda UCP, que se celebra estedomingo.“Muito esperamos dele para agitar asociedade portuguesa no diálogodas religiões”, acrescentou.A reitora espera que o Instituto seja“uma grande instituição” dentro

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da UCP, agregado à únicaFaculdade de Teologia em Portugal.Segundo Maria da Glória Garcia, onúcleo de Estudos da Religião vaiter uma “forte” componente deinvestigação e de ensino ao níveldas pós-graduações. “É um sonhoque queremos realizar ao longodeste ano”, insiste.O trabalho passa ainda pela“aliança estratégica” que a UCP temprocurado criar com quatroinstituições internacionais: asUniversidades de Notre Dame(EUA), do ‘Sacro Cuore’ (Itália), deRamon Llull (Barcelona, Espanha),e a Pontifícia do Rio de Janeiro(Brasil).O próximo Dia Nacional daUniversidade Católica Portuguesa, a7 de fevereiro, vai ser inspirado naencíclica ‘Laudato si’, em que oPapa destaca o contributo daEducação para a difusão de umnovo modelo de vida e de relaçãocom a natureza.

“É um Papa que tem iluminado osnossos caminhos, porque tem umaenorme atenção aos pormenores”,assinala Maria da Glória Garcia,para quem é necessário promover o“casamento entre conhecimento esabedoria”.A reitora da UCP frisa que apesardos resultados obtidos nasavaliações internacionais, o objetivonão passa por trabalhar “pararankings”, mas sim “cumprir damelhor forma” a missão de educar.O Dia Nacional da UniversidadeCatólica Portuguesa é assinaladocomo habitualmente no primeirodomingo de fevereiro e vai estar emdestaque na emissão do programa‘70x7’ (RTP2, 13h30) precisamenteno próximo dia 7. O peditório desteano para o Dia Nacional da UCP foidestinado à criação de bolsas deestudo para a Faculdade deTeologia.

O futuro no MarA UCP faz parte da ‘MARE STARTUP – Centro de Ciências do Mar eAmbiente’, com a Universidade de Lisboa, um projeto que conta com maisde 600 investigadores. “Há muito pouco trabalho científico sobre o Mar esobre as propostas que podemos fazer em termos ambientais para ofuturo”, lamenta Maria da Glória Garcia.Para a reitora da UCP, Portugal tem a “responsabilidade” de saberresponder aos desafios que estes setores do Mar e do Ambientecolocam.

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D. Nuno Almeidafoi ordenado bispo em ViseuO bispo de Viseu presidiu estedomingo na Sé local à ordenaçãoepiscopal de D. Nuno Almeida, novobispo auxiliar de Braga, destacandoo seu “rico testemunho” comosacerdote ao longo de quase 30anos junto da comunidade viseense.Na sua homilia, D. Ilídio Leandroconsiderou a nomeação, por partedo Papa Francisco, de um pastor dasua diocese para a missãoepiscopal como uma bênção para apopulação local. O preladosublinhou ainda que a missão debispo implica “ir até às periferiaspara encontrar quem se afastou,quem anda perdido ou quem, poroutras experiências, se foiafastando da Casa do Pai”.Na parte final da celebração, o novobispo português deixou umamensagem à Arquidiocese deBraga. ""Reafirmo a disponibilidadepara vos servir o mais possível aojeito de Cristo, participandoativamente no belo trabalho deevangelização que está em marcha.A partir do próximo dia 10 defevereiro (Quarta-feira de Cinzas)estarei inteiramente ao vossoserviço", sublinhou D. Nuno Almeida.Em entrevista à Agência ECCLESIA,no

dia da sua ordenação episcopal, oprealdo sublinhou que entrar numa“arquidiocese tão vasta”, com 551paróquias e 850 mil habitantes,implica “um sim empenhado”.Mostrou-se ainda apostado em levar“ao coração das comunidades” uma“esperança e alegria sempre maior”,na linha do Ano da Misericórdia quea Igreja Católica começa a viver.“Num mundo em que parece que asolução normal para os conflitos équase a via armada ou sempre olitígio, a fé cristã tem uma outraproposta, que tem a ver com operdão, com um caminho que se fazde ressurreição”, apontou.D. Nuno Manuel dos Santos Almeidatem 53 anos e é natural doConcelho do Satão, na Diocese deViseu.

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Basílica de Nossa Senhora doRosário reabriu ao cultoO bispo de Leiria-Fátima presidiu nodia 2 à Eucaristia de reabertura aoculto da Basílica de Nossa Senhorado Rosário, na Cova da Iria, ondedeixou um alerta para asconsequências da perda de“dimensão transcendente” naEuropa.Na homilia da celebração, perantecentenas de pessoas, D. AntónioMarto falou da necessidade de“despertar no mundo distraído eindiferente uma abertura do coraçãoao Deus misericordioso, à dimensãotranscendente da vida”. “Sem ela, aEuropa e a nossa sociedadeportuguesa correm o risco deperder o espírito humanista efraterno, como estamos a verificarem relação à atitude face ao dramados refugiados”, advertiu o vice-presidente da ConferênciaEpiscopal Portuguesa.A celebração, durante a qual foidedicado o novo altar, decorreu noDia do Consagrado, contando coma participação de membros dasvárias congregações religiosaspresentes em Fátima, querenovaram os seus votos.D. António Marto convidou ospresentes a “colaborar” com amisericórdia de Deus “na reparaçãodo pecado do mundo”. “A dedicaçãodo altar também nos interpela

a participar nesta oferta com aquelemesmo pedido que Nossa Senhoraaqui fez aos Pastorinhos: ‘Quereisoferecer-vos a Deus?’”, declarou.Segundo o bispo de Leiria-Fátima,“Deus procura colaboradores emfavor dos outros para atransformação do mundo e pedeuma resposta também hoje e aqui”,a fim de “vencer o ódio e aviolência”.O prelado falou do “felizentrosamento” entre o ano da VidaConsagrada, que hoje se conclui, eo Jubileu da Misericórdia, que veio“fazer sobressair a Vida consagradacomo um dom precioso para a Igrejae para o mundo”. Nesse contexto,apresentou o trabalho deconsagrados e consagradas como“escola privilegiada da ternura e damisericórdia de Deus” para ummundo “tão ferido, dilacerado".

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Santuário apresenta novo espaço de oração junto dos túmulos dosPastorinhos

Ordenação episcopal de D. Nuno Almeida

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Papa confessa admiração pela Chinae abre portas ao diálogo com Pequim

O Papa Francisco confessou a sua“admiração” pela China, numaentrevista exclusivamente dedicadaa este país, e pediu que o Ocidentenão tenha “medo” de Pequim. “AChina sempre foi para mim umareferência de grandeza, um grandepaís, mas mais do que um grandepaís é uma

grande cultura, com umasabedoria inesgotável”, refere opontífice argentino, em declaraçõesdivulgadas pela ‘Asia Times’.Francisco revela que esta“admiração” remonta à sua infânciae aumentou quando estudou a vidae obra do jesuíta italiano MatteoRicci

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(Macerata, 1552-Pequim, 1610),missionário no Oriente. “Vicomo este homem sentiu a mesmacoisa do que eu, admiração, e comofoi capaz de entrar em diálogo comesta grande cultura, com estasabedoria ancestral”, prosseguiu.Neste sentido, o Papa diz que aIgreja Católica tem a necessidadede “entrar em diálogo” com asabedoria chinesa, aconselhando oOcidente a não olhar para ocrescimento do país asiático com“medo”. “O mundo ocidental, omundo oriental e a China têm todosa capacidade de manter umequilíbrio de paz e a força para ofazer: temos de encontrar ocaminho, sempre através dodiálogo”, defende.Em vésperas do Ano Novo chinês,Francisco dirige uma saudação aopresidente Xi Jinping e a todo opovo da China. “Quero manifestar omeu desejo de que nunca percam asua consciência história de seremum grande povo, com uma grandehistória de sabedoria, que tem muitoa oferecer ao mundo”, declarou.“Neste Ano Novo, com estaconsciência, que possam avançarpara ajudar e cooperar com todosno cuidado da nossa casa comum edos nossos povos”, acrescentou.O ano novo lunar começa nopróximo dia 8, sendo celebrado pormilhões de pessoas, tanto noExtremo Oriente como em váriascomunidades

asiáticas espalhadas pelo mundo,sobretudo chineses, coreanos evietnamitas.Em setembro de 2015, o Papaadmitiu o desejo de visitar a China,país com o qual pretende construir“boas relações”. “Amo o povo chinêse espero que haja a possibilidadede ter boas relações. Estamos emcontacto, falamos, avançamos”,disse aos jornalistas, no voo deregresso dos Estados Unidos daAmérica.Francisco recordou que já na suaviagem à Coreia do Sul, tinhamanifestado essa vontade de ir àChina. “Para mim, visitar um paísamigo como a China, que tem tantacultura e tantas oportunidades defazer bem, seria uma alegria”,confessou.O pontífice argentino foi o primeiroPapa a sobrevoar o espaço chinês,em agosto de 2014, tendo nessaocasião enviado duas mensagensao presidente Xi Jinping, pedindoque Deus abençoasse o paísasiático.O regime de Pequim criou em 1957a Associação Patriótica Católica(APC) para evitar interferênciasestrangeiras, em especial da SantaSé, e para assegurar que oscatólicos viviam em conformidadecom as políticas do Estado. OVaticano considera ‘ilegítimos’ osbispos que receberam jurisdição daAPC, sem autorização do Papa.

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Justiça, misericórdia e o coração deDeusO Papa Francisco explicou que “nãohá contradição” na Bíblia quandoapresenta Deus como “amisericórdia infinita e a justiçaperfeita” porque a primeira leva ao“verdadeiro cumprimento” da justiça,na catequese da audiência públicaque decorreu esta quarta-feira noVaticano. “Pode parecer que háduas realidades que se contradizemmas na realidade não é assim,porque é a misericórdia de Deusque enche a verdadeira justiça”,disse.Aos mais de 15 mil fiéis e turistas naPraça de São Pedro, o Papaexplicou que se deve “deixar paratrás o pobre conceito de justiça” eabrir o coração “à infinitamisericórdia de Deus”: “Nunca secansa de nos perdoar, para quepossamos buscar a reconciliaçãocom todos, a começar pelos nossosfamiliares”.Neste contexto, Francisco assinalouque existe a “justiça retributiva”, quemanda dar a cada um o que lhe édevido, que “leva a condenar quemcomete um delito”, mas alertou que“não é uma justiça perfeita” porquenão vence realmente o mal, “apenascontém o seu avanço”. “Na Bíblia,aprendemos outra forma de fazerjustiça. Não é através da punição,

do tribunal, mas do perdão queapela à consciência para conduzir àconversão”, observou.Este, acrescentou Francisco, é ocaminho para “resolver os conflitos”nas famílias, nas relações entrecônjuges ou entre pais e filhos,“onde os amores feridos culpado equer salvar o relacionamento queele se liga a outra”.Segundo o Papa, este “é umcaminho difícil” onde ofendido “amao culpado” e quer salvá-lo e destacaque só quando o culpado reconheceo mal e muda de vida “é que ajustiça triunfa”. “Em Jesus, amisericórdia se fez carne e averdadeira justiça alcançou aplenitude: fomos perdoados,chamamos a Deus de Pai e, porisso, devemos perdoar àqueles nosofendem como Ele nos perdoou”,desenvolveu.

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Papa recorda clima de violência enarcotráfico no MéxicoO Papa concedeu uma entrevista àagência Notimex, antecipando aviagem que vai realizar ao Méxicode 12 a 17 de fevereiro, alertandopara o clima de violência e osproblemas ligados ao tráfico dedrogas. “O México da violência, oMéxico da corrupção, o México dotráfico de drogas, o México doscartéis não é o México que a nossaMãe quer; eu não quero escondernada disto, pelo contrário, masexortar-vos à luta de todos os diascontra a corrupção, o narcotráfico, aguerra, a desunião, o crimeorganizado”, disse Francisco, emdeclarações divulgadas peloVaticano.O terceiro Papa a visitar o Méxicosublinha a “riqueza da fé” deste queé um dos países com mais católicosno mundo e apresenta-se como“peregrino”, em particular doSantuário de Nossa Senhora deGuadalupe.Francisco pede mesmo o “favor” deo deixarem estar “um momento asós” diante da imagem da padroeirada América Latina.A 12ª viagem internacional dopontificado inclui passagens pelaCidade do México, Ecatepec, Tuxtla

Gutiérrez e San Cristóbal de LasCasas (Chiapas), Morelia e CiudadJuárez, junto à fronteira com osEUA.O último Papa a visitar o México foiBento XVI, em março de 2012, maso agora Papa emérito não visitou oSantuário de Guadalupe para evitaros efeitos da altitude; João Paulo IIesteve no México em 1979, 1990,1993, 1999 e 2002.Francisco refere que o povomexicano tem a sua parte de“guerra” e sofrimento por causa daviolência e do “crime organizado”,pelo que quer rezar com apopulação para que se encontremsoluções.A Notimex recolheu perguntas de 33mexicanos em cidades de 10estados do país e apresentou-as aoPapa em forma de entrevistacoletiva virtual.

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Jubileu: Corpos do santo padre Pio e São Leopoldo Mandic, santosconfessores, chegaram a Roma

Justiça e Misericórdia

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Cuidadores dos doentes

D. Pio Alves Presidente da Comissão Episcopal da Cultura , Bens Culturais e Comunicações Sociais

Celebra-se no próximo dia 11 a XXIV JornadaMundial do Doente. Na sua Mensagem para estedia, o Papa Francisco dedica uma atençãoespecial a quem cuida dos doentes. Fala da“ternura que se torna presente na vida de tantaspessoas que acompanham os doentes e sabemindividuar as suas necessidades, mesmo as maissubtis, porque vêem com um olhar cheio deamor”.De facto só o amor, que nasce da “cultura davida”, pode explicar o heroísmo, vivido comnaturalidade à cabeceira de doentes, tantasvezes, anos a fio: protagonizado por esposos,pais, filhos, avós, netos, empregados.Além de um maravilhoso exemplo de dedicação,de generosidade, de gratidão, de amor traduzidoem obras, estes gestos, habitualmenteescondidos do grande público, ajudam-nos aconcluir que a Humanidade continua a viver ahumanidade; que o desprezo pela vida (emgestação, no seio materno, ou fragilizada pelaidade ou pela doença), apregoado pelosamplificadores sociais, é uma falsa notícia:camuflada por supostos avanços sociais que nãosão mais que velha barbárie.O Papa Francisco, na sua recente entrevista Onome de Deus é Misericórdia (p. 74), aocomentar o Evangelho de Marcos (1, 40-45),escreve que “a Lei que impunha amarginalização sem piedade ao leproso tinhacomo objectivo evitar o contágio”. E acrescenta:“era necessário proteger os saudáveis”.Consciente ou inconscientemente, detrás desupostos direitos da mulher ou da falsacompaixão por quem sofre o que está em causa(sejamos

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claros!) é um novo modo de“proteção dos saudáveis”.Voltando de novo à entrevista doPapa Francisco (p. 73): “Mais umavez, como em muitas outras páginasdos Evangelhos, vemos que Jesusnão fica indiferente, mas sentecompaixão, deixa-se envolver e ferirpela dor, pela doença, pelanecessidade de quem encontra.Não foge”.São assim os muitos e muitogenerosos cuidadores dos doentes:

não fogem, têm coração e, poramor, deixam-se envolver. E,quando se assumem comodiscípulos de Jesus Cristo, sabemque a sua heroica dedicação e a dordos doentes transcende o imediatoe têm a marca da Cruz libertadorado Mestre.Em nome de quem já não tem, ouainda não tem, voz ou gestos paraagradecer: obrigado por estasilenciosa lição de humanidade!

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Pequenos gestos…

Carlos Borges Agência ECCLESIA

Diz a sabedoria popular que os pequenos gestosmudam o mundo ou pelo menos podem sempremudar o mundo de quem os faz e de quem osrecebe. Nesta “semana de…” relembro doispequenos gestos na carreira 781. Não, não é umautocarro da aldeia mas o expresso da Carrisque sai do Cais do Sodré e pára ali umas ruasabaixo, a cerca de 5 minutos da CEP. Não,ninguém se levantou para dar lugar a umapessoa idosa, mulher grávida ou com crianças aocolo.Foi logo de manhã, quando os sentidos aindaestão adormecidos e a maior parte das vezescada um vai quieto no seu canto que umasenhora, com idade para ser avó, ia com algumadificuldade a sair do autocarro. À sua frente umajovem, com idade para ser sua neta, sai primeiroe pára. Voltou-se para o autocarro e ficou àespera, não do próximo, mas caso fosse precisoajudar.Por fim, o pequeno gesto, laços e afetos aodespedir-se com um sorriso, não sem antesaconchegar o xaile à idosa de pele mimosaporque o dia era de vendaval.Do vendaval da manhã para o temporal da noite,não no autocarro mas numa paragem, não muitobem iluminada, e se um estranho ouvir a suaconversa e oferece-se para lhe emprestar otelemóvel. Confesso que não julgava ser possívelesta disponibilidade sem ser um caso deemergência.A situação podia ser relatada como normal ondealguém está a falar ao telemóvel e diz para ooutro lado da linha algo como “agora não lhe voupoder ligar, não tenho saldo”. Depois, desliga.Por fim, na minha opinião, o pequeno gesto, umadas outras

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pessoas que também espera peloautocarro disponibiliza o seusmartphone para fazer a talchamada…O Evangelho de São Lucas (5,1-11)deste domingo fala de redes e degestos. Não as redes que dão sinalaos telemóveis e o gesto não foipequeno afinal foram precisos maisbarcos e homens para ajudar nafaina.“’Faz-te ao largo e lançai as redespara a pesca’, diz Jesus a Simão,que mesmo depois de ter andado anoite toda no mar sem pescar nada,lançou-as porque foi o Senhor quelhe pediu.“’Não temas. Daqui em diante seráspescador de homens’. Tendoconduzido os barcos para terra, elesdeixaram tudo e seguiram Jesus”,relata a liturgia.Também neste domingo, a Fátima

consagrados de Portugal paraassinalar vão peregrinar osreligiosos e os o fim do Ano da VidaConsagrada. Eles que um diadeixaram tudo para segui-Lo eserem pescadores de homens emulheres e na diversidade decarismas ajudam a Igreja, asociedade e o mundo a seremmelhores através de pequenosgestos, nem sempre conhecidos, emdiversas periferias ou no meio dacidade em áreas como aeducação/ensino, a saúde, o apoioaos marginalizados.Os consagrados em Portugal sãocerca de 6100, seculares 450, há 99congregações femininas, 33masculinas, 19 institutos seculares e419 pessoas em formação, segundodados da Conferência dos InstitutosReligiosos de Portugal (CIRP).

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DIA MUNDIAL DO DOENTEA Igreja Católica celebra anualmente

a 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhorade Lourdes, o Dia Mundial do Doente.A data está no centrodesta edição do

Semanário ECCLESIA, com entrevistasao padre Carlos Azevedo, capelão no

Hospital Dona Estefânia - onde morreua Beata Jacinta - e a Bernardo Pinto Coelho,

conhecido pela sua luta contra a escleroselateral amiotrófica. Nestas páginas pode

ainda encontrar duas visões sobre o cancro,a mensagem do Papa e do coordenador

nacional da Pastoral da Saúde, para alémdo testemunho de dois seminaristas

sobre a importância da formação nestecampo na sua caminhada rumo ao sacerdócio.

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Ser consolação e esperança quando o sofrimento vai ao limiteO padre Carlos Azevedo partilhou com a Agência ECCLESIA o seu dia-a-diacomo capelão no hospital pediátrico Dona Estefânia, em Lisboa

Entrevista conduzida por José Carlos Patrício

Agência ECCLESIA (AE) – Quandoé que a missão de capelão entrouna sua vida?Padre Carlos Azevedo (CA) – Foi hácerca de 13 anos, depois de oitoanos como pároco em vários locaisdo país. Comecei como padre naLourinhã, integrado numa equipacom outros sacerdotes. Depoispassei para a zona das Caldas daRainha, onde tive quatrocomunidades, Couto, Serra doBouro, Foz do Arelho e Nadadouro.Ali estive cinco anos e depois fuinomeado aqui para capelãohospitalar do Hospital DonaEstefânia.Sempre houve muita preocupação eum grande carinho em relação aesta casa, por parte dos patriarcasde Lisboa, os que fuiacompanhando, D. António Ribeiro,D. José Policarpo e mesmo o nossoatual patriarca, D. Manuel Clemente.Pelo cuidado próprio que a pediatrianos merece, mas também pela

razão lógica de aqui ter passado abeata Jacinta Marto.Na altura não vim só para estamissão, vim também para outrasmissões aqui em Lisboa, tambémestudar, na altura fiz algumaformação em terapia familiar,interessava-me estar mais porLisboa para poder otimizar estaparte da formação intelectual. AE – Lidar com doentes, neste casosobretudo crianças, o que é queisso exige a um sacerdote?CA – A nossa vida cá dentro dohospital, e todo o processo deacompanhamento das crianças edas famílias, e dos profissionais evoluntários, porque estamos paratoda esta comunidade hospitalar, foisofrendo ao longo dos anos algumaprofundamento.Hoje, muita da nossa ajuda tem quever com os momentos muito agudosde sofrimento, más notícias, amorte

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das crianças e o acompanhamentodo luto, também ajudar todo o corpoclínico, na gestão destas questões.Nesse sentido, a missão de capelãoexige antes de mais, muito equilíbriopessoal, percebemos que há ummomento para nos darmos mastambém momentos para nosrestabelecermos e reequilibramos.

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CA - Hoje programamos o nossotrabalho mas também o nossodescanso e toda a parte que dizrespeito ao nosso suporte espiritual,a nossa vida de oração e relacional.Para que possamos lidar com assituações como aquelas queencontramos, o sofrimento dascrianças, que na sua inocênciaacabam por nos tocar até ao limite.Penso também que não seria tãopossível ter esta missão se fossepai. Com certeza não conseguiriaaguentar tão bem.Outra coisa é percebermos que,

para além de toda a parte humana,é preciso haver muita competência.A formação de um capelão éessencialíssima, não basta ter boavontade para ajudar, é precisosaber. E creio que, nesse sentido,tem havido da parte da IgrejaCatólica um enormíssimoinvestimento.Que nos permitiu não só juntar adinâmica da espiritualidade, que jános constituía, à formação e a umsem número de competências quesão muito importantes para esteserviço.

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AE – E o trabalho com as crianças,como é que o capelão, o sacerdote,pode ajudá-las a perceber asituação em que se encontram?AC – Nós aqui temosmaioritariamente bebés, e não éfácil nesse aspeto. Muitas vezes anossa interação concretiza-se maisno auxílio às famílias, ou seja, não éum trabalho tão direto.Claro que também rezamos, e estesentido de missão aqui é muitíssimoimportante. Trazer Deus todos osdias para esta casa, através dascelebrações eucarísticas, depois irpercebendo aquilo que, dentro daprópria espiritualidade da criança, éo apoio necessário.Temos aqui neste hospital umaparticularidade muito interessante,que é um índice de batismosenorme, não só porque as criançasestão em situação de morte, masporque estão mal e não podendofazer muito mais por elas, pedimos aDeus que as acompanhe de umaforma assim mais forte e efetiva,através dos sacramentos.Batizamos recém-nascidos com 400,450 gramas, até crianças e jovens

Aqui na capelania damosformação em gestão dasperdas, em gestão dostress, do esgotamento,para situações desofrimento mais extremo.Temos tambémfrequentementemomentos de formaçãoespiritual, com retirosabertos à comunidadehospitalar. praticamente já em idade adulta, 17ou 18 anos.Procuramos estar muito próximos,ter sempre também uma equipa devoluntários que nos vai ajudandonão só na animação mas a provertodas as necessidades que possampassar por nós.Aqui na capelania damos formaçãoem gestão das perdas, em gestãodo stress, do esgotamento, parasituações de sofrimento maisextremo. Temos tambémfrequentemente momentos deformação espiritual, com retirosabertos à comunidade hospitalar.

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AE – Costuma dizer-se que énestas situações mais difíceis queas pessoas mais se voltam paraDeus. Testemunhou casos destes?CA – É verdade, muitas vezes aspessoas aproximam-se de Deuspara pedir, para implorar, paraagradecer. Há aqui um sentido muitobonito também cá na casa, degratidão sempre muito forte, portudo aquilo que são as superações.Mas frequentemente a relação queas pessoas têm com Deus é derevolta, algo que nos habituámostambém a gerir de uma formapositiva, porque muitas vezes arevolta é o primeiro ato de féverdadeira.É a primeira vez que as pessoasfinalmente passam a ter umarelação direta com Deus, umarelação muito pessoal, muito viva.De repente, mesmo que seja paranós ralharmos com Deus, ele passaa estar lá. E isto é uma verdadeiraatitude de fé.Eu costumo dizer que é tãoimportante estimular esta relação derevolta para com Deus como ocontrário, porque creio que Deusaguenta.Se a revolta for dirigida aosmédicos, aos enfermeiros, aosauxiliares, ou até dentro do próprionúcleo familiar, a algum dosmembros, isto torna o processomuito mais difícil.

Muitas vezes as pessoasaproximam-se de Deuspara pedir, para implorar,para agradecer. AE – É por isso que a missão docapelão não termina com odesfecho da doença, seja demelhoria ou de perdão, e prosseguemesmo fora do hospital?AC – Sem dúvida, nós temosfamílias que acompanhamos há 13anos, que perderam aqui os seusfilhos e continuam todos os anos avir aqui celebrar as suas vidas,acreditando que o amor não acabacom a morte e que a vida continua.Grande parte da comunidade quese junta aqui ao sábado, para anossa missa vespertina, éprecisamente constituída por paisque tiveram crianças que partiramdaqui.E outros cujos filhos superaram adoença, mas que continuam muitoligados aqui à casa, inclusivamentefazem o seu caminho deespiritualidade unidos à nossacomunidade hospitalar.

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AE – Estamos a viver o Jubileu daMisericórdia. O Papa Francisco vaienviar esta Quarta-feira de Cinzasmais de mil sacerdotes, incluindoalguns portugueses, comomissionários da misericórdia portodo o mundo. Como capelãohospitalar, também se sente ummissionário da misericórdia?CA - Sim, essencialmente. Creio queao nível da assistência espiritual aodoente, a Igreja Católica está muitoà frente. No diálogo, na abertura, noquebrar. O sofrimento é umacondição muito própria da nossarealidade, transversal a todas aspessoas, passa por todos nós.E muitas vezes o capelão, com uma

presença qualitativa, abrangente,misericordiosa, pode ser uma mais-valia para qualquer pessoaindependentemente da relação queesta possa ter, maior ou menor, coma espiritualidade católica apostólicaromana.Para que percebam que aqui juntode nós podem encontrar sempre umpouco de conforto e consolação.Aliás a palavra certa é companhia, éisso que é consolar, estar com ossós, acompanhar, dar suporte, sermisericordioso é sentir com osoutros e ser força para tantasdificuldades que aqui seenfrentam.e relevante, um abridorde portas.

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AE – Há pouco falava nos pais queregressam aqui ao hospital, paradar graças pela vida dos filhos,como quase uma peregrinação. Istoleva-nos para outra questão quemarca de forma decisiva a vivênciado Hospital Dona Estefânia, que é ofacto de ter sido aqui que faleceu, a20 de fevereiro de 1920, a beataJacinta Marto, uma das videntes deFátima. De que forma é que estefacto mexe com a vida do hospital?AC – Ao longo de quase 90 anos aJacinta sempre foi muito inspiradorapara muita coisa aqui em casa.Muita gente diz que veio para aEstefânia

trabalhar pelo facto de Jacinta Martoter passado por aqui, e pela suadevoção e fé católica. Temostambém muitos voluntários que vêmtocados pela mensagem de Fátimae aqui servem a instituição e osseus principais utentes, as crianças.Costumamos dizer que a grandevirtude dos pastorinhos de Fátimanão foi só terem visto NossaSenhora, mas essencialmente a suaheroicidade no sofrimento.E muitas vezes isto serve tambémpara passarmos daqui da capelaniapara a restante comunidadehospitalar um bocadinho dessafortaleza, para que

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nas horas de maior dificuldade, nãoseja só o sofrimento a comandar avida, mas também a nossa valentia,a nossa fé, o nosso amor, aesperança que é tão fundamentalnestas horas.Muitas crianças se recomendam aJacinta Marto, pedem a suaintercessão, muitos profissionaistambém, muita gente procura estacapela diariamente como um espaçopara encontrarem alento para o seusofrimento, um pouco mais de forçae de coragem.Um dia um pai que perdeu umacriança veio ter comigo e disse-me:a esperança que lhe tinha passadonão servira para dar força paracurar a sua filha, mas para ter forçapara conseguir amá-la até ao fim enão desistir, para não desanimar. Eque essa é que era a sua missão depai.Esta parte é muito bonita e muitoimportante, e tem um bocadinho aver com esta questão de sermosvalentes no sofrimento.A Jacinta Marto passou por muitasprovações, não só aqui masespecialmente aqui, foi sujeita auma intervenção cirúrgica muitodifícil. O facto de ela ter passadoaqui tantas

Muitas crianças serecomendam a JacintaMarto, pedem a suaintercessão, muitosprofissionais também,muita gente procura estacapela diariamente comoum espaço paraencontrarem alento para oseu sofrimento, um poucomais de força e decoragem. horas sozinha, sem a família,inspirou muitos profissionais aestimularem os pais para que a suapresença não fosse só durante umcurta visita durante o dia, mas quepudessem estar todo o dia juntodelas, das suas camas, enquantoestivessem internadas. É muitointeressante como esses sinaiscontinuam a ser para nós fonte deinspiração.

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AE – Este hospital é por isso muitoprocurado por peregrinos nacionaise estrangeiros, por devotos dabeata Jacinta Marto, de NossaSenhora e da mensagem de Fátima.CA – O Hospital D. Estefânia tem nasua génese uma história de amormuito bonita, D. Estefânia foi rainhade Portugal durante apenas durante14 meses, mas deixou-nos estaobra.Ou seja, este hospital começa porser logo à nascença um ato de amore nós quando recebemos osperegrinos, uma das coisas quegostamos de veicular é esta ideia.Que este hospital não é uma casade muito sofrimento, éessencialmente uma casa de muitoamor, onde esse amor tem osmelhores mestres, que são ascrianças, elas são puras, autênticas,verdadeiras, são humildes.Depois com a passagem da JacintaMarto, são muitas as pessoas queaqui vêm procurar esta memóriacomo fator de intercessão.Há poucos meses, tivemos a vistade uma família de Virgínia, nosEstados Unidos, que vinham com ofilho.Estavam completamentedesenganados da classe médica, evieram agradecer uma graça

Este hospital não é umacasa de muito sofrimento,é essencialmente umacasa de muito amor, ondeesse amor tem osmelhores mestres, quesão as crianças, elas sãopuras, autênticas,verdadeiras, são humildes. alcançada pela intercessão dospastorinhos de Fátima,nomeadamente da Jacinta. Pai, mãee três filhos vieram aqui a esta casa,celebrar, agradecer, visitaram oSantuário de Fátima também, masagradecer toda esta intercessão.Hoje em dia, há imensos grupos,praticamente todas as semanastemos visitas de peregrinos, degrupos organizados a este hospital,e fazemos sempre um tempo deespiritualidade de preparação eformação.Fazemos também a visita não só aohospital mas ao Convento das IrmãsClarissas, na Estrela, onde a Jacintaesteve, e uma catequese que possaser mais-valia para os peregrinos.

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AE – Depois de ter sido beatificadaem 2000, pelo Papa João Paulo II,Jacinta Marto tem processo decanonização a decorrer em Roma.Algo que também dirá muito a estehospital.AC – Eu creio, e isso é entendidopela Igreja Católica, que o grandelocal da devoção dos santos é olocal de onde eles partem paraDeus, aliás isso é uma doutrinaassumida. E acreditamosfirmemente que sim, um dia aquiserá com certeza o grande

local da devoção da santa JacintaMarto.Também acreditamos fortementeque a Jacinta será a grande santada cidade de Lisboa, uma referênciafortíssima pela sua espiritualidade,na sua união não só às intençõesdo Papa, mas também no caminhoprofundo que ela trilhou nacomunhão com a conversão dasalmas e a sua valentia nosofrimento. Ou seja, a mais-valia dafé na vivência de todas as situaçõesde sofrimento.

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«Não desisto de Deus porque Deusnão desiste de mim», a vida comEsclerose Lateral Amiotrófica deBernardo Pinto Coelho

“Dou o meu máximo, entrego-me aDeus e o meu objetivo é um diaestar a correr na praia do Guincho,já curado, para as pessoasperceberem que o objetivo é apessoa ter amor-próprio e nãodesistir”, explica Bernardo PintoCoelho que vive há sete anos comEsclerose Lateral Amiotrófica.Esta doença degenerativa,vulgarmente conhecida por “ELA”,reduz as vítimas à imobilidadefísica e à Agência ECCLESIAo entrevistado, que estáno seu “35.º tratamento”,apresenta-se como umapessoa “sem medo”.

“Há muitas pessoas que até sãocrentes, rezam, mas por terem medomorrem”, comenta Bernardo PintoCoelho que acredita na sua curaporque não desiste e tem fé paraalém de “lutar com precedência”.Depois de ter descoberto a ELA nasua vida, para além de lutar pelasua cura descobriu outra missãoporque as pessoas “precisam deesperança e de força”. Escreveu o livro ‘O que eu Aprendi com E.L.A’, também tem um blogue e está nas redes sociais: “Não estou curado, estou a lutarpela minha cura,

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se estivesse já curado a dar asminhas dicas alguns mandavam-mepassear.”“A verdade é que tenho esta sortede ter força, tenho muita fé, nãodesisto porque acho que a pessoaquando desiste está a desistir deDeus e eu não desisto de Deusporque Deus não desiste de mim”,desenvolve o confesso “apaixonadopela vida” que agora ainda lhe dá“muito mais valor”.A revolta também existe na vida deBernardo Pinto Coelho mas Deus émais importante e com a EscleroseLateral Amiotrófica percebeu que“não estava a ir pelo caminho certo”porque “semelhante atraisemelhante”.

“A pessoa quando está revoltadacom a vida, com o mundo, comDeus, e a queixar-se a vida devolve-lhe da mesma maneira. Quando émais grata, pensa de forma positivae é uma pessoa mais feliz, a vidadevolve-lhe da mesma maneira”,esclarece.Neste contexto, observa que aspessoas têm problemas, por isso,“querem é ter bom astral, boasenergias” e só quando mudou o“chip na cabeça” é que passou a sermais grato, agradecendo o que teme “tudo de bom começou aacontecer”. Apesar de por foratodos saberem que é “uma pessoabem-disposta”, interiormente “nãoestava bem”.

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Bernardo Pinto Coelho defende queuma pessoa quando “é mais positivae mais grata só atrai coisas boas”,afinal esta lição de vida tem-na por“experiência própria, não é por livro,nem por filmes”.Nesta mudança de “chip” resumeque se encontrou profissionalmente.Agora faz o que gosta como DJ,“apareceu” a namorada, começou amelhorar a respiração, “apesar detambém fazer muitos sacrifícios”. Nasua “resiliência” de lutar conta aELA, faz acupuntura, “são 60agulhas”, exercício físico, que “pormais

dificuldade faz com que as célulasnão morram”, e mudou para aalimentação “paleolítica” ondecortou com “três coisas difíceis -açúcar, laticínios e cereais (trigo,centeio e cevada)”.“Também sofro muito, choro, mas averdade é que ainda ontem pedi aDeus para me ajudar. Eu acreditoque um dia vai fazer sentido. Já estáa fazer sentido, as pessoas quemandam mensagens a dizer quenão se suicidaram por causa demim, e a verdade é que quando apessoa tem saúde tem tudo, o restoé secundário”, revela BernardoPinto Coelho.

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O DJ que começou “a ser maisgrato” também tem dias menos bonsmas encontra “forma de não irabaixo”. “Ponho uma música alegre,ou saio de casa, ou vou ver oGuincho ou ter com amigos, dou avolta à situação.”“Há muita gente a precisar deforça”, assinala, diagnosticando que“o medo mata mesmo as pessoas”incentiva a que cada um dê “o seumelhor, a entregar-se a Deus eacreditar, ter fé e não desistir”.“O não desistir é o mais importante”,destaca Bernardo Pinto Coelho.Com 43 anos de idade e odiagnóstico de Esclerose LateralAmiotrófica – ELA – acrescenta quereza “todos os dias” e pede“obviamente saúde” para realizar“todos os sonhos que ainda estãopor resolver”, como a sua“independência, autonomia”.“Acredito que um dia vou estar acorrer no Guincho. Só Deus sabe seisso vai acontecer mas eu estou adar o meu máximo, estou-me aentregar a Deus, não tenho medo enão desisto”, reforça..Bernardo Pinto Coelho vive em casado pai, “difícil por mais amado emimado que seja”, e conta que“todos fazem tudo” por ele, uma vezque precisa de ajuda, por exemplo,para puxar o travão de mão docarro, com

o “cacifo do ginásio”, “a vestir uma t-shirt, a cortar bifes”.“A pessoa quando é positiva, estábem-disposta, quer viver e não sequeixa toda a gente ajuda, então emPortugal que é o melhor país domundo”, sublinha, explicando quenão é rico, pede “dinheiro para ostratamentos”, vai “devagarinho decarro para não gastar gasolina ealmoço no carro”.Aos jovens que ainda não pensamem doenças, em consequências,aconselha a fazerem o que gostamprofissionalmente, a estarem com afamília e os amigos. Para oentrevistado, também importante, e“muitas vezes as pessoas têmdoenças por causa disso”, éexprimirem sentimentos.

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Doença, crise e fé nas palavras doPapa

O Papa Francisco apresenta na suamensagem para o 24.º Dia Mundialdo Doente a o “ensinamento” “dasbodas de Caná” e assinala que adoença coloca a fé em Deus “àprova” mas revela “toda a sua forçapositiva”. “A doença, sobretudo segrave, põe sempre em crise aexistência humana e suscitaperguntas que nos atingem emprofundidade. Podemos sentir-nosdesesperados, pensar que tudoestá perdido, que já nada temsentido.

Nestas situações, a fé em Deus se,por um lado, é posta à prova, poroutro, revela toda a sua forçapositiva”, escreve.Francisco contextualiza que não éporque a doença, tribulações ouperguntas desapareçam masporque “dá uma chave paradescobrir o sentido mais profundo”do que se está a viver. “Uma chaveque nos ajuda a ver como a doençapode ser o caminho para chegar auma

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proximidade mais estreita comJesus”, desenvolve, assinalandoque esta chave é dada por Maria, amãe de Jesus.Segundo Francisco, o tema “Confiarem Jesus misericordioso, comoMaria: ‘Fazei o que Ele vos disser’”(Jo 2, 5) para o Dia Mundial doDoente 2016 “insere-se muito bem”no âmbito do Jubileu Extraordinárioda Misericórdia.A mensagem do Papa desenvolve-se sobre o episódio bíblico dasbodas de Caná, “um ícone daIgreja” e destaca a “esperança” queexiste neste acontecimento paratodos onde se “manifestam ostraços distintivos de Jesus e da suamissão” e revela a “solicitude” deMaria que “reflete a ternura deDeus”.Aos que estão ao serviço dosdoentes e atribulados, Franciscodeseja que vivam “animados peloespírito de Maria, Mãe daMisericórdia” e manifesta que estadata é uma ocasião para se “sentirparticularmente próximo” daspessoas doentes e de quantos sãocuidadores.O Papa reconhece que este podeser um serviço “cansativo, pesado”mas pede que tenham a certeza que“o Senhor não deixará detransformar o esforço humano emalgo de divino”. Tendo comoexemplo os serventes

que encham as vasilhas de águanas Bodas de Caná assinala queaos olhos de Deus “é precioso eagradável ser serventes dos outros”.“Também nós podemos ser mãos,braços, corações que ajudam aDeus a realizar os seus prodígios,muitas vezes escondidos”, frisa.Para o Papa, “sãos ou doentes”todos podem “oferecer canseiras esofrimentos” como a água que“encheu as vasilhas nas bodas deCaná e foi transformada no vinhomelhor”.O Dia Mundial do Doente em 2016,celebrado solenemente na TerraSanta, vai ajudar a “tornar realidadeos votos” que formulou na Bula deproclamação do JubileuExtraordinário da Misericórdia (MV,23) e incentiva cada hospital oucasa de recuperação a “ser sinalvisível e lugar para promover acultura do encontro e da paz”.“Ondea experiência da doença e datribulação, bem como a ajudaprofissional e fraterna contribuampara superar qualquer barreira edivisão”, acrescenta Francisco,recordando o exemplo das freirasnaturais da Terra Santa quecanonizou em maio.A Jornada, como é tradição, vai sercelebrada a 11 de fevereiro,memória de Nossa Senhora deLourdes; em 2016 é a cidade deNazaré, na Terra Santa, que acolheo encontro mundial.

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Transformar a águado quotidiano no vinho novoAceitemos o convite do Papa Francisco.Acompanhemos Jesus e os seus discípulos a um casamento em Caná daGalileia. Como eles, também nós somos convidados a este casamento.O evangelista diz-nos que «estava lá a Mãe de Jesus». Como sabemos, nãoé um pormenor.É mesmo Nossa Senhora quem repara numa falta.Falta o que significa a festa.Falta que aqueles noivos fiquem bem aos olhos dos seus familiares eamigos.A resposta de Jesus aponta para uma hora que é, no quarto evangelho, ahora da Cruz e da Glória. Nessa altura, também Jesus há de tratar sua Mãepor "Mulher" quando a dá por mãe ao discípulo amado, quando a dá pormãe a cada um de nós.E vale a pena dizer que, na organização deste capítulo acompanhamosJesus e os seus ao longo de uma semana; sobre o último dia, o docasamento em Caná da Galileia, diz-se «três dias depois». Ora o terceiro diaaponta logo para a Ressurreição do Senhor.Voltando ao texto, notamos que a confiança daquela Mãe no seu Filho éinabalável; e a sua recomendação de então continua atual para cada um denós, hoje: "Fazei tudo o que Ele vos disser".E, depois, ouvimos a sóbria narração do primeiro sinal de Jesus: a águatransformada em vinho.Já agora, recordo-vos aquela observação do chefe de mesa: «Depois deterem bebido bem»... imaginem o efeito! É que o sinal de Jesus, o Seu Amor,a Sua Graça é sempre um excesso.Transformar a água do quotidiano no vinho novo da festa é o modo de fazerde Jesus. E, se queremos viver com Ele e como Ele sobre a terra, é tambéma nossa maneira de agir.Como em Caná, também aqui Jesus háde manifestar «a sua glória» paraque «os seus discípulos» continuem a acreditar «n'Ele».

P. José Manuel Pereira de AlmeidaCoordenador Nacional da Pastoral da Saúde

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Cancro com Humor

Como é que se faz humor para umaplateia composta por pais, com umbebé de dois meses com cancro, aocolo, doentes oncológicos, a quemlhes foram dadas péssimas notícias,pessoas que perderam familiares?Como é que se brinca com ocancro, com a morte? Mas isto fazalgum sentido? Para pais, faz algumsentido? Começo as minhaspalestras Cancro

com Humor, sempre nervosa. Tenhoessas questões todas na minhacabeça. Como aqueles que meouvem, eu também as tenho. Seique vou tocar na ferida, sei que voudizer as coisas sem rede. Sei que,depois de dizer, está dito. Estousempre tão nervosa. Tropeço emcoisas e gaguejo. Tenho noção daresponsabilidade. Fico com medo.Penso no meu Careca

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Power. Lembro-me de como ele seria quando gozávamos com ocancro. Até ao último dia. Lembro-me de como me sentia, quando mefaziam rir a mim. Era tão bom.Concentro-me para não meesquecer que ali, não interessaapenas a "piadola". Que não é umespetáculo. É a vida real - o humoré usado, é bem-vindo, é essencialmas vem com uma missão. Lembro-me, antes de abrir a boca, porquefaço isto: Porque tem de ser maisfácil encararmos o medo. Começoentão, por explicar à plateia(inicialmente, sempre confusa)porque brinco com temas como amorte. Explico-lhes que não possoter tanto medo dela. Os pesadeloscrónicos tiveram de ser substituídospor palestras humorísticas. Foi oremédio que receitei a mim mesma.E começo por contar a minhaversão da história. Falo sempre emnome próprio, esperando que seidentifiquem. É mais fácil quandobrincamos connosco mesmo. Echegam os primeiros risos tímidos.Brinco com os médicos, gozo com ofacto de se andarem a comer todosuns aos outros, exagero nasmetáforas. Vou devagarinho, nãoquero assustar. Mas depois, faloinevitavelmente da morte e,

simultaneamente, da esperança.Contraditório? Nem pensar. Não faloda morte por ter na plateia pessoascom cancro - falo da morte por terna plateia quem? Pessoas. Bastater-se nascido para se morrer. Faloda morte com a mesma naturalidadecomo se estivesse a falar para aMiss Saúde. Todas estas palavrasque nos assustam, cancro,metástase, morte, estão todas nacabeça destas pessoas. Vouapenas falar do que todos jásabemos. Depois de dizermos aspalavras, olhamos para nós econtinuamos vivos. E começamostodos a pensar: "Espera lá, nãomorri por falar disto. Aliás, eu até meestou a sentir superior a toda estatragédia por estar a gozar com ela.Porra, sou do caraças". E então vêmas gargalhadas. E a partilha. E amãe que diz, "a minha filha, segundoos médicos, não deveria estar viva,mas está! E ainda bem que viemoscá hoje, depois deste dia tão duro",e os olhos com lágrimas, e a forçaque se sente. Tem de haver umaforma mais fácil de fazermos isto. Ea forma é esta. Quando não hárede, quando a vida é tão crua, tãodireta, tão frontal, faz algum sentidoter medo de rir? No final do dia, sãodesses risos que nos queremoslembrar.

Marine Antunes

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A fé na saúde e na doença

A doença “permanente” e oscuidados constantes destadebilidade física foram “umanovidade” para monsenhor AugustoCabral, reitor do Santuário do SantoCristo dos Milagres, que o obrigou anovas rotinas e adaptações.Este sacerdote, natural da Ilha deSão Miguel (Açores), tem quase 80anos e confessou à AgênciaECCLESIA que

os “princípios e os valoresadquiridos” ao longo da vida sãouma ajuda fundamental nesteperíodo de sofrimento.No testemunho deste sacerdoteaçoriano, quando se aproxima o DiaMundial do Doente (11 de fevereiro),monsenhor Augusto Cabral realçaque as “pessoas têm de se habituara viver com a saúde e também coma doença”.

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Os valores e a fé são pilares queajudam a ultrapassar “os obstáculose as dores”, sublinhou o antigodiretor do Secretariado Nacional daEducação Cristã.Para quem é mais sensível, o padreaçoriano pede às pessoas para“não colocarem em causa outrosvalores importantes, como a vidafutura”.“Confiar em Jesus Misericordiosocomo Maria” é o tema da mensagemdo Papa Francisco para o DiaMundial do Doente deste ano, ondeassinala que a doença coloca a féem Deus “à prova” mas revela “todaa sua força positiva”. O sacerdote, pela sua fé eespiritualidade, é levado a encararos limites da doença e do sofrimentocomo um meio para a vida eterna.“A situação de doença” ajudou-o aentrar num processo “depurificação” e “redenção”, afirmou.Os sacrifícios e o lado limitador dadoença fazem parte do “crescimentoespiritual”, no sentido da “felicidadeeterna”, reconhece monsenhorAugusto Cabral.A mensagem do Papa Franciscodesenvolve-se sobre o episódiobíblico das bodas de Caná, “umícone da

Igreja” e destaca a “esperança” queexiste neste acontecimento paratodos onde se “manifestam ostraços distintivos de Jesus e da suamissão” e revela a “solicitude” deMaria que “reflete a ternura deDeus”.Nesta linha, o reitor do Santuário deSanto Cristo dos Milagres, localizadoem Ponta Delgada, Ilha de SãoMiguel, desabafa que“extremamente importante” ter uma“energia e uma força muito forte”.Apesar das dores permanentes,monsenhor Augusto Cabral vivecentrado na palavra “esperança”porque é ela que lhe permite sonharque um dia possa ter “o equilíbrio ea recuperação”.A “esperança é uma luz” queacompanha sempre este sacerdotenatural da Ilha de São Miguel.A doença ajuda as pessoas avalorizarem a saúde porque esteestado limitativo pode “tomar contada vida da pessoa”, alertou.A todos os doentes, monsenhorAugusto Cabral aconselha a nãodesanimarem porque existe “umsentido superior na vida”.

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Formação sacerdotal com atenção àfragilidade das pessoasDois jovens seminaristas de Lisboaexplicam que mudaram a sua atitudeperante a pessoa em estado dedoença pela experiência quetiveram na Pastoral da Saúde, maisconcretamente depois decolaborarem com a capelania doHospital de Santa Maria e na casade acolhimento das IrmãsMissionárias da Caridade.“Eu guardo essas experiências paraa vida e se um dia Ele me concederser sacerdote então utilizarei tudoisso que vivi para o meu trabalho”,revela Tiago Roque, que está noterceiro ano no Seminário dosOlivais.Nesta casa das Irmãs Missionáriasda Caridade, em Chelas, ao jovemseminarista levantavam-se muitasquestões, uma vez que naquelarealidade era ele que cuidava depessoas em “final da vida” quandohá uns anos, “quando era bebe”,podiam “perfeitamente” ter sido elasa cuidar dele.“Acredito que para aquelas pessoasisso deve ser difícil mas a verdade éque nós estamos ali e somoschamados a fazer tudo com muitocarinho e respeito pela pessoa”,

acrescenta Tiago Roque na zonaloriental da cidade de LisboaDany Gil, frequenta o quarto ano doSeminário dos Olivais, de Lisboa, erevela que o que mais o inquietou

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nesta casa de acolhimentofoi conhecer pessoas que “estavamrealizadas profissionalmente”, comoprofessores de economia e gestoresde empresas, e que devido ao“flagelo” da droga acabaram porperder as suas vidas.A capelania do Hospital de SantaMaria, em Lisboa, é também umlocal de formação à Pastoral daSaúde dos dois jovens seminaristas.“Ajuda-nos a amadurecer o nossoolhar sobre o ser homem segundoas nossas fragilidades e, portanto,saber olhar esta diferença nosofrimento”, comenta Dany Gil.Segundo o seminarista doquartoano para além de distribuir acomunhão, muitas vezes era sópedido a presença física e aspalavras davam lugar ao silêncio oueram ouvidos atentos.“Hoje perceboa razão pela qual não tinha palavraspara dizer ao doente porquerealmente a experiência do sofrimento é pessoal que só mesmoa própria pessoa que a vive a sentede maneira isolada.A pessoa que vai só pode estaraberta à escuta e fazer silêncio”,acrescentou.Este serviço na capelania dohospital é feito ao domingo demanhã e para Tiago Roque levantarcedo era sempre

difícil. O jovem natural da Lourinhãlevava a comunhão aos doentesque a desejassem receber. “Masnão só, acabávamos por ficar comos doentes e era-nos pedida essaatenção para que pudéssemos ouvi-los, sobretudo isso.”Para o seminarista que estuda noterceiro ano para estes encontroslevava a ideia que “ia mudaralguma”, afinal os doentesprecisavam de receber Jesus e “eraisso que levava”.“Com as formações e com aexperiência, com o trabalho com osdoentes aquilo que pude perceber éque não é nada disso, ou seja, émuito mais aquilo que nósaprendemos quando vamos aoencontro e estamos com eles doque propriamente aquilo quelevamos a eles”, desenvolveu TiagoRoque.Os doentes também queriam falardos seus “problemas e daquilo quesentem”, acrescenta, recordandoque desta experiência na Capelaniado Hospital de Santa Maria, viu“muita esperança”.“Esta experiência do hospital foitambém enriquecedor para viver adoença de familiares, como a minhamãe e tios”, acrescenta ainda DanyAlves.

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Primeiro olhar à mensagem do PapaFrancisco para o Dia Mundial dasComunicações Sociais 2016 (parte 2)Na passada semana apresentei aprimeira parte da minha leitura àmensagem que o Papa Franciscopublicou para o dia mundial dascomunicações sociais intitulada“Comunicação e Misericórdia: umencontro fecundo“. Esta semanafica a segunda parte dessa reflexão.A sociedade em geral pode pensarque é utópica a vivência emcomunidade enraizada namisericórdia, mas, e aí o papaFrancisco utiliza esta comparaçãovárias vezes, somo convidados apensar nas “nossas primeirasexperiências de relação no seio dafamília”. Os Pais amam-nos eapreciam-nos “mais pelo que somosdo que pelas nossas capacidades eos nossos sucessos”, portanto “acasa paterna é o lugar onde sempreés bem-vindo (cf. Lc 15, 11-32)”.Então façamos da sociedade “umacasa ou uma família onde a portaestá sempre aberta e se procuraaceitar uns aos outros”.Para que tudo isto que até aquisurta efeito e faça sentido temos desaber

escutar. Porque “escutar é muitomais do que ouvir”. Se por um ladoouvir “diz respeito ao âmbito dainformação, escutar, ao invés,refere-se ao âmbito da comunicaçãoe requer a proximidade”. Paraescutarmos teremos de ser capazesde “partilhar questões e dúvidas,caminhar lado a lado”, colocando-nos numa posição de humildadecolocando “as próprias capacidadese dons ao serviço do bem comum”.O bispo de Roma reconhece queescutar nunca é fácil e portanto porvezes será mais fácil fingirmo-nossurdos. Isto porque “escutarsignifica prestar atenção, ter desejode compreender, dar valor,respeitar, guardar a palavra alheia”e nesta ação de escuta, poderemosmesmo tirar uma leitura teológica,nesta escuta “consuma-se umaespécie de martírio, um sacrifício denós mesmos em que se renova ogesto sacro realizado por Moisésdiante da sarça-ardente: descalçaras sandálias na «terra santa» doencontro com o outro que me fala(cf. Ex 3, 5)”.

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Quase a terminar entramos no cumeda mensagem olhando agora paraos meios de comunicação digital.Uma primeira ideia a retirar é a deque os “e-mails, sms, redes sociais,chat podem ser formas decomunicação plenamentehumanas”, porque “não é atecnologia que determina se acomunicação é autêntica ou não,mas o coração do homem e a suacapacidade de fazer bom uso dosmeios ao seu dispor”. Por outrolado, “o ambiente digital é umapraça, um lugar de encontro, onde épossível acariciar ou ferir, realizaruma discussão proveitosa ou umlinchamento moral”, portanto emrede e na rede “também se constróiuma verdadeira cidadania” e queela “pode ser bem utilizada parafazer crescer uma sociedade sadiae aberta à partilha”.

Esta mensagem termina da mesmaforma que começa, relacionandoeste encontro entre comunicação emisericórdia. Essa relação seráfecunda “na medida em que geraruma proximidade que cuida,conforta, cura, acompanha e fazfesta”. Porque “num mundo dividido,fragmentado, polarizado, comunicarcom misericórdia significa contribuirpara a boa, livre e solidáriaproximidade entre os filhos de Deuse irmãos em humanidade”.

Fernando Cassola [email protected]

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Apps para ajudar a ter umaorante Quaresma A quaresma está à porta. Inicia-se jána semana que vem. Existem muitasaplicações sobre a quaresma, masa maior parte em inglês. Emportuguês são mais raras. Em inglês sugiro CRS Rice BowlApp; Lentsanit, Verbum, Xt3.com. Em português, apresento algumasaplicações que nos podem ajudar ater uma quaresma mais frutífera,orante e santa. ThePopeApp. O aplicativo disponibiliza as homiliasdo para Francisco e os twitter. Doisexcelente recursos para meditarmose rezarmos ao longo da quaresma. iBreviary.Esta aplicação não é só umaaplicação com a Liturgia das Horas.A aplicação contém as leiturasdiárias, missal, rituais e oraçõespara várias ocasiões. Passos-A-Rezar.Leva contigo a tua oração. Pretende“chegar à cultura da vida daquelesque rezam todos os dias e que, noencontro com Jesus Cristo,ganham

força para transformar o mundo”.Em passos diários obtemos oresumo da oração proposta paracada semana. Este arquivo áudio écomposto por “uma prece diária de10 a 12 minutos, com música defundo, introdução, uma leitura –normalmente o Evangelho do dia – epontos de oração inspirados naespiritualidade de Santo Inácio deLoyola”.

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Lugar Sagrado.Somos convidados a criar um"Lugar Sagrado" no dia e a passardez minutos a rezar, em frente docomputador, com orientações noecrã e com a leitura escolhidaespecialmente para cada dia.Poderão ser impressas as orações. RETIRO QUARESMA.Servindo-nos da apresentação,“para ajudar este caminho deQuaresma, o Passo-a-Rezar, emcolaboração com o Lugar Sagradofaz a proposta de um Retiro, paraser lido, ou para ser ouvido, emcasa ou em qualquer lugar. Constade uma introdução e sete sessões,divididas em várias etapas. O tema do Retiro disponibilizado é“Chamados a ser Santos”, inspiradona Carta de S. Paulo aos Romanos. Uma Santa Quaresma!

Bento Oliveira

@iMissiohttp://www.imissio.net

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A alegria da missãona sociedade secularizada“IGREJA SINODAL — A alegria damissão na sociedade secularizada”é o mais recente livro de GeorginoRocha, sacerdote da Diocese deAveiro. Com chancela de TempoNovo, a edição contou com o apoioda Santa Casa da Misericórdia deAveiro.O autor dedica este seu trabalho aD. António Francisco, atual Bispo doPorto, «pelo seu estilo de ser BispoPastor no meio do povo», ao PadreRicardo Lombardi e ao GrupoPromotor do Movimento por umMundo Melhor, à Orbis, projetodiocesano de animação missionária,e, ainda, ao cinquentenário doConcílio Vaticano II. Curiosamente,ou talvez não, Georgino Rochaevoca a data 24 de maio de 2015,dia da beatificação de Dom ÓscarRomero.Na Apresentação, que tem porsubtítulo “O caminho dos Discípulosde Emaús”, o autor sublinha queaqueles discípulos percorreram «umcaminho paradigmático para cadapessoa, para as comunidadescristãs e, de certo modo, para ahumanidade no seu peregrinar nahistória». Sendo certo que noslegaram «a rica

experiência do encontro e dodiálogo», assinalando «o itineráriovivido, a transformação operada, odesencanto vencido, o entusiasmorecuperado e a alegria revigoradapor um novo ardor que brota docoração confiante», GeorginoRocha diz que «Jesus reassume aliderança do processo» com agarantia de que estará «sempreconnosco» e connosco cooperará«no serviço» que nos confia «comtodas as energias e bênçãos».Depois de outras considerações,pertinentes e bem fundamentadas, oautor evoca o trabalho do II Sínododa Igreja de Aveiro (1990-1995),agendado por D. António Marcelino,salientado que Jesus foi «ocompanheiro de viagem e o mestreda leitura dos acontecimentos», mastambém enaltece a importância dos«processos de diálogo ediscernimento, de funcionamentosadio de grupos e de animação deassembleias, de tomada de opçõese de elaboração de decisões», bempatentes no livro que recentementeviu a luz do dia, em jeito decomemoração da entrada em

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vigor das decisões sinodais, 11 dedezembro de 1995.No Prefácio, com o subtítulo “Asinodalidade na vida da Igreja”, D.João Lavrador, Bispo Coadjutor deAngra, Açores, evoca «os diversosdinamismos de renovação eclesialdespertados pelo Concílio VaticanoII, referindo que os sínodos, «sejados bispos, seja diocesanos, sãodos mais relevantes», porque«traduzem em si mesmos toda areflexão conciliar expressa nos doisconceitos abrangentes decomunhão e missão». Diz que a«dimensão da comunhão eclesialque se torna manifesta no sínodoestá mais presente na mente dePaulo VI» e acrescenta que, no quediz respeito aos sínodosdiocesanos, a «renovaçãointroduzida pelo Concílio Vaticano IIé mais abrangente», porque parteda noção de Povo de Deus «do qualtodos os batizados são membrosativos», exigindo-se a «integraçãodos fiéis leigos, religiosos econsagrados na sua composição».Ao longo de 11 capítulos,enriquecidos por textosnormalmente curtos, porémelucidativos, são abordadasinúmeras questões por ondeperpassam temas comoreligiosidade flutuante, comunhãoorgânica e dinâmica,

corresponsabilidade na missão,espiritualidade diocesana, Igrejasinodal com experiências e desafios,assembleia sinodal com a suadinâmica e articulação e, ainda,Sínodo de Aveiro como caminho derenovação, entre outros títulospróprios de uma Igreja aberta aofuturo.

Fernando Martins

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II Concílio do Vaticano: Asdiscussões chegavam às diocesesultramarinas?

Após o encerramento do II Concílio do Vaticano (1962-65), alguns bispos de Angola falaram sobre o impactodos trabalhos conciliares nas dioceses daquelaprovíncia ultramarina. D. Daniel Gomes Junqueira(Bispo de Nova Lisboa - Angola) realçou que o clero eo laicado daquela diocese acompanharam “comsuficiente profundidade” as discussões que brotaramdaquela assembleia magna convocada pelo PapaJoão XXIII e seguida pelo seu sucessor, Paulo VI.Aquele bispo, que na altura tinha 71 anos, referiu quedos “166 sacerdotes, quer do clero secular quer doclero regular”, que trabalham na Diocese de NovaLisboa, recebeu “provas de que todos seinteressaram pelo concílio”. “Os 5150 catequistas,representando os leigos da diocese, reuniram todosos dias os fiéis e catecúmenos das suas aldeias nacapela-escola para rezarem em comum pelo bom êxitodo concílio”, confessou o prelado dos missionáriosespiritanos ao Boletim de Informação Pastoral (BIP) deJaneiro-Março de 1966.Apesar da Diocese de Nova Lisboa ser a maispequena em área das dioceses de Angola, era umadas “mais populosas e cristãs” com cerca de 700 milcatólicos. Esta atenção aos trabalhos realizados noVaticano levou D. Domingos Junqueira a referir:“Prova evidente da compreensão das vantagens queesperam do concílio”.Por sua vez, D. Altino Ribeiro de Santana, bispo de Sáda Bandeira (Angola), sublinhou que muita informaçãorelativa aos trabalhos conciliares chegava aos padresda sua diocese através dos jornais e revistas. Comoeram

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provenientes de vários locais, osconterrâneos enviam-lhes“periódicos e revistas que aoconcílio dedicaram páginas derelevo”. Mesmo os padres dasmissões do interior “tiverampossibilidades de estarem aocorrente dos debates e realizaçõesconciliares e as souberamaproveitar”, disse o prelado que naaltura tinha 50 anos e era natural deGoa.Em relação aos leigos, o bispo deSá da Bandeira realça que o laicadonão encontrava na imprensa local“elementos para um esclarecimentocriterioso e sistemático” e isto “nãoobstante o meritório esforço de «O

Apostolado» durante os últimosperíodos do concílio”.A diocese do Luso (Angola) tinhacomo pastor D. Francisco EstevesDias, da Ordem de São Bento, e eramuito recente “dois anos e meio deexistência” quando encerrou o IIConcílio do vaticano. “O laicadomais responsável da diocese pôdeacompanhar os trabalhosconciliares, mas estou convencidode que o não fez com suficienteprofundidade”. E conclui: “Serátarefa pós-concílio o serviço departir o pão em pequeninos”.

D. Daniel Gomes Junqueira, D. Altino Ribeiro de Santana, D. FranciscoEsteves Dias

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fevereiro 2016 06 de fevereiro* Portalegre - Conselho PastoralDiocesano * Coimbra - Figueira da Foz -Assembleia diocesana do Ano daMisericórdia sobre «A Liturgia, ossacramentos e a misericórdia» pelocónego Luis Manuel Pereira daSilva, da diocese de Lisboa.

* Portalegre - Dia diocesano doconsagrado

* Lisboa - Colares (FundaçãoBetânia) - Encontro «A urgência deanunciar a misericórdia de Deus»promovido pela Fundação Betânia * Porto - Casa de Vilar - Jornadadiocesana da Pastoral Familiar como tema «Família - berço e escola demisericórdia» com conferências deD. António Couto; padre José NunoFerreira da Silva e padre João deDeus Costa Jorge.

* Madeira - Funchal (Parque doMontado do Pereiro) - Diadiocesano dos acólitos

* Portalegre - Dia Diocesano doAcólito

* Madeira - Funchal (Igreja de SãoMartinho) - Conferência sobre«Viver a misericórdia na família» porMarco Gomes e integrada najornada sobre a família.

* Lisboa - salão da Paróquia deSanto António de Nova Oeiras - Encontro cristão da grande Lisboa,iniciativa ecuménica que pretendejuntar em festa as «várias Igrejascristãs» da região e subordinado aotema o «ADN: Amor de Deus emnós».

* Braga - Auditório Vita - Concertosolidário com «Padre Sandro eEvangelium Cantate» para as obrasda paróquia de São Victor de Braga * Guarda - Centro Apostólico -Conselho Pastoral da Diocese daGuarda * Fátima - Encontro dos delegadosdo Movimento Apostólico deAdolescentes e Criança (06 e 07)

* Leiria - Marinha Grande -Conferência nacional Alpha com otema «Experimentar a misericórdiade Deus» (06 e 07)

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* Fátima - Centro Catequético - Encontro interdiocesano decatequistas da zona centro do país(Leiria-Fátima, Lisboa, Santarém,Setúbal e Portalegre- casteloBranco) com o tema «Creio:Professo um só batismo para aremissão dos pecados». (06 e 07) * Fátima - Casa de Nossa Senhorado Carmo - Retiro dos catequistasdo Patriarcado de Lisboa com otema «O sonho missionáriode chegar a todos, pelamisericórdia» e orientado pelopadre Jorge Anselmo. (06 e 07) * Viana do Castelo - Centro PastoralPaulo VI - Encontro diocesano daLiturgia sobre a «Misericórdiacelebrada: Sacramentos de Cura»(06 e 07) * Fátima - Centro Pastoral Paulo VI - Semana de Estudos sobre a VidaConsagrada com o tema«Misericórdia e Vida Consagrada»(06 a 09) Dia 07 de fevereiro* Fátima - Peregrinação Nacionaldos Consagrados ao Santuário deFátima. * Lisboa - Dia nacional daUniversidade CatólicaPortuguesa inspirado na encíclica«Laudato si»

* Fátima - Encontro da Associação«Amigos do Instituto FranciscanasMissionárias de Maria» * Coimbra - Sé Nova - Bênção dascrianças promovido peloSecretariado Diocesano da PastoralFamiliar Dia 08 de fevereiro* Lisboa e Setúbal - Encerramento (Início a 08 dedezembro) do projeto artístico«Peregrinação» da autoria de DavidOliveira. * Coimbra - Baixa da cidade - ACáritas Diocesana deCoimbra promove um desfile deCarnaval em que estão envolvidas1200 pessoas. * Fátima - Museu de Arte Sacra eEtnologia - Atividade destinada acrianças «Um dia na terra dossonhos...» promovida pelo serviçoeducativo do Consolata Museu -Arte Sacra e Etnologia (MASE). * Fátima - Livraria da Paulus - Lançamento do livro «Caminhos deVida Consagrada» da autoria deAires Gameiro. * Vaticano - Reunião do Conselhode cardeais com o Papa Francisco(08 e 09)

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Atores, músicos e cantores portugueses vão participarhoje, em Lisboa, na vigília de oração ‘Rezar a NossaSenhora de Fátima pela voz dos artistas’,interpretando obras de autores de referência nodomínio da música e da poesia. No sábado, a Figueira da Foz (Diocese deCoimbra) acolhe a Assembleia diocesana do Anoda Misericórdia sobre o tema «A Liturgia, ossacramentos e a misericórdia» pelo cónego LuisManuel Pereira da Silva, do Patriarcado deLisboa. O Santuário de Fátima acolhe de 6 a 9 de fevereiro aSemana de Estudos sobre a Vida Consagrada, com otema «Misericórdia e Vida Consagrada». No domingo,tem lugar a Peregrinação Nacional da VidaConsagrada, sob a presidência de D. ManuelClemente. Os católicos começam a viver a Quaresma com acelebração de Cinzas, a 10 de fevereiro. Este éum período de 40 dias, excetuando os domingos,marcado por apelos ao jejum, partilha epenitência, que serve de preparação para aPáscoa, a principal festa do calendário cristão.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h30Domingo, 07 de fevereiro -Entrevista a Maria da GlóriaGarcia no Dia daUniversidade CatólicaPortuguesa. RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 08 -Entrevista sobre o FestivalTerras Sem Sombra com JoséAntónio FalcãoTerça-feira, dia 09 -Informação e entrevista sobreo Carnaval com José LuísNunes Martins.Quarta-feira, dia 10- Informações e entrevista aopadre Rui Valério, Missionário da MisericórdiaQuinta-feira, dia 11 - Informação e entrevistaHermenigildo Encarnacao sobre Doutrina Social daIgreja.Sexta-feira, dia 12 - Entrevista de análise à liturgiade domingo com o cónego António Rego e padre VitorGonçalves. Antena 1Domingo, dia 07 de fevereiro - 06h00 - Ocentenário das Aparições em Fátima e o Dia daUniversidade Católica Portuguesa Segunda a sexta-feira, 08 a 12 de fevereiro - 22h45 - Carnaval: ator Júlio Martín e encenadoraMaria João Rocha; Quarta-feira de Cinzas com padresRui Valério e Paulo Coelho; Dia Mundial do Doente:testemunhos de Mons. Augusto Cabral e seminaristasTiago Roque e Dany Gil

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Ano C – 5.º Domingo do TempoComum Seguir Jesus…só com plenaconfiança!

O Evangelho deste quinto domingo do tempo comum,em que Lucas apresenta um grupo de discípulos quedeixaram tudo para seguir Jesus na mesma barca davida, faz-nos pensar na nossa identidade cristã, nanossa vocação e missão.O quadro apresenta o chamamento aos discípulospara serem pescadores de homens, depois de Jesuslhes ter mandado lançar as redes ao mar para umapesca que, na perspetiva de profissionais do ramo,não daria qualquer fruto. Da pesca no lago deGenesaré percebiam eles.Primeira provocação de Jesus a Simão: “Faz-te aolargo e lançai as redes para a pesca”. Respostaprofissional de Pedro, mas também de início deconfiança: “Mestre, andámos na faina toda a noite enão apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei asredes”. A sequência dá-nos conta da grandequantidade de peixes recolhida, onde em princípio nãodeveria haver nada, e a profissão de fé de Pedro aospés de Jesus: “Senhor, afasta-Te de mim, que sou umhomem pecador”. E termina com o convite à confiança:“Não temas. Daqui em diante serás pescador dehomens”. A resposta final de vida é plenamenteconfiante no Senhor: “Eles deixaram tudo e seguiramJesus”.Reconhecemos aqui o mesmo caminho que somoschamados a percorrer na fé. Ser cristão é confiar emJesus. Isso implica estar com Ele no mesmo barco,escutar as suas propostas, fazer o que Ele diz, cumpriras suas indicações, lançar as redes ao mar. Às vezes,as propostas de Jesus podem parecer ilógicas,incoerentes e ridículas, face aos esquemas e valoresdo mundo; mas é preciso confiar incondicionalmente,entregar-se nas mãos d’Ele e cumprir à risca as suasindicações.

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No ideário judaico, o mar era o lugardos monstros, onde residiam osespíritos e as forças demoníacasque procuravam roubar a vida e afelicidade do homem. Confiar emJesus é reconhecer que Ele é oSenhor, que preside com amor aomundo e à história, Ele é a únicarazão de ser da nossa fé, como nostransmite São Paulo na segundaleitura: «Cristo morreu... foisepultado e ressuscitou ao terceirodia... e apareceu a Pedro e a todosnós...» Se assim não fosse, a nossafé não teria qualquer sentido.Só com plena confiança no Senhoros discípulos podem continuar aobra libertadora de Jesus,procurando

libertar o homem de tudo aquilo quelhe rouba a vida e a felicidade,salvar o homem de morrer afogadonos mares da opressão, doegoísmo, do sofrimento, do medo,enfim, das forças contrárias queimpedem a sua felicidade.Deixar tudo e seguir Jesus exigeplena confiança e totalgenerosidade, como sinaisdistintivos dos crentes e dascomunidades cristãs. Oxalá sejamestas as ondas radicais ondecontinuamos a navegar nos maresda vida.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Papa encerra Ano da VidaConsagradae projeta futuro

O Papa encerrou no Vaticano o Anoda Vida Consagrada numacelebração na Basílica de SãoPedro, durante a qual alertou paraas “feridas” da humanidade queexigem uma resposta da IgrejaCatólica. “Os consagrados econsagradas são chamados a sersinal concreto e profético daproximidade de Deus, da partilha dacondição de fragilidade, de pecadoe das feridas do homem do nossotempo”, declarou, na homilia daMissa a que presidiu.

A celebração aconteceusimbolicamente no dia da festalitúrgica da Apresentação de Jesusno Templo, em que a Igreja Católicaassinala anualmente o Dia da VidaConsagrada.A Basílica de São Pedro acolheucentenas de membros de institutosreligiosos, seculares e desociedades de vida apostólica. “Osconsagrados e as consagradas sãochamados acima de tudo a serhomens e mulheres do encontro”,assinalou Francisco.

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O Ano da Vida Consagradacomeçou em novembro de 2014 poriniciativa do próprio Francisco,primeiro Papa jesuíta da história daIgreja. “Todas as formas de vidaconsagrada, cada uma segundo assuas caraterísticas, são chamadas aum estado permanente de missão,partilhando as alegrias e asesperanças, as tristezas e asangústias do homem de hoje,sobretudo dos pobres e de todos osque sofrem”, realçou o Papa.A homilia apresentou a vocação dosconsagrados como uma “graça doSenhor” que surge através de umencontro que “muda a vida”.“Também nós somos chamados hojea fazer escolhas proféticas ecorajosas”, observou.Francisco falou como consagrado,ele próprio, e evocou os fundadoresdas várias congregações einstitutos, homens e mulheres que“não tiveram medo de sujar as mãoscom a vida quotidiana, com osproblemas das pessoas,percorrendo com coragem asperiferias geográficas e existenciais”.A celebração começou com abênção das velas e a procissão atéao altar, onde o Papa recordou umano vivido com “muito entusiasmo” eque agora desemboca no Jubileuda

Misericórdia, a decorrer aténovembro.Francisco disse que o Ano da VidaConsagrada se pode resumir naatitude de “gratidão pelo dom doEspírito Santo, que anima sempre aIgreja através dos diversoscarismas”.Os membros das congregaçõesreligiosas fazem a profissão públicados conselhos evangélicos[pobreza, castidade e obediência],assumidos por votos ou outrosvínculos, vivendo em comunidade.Os membros dos institutosseculares, por sua vez, fazem amesma profissão de pobreza,castidade e obediência, vivendo asós, em família ou em grupo de vidafraterna, segundo as normaspróprias.

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Profecia, proximidade e esperança,as receitas do PapaO Papa recebeu cerca de 5 milconsagrados e consagradas noVaticano, na reta final do ano que aIgreja lhes dedicou, apresentadotrês “pilares” para a sua vida, a“profecia, proximidade eesperança”. Francisco deixou delado o discurso que tinha preparadoe falou de improviso aosparticipantes no Jubileu da VidaConsagrada, durante um encontroque durou cerca de uma hora,sublinhando a importância da“proximidade”.“Homens e mulheres consagradas,não para afastar-me das pessoas eter todas as comodidades, não:para aproximar-me e compreender avida dos cristãos e dos não-cristãos,os sofrimentos, os problemas etantas coisas, tantas coisas queapenas se entendem se um homemou uma mulher consagrada setornar próximo, na proximidade”,advertiu.O Papa sublinhou que esta formade vida na Igreja Católica não servepara subir na “escala social”, não é“um status de vida” que faz olhar osoutros de longe. “A vida consagradadeve

levar à proximidade com aspessoas, proximidade física,espiritual”, insistiu.Nesse sentido, Francisco assinalouque cada irmão da comunidadereligiosa é “o primeiro próximo”,advertindo depois contra o“terrorismo” da maledicência, a quecontrapôs a virtude de “dominar alíngua”.A intervenção começou por elogiar a“profecia da obediência”, um dostrês votos dos consagrados, umaobediência que não é do estilo“militar”, mas de “doação docoração”. “A profecia é dizer que háalgo mais - de mais verdadeiro,maior, melhor - a que todos somoschamados”, explicou.

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Lisboa: encerramento do Ano da VidaConsagradaO cardeal-patriarca de Lisboa destacou que os consagrados reproduzemo “estilo de vida de Jesus” de entrega a “Deus e ao serviço do próximo” eneste ano especial as comunidades “ganharam mais consciência” destaforma de vida. “Julgo que o saldo mais positivo é que com muitas açõesque se sucederam ao longo do ano, as comunidades ganharam maisconsciência do que são os consagrados na Igreja como vocação deespecial consagração”, disse D. Manuel Clemente no Pavilhão Multiusosde Odivelas.À Agência ECCLESIA, o prelado assinalou que todas as vocações daIgreja “sublinham um ou outro aspeto da vida total de Cristo”, quenenhum “consegue esgotar” e cada um no seu lugar através da vocaçãoque Deus dá “cumpre, representa um aspeto, uma faceta importante”.Neste contexto, o cardeal-patriarca de Lisboa explicou que pretendia“valorizar o que significou e significa” a consagração de cada pessoacomo uma realidade que “abre a Igreja a um horizonte definitivo que nãodemite das realidades concretas do dia-a-dia”.“Dá outro espírito e outro horizonte que não fiquemos presos nacircunstância mas fiquemos presos no absoluto”, observou.

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1071 missionários da misericórdiapara todo o mundo

O número de sacerdotes que vãoser enviados pelo Papa este anocomo “missionários da misericórdia”,no âmbito do Ano Santo, superou asexpetativas traçadas pela Santa Sé.O presidente do Conselho Pontifíciopara a Nova Evangelização,adiantou que "serão 1071 osmissionários da misericórdia" queirão ser chamados a “exprimir abeleza do perdão de Deus” emtodos os continentes.D. Rino Fisichella agradeceu oempenho das dioceses e dos bisposde todo o mundo em “superarem o

número missionários da misericórdiaque a Santa Sé havia traçado”.Grande parte destes 1071sacerdotes vão estar em Roma nopróximo dia 10 de fevereiro, naQuarta-feira de Cinzas, celebraçãoque marca o início da Quaresma,para receberem do Papa Franciscoo “mandato” para a sua missão.O padre Rui Valério, da Paróquia daPóvoa de Santo Adrião, em Lisboa,é um dos sacerdotes que o Papa vaienviar como “missionários damisericórdia”. “Ser nomeado,

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escolhido para missionário damisericórdia é qualquer coisa quenos remete para uma grandeza euma dimensão que não é só nossa”,realça o membro da congregaçãodos Padres Monfortinos, ementrevista concedida à AgênciaECCLESIA.Para o sacerdote, ser missionárioda misericórdia é um motivo de“alegria plena”, uma “graça”, mas aomesmo tempo umaresponsabilidade. “A misericórdia éalgo que eu só partilharei, darei,oferecerei, se eu próprio a receberde Deus, salientou.O sacerdote lembrou ainda que oobjetivo do Papa Francisco, aoenviar estes 1071 missionários damisericórdia é ajudar a “sarar asmuitas feridas que dilaceram ocoração e a vida de tantos homense mulheres”.Abraçar a missão de missionário, nocontexto do Ano da Misericórdia, é“abraçar todo um programa devida”, acrescenta o religiosomonfortino, que destaca aimportância de poder ser “sinal”para os outros, de poder “indicar”um caminho para “o coraçãomisericordioso de Deus”. E apossibilidade de “apresentar a Deuso que são os pedidos, as súplicas,as

preces e necessidades do povo eda humanidade”, complementa.Os sacerdotes missionários damisericórdia, segundo o PapaFrancisco, vão ter “o poder deperdoar mesmo os pecados queestão reservados à Santa Sé, paraque se torne evidente a amplitude oseu mandato”.Terão por exemplo, a faculdade deperdoar pecados como aprofanação da Eucaristia, a violaçãodo sigilo sacramental (por parte deum sacerdote) ou a violência físicacontra o Papa, por exemplo. Vãopoder ainda absolver o pecado doaborto, algo que atualmente estáreservado aos bispos, que a podemdelegar a penitenciários de algumasbasílicas e santuários.

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Apresentar a Mensagem com novaslinguagens para chegar a novospúblicos

O reitor do Santuário de Fátimaafirmou em entrevista à AgênciaECCLESIA que a celebraçãoCentenário das Aparições “tem depassar por novas linguagens” parachegar “a quem não se sente“sintonizado” com Fátima. “Nóstemos consciência de que a fé hojetem de passar por novaslinguagens. O grande desafio é não

ficar nas linguagens que já usamos”,disse o padre Carlos Cabecinhas,em relação ao programa dascelebrações do Centenário dasAparições.“Quisemos envolver a dimensão daimagem, através da fotografia,propondo um concurso fotográfico,e também propondo às criançasitinerários diversos de envolvimento

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com a Mensagem de Fátima pelapintura, desenho, a música”, referiu.As obras musicais encomendadas aJames MacMillan e EuricoCarrapatoso e a dançacontemporânea evocativa daMensagem de Fátima a apresentarem maio de 2016 pela VorticeDance Company são exemplosapontados pelo reitor do Santuáriode Fátima da aposta em “parceirosque fossem particularmenterelevantes e linguagens que fossematuais”.“Esta escolha de linguagens teve aver com isso: chegarmos a outrosque não atenção a Fátima, não sesentem sintonizados com Fátima.Procuramos responder aos nossosperegrinos, mas procuramossempre alargar o horizonte”,afirmou.

“A arte tem esta capacidade de nostocar profundamente falando-nosum outro tipo de discurso que não éo das palavras. E quisemos nãodescurar nenhuma destaslinguagens para chegar aosperegrinos”, sustentou.O reitor do Santuário de Fátimadisse ainda que está em curso umaaposta no “mundo digital” através darenovação do sítio na internet dodesenvolvimento de aplicações paraos dispositivos móveis. “Nósqueremos proporcionar aoperegrino uma experiência feliz deFátima: um maior conhecimento damensagem, uma profundaexperiência de Deus, que está nocentro da Mensagem de Fátima, e,por outro lado, a experiência festivapor estes 100 anos das aparições”.

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Pórtico do Centenárioe Peregrinações JubilaresO reitor do Santuário de Fátimaadiantou que vai ser criado norecinto o ‘Pórtico do Centenário’,onde passarão as ‘PeregrinaçõesJubilares’ que assinalam ocentenário das aparições. “O quevai marcar estes dois anos,sobretudo 2017, são as‘Peregrinações Jubilares’ para osperegrinos que querem celebrarfestivamente connosco o centenáriodas aparições”, disse o padreCarlos Cabecinhas.O responsável adiantou que a‘Peregrinação Jubilar’ vai propor umitinerário de oração e caminhadaque passa por um ‘Pórtico doCentenário’. “Temos preparado umesquema com propostas para a‘Peregrinação Jubilar’, uma oração,um itinerário próprio do peregrinoque este ano os leva a passar pela‘Porta Santa da Misericórdia’ e, em2017, os vai convidar a atravessaso ‘Pórtico do Centenário’, que vaiser criado”, referiu.Para o reitor do santuário mariano,o ano centenário vai oferecer aosperegrinos um “conjunto depropostas celebrativas quemarquem festivamente os que vêma Fátima”.

O padre Carlos Cabecinhas referiutambém que as peregrinaçõesaniversárias em 2017, entre maio eoutubro, vão “fazer a memóriacentenária das aparições” e vão sercelebradas com “destaque”,começando já com a peregrinaçãode outubro de 2016, presidida pelosecretario de Estado do Vaticano,cardeal Pietro Parolin, que “vempreparar a vinda do PapaFrancisco”.

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Santuário abre portas a todosA partir deste mês de fevereiro,centena e meia de projetosprocuram dar vida a umacelebração “aberta ao público emgeral”, que visam “celebrar, evocar,fazer festa, contemplar e orar”,segundo o reitor do Santuário deFátima.O responsável disse aos jornalistasque a visita do Papa em maio de2017 será, naturalmente, a“iniciativa mais marcante de toda avivência do centenário”, massustentou que seria injusto ignorar oconjunto “abrangente” de iniciativasque se dirigem “ao público em geral”para chegar ao “maior número depessoas possível”.A agenda de eventos que oSantuário procura criar novosdinamismos culturais, comexposições, congressos, colóquios econcertos, entre outros.Uma das novidades apresentadas éuma exposição no Vaticano, já em2018, que tem como objetivosublinhar a relação entre “Fátima ea Santa Sé”, para além de funcionarcomo “balanço” de todo o períodocelebrativo do centenário dasAparições, segundo o padre CarlosCabecinhas.Entre as cerca de 150 iniciativas

previstas está uma projeção nafachada da Basílica de NossaSenhora do Rosário sobre Fátimacomo “fonte de luz”. “Desejamos queo programa fosse suficientementeabrangente para incluir atividadesque fossem ao encontro do maiornúmero de pessoas e grupos”,realçou o padre Carlos Cabecinhas.Carla Abreu Vaz, assessora doServiço Executivo do Centenário dasAparições de Fátima, reforçou porsua vez a intenção de “ir aoencontro de um públicodiversificado”. Nesse sentido, estãoa ser oferecidas “novas propostasde oração”, cursos de formação ede aprofundamento teológico para adivulgação da Mensagem de Fátimae uma ampla “reflexão artística”.O Santuário promove um concursode escolas católicas, prémios defotografias, concertos, novas obrasde arte e um programa musical,cultura e artístico, “desafiandovários artistas a olhar para Fátima”.A instituição prevê ainda olançamento de um novo site e deuma aplicação para dispositivosmóveis que pretende facilitar a visitados peregrinos e do público emgeral.

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Quénia: Farah, o muçulmano que morreu para salvarcristãos

O herói improvávelUm autocarro foi emboscado nonordeste do Quénia a poucosdias do Natal. Os terroristas queo atacaram queriam separar oscristãos dos muçulmanos paraos massacrarem. Houve alguémque lhes fez frente. Morreu no dia 19 de Janeiro, numacama de um hospital em Nairobi,devido a complicações pós-operatórias. Salah Farah,muçulmano, 34 anos, sobreviveuapenas 29 dias desde que oautocarro em que viajava, noQuénia, foi emboscado por umbando de jihadistas do grupo al-Shabab. Faltavam apenas quatrodias para o Natal. Normalmente, osautocarros que se atrevem aatravessar a região de Mandera sãoescoltados pelo. “Infelizmente,naquele dia não houve escolta”,explicou Farah aos jornalistas que ovisitaram no hospital dias antes daintervenção cirúrgica que se reveloufatal. Os extremistas bloquearam oautocarro e dispararam rajadas demetralhadoras que estilhaçaramlogo os vidros. Depois, aos gritos,exigiram que os cerca de 80passageiros desembarcassem.

Era o que todos temiam. Já emMandera, em 2014, ocorrera umincidente do género. Então, umautocarro foi também atacado e ospassageiros separados por grupos,conforme a religião. Os não-muçulmanos foram fuzilados.Morreram 28 pessoas, na suamaioria cristãos.Dia 21 de Dezembro de 2015. Omuçulmano Salah Farah, professornuma escola primária em Mandera,no nordeste do Quénia, estava deregresso a casa, desde MasaaiMara, onde tinha ido fazer umaacção de formação. A viagemlevava já 800 km. Estava quase achegar quando tudo aconteceu.Como o autocarro seguia semescolta, não foi difícil aos terroristasobrigarem o motorista a parar oveículo. Então, mandaram ospassageiros sair. Algo de inédito,porém, estava para acontecer.“Somos irmãos”“Disseram para nos separar.Cristãos para um lado emuçulmanos para o outro”, recordouFarah. Mas todos recusaram acataresta ordem. Ameaçadores, osterroristas fizeram novos disparos.Uma das balas

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atravessou a anca de Farah. Outrosficaram também feridos. Mas,mesmo assim, ninguém aceitouseparar-se. Os muçulmanosrodearam os cristãos e tiveram umgesto que ninguém mais iráesquecer no resto das suas vidas.“Matem-nos a todos ou deixem-nosem paz.” Perante esta reacçãoinesperada, os terroristas acabarampor silenciar as armas e partiram.Salah Farah foi transportado para oHospital Kenyatta em Nairobi, masnão resistiu aos ferimentos. Além dabala que lhe perfurou a anca, ficoucom estilhaços no braço direito.

Numa das visitas que recebeu antesda intervenção cirúrgica, falou comjornalistas. Perguntaram-lhe por quearriscou a vida para salvar oscristãos.A resposta foi imediata: “Somosirmãos. Peço aos meus irmãosmuçulmanos que cuidem doscristãos e aos cristãos que cuidemde nós. Ajudemo-nos uns aos outrose vivamos em paz.”Tinha 34 anos. Farah deu a vida poraquilo em que acreditava: a paz.

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Vida Consagrada

Tony Neves Espiritano

O Papa Francisco encerrou, em Roma, a 2 defevereiro, o Ano da Vida Consagrada. Eu tambémo encerrei, mas em Braga, com a Ordenação dedois Diáconos, originários do Gana.O Papa lembrou aos Consagrados/as de que têmuma grande história a construir. É verdade quetêm já uma história gloriosa para recordar econtar, mas isso seria muito pouco.O Papa Francisco, quando convocou este Ano,fê-lo assentar em três pilares: Gratidão, Paixão eEsperança. A cada um deles faz corresponderum tempo: recordar com Gratidão o passado;viver o presente com Paixão; construir o futurocom Esperança!Sobre a memória agradecida do passado, oPapa diz que narrar a própria história é louvar aDeus e agradecer-Lhe por todos os seus dons.O amor apaixonado é imagem de marca da vidados fundadores. O presente dos Consagradosassenta nesta Paixão pela Missão que exigefidelidade criativa. Viver com Paixão o presente –diz o Papa – significa tornar-se peritos emcomunhão, num tempo marcado por rupturas emuitas formas de violência.O futuro está a ser construído sobre os alicercesda Esperança. Esta não se funda em números ouobras de sucesso, mas na confiança quepusemos em Deus. Pede o Papa que osConsagrados não cedam à tentação dosnúmeros e da eficiência, e menos ainda àtentação de confiar nas próprias forças.Este Ano foi marcado pela Alegria de quem sesente chamado e tocado pelo Evangelho, essa

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boa notícia que muda a história dahumanidade e lhe dá sentido. Háque ser feliz e espalhar felicidade àvolta, pois não podem existirpessoas consagradas com rostostristes e marcados pela desilusão,até porque a Igreja cresce poratracção e ninguém se sentiráatraído por vidas infelizes.Essencial ainda é o sentidoprofético. Os profetas estão sempredo lado dos mais frágeis eindefesos, pois percebem que Deusestá lá. A opção pelos mais pobresnunca pode faltar: há que sair de simesmo para ir às periferiasexistenciais, sempre de braços ecoração abertos.Os Consagrados estão abertos aomundo. Um dos sinais dos temposque correm é o facto de haver cadavez mais Leigos que partilham aEspiritualidade e a Missão dosInstitutos Religiosos.

Esta partilha a todos enriquece.A última parte deste Ano da VidaConsagrada foi também Jubileu daMisericórdia. A ternura de Deusajudará, por certo, as pessoasConsagradas a serem peritas navivência do Amor de Deus.São milhares, por esse mundo além,as mulheres e os homens quepertencem a Institutos de VidaConsagrada. São vidas de Deus naterra dos Homens. Muitos vivem emcontexto de alto risco, mas nadadeve atemorizar quantos se sentemchamados por Deus a dar a vidapelo Evangelho ao serviço daJustiça, da Paz e do Amor.Os dois jovens ganeses, agoraDiáconos, partirão para a Missão emPortugal e em Moçambique. O grito‘Não tenhais medo!’ mantém emanterá uma enorme atualidade.

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