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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade De Engenharia De Alimentos CAROLINE BILHAR KARAZIACK DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO E PROPRIEDADES FUNCIONAIS DE QUEIJOS POR IMAGEM HIPERESPECTRAL DE INFRAVERMELHO PRÓXIMO Campinas 2016 CORE Metadata, citation and similar papers at core.ac.uk Provided by Repositorio da Producao Cientifica e Intelectual da Unicamp

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade De Engenharia De Alimentos

CAROLINE BILHAR KARAZIACK

DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO E PROPRIEDADES FUNCIONAIS DE

QUEIJOS POR IMAGEM HIPERESPECTRAL DE INFRAVERMELHO PRÓXIMO

Campinas

2016

CORE Metadata, citation and similar papers at core.ac.uk

Provided by Repositorio da Producao Cientifica e Intelectual da Unicamp

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CAROLINE BILHAR KARAZIACK

DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO E PROPRIEDADES FUNCIONAIS DE

QUEIJOS POR IMAGEM HIPERESPECTRAL DE INFRAVERMELHO PRÓXIMO

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia de

Alimentos da Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para obtenção

do título de Mestra em Tecnologia de Alimentos

Orientadora: WALKIRIA HANADA VIOTTO

Coorientador: DOUGLAS FERNANDES BARBIN

Este exemplar corresponde à versão final da dissertação defendida pela aluna Caroline Bilhar Karaziack, e orientada pela profa. Dra. Walkiria Hanada Viotto

Campinas – SP

2016

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Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): CAPES

Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas

Biblioteca da Faculdade de Engenharia de Alimentos

Claudia Aparecida Romano - CRB 8/5816

Karaziack, Caroline Bilhar, 1992-

K144d Determinação da composição e propriedades funcionais de queijos por

imagem hiperespectral de infravermelho próximo / Caroline Bilhar Karaziack. –

Campinas, SP : [s.n.], 2016.

Orientador: Walkiria Hanada Viotto.

Coorientador: Douglas Fernandes Barbin.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade

de Engenharia de Alimentos.

1. Quimiometria. 2. Derretimento. 3. Análise espectral. 4. Queijo. I. Viotto,

Walkiria Hanada. II. Barbin, Douglas Fernandes. III. Universidade Estadual de

Campinas. Faculdade de Engenharia de Alimentos. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Determination of composition and functional properties of cheese by near infrared hyperspectral imaging Palavras-chave em inglês: Chemometrics Meltability Spectrum analysis Cheese Área de concentração: Tecnologia de Alimentos Titulação: Mestra em Tecnologia de Alimentos Banca examinadora: Walkiria Hanada Viotto [Orientador] Célio Pasquini Adriana Zerlotti Mercadante Data de defesa: 04-04-2016 Programa de Pós-Graduação: Tecnologia de Alimentos

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Banca Examinadora

Profa. Dra. Walkiria Hanada Viotto (Orientadora) Faculdade de Engenharia de Alimentos - Unicamp

Prof. Dr. Célio Pasquini (Membro Titular) Instituto de Química - Unicamp

Profa. Dra. Adriana Zerlotti Mercadante (Membro Titular) Faculdade de Engenharia de Alimentos – Unicamp

Dra. Leila Maria Spadoti (Membro suplente)

Tecnolat – ITAL

Profa. Dra. Priscila Veiga dos Santos (Membro suplente) Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu - Unesp

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica da aluna Caroline Bilhar Karaziack.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Thomaz e Fátima e meus irmãos Ana Paula e Bruno por todo amor, apoio e carinho. Dedico

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AGRADECIMENTOS

À Deus, por tudo. À professora Walkiria Hanada Viotto, pela orientação, conselhos, ensinamentos e amizade. Ao professor Douglas Fernandes Barbin, por me apresentar o NIR e a imagem hiperespectral, pelas orientações e amizade. Ao professor Célio Pasquini, por disponibilizar a utilização do equipamento de imagem hiperespectral, por todas orientações e sugestões que contribuíram para este projeto. Às professora Adriana Mercadante, Leila Spadoti e Pricila Veiga dos Santos pelos comentários e sugestões para aprimoramento deste trabalho. Ao José Roberto (laboratório de carnes) pelo uso de equipamentos. À Juliana Hashimoto do laboratório de instrumentação, pelo auxílio nas análises de textura e cor, além dos bate-papos com muitas ideias À Bete, técnica do laboratório de leites, pela ajuda e colaboração nas análises físico-químicas. Aos técnicos do Instituto de Química, Cristiane Vidal e Henrique Piva, pela amizade e disposição em ajudar nas análises realizadas. Àos amigos e companheiros do Laboratório de leite que tornaram as rotinas de análises mais agradáveis e divertidas, até nos finais de semana. Aos colegas e amigos de salinha da pós, Lígia, Diogo, Cecília, Willian, Mayara, Rodolfo, Juliana, Ana Barth, Maristela, Joyce, Débora e Aninha pelo companheirismo, amizade, zoações e pelos tantos cafés compartilhados. À Débora, parceira de laboratório, que não mediu esforços para me ajudar no estava ao seu alcance. Noites, finais de semanas e feriados de companhia, além de muitas caronas. À Aninha, pessoa que está sempre disposta a ajudar todos e também ser um ombro amigo quando necessário. À Gabriela Baptista, pelo seu apoio na planta piloto e nas análises físico-químicas durante seu estágio. À Sarah Marcondes Lapenna pela sua grande ajuda no laboratório durante meus experimentos.

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A todos os professores e funcionários da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp, que contribuíram para o meu crescimento profissional. À Capes, pela concessão da bolsa. À Nadia, pela amizade, companheirismo e compreensão nestes dois anos de convivência diária. Aos colegas do grupo de jovens da Paróquia Santa Isabel, pelo aprendizado e troca de experiências. À Regina, amiga de todas as horas, dentro e fora da Unicamp. Aos meus Pais pelo apoio, amor, carinho, compreensão e incentivo sempre. Aos meus irmãos por me incentivarem e torcerem por mim, sempre. Demais parentes, que mesmo estando distante estão torcendo por mim. E de forma especial aos meus parentes das cidades de São Paulo, Tio Valter, Tia Inês, Edinéia, Jair, Dê, Erick, Yuri e da cidade de Santo André Jácomo, Ivone, Sabrina, Gustavo e Guilherme, por me acolherem sempre tão bem nas minhas visitas frequentes e ajudas na busca dos queijos. Por todas as pessoas maravilhosas que eu encontrei e que fizeram esta jornada ser inesquecível, prazerosa, divertida e menos cansativa. Por terem contribuído direta e indiretamente na realização deste trabalho.

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Resumo

Os queijos são produtos de grande importância comercial no setor de lácteos,

respondem a 30% do comércio mundial e apresentam crescimento contínuo nas

últimas décadas. Esse aumento na produção pode ser justificado pelo aumento no

consumo de queijos, principalmente pelo seu uso como ingrediente em pizzas e

alimentos de conveniência. A capacidade de derretimento e a formação de óleo livre

são algumas das principais propriedades funcionais de queijos usados como

ingredientes, influenciando significativamente a aceitação pelo consumidor. A

composição dos queijos, além de afetar a funcionalidade, determina a sua vida de

prateleira e o rendimento de fabricação. O controle e monitoramento da composição

são essenciais para a indústria de queijos, que necessita cada vez mais de métodos

rápidos e seguros para manter e garantir a qualidade do produto. Os métodos

comumente utilizados em análises de propriedades funcionais tem caráter empírico

e nem sempre apresentam boa precisão. A Espectroscopia de infravermelho

próximo, em inglês, Near-infrared (NIR) surge como uma ferramenta para controle

de qualidade por suas vantagens de ser rápida, não destrutiva, não precisar de

preparo de amostra e poder determinar vários parâmetros simultaneamente. A

técnica pode ser aprimorada ao se empregar o sistema de imagem hiperespectral,

que engloba espectroscopia e técnicas de imagem com o intuito de fornecer

informações espectrais e espaciais simultaneamente. O objetivo deste estudo foi

investigar o potencial da técnica de imagem hiperespectral no infravermelho próximo

como um método rápido e não invasivo para predizer a composição química e

propriedades funcionais de queijos. Para isso, foram escolhidos diversos tipos de

queijos, com variadas composições e funcionalidades. Imagens hiperespectrais

foram adquiridas de 50 amostras de queijos (Muçarela, Cheddar, queijo Prato,

Requeijão do Norte, queijo Coalho e Minas meia cura). Umidade, proteína, gordura,

pH, derretimento e formação de óleo livre foram determinados por metodologias

tradicionais e relacionados com as informações espectrais através de modelos de

regressão de mínimos quadrados parciais. O coeficiente de determinação obtido

pela validação sistemática no modelo PLS indicou que a faixa espectral NIR

apresentou excelente habilidade para predizer o conteúdo de umidade (R2cv = 0.89),

gordura (R2cv = 0.95) e formação de óleo livre (R2

cv = 0.86) e SEP 1,51; 1,25 e 0,55

respectivamente nas amostras de queijos. A análise de componentes principais foi

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empregada nos espectros obtidos para discriminação entre amostras. Coeficientes

de regressão resultantes dos modelos de regressão PLS foram usados para

identificar os comprimentos de onda mais importantes para cada atributo. Os

comprimentos de onda mais importantes foram aplicados no algoritmo de

processamento de imagem para transferir os modelos de predição para cada pixel

da imagem com o objetivo de visualizar a composição química e as propriedades

funcionais. A metodologia de análise por imagem hiperespectral, ao combinar as

técnicas de imagem e espectroscopia no intervalo NIR, mostrou-se adequada para

predição de propriedades composicionais e funcionais de queijos, de forma rápida e

não-destrutiva. A composição química determinada pelo mapa químico permitiu

visualizar a distribuição espacial dos atributos avaliados, mostrando potencial

aplicação para análise rápida de propriedades funcionais de queijos.

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Abstract

Cheeses are products of great commercial importance in the dairy sector;

representing 30% of world trade and presenting continuous growth in recent

decades. This increase in production can be justified by the increase in cheese

consumption, mainly for its use as an ingredient in pizzas and convenience food

products. Meltability and free oil formation are some of the main functional properties

of cheese used as ingredients, significantly influencing consumer acceptance.

Cheese composition, as well as affecting the functionality of the cheese, determines

its shelf life and manufacturing yield. Controlling and monitoring of cheese

composition are essential for the cheese industry, which shows increasingly need of

fast and safe methods to maintain and ensure product quality. Analytical methods

commonly for functional properties are empirical and sometimes not accurate. Near-

infrared spectroscopy, in English, near infrared (NIR) emerges as a tool for quality

control due to its advantages of being fast, non-destructive, not requiring sample

preparation and being able to determine multiple parameters simultaneously. The

technique may be improved by employing hyperspectral imaging system, comprising

spectroscopy and imaging techniques in order to provide spatial and spectral

information simultaneously. The objective of this study was to investigate the

potential of near-infrared hyperspectral imaging technique as a fast and non-invasive

method to predict the chemical composition and functional properties of cheese. In

order to achieve this goal, several types of cheeses, with varying composition and

functionality, were chosen. Hyperspectral images were obtained from 50 samples of

cheeses (Mozzarella, Cheddar, Prato Cheese, Requeijão do Norte, Cheese Minas

Meia Cura and Coalho Cheese). Moisture, protein, fat, pH, melting and oil-free

formation were determined by traditional methodologies and related to spectral

information using partial least squares regression models. The determination

coefficient obtained by cross-validation in the PLS model indicated that the spectral

range NIR showed excellent ability to predict the moisture content (R2cv = 0.89), fat

(R2cv = 0.95) and free oil formation (R2

cv = 0.86) and SEP 1,51; 1,25 and 0,55

respectively in cheese samples. Principal components analysis was used in the

spectral dataset to identify differences and similarities between the cheese varieties

investigated. Regression coefficients resulting from the PLS regression models were

used to identify the most important wavelengths for each attribute. The most

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important wavelengths were applied in image processing algorithm to transfer the

prediction models for each pixel of the image in order to visualize the chemical

composition and functional properties. The application of hyperspectral imaging,

combining imaging techniques and spectroscopy in the NIR range, showed potential

to predict cheese compositional and functional properties, in a fast and non-

destructively way. The chemical composition determined by chemical map allowed

visualizing the spatial distribution of the evaluated attributes, showing potential

application for fast analysis of cheese functional properties.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1. Média espectral de cada variedade de queijo. .......................................... 45

Figura 2. Gráfico de escores dos dois componentes principais para os dados

espectrais de diferentes variedades de queijos........................................................ 46

Figura 3. Regressão linear de valores obtidos por metodologia de referência versus

valores preditos de (3A) umidade, (3B), gordura, (3C) proteína, (3D) pH, (3E)

derretimento e (3F) óleo livre dos queijos ................................................................ 49

Figura 4. Mapa químico das amostras. .................................................................... 51

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Resultados experimentais de composição e propriedades funcionais de

diferentes variedades de queijos. ............................................................................. 44

Tabela 2. Comportamento dos modelos de PLS para predição das características

físico-químicas (umidade, gordura, proteína e pH) e das propriedades funcionais

(derretimento e formação de óleo livre) dos queijos utilizando os dados brutos. ..... 47

Tabela 3. Comprimentos de onda selecionados para cada atributo ........................ 49

Tabela 4. Resultados de predição e validação com comprimentos de onda

selecionados. ........................................................................................................... 50

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................. 16

Capítulo 1 .................................................................................................................. 18

Resumo ..................................................................................................................... 19

1 Introdução .............................................................................................................. 19

2 Propriedades funcionais ......................................................................................... 20

2.1 Derretimento .................................................................................................... 21

2.2 Óleo livre .......................................................................................................... 23

3 Infravermelho próximo ............................................................................................ 23

4 Conclusão .............................................................................................................. 27

Referências bibliográficas ......................................................................................... 27

Capítulo 2 .................................................................................................................. 34

Resumo ..................................................................................................................... 35

1 Introdução .............................................................................................................. 35

2 Material e métodos ................................................................................................. 37

2.1 Preparação das amostras ................................................................................ 37

2.2 Medições analíticas ......................................................................................... 38

2.2.1 Caracterização Físico-Química Queijos .................................................... 38

2.2.2 Propriedades funcionais ............................................................................ 38

2.3 Imagem hiperespectral no infravermelho próximo ........................................... 39

2.4 Seleção da região de interesse e extração espectral ...................................... 39

2.5 Análise estatística espectral ............................................................................ 40

2.5.1 PCA e modelos de predição ...................................................................... 40

2.5.2 Seleção de comprimentos de onda ........................................................... 41

2.6 Mapa químico .................................................................................................. 42

3 Resultados e discussão.......................................................................................... 42

3.1 Composição química e propriedades funcionais dos queijos .......................... 42

3.2 Características espectrais das amostras de queijos ........................................ 45

3.3 Predição dos atributos de queijos .................................................................... 46

3.3.1 Predição da caracterização físico-química dos queijos ............................. 47

3.3.2 Predição das propriedades funcionais dos queijos ................................... 48

3.4 Seleção dos comprimentos de onda ................................................................ 49

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3.5 Modelos de regressão PLS utilizando comprimentos de onda selecionados

para os atributos instrumentais analisados ............................................................ 50

3.6 Mapa químico .................................................................................................. 51

4. Conclusão ............................................................................................................. 52

Referências ............................................................................................................... 53

DISCUSSÃO GERAL ................................................................................................ 56

CONCLUSÃO GERAL .............................................................................................. 58

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16

INTRODUÇÃO GERAL

Os queijos são de grande importância comercial no setor de lácteos. Em 2012,

foram produzidos mais de 20 milhões de toneladas, o que corresponde a 30% da

produção mundial, com o setor apresentando crescimento contínuo nas últimas

décadas. Esse aumento na produção pode ser justificado pelo aumento no consumo

de queijos, principalmente pelo seu uso como ingrediente.

A composição química tem impacto significativo na qualidade dos queijos. Ela

determina a segurança microbiológica e a vida de prateleira em função do teor de

umidade, sal, atividade e água e pH, que são característicos para cada variedade de

queijo. Além disso, a composição determina o rendimento de fabricação, as

características de textura e as propriedades funcionais, que determinam o uso dos

queijos como ingrediente. Propriedades funcionais como maquinabilidade, redução

de tamanho, ou quando submetidos a aquecimento, capacidade de derretimento e

formação de óleo livre são requeridas no uso de queijos como ingredientes.

O derretimento que ocorre em queijos como muçarela e cheddar é a

característica requerida para produtos como pizza e outros alimentos de

conveniência, mas o mesmo não pode ser dito de outros queijos como o de coalho,

cujo principal requerimento é o não derretimento quando grelhado. A formação

exagerada de óleo livre no requeijão do Norte é vista como um defeito pelo

consumidor. O queijo Prato tem seu uso mais recente em sanduíches, o que exige

boa maquinabilidade, propriedade não requerida quando era consumido maturado,

como queijo de mesa.

Análises de determinação da composição química de queijos empregam

metodologias oficiais, que demandam tempo, uso de reagentes corrosivos e são

destrutivas. O derretimento apresenta diversas metodologias de análise. As

indústrias produtoras de queijos necessitam de ferramentas para análises de

composição e de propriedades funcionais que sejam rápidas, de baixo custo e

simples para padronização e controle de análises, além de determinar em tempo

real os parâmetros de qualidade.

A espectroscopia de infravermelho pode ser uma excelente ferramenta de

controle de qualidade pelas suas vantagens de ser rápida, não destrutiva, não

invasiva, não precisar de preparo de amostra, nem o uso de reagentes ou solventes

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químicos e poder determinar vários parâmetros simultaneamente. A técnica pode ser

aprimorada ao empregar o sistema de imagem hiperespectral, pois engloba

espectroscopia e técnicas de imagem com o intuito de fornecer informações

espectrais e espaciais simultaneamente em cada pixel da imagem. Para

interpretação e aplicação desses resultados é necessário o emprego de análises

estatísticas multivariadas.

O objetivo deste estudo foi investigar o potencial da técnica de imagem

hiperespectral no infravermelho próximo como um método rápido e não invasivo

para predizer a composição química e propriedades funcionais de queijos. Além

disso, os resultados obtidos por métodos oficiais foram correlacionados aos dados

de infravermelho próximo.

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Capítulo 1

Potencial do uso da Imagem hiperespectral de infravermelho próximo em

propriedades funcionais de queijos

Caroline Bilhar Karaziack, Douglas Fernandes Barbin, Walkíria Hanada Viotto

A ser submetido à revista Food Science and Technology

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Potencial do uso da Imagem hiperespectral de infravermelho próximo em

propriedades funcionais de queijos

Resumo

As propriedades funcionais são de grande importância para queijos, principalmente

para os usados como ingrediente. O derretimento e a formação de óleo livre são as

principais funcionalidades requeridas quando os queijos são submetidos a

aquecimento. Ferramentas para análises que sejam rápidas, de baixo custo e

simples para padronização e controle de análises são necessárias nas indústrias

produtoras de queijos. A espectroscopia de infravermelho próximo (NIR) mostra-se

como uma técnica promissora para controle de qualidade por apresentar as

seguintes vantagens, ser não destrutiva, rápida e poder determinar vários

parâmetros simultaneamente. Esta revisão aborda as principais funcionalidades dos

queijos, os fundamentos do NIR e suas aplicações na área de alimentos. A

espectroscopia de infravermelho combinada com análises quimiométricas pode ser

uma excelente ferramenta de controle de qualidade de alimentos para indústrias

lácteas.

1 Introdução

A espectroscopia na região do infravermelho próximo vem sendo muito

aplicada em diversas áreas, entre elas a análise de alimentos, por ser uma técnica

rápida, não destrutiva, não invasiva, não necessitar de reagentes, além de

determinar vários parâmetros simultaneamente (BUNING-PFAUE, 2003).

Pesquisas realizadas com espectroscopia de infravermelho próximo mostram

que a técnica pode predizer diferentes atributos em alimentos, como determinação

de vida de prateleira (KURZ et al, 2010), autenticidade de frutas (PÉRES MARÍN et

al 2011), classificação de grãos (MAHESH et al, 2008) e óleos (SINELLI et al, 2010)

e atributos de qualidade em carnes (BARBIN et al, 2012; KAMRUZZAMAN et al,

2012) e em queijos (BOTELHO et al, 2013). Em queijos, a composição e a avaliação

de autenticidade (WOODCOCK et al, 2008), a determinação de aminoácidos livres

durante a proteólise (MLČEK et al, 2013), atributos sensoriais (GONZÁLEZ-MARTÍN

et al, 2011) e de textura (REVILLA et al, 2009) estão entre as principais

características pesquisadas.

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A imagem hiperespectral é uma ferramenta não destrutiva, robusta e flexível

de grande potencial para controle de qualidade de indústrias. A técnica integra

espectroscopia e técnicas de imagem com o objetivo de obter informações espacial

e espectral de cada pixel da imagem (SUN, 2010). Não foram reportadas até o

momento pesquisas utilizando a técnica em queijos. Técnicas espectrais seguidas

de análises estatísticas multivariadas foram empregadas para predizer o

derretimento de apenas uma variedade de queijo, o processado (FAGAN et al, 2007;

BLAZQUEZ et al, 2006; AMAMCHARLA e METZGER 2015).

Nas últimas décadas, a produção e consumo de queijo tem aumentado

vertiginosamente em função do seu uso como ingrediente. As propriedades

funcionais em queijos podem ser definidas como o comportamento do queijo durante

as etapas de preparação e consumo de alimentos ao qual é incorporado.

Tradicionalmente, queijos como a Muçarela, queijos em pó e queijos processados e

análogos tem sido os mais usados como ingredientes. Mais recentemente, outros

queijos como Cheddar e, particularmente no Brasil, queijos como o Prato, Minas

meia cura, queijo de Coalho e requeijão do Norte tem sido também usados como

ingredientes. Propriedades como o derretimento de Muçarela, em pizza e outros

alimentos de conveniência, têm sido bastante estudadas, mas o mesmo não pode

ser dito de outros queijos como o de coalho, cujo principal requerimento é o não

derretimento quando grelhado. Também bastante conhecido no Brasil é o defeito de

exagerada formação de óleo livre no requeijão do Norte e o uso mais recente do

queijo Prato em sanduíches, o que exige boa maquinabilidade desse queijo,

propriedade não requerida quando era consumido maturado, como queijo de mesa.

Devido a ampla variedade de queijos, seus diferentes atributos e diferentes

requerimentos funcionais, a predição da composição e propriedades funcionais por

uma técnica rápida e precisa pode ser bastante útil no controle de qualidade das

indústrias de laticínios.

2 Propriedades funcionais

A funcionalidade de queijos quando estes são usados como ingredientes é

definida como o comportamento durante todas etapas desde a preparação até o

consumo no alimento ao qual foi inserido. Ao ser usado como ingrediente ele pode

ser submetido a tratamentos como cominuição, maquinabilidade, refrigeração e

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aquecimento, onde propriedades físico-químicas e microestruturais como

derretimento e formação de óleo livre acontecem e determinam a aplicação de

queijos por exemplo em pizzas (GUINEE e KILCAWLEY, 2004).

Nos queijos usados in natura, as propriedades reológicas são as mais

importantes, pois determinam as propriedades de textura, afetam o seu

comportamento quando submetido a diferentes métodos de redução de tamanho e a

interação com os outros ingredientes do alimento (O’CALLAGHAN E GUINEE,

2004).

Quando o queijo é submetido a aquecimento, a funcionalidade é de grande

importância por apresentar diferentes atributos, como amolecimento, derretimento,

fluidez, extensibilidade, escurecimento, bolhas e formação de óleo livre. A

intensidade requerida para cada atributo é dependente da aplicação (GUINEE e

KILCAWLEY, 2004).

Vários fatores influenciam as propriedades funcionais de queijos como a

composição do leite e do queijo, pH, interações entre caseínas, proteólise, teor de

cálcio, força iônica, conteúdo de sal e as condições de processamento (GUINEE,

2002; LUCEY, 2008).

2.1 Derretimento

O derretimento pode ser definido como a capacidade de uma amostra fluir e

espalhar, como também a perda da integridade da estrutura do queijo causada por

aquecimento (LUCEY et al, 2003). O derretimento é uma das principais propriedades

funcionais de queijos usados com aquecimento, como na superfície de pizzas,

recheio de lasanhas, sanduíches e salgados (LUCEY, 2008).

No processo de aquecimento, mudanças inter-relacionadas podem ser

observadas como o derretimento, fluidez, amolecimento e estiramento. Isso

acontece por dois motivos: a mudança de fase da gordura, que se torna líquida a

40ºC e as interações protéicas (LUCEY et al, 2003).

As interações que acontecem entre as micelas de caseína são um dos

principais fatores que afetam o derretimento (LUCEY et al. 2003), destacando-se o

número e a força dessas interações que se alteram em função do aumento de

temperatura (PARK et al, 1984). As interações hidrofóbicas são de grande

importância para a conformação e interação das proteínas. Durante o aquecimento a

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agregação ocorre devido ao grande número de resíduos hidrofóbicos presentes

(KINSELLA, 1990). As interações eletrostáticas também desempenham um papel

importante em queijos por causar repulsão eletrostática entre cargas similares nas

proteínas (WALSTRA e VAN VLIET, 1986). Com a elevação da temperatura,

aumenta a repulsão eletrostática entre as proteínas (BRYANT e MCCLEMENTS,

1998).

Queijos com maior teor de umidade e gordura são mais propensos a

apresentar derretimento. Entretanto, queijos com alto conteúdo de proteína tornam a

matriz mais ligada, o que dificulta o derretimento. A redução da interação entre as

proteínas permite ao queijo maior derretimento e isto pode ser conseguido pela

redução do conteúdo de cálcio insolúvel em relação ao conteúdo de proteína ou pelo

avanço da proteólise. O pH também afeta o derretimento. Excessiva acidificação (pH

< 4,9) causa a diminuição da repulsão eletrostática, provocando maior atração entre

as caseínas, e diminuindo o derretimento. Valores de pH elevados também

desfavorecem o derretimento pelo aumento de cálcio ligado à caseína (LUCEY,

2008; GUINEE, 2002).

O derretimento é uma funcionalidade característica de queijos como muçarela

e cheddar, que são amplamente usados em produtos como pizzas e lasanhas.

Porém, esta funcionalidade não é desejada para queijo de coalho, pois este não

deve escoar ao ser grelhado. Para que o derretimento não aconteça, práticas

adotadas na fabricação do queijo, como a não adição de fermento lácteo, elevada

temperatura de cozimento da massa e adição pronunciada de sal, tornam a massa

mineralizada e elástica, impedindo o derretimento (BUZATO, 2011).

Uma das metodologias utilizadas para medir o derretimento de queijos é a de

Schreiber. A técnica é baseada na medida do aumento do diâmetro da amostra após

derretimento (KOSIKOWSKI, 1982). A metodologia de Arnott também é utilizada

para medir o derretimento de queijos e seus resultados são expressos pela

diminuição da altura das amostras, em porcentagem (ARNOTT et al, 1957). Métodos

instrumentais também têm sido empregados para determinar o derretimento de

queijos (KINDSTEDT e KIELY, 1992; LEE et al, 1978; SMITH et al, 1980; USTUNOL,

et al, 1994 e WANG, et al, 1998). Técnicas por análise de imagem (SUN, 2000;

WANG e SUN, 2001, 2002ª, 2002b) e predição do derretimento de queijos por

análises espectroscópicas tem sido propostas (AMAMCHARIA E METZGER, 2015;

FAGAN, et al, 2007) e comparadas com as metodologias tradicionais.

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23

2.2 Óleo livre

O processo de separação de parte da gordura presente no queijo quando o

mesmo é aquecido é chamado de formação de óleo livre. A quantidade de gordura

do queijo é o principal determinante para a formação de óleo livre (GUINEE e LAW,

2001) pois, durante o derretimento, os glóbulos de gordura coalescem e fluem por

entre a matriz proteica. A emulsificação da gordura é um dos principais fatores que

afetam a separação da gordura como óleo livre (KINDSTEDT, 1993).

O aumento do teor de sal diminui a liberação de óleo livre, devido à

substituição do cálcio pelo sódio na ligação com o fosfato na caseína. Quando o

cálcio é removido da micela, pela troca iônica com o sódio, aumenta a capacidade

das caseínas emulsificarem a gordura, o que causa uma diminuição na liberação de

óleo livre (KINDSTEDT, 1987).

A formação de óleo livre modula a desidratação de queijos e afeta o

escurecimento durante o aquecimento (RICHOUX et al, 2008). Uma fina camada de

óleo livre é desejada quando o queijo é aquecido para impedir o escurecimento e a

desidratação da amostra.

O excesso de separação de óleo livre pode ser considerado um defeito na

aparência do queijo derretido, pois a superfície fica gordurosa e brilhante (LUCEY,

2008). Quando ocorre proteólise, a matriz de caseína torna-se mais enfraquecida e é

verificado um aumento no teor de óleo livre, possivelmente por estar associado a

matriz de caseína com pouca capacidade de conter fisicamente a gordura durante o

aquecimento (OBERG et al, 1993).

3 Infravermelho próximo

Técnicas espectroscópicas fundamentam-se na interação entre radiação

eletromagnética com a matéria. Os diferentes métodos baseados na absorção ou

emissão de radiação nas regiões ultravioleta, visível, infravermelho (IV) e radio

(ressonância magnética nuclear) são comumente usados em análises de alimentos

(PENNER, 2010).

A região do espectro infravermelho abrange o intervalo de comprimento de

onda de 780 nm a 1.000 µm. Essa região é dividida em três partes, que recebem

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nomes de acordo com a sua proximidade do espectro visível (BUENO, 2004). A

espectroscopia na região do infravermelho próximo refere-se à radiação

eletromagnética caracterizada pelos comprimentos de onda no intervalo 750 – 2500

nm. A interação da radiação NIR com uma molécula está relacionada com o

comportamento vibracional das ligações químicas (POVIA, 2007).

Para que uma molécula absorva a radiação NIR é necessário que o

deslocamento dos átomos em uma vibração cause uma alteração no momento

dipolo da molécula ou do grupo de átomos em vibração criando assim, um

mecanismo de interação entre o modo vibracional e a radiação eletromagnética,

gerando espectros de absorção. Além disso, a molécula precisa receber radiação

em uma frequência capaz de fornecer exatamente a energia (hv) necessária para

que ocorra sobretons ou bandas de combinação de duas ou mais vibrações

(BUENO, 2004).

Os espectros obtidos na região NIR do espectro eletromagnético podem ser

atribuídas principalmente aos sobretons que envolvem as vibrações de estiramento

C-H, N-H, S-H e O-H, como também as combinações de vibrações fundamentais

destes grupos (PASQUINI, 2003). Um dos pontos fortes da tecnologia NIR é que ela

permite que vários constituintes sejam medidos simultaneamente (BUNING-PFAUE,

2003).

A refletância difusa é um dos métodos de obtenção de espectros utilizado em

NIR, sendo aplicado para diversos produtos, principalmente amostras sólidas (LIN et

al, 2009), como em queijos (BOTELHO et al, 2012; MADALOZZO et al, 2015). A

radiação detectada pode ser produzida por refletância especular ou refletância

difusa. A refletância especular ocorre na superfície da amostra. A refletância difusa é

gerada pela penetração e interação da radiação reemitida. O fenômeno, chamado

espalhamento ocorre quando a radiação encontra partículas da amostra que são

muito maiores do que o comprimento de onda, fazendo com que a radiação se

propague em todas as direções (LIN et al, 2009).

O NIR tem sido empregado em diversas áreas, como as áreas médica (LI et al,

2014; VEZOUVIOU e LOWE, 2015), farmacêutica (SCHREIBELHOFER et al, 2015)

e química (LLORDÉZ et al, 2013; YANG et al, 2014). Na área de alimentos, a

técnica vem sendo proposta para controle de qualidade (TORRICELLI et al, 2015;

LU, 2003), classificação (BARBIN et al, 2012; TALENS et al, 2013) e autenticação

de alimentos (DOWNEY et al, 1997).

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25

Em queijos, a espectroscopia de infravermelho próximo é aplicada para

controle de qualidade (composição) (BOTELHO et al, 2013; MADALOZZO et al,

2015), monitoramento da coagulação do leite e sinérese da coalhada (PAYNE et al,

1993; FAGAN et al, 2008), determinação de aminoácidos livres durante a proteólise

(MLČEK et al, 2011; MLČEK et al, 2013), atributos sensoriais (GONZÁLEZ-MARTÍN

et al, 2011), textura (REVILLA et al, 2009) e determinação de autenticidade em

diferentes tipos de queijos (WOODCOCK et al, 2008). Propriedades funcionais como

o derretimento foram avaliadas por espectroscopia de infravermelho médio (FAGAN

et al, 2007), espectroscopia de infravermelho próximo (BLAZQUEZ et al, 2006) e

espectroscopia dielétrica (AMAMCHARLA E METZGER, 2015).

As metodologias tradicionais utilizadas no controle de qualidade de alimentos

demandam muito tempo, são destrutivas e podem ser corrosivas (WOODCOCK et

al, 2008). Técnicas instrumentais, como o infravermelho próximo, apresentam

grande potencial para determinação de composição, monitoramento contínuo e

controle de processo e de qualidade de produtos (HUANG et al, 2008). Entretanto,

as técnicas espectrais convencionais não são capazes de fornecer informações

quando a distribuição espacial de parâmetros de qualidade é essencial para a

amostra de interesse, como no caso de queijos com olhaduras. A análise de imagem

hiperespectral surge como uma técnica de grande potencial por integrar

espectroscopia e técnicas de imagem com o objetivo de obter informações espaciais

e espectrais de cada pixel da imagem (ELMASRY et al, 2012).

A imagem hiperespectral é uma técnica não destrutiva, robusta e flexível de

grande potencial para controle de qualidade de alimentos (BARBIN et al, 2012;

ELMASRY et al, 2007; FOX e MANLEY, 2014). As imagens adquiridas,

denominadas como hipercubo ou cubo espectral se apresentam como um bloco de

dados tridimensional, onde duas dimensões são espaciais (linhas e colunas) e uma

dimensão é espectral (comprimento de onda). As imagens são formadas por

centenas de bandas de ondas contínuas para cada posição espacial da amostra

(pixel) (ELMASRY, et al, 2012).

O sistema que fornece uma imagem hiperespectral é composto por uma lente

objetiva, espectrógrafo, câmera, sistema de aquisição, fontes de iluminação, estágio

de translação e computador. Este sistema forma a imagem hiperespectral a partir da

luz que é refletida da amostra através da lente, onde é separada por componentes

de acordo com o comprimento de onda pela rede de difração contida no

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espectrógrafo. Assim, a imagem formada na câmera (dimensão espacial X dimensão

espectral) é salva no computador (GOWEN et al, 2007).

A técnica é bastante viável por medir ampla região espectral em cada pixel da

imagem, e flexível, por ser capaz de atuar em diversas regiões espectrais e de

acordo com a modalidade desejada (XU e LAM, 2010).

Para a utilização dos dados de forma exploratória, classificação ou construção

de um modelo de predição bom e robusto é de grande importância o pré-

processamento dos resultados espectrais para melhorar a relação linear e minimizar

os efeitos ou fontes de variabilidade não desejadas entre a concentração da amostra

e sinais espectrais. Espalhamento de partículas, interferentes, interações

moleculares e deslocamento do equilíbrio químico em função da concentração são

fatores que podem causar desvios na relação linear (RINNAN et al, 2009).

Técnicas de pré-processamento podem ser divididos em grupos que utilizam

valores de referência disponíveis para a operação e grupos que não o fazem. O

segundo grupo, denominado grupo de pré-processamento independente de

referência pode ainda ser dividido em dois subgrupos: em métodos de correção de

espalhamento e os métodos de derivação. Os métodos de correção de

espalhamento incluem as técnicas de correção multiplicativa de sinal, padrão de

escala variável normal, normalização e correção de linha de base. Os métodos de

derivação incluem as técnicas de diferença finita, de Savitzky-Golay e de Norris-

Williams (RINNAN et al, 2009).

A análise estatística multivariada é amplamente utilizada em resultados

espectrais e imagens hiperespectrais devido a grande quantidade de informações

obtidas, e que parte desses dados pode ser redundante (MOLTÓ et al, 2010). O

tratamento dos dados é de grande importância para o uso efetivo dos resultados,

podendo ter diferentes finalidades, como identificação, classificação, quantificação e

discriminação das amostras (ELMASRY et al, 2012)

A análise de componentes principais é uma técnica de compressão de

variáveis que reduz um conjunto de dados a um pequeno número de variáveis

chamado componentes principais, ortogonais entre si, pois seus vetores não

apresentam correlação. O objetivo da técnica é identificar as tendências sem perda

de informações úteis (ROMÍA E BERNÀRDEZ, 2009).

A regressão por mínimos quadrados parciais é utilizada para situações que

envolvem alta colinearidade ou para se calcular variáveis correlacionadas (ROMÍA E

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BERNÀRDEZ, 2009). O procedimento é empregado para correlacionar dados

espectrais com valores obtidos por técnicas de referência. A correlação é realizada

em um conjunto de variáveis independentes, utilizadas como preditoras

(comprimentos de onda) e as variáveis de resposta (referência). As variáveis

preditoras constituem um grande conjunto de dados, que é reduzido para um novo

conjunto de dados de variáveis não correlacionadas baseado em fatores chamados

de variáveis latentes, que descrevem a covariância máxima entre as informações

espectrais e os valores de referência do atributo analisado (GEESINK et al, 2003).

O uso de técnicas multivariadas faz-se necessário para extrair informações

físicas e químicas relevantes e para obter modelos quantitativos apropriados e

amplamente usados em estudos na área de alimentos.

4 Conclusão

Métodos simples e rápidos baseados em NIR apresentam um grande potencial

para o controle de qualidade de queijos, especialmente para aferir a funcionalidade

dos queijos usados como ingredientes. A combinação de técnicas de espectroscopia

com analise de imagens, como imagens espectrais, vem encontrando enorme

número de aplicações na análise de alimentos, com grande potencial na aplicação

em queijos. O NIR, acoplado com a quimiometria, pode ser uma excelente

ferramenta para estudar e modelar as relações entre composição, estrutura e

funcionalidade de queijos.

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34

Capítulo 2

DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO E PROPRIEDADES FUNCIONAIS DE

QUEIJOS POR IMAGEM HIPERESPECTRAL DE INFRAVERMELHO PRÓXIMO

Caroline Bilhar Karaziack, Douglas Fernandes Barbin, Walkíria Hanada Viotto

A ser submetido à revista Journal of Dairy Science

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Resumo

Neste estudo a técnica de imagem hiperespectral na região do infravermelho

próximo (928 – 2524nm) foi aplicada em queijos para determinação da composição

química e propriedades funcionais. Imagens hiperespectrais foram adquiridas de 50

amostras de queijos de variedades diferentes. Umidade, proteína, gordura, pH,

derretimento e formação de óleo livre foram determinados pelos métodos

tradicionais e relacionados com as informações espectrais através de modelos de

regressão de mínimos quadrados parciais. A análise de componentes principais foi

empregada nos espectros obtidos para discriminação entre amostras. O coeficiente

de determinação obtido pela validação sistemática no modelo PLS indicou que a

faixa espectral do infravermelho próximo (NIR) apresentou excelente desempenho

na determinação do conteúdo de umidade (R2cv = 0.89), gordura (R2

cv = 0.95) e

formação de óleo livre (R2cv = 0.86) em queijos. Os resultados obtidos no mapa

químico para as amostras mostraram que o valor médio da propriedade esteve

sempre próximo aos valores obtidos por métodos tradicionais de referência. Além

disso, o mapa químico permitiu visualizar a distribuição espacial dos atributos

avaliados. A metodologia de análise por imagem hiperespectral, ao combinar as

técnicas de imagem e espectroscopia na região NIR, mostrou-se adequada para

predição da composição e propriedades funcionais de queijos, de forma rápida e

não-destrutiva.

Palavras-chaves: Quimiometria, Análise de componentes principais, Muçarela,

Cheddar.

1 Introdução

Globalmente, os queijos representam 30% da produção láctea, apresentando

um crescimento constante nas últimas décadas. Em 2012, a produção ultrapassou

20 milhões de toneladas. (IDF, 2013). O aumento do consumo se deve

principalmente pelo seu uso como ingrediente (Lucey, 2008).

A composição química apresenta significante impacto na qualidade dos

queijos. Ela determina a vida de prateleira, o rendimento através da relação caseína

e gordura e as propriedades funcionais de queijos (Lucey, 2008). Entretanto, a sua

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determinação demanda tempo, uso de reagentes, alguns deles corrosivos e danosos

à saúde. Ferramentas rápidas, baratas e simples como o infravermelho próximo

podem ser empregadas no controle de qualidade e para monitorar a funcionalidade

de uma enorme variedade de queijos disponíveis (Woodcock et al., 2008).

Dentre as inúmeras variedades de queijos existentes, a Muçarela é o principal

queijo usado como ingrediente, apresentando como requisito ter boa capacidade de

derretimento para o uso em pizzas. Outro queijo também empregado para esta

finalidade é o queijo cheddar (Lucey, 2008). Já o queijo de coalho, popularmente

consumido no Brasil na forma grelhada, não deve apresentar derretimento (Machado

et al., 2011). O uso mais recente do queijo prato em sanduíches exige boa

maquinabilidade desse queijo, propriedade não requerida quando era consumido

maturado, como queijo de mesa (Nonogaki et al., 2007). Uma variedade de queijo

processado é o requeijão do norte, que pode apresentar o defeito de exagerada

formação de óleo livre (Almeida, 2008). O queijo minas meia cura é usado como

ingrediente principalmente em pão de queijo, devido ao sabor característico e boa

fusão com os demais ingredientes. O derretimento e a formação de óleo livre são

duas importantes propriedades funcionais em queijos e são determinadas por

metodologias destrutivas, que demandam tempo e baixa reprodutibilidade.

Métodos rápidos, seguros e mais eficientes são cada vez mais requeridos para

a determinação da composição e propriedades funcionais dos queijos. A

espectroscopia por infravermelho próximo vem sendo muito aplicada na área

(química, farmacêutica, militar, agrícola, etc) e começa a ser bastante estudada para

a área de alimentos, pela rapidez, por ser uma técnica não destrutiva, não invasiva,

não precisar de preparo de amostra, nem reagentes ou solventes químicos e poder

determinar vários parâmetros simultaneamente (Buning-Pfaue, 2003). Em queijos, a

espectroscopia de infravermelho próximo é aplicada para controle de qualidade

(composição) (Botelho et al., 2013; Madalozzo et al., 2015), determinação de

aminoácidos livres durante a proteólise (Mlček et al., 2011; Mlček et al., 2013),

atributos sensoriais (González-Martín et al., 2011), textura (Revilla et al., 2009) e

determinação de autenticidade em diferentes tipos de queijos (Woodcock et al.,

2008).

A análise de imagem hiperespectral engloba espectroscopia e técnicas de

imagem com o intuito de fornecer informações espectrais e espaciais

simultaneamente (Elmasry et al., 2012). A técnica é também denominada como

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imagem química ou espectroscópica e apresenta-se como uma ferramenta não

destrutiva, robusta e flexível de grande potencial para controle de qualidade de

indústrias (Gowen et al., 2007). Estudos utilizando imagem hiperespectral aplicado

na área de produtos lácteos, como queijos, não foram encontrados na literatura.

Técnicas espectrais seguidas de análises estatísticas multivariadas foram

empregadas para predizer o derretimento apenas de queijo processado (Blazquez et

al., 2006; Fagan et al., 2007; Amamcharla e Metzger, 2015).

O objetivo deste estudo foi investigar o potencial da técnica de imagem

hiperespectral no infravermelho próximo como um método rápido e não invasivo

para para predizer a composição química e propriedades funcionais de queijos. Os

objetivos específicos foram (1) estabelecer uma abordagem satisfatória para extrair

os dados espectrais das imagens hiperespectrais de amostras de queijos adquiridas

no infravermelho próximo no intervalo (928 – 2524nm), (2) correlacionar os

resultados de metodologias analíticas com os dados espectrais empregando o

modelo de regressão PLS, (3) identificar os principais comprimentos de onda que

estejam relacionados com os atributos avaliados e (5) aplicar os modelos de

predição nas imagens hiperespectrais para obter o mapa químico dos atributos

avaliados de diferentes variedades de queijos.

2 Material e métodos

2.1 Preparação das amostras

Os experimentos foram realizados com 38 amostras de queijos adquiridas no

comércio local do Estado de São Paulo, Brasil. Queijos Cheddar, Coalho, Minas

meia cura, Muçarela, Prato e Requeijão do Norte tiveram 2, 1, 7, 11, 11 e 6

amostras, respectivamente analisadas. 12 amostras de queijo de Coalho foram

elaboradas na planta piloto de Leites e derivados da Faculdade de Engenharia de

Alimentos na Unicamp, totalizando 50 amostras.

Foram removidas fatias de aproximadamente 0,5 cm da parte superior, inferior

e laterais antes da realização das análises. Foi retirado um cilindro de 36mm de

cada amostra para análises de derretimento e por infravermelho próximo (NIR). O

restante do queijo foi cortado em cubos pequenos e triturado em multiprocessador

até obtenção de partículas de 2-3 mm e posteriormente foi acondicionado em

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frascos de vidro. As amostras foram mantidas sob refrigeração (4ºC) até o momento

das análises.

2.2 Medições analíticas

2.2.1 Caracterização Físico-Química Queijos

A composição química dos queijos foi avaliada de acordo com os seguintes

parâmetros: Teor de gordura pelo método de Gerber (Instituto Adolfo Lutz, 1985);

extrato seco total, pelo método gravimétrico em estufa de circulação forçada, a

1000C por 24 horas, segundo o método da AOAC 925.23 (1995); Proteína total foi

determinada através de teores de nitrogênio total (IDF, 1962) determinados pelo

método de Kjeldahl e as porcentagens multiplicadas por 6,38 para dar o equivalente

em proteína conforme descrito na AOAC 991.20 (1995); A determinação do pH foi

realizada pelo método potenciométrico, em pHmetro (Micronal, Modelo B375),

conforme AOAC 935.17 (1995). Todas as análises químicas foram realizadas em

triplicata.

2.2.2 Propriedades funcionais

A metodologia aplicada para avaliar o derretimento foi a de Schreiber

modificada, descrito por Yun et al (1993) foi utilizada para todas as amostras. O

teste foi aplicado com seis replicatas para cada amostra. Estas apresentavam

formato cilíndrico (36mm de diâmetro e 5mm de altura). As amostra foram colocados

em placas de petri individualmente e levadas a uma estufa de circulação forçada à

100 ºC por 7min. O diâmetro do queijo derretido foi medido em quatro direções

diferentes, separadas por um ângulo de 45o, após serem deixadas à temperatura

ambiente por 30 minutos. O resultado foi expresso como medida do diâmetro final

(cm).

A formação de óleo livre foi realizada de acordo com a metodologia de Gerber

modificado, conforme Kindstedt e Fox (1991). Os resultados foram expressos em

função da percentagem de queijo.

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2.3 Imagem hiperespectral no infravermelho próximo

O sistema de imagem hiperespectral utilizado neste estudo foi constituído por

uma câmera hiperespectral (Specim – SisuCHEMA SWIR XL, SPECIM Ltda,

Finlândia), que opera no modo de varredura de linha. O sistema emprega uma lente

OLE15 com 200mm de campo de visão e resolução espacial de aproximadamente

625 µm, um espectrógrafo, câmera com resolução espacial de 320 pixels e 256

bandas de comprimento de onda, iluminação (lâmpadas de halogênio 10W) e uma

bandeja para suporte das amostras. As imagens foram obtidas no modo refletância,

na faixa do infravermelho próximo NIR (928 – 2524nm), com intervalo de 6nm,

totalizando 256 bandas em cada pixel. Todas as imagens foram automaticamente

calibradas para intensidade de refletância antes de serem analisadas.

Seis cilindros de queijo de cada amostra foram alocados em sequência para a

obtenção de cada imagem hiperespectral, que foi realizada a velocidade de

escaneamento de 63320 m/s. 50 amostras de queijos foram estudadas. Estas

apresentavam formato cilíndrico com diâmetro de 36 mm e 5 mm de altura, foram

alocadas na bandeja, que move-se sob o feixe iluminado do instrumento. O

processo de aquisição das imagens espectrais foi realizado pelo software

ChemaDAQ (Specim Ltda, Oulu, Finland).

2.4 Seleção da região de interesse e extração espectral

O espectro médio da amostra é um procedimento aplicado que visa melhorar a

reprodutibilidade dos espectros NIR obtidos (Gowen et al., 2009). Uma região de

interesse de cada um dos 6 cilindros de cada queijo foi selecionada de forma manual

para obtenção dos espectros (médios) e foram analisadas individualmente para os

50 queijos avaliados, totalizando 300 amostras. Foi utilizada praticamente toda a

área de cada cilindro, exceto as amostras que continham olhaduras, onde a região

foi descartada. A análise foi realizada utilizando o software EVINCE 2.0 (UmBio AB,

2009).

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2.5 Análise estatística espectral

2.5.1 PCA e modelos de predição

A análise multivariada de dados é aplicada para interpretação de dados

espectrais devido a grande quantidade de informação e a sua natureza complexa.

As técnicas de Análise de componentes principais (PCA) e a regressão de mínimos

quadrados parciais (PLS) foram realizadas no programa Unscrambler (v. 9.7; Camo

A/S, Oslo, Norway).

Os dados espectrais de todas as amostras foram analisados pela técnica de

análise de componentes principais (PCA) para investigar diferenças espectrais entre

as amostras

Regressão por mínimos quadrados parciais foi aplicada a média espectral de

todos os pixels (256 comprimentos de onda) de cada amostra para estabelecer

modelos independentes de cada atributo avaliado. Neste estudo, parte do conjunto

de dados (200 espectros) foi utilizada na construção do modelo de calibração. As

amostras restantes (100 espectros) foram utilizadas como amostras externas no

teste de validação como dados independentes.

A qualidade das determinações realizadas pelo modelo de regressão foi

determinada através do calculo de coeficiente de determinação na calibração R2C,

erro padrão de calibração (SEC), coeficiente de determinação na validação

sistemática R2cv e erro padrão estimado pela validação sistemática (SECV). Altos

coeficientes de determinação (R2C and R2

cv) e baixos erros (SEC e SECV) indicam

um bom modelo de predição (Elmasry et al., 2011).

A taxa de desvio da desempenho, em inglês, ratio of performance deviation

(RPD) e a relação do intervalo de erro, em inglês, ratio of error range (RER), também

foram empregados para analisar os resultados obtidos da regressão. Estes

parâmetros são obtidos de acordo com as equações abaixo. Valores de RER no

intervalo de 4 - 8 sugerem a possibilidade de discriminação entre altos e baixos

valores de resposta, no intervalo de 8 – 12 representa a possibilidade de predição

quantitativa de dados e valores de RER maiores que 12 indicam boa previsibilidade

(Millmier, et al 2000). Valores de RPD acima de 3 são preferíveis para bons modelos

de calibração (Williams E Sobering, 1996).

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RPD: DP SEP

RER: Máx – Mín SEP

DP: desvio padrão

RPD: taxa de desvio de desempenho

RER: relação do intervalo de erro

SEP: erro padrão de previsão

2.5.2 Seleção de comprimentos de onda

O espectro de infravermelho próximo apresenta um grande conjunto de

informações de sobretons e combinação de modos vibracionais, porém não são

todos os comprimentos de onda no espectro que apresentam informações

significativas para o componente de interesse. Cada pixel da imagem hiperespectral

apresenta um espectro completo no intervalo de comprimento de onda estudado,

isso representa um grande desafio para a análise de dados. Ao utilizar somente os

comprimentos de onda que oferecem informações de interesse, a quantidade de

informações a ser analisada pode ser reduzida, além de gerar um modelo de

regressão mais seguro e de fácil interpretação, podem melhorar a previsibilidade do

modelo, evitando ruídos e informações de outros comprimentos de onda que

possam ser interferentes (Bajcsy e Groves, 2004; Lee et al. 2008; Osborne et al.

1997).

Os comprimentos de onda mais importantes foram identificados através do

modelo obtido no conjunto utilizado na validação sistemática, onde os resultados

apresentavam maior R2CV e menor SECV. Os coeficientes de regressão produzidos

a partir dos modelos de regressão PLS na validação sistemática foram usados para

selecionar comprimentos de onda relevantes aos atributo de interesse. Dessa forma,

novos modelos de regressão PLS foram desenvolvidos utilizando somente os

comprimentos de onda selecionados para predição dos atributos estudados nas

amostras de queijo (Barbin et al., 2012). Todas as etapas descritas para a análise

espectral foi realizada em software de análise multivariada Unscrambler (v. 9.7;

Camo A/S, Oslo, Norway).

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2.6 Mapa químico

Cada imagem hiperespectral das amostras de queijos continha 256 bandas de

comprimento de ondas. Estas foram analisadas individualmente e as informações

espectrais foram obtidas. Os comprimentos de onda mais importantes para cada

atributo foram selecionados a partir do coeficiente de regressão dos modelos de

regressão PLS. Os modelos resultantes foram aplicados em cada pixel da imagem

original, de forma a obter os mapas de concentração que exibem a distribuição dos

componentes no interior da amostra (Barbin et al., 2012).

Para a construção dos mapas de concentração, a imagem espectral reduzida

(em comprimentos de onda selecionados) foi desdobrada em primeiro lugar dentro

de uma matriz bidimensional (2-D) (XY × k), onde k é o número de comprimentos de

onda selecionados. Os modelos de regressão PLS resultantes foram, em seguida,

aplicados a cada pixel na imagem desdobrada. A matriz resultante foi reorganizada

para formar o mapa de concentração que apresenta a concentração dos

componentes no interior da amostra (Barbin et al., 2013). O processamento das

imagens para todos os atributos foi realizado no programa Matlab (The Mathworks

Inc., Natick, MA, USA).

3 Resultados e discussão

3.1 Composição química e propriedades funcionais dos queijos

A Tabela 1 resume as variações obtidas por métodos tradicionais na

composição química e das propriedades funcionais dos queijos analisados. Os

resultados das características de qualidade mostram uma vasta gama de variação

destes atributos, inclusive entre amostras da mesma variedade, com valores

extremos para medidas instrumentais. Os queijos avaliados representam a

diversidade de marcas encontradas no comércio local, a variação nos resultados

representa a não padronização de fabricação desses queijos.

Os resultados de composição apresentam valores diferentes entre as

variedades estudadas, como os teores de gordura que tiveram maior variação, de

acordo com o intervalo geral entre todas as amostras analisadas (34,67) e nos

resultados médios de queijo muçarela (25,73) e requeijões do norte (42,39). Entre as

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variedades já era esperado diferenças na composição, devido ao modo de preparo

distintos e características requeridas de cada uma.

Os resultados de derretimento nas amostras de queijo muçarela variaram de

36,29 a 48,42mm de diâmetro, nas amostras de queijo prato, o diâmetro dos

cilindros variaram de 38,37 a 48,67mm. A variação neste atributo pode ser atribuída

aos diferentes tempos de armazenamento refrigerado de cada amostra, o que

possibilita diferentes graus de proteólise nos queijos.

O baixo valor de derretimento encontrado nos queijos de coalho (35,04) era o

resultado esperado e pode ser justificado pelo alto valor de pH (6,21) determinado

nas amostras. O baixo valor de pH (4,88) apresentado nas amostras de queijo minas

meia cura também influencia no baixo valor de derretimento encontrado (36,64).

O requeijão do Norte foi a variedade que apresentou a maior variação na

composição química, como mostrado pelo valor de intervalo (32) nos resultados de

análise de gordura, o que demonstra falta de padronização no processo de

fabricação. O excesso de formação de óleo livre (6,63) nesse queijo é um defeito

perceptível. A gordura liberada na superfície ocorre devido a sua emulsificação

incompleta durante o processo de fabricação.

O derretimento (49,41) e a formação de óleo livre (4,41) apresentados nas

amostras de queijo cheddar ocorrem devido à proteólise. Este queijo tem como uma

de suas etapas de fabricação, um período de maturação, o que permite a proteólise

nos queijos. O valor médio de óleo livre das amostras de queijo cheddar são

similares ao encontrado por Rynne et al. (2004) em queijo Cheddar com redução de

gordura e 180 dias de maturação.

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Tabela 1. Resultados experimentais de composição e propriedades funcionais de diferentes variedades de queijos.

Variedades de queijos Proteína

(%)

Umidade

(%)

Gordura

(%)

Óleo livre

(%)

Derretimento

(mm)

pH

Cheddar 25,11 ± 4,77 34,36 ± 3,34 32,33 ± 8,96 4,41 ± 1,89 49,41 ± 1,65 5,30 ± 0,35

Minas Meia Cura 23,24 ± 4,78 42,29 ± 3,47 29,67 ± 2,99 2,12 ± 0,79 36,92 ± 1,85 4,88 ± 0,18

Coalho 22,98 ± 2,25 43,78 ± 2,07 29,60 ± 2,65 2,35 ± 0,74 35,04 ± 2,44 6,21 ± 0,25

Mozzarella 25,15 ± 2,00 45,29 ± 1,93 25,73 ± 2,43 1,93 ± 0,81 43,38 ± 3,89 5,38 ± 0,16

Prato 24,59 ± 1,84 41,98 ± 2,74 29,70 ± 3,45 2,10 ± 1,08 43,76 ± 3,27 5,53 ± 0,19

Requeijão do Norte 18,95 ± 4,61 34,90 ± 8,32 42,39 ± 13,30 3,77 ± 2, 79 36,64 ± 0,92 5,34 ± 0,23

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3.2 Características espectrais das amostras de queijos

A Figura 1 apresenta os espectros médios obtidos para cada variedade de

queijo. As técnicas de pré-processamento MSC, SNV e derivadas foram feitas para

classificação e predição, porém não foram observadas influências nos modelos. As

características mais importantes que influenciaram o espectro de infravermelho

próximo nas amostras de queijos incluem as bandas relacionadas aos sobretons das

ligações C-H associada à gordura, O-H relacionadas com a água e N-H de amidas e

aminas em compostos orgânicos relacionados à proteína (Osborne et al., 1993).

Figura 1. Média espectral de cada variedade de queijo.

Os dados espectrais foram submetidos à análise de componentes principais,

realizado com validação sistemática com o objetivo de encontrar combinações

lineares de variáveis que melhor expliquem os dados sem levar em conta qualquer

informação externa. As primeiras duas componentes principais foram responsáveis

por 98,2% do total de variação entre as amostras avaliadas.

Os escores apresentados das duas principais componentes mostrados na

Figura 2 indica que ocorreu sobreposição no PC1 e no PC2 em quatro variedades

de queijos avaliadas (cheddar, muçarela, prato e requeijão do Norte). Entretanto, a

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análise de PCA indicou diferenças espectrais entre as variedades minas meia cura e

queijo de coalho.

Figura 2. Gráfico de escores dos dois componentes principais para os dados espectrais de diferentes variedades de queijos.

3.3 Predição dos atributos de queijos

Os espectros de NIR obtidos das amostras de queijos foram utilizados no

desenvolvimento dos modelos de regressão (PLSR) para predição da composição

dos queijos (umidade, gordura e proteína), propriedades funcionais (derretimento e

formação de óleo livre), e pH. Os gráficos de dispersão 3A, 3B, 3C, 3D, 3E e 3F

apresentam os resultados observados e preditos da caracterização físico-química

(umidade, gordura, proteína e pH) e das propriedades funcionais (derretimento e

formação de óleo livre) dos queijos, respectivamente. O SEP, RPD, RER, SEC,

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SECV e os coeficientes de determinação (R2) obtidos de todos os queijos avaliados

para cada atributo são apresentados na tabela 2.

Tabela 2. Comportamento dos modelos de PLS para predição das características físico-químicas (umidade, gordura, proteína e pH) e das propriedades funcionais (derretimento e formação de óleo livre) dos queijos utilizando os dados brutos.

LV R2

c SEC R2CV SECV R2

p SEP RPD RER Umidade 5 0,90 1,52 0,89 1,60 0,91 1,51 3,2 14,2

Gordura 5 0,95 0,52 0,95 1,60 0,97 1,25 5,7 27,7

Proteína 13 0,83 1,29 0,77 1,52 0,84 1,26 2,6 12,8

Derretimento 12 0,77 2,44 0,71 2,68 0,82 2,04 2,3 7,4

Óleo livre 12 0,90 0,39 0,86 0,46 0,85 0,55 2,6 12,9

pH 13 0,84 0,16 0,77 0,20 0,86 0,14 3,0 11,7 LV: variáveis latentes; R

2c: coeficiente de determinação da calibração; SEC: erro padrão em

calibração; R2cv: coeficiente de determinação da validação sistemática; SECV: erro padrão na

validação sistemática; R2

p: coeficiente de determinação da predição; SEP: erro padrão de previsão;

RPD: taxa de desvio de desempenho; RER: relação do intervalo de erro.

3.3.1 Predição da caracterização físico-química dos queijos

Os modelos de regressão PLS obtidos apresentaram excelentes coeficientes

de determinação R2 para umidade (R2c 0,90 e R2

CV 0,89) e gordura (R2c 0,95 e R2

CV

0,95), com RPD acima de 3 e RER maior que 12; ou seja, a região espectral NIR

apresentou excelente habilidade para predizer o conteúdo destes atributos nos

queijos, utilizando reduzido número de variáveis latentes (5) para cada propriedade,

dado o número de variedades de queijos (6) investigada. Os coeficientes de

determinação da proteína foram inferiores aos demais atributos (R2c 0,83 e R2

CV

0,77) empregando um número maior de variáveis latentes (13). O resultado de

proteína foi o único atributo que apresentou valor de RPD abaixo de 3 (2,5),

enquanto o de pH apresentou baixo valor de RER (11,7).

A medida de pH realizada pela imagem hiperespectral no infravermelho

próximo registra as diferenças nos padrões de absorbância devido a mudanças,

como por exemplo em forças intermoleculares ou mudanças estruturais nos queijos

em diferentes níveis de pH, diferentemente do que acontece na análise tradicional,

onde o pH é medido diretamente com eletrodos sensitivos a H+ (Andersen et al.,

1999).

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3.3.2 Predição das propriedades funcionais dos queijos

Conforme resultados apresentados na tabela 2, a principal propriedade

funcional, o derretimento, foi o atributo que apresentou os menores coeficientes de

determinação e, tanto na calibração (0,77) quanto na validação (0,71), porém ainda

satisfatórios, uma vez que é uma propriedade complexa. O derretimento e a

formação de óleo livre utilizaram 12 variáveis latentes, apresentaram RPD inferior a

3 e o RER do derretimento foi 7,4. A variação de resultados para o modelo de

predição do derretimento pode estar relacionada à imprecisão do método de

referência, uma vez que pode haver diferença de temperatura entre as regiões da

estufa no método analítico e também pelo fato de a imagem ser extraída somente

antes das amostras serem submetidas ao aquecimento.

Blazquez et al (2006) avaliou a predição de derretimento apenas em queijo

processado utilizando infravermelho próximo, onde apresentou 6 variáveis latentes e

RER 14,2 nos resultados sem aplicação de pré-tratamentos. Estes resultados são

superiores aos encontrados nesta pesquisa.

3A 3B

4A

3C 3D

Umidade Gordura

Proteína

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Figura 3. Regressão linear de valores obtidos por metodologia de referência versus valores preditos de (3A) umidade, (3B), gordura, (3C) proteína, (3D) pH, (3E) derretimento e (3F) óleo livre dos queijos

3.4 Seleção dos comprimentos de onda

As imagens hiperespectrais geram uma grande quantidade de dados que

podem causar redundância. O uso de um reduzido número de comprimentos de

onda possui a vantagem de tornar o modelo mais estável, eliminando possíveis

ruídos que acabam incorporados ao modelo, além de facilitar a implementação da

metodologia de ‘mapas químicos’ utilizando o sistema de imagem hiperespectral em

seguida. Os comprimentos de onda selecionados para cada atributo estão

apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Comprimentos de onda selecionados para cada atributo

Umidade (6) 998, 1212, 1394, 1733, 1870, 1970

Gordura (7) 966, 998, 1212, 1344, 1614, 1895, 2020

Proteína (17) 1010, 1130, 1180, 1206, 1388, 1501, 1588, 1682, 1707, 1733, 1758, 1864, 1895, 2176, 2275, 2307, 2331

Derretimento (21)

973, 1004, 1174, 1206, 1224, 1388, 1419, 1507, 1582, 1676, 1707, 1733, 1783, 1864, 1908, 1951, 2007, 2082, 2126, 2163, 2307

Óleo livre (18)

960, 998,1180, 1388, 1432, 1545, 1676, 1733, 1776, 1839, 1945, 2051, 2107, 2263, 2307, 2331, 2356, 2449

pH (18) 973, 991, 1105, 1149, 1206, 1381, 1407, 1451, 1520, 1588, 1676, 1739, 1795, 1939, 2001, 2176, 2257, 2344

Números entre parênteses correspondem a quantidade de comprimentos de onda

selecionados.

Pode-se observar que alguns comprimentos de onda podem ser associados

diretamente à algumas propriedades estudadas. O comprimento de 998nm,

relacionado ao segundo sobretom da ligação O-H aparece nos modelos de umidade,

3E 3F Derretimento $

Óleo livre

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gordura e óleo livre. Da mesma forma, o comprimento de onda de 1206 a 1212nm

relacionado ao segundo sobretom da ligação C-H aparece nos modelos de umidade,

gordura, proteína, derretimento, e pH.

3.5 Modelos de regressão PLS utilizando comprimentos de onda selecionados

para os atributos instrumentais analisados

Para avaliar a aplicação das bandas selecionadas na precisão de atributos das

amostras, novos modelos de regressão PLS foram desenvolvidos utilizando os

comprimentos de onda selecionados. O desempenho desses modelos é

apresentado na tabela 4.

Tabela 4. Resultados de predição e validação com comprimentos de onda selecionados.

LV R2c SEC R2

CV SECV R2p SEP RPD RER

Umidade 5 0,94 1,22 0,93 1,27 0,90 1.59 3,08 13,53

Gordura 3 0,94 1,74 0,93 1,80 0,95 1.50 4,77 23,11

Proteína 9 0,79 1,45 0,76 1,55 0,77 1.54 2,08 10,45

Derretimento 12 0,77 2,43 0,71 2,68 0,78 2.27 2,11 6,68

Óleo livre 10 0,88 0,43 0,85 0,46 0,85 0.48 2,99 14,79

pH 11 0,76 0,20 0,72 0,22 0,76 0.20 2,10 8,20 LV: variáveis latentes; R

2c: coeficiente de determinação da calibração; SEC: erro padrão em

calibração; R2cv: coeficiente de determinação da validação sistemática; SECV: erro padrão na

validação sistemática; R2

p: coeficiente de determinação da predição; SEP: erro padrão de previsão;

RPD: taxa de desvio de desempenho; RER: relação do intervalo de erro

Os modelos de regressão PLS obtidos utilizando apenas os comprimentos de

onda mais relevantes apresentaram excelentes coeficientes de determinação R2

para umidade (R2c 0,94 e R2

CV 0,93), ainda melhores que os modelos utilizando o

intervalo espectral completo; e gordura (R2c 0,94 e R2

CV 0,93), com RPD de 3,08 e

4,77 e RER de 13,53 e 23,11 para umidade e gordura, respectivamente. Os

coeficientes de determinação da proteína foram inferiores aos demais atributos (R2c

0,79 e R2CV 0,76) empregando um número maior de variáveis latentes (9). Já para as

propriedades funcionais, o melhor modelo obtido foi para a predição de óleo livre,

com valores de R2cv de 0,85, RPD de 2,99 e RER de 14,79, mostrando que pode ser

utilizado para predição deste atributo.

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3.6 Mapa químico

Os modelos obtidos com os comprimentos de onda selecionados foram

aplicados nas imagens, para obtenção dos mapas químicos de todas as amostras. A

Figura 4 apresenta uma amostra de cada variedade de queijo, com o ‘chemical map’

de cada uma das propriedades avaliadas. Os valores apresentados no canto inferior

direito de cada cilindro de queijo correspondem a média do valor obtido de todos os

pixels da área estudada. A escala apresentada no lado direito de cada atributo

corresponde a faixa de valores mínimo e máximo obtido para cada atributo pelo

modelo de predição. As cores mostradas em cada cilindro de queijo correspondem a

concentração do atributo analisado.

Figura 4. Mapa químico das amostras.

Os resultados obtidos para as amostras mostraram que o valor médio da

propriedade esteve sempre próximo aos valores obtidos por métodos tradicionais de

referência. Além disso, esta técnica permite observar a variação das propriedades

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espacialmente na amostra. Requeijão do Norte apresentou excessiva liberação de

óleo livre, associada a um alto teor de gordura e baixo valor de proteína e umidade

no mapa químico. O derretimento observado está de acordo com os resultados de

referência, com o queijo Cheddar apresentando o maior derretimento, seguido da

muçarela e prato enquanto as outras variedades apresentaram baixos valores de

derretimento.

A aplicação da imagem hiperespectral em queijos permite uma visão

panorâmica do que ocorre em todas as regiões do queijo. Nas técnicas tradicionais

de análise, devido à heterogeneidade dos queijos, é de praxe utilizar procedimentos

rigidamente definidos e padronizados de amostragem e grande número de

repetições para garantir a obtenção de um resultado que represente a média do

componente ou a propriedade analisada.

A heterogeneidade dos queijos pode ser verificada em relação à composição,

reações de cura ou maturação, desenvolvimento microbiano, textura, sabor e

funcionalidade que são diferentes nas diferentes regiões do queijo. Por exemplo,

devido ao lento processo de difusão do sal em queijos, o teor de sal é mais

pronunciado na casca e menor ou inexistente no seu interior. Consequentemente, o

centro do queijo apresentará maior teor de umidade, maior atividade de água, maior

desenvolvimento microbiano, ação mais intensa de enzimas e maior intensidade e

velocidade de reações químicas e bioquímicas. Estas últimas irão afetar

propriedades químicas, físicas e funcionais dos queijos, influenciando também as

propriedades sensoriais. Portanto, a aquisição de imagens hiperespectrais,

associadas à quimiometria, pode permitir visualizar a distribuição dos compostos e o

comportamento das propriedades nas diferentes regiões do produto, de forma

rápida, segura e econômica.

4. Conclusão

A metodologia de análise por imagem hiperespectral, ao combinar as técnicas

de imagem e espectroscopia no intervalo NIR, mostrou-se adequada para predição

de propriedades composicionais, e até de algumas propriedades funcionais de

queijos, de forma rápida e não destrutiva. A composição do mapa químico permitiu

visualizar a distribuição espacial dos atributos avaliados, mostrando potencial

aplicação no controle de qualidade da funcionalidade dos queijos.

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DISCUSSÃO GERAL

Os resultados das análises físico-químicas mostram variações na composição

química e das propriedades funcionais dos queijos analisados. Os resultados das

características de qualidade sugerem uma vasta gama de variação destes atributos,

inclusive entre amostras da mesma variedade. Os queijos avaliados representam a

diversidade de marcas encontradas no comércio local e diferentes propriedades

funcionais.

A variação nos resultados de composição química, principalmente entre as

marcas de requeijão do norte, representa a não padronização de fabricação dos

queijos. A variação nas propriedades funcionais pode ser atribuída ao tempo de

armazenamento refrigerado diferente de cada amostra, possibilitando assim

diferentes graus de proteólise nos queijos. Entre as variedades já era esperado

diferenças na composição e nas propriedades funcionais, devido ao modo de

preparo distintos e características requeridas de cada um.

A diferença na refletância entre as variedades de queijos pode ser atribuída a

variações na composição química das amostras na faixa espectral do NIR.

De acordo com a análise de componentes principais, os primeiros dois

componentes foram responsáveis por 98,2% do total de variação entre as amostras

avaliadas. Os escores apresentados dos dois primeiros componentes mostram que

ocorreu sobreposição no PC1 e PC2 em quatro variedades de queijos avaliadas

(cheddar, muçarela, prato e requeijão do Norte). Entretanto, a análise de PCA

indicou diferenças espectrais entre as variedades minas meia cura e queijo de

coalho.

Os modelos de regressão PLS obtidos apresentaram excelentes coeficientes

de determinação R2 para umidade (R2c 0,90 e R2

CV 0,89) e gordura (R2c 0,95 e R2

CV

0,95), com RPD acima de 3 e RER maior que 12; ou seja, a região espectral NIR

apresentou excelente habilidade para predizer o esses atributos nos queijos,

utilizando reduzido número de variáveis latentes (5) para cada propriedade, dado o

número de variedades de queijos (6) investigada. A principal propriedade funcional,

o derretimento, foi o atributo que apresentou os menores coeficientes de predição

(R2) e, tanto na calibração (0,77) quanto na validação (0,71), porém ainda

satisfatórios, uma vez que é uma propriedade complexa.

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Os resultados obtidos no mapa químico mostraram que o valor médio da

propriedade esteve sempre próximo aos valores obtidos por métodos tradicionais de

referência. Além disso, esta técnica permite observar a variação das propriedades

espacialmente na amostra.

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CONCLUSÃO GERAL

A Espectroscopia no infravermelho próximo mostrou excelente habilidade para

predizer o conteúdo de umidade, gordura e formação de óleo livre em queijos. O

modelo proposto também foi capaz de prever a capacidade de derretimento dos

queijos. Apesar do coeficiente de correlação mais baixo (R2cv = 0.71), quando

comparado com outras propriedades preditas pelo modelo, o valor foi aceitável e

pode ser aprimorado com adição de queijos com maior variação no grau de

maturação. A metodologia de análise por imagem hiperespectral, ao combinar as

técnicas de imagem e espectroscopia no intervalo NIR, mostrou-se adequada para

predição de propriedades composicionais e funcionais de queijos, de forma rápida e

não-destrutiva. A composição química determinada pelo mapa químico permitiu

visualizar a distribuição espacial dos atributos avaliados, mostrando grande potencial

para auxiliar a entender a estrutura e funcionalidade dos queijos.