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0 ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE VITÓRIA EMESCAM CLARA CABO LEMOS LIVIA AVELLAR ROCHA OVIL MARÍLIA DA SILVA BARBOZA DÉFICIT DE EQUILÍBRIO EM PACIENTES APÓS ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL VITÓRIA 2018

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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE

VITÓRIA – EMESCAM

CLARA CABO LEMOS

LIVIA AVELLAR ROCHA OVIL

MARÍLIA DA SILVA BARBOZA

DÉFICIT DE EQUILÍBRIO EM PACIENTES APÓS ACIDENTE VASCULAR

CEREBRAL

VITÓRIA

2018

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CLARA CABO LEMOS

LIVIA AVELLAR ROCHA OVIL

MARÍLIA DA SILVA BARBOZA

DÉFICIT DE EQUILÍBRIO EM PACIENTES APÓS ACIDENTE VASCULAR

CEREBRAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de

graduação em fisioterapia da Escola Superior de Ciências

da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM

como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel

em Fisioterapia.

Orientadora: Profª. Drª. Christiane Lourenço Mota

VITÓRIA

2018

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CLARA CABO LEMOS

LIVIA AVELLAR ROCHA OVIL

MARÍLIA DA SILVA BARBOZA

DÉFICIT DE EQUILÍBRIO EM PACIENTES APÓS ACIDENTE VASCULAR

CEREBRAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em fisioterapia da Escola

Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória – EMESCAM como requisito

parcial para obtenção do grau de Bacharel em Fisioterapia.

Aprovada em: ___/___/______

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________________

Doutora. Christiane Lourenço Mota

Departamento de fisioterapia Escola Superior de Ciências da Santa

Casa de Misericórdia de Vitória- EMESCAM

ORIENTADORA.

________________________________________________________

Doutora. Mariângela Nielsen Braga Pereira

Departamento de fisioterapia Escola Superior de Ciências da Santa

Casa de Misericórdia de Vitória- EMESCAM

________________________________________________________

Mestre. Lucas Bino Mota

Departamento de Fisioterapia do Instituto de Ensino Superior e

Formação Avançada de Vitória- IES FAVI

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Com amor, para aqueles que são o

nosso porto seguro...

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente а Deus que nos permitiu que tudo isso acontecesse, não somente nestes cinco anos

como acadêmicas, mas que em todos os momentos é o maior mestre que alguém pode ter!

Agradecimento ao corpo discente da Instituição por nos proporcionar cinco anos de

graduação de qualidade.

Agradeçemos а todos оs professores pоr nos proporcionar о conhecimento nãо apenas

racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo da nossa

formação profissional. Em especial a Mestre Gracielle Pampolim, que nos acompanhou nessa

caminhada da pesquisa, o nosso eterno agradecimento.

A nossa orientadora Christiane Lourenço Mota, pelo suporte nо pouco tempo quе lhe

coube, pelas suas correções е incentivos, quando achávamos que não íamos conseguir.

Obrigada aos nossos familiares, que nоs momentos de ausência dedicados ао estudo,

sеmprе fizeram entender quе о futuro é feito а partir dа constante dedicação nо presente!

Nossos autentico agradecimentos аоs amigos, companheiros dе faculdade que fizeram

parte dа nossa formação е que vão continuar presentes еm nossas vidas.

A todos quе direta оu indiretamente fizeram parte da nossa formação, o nosso muito

obrigada!

Graduandas: Clara Cabo Lemos, Livia Avellar Rocha Ovil e Marília da Silva Barboza.

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“Dou minha mão para Ti, fecho os

olhos e confio em Ti...

Guia-me Senhor!”

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RESUMO

O acidente vascular cerebral (AVC) é a terceira causa de morte, após as cardiopatias e o

câncer, e a causa mais comum de incapacidade e dependências nas atividades de vida diária

em adultos. Este trabalho teve por objetivo compreender os fatores de risco que influenciam

no déficit de equilíbrio, seu impacto nas atividades funcionais e a eficácia de um treino de

equilíbrio específico em pacientes após AVC, a realização desse estudo surgiu a partir da

afinidade das integrantes pela área neurofuncional e após a participação no projeto na Clínica

Escola da EMESCAM. Dessa forma, foi realizado um estudo analítico descritivo e estudo de

caso. Para a pesquisa bibliográfica, foram utilizados os bancos de dados utilizando-se de

publicações catalogadas no período de 2004 a 2017, publicadas em inglês e português, nas

bases de dados Scielo, PubMed e MedLine. No segundo momento na pesquisa de campo, os

participantes foram avaliados, e os que foram inclusos no estudo de caso foram avaliados

antes e depois do tratamento fisioterapêutico. Com isto, pode-se concluir que indivíduos

acometidos por AVC, independente da sua etiologia, podem ter sequelas relacionas à sua

função motora, sensitiva, mental, perceptiva e de linguagem, fazendo com que o indivíduo

permaneça em uma posição de assimetria postural, o que dificulta o paciente a manter sua

estabilidade e mobilidade na marcha dinâmica ou estática. Contudo treino de exercícios

convencionais, tem grandes resultados, sempre dependendo da intensidade, duração e

frequência e quanto mais precoce for iniciado maior serão os resultados.

Palavras-Chave: Acidente Vascular Cerebral, Equilíbrio Postural, Modalidade de

Fisioterapia, Risco de Queda, Participação Social.

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ABSTRACT

Stroke is the third cause of death, after cardiovascular disease and cancer. It also strongly

associated with disability, functional dependency in activities and participation restriction.

The objective of the present study to comprehend the factors associated with risk of falling,

the impact of balance impairment on participation and quality of life, and verify the effect of

an intensive intervention on balance after stroke. A descriptive analytic study and a case study

was conducted to answer the questions. Participants were included if they had had an stroke at

the hospital central of Vitória in the previous 3 months of evaluation, age 18 or older, and

both sexes; and excluded if had a score on minimental ≤ 26, vestibular impairment, and other

associated pathologies. All participants were assessed for impairment, activity, participation

and quality of life. For the case study were included those participants with balance

impairment and agree to participate in the study. Thirty seven participants were included in

the descriptive study and 2 in the case control study. Participants were predominantly women,

young elderly, with comorbidities, uneducated, with one isquemic and mild stroke, with

important cognitive deficit. In relation to activity and participation and quality of life

outcomes, participants showed high risk of falling, moderate balance impairment and low

quality of life. Finally, the intervention made small improvements in physical impairments but

considerable gains in emotional function, participation and quality of life. In conclusion, the

results suggest that balance is a strong predictor para risk of falling, and is strongly correlated

with participation. The intervention in the case study seems to be an effective, and of easy

administration, alternative to improve not only balance but reintegrate the individual in social

activities and improve quality of life.

Keywords: Stroke, Postural Balance, Physical Therapy Modalities, Risk of falls, Participation

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Organização somatotópica do cérebro.................................................... 18

Figura 2 Polígono de Willis.................................................................................... 19

Figura 3 Locais preferenciais de placas ateroscleróticais....................................... 20

Figura 4 Desfechos de funcionalidade de acordo com a velocidade da marcha.... 24

Figura 5

Correlação entre a variável independente equilibrio e as variáveis

independentes com associações significantes. Participação social (Life-

H), Independencia Funcional (Barthel), SF-36 Função Física, SF-36,

Limitação devido a função Física.............................................................

43

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tabela 1. Protocolo de tratamento intensivo de equilíbrio..................... 38

Tabela 2 Perfil Socio-demográfico.............................................................................. 39

Tabela 3 Análise descritiva dos desfechos de atividade, participação social,

qualidade de vida, nível cognitivo, mobilidade e equilíbrio.........................

40

Tabela 4 Impacto da déficit mental, motora e controle postural no risco de queda

...........................................................................................................

42

Tabela 5 Correlação entre equilíbrio e as variáveis dependentes velocidade da

marcha, independência funcional, participação social e qualidade de

vida................................................................................................................

42

Tabela 6 Resultados das avaliações pré e pós intervenção dos pacientes 1 e 2.......... 44

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AHA American Heart Association

AVD Atividade de Vida Diária

AVC Acidente Vascular Cerebral

AVCh Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico

AVCi Acidente Vascular Cerebral Isquêmico

AIT

BERG

BESTest

Ataque Isquêmico Transitório

Berg Balance Scale

Balance Evaluation Systems Test

CIF

DCP

Classificação Internacional de Funcionalidade Incapacidade e Saúde

Desability Creation Process

EC Êmbolo Cerebral

EMESCAM Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

EUSI

HAS

European Stroke Initiative

Hipertensão Arterial Sistêmica

HIC

Hemorragia Intracerebral

HSA

LIFE-H

Hemorragia Subaracnóidea

Assessment of Life Habits

MAV

MCID

MEEM

MI

NIHSS

OMS

QVRS

SF-36

Malformação Arteriovenosa

Minimial Clinical Change

Mini Exame do Estado Mental

Membro Inferior

National Institute of Health Stroke Scale

Organização Mundial da Saúde

Qualidade de Vida Relacionado a Saúde

Medical Outcomes Study 36

SNC

SBDCV

Sistema Nervoso Central

Sociedade Barsileira de Doenças Cérebro Vasculares

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TC6M

TCLE

TETRAX

VM

Teste de Caminhada de 6 minutos

Termo de Consentimento Livre Esclarecido

Tetra-ataxométrica

Velocidade da Marcha

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SUMÁRIO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ........................................................................................ 14

2 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL .......................................................................... 16

3 ARTIGO ORIGINAL ....................................................................................................... 28

Introdução ............................................................................................................................... 29

Métodos ................................................................................................................................... 31

Resultados ............................................................................................................................... 36

Conclusão ................................................................................................................................ 49

Referências .............................................................................................................................. 49

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 54

5 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 55

APÊNDICES ........................................................................................................................... 59

ANEXOs .................................................................................................................................. 66

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1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O AVC é caracterizado pela rápida perda da função neurológica em decorrência de uma

isquemia (bloqueio) ou hemorragia (rompimento) de vasos sanguíneos cerebrais. Podendo

levar a perda do controle motor, a alterações sensoriais e/ou sensitivas, a prejuízos cognitivos

e de linguagem (SCALZO; SOUZA; OLIVEIRA, 2010).

As doenças cerebrovasculares constituem a terceira causa de morte no mundo, precedida

apenas pelas cardiopatias em geral e pelo câncer. Apesar da prevalência do Acidente Vascular

Cerebral (AVC) no Brasil ser alta, aproximadamente 4% da população no ano de 2015, a taxa

de mortalidade vem diminuindo significantemente (BRASIL,2016; INSTITUTO

BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,2016).

O indivíduo hemiplégico/hemiparético pode adotar uma posição assimétrica postural, com

alterações na distribuição de peso sobre o lado afetado e incapacidade de manter o equilíbrio

dinâmico e estático (GOMES et al.,2016). O déficit de equilíbrio em paciente que sofreram

AVC promove a perda da função e as incapacidades aumentam consideravelmente o risco de

quedas (NYBERG; GUSTAFSON, 1995; GRISSO et al., 1991). O tratamento fisioterapêutico

estimula na prevenção de quedas, melhora da mobilidade e marcha (GRAVE; PERICO,

2015).

Para o desenvolvimento deste estudo, foi realizado primeiramente um levantamento

bibliográfico sobre AVC e equilíbrio, posteriormente uma pesquisa de campo com pacientes

que sofreram Acidente Vascular Cerebral após alta do Hospital Estadual Central de Vitória-

ES, e finalmente receberam intervenções fisioterapêutica no Clinica Escola de Fisioterapia

EMESCAM, descritos nos capítulos 2 e 3 dessa monografia.

O capítulo 2 é composto pelo referencial teórico intitulado “Acidente Vascular Cerebral”

onde serão abordados função do SNC normal, definição de AVC, as questões

epidemiológicas, etiologia, fatores de risco e sua prevenção, disfunções e suas consequências,

diagnóstico, os tipos de lesão e sua extensão, bem como as vias de tratamentos

fisioterapêutico.

O capítulo 3 traz o artigo científico elaborado pelas autoras, intitulado: “Fatores de risco,

impacto e recuperação do equilíbrio após Acidente Vascular Cerebral”, cujo objetivos da

pesquisa foi identificar a influências da déficit mental, motora e do reflexo postural no déficit

de equilíbrio, verificar o quanto o déficit de equilíbrio impacta nas atividades funcionais, e

avaliar o benefício de um treino intensivo no déficit de equilíbrio, na capacidade da marcha,

atividade e participação e qualidade de vida em pacientes após o Acidente Vascular Cerebral.

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Por fim, no último capítulo, serão descritas as considerações finais deste estudo, seguido das

referências bibliográficas, apêndices e anexos pertinentes ao trabalho.

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2 ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

2.1 DEFINIÇÕES, ETIOLOGIA, FATORES DE RISCO E PREVENÇÕES

Para compreender o efeito que essas lesões cerebrais provocam no paciente, um conhecimento

da anatomia funcional do cérebro é essencial, uma vez que existe uma relação direta entre a

organização anatômica do cérebro e as funções sensoriais e motoras (KANDEL et al.,

2014).Todas as áreas motoras do córtex (córtex motor primário, área motora suplementar, e

córtex pré-motor) humano (fig. 1). Qualquer estimulação nas áreas motora irá repercutir

diretamente em uma ativação do neurônio motor. Da mesma forma que uma lesão em uma

área do córtex motor, vai levar a déficits motores específicos, de maior ou menor

complexidade, dependendo da área afetada (SHUMWAY-COOK; WOLLACOTT, 2007).

Contudo, os déficits funcionais são definidos não só pela área da lesão, mas também pela

presença de circulação colateral (STOKES, 2000; UMPHRED, 2011).

Figura 1. Organização somatotópica do cérebro

O sistema sanguíneo para o encéfalo vem de duas fontes: as artérias carótidas internas e

vertebrais. Elas se unem, formando a basilar no nível do tronco encefálico. Esse sistema

vertebrobasilar supre tanto a medula espinal quanto o tronco encefálico. O cérebro é suprido

tanto por esse sistema quando pelo sistema da carótida interna. Eles dois se unem na base do

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encéfalo para formar um círculo arterial, conhecido como polígono de Willis (figura 2), a

partir do qual emergem as principais artérias que irrigam o encéfalo (KREBS et al, 2013).

Figura 2. Circulo arterial do cérebro

Portanto, alterações vasculares no SNC podem causar consequências importantes no

indivíduo. O principal é o Acidente Vascular Cerebral (AVC), definindo como perda

repentina da função neurológica agudo de origem vascular com duração de pelo menos 24

horas. O acidente vascular pode ser tanto isquêmico (AVCi) ou hemorrágico (AVCh), sendo o

primeiro tipo causado por um bloqueio do fluxo sanguíneo para o encéfalo, e o segundo pela

ruptura de um vaso sanguíneo cerebral e derrame sanguíneo no interior ou ao redor de

encéfalo, sendo AVCi o mais frequente (O’SULLIVAN, 2010; UMPHRED, 2004; SCALZO

et al, 2010).

A fisiopatologia do acidente vascular cerebral é complexa e envolve inúmeros processos,

incluindo: perda de homeostase celular, acidose, elevação de níveis de cálcio intracelular,

excitotoxicidade, média de toxicidade por radical livre, geração de produtos do ácido

araquidônico, citotoxicidade, ativação do complemento interrupção, da barreira

hematoencefálica, a ativação de células gliais, e infiltração de leucócitos (BROUGHTON,

2009). A interrupção do fluxo sanguíneo por placas ateroscleróticas possui uma preferência

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por determinados bifurcações, constrições, dilatação ou angulação das artérias. Os locais mais

comuns de ocorrência de lesões estão na origem da artéria carótida ou em sua transição para

artéria cerebral média, na bifurcação principal da artéria cerebral média e na junção das

artérias vertebrais com a artéria basilar (Figura 3) (ZOMORODI, 2013).

Figura 3. Locais preferenciais de placas ateroscleróticas

O êmbolo cerebral é consequência do desprendimento da placa ateroesclerótica e pode

provocar oclusão em artérias mais distais e isquemia tecidual. Outros tipos de êmbolos

observados são os sépticos, gordurosos ou de ar que prejudicam a circulação cerebral assim

levando a baixa perfusão sistêmica ou até AVCs isquêmicos. Outros fatores associados ao

AVC são as más-formações arteriovenosas (MAV) sendo caracterizada pela existência de

uma artéria e veias com ausência de um capilar intermediário (O’SULLIVAN,2010).

Um aneurisma pode ser definido como uma dilatação anormal localizada de um vaso

sanguíneo, o que acarreta um risco inerente de ruptura e consequente hemorragia. Nem

sempre as paredes dos vasos sanguíneos possuem a resistência suficiente para conseguir

resistir a tensões excessivas e, nesses casos, podem ocorrer deformações ou dilatações

anormais, localizadas numa das paredes do vaso sanguíneo dando origem a um aneurisma

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cuja ruptura é responsável por aproximadamente 80% dos acidentes vasculares cerebrais

hemorrágicos (AVEH) (FERREIRA et al., 2017).O AVEH é uma das principais causas de

mortalidade em todo o mundo sendo responsável por 10-15% de todos os casos de AVC

(MOTA et al., 2016). É considerado mais debilitante e grave quando comparado ao AVCI

sendo que 34% dos casos resultam em óbito dentro de 30 dias. Casos de hemorragias

intracerebrais e hemorragias subaracnóides podem decorrer da ruptura de um aneurisma

intracraniano (ROBINSON et al., 2013).

Porém, o AVC certamente pode ser prevenido através do controle dos fatores de risco

potencialmente modificáveis. Os fatores de risco não modificáveis são: idade (≥ 55 anos),

sexo feminino, raça afro-descendente e histórico familiar (O’SULLIVAN,2010;

ZOMORODI,2013). Já os modificáveis incluem o tabagismo, obesidade, falta de exercícios,

dieta, consumo excessivo de álcool, assim como é recomendado dieta para o controle do

colesterol e dos lipídios, de extrema necessidade também controlar as doenças associadas,

especialmente os principais fatores de risco para que aconteça o AVC como a diabetes,

hipertensão e doença cardíaca. O risco de AVC aumenta de 4 a 6 vezes mais em pacientes

com pressão arterial acima de 160/95 mmHg (O’SULLIVAN, 2010; ZOMORODI,2013). Por

conseguinte, quanto mais fatores de risco e morbidades existirem, ou quanto maior o

desiquilíbrio entre eles, terá maior será proporção de morbimortalidades por AVC

(ZOMORODI,2013).

2.2 EPIDEMIOLOGIA DO AVC E PROBLEMAS NA SAÚDE PÚBLICA

Aproximadamente 56 milhões de mortes ocorrem anualmente em todo o mundo, com cerca de

um quarto dessas mortes atribuíveis a doenças vasculares, como a doença cardíaca isquêmica,

com 7,2 milhões de mortes por ano, e o acidentes vasculares cerebrais, com 5,5 milhões de

mortes por ano, representando as duas principais causas de mortalidade no mundo. O AVC

representa sozinho aproximadamente 9,7% de todas as mortes em todo o mundo (OZTURK,

2017).

Entre os anos de 2000 e 2010, a taxa relativa de AVC caiu 35,8% nos Estados Unidos. No

Brasil, apesar da prevalência do AVC ser alta, aproximadamente 4% da população no ano de

2015, a taxa de mortalidade também vem diminuindo significantemente. Em 7 anos (2008-

2015), a taxa de mortalidade por AVC no Brasil caiu de 17.99% para 11.32% (BRASIL,

2016; INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA,2016), 108 casos

para 100 mil habitantes no Brasil (BRASIL, 2016) e no Espírito Santo, entre 2016-2017

foram 2712 novos casos, desses 590 em Vitória, gerando maiores gastos com internação

aproximadamente de 3.242.584,81, causando, portanto, grande impacto no sistema de saúde

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pública no Brasil e no mundo, porém a prevenção e a reabilitação adequada representam um

grande desafio (DATASUS, 2016).

2.3 DIAGNÓSTICO CLÍNICO E CINÉTICO-FUNCIONAL

O diagnóstico do AVC baseia-se na história clínica, porém, é indispensável à realização de

uma tomografia computadorizada de crânio para confirmar o diagnóstico e diferenciar entre

isquêmico e hemorrágico. Este exame deve ser realizado assim que o paciente chega ao

serviço de emergência (TEXEIRA, 2003).

Para melhor classificar e avaliar os indivíduos acometidos pelo AVC, utiliza-se da

Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), que engloba

aspectos da saúde humana e alguns componentes relevantes para a saúde. A CIF se organiza

em duas partes: (1) Funcionalidade e Incapacidade, composta pelo componente Corpo, que

aborda as funções dos sistemas orgânicos e das estruturas do corpo, e Atividades e

Participação, referente aos aspectos de Funcionalidade; e (2) Fatores Contextuais que são

compostos pelos Fatores Ambientais, com impacto sobre os componentes da funcionalidade e

da incapacidade, e pelos Fatores Pessoais, que não estão classificados na CIF devido à grande

variação social e cultural associada aos mesmos .

A sintomatologia clínica do AVC quando estruturada de acordo com o mapa conceitual da

CIF facilita o diagnóstico fisioterapêutico ou cinético-funcional. Uma ferramenta abrangente

para o AVC baseado na CIF, nos fornece uma base ideal para garantir que vários aspectos da

funcionalidade e das deficiências serão abordados. Algurén e colaboradores (2011) e Geyh e

colaboradores (2004), desenvolveram respectivamente os coresets breve e longo da CIF.

Enquanto os core sets abrangentes têm de 55 a 130 categorias, esse número varia de 9 a 39

nos core sets resumidos que inclui o menor número possível de categorias necessárias para

descrever de forma completa o espectro típico de problemas na funcionalidade de pacientes

com uma condição específica, mas mantendo a praticidade na aplicação (ALGURÉN et

al.2011; GEYH et al., 2004; RIBERTO, 2011).

Seu uso permite ao profissional de saúde avaliar aspectos não contemplados por qualquer

outro instrumento de avaliação funcional, como os fatores ambientais. Dessa forma, a CIF,

além de estabelecer uma linguagem comum, se comporta como um guia durante a avaliação

para contemplar todos os aspectos que impactam a funcionalidade do indivíduo, desde

aspectos estruturais, funcionais, pessoais, e ou ambiental (MONTEIRO et al.,2013; PINTO,

2015).

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2.4 INCAPACIDADES NO INDIVÍDUO COM AVC

Como descrito previamente, o AVC provoca diversas deficiências no SNC. A mais

comumente observada é a hemiparesia ou fraqueza muscular em um hemicorpo. Seguido da

espasticidade, caracterizada por uma hiperexcitabilidade dos reflexos miotáticos e cutâneos

que fomentam o tônus muscular (hipertonia espástica). A espasticidade é velocidade

dependente, ou seja, é exacerbado durante o movimento passivo gerando uma contra-

resistência ao movimento. A espasticidade pode levar a limitações nas atividades da vida

diária, autocuidado e comprometer a locomoção com alterações significativas no padrão da

marcha. (WINSTEIN et al., 2016)

Essas duas deficiências por sua vez contribuem para o padrão flexor do membro superior com

as seguintes características: retração, adução e rotação interna do ombro, flexão de cotovelo,

pronação de antebraço, flexão de punho e dedos, e adução de polegar, assim como padrão

extensor de membros inferiores seguidos por: extensão e adução de quadril, extensão de

joelho, inversão de tornozelo e flexão plantar e de dedos. Também podem ser observados

outros padrões patológicos, sendo as musculaturas antigravitacionais as mais frequentes.

Além dessas deficiências, também podem ser observados sinergismos em massa, hipotrofia

muscular, deficiência no recrutamento muscular e na geração de força, lentificação dos

movimentos seletivos, perda da destreza, alteração na elasticidade muscular com possível

contratura, incapacidade de adotar uma posição simétrica postural e bom equilíbrio dinâmico

e estático (TEXEIRA, 2003).

Como a mobilidade e necessária para participar em sociedade, a limitação na marcha é

considerado como um dos preditores mais importantes de incapacidade, perda da

independência, restrição da participação e redução da qualidade de vida. A velocidade da

marcha (VM) pode explicar 32% da variância na participação social, e a melhora na marcha

está associada com melhora geral na capacidade funcional (HARVEY, 2015; COHEN 2018).

Devido a essa capacidade preditora da velocidade da marcha, e facilidade de aplicação,

velocidade da marcha deveria ser considerada o 6º sinal vital (KANO, 2017), e como todo

sinal vital, a VM apresenta pontos de corte que estão relacionados com diferentes níveis de

incapacidade funcional. Kano e colaboradores (2017) classificaram os indivíduos como

andadores normais (>0.83 m/s), andadores lentos (0.5-0.83 m/s), e andadores extremamente

lentos (<0.5 m/s). De fato, como observado na figura 4, para deambular na comunidade com

independência é necessário uma velocidade >0.8 m/s, e para atravessar a rua com segurança

1.4 m/s, já velocidades <0.5 m/s indicam andadores domiciliares, alto nível de dependência,

hospitalização e risco de queda.

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Figura 4. Desfechos de funcionalidade de acordo com a velocidade da marcha.

m/s, metros por segundo; , aumento; LE, extremidade inferior; indep, independentes; ADL,

atividade de vida diária; AD, doença de Alzheimer’s; 2x, duas vezes; yo, anos de idade; d/c,

alta; * capaz de subir diversos degraus da escada; ** provável de necessitar longo períodos de

hospitalização, do que alta para casa ou casa de repouso. Fonte: MIDDLETON; FRITZ;

LUSARDI, 2015)

Um bom controle de tronco e equilíbrio eficaz desempenha papel fundamental na efetividade

das tarefas realizadas pelo membro superior e inferior. A capacidade da marcha, por exemplo,

está associada não só com a força muscular de membros superiores e inferiores do lado

clinicamente afetado, mas também com o controle de equilíbrio. A instabilidade postural,

distúrbios na troca de respostas reativas a perturbações que levam a redução de um bom

controle postural, alterações na função cognitiva como troca de respostas durante a tarefa

realizada foram relacionadas ao aumento do risco de queda. O equilíbrio depende das entradas

sensoriais do visual, vestibular e do sistema somatosensoriais. Esses elementos sensoriais são

integrados e utilizados para controlar as ações antecipadas e reativas do motor para distúrbios

posturais. O comprometimento do controle postural é comum após AVC porque o acidente

vascular cerebral pode afetar um ou mais sistema sensorial e redes motoras (WINSTEIN et

al., 2016). O indivíduo hemiplégico ou hemiparético portanto, pode adotar uma posição

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assimétrica postural, com alterações na distribuição de peso sobre o lado afetado, tornando-o

incapaz de manter o equilíbrio dinâmico e estático ao realizar movimentos com o tronco e

membros (NEUROCI; VIEW; VIEW, 2016).

Além das deficiências do controle motor, os distúrbios mentais, a negligência viso espacial e a

instabilidade postural também contribuem para aumentar o déficit de equilíbrio e risco de

queda. Para melhor funcionamento do equilíbrio, o controle postural deve ser solicitado

quando o indivíduo precisar deslocar-se em diversas posturas, transferências e manter-se

estável, sem dar um passo ou uma queda (HORAK et al., 2005). Desta forma, limite de

estabilidade/verticalidade atua de forma simultânea junto com o controle reativo, visto que

quanto mais o indivíduo sofre perturbações durante suas atividades, mais será solicitado que

essas vias trabalhem juntas (SHIGAKI et al.,2013), de forma que consiga manter a

estabilidade desse indivíduo sem comprometer seu equilíbrio, gerando quedas. Além disso, as

disfunções do AVC exultam em baixa confiança no equilíbrio, reduzindo ainda mais o nível

de atividade funcionais (WINSTEIN et al.,2016; SONG; CHUN; KIM, 2014).

As deficiências físicas, cognitivas e psicológicas resultantes de acidente vascular cerebral

podem levar a um grande impacto na funcionalidade, limitando as atividades e restringindo a

participação social. De acordo com a CIF, atividade é "a execução de uma tarefa ou ação por

um indivíduo"; limitações de atividade, portanto, são consideradas as dificuldades que um

indivíduo tem na realização de tarefas como autocuidados, mobilidade e tarefas domésticas.

Já Participação é definida como "envolvimento em uma situação de vida", ou seja, o e

representa a perspectiva de funcionalidade da sociedade (contribuindo para vida em família e

sociedade). De acordo com OMS, esses papéis incluem, mas não estão limitados á

relacionamentos, educação, trabalho e emprego, vida econômica, comunidade, vida cívica e

social, recreação e lazer, religião e espiritualidade, direitos humanos e vida política e

cidadania (MAYO, 2015).

O retorno da participação ocorre quando o indivíduo retorna ao seu ambiente de vida após a

condição de saúde, retornando suas atividades e papéis sociais, convivência com o ambiente e

sociedade (DESROSIER et al, 2006; SINGAM, 2015).

A Participação social é considerada um referencial para todos os profissionais de saúde, sendo

agora considerado um componente crítico, e indicador de resultado bem-sucedido da

reabilitação (ANDRENELLI et al, 2015). Estudos anteriores realizados em indivíduos com

AVC observaram significantes limitações nas atividades de vida diária e restrições na

participação social. Esta redução na participação é consequente da dificuldade de interação

entre o indivíduo, fatores pessoais e ambientais. Sabe-se que não apenas as atividades diárias

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são essenciais para a sobrevivência (por exemplo, alimentação, cuidados, mobilidade), mas

também os papéis sociais que são necessários para o bem-estar (por exemplo, relacionamentos

interpessoais, lazer) (DESROSIER et al, 2006).

Assim como a participação social, outro desfecho clínico importante após o AVC é a

qualidade de vida. Qualidade de vida relacionado a saúde (QVRS) é a percepção subjetiva de

impacto na saúde que um indivíduo tem como consequência da sua condição de saúde e

incapacidade. Ela é composta por domínios físicos, mentais e sociais. Pacientes com AVC

apresentam um pior impacto nos domínios de saúde física, saúde mental e saúde geral quando

comparado a outros doentes crônicos (CHEN, 2015; KATONA et al, 2015).

Portanto, o objetivo principal da reabilitação após acidente vascular cerebral é promover a

independência funcional, aumentar a participação social reintegrando o indivíduo na

sociedade, e assim melhorar a qualidade de vida. Porém, mais da metade dos indivíduos

morando em casa após 6 meses de AVC relataram que a vida deles faltam algum aspecto

social e de recreação. Limitação da mobilidade, depressão, apatia, deficiência cognitiva,

fadiga, falta de conexão social, e ausência de alta-eficácia para engajar em atividades

contribuem para restringir a participação social (MAYO et al, 2015)

Já os desfechos clínicos como idade, sexo, tipo de acidente vascular cerebral, lado do acidente

vascular cerebral, duração após início, severidade do acidente vascular cerebral, o estado

funcional, função motora da extremidade superior, função motora de extremidade inferior,

função de equilíbrio, função de cognição e depressão foram identificados como potenciais

preditores de qualidade de vida em pacientes com acidente vascular cerebral (CHEN et al,

2015).

Outros estudos também apontam o equilíbrio como um forte preditor de recuperação

funcional, capacidade de marcha e risco para quedas. Portanto, uma deficiência no equilíbrio

pode levar a limitações significantes nas atividades de vida diária, como locomover-se em

casa, na comunidade, e viver de forma independente. (WINSTEIN et al.,2016; SONG;

CHUN; KIM, 2014).

Deste modo a melhora na função do equilíbrio tem grande relevância no processo de

reabilitação após AVC. É importante enfatizar no treino de equilíbrio e de controle de tronco,

já que a ausência de uma estabilização proximal irá influenciar diretamente nos membros e

diminuir os riscos de queda (NEUROCI; VIEW; VIEW, 2016). O treino do equilíbrio reativo

e a recuperação da atividade seletiva do tronco tem se mostrado eficaz para a prevenção de

quedas, melhora da mobilidade e marcha. Existem vários métodos para o treinamento do

equilíbrio, como treinamento de equilíbrio convencional baseado cinesioterapia, programas de

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treinamento posturografia tetra-ataxiométrica (Tetrax) e Realidade Virtual (SONG; CHUN;

KIM, 2014).

2.5 TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO NO AVC

A fisioterapia é de suma importância na vida dos pacientes após AVC, pois promove a

melhora da função e independência funcional (ALGURÉN, 2010). É recomendada a prática

funcional específica para tarefa, essa prática é difícil e desafiadora, pois deve ser intensa, com

alta frequência e duração para gerar o aprendizado motor. A reabilitação após AVC é

importante para otimizar a plasticidade cerebral e acelerar a recuperação do paciente,

atingindo melhores resultados, além de prevenir complicações secundárias e diminuir o custo

da hospitalização. Além do tratamento precoce, com grande intensidade, frequência e

duração, a reabilitação inclui abordagem como mobilização, prevenção de contraturas por

exercícios e mudanças posturais, orientação em atividades diárias, exercícios corporais e

treino de equilíbrio, orientação para a realidade na comunidade e informações para familiares

e cuidadores (MATEUS et al.,2017).

Quanto mais cedo iniciado a prática maior a chance de recuperação funcional. O treino na

esteira com ou sem suporte de peso corporal, treinamento em circuito, exercícios de

mobilidade são exemplos eficazes de prática específica na tarefa (WINSTEIN et al., 2016).

De acordo com o Guidelines for Adult Stroke Rehabilitation and Recovery (Carolee

J.Winstein, 2016) o treino de circuito é uma forma de tratamento com exercícios focado na

prática repetitiva de tarefas funcional. E é um método seguro e eficaz para melhorar a

mobilidade após o AVC, assim como atividades relacionadas à marcha, incluindo tarefas

como a mobilidade ao ficar de pé, sentado, subir e descer escada, girar, transferências altas e

baixas (do chão para a cadeira, dacadeira de rodas para cama ou cama para

cadeira)(ENGLISH; HILLIER, 2011; WEVERS et al., 2009; DICKSTEIN, 2008).

A utilização de exercícios em forma de circuito também influencia positivamente no controle

de tronco e no equilíbrio estático e dinâmico. Para que os objetivos sejam alcançados o

terapeuta deve propiciar um feedback verbal em todo o circuito, corrigindo as compensações

posturais. Um circuito para ganho de equilíbrio pode consistir em deambular em superfície

instável, permanecer em apoio unipodal ao realizar atividade com bola, desviar de obstáculos

realizando zigue-zague e subir e descer degraus e uma rampa (GRAVE; PERICO, 2015).

2.5.1 Treino de equilíbrio

Diversas intervenções para melhorar o equilíbrio vêm sendo proposto na literatura, incluindo

treinos de descarga de peso em superfície instável, treino de controle de equilíbrio e treino de

marcha, exercícios aeróbicos, exercícios terapêuticos, facilitação neuromuscular

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proprioceptiva, e realidade virtual (ONKONKWO et al, 2018; KENDALL et al, 2015; KIM et

al, 2015; LEE; LEE; SONG, 2018; VAN DUIJNHOVEN. et al, 2016).

Porém, apesar dos resultados serem positivos na maioria dos estudos, a variabilidade das

intervenções e dos desfechos clínicos e instrumentos de medida impossibilitam de tirar fortes

conclusões a respeito da eficácia desses métodos para reabilitação do equilíbrio após AVC.

Acredita-se que nenhuma intervenção isolada é eficaz recuperação da função do equilíbrio,

mas sim a combinação de treino de marcha, exercícios progressivos e estratégias do controle

motor (ONKONKWO et al, 2018). Apesar de a terapia convencional para treino de equilíbrio

ser considerada menos motivante pelos pacientes, ela pode ser mais segura e custo-efetiva, e

ser adotada em qualquer setor de reabilação. Evidências indicam que 1 hora de sessão, de 3 a

5 dias por semana, tem resultados eficazes no equilíbrio em qualquer fase apos o AVC.

Exercícios convencionais incluem alongamento passivo e exercício ativo, bem como treino de

equilíbrio e funcional (como mobilidade da cama, transferência de sentar-para-levantar) e

treinamento de marcha. Porém, a efetividade parece estar relacionada às estratégias do

aprendizado motor como intensidade, duração e feedback de cada terapia

(CHINSONGKRAM et al., 2016).

Wevers e colaboradores (2009) conduziu uma revisão sistemática demonstrou que treino de

circuito, com uso de obstáculos, diferentes texturas durante o trajeto, solo firme e instável,

tarefas relacionadas à marcha, incluindo mudanças de velocidade, são eficazes para melhorar

capacidade de mobilidade após um acidente vascular cerebral. Identificou que o tempo de

início da reabilitação tem forte influência na melhora do equilíbrio e capacidade da marcha.

Porém, Estudos futuros devem avaliar a mudança no desempenho de equilíbrio em vários

momentos pontos durante o processo de recuperação após acidente vascular cerebral

(CHINSONGKRAM, 2016). Além de incluir medidas que possam detectar a melhora durante

e após a reabilitação. Por exemplo, muitos estudos não avaliaram a função das extremidades

inferiores (somatosensibilidade, espasticidade) que influenciam diretamente no equilíbrio e na

capacidade de andar (LOUIE,2018).

Além disso, mais pesquisas são necessárias para superar o desafio da heterogeneidade e

melhorar a conformidade. Recomenda-se que estudos futuros adotem medidas de resultado

padronizadas válidas e confiáveis, descritas em relação aos domínios da CIF, e calculando

“minimial clinical change” (MCID), e ou relatando significância clínicas para facilitar o

agrupamento de dados e a geração subsequente de diretrizes de melhores práticas em relação

à reabilitação do equilíbrio sentado (BANK, 2016; ASKIM, 2017).

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Dessa forma, para melhor compreender os fatores de risco que influenciam no déficit de

equilíbrio, seu impacto nas atividades funcionais e a eficácia de um treino de equilíbrio

específico e intenso em pacientes após AVC, foi realizado o presente estudo intitulado

“Déficit de equilíbrio em pacientes após acidente vascular cerebral” que foi fruto do projeto

de PIVIC realizado por uma das pesquisadoras e que será apresentado na integra no próximo

capítulo dessa dissertação.

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3 ARTIGO ORIGINAL

FATORES DE RISCO, IMPACTO E RECUPERAÇÃO DO EQUILÍBRIO APÓS

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

RISK FACTORS, IMPACT AND RECOVERY OF BALANCE AFTER STROKE

CLARA CABO LEMOS, Graduanda em Fisioterapia na Escola Superior de Ciências da

Santa Casa de Misericórdia- EMESCAM, ES, Brasil.

LIVIA AVELLAR ROCHA OVIL Graduanda em Fisioterapia na Escola Superior de

Ciências da Santa Casa de Misericórdia- EMESCAM, ES, Brasil.

MARÍLIA DA SILVA BARBOZA Graduanda em Fisioterapia na Escola Superior de

Ciências da Santa Casa de Misericórdia- EMESCAM, ES, Brasil.

CHRISTIANE LOURENÇO MOTA Fisioterapeuta; Professora Doutora do curso de

Fisioterapia da Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia- EMESCAM, ES,

Brasil.

Estudo desenvolvido na Clínica Escola de Fisioterapia, localizada na Escola Superior de

Ciências da Santa Casa de Misericórdia (EMESCAM).

Endereço para correspondência: Marília da S. Barboza, Jardim da Penha, Vitória, Espírito

Santo.

Email: Marí[email protected], (28) 99984-3238

Resumo

Objetivo: O objetivo do presente estudo foi identificar a influências do déficit mental, motora

e do reflexo postural no déficit de equilíbrio; verificar o quanto o déficit de equilíbrio impacta

nas atividades funcionais; e avaliar o benefício de um treino intensivo no déficit de equilíbrio,

na capacidade da marcha, atividade e participação e qualidade de vida em pacientes após o

Acidente Vascular Cerebral

Métodos: Trata-se de um estudo observacional descritivo analítico e estudo de caso

intervencional

Resultados: Verificou-se que cerca de 56.8% dos indivíduos avaliados eram do sexo

feminino, sendo que todos participantes apresentaram pelo menos uma comorbidade, sendo a

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diabetes a mais prevalente (60%). Na escala mini-mental, alcançou-se uma média de 22.68 (±

3.7) indicando um déficit cognitivo moderado, isso associa-se ao fato de que 35.1% não

completaram o primeiro grau. Os participantes eram independentes funcionais nas avd’s

avaliadas pela escala de Barthel, score 85 (± 3,10), Na escala de Berg, apresentaram alto risco

de queda com score de 38.7 (± 19.24). Na escala de Bestest o pior domínio avaliado foi

equilíbrio reativo representando 55.5%. Para a participação social o LIFE-H apresentou-se

abaixo do ideal (4.87/ 9), em SF-36, representou maior impacto na qualidade de vida foi a

mudança de saúde e na função física, ambos com apenas 25%. A deficiência cognitiva, força

de membro superior, deficiência sensorial superficial, coordenação motora membro inferior e

limite de estabilidade/verticalidade influenciaram 76% na variância do risco de queda.

Conclusão: Os indivíduos acometidos por AVC, independente da sua etiologia, podem ter

sequelas relacionas à sua função motora, sensitiva, mental, perceptiva e de linguagem.

Disfunções dos sistemas somatossensorial, visual e vestibular tem como consequência o

déficit de equilíbrio, consequentemente, o indivíduo passa a ter dificuldade na realização das

tarefas funcionais. Para identificar e traçar tratamento adequado, a avaliação clínica continua

a sendo uma ferramenta essencial no tratamento de reabilitação e para prever a recuperação

funcional. Portanto, recomenda-se a terapia de exercícios para melhorar as capacidades de

equilíbrio, desde que o treinamento inclua exercícios visando equilíbrio, deslocamento de

peso e / ou marcha.

Palavras chave: Acidente Vascular Cerebral, AVC, Acidente Vascular Encefálico, Equilíbrio

Postural, Equilíbrio, Fisioterapia, Reabilitação, Exercícios Terapêuticos.

Abstract

Keywords: Stroke, Balance, Physiotherapy, PhysicalTherapy, Rehabilitation, Cerebral

Vascular Accident, Postural Balance,

INTRODUÇÃO

No Brasil, apesar da prevalência do AVC ser alta, aproximadamente 4% da população no ano

de 2015, a taxa de mortalidade também vem diminuindo significantemente e levando ao

aumento das incapacidades. Cerca de 83% dos indivíduos irão apresentar fraqueza muscular,

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alterações de sensibilidade e comprometimento da propriocepção que estão diretamente

associados a deficiências posturais e no equilíbrio estático e/ou dinâmico1,2 .

Além das deficiências citadas, o indivíduo pode apresentar instabilidade postural, distúrbios

na troca de respostas reativas a perturbações que levam a redução de um bom controle

postural, alterações na função cognitiva como troca de respostas durante a tarefa realizada

foram relacionadas ao aumento do risco de queda. O equilíbrio depende das entradas

sensoriais do visual, vestibular e do sistema somatosensoriais. Esses elementos sensoriais são

integrados e utilizados para controlar as ações antecipadas e reativas do motor para distúrbios

posturais. O comprometimento do controle postural é comum após AVC porque o acidente

vascular cerebral pode afetar um ou mais sistema sensorial e redes motoras3. O indivíduo

hemiplégico ou hemiparético, portanto, pode adotar uma posição assimétrica postural, com

alterações na distribuição de peso sobre o lado afetado, tornando-o incapaz de manter o

equilíbrio dinâmico e estático ao realizar movimentos com o tronco e membros 4 .

O equilíbrio é apontado como o principal preditor de mobilidade após o AVC que por sua vez

é um forte preditor de incapacidade, perda da independência, restrição da participação e

redução da qualidade de vida5,6. A velocidade da marcha explica 32% da variância na

participação social5 , e melhora na marcha está associada com melhora geral na capacidade

funcional6.

Portanto, deficiências no equilíbrio influenciam direta e indiretamente no nível funcional após

AVC, dificultando a realização das atividades de vida diária que requerem diferentes e

complexas mudanças no tônus e na atividade muscular como vestir-se, transferir-se,

alimentar-se e andar. E consequentemente irá influenciar no retorno às atividades sociais na

comunidade, de lazer e recreação 7 .

Nesse contexto, a melhora do equilíbrio tem grande relevância no processo de reabilitação

após AVC. É importante enfatizar no treino de equilíbrio e de controle de tronco, já que a

ausência de uma estabilização proximal irá influenciar diretamente nos membros e diminuir

os riscos de queda4 . O treino do equilíbrio reativo e a recuperação da atividade seletiva do

tronco tem se mostrado eficaz para a prevenção de quedas, melhora da mobilidade e marcha.

Existem vários métodos para o treinamento do equilíbrio, como treinamento de equilíbrio

convencional baseado cinesioterapia, programas de treinamento posturografia tetra-

ataxiométrica (Tetrax) e Realidade Virtual 8 .

Porém, as evidência indicam que, independente da intervenção escolhida, o importante é

incorporar estratégias do controle motor como intensidade, variabilidade, duração e feedback

da tarefa. Além de uma combinação de treino de marcha e exercícios progressivos para

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aumentar a efetividade do ganho do controle de equilíbrio após-AVC. Isso sugere que

intervenções convencionais, desenvolvidas especificamente para treino de equilíbrio, podem

ser tão eficazes quanto intervenções mais elaboradas, porém, são mais custo-eficientes e

podem ser adotadas em qualquer realidade e ambiente de reabilitação, aumentando a

aplicabilidade na prática clínica 9 .

A utilização de exercícios em forma de circuito com oferta de feedback verbal em todo o

circuito, e corrigindo as compensações posturais, tem-se mostrado eficaz no tratamento dos

pacientes após AVC. O circuito pode consistir em deambular em superfície instável,

permanecer em apoio unipodal ao realizar atividade com bola, desviar de obstáculos

realizando zigue-zague e subir e descer degraus e uma rampa10.

Portanto, levando-se em consideração o desequilíbrio e outras comorbidades que

comprometem a funcionalidade e a independência do paciente após o AVC, o objetivo do

presente estudo foi identificar a influência do déficit mental, motora e do controle postural no

déficit de equilíbrio; verificar o quanto o déficit de equilíbrio impacta nas atividades

funcionais e participação social; e avaliar o benefício de um treino intensivo no déficit de

equilíbrio, na capacidade da marcha, atividade e participação e qualidade de vida em

pacientes após o Acidente Vascular Cerebral.

MÉTODOS

Desenho do Estudo

Estudo observacional descritivo analítico e estudo de caso intervencional:

Participantes

Para o estudo descritivo analítico foram incluídos participantes com diagnóstico de AVC,

acima de 18 anos, de ambos os sexos, que obtiveram alta do Hospital Estadual Central

localizado no município de Vitória, com o mínimo de 3 meses após o AVC e que aceitaram

assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Dos participantes incluídos para o estudo analítico, foram selecionados para o estudo

intervencional de caso aqueles com no mínimo de 3 meses após o AVC apresentarem score

menor ou igual a 45 na escala de Berg .E foram excluídos aqueles que apresentaram um

escore na escala do mini mental menor ou igual a 26, alterações vestibulares, deficiências

ortopédicas e/ou estarem participando em algum programa de reabilitação e que tenham

patologias associadas como: Carcinomas malignos, Trombose venosa profunda, Doença de

Parkinson, Doença de Alzheimer e Traumatismo Raquimedular.

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Procedimentos

Os participantes foram recrutados do Hospital Central de Vitória-ES por análise de

prontuários. Posteriormente, os pacientes foram contatados e convidados a participarem da

atual pesquisa, informando-os sobre a importância da mesma para a ciência e sobre os

benefícios que ocasionará sobre a vida dos mesmos.

Depois de aceite e assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE), foram

agendadas as avaliações. A coleta de dados, avaliações e a intervenções foram realizadas na

clínica escola de fisioterapia da Escola de Ciências da Santa Casa da Misericórdia

(EMESCAM).

Uma ficha de avaliação do nível sócio demográfico e características do AVC foi elaborada

pelas pesquisadoras e utilizada para extrair os dados dos prontuários. Foram coletados dados

referentes ao nome, sexo, idade, data de nascimento, telefone, endereço, escolaridade, tempo

de AVC, tipo de AVC (isquêmico ou hemorrágico), dominância manual (destro, sinistro ou

ambidestro), deambulação (sim, não, com auxilio e sem auxilio), data da lesão e o lado da

lesão.

A análise descritiva foi realizada no software SPSS versão 17.0 (IBM SPSS Statistics, IBM

Corporation, Armonk, New York) usando média e desvio padrão para as variáveis contínuas

com distribuição normal como idade, nível cognitivo, gravidade do AVC, independência

funcional, equilíbrio, velocidade da marcha e participação social. A variável qualidade de vida

apresentou distribuição assimétrica para quase todos os domínio, portanto, foi realizada

mediana, mínima, e máxima. Para as demais variáveis nominais foram realizadas frequência e

porcentagem.

Após a coleta de dados, os participantes que foram submetidos a intervenção passaram pela

avaliação, tendo como as variáveis o risco de queda e nível cognitivo onde foram avaliados

para a seleção da amostra.

O nível cognitivo foi avaliado através da escala de Mini mental, validada e traduzida no

Brasil por Bertolucci e outros (1994). Apresenta 7 domínios cujo o objetivo é verificar a

orientação temporal, orientação espacial, memória, cálculo, linguagem e capacidade visual.

Os scores variam de 0 a 30 pontos, sendo 0 equivale a um grau de comprometimento

cognitivo máximo e 30 equivale a capacidade cognitiva máxima. Aos que apresentarem um

escore na escala menor ou igual a 26 foram considerados com deficiência de memória 11 .

O risco de queda foi avaliado pela escala de Berg, criada em 1993 por Katherine Berg e

validada e traduzida para a língua portuguesa no Brasil por Miyamoto e colaboradores (2004).

Consiste em 14 itens avaliando o equilíbrio funcional comum ao cotidiano, preditor de quedas

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e mobilidade. Cada item possui uma escala ordinal de cinco alternativas que variam de 0 a 4

pontos, com uma pontuação máxima de 56 pontos. Quanto menor a pontuação atingida pelo

indivíduo, maior será o seu risco de queda. Portanto, a pontuação abaixo de 45 é um preditivo

de quedas em participantes após acidente vascular encefálico.

O desfecho principal equilíbrio foi avaliado utilizando a Balance Evaluation Systems Test.

Este instrumento foi validado no Brasil por Bambirra, Magalhães e Paula (2015). Tem como

objetivo ajudar na identificação dos subsistemas do controle postural que podem ser

responsáveis pela alteração do equilíbrio funcional. O BESTest consiste de 36 tarefas

agrupados em seis seções: restrições biomecânicas, limites de estabilidade/verticalidade,

ajustes posturais antecipatórios, respostas posturais reativas, orientação sensorial e

estabilidade na marcha com e sem uma tarefa cognitiva. Cada item é pontuado em uma escala

ordinal de quatro pontos: de zero (pior desempenho) a três (melhor desempenho). O score

total varia de 0 à 144 pontos, quanto maior o score melhor o equilíbrio 12,13.

Os desfechos secundários são qualidade de vida, marcha e nível de motivação. A qualidade de

vida foi avaliada através da SF-36. A qualidade de vida foi avaliada pela SF-36 que considera

a percepção do indivíduo quanto ao seu próprio estado de saúde e contempla os aspectos mais

representativos da saúde. Foi traduzido e validado para a língua portuguesa do Brasil por

Ciconellietal (1999). É composto por 36 itens, subdivididos em 8 componentes: capacidade

funcional, aspectos físicos, dor, estado geral da saúde, vitalidade, aspectos socioeconômicos,

emocionais e saúde mental. Apresenta um escore final que pode variar de 0 a 100 pontos, no

qual 0 corresponde a baixa qualidade de vida e 100 a alta qualidade de vida 14.

Life-H Escala de atividade e participação social. No Brasil foi desenvolvido por um grupo de

pesquisadores canadenses a partir do modelo Disability Creation Process (DCP),

desenvolvido por Fougeyrollas et al (1993). O questionário LIFE-H, contém 77 questões

divididas em duas sub escalas: "Atividades diárias" (37 questões) e "Papéis sociais" (40

questões). A avaliação do desempenho em cada hábito de vida das duas subescalas resulta da

identificação: 1o) nível de realização e 2o) tipo de assistência requerida. Esses dois aspectos

são combinados em uma escala de 10 níveis, que permite pontuar o desempenho de 0 (não

realizado) a 9 (realizado sem dificuldade e sem assistência) sendo que zero indica total

restrição na participação e 9 nenhuma restrição. A avaliação da satisfação, não computada no

escore, reflete quanto o indivíduo está satisfeito com o seu desempenho15.

Para a avaliação da marcha foi realizado o Teste de caminhada de 6 minutos. O TC6M foi

adaptado do teste de corrida de 12 minutos, descrito originalmente por Cooper em 1968, para

avaliar pessoas saudáveis. Neste teste utiliza-se um corredor de 30 metros de comprimento,

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demarcados de 3 em 3 metros sem obstáculos onde o momento de fazer uma curva deve ser

marcado com um cone. Todavia, o avaliado é quem determina a velocidade de caminhada,

sendo que o caminho é demonstrado ao paciente pelo examinador previamente O objetivo

deste teste é caminhar em ritmo próprio sozinho o mais longe possível durante os seis

minutos. Portanto, este teste é submáximo, a não ser que o avaliado não consiga caminhar por

seis minuto 11.

Após as avaliações os participantes que atenderam aos critérios de inclusão foram convidados

a participar no estudo de caso intervencional que foi realizado 2 vezes na semana, por 12

semanas, durante 60 minutos. Posteriormente ao tratamento os participantes foram

reavaliados apenas quanto ao déficit de equilíbrio, capacidade da marcha, atividade e

participação e qualidade de vida.

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da EMESCAM e foram

respeitadas todas as diretrizes da resolução 466/12.

Protocolo de treino de equilíbrio

O protocolo de treino de equilíbrio foi desenvolvido baseado em revisões sistemáticas e meta-

análise que demonstraram efeitos positivos sobre o efeito de exercícios fisioterapêuticos no

equilíbrio16,17,18.O protocolo consiste de um período de aquecimento, exercícios de

fortalecimento, exercícios de equilíbrio e alongamentos (TABELA 1).

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35

Tabela 1. Protocolo de treino de equilíbrio

Aquecimento 10 minutos bicicleta ergométrica

Fortalecimento

(3 séries de 10

repetições)

Sentar e levantar da cadeira com apoio dos membros superiores.

Progressão do exercício: Levantar e sentar sem o apoio dos

membros superiores;

Progressão do exercício: Levantar e sentar com as mãos

segurando a bola à frente da sua base de apoio.

Exercício de ponte.

Exercício utilizando a bola suíça para ativação dos músculos

oblíquos.

Flexão de membro superior na parede.

Pushup na cadeira.

Em decúbito lateral realizar abdução e adução dos membros

inferiores com caneleiras na panturrilha.

Ficar de pé em uma perna só.

Abdominal reto superior no chão.

Abdominal com alcance de objeto.

Equilíbrio

(3 séries de 10

repetições

Subir e descer no step de frente;

Subir e descer no step de costas;

Subir e descer do step de lado.

Alcance de objeto progredindo com o aumento da distância entre

o paciente e o objeto.

Circuito: Andar no chão plano; Andar sobre um colchão; Andar

desviado dos cones em oito; Andar realizando dupla tarefa;

Andar ultrapassando pequenos obstáculos; Andar Tandem.

Exercício de planteflexão com apoio (Panturrilha).

Exercício de plantiflexão sem apoio;

Subir e descer escadas.

Alongamento

(2 séries de 30

segundos)

Rotadores de tronco; isquiotibiais; tríceps sural.

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RESULTADOS

A tabela 2 apresenta os resultados descritivos obtidos dos 37 participantes incluídos no

estudo. Como pode ser observado a idade média da população foi de 62.41 anos (± 13.26),

56.8% dos participantes são do sexo feminino, 40.5% raça parda, 35.1% não completaram o

primeiro grau.

Tabela 2- Perfil Sociodemográfico

Variáveis N (%) N= 37

Idade (média ± DP) 62.41 (±13.26)

Sexo

Feminino 21(56.8%)

Masculino 16 (43.2%)

Raça N (%)

Pardo 15 (40.5%)

Branco 11 (29.7%)

Negro 10 (27.0%)

Amarelo 1 (3.3%)

Escolaridade

Analfabeto 7 (23.3%)

1º grau incompleto 13 (35.1%)

2º grau incompleto 4 (10.8%)

1º grau completo

2º grau completo

4 (10.8%)

9 (24.3%)

Comorbidades

Diabetes 18 (48.6%)

Hipertensão 11 (29.7%)

Obesidade 1 (2.7%)

Não informado 7 (18.9%)

Tipo de AVC

Isquêmico 34 (91.9%)

Hemorrágico 3 (8.1%)

Número de AVC

1 episódio 28 (75.7%)

2 episódios 6 (16.2%)

≥3 episódios 3 (8.1%)

NIHSS (0-14) média± DP 2.9 ± 3.7

MINIMENTAL (0-30) 21.0 ± 7.4

Todos apresentam pelo menos uma comorbidade como hipertensão, diabetes e obesidade,

sendo a diabetes a mais prevalente (48.6%). O tipo de AVC mais prevalente foi o isquêmico

(91.90%), sendo que 75% da amostra teve um único episódio de AVC, e apresentou déficit

leve (score de 2.9/9) de acordo com a escala que avalia a severidade e magnitude do déficit

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neurológico, NIHSS. Na escala mini-mental que varia de 0 a 30 pontos, nossa amostra

alcançou uma média de 21.0 (± 7.4).

Os resultados descritivos dos desfechos de independência funcional, mobilidade, equilíbrio,

participação social, e qualidade de vida, estão descritos na tabela 3. É importante observar que

os participantes eram independentes funcionais nas atividades de vida diária avaliada pela

escala de Barthel, score 85 (± 3,10). Porém, apresentaram um alto risco de quedas com um

score de 38.7 (± 19.24) na escala de BERG. Quando avaliado esse déficit de equilíbrio mais

detalhadamente, através da escala de BESTest (0-100%), foi observado deficiência leve

apenas no domínio orientação sensorial (80%), os demais domínios apresentaram déficit

moderado (restrição biomecânica, limite verticalidade, transições/antecipatória, estabilidade

da marcha) variando de 61 à 66%. O pior domínio foi equilíbrio reativo com 55.5%.

Observamos também um grande impacto na participação social, como demonstrado no escore

da LIFE-H abaixo do ideal (5.2/ 9), e mais marcante nos domínios mobilidade (4.7), educação

(0), emprego (0) e recreação (1.2). Na qualidade de vida, observamos impactos tanto no

componente físico, quanto mental, com apenas 25% na função física e total limitação devido à

função física. O mesmo pode ser observado na limitação devido a função emocional (0%) e

mudança de saúde (0%).

A velocidade da marcha foi avaliada através do TC6M, observou-se que a média dos

resultados obtidos dos 37 participantes foi de 0.47± 0.17, destes nenhum apresentou VM

<0.83m/s, sendo então classificados como andadores lentos (37.8%) ou extremanente lentos

(62.2%).

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Tabela 3. Análise descritiva dos desfechos de atividade, participação social e qualidade de

vida, nível cognitivo, mobilidade e equilíbrio

Variáveis Média ± DP

BARTHEL (0-100) 85 ± 3.1

BERG (0-56) 38.7 ± 19.24

VELOCIDADE DA MARCHA (m/s) 0.47 ± 0.17

Andadores normais n (%) 0

Andadores lentos n (%) 14 (37.8%)

Andadores extremamente lentos n (%) 23 (62.2%)

Mediana (min-máx)

BARTHEL (0-100) 85 (3,100)

BESTEST (0-100%)

Restrições biomecânicas n (%) 66.6 % (0-100)

Limite Verticalidade n (%) 61.9 % (0-100)

Transições/ Antecipatórias n (%) 61.1 % (0-100)

Reativo n (%) 55.5 % (0-100)

Orientação Sensorial n (%) 80.0 % (0-100)

Estabilidade na marcha n (%) 61.9 % (0-100)

TOTAL 64.2 % (0-100)

LIFE-H (0-9) 5.2 (0.25-8.96)

Nutrição 6.87 (0.25-9)

Condicionamento físico 5.00 (0-9)

Cuidados pessoais 6.75 (0-9)

Comunicação 7.87 (0

Moradia 5.82 (0-9)

Mobilidade 4.70 (0-9)

Responsabilidades 6.75 (0-9)

Relacionamentos interpessoais 7.71 (0-9)

Vida em comunidade 5.62 (0-9)

Educação 0 (0-9)

Emprego 0 (0-9)

Recreação 1.21 (0-9)

SF-36 (0-100)

Componente Físico

Função física 25 (0-100)

Limitação devido à função física 0 (0-100)

Dor 66.5 (0-100)

Estado Geral de Saúde 50 (0-75)

Componente Mental

Energia e fadiga 50 (10-100)

Bem estar emocional 64 (4-100)

Função social 63 (0-100)

Limitação devido à função emocional 0 (0-100)

Mudança de saúde 25 (0-100)

Como descrito na tabela 4, mesmo sendo independentes nas atividades da vida diária, os

participantes apresentaram importante déficit de equilíbrio e alto risco de queda. Dessa forma

para verificar a influência da déficit mental, motora e controle postural no risco de queda, foi

realizado uma análise logística binária. Dos 4 modelos analisados, o que apresentou o melhor

“fit” foi o 1º (Omnibus X²=24.37,df 5, p<0.0001; Hosmer and Lameshow X²=4.99, df 8

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p=0.76; r=²0,76). A deficiência cognitiva, força de membro superior, deficiência sensorial

superficial, coordenação motora membro inferior e limite de estabilidade/verticalidade

influenciaram 76% na variância do risco de queda, sendo limite de instabilidade e

verticalidade o único que apresentou como significante protetor de risco de quedas em

pacientes após AVC. Quanto maior o limite de estabilidade/verticalidade, menor será o risco

de queda ( OR 0.86; 95% IC 0.76-0.98) (Tabela 4).

Tabela 4. Identificar o impacto da déficit mental, motora e controle postural no risco de

queda

Risco de Queda

Variáveis independentes OR IC 95% Valor-p

Deficiência cognitiva (minimental) 1.06 0.88-1.27 0.52

Deficiência sensório/motora

Força Membro Inferior (migazzini) 1.88 0.06-59.44 0.71

Deficiência sensorial superficial 4.88 0.23-102.95 0.30

Coordenação motora MI 3.08 0.13-71.84 0.48

Controle Postural

Limite de estabilidade/verticalidade (BESTest) 0.86 0.76-0.98 0.026*

Os resultados da análise de correlação, para verificar o impacto do déficit de equilíbrio,

mensurado pela BesTest. Na velocidade da marcha (TC6M), independência funcional

(Barthel), participação social (Life-H) e qualidade de vida (Sf-36) demonstrou uma forte e

positiva associação entre equilíbrio e participação social (r=0.70, p<00.01), e uma moderada

correlação positiva entre equilíbrio e independência funcional, e qualidade de vida (SF36) nos

domínios função física, dor, limitação devido a função física e mental, e bem-estar social. Em

geral, quanto melhor o equilíbrio melhor a função física, bem estar emocional e

independência funcional. Quanto melhor o equilíbrio menos dor e limitações por função física

e emocional. Não houve correlação significativa entre velocidade da marcha e equilíbrio.

(Tabela 5; Figura 4)

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Tabela 5 – Correlação entre equilíbrio e as varáveis dependentes velocidade da marcha,

independência funcional, participação social e qualidade de vida.

VARIÁVEIS DEPENDENTES EQUILÍBRIO (Bestest)

r Valor-p

VELOCIDADE DA MARCHA (TC6M) -0.14 0.4

INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL (Barthel) 0.32 0.041

PARTICIPAÇÃO SOCIAL (Life-H) 0.72 0.000

QUALIDADE DE VIDA

Componente Físico

(SF-36)

Função física 0.30 0.035

Limitação devido a função física 0.29 0.04

Dor 0.32 0.026

Estado de Saúde geral 0.071 0.67

QUALIDADE DE VIDA

Componente Mental

(SF-36)

Limitação devido à função emocional 0.31 0.031

Energia e fadiga 0.14 0.68

Bem estar emocional 0.26 0.06

Função social 0.08 0.37

Mudança Saúde Geral -0.046 0.39

Teste de spearman

Figura 5. Correlação entre a variável independente equilíbrio (BesTest total) e as variáveis independentes com

associações significantes: Participação Social (Life-H), Independência Funcional (Barthel), SF-36 Função

Física, SF36 Limitação devido a função física.

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Apesar de não ser um objetivo inicial do estudo, verificamos nessa amostra se os desfechos

clínicos evidenciados na literatura influenciaram na participação social. O resultado da

regressão logística aponta que equilíbrio, velocidade da marcha, força de membro inferior,

domínios físicos e emocionais da qualidade de vida explicam 52% da participação social.

Porém, na presente amostra, apenas equilíbrio influenciou significantemente na participação

social. A medida que aumenta um ponto na escala de BesTest, o score de participação social

na Life-H aumenta 0.048 (p=0.31). E, mais especificamente, o único domínio da BesTest que

influência significantemente na participação social é o domínio de verticalidade e estabilidade

(α= 1.12, β=0.052, p=0.031).

Dos 37 participantes incluídos no presente estudo, poucos se encaixaram nos critérios de

inclusão do estudo intervencional de treino de equilíbrio e apenas 2 aceitaram participar.

Dessa forma, foi realizado um estudo de caso com esses dois participantes.

A Tabela 6 descreve os resultados dos participantes 1 (P1) e 2 (P2). Como pode ser

observado, P1 apresentou inicialmente um importante déficit de equilíbrio e um alto risco de

queda, com score inicial na escala de Berg de 4 pontos, e 0% em todos os domínios da

BESTest. Após as 12 semanas de intervenção, houve um aumento de 9 pontos na escala de

BERG. As evidências clínicas sugerem que um aumento de 5 pontos na escala de BERG é

considerado uma mudança clínica mínima significante, ou seja, é uma mudança que pode ser

observada clinicamente e não apenas estatisticamente.

No BESTest que avalia diferentes domínios do equilíbrio, observamos uma melhora mais

expressiva no domínio “limites de estabilidade”, que passou de 0 para 14 pontos e em

“orientação sensorial” de 0 para 7 pontos. Os domínios “restrição biomecânica, “transições” e

“respostas posturais reativas” também apresentaram melhoras, porém menos expressivas. Na

“estabilidade da marcha” ele não pontuou pois era dependente de cadeira de rodas, sendo o

fator mais impactante para o participante.

Na participação social, avaliado pela Life-H, apesar de pouca diferença no score total (1,71

para 1,76), pode-se observar melhoras nos domínios comunicação, responsabilidades,

mobilidade, vida em comunidade e recreação. Por outro lado, apresentou piora nos domínios

nutrição, condicionamento físico, cuidados pessoais e moradia; e não alterou os domínios

educação e emprego, o que justifica o score baixo quando realizado a mediana dos domínios.

A intervenção parecer ter causado um impacto positivo na qualidade de vida, tanto no

componente físico quando emocional. Apesar da função física permanecer no zero, a

limitação devido a função física melhorou 25% e a dor 47%. O impacto mais expressivo foi

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no componente mental, com melhora em todos os domínios com exceções a limitações

devidos função emocional.

Tabela 6. Resultados das avaliações pré e pós intervenção dos participantes 1 e 2

TESTES VARIÁVEIS Participante

1

Participante

2

PRÉ PÓS PRÉ PÓS

Velocidade da Marcha 0 0 0.83 1.33

BERG 4 13 45 48

BESTEST Restrições biomecânicas 0 3 53,33 73,33

Limites de estabilidade 0 14 67 76,19

Transições - Ajustes

posturais antecipatórios

0 2 61,61 94,44

Respostas posturais

reativas

0 3 61,61 61,11

Orientação Sensorial 0 7 80 100

Estabilidade na marcha 0 0 19,04 100

LIFE-H Nutrição 3,25 1,5 2,25 9

Condicionamento físico 3,75 1,5 6,25 9

Cuidados pessoais 3 2,12 5,75 7,87

Comunicação 1,44 2,62 3,75 9

Moradia 1,6 0,87 5,62 9

Mobilidade 1,2 1,4 4 8

Responsabilidades 0,37 2,25 5,75 9

Relacionamentos

interpessoais

4 5,14 5,57 9

Vida em comunidade 1,87 2,87 6,75 9

Educação 0 0 0 0

Emprego 0 0 0 1,75

Recreação 0 0,85 0 9

Total 1,71 1,76 5,38 7,46

SF-36 Componente Físico

Função Física 0 0 40 90

Limitação devido à

função física

0 25 0 0

Dor 53 100 0 80

Saúde geral 50 65 25 60

Componente Mental

Energia e Fadiga 50 100 15 85

Bem estar emocional 52 92 16 92

Função social 63 75 13 75

Limitações devido à

função emocional

0 0 0 67

Mudança de saúde 50 100 0 75

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Já P2, apresentou um déficit de equilíbrio mais leve inicial, com um score inicial de 45 pontos

na escala de BERG, e não observar mudanças tão expressivas após a intervenção, apenas 3

pontos, permanecendo na faixa de risco de queda <49. Porém, na BESTest, apresentou

melhora em todos os domínios, mas o mais expressivo foi “estabilidade da marcha”, passando

de 19% para 100%. O mesmo foi observado nos desfechos de participação social e qualidade

de vida. Na life-H apresentou melhora de 2 pontos no score total, e em todos os domínios,

sendo mais expressivo nos domínios nutrição (25%), comunicação (41,66%), mobilidade

(50%), e recreação (100%). E na qualidade de vida ele apresentou melhora tanto nos

componentes físicos, quanto nos componentes emocionais, mas assim como o P1 o impacto

foi mais positivo no componente emocional, como um ganho de 75% na mudança de saúde e

ganhos de 62 a 76% nos demais domínios do componente mental. No componente físico, a

diminuição da dor e função física foram as mais predominantes, mas assim como P1, não foi

observado melhora na limitação devido a função física.

DISCUSSÃO

Os resultados da presente pesquisa sugerem os participantes não apresentaram muitas

deficiências à nível de estrutura e função e nem são dependente funcionais, porém,

apresentaram importante deficiência no equilíbrio, limitações na qualidade de vida,

predominantemente na função física e limitações devido à função física e emocional.,

repercutindo em restrição importante na participação social. Além disso, os resultados

sugerem que um treino de equilíbrio intensivo pode ser eficaz não só na deficiência do

equilíbrio, como também na melhora da participação social e na qualidade de vida.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares (SBDCV) 19, o acidente

vascular cerebral pode surgir em qualquer faixa etária, inclusive entre crianças e recém-

nascidos, porém a chance de ocorrer cresce à medida que avança a idade. E o sexo masculino

é o mais acometido pelo AVC, porém na nossa amostra houve uma distribuição homogênea

entre os sexos, com uma maior porcentagem para o sexo feminino.

Dentre os fatores de risco não modificáveis, a raça tem uma forte influência negativa.

Segundo Roger e colaboradores 20, negros têm duas vezes mais chances de AVC do que

brancos.; e hispânicos têm 1, 5 vezes mais chances de AVC do que não-hispânicos. No

presente estudo a raça parda foi prevalente, seguido da branca e depois negra. Isso se deve

provavelmente pelo fato de a raça parda ser uma mistura da raça branca com o negro, essa

mistura genêtica aumenta o risco para AVC quando comparada a branca isolada. De fato,

pardos e negros representam 67,5% da amostra total21 .

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Segundo a Diretriz da American Heart Association (AHA)22 , de todos os fatores de risco

modificáveis para AVC, a HAS destaca-se como a mais comum, afetando aproximadamente 30%

da população mundial, seguido da diabetes mellitus, e da obesidade. Observamos que 81% dos

participantes apresentaram pelo menos uma dessas comorbidades, sendo a diabetes a mais

prevalente (48.6%), seguido da HAS (36.7%). Essas comorbidades estão cada vez mais presentes

na sociedade, devido ao estilo de vida, alimentação, e outros fatores que deveriam ser facilmente

controlados e evitados. A falta de prevenção e controle gera um grande impacto epidemiológico e

financeiro para saúde pública23 .

O nível de escolaridade é um dos principais preditores da função cognitiva, tendo portanto uma

influência direta no escore total do MEEM. Para indivíduos com baixa ou média escolaridade, a

pontuação de corte para deficiência cognitiva é de 18 a 25 pontos; já para aqueles com alto nível

de escolaridade, 26 a 30 pontos. No presente estudo a maioria dos participantes não completaram

nem o primeiro grau de escolaridade e obtiveram uma média de 21 (± 7.4) pontos na MEEM, o

que demonstra um importante comprometimento na função cognitiva10.

O baixo nível de escolaridade associado à deficiência cognitiva dificulta ainda mais a capacidade

de compreender, analisar e aplicar informações escritas ou faladas acerca da saúde, que por sua

vez irão dificultar a promoção e manutenção da saúde, e as mudanças nos hábitos de vida

necessários. Portanto, essa amostra provavelmente tem maior chance de desenvolver novas

condições de saúde ou até um segundo AVC23.

O nível de independência funcional depende de condições motoras e cognitivas satisfatórias e tem

relação direta também com os desafios do próprio ambiente 24 A maioria dos estudos

investigando independência nas atividades de vida diária (AVDs) adota o índice de Barthel como

instrumento de medida. No presente estudo quase a totalidade dos participantes apresentaram boa

independência funcional, de acordo com o índice de Barthel (85 ±3.1), mesmo com deficiência

motoras e cognitivas importantes. Harvey e colaboradores 25 observou que idade, NIHSS e índice

de barthel no início são fortes preditores de independência das AVDs a longo prazo. Isso pode

explicar a independência funcional dos nossos participantes, uma vez que apresentaram baixo

score na NIHSS (indicando AVC leve) e podem ser considerados idosos jovens. Porém, não

temos informações da Barthel na fase incial hospitalar.

Outros fatores evidenciados na literatura como preditores da independência funcional são

incontinência urinária, bom equilíbrio sentado, ausência de afasia, e ausência da de diabetes

melittus (pacientes mais velhos e diabéticos vem sendo associados com AVC mais graves e de

pior prognóstico), e velocidade da marcha 25. Porém, na presente amostra, os pacientes

apresentaram diabetes mellitus e importante deficiência da marcha.

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O equilíbrio é apontado como o principal preditor de mobilidade após o AVC que por sua vez é

um forte preditor de incapacidade, perda da independência, restrição da participação e redução da

qualidade de vida5,6. Uma predição com exatidão permite melhorar o potencial do cuidado clínico,

pois facilita o planejamento do programa de reabilitação, selecionado a intervenção que irá mais

beneficiar o paciente e evitando aqueles que não tem indicação 25

A escala de BERG é um instrumento valido e confiável para avaliar o equilíbrio em diversas

populações, porém ela também é mundialmente utilizada como classificatória de risco de queda,

na qual um score menor que 45 indica alto risco de queda26. Segundo Carvalho e colaboradores27,

a queda de 1 ponto em um intervalo de 54-56 pontos representa um aumento de 3 a 4% no risco de

queda. Já em um intervalo de 46-54 representa um aumento de 6 a 8% e abaixo de 36 pontos o

risco é de quase 100%.

No presente estudo a média na BERG foi de 38.7 (± 19.24), sugerindo um alto risco de queda

entre os participantes. Os resultados da regressão logística indicam que a deficiência cognitiva,

força de membro inferior, deficiência sensorial superficial, limite de instabilidade e verticalidade,

e coordenação motora de MI tem forte influência no risco de queda (76% na variância), porém,

limite de instabilidade e verticalidade foi o único que demonstrou se um significante protetor de

risco de quedas em pacientes pós AVC. Ou seja, quanto melhor o limite de instabilidade e

verticalidade, menor o risco de queda.

Horak e colaboradores28 definiram limites de estabilidade e verticalidade como a distância

máxima que o centro de massa corporal de um indivíduo pode ser deslocado, durante posturas e

transferências funcionais, sem alterar a base de suporte, dar um passo ou cair, utilizando apenas

respostas reflexas musculares. Sabemos a resposta reflexa e o tônus postural na maioria dos casos

apresentam deficiências após AVC, o que explicaria a incapacidade de ativar a musculatura

necessária para retornar o equilíbrio sem precisar alterar a base de suporte 29.

Da mesma forma que Mansfield e colaboradores30 sugerem que o controle do equilíbrio reativo

prejudicado prediz risco aumentado de quedas após a alta hospitalar para a comunidade. No

BESTest, o controle reativo foi o domínio com menor valor, apenas 55%, apesar de não ter sindo

apontado como um forte preditor de risco de queda. Esses resultados vão de encontro com os

achados na literatura de que a escala de BESTest tem capacidade discriminativa melhor do que o

Berg, identificando com mais precisão os domínios e possíveis causas do déficit de equilíbrio

após AVC31. Outros estudos apontam que o BESTest é de alta confiabilidade, e tem menor

probabilidade de efeito teto do que o Berg em pacientes após o AVC, demonstrando que a BERG

não é um bom instrumento clínico para identificar deficiências de equilíbrio mais especificos31 .

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Portanto essas escalas deveriam ser usadas de forma complementar, uma identificando a

presença de risco de queda e a outra a possível causa ou origem do déficit de equilíbrio e risco de

queda, o que permitirá planejar uma intervenção mais objetiva e efetiva.

Apesar da função mental, quando ajustado pelas demais variáveis independentes, não ter sido um

significante preditor de risco de queda, ao analisar isoladamente a função cognitiva, pode-se

observar que quanto melhor a função cognitiva menor o risco de queda (OR 1.15, p=0.026).

Logue e colaboradores32 definem que a função executiva é como um grupo de habilidades

cognitivas de ordem superior que permitem aos indivíduos orientar-se para o futuro, suas funções

incluem controle de impulsos, inibição de respostas, atenção, memória de trabalho, flexibilidade

cognitiva, planejamento, julgamento e tomada de decisão. Severino e colaboradores33 propõem

que indivíduos com deficiência nessa função executiva apresentam maior dificuldade para lidar

com distrações ou respostas competitivas ao caminhar, mover-se em cadeira de rodas ou nas

transferências o que pode resultar em quedas. De fato, os pacientes apresentaram importante

déficit cognitivo e de equilíbrio.

Além de identificar quais os principais fatores associado ao risco de queda e risco de queda, o

terceiro objetivo foi verificar o quanto o déficit de equilíbrio impacta nas atividades funcionais,

participação social e qualidade de vida.

O equilíbrio, avaliado pela escala de BESTest, foi um significante preditor da participação social

e saúde mental, indicando que quanto melhor o equilíbrio melhor será a participação social. Em

conformidade, Schimid e colaboradores34 relataram que equilíbrio e auto eficácia em relação ao

equilíbrio, ou seja, a habilidade do sujeito avaliar seu próprio risco de quedas, são melhores

preditores de participação social que velocidade da marcha e capacidade da marcha. Chen et al35

observou que a pontuação na escala de Berg foi o maior preditor de mobilidade e participação

social após o AVC. Desrosiers e colaboradores32 identificaram que os efeitos depressivos, idade

avançada, déficit de equilíbrio, déficit de coordenação, deficiência de membros inferiores além do

alto número de comorbidades, foram os principais preditores para um menor nível de participação

social após AVC. Porém, em um novo estudo em 2006, os mesmos autores encontram que apenas

idade, comorbidade, coordenação de membro inferior e coordenação e habilidades de membro

superior são fortes preditores para participação social após o AVC. Similarmente, Singam e

colaboradores36 encontraram que idade avançada no momento do AVC, ataque mais severo e

recorrentes, depressão, baixa função cognitiva e dependência funcional influenciaram

significativamente na redução da participação.

Ja com relação a qualidade de vida, Cohen e colaboradores5 observaram que, em pessoas após

acidente vascular cerebral, medidas de desempenho da força total do membro inferior parético e

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mobilidade, mas não o equilíbrio, foram preditores significativos para a qualidade de vida e

reintegração comunitária. Por outro lado, Schmid et al34 diz que para pacientes com AVC,

equilíbrio estável e mobilidade, fazem parte do status funcional, levando a uma melhor qualidade

de vida relacionada à saúde. Em nosso estudo foi identificado que o equilibrio é um forte preditor

na qualidade de vida e participação.

Porém sabemos que diversos outros fatores contribuem fortemente para a participação social e

qualidade de vida após AVC. Chen e colaboradores35, em uma revisão sistemática identificou que

idade, sexo, tipo de acidente vascular cerebral, lado do acidente vascular cerebral, duração após

início, severidade do acidente vascular cerebral, o estado funcional, função motora da

extremidade superior, função de equilíbrio, função motora de extremidade inferior, função de

cognição e depressão foram identificados como potenciais preditores de qualidade de vida dos

resultados em pacientes com acidente vascular cerebral. Mackenzie e colaboradores37 sugeriram

que os preditores de potencias relacionados com saúde e qualidade de vida em doentes com AVC

admitidos em hospitais de reabilitação durante 0,5 a 3 meses após o AVC, foram os capacidade

funcional, dimensões física e psicológica da qualidade de vida.

No presente estudo, equilíbrio, velocidade da marcha, força de membro inferior e os domínios

físicos e emocionais da qualidade de vida explicam 52% da variância da participação social, mas

novamente apenas equilíbrio foi um forte preditor. Confirmando mais uma vez a forte influência

da deficiência do equilíbrio nos desfechos funcionais após AVC.

A velocidade da marcha e a distância percorrida discriminam aqueles indivíduos com limitada

capacidade de se locomover na comunidade dos indivíduos com mobilidade efetiva e pode ser

usada como fator prognóstico de risco de quedas. Para se ter uma marcha normal e/ou adequada,

faz-se necessário um bom equilíbrio, além de confiança e resistência quanto á capacidade de

deambular em longas distâncias, e em terrenos instáveis.

Por exemplo, a velocidade da marcha necessária para cruzar uma avenida varia entre 0.9 a 1.4

m/s, e para um indivíduo conseguir se locomover ele precisa conseguir deambular por no mínimo

600 metros sem precisar parar para sentar38. Para o nosso estudo, foi utilizado o teste de

caminhada de 6 minutos (TC6) para mensurar a velocidade da marcha e distância percorrida.

Observamos que a maioria dos pacientes interromperam a atividade para descansar e outros não

conseguiram realizar completamente, resultando em uma velocidade da marcha lenta (0.47 ± 0.17

m/s).

De acordo com o estudo de Middleton, Fritz, e Lusardi27 esses participantes seriam capazes

apenas de deambular dentro de casa, apresentam alto nível de dependência funcional, e alto risco

de queda, hospitalização e morte. Apesar da maioria dos pacientes serem independentes, eles

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apresentaram importante deficiência no equilíbrio, alto risco de queda, e limitações devido a

função física e na participação social. Confirmando o importante papel da mobilidade na

funcionalidade e qualidade de vida.

Finalmente, os resultados do estudo de caso mostraram o quanto uma intervenção intensiva e

específica para o equilíbrio pode ser eficaz para melhorar não apenas o equilíbrio como outras

funções, atividades e participação após o AVC. Mesmo que a P1 não apresentou uma melhora no

equilíbrio, pois era dependente de cadeira de rodas, foi o fator mais impactante para o

participante. Embora tenha continuado com déficit de equilíbrio e risco de queda importante, e

não apresentou melhoras significativas na escala de Life-H, os relatos da paciente confirmam que

a intervenção colaborou para o retorno da participação social, pois ela voltou a ir à igreja que era

seu principal objetivo funcional.

Outra observação clínica importante dessa participante, é que no início ela demostrou motivação

e entusiasmo perante a fisioterapia, mas com o decorrer do tratamento iniciou um quadro

depressivo. Isso pode explicar o declínio nos scores dos domínios de “Nutrição” e

“condicionamento físico”. Por outro lado, após as 12 sessões, ficou claro que a intervenção não

melhorou tanto o componente físico, mas teve um efeito importante no emocional, como

observado nos scores da SF36 (Tabela 5).

Diferentemente do P1, o participante 2, apresentou menor deficiências funcionais, limitações na

atividade antes de iniciar a terapia, contudo apresentou muita dificuldade para executar os

exercícios nas sessões iniciais, que foi diminuindo ao longo das sessões. Novamente a escala de

BERG não foi capaz de detectar uma mudança funcional após a intervenção, mas se observarmos

o score antes e depois na BESTest, ele apresentou consideráveis melhoras em todos os domínios,

com destaque para estabilidade na marcha que passou de 19 para 100%. O mesmo foi observado

para participação social, com melhoras evidentes em todos os domínios, com destaque para

mobilidade que melhorou 50% e recreação que melhorou 100%; assim como na a qualidade de

vida com uma melhora de 75% na mudança de saúde, redução de 80% da dor, e melhora

importante na função física.

Essa melhora pode ser atribuída à otimização das estratégias de controle de equilíbrio observados

nos domínios da BESTest como restrições biomecânicas, limite de estabilidade, transições e

ajustes antecipatórios e orientação sensorial (Tabela 5) devido ao fortalecimento das estratégias

de tornozelo e quadril no lado não-parético, melhoria do controle de tronco, otimização de

estratégias do passo e um ajuste mais geral das respostas motoras à entrada sensorial alterada e à

dinâmica do corpo. Todos esses fatores são essenciais para a manutenção e recuperação do

equilíbrio. O fato de não ter sido observado melhoras no domínio reativo pode ser justificado

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pelos tipos de estímulos e exercício do protocolo aplicado, que não exigia muitas reações fora da

base de apoio.

Segundo o participante e familiares, ele melhorou muito, voltou a dirigir sozinho, voltou a ter seu

lazer que era tocar instrumentos de sopro. Nossos resultados portanto, estão de acordo com a

literatura nas quais revisões sistemáticas e meta-análises demonstram que o equilíbrio é um

determinante importante de recuperação funcional e capacidade de locomoção e um importante

fator de risco para quedas após acidente vascular cerebral39. Da mesma forma que Van

Duijnhoven e colaboradores39,que observaram que a terapia com pode induzir ganhos na

capacidade de equilíbrio, além de melhorias significativas em medidas de desfecho no nível de

atividades e participação da CIF.

Uma vez que um dos principais objetivos da reabilitação é a recuperação funcional ou a

adaptação da deficiência, à fim de promover a integração social e comunitária, maximizar o bem-

estar e a qualidade de vida desses pacientes40 .

CONCLUSÃO

Conclui-se indivíduos acometidos por AVC, independente da sua etiologia, podem ter sequelas

relacionadas à sua função motora, sensitiva, mental, perceptiva e de linguagem. No presente

estudo, as deficiências de equilíbrio e limitações da mobilidade foram os desfechos com maior

impacto, que por sua vez mais influenciaram no risco de queda, participação social e qualidade de

vida. O limite de estabilidade/verticalidade parece ter um papel muito importante no risco de

queda.

Assim, melhor identificar e planejar um tratamento adequado para cada paciente, a avaliação

clínica continua a ser uma ferramenta essencial para alcançar a recuperação funcional. Além

disso, uma intervenção terapêutica intensiva, convencional, focada em aquecimento,

fortalecimento e treino de equilíbrio parece ser suficiente para melhorar não apenas as

deficiências a nível da função como o equilíbrio, como também à nível de atividade e

participação, como mobilidade, recreação e lazer, e qualidade de vida.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a realização deste estudo, observamos que o AVC pode ser causado por diversos

fatores, podendo ser modificável de acordo com o estilo de vida e os não modificáveis que são

como a idade e raça, que por sua vez quanto mais fatores o indivíduo obtiver e maior for o

desequilíbrio entre eles, mais abrangentes serão as consequências da patologia podendo assim

elevar o número de morbimortalidades.

Tendo em vista que os indivíduos que sobrevivem o AVC normalmente apresentam alterações

motoras e/ou sensitivas em dimidio ou bilaterais, acarretando assim a perda de força e de

coordenação, distúrbios viso espaciais, comprometendo a cognição, equilíbrio, percepção e a

linguagem, esses quadros proporcionam alteração da marcha, insucesso na execução de

atividades funcionais e diminuição da realização das atividades de vida diárias (AVD’s), com

consequente redução do convívio social, induzindo numa redução do suporte de peso

corporal, assim correndo riscos para frequentes quedas devido sua instabilidade dinâmica

durante a deambulação.

Após a análise da literatura podemos perceber que distúrbio de equilíbrio amplia o risco para

quedas, podendo ter diversas causas sendo elas a perda e/ou redução da força muscular, da

coordenação, restrição do movimento articular, alterações no tônus musculares e sensoriais,

vale ressaltar que o indivíduo que apresenta tônus aumentado não significa que apresenta uma

força suficiente, por este e outros motivos sempre é de grande importância saber avaliar e

diagnosticar precocemente para melhores resultados de tratamento.

Logo a atuação do fisioterapeuta é considerada eficaz e imprescindível. Para isso, os

conhecimentos inerentes das disfunções são de extrema importância para a identificação dos

impactos sob o paciente de AVC, agindo com eficácia nos âmbitos de equilíbrio e

deambulação.

Todavia as limitações deste estudo, destacamos a dificuldade durante a realização da pesquisa

de campo, no acesso de coleta de dados, na falta de adesão dos pacientes quanto ao tratamento

devido as dificuldades financeiras para transporte.

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SHIGAKI, Leonardo et al. Análise comparativa do equilíbrio unipodal de atletas de ginástica

rítmica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 19, n. 2, p. 104-107, 2013.

SHUMWAY-COOK A.; WOLLACOTT M.H. Controle motor- teoria e aplicações

práticas.2.ed, 2007.

SINGAM, Avvai et al. Participation in complex and social everyday activities six years after

stroke: Predictors for return to pre-stroke level. PloS one, v. 10, n. 12, p. e0144344, 2015.

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58

SONG, Yoon Bum et al. The effect of virtual reality and tetra-ataxiometric posturography

programs on stroke patients with impaired standing balance. Annals of rehabilitation

medicine, v. 38, n. 2, p. 160-166, 2014.

UMPHRED, D. A. Reabilitação neurológica.4 ed. São Paulo: Editora Manole, 2004.

UMPHRED, D.A. Reabilitação neurológica. Elsevier Health Sciences, 2011.

VAN DUIJNHOVEN, Hanneke JR et al. Effects of exercise therapy on balance capacity in

chronic stroke: systematic review and meta-analysis. Stroke, v. 47, n. 10, p. 2603-2610, 2016.

WEVERS, Lotte et al. Effects of task-oriented circuit class training on walking competency

after stroke: a systematic review. Stroke, v. 40, n. 7, p. 2450-2459, 2009.

WINSTEIN, C. J. et al. Prevention of Stroke in Patients With Silent Cerebrovascular Disease:

A Scientific Statement for Healthcare Professionals From the American Heart

Association/American Stroke Association. Journal of the American Heart Association,v.

48, n. 1,p. e44-e71, 2016.

ZOMORODI, M. Condutas de Enfermagem Acidente vascular cerebral. In: LEWIS, S. L. et

al. Tratado de Enfermagem Médico- Cirúrgica: avaliação e assistência dos problemas

clínicos. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, v. 1, p.1460, 2013.

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APÊNDICES

APÊNDICE A - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Você está sendo convidado (a) para participar de uma pesquisa, como voluntário.

Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer

parte do estudo, assine ao final deste documento (no verso), que está em duas vias.

Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Em caso de recusa você

não será prejudicado (a) de forma alguma. Em caso de dúvida você pode procurar a

pesquisadora principal Christiane Lourenço no seguinte pelo telefone (27)

993099773 e email [email protected]. Você poderá também entrar

em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da EMESCAM, que avaliou este

trabalho no seguinte telefone: (27) 3334-3586; ou ainda por e-mail:

[email protected]

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA:

Título do projeto de pesquisa: BENEFÍCIOS DA REALIDADE VIRTUAL

ASSOCIADO AO TREINO DE EQUILÍBRIO EM PACIENTES APÓS ACIDENTE

VASCULAR ENCEFÁLICO

Pesquisador Orientador: Profª Dra. Christiane Lourenço Mota.

Alunas participantes: Bruna Ribeiro Santos, Daniela Ceciliotti Cantarela e Marilia da

Silva Barboza.

Objetivo da pesquisa: Determinar os benefícios do treinamento virtual associado à

um tratamento intensivo comparado a um tratamento intensivo isolado em relação ao

equilíbrio de pacientes após o acidente vascular encefálico.

Procedimentos da pesquisa: Será aplicado a ficha com o objetivo de coletar os seus

dados sociodemográficos. Em seguida aplicaremos algumas escalas para avaliar a

gravidade do AVC, sua função cognitiva, motora, equilíbrio e sua capacidade

funcional. Após a aplicação dos testes e escalas você será aleatoriamente distribuído

para um dos dois grupos de tratamento A e B. Ambos os grupos realizará um

tratamento fisioterapêutico intensivo de 40 minutos constituído de exercícios de

aquecimento, fortalecimento, de equilíbrio e alongamento dos músculos do

tronco. Para os participantes do grupo A, será adicionado ao tratamento intensivo, 20

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minutos de treino de equilíbrio através de um jogo de vídeo game, realidade virtual,

denominado TIRION no qual você deverá desviar de bolas arremessadas por canhão

projetado na tela e receberá informações do número de acertos. Todas as atividades

serão realizadas com o máximo de segurança respeitando as suas limitações e

visando seu bem estar.

Riscos e desconfortos: Com o decorrer do tratamento fisioterapêutico intensivo o

paciente pode apresentar cansaço moderado, fadiga muscular leve devido aos

exercícios de fortalecimento. No tratamento com a realidade virtual o paciente pode

apresentar dor leve devido às repetitivas inclinações de tronco. Podendo haver o

risco de quedas durante a sessão devido ao desiquilíbrio inicial do paciente

Benefícios: Melhora do equilíbrio após o AVC; Melhora da segurança e velocidade

da marcha; Melhora da participação social; Aumento da independência; Diminuição

do risco de quedas; Melhora a motivação no decorrer da reabilitação; Melhora do

controle postural.

Custo / Reembolso para o paciente: sem custos ou reembolso.

Confidencialidade da pesquisa: garantimos sigilo que assegure a privacidade do

participante quanto aos dados confidenciais, divulgando somente os dados

diretamente relacionados aos objetivos da pesquisa.

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO:

Eu, ____________________________________, RG nº:_______________ / CPF

nº:___________________, abaixo assinado, autorizo a participação no estudo

referido. Fui devidamente informado e esclarecido pelos pesquisadores sobre a

pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e

benefícios decorrentes da participação. Foi-me garantido que posso retirar meu

consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer prejuízo.

Vitória, ____ de ______________ de_____

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Nome do paciente: _____________________________________________

Assinatura do paciente: __________________________________________

Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e

aceite do sujeito em participar:

TESTEMUNHAS (não ligadas à equipe de pesquisadores):

Nome: _______________________________ Assinatura: ______________

Nome:________________________________ Assinatura: ______________

Assinatura do pesquisador colaborador:

_________________________________________

Profª Dra. Christiane Lourenço Mota

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APÊNDICE B- Carta de Anuência

Vitória, __/__/2017

Ao comitê de Ética e Pesquisa da EMESCAM

CARTA DE ANUÊNCIA

Eu, Ermenilde Da Silva Pinto, Técnico Responsável pela Centro Integrado de Saúde

Funcional da EMESCAM, autorizo a realização da coleta de dados para o projeto de

pesquisa “Benefícios da Realidade Virtual associado ao Treino convencional no

equilíbrio de pacientes após Acidente Vascular Cerebral”.

O Pesquisador responsável será a Prof. Dra. Christiane Lourenço Mota.

Comunico que a autorização para o início da pesquisa será validada após a

apresentação da carta de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

EMESCAM, a esta instituição.

Assunto do trabalho:

(x) Estudo de série de casos

( ) Análise de prontuários

__________________________________

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Profª. Ermenilde Da Silva Pinto

Técnico Responsável pela Clínica Escola de Fisioterapia da Emescam

APÊNDICE C- Carta de Anuência

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APÊNDICE D – Ficha de Avaliação do Perfil dos Pacientes (pré-tratamento)

Código do paciente: _________________________________________

Data de Nascimento: ___/____/_____

Idade: _____

Sexo: F ( ); M ( )

Telefone:________________

Endereço:_____________________________

Escolaridade:______________

Dominância manual: ( ) destro; ( ) sinistro; ( ) ambidestro

Data do AVE:__/__/__

Episódios de AVE:_____

AVE isquêmico ou hemorrágico:__________________________

Hemiplegia: ( ) direita; ( ) esquerda

VARIÁVEIS PRÉ-TRATAMENTO PÓS-TRATAMENTO

Deambulação (sim,não, com auxilio,sem auxilio)

Queda (sim-quantas,não)

Mini mental

Bestest

TC6

IMI

SF-36

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ANEXOS

Anexo A- Mini Exame Mental

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ANEXO B – Escala de Equilíbrio de Berg

1) Posição sentada para posição em pé

Instrução: Por favor, levante-se. Tente não usar suas mãospara se apoiar.

(4) capaz de levantar-se sem utilizar as mãos e estabilizar-se independentemente

(3) capaz de levantar-se independentemente utilizando as mãos

(2) capaz de levantar-se utilizando as mãos após diversas tentativas

(1) necessita de ajuda mínima para levantar-se ou estabilizar-se

(0) necessita de ajuda moderada ou máxima para levantar-se.

2) Permanecer em pé sem apoio

Instrução: Por favor, fique em pé por 2 minutos sem seapoiar.

Se o paciente for capaz de permanecer em pé por 2 minutos sem apoio, dê o número total de pontos o item Nº 3.Continue com o item N°4.

(4) capaz de permanecer em pé com segurança por 2 minutos

(3) capaz de permanecer em pé por 2 minutos com supervisão

(2) capaz de permanecer em pé por 30 segundos sem apoio

(1) necessita de várias tentativas para permanecer em pé por 30 segundos sem apoio

(0) incapaz de permanecer em pé por 30 segundos sem apoio

3) Permanecer sentado sem apoio nas costas, mas com ospés apoiados no chão ou num banquinho.

Instrução: Por favor, fique sentado sem apoiar as costas comos braços cruzados por 2 minutos.

(4) capaz de permanecer sentado com segurança e com firmeza por 2 minutos

(3) capaz de permanecer sentado por 2 minutos sob supervisão

(2) capaz de permanecer sentado por 30 segundos

(1) capaz de permanecer sentado por 10 segundos

(0) incapaz de permanecer sentado sem apoio durante 10 segundos

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4) Posição em pé para posição sentada

Instrução: Por favor, sente-se.

(4) senta-se com segurança com uso mínimo das mãos

(3) controla a descida utilizando as mãos

(2) utiliza a parte posterior das pernas contra a cadeira para controlar a descida

(1) senta-se independentemente, mas tem descida sem controle

(0) necessita de ajuda para sentar-se

5) Transferências

Instrução: Arrume as cadeiras perpendicularmente ou umade frente para a outra para uma transferência em pivô. Peçaao paciente para transferir-se de uma cadeira com apoio debraço para uma cadeira sem apoio de braço, e vice-versa.

(4) capaz de transferir-se com segurança com uso mínimo das mãos

(3) capaz de transferir-se com segurança com o uso das mãos

(2) capaz de transferir-se seguindo orientações verbais e/ou supervisão

(1) necessita de uma pessoa para ajudar

(0) necessita de duas pessoas para ajudar ou supervisionar para realizar a tarefa com segurança

6) Permanecer em pé sem apoio com os olhos fechados

Instrução: Por favor, fique em pé e feche os olhos por 10segundos.

(4) capaz de permanecer em pé por 10 segundos com segurança

(3) capaz de permanecer em pé por 10 segundos com supervisão

(2) capaz de permanecer em pé por 3 segundos

(1) incapaz de permanecer com os olhos fechados durante 3 segundos, mas mantém-se em pé

(0) necessita de ajuda para não cair

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7) Permanecer em pé sem apoio com os pés juntos

Instrução: Junte seus pés e fique em pé sem se apoiar.

(4) capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por 1 minuto com segurança

(3) capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por 1 minuto com supervisão

(2) capaz de posicionar os pés juntos independentemente e permanecer por 30 segundos

(1) necessita de ajuda para posicionar-se, mas é capaz de permanecer com os pés juntos durante 15 segundos

(0) necessita de ajuda para posicionar-se e é incapaz de permanecer nessa posição por 15 segundos

8) Alcançar a frente com o braço estendido permanecendo

em pé.

Instrução: Levante o braço a 90º. Estique os dedos e tentealcançara frente o mais longe possível.

(4) pode avançar a frente >25 cm com segurança

(3) pode avançar a frente >12,5 cm com segurança

(2) pode avançar a frente >5 cm com segurança

(1) pode avançar a frente, mas necessita de supervisão

(0) perde o equilíbrio na tentativa, ou necessita de apoio externo

10) Virar-se e olhar para trás por cima dos ombros direito e

esquerdo enquanto permanece em pé.

Instrução: Vire-se para olhar diretamente atrás de você porcima do seu ombro esquerdo sem tirar os pés do chão. Façao mesmo por cima do ombro direito.

(4) olha para trás de ambos os lados com uma boa distribuição do peso

(3) olha para trás somente de um lado, o lado contrário demonstra menor distribuição

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do peso

(2) vira somente para os lados, mas mantém o equilíbrio

(1) necessita de supervisão para virar

(0) necessita de ajuda para não perder o equilíbrio ou cair

11) Girar 360 graus.

Instrução: Gire-se completamente ao redor de si mesmo.

Pausa. Gire-se completamente ao redor de si mesmo emsentido contrário.

(4) capaz de girar 360 graus com segurança em 4 segundos ou menos

(3) capaz de girar 360 graus com segurança somente para um lado em 4 segundos ou menos

(2) capaz de girar 360 graus com segurança, mas lentamente

(1) necessita de supervisão próxima ou orientações verbais

(0) necessita de ajuda enquanto gira

12) Posicionar os pés alternadamente no degrau ou banquinho enquanto permanece em pé sem apoio.

Instrução: Toque cada pé alternadamente no degrau/banquinho. Continue até que cada pé tenha tocado o degrau/banquinho quatro vezes.

(4) capaz de permanecer em pé independentemente e com segurança, completando 8 movimentos em 20 segundos

(3) capaz de permanecer em pé independentemente e completar 8 movimentos em >20 segundos

(2) capaz de completar 4 movimentos sem ajuda

(1) capaz de completar >2 movimentos com o mínimo de ajuda

(0) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair

13) Permanecer em pé sem apoio com um pé à frente

Instrução: Coloque um pé diretamente à frente do outro namesma linha, se você achar

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que não irá conseguir,coloqueo pé um pouco mais à frente do outro pé e levemente parao lado.

(4) capaz de colocar um pé imediatamente à frente do outro, independentemente, e permanecer por 30 segundos

(3) capaz de colocar um pé um pouco mais à frente do outro e levemente para o lado, independentemente, e perma-

necer por 30 segundos

(2) capaz de dar um pequeno passo, independentemente, e permanecer por 30 segundos

(1) necessita de ajuda para dar o passo, porém permanece por 15 segundos

(0) perde o equilíbrio ao tentar dar um passo ou ficar de pé

14) Permanecer em pé sobre uma perna

Instrução: Fique em pé sobre uma perna o máximo que vocêpuder sem se segurar.

Escore Total _______/56

(4) capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por >10 segundos

(3) capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por 5-10 segundos

(2) capaz de levantar uma perna independentemente e permanecer por ≥ 3 segundos

(1) tenta levantar uma perna, mas é incapaz de permanecer por 3 segundos, embora permaneça em pé independentemente

(0) incapaz de tentar, ou necessita de ajuda para não cair

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ANEXO C - Escala BesTest

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ANEXO D- Qualidade de vida SF-36

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ANEXO E- Escala de participação social LIFE-H

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ANEXO F- Teste de Caminhada de 6 minutos

TESTE DE CAMINHADA DE 6 MINUTOS:

Nome:___________________________

Idade:_________________Data de nascimento:_______

Availador_______________Data:__________

Distância percorrida:_____________

Distância predita:_______________

Homens

DC6m = (7,57 x altura,cm) – (5,02 x idade,anos) – 1,76 x peso,Kg – 309m

Limite inferior de normalidade = -153m

Mulheres

DC6m = (2,11 x altura,cm) – (2,29 x peso,Kg) – (5,78 x idade,anos) + 667m

Limite inferior de normalidade = - 139m

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ANEXO G- Comprovação e aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa

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ANEXO H- Capado periódico

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ANEXO I- INSTRUÇÃO PARA OS AUTORES

5.1

5.2 INSTRUÇÕES AOS AUTORES

SALUS – Journalof Health Sciences / Revista de Ciências da Saúde

EMESCAM – Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória

CNPJ 28.141.190/0004-29

Av. Nossa Senhora da Penha, 2190, Santa Luiza, Vitória, ES, CEP 29045 402

E-mail: [email protected]

As regras gerais para as publicações estão resumidas nos “Requisitos Uniformes” para

Manuscritos Submetidos a Revistas Biomédicas: “WritingandEditing for

BiomedicalPublication” (www.icmje.org/recommendations). São oferecidas sugestões

especiais para revisões bibliográficas sistemáticas e meta-análises, estudos retrospectivos e

observacionais em epidemiologia, ensaios clínicos, acurácia diagnóstica e pesquisas

prospectivas, relato de casos e estudo de casos. Solicitamos aos autores que consultem as

informações abaixo antes de submeter um manuscrito para a SALUS.

5.3 INFORMAÇÕES AOS AUTORES

A Salus – Journalof Health Sciences, publicada quadrimestralmente, é a revista científica da

EMESCAM – Escola Superior de Ciências da Santa Casa de Misericórdia de Vitória.

A SALUS tem por objetivo publicar pesquisas relevantes na área de ciências da saúde e

políticas públicas de saúde, contribuindo para o desenvolvimento social de forma globalizada.

Fomenta o estudo, aperfeiçoamento e atualização dos profissionais da especialidade, por meio

de discussão, distribuição e promoção da informação baseada em evidências.

Os trabalhos enviados para publicação na SALUS devem versar sobre temas relacionados às

ciências da saúde e políticas de saúde.

A revista publica as seguintes categorias de artigos: artigo original, editorial, artigo de

revisão/atualização, relato de caso, comunicação breve e nota prévia, carta ao editor, trabalho

experimental, correlação clínica-cirúrgica e multimídia.

A aceitação será feita baseada na originalidade, significância e contribuição científica. Artigos

com objetivos meramente propagandísticos ou comerciais não serão aceitos.

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Os autores são responsáveis pelo conteúdo e informações contidas em seus manuscritos.

A revista será publicada na íntegra no site da revista (www.salusjournal.org).

5.4 POLÍTICA EDITORIAL

5.4.1 Norma

A SALUS adota as Normas de Vancouver – UniformRequirements for

ManuscriptsSubmittedtoBiomedicalJournals, organizadas pelo InternationalCommitteeof

Medical JournalEditors, disponíveis em: www.icmje.org/recommendations

5.4.2 Política de Submissão e Publicação

Só serão considerados para revisão os manuscritos cujos dados não estejam sendo avaliados

por outros periódicos e/ou que não tenham sido previamente publicados.

Os manuscritos aprovados só poderão ser reproduzidos, no todo ou em parte, com o

consentimento expresso do editor da SALUS.

5.4.3 Submissão Eletrônica

Os manuscritos devem ser, obrigatoriamente, submetidos eletronicamente no site

(www.salusjournal.org/login). Quando entrar nesse link, o sistema irá pedir seu nome de

usuário e senha, caso já esteja cadastrado. Caso contrário, clique no botão “Quero me

cadastrar” e faça seu cadastro. Ou ainda, caso tenha esquecido sua senha, use o mecanismo

para lembrar sua senha, que gerará um e-mail contendo sua senha.

O sistema de submissão é autoexplicativo e inclui 8 passos:

1º Passo: classificação do artigo

2º Passo: inclusão de título e palavras-chave

3º Passo: cadastro de autores

4º Passo: inclusão de Resumo e Abstract

5º Passo: inclusão do manuscrito propriamente dito com referências

6º Passo: envio de imagens

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7º Passo: geração das declarações de transferência de direitos autorais (copyright), conflito

de interesses e cópia do Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição.

8º Passo: envio do artigo/ finalização da submissão

Os textos devem ser editados em Word e as figuras e tabelas devem estar em arquivos

separados.

Mantenha seu cadastro atualizado, pois a comunicação com os autores é exclusivamente por

e-mail.

Os autores poderão acompanhar a tramitação de seu trabalho a qualquer momento no site pelo

sistema de gerenciamento de publicações, por meio do código de fluxo gerado

automaticamente pelo sistema, ou ainda pelo título de seu trabalho. Caso o artigo esteja “fora

de padrão”, o autor será avisado por e-mail e poderá corrigi-lo.

5.4.4 Avaliação pelos Pares (peerreview)

Todas as contribuições científicas são revisadas pelo Editor, Editores Associados, Membros

do Conselho Editorial e/ou Revisores Convidados. Os revisores respondem a um questionário

no qual fazem a classificação do manuscrito, sua apreciação rigorosa em todos os itens que

devem compor um trabalho científico, atribuindo uma nota para cada um dos itens do

questionário. Ao final são realizados comentários gerais sobre o trabalho e sugestão se o

mesmo deve ser publicado, corrigido segundo as recomendações ou rejeitado definitivamente.

De posse desses dados, o Editor tomará a decisão. Em caso de discrepâncias entre os

avaliadores, poderá ser solicitada uma nova opinião para melhor julgamento. Quando forem

sugeridas modificações, as mesmas serão encaminhadas ao autor principal e, em seguida, aos

revisores, para estes verificarem se as exigências foram satisfeitas. Os autores têm o prazo de

10 dias para proceder às modificações solicitadas pelos revisores e ressubmeter o artigo. Na

resposta aos comentários/sugestões dos revisores, os autores deverão destacar no texto as

alterações realizadas. A não observância desse prazo implicará a retirada do artigo do

processo de revisão.

Uma vez aceito para publicação, uma prova do artigo editorado (formato PDF) será enviada

ao autor correspondente para sua avaliação e aprovação definitiva.

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5.4.5 Idioma

Os artigos devem ser redigidos em português ou inglês, empregando linguagem científica,

clara e precisa e evitando-se a informalidade da linguagem coloquial. Para os trabalhos que

não possuírem versão em inglês ou espanhol, a revista providenciará a tradução.

A SALUS publica os artigos em português, inglês e os resumos em português, inglês e

espanhol.

5.4.6 Pesquisa com Seres Humanos e Animais

Investigação em seres humanos deve ser submetida ao Comitê de Ética da instituição,

cumprindo a Declaração de Helsinque de 1975, revisada em 2008 (World Medical

Association, disponível em: www.wma.net/en/30publications/10policies/b3/17c.pdf), e a

Resolução CNS 466/12 – Conselho Nacional de Saúde, disponível

em http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf

Trabalhos experimentais envolvendo animais devem ser submetidos ao Comitê de Ética no

Uso de Animais, respeitando a Lei Federal nº 11.794/2008, Decreto nº 6.899/2009 e

Resolução CONCEA nº 12/2013 – Diretriz Brasileira de Prática para o Cuidado e Utilização

de Animais para fins Científicos e Didáticos (DBCA), disponível

em: http://concea.mct.gov.br.

Os estudos randomizados devem seguir as diretrizes CONSORT (disponível

em: www.consort-statement.org/consort-statement).

A SALUS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial de

Saúde (OMS) e do InternationalCommitteeof Medical JournalEditors (ICMJE), reconhecendo

a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação

sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, somente serão aceitos para publicação,

os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos

Registros de Ensaios Clínicos validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE,

cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE (www.icmje.org). O número de

identificação deverá ser registrado ao final do resumo.

A declaração de aprovação do estudo no Comitê de Ética em Pesquisa deverá ser

encaminhada no momento da submissão do manuscrito. Artigos que não necessitam de

aprovação do CEP deverão ser justificados.

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5.4.7 Transferência de Direitos Autorais e Declaração de Conflito de Interesses

Os autores dos manuscritos deverão encaminhar, no momento da submissão, a declaração de

transferência de direitos autorais (copyright) assinada por todos os autores.

Todos os manuscritos publicados tornam-se propriedade permanente da SALUS e não podem

ser publicados sem o consentimento por escrito de seu editor.

Da mesma forma, para efetivação da submissão do manuscrito deverá ser encaminhada uma

declaração de conflito de interesses, assinada por todos os autores.

Ambos os documentos, declaração de transferência de direitos autorais e declaração de

conflitos de interesse, são padronizados e gerados pelo sistema no momento da submissão do

manuscrito.

5.4.8 Critérios de Autoria & Contribuição Individual para a Pesquisa

Sugerimos que sejam adotados os critérios de autoria dos artigos segundo as recomendações

do InternationalCommitteeof Medical JournalEditors. Assim, apenas aquelas pessoas que

contribuíram diretamente para o conteúdo intelectual do trabalho devem ser listadas como

autores.

Os autores devem satisfazer a todos os seguintes critérios, de forma a poderem ter

responsabilidade pública pelo conteúdo do trabalho:

1. Ter concebido e planejado as atividades que levaram ao trabalho ou interpretado os

resultados a que ele chegou, ou ambos;

2. Ter escrito o trabalho ou revisado as versões sucessivas e tomado parte no processo de

revisão;

3. Ter aprovado a versão final.

Pessoas que não preencham os requisitos acima e que tiveram participação puramente técnica

ou de apoio geral podem ser citadas na seção Agradecimentos.

No momento da submissão, deve ser explicitado o tipo de contribuição de cada autor na

execução do estudo e preparação do manuscrito, nas seguintes áreas:

1. Desenho do estudo;

2. Coleta, análise e interpretação dos dados;

3. Redação do manuscrito.

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5.4.9 Abreviações e Terminologia

O uso de abreviaturas deve ser mínimo. Quando expressões extensas precisam ser repetidas,

recomenda-se que suas iniciais em maiúsculas as substituam após a primeira menção. Esta

deve ser seguida das iniciais entre parênteses.

Todas as abreviações em tabelas e figuras devem ser definidas nas respectivas legendas.

Deve ser evitado o emprego de abreviaturas no Resumo e Abstract.

Apenas o nome genérico do medicamento utilizado deve ser citado no trabalho, sendo

desaconselhado o emprego de nomes comerciais.

SALUS adota a Terminologia Anatômica Oficial Universal, aprovada pela Federação

Internacional de Associações de Anatomistas (FIAA).

5.5 PREPARAÇÃO DO MANUSCRITO

5.5.1 Seções do Manuscrito

Título e Autores. O título do trabalho, em português e inglês, deve ser conciso e informativo.

Devem ser fornecidos os nomes completos dos autores, titulação e vinculação institucional de

cada um deles.

Resumo e Abstract. O resumo deve ser estruturado em quatro seções: Objetivo, Métodos,

Resultados e Conclusão. O Resumo em inglês deve seguir a mesma estrutura do Resumo em

português. Devem ser evitadas abreviações. O número máximo de palavras deve seguir as

recomendações da tabela (Limites por tipo de artigo). Nos artigos tipo Relatos de Casos, o

resumo não deve ser estruturados (informativo ou livre). As Correlações clínico-cirúrgicas e

seções Multimídia dispensam resumo.

Descritores e Descriptors: Também devem ser incluídos de três a cinco descritores

(palavras-chave). Os descritores podem ser consultados no endereço

eletrônico http://decs.bvs.br/, que contém termos em português e inglês

ou www.nlm.nih.gov/mesh, para termos somente em inglês, ou nos respectivos links

disponíveis no sistema de submissão da revista.

Corpo do manuscrito. Os Artigos Originais e Trabalhos Experimentais devem ser divididos

nas seguintes seções: Introdução, Método, Resultados, Discussão, Conclusão e

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Agradecimentos (opcional). Os Relatos de Caso devem ser estruturados nas seções:

Introdução, Relato do Caso e Discussão; e as Correlações clínico-cirúrgicas em Dados

Clínicos, Eletrocardiograma, Radiograma, Ecocardiograma, Diagnóstico e Operação. A seção

Multimídia deve apresentar as seguintes seções: Caracterização do Paciente e Descrição da

Técnica Empregada. Os Artigos de Revisão e Artigos Especiais podem ser estruturados em

seções a critério do autor.

As Cartas ao Editor, em princípio, devem comentar, discutir ou criticar artigos publicados na

SALUS, mas também podem versar sobre outros temas de interesse geral. Recomenda-se

tamanho máximo de 1000 palavras, incluindo referências, que não devem exceder a cinco,

podendo ou não incluir título. Sempre que cabível e possível, uma resposta dos autores do

artigo em discussão será publicada junto com a carta.

Referências

As referências dos documentos impressos e eletrônicos devem ser normalizadas de acordo

com o estilo Vancouver, elaborado pelo InternationalCommitteeof Medical

JournalEditors (ICMJE, disponível em: http://www.icmje.org).

As referências devem ser identificadas, no corpo do texto, com algarismos arábicos,

sobrescrito, obedecendo à ordem de citação no texto. A acurácia das referências é de

responsabilidade do autor. Se forem citadas mais de duas referências em sequência, apenas a

primeira e a última devem ser digitadas, sendo separadas por um traço (Exemplo: 6-9). Em

caso de citação alternada, todas as referências devem ser digitadas, separadas por vírgula

(Exemplo: 6,7,9).

Publicações com até 6 autores, devem ser citados todos os autores; publicações com mais de 6

autores, citam-se os 6 primeiros seguidos da expressão latina “et al.”.

Títulos de periódicos devem ser abreviados de acordo com o ListofJournalsIndexed for

MEDLINE (disponível em: http://www.nlm.gov/tsd/serials/lji.html).

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5.6 Modelos de Referências

Artigo de Revista

Issa M, Avezum A, Dantas DC, Almeida AFS, Souza LCB, Sousa AGMR. Fatores

de risco pré, intra e pós-operatórios para mortalidade hospitalar em pacientes

submetidos à cirurgia de aorta. RevBrasCirCardiovasc. 2013;28(1):10-21.

OrganizaçãocomoAutor

Diabetes PreventionProgramResearchGroup. Hypertension, insulin, and proinsulin in

participants with impaired glucose tolerance.Hypertension. 2002;40(5):679-86.

Semindicação de autoria

21st century heart solution may have a sting in the tail. BMJ. 2002;325(7357):184.

Artigopublicadoeletronicamente antes da versão impressa (“ahead of print”)

Atluri P, Goldstone AB, Fairman AS, Macarthur JW, Shudo Y, Cohen JE, et al. Predicting

right ventricular failure in the modern, continuous flow left ventricular assist device era. Ann

ThoracSurg. 2013 Jun 21. [Epubaheadofprint]

Artigo de periódico na Internet

Machado MN, Nakazone MA, Murad-Junior JA, Maia LN. Surgical treatment for infective

endocarditis and hospital mortality in a Brazilian single-center.Rev Bras Cir Cardiovasc

[online]. 2013[cited 2013 Jun 25];28(1):29-35. Available

from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

76382013000100006&lng=en&nrm=iso

Capítulo de Livro

Chai PJ. Intraoperative myocardial protection. In: Mavroudis C, Backer C, eds. Pediatric

cardiac surgery. 4th ed. Chichester: Wiley-Blackwell; 2013. p.214-24.

Livro

Cohn LH. Cardiac surgery in the adult. 4th ed. New York: McGraw-Hill;2012. p.1472.

Tese

Dalva M. Estudo do remodelamento ventricular e dos anéis valvares na cardiomiopatia

dilatada: avaliação anátomo-patológica [Tese de doutorado]. São Paulo: Universidade de São

Paulo, 2011. 101p.

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Legislação

Conselho Nacional de Saúde. Resolução n. 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre

diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Bioética.

1996;4(2 Supl):15-25.

Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal. Resoluções n. 12 e 13, de 20 de

setembro de 2013. Dispõem sobre a diretrizes brasileiras para o cuidado e a utilização de

animais para fins científicos e didáticos (DBCA) e prática de eutanásia.

Outros exemplos de referências podem ser consultados no site:

http://www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements.html

5.7 Tabelas e Figuras

As Tabelas e Figuras devem ser numeradas de acordo com a ordem de aparecimento no texto,

conter um título e estar em arquivos separados. As tabelas não devem conter dados

redundantes já citados no texto. Devem ser abertas nos lados e com fundo totalmente branco.

As abreviaturas utilizadas nas tabelas devem ser mencionadas em ordem alfabética, no

rodapé, com as respectivas formas por extenso. Da mesma forma, as abreviaturas empregadas

nas figuras devem ser explicitadas nas legendas.

As figuras somente serão publicadas em cores se o autor concordar em arcar com os custos de

impressão das páginas coloridas.

Só serão aceitas imagens nos formatos TIFF ou JPEG, com resolução mínima de acordo com

o tipo de imagem, tanto para imagens em preto e branco como para imagens em cores,

conforme a Tabela abaixo.

A SALUS solicita que os autores arquivem em seu poder as imagens originais, pois caso as

imagens submetidas on-line apresentem algum impedimento para impressão, entraremos em

contato para que nos envie estes originais.

Limites por Tipo de Artigo

Visando racionalizar o espaço da revista e permitir maior número de artigos por edição,

devem ser observados os critérios abaixo delineados por tipo de publicação. A contagem

eletrônica de palavras deve incluir a página inicial, resumo, texto, referências e legenda de

figuras. Os títulos têm limite de 100 caracteres (contando-se os espaços) para Artigos

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Originais, Artigos de Revisão e Atualização e Trabalho Experimental e de 80 caracteres

(contando-se os espaços) para as demais categorias.

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