construccionismo social y salud

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Athenea Digital - núm. 17: 241-253 (marzo 2010) -CARPETA- ISSN: 1578-8946 Considerações acerca das Contribuições Teórico-Metodológicas do Construcionismo Social para Estudos e Intervenções em Saúde do Trabalhador Some Considerations about the Contributions that Social Constructionism can offer to the Study and Intervention in Workers` Health Alexandre Bonetti Lima & Maria Cristina Moreno Matias Universidade Estadual de Londrina [email protected] Resumen Abstract Neste artigo, buscamos tecer considerações sobre as contribuições que o Construcionismo Social pode oferecer aos estudos e intervenções em saúde do trabalhador. O artigo inicia-se com um breve percurso por algumas das principais teorias críticas sobre a relação saúde e trabalho para, a seguir, traçar considerações sobre o tema. Para tanto, apresentamos também uma pesquisa realizada junto a portadores de LER/DORT como ilustração da importância de se atentar aos processos de produção de sentidos no âmbito das relações saúde e trabalho. Nela (na pesquisa), pudemos desfiar uma historicidade de sentidos sobre a LER e o conviver com ela, como expressão das interanimações dialógicas travadas pelos portadores nos seus cotidianos (incluindo-se neles também os pesquisadores), cujos complexos discursivos ora combatiam-se, ora negociavam, ora acomodavam sentidos distintos, promovendo, tal qual um caleidoscópio, novas formas discursivas em tempo e novas materialidades; promotoras, por sua vez, de novas perspectivas e condições de possibilidades para ação na vida sendo vivida. In this article, we search to weave some considerations about the Social Constructionism contributions to research and intervention on workers` health. The article begins with a brief passage over some of the main critical theories on health and work, and then it traces some considerations on this theme. We also present a research with workers who have got Repetitive Strain Injuries as an illustration of the importance of studying the process of production of senses in the scope of the relations between health and work. In this research, we could disentangle a historicity of the senses about repetitive strain injuries and coexisting with them, as an expression of the dialogic interanimations that the carriers of this disease construct in their everyday life (which also includes the researchers), whose discursive complexes were sometimes fighting, sometimes negotiating, sometimes adjusting different senses; promoting new discursive forms in time, as well as new materialities which promote new perspectives and possibilities of action in their lives. Palabras clave: Construcionismo Social; Discurso; Produção de Sentidos Keywords: Social Constructionism; Discourse; Production of Meaning 241

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Construccionismo Social y Salud

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  • Athenea Digital - nm. 17: 241-253 (marzo 2010) -CARPETA- ISSN: 1578-8946

    Consideraes acerca das ContribuiesTerico-Metodolgicas do Construcionismo

    Social para Estudos e Intervenes em Sade do Trabalhador

    Some Considerations about the Contributionsthat Social Constructionism can offer to the

    Study and Intervention in Workers` HealthAlexandre Bonetti Lima & Maria Cristina Moreno Matias

    Universidade Estadual de Londrina

    [email protected]

    Resumen AbstractNeste artigo, buscamos tecer consideraes sobre as contribuies que o Construcionismo Social pode oferecer aos estudos e intervenes em sade do trabalhador. O artigo inicia-se com um breve percurso por algumas das principais teorias crticas sobre a relao sade e trabalho para, a seguir, traar consideraes sobre o tema. Para tanto, apresentamos tambm uma pesquisa realizada junto a portadores de LER/DORT como ilustrao da importncia de se atentar aos processos de produo de sentidos no mbito das relaes sade e trabalho. Nela (na pesquisa), pudemos desfiar uma historicidade de sentidos sobre a LER e o conviver com ela, como expresso das interanimaes dialgicas travadas pelos portadores nos seus cotidianos (incluindo-se neles tambm os pesquisadores), cujos complexos discursivos ora combatiam-se, ora negociavam, ora acomodavam sentidos distintos, promovendo, tal qual um caleidoscpio, novas formas discursivas em tempo e novas materialidades; promotoras, por sua vez, de novas perspectivas e condies de possibilidades para ao na vida sendo vivida.

    In this article, we search to weave some considerations about the Social Constructionism contributions to research and intervention on workers` health. The article begins with a brief passage over some of the main critical theories on health and work, and then it traces some considerations on this theme. We also present a research with workers who have got Repetitive Strain Injuries as an illustration of the importance of studying the process of production of senses in the scope of the relations between health and work. In this research, we could disentangle a historicity of the senses about repetitive strain injuries and coexisting with them, as an expression of the dialogic interanimations that the carriers of this disease construct in their everyday life (which also includes the researchers), whose discursive complexes were sometimes fighting, sometimes negotiating, sometimes adjusting different senses; promoting new discursive forms in time, as well as new materialities which promote new perspectives and possibilities of action in their lives.

    Palabras clave: Construcionismo Social; Discurso; Produo de Sentidos

    Keywords: Social Constructionism; Discourse; Production of Meaning

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  • Consideraes acerca das Contribuies Terico-Metodolgicas do Construcionismo Social

    Introduo

    Este artigo busca refletir sobre as contribuies que o Construcionismo Social pode oferecer aos estudos em sade do trabalhador. Inserindo-se no quadro que Spink (1993) denomina como um amplo movimento nas teorias do conhecimento nas Cincias Sociais, no qual o que est em pauta a compreenso da teia de sentidos que sustenta e confecciona materialidades ao cotidiano, o Construcionismo Social nos oferece importantes possibilidades metodolgicas para compreender a dinmica dos processos de produo de sentidos no campo da sade do trabalhador.

    Antes de enveredarmos por consideraes sobre o Construcionismo Social, porm, iniciaremos com um breve percurso por algumas das principais teorias crticas sobre a relao sade e trabalho, procurando, com isso, acompanhar um movimento de desconstruo gradativa mas, ainda inacabada da hegemonia das concepes tecnicistas da Engenharia de Segurana e da Medicina do Trabalho.

    Percorrendo algumas Teorias Crticas sobre a Relao Sade e Trabalho

    Conquanto os avanos nas ltimas dcadas na elaborao de modelos de investigao e interveno para reduo das incidncias de acidentes e doenas de trabalho, os problemas persistem, pois imperam, ainda de modo hegemnico, as referncias clssicas tanto para definir os direitos previdencirios dos trabalhadores, s autorizados com a identificao dos nexos causais da enfermidade ou acidente com o trabalho realizado, como nos modelos de interveno nos ambientes de trabalho; referncias que, por sua vez, se pautam, como j dito acima, num modelo tecnicista que determina a elaborao de quadros epidemiolgicos a partir de uma epidemiologia de base positivista. As limitaes desse modelo, segundo Lima, Arajo e Lima (1998) so:

    1) o agnosticismo voluntrio (limita-se a conhecer as relaes de causa e efeito mais imediatas); 2) a fatorao dos riscos e das condies de trabalho, levando a uma sntese meramente somatria de diferentes fatores de risco, sem que se saiba como eles interagem entre si e com o trabalhador; 3) os princpios de explicao mono e multicausais, que tambm so insuficientes para esgotar a profundidade dos processos sociais da gnese da doena e a determinao hierrquica e qualitativa das diferentes causas; finalmente, 4) a concepo desenvolvimentista de sade, vista como um estado de equilbrio a ser atingido, graas eliminao progressiva dos agentes patolgicos, facultada pelo desenvolvimento tcnico (p. 20).

    Diferentemente disso, alguns autores explicam o processo sade-doena tendo em vista as determinaes histricas e sociais nas quais se insere. Dentro deste grupo, destacam-se os autores da epidemiologia social, como Laurell, Noriega, Soriano, entre outros, que utilizando referencial marxista, superam o estreitismo da epidemiologia positivista e trazem para este campo de estudos uma perspectiva mais ampla do processo sade-doena no mundo do trabalho, localizando-o num texto scio-econmico datado historicamente: o sistema capitalista. Este se sustenta atravs da produo da mais valia, o que implica num processo de consumo da fora de trabalho, no qual escapa do trabalhador qualquer possibilidade de controle sobre o sistema produtivo, cujo nico fim o aumento da

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  • Alexandre Bonetti Lima & Maria Cristina Moreno Matias

    produtividade e do lucro. um trabalho alienado, portanto, cujas consequncias para a sade dos trabalhadores so particularmente perversas nos pases de industrializao tardia, onde a correlao de foras entre capital e trabalho extremamente desigual, restando a este um reduzido poder de barganha e reivindicao contra os donos dos meios de produo.

    Os autores da epidemiologia social, contudo, optam por focalizar, em seus estudos, o processo sade-doena no mbito coletivo. Embora contemplem a investigao emprica como mtodo, procuram definir padres de desgaste da fora de trabalho mediante o perfil patolgico. A pessoa1, portanto, ocupa um espao bastante reduzido nesta perspectiva. Toda a diversidade e singularidade das estratgias e das relaes pessoais com o processo laboral, os sofrimentos combustvel das estratgias de defesa e ou dos prazeres sublimatrios (Dejours e cols., 1994) , e os sentimentos de penosidade combustvel de aes adaptativas patologisantes e ou de superaes e realizaes profissionais (Sato, 1993) so praticamente ignorados. A nfase dada quase exclusivamente s generalizaes das categorias coletivas.

    De nossa parte, embora defendamos a importncia de localizar o processo sade-doena num mbito mais amplo nas contradies de um sistema scio-econmico historicamente datado entendemos que nas singularidades de cada pessoa que o processo sade-doena se materializa. Necessrio, ento, enveredarmos por caminhos terico-metodolgicos que simultaneamente contemplem, como elementos indissociados, as vivncias singulares do processo sade-doena e o entorno scio-histrico que orienta as organizaes, divises e relaes de trabalho nas quais esto inseridos os homens e mulheres que trabalham. Entorno este, particularmente agravado nos tempos recentes, com a entrada agressiva de novas tcnicas de gesto e tecnologias de produo, responsveis pelo acelerado enxugamento de postos de trabalho nos mais diversos ramos de atividade que, acompanhadas por medidas polticas neoliberais de flexibilizao dos encargos e dos vnculos empregatcios, foram sem dvida responsveis pelo agravamento nas condies de sade dos(as) trabalhadores(as), cada vez mais desamparados(as) e expostos(as) a nveis brutais de explorao.

    Seguindo o caminho das concepes crticas sobre sade do trabalhador(a) notamos, como diz Sato (1995), que no de hoje que se busca construir um conhecimento sobre como o trabalho pode afetar a sade a partir do prprio trabalhador (p. 48). A primeira experincia de pesquisa nesse sentido a causar impacto na comunidade cientfica foi desenvolvida pelo movimento operrio italiano no final da dcada de 1960, conhecida como Modelo Operrio (Odone e cols., 1986, apud Sato, 1995). Para o Modelo Operrio, os(as) trabalhadores(as) so detentores(as) de um conhecimento de trabalho que construdo nas experincias cotidianas na fbrica ou qualquer outro local de trabalho e, portanto, deve ser privilegiado como base de luta pela preveno de sua sade.

    So quatro os princpios norteadores do Modelo Operrio: a no delegao, a experincia ou subjetividade operria, o grupo homogneo e a validao consensual. Partindo desses princpios, o processo parte da observao espontnea realizada pelos operrios com respeito a suas condies de trabalho e que existe uma experincia acumulada primria depositada no grupo (Laurell, 1984: 68). Trabalha-se com os grupos homogneos de trabalhadores(as) objetivando-se extrair os contedos da experincia coletiva e no somente individual. Referindo-se a tais grupos, diz Mallet (1988): o grupo

    1 Ressalte-se que a noo de pessoa a que nos referimos a concebe como expresso das singularidades decorrentes dos repertrios interpretativos (valores, crenas, vises de mundo etc) apreendidos no decorrer das interaes sociais e intersubjetivas que cada um de ns vive e continua vivendo enquanto existir. A pessoa, portanto, embora singular, concreo intersubjetiva.

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  • Consideraes acerca das Contribuies Terico-Metodolgicas do Construcionismo Social

    operrio homogneo caracterizado por uma mesma situao geogrfica dentro do local de trabalho, uma mesma posio na organizao de trabalho e exposio aos mesmos fatores de risco. Ele a unidade mnima do coletivo de trabalhadores (p. 59).

    Depois do levantamento de informaes por meio do grupo homogneo, elas sero categorizadas segundo quatro tipos de riscos:

    O primeiro grupo compreende os fatores presentes tambm no ambiente em que o homem vive fora do trabalho (nos locais de habitao): luz, barulho, temperatura, ventilao e umidade (...) O segundo grupo compreende os fatores caractersticos do ambiente de trabalho: poeira, gases, vapores e fumaa. Por exemplo: poeira de slica, de amianto, vapores de benzeno, gs de sulfeto de carbono (...) O terceiro grupo refere-se ao esforo fsico no trabalho (...) O quarto grupo de fatores nocivos compreende cada condio de trabalho, alm do trabalho fsico, capaz de provocar stress, por exemplo: monotonia, ritmos excessivos, ocupao do tempo, repetitividade, ansiedade, responsabilidade, posies incmodas etc (Odone e cols., 1986, apud Sato, 1995: 23-24).

    Em seguida, essas informaes categorizadas so analisadas por tcnicos especialistas, que as quantificam para, ento, serem discutidas e validadas consensualmente pelo coletivo de trabalhadores e trabalhadoras.

    Laurell e Noriega (1989) questionam a proposta metodolgica do Modelo Operrio, dizendo:

    Identifica-se que a concepo que se perfila mais claramente nos textos a subjetividade-experincia operria, como conhecimento latente acumulado, resultado do viver e atuar numa determinada realidade, cujo portador o grupo homogneo, ou seja, a coletividade que compartilha dessa realidade. (...) No h, porm, uma discusso pormenorizada sobre a natureza da experincia-subjetividade operria, sobre sua construo, nem sequer sobre sua relao com as condies objetivas de trabalho (p. 88).

    A crtica que fazem direciona-se para a contradio de base que existe no Modelo Operrio o qual se, por um lado, enfatiza o saber do(a) trabalhador(a) (experincia-subjetividade operria), por outro, interpreta este saber atravs de categorias de uma cincia formal de base positivista (os grupos de risco).

    Em que pesem as crticas realizadas ao Modelo Operrio, preciso reconhecer a sua relevncia para o avano dos estudos sobre sade nos ambientes de trabalho, uma vez que, a partir dele, abriu-se um espao importante, no mbito da cincia, para a voz do(a) trabalhador(a) e seu conhecimento. Com a abertura deste espao, entretanto, novos problemas emergiram para os(as) pesquisadores(as) e os(as) profissionais de sade, a saber: quais categorias utilizar para interpretar o saber operrio? Como opera a lgica do conhecimento prtico?

    Procurando alcanar respostas para superar estes novos problemas, Grimberg (1988), ao investigar o saber dos(as) trabalhadores(as) grficos, procura compreender a construo social do processo sade-doena nesta categoria. Afirma:

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  • Alexandre Bonetti Lima & Maria Cristina Moreno Matias

    Os processos sade-doena so objeto de uma construo social que se expressa em modos de perceber, categorizar e significar a sade e a enfermidade, e em uma srie de prticas em torno das mesmas. E por sua vez, esta construo implica sobretudo uma articulao de modos de representar o trabalho, isto , esta construo supe determinados modos de relacionar o trabalho e a sade-doena. Isto conduz a propor que estes saberes e prticas no foram gerados s por especialistas (mdicos e tcnicos), nem so atributos exclusivos deles. Pelo contrrio, os trabalhadores foram e so sujeitos ativos nesta construo (apud Sato, 1995: 20).

    Estudos como os de Grimberg procuram superar as contradies apontadas no Modelo Operrio utilizando-se da Teoria das Representaes Sociais. Elaborada por Serge Moscovici na dcada de 1960, as representaes sociais so definidas como formas de conhecimento do senso comum, compartilhadas e elaboradas socialmente, com o fim de apreender e comunicar as experincias do cotidiano. Segundo o autor, a motivao que no dia a dia temos para a construo das representaes sociais a necessidade de tornar as experincias estranhas em familiares. Desta forma, a no familiaridade poder ganhar um sentido e ser apreendida por quem a vivencia, bem como ser comunicada ao entorno social.

    Alm de Grimberg, inmeros outros autores desenvolveram estudos importantes sobre sade do trabalhador utilizando-se das representaes sociais como aporte terico. Destaque-se Sato (1993, 1995), que investigou as representaes sociais do trabalho penoso em motoristas de nibus urbanos; Duarte (1986), que buscou apreender as representaes das doenas dos nervos entre diferentes segmentos da classe trabalhadora; Harrison (1988), que estudou as representaes do risco entre operrios; Boltanski (1979), que pesquisou as representaes da doena em diferentes classes sociais; Guareschi e Possamai (2007), que investigaram as representaes sociais do acidente de trabalho entre trabalhadores dos ramos mobilirio e da construo civil. Alm destes, outros tantos trabalhos foram e vem sendo igualmente importantes no processo de rompimento com os dogmas ascticos do positivismo tecnicista que ainda impera hegemnico no campo da sade do trabalhador. Eles contribuem para que se superem os paradigmas que dicotomizam a realidade em objetiva e subjetiva, e se a entenda como construo dinmica e indissociada. A realidade, dizem Berger e Luckmann (1994), social e intersubjetivamente construda.

    Das Contribuies do Construcionismo Social

    Consonante com esta concepo da construo do conhecimento e da realidade, o Construcionismo Social oferece importantes possibilidades metodolgicas para compreender a dinmica dos processos de produo de sentidos sobre o tema sade do trabalhador. Para tanto, parte de uma definio de conhecimento que rompe com a concepo representacionista da verdade, ou seja, com a noo de verdade como correspondncia com a realidade (Rorty, 2005). Como diz Rorty na introduo de seu livro Verdade e Progresso (2005):

    Os ensaios deste volume sustentam que a filosofia progredir melhor sem as noes de natureza intrnseca da realidade e correspondncia com a realidade. (...) Quando (William) James disse que o verdadeiro o bom de acordo com a crena, ele foi acusado de confundir justificao com verdade, relativo com absoluto.De fato,

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  • Consideraes acerca das Contribuies Terico-Metodolgicas do Construcionismo Social

    James teria feito melhor se houvesse dito que frases como o bom de acordo com a crena e em que melhor acreditarmos podem ser substitudas por justificado mais do que por verdadeiro. Mas ele poderia ainda ter acrescentado que ns no temos outro critrio para a verdade alm da justificao, e que a justificao e o melhor-para-acreditar vo depender do pblico (e da srie de candidatos verdade) tanto quanto a bondade depende dos propsitos e a justia, das situaes. Tendo admitido que verdadeiro um termo absoluto, suas condies de aplicao sero sempre relativas. Pois no existe tal coisa como uma crena sendo justificada sans phrase justificada de uma vez por todas pela mesma razo que no existe uma crena que possa ser considerada indubitvel agora e sempre (p. VIII-IX).

    No obstante as semelhanas no mbito epistemolgico, o Construcionismo diferencia-se da Teoria das Representaes Sociais na medida em que rompe radicalmente com qualquer perspectiva representacional e cognitivista, isto , rompe com a idia do conhecimento composto por representaes internas, mesmo que sejam estas construdas intersubjetivamente como o caso das representaes sociais. Seu campo de investigao o discurso, pois, como diz Potter (1998):

    A realidade se introduz nas prticas humanas por meio das categorias e das descries que formam parte dessas prticas. O mundo no est categorizado de antemo por Deus ou pela Natureza de uma maneira que todos nos vemos obrigados a aceitar. Se constitui de uma ou outra maneira na medida em que as pessoas falam, escrevem e discutem sobre ele (p. 130).

    Tal concluso exige uma concepo de discurso que o entenda no como representao ou traduo de algo (objeto, realidade, fato etc), mas como ao social. Decorre da que separaes entre aes sociais e palavras, entre real (concreto) e significao do real (palavras que o representam) so descartadas, pois discurso ao, ao que produz sentidos, verdades, dizibilidades, visibilidades, materialidades ao mundo, s coisas, aos eventos e a cada um de ns em meio a tudo isso.

    Tal definio, por sua vez, segue a perspectiva de Bakhtin, autor particularmente importante para apoiar a compreenso do discurso como ao social. Para ele, o processo discursivo sempre dialgico. Sobre isso, afirma:

    A orientao dialgica naturalmente um fenmeno prprio a todo discurso. Trata-se de uma orientao natural de qualquer discurso vivo. Em todos os seus caminhos at o objeto, em todas as direes, o discurso se encontra com o discurso de outrem e no pode deixar de participar, com ele, de uma interao viva e tensa (1988: 88).

    O autor ensina, ento, que toda palavra, todo discurso sempre perpassado pela(s) palavra, pelo discurso de outrem; ou seja, toda pessoa, mesmo quando em momentos de solido reflexiva, pensando com seus botes, ou escrevendo em seu dirio ntimo mensagens para si mesma, considera, conscientemente ou no, o discurso de outrem para confeccionar o seu. Ela , assim, sempre respondente. Como diria Bakhtin (1988):

    Apenas o Ado mtico que chegou com a primeira palavra num mundo virgem, ainda no desacreditado, somente este Ado podia realmente evitar por completo esta mtua orientao dialgica do discurso alheio para o objeto. Para o discurso humano,

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  • Alexandre Bonetti Lima & Maria Cristina Moreno Matias

    concreto e histrico, isso no possvel: s em certa medida e convencionalmente que dela pode se afastar (p. 88).

    Todo discurso configura-se, ento, como uma trama polidiscursiva e intertextual, acentuando historicidades, na medida em que constitui acrscimos (ou decrscimos) s cadeias de comunicao existentes. Ele se processa nas contnuas interanimaes dialgicas (e, logo, sociais e intersubjetivas), mediante relaes face a face e ou mediadas pelos substratos das mdias (Thompson, 1995, 1999), como um fluxo permanente de atos de fala ora em conflitos, ora em negociaes, ora em solidariedades, ora em contradies, no qual sentidos e materialidades vo se configurando e reconfigurando em cada tempo e lugar (Lima, 2007).

    Contemplar o discurso como entidade performtica, ou seja, como um tipo de prtica social requer ainda, segundo Fairclough (2003), enveredar por questes que dizem respeito s relaes de poder, as quais o levam para o terreno das lutas hegemnicas, pois buscar hegemonia, diz ele, um modo de buscar universalizar sentidos particulares a servio do alcance e manuteno da dominao (p. 58).

    Conceito originalmente desenvolvido pelo pensador italiano Antonio Gramsci, a hegemonia caracteriza-se por um equilbrio instvel e assimtrico entre uma classe ou categoria social sobre outra(s), mas que sempre parcial e temporariamente alcanado, nunca definitivo. Para mant-lo (o equilbrio), a categoria dominante articula-se em alianas e integra, mediante algumas concesses, as subalternas para o seu campo de domnio (Gruppi, 1991). Tal processo deve ser continuamente alimentado e realimentado para no se romper, visto serem as relaes de dominao/subordinao foco constante de lutas envolvendo um amplo conjunto de agncias sociais, com seus variados interesses econmicos, polticos, jurdicos, culturais, entre outros (Thompson, 1995; Semeraro, 1999).

    A referncia ao conceito de hegemonia tenciona romper com vises estruturalistas que concebem as agncias de poder como capazes de interpelar pessoas e coletividades de modo a permanecerem integralmente sob seu jugo. Se no h como duvidar das evidncias dos constrangimentos que as agncias de poder impem s pessoas (em geral de modo bastante sutil e incorpreo, como diria Foucault), desenhando limites normativos e condies de possibilidades na vida social, tampouco pode-se afirmar que as aes e prticas das pessoas nos seus cotidianos so completamente determinadas.

    Essas relaes tensas e processuais entre pessoa/agncia social esto presentes na concepo bakhtiniana de dialogia, na qual o autor desenha o campo das aes e interaes humanas como extremamente dinmico, e orientado pelas presenas simultneas da singularidade das conscincias falantes e ouvintes, compreensivas e compreensveis e das normatizaes e regulamentaes formal e informalmente estabelecidas nos cotidianos de uso. A relao pessoa-agncia, assim, materializa-se em funo de que, embora use dos repertrios de normatizao existentes estruturados-estruturantes para se inserir e dialogar no dia a dia da vida corrente, cada pessoa utiliza-se destes repertrios segundo o lugar no qual scio-historicamente est posicionado, e em cada um desses lugares v e lida com suas (con)vivncias atravs de lentes especficas (Lima, 2007). Gramsci apontava esses lugares como compostos pelo que denominava complexos ideolgicos (Fairclough, 2001). Explicando melhor, para esse autor o mundo subjetivo das pessoas vai sendo constitudo segundo a posio social que ocupa em cada momento, posio que delineada por correntes ideolgicas que lhe apresentam os instrumentos e as lentes a partir das quais d forma e sentido s experincias que (con)vive. Tais correntes ideolgicas povoam mais intensamente os campos que atraem lutas

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  • Consideraes acerca das Contribuies Terico-Metodolgicas do Construcionismo Social

    hegemnicas mais acirradas e neles organizam-se conflitante ou complementarmente, cruzam-se ou orientam-se em linhas paralelas, formando como que um caleidoscpio no qual se mesclam discursos oriundos dos mais diversos tempos e lugares, configurando sempre novos conjuntos discursivos a cada novo movimento definido scio-historicamente em meio s tenses, negociaes, conflitos, lutas hegemnicas ocorridas no dia-a-dia da vida sendo vivida (Lima, 2007).

    A dinmica destas lutas hegemnicas presentifica temporalidades distintas nos discursos que se interanimam. Para Mary Jane Spink (1999, 2003), h trs temporalidades que os abarcam, as quais se materializam de forma indissociada nas prticas discursivas: o tempo longo, o tempo vivido e o tempo curto. O primeiro, o tempo longo, diz respeito construo social dos contedos culturais que formam os discursos de uma dada poca (2003: 15). Eles se referem aos discursos institudos das instituies, aos discursos morais, religiosos, s grandes narrativas enfim, cujo processo de transformao lento, embora ocorra. O tempo vivido o tempo de ressignificao desses contedos histricos a partir dos processos de socializao. o tempo da vida de cada um de ns, sendo, portanto, o filtro que ns utilizamos para pensar, usar e falar sobre os repertrios do tempo longo (idem: 15). E o tempo curto o tempo do aqui e agora, das interanimaes dialgicas do dia a dia no qual se presentificam e se ressignificam os repertrios dos tempos longo e vivido. tambm o tempo em que repertrios novos e inditos so continuamente criados, particularmente num perodo histrico no qual impera a alta velocidade com que inovaes tecnolgicas so lanadas no mercado e comunicadas, atravs dos meios de comunicao miditica, s populaes localizadas nas mais diversas partes do mundo.

    No binio 1993/1994, uma experincia de trabalho da qual tive oportunidade de participar exemplifica de modo ilustrativo as consideraes que vem sendo desenhadas neste artigo at o momento. Neste perodo, participei, com Fbio de Oliveira, do Programa de Sade dos Trabalhadores da Zona Norte (PST-ZN), na cidade de So Paulo, no qual coordenvamos grupos compostos por portadores(as) de leses por esforos repetitivos (LER), oriundos(as) de ramos de atividades variados (bancos, metalurgias, comrcio, entre outros), cujo objetivo era proporcionar discusses em torno das relaes LER e processos de trabalho, e as implicaes desta afeco na vida cotidiana de cada um(a). Os grupos ocorriam em 5 ou 6 encontros, uma vez a cada semana, com duas horas de durao. Com isso, tivemos oportunidade de desfiar a historicidade do processo de construo de sentidos, mediante os(as) lesionados(as), sobre a enfermidade e a convivncia com ela, a qual foi dividida em trs perodos distintos, mas interligados na histria de cada um(a): Percepo dos sintomas da doena; Descoberta do diagnstico e os discursos de desconfirmao; Discursos confirmadores, ressiginificao e repotencializao da vida cotidiana. O primeiro perodo foi marcado pelas sensaes iniciais dos sintomas da LER sem que os(as) lesionados(as) soubessem ainda do diagnstico. Nesse momento, os(as) lesionados(as) depoentes ancoravam os sintomas da afeco em repertrios interpretativos relativos a suas histrias de vida at ento, ou seja, aos seus processos de socializao, como se pode ver nos seguintes depoimentos:

    Eu achava que tinha problema no corao por causa do meu pai que tinha tambm, e a LER d uma sensao de dor e formigamento n, que nem doena do corao. Mas eu tirava a presso e no dava nada. Ento eu achei que tinha cncer por causa da dor n, e eu ia no mdico e ele falava que eu no tinha nada, que era mau jeito, e eu s vezes pensava que tava ficando louca, ou que ele (o mdico) tava me escondendo alguma coisa sria.

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  • Alexandre Bonetti Lima & Maria Cristina Moreno Matias

    Eu achava que ia morrer, que era cncer j avanado porque doa muito meu brao. Eu tive duas pessoas na famlia que morreram de cncer e eu achava que tinha tambm, porque quando algum tem na famlia voc tem mais chance de ter. Ento eu fiquei desesperada, no conseguia dormir, chorava todo dia.

    O segundo perodo foi marcado, inicialmente, pela descoberta do diagnstico e, em seguida, pelo contato com discursos de desconfirmao. Se o diagnstico foi responsvel pelo alvio por descobrir enfim um nome para o fenmeno que o(a) acometia, distinto das graves patologias anteriormente suspeitadas, como exposto no depoimento a seguir:

    Quando eu descobri que o que eu tinha era LER e no cncer, eu tive um alvio incrvel, s faltava beijar o mdico. Falei pra minha famlia e eles ficaram super felizes e aliviados tambm. Eu no sabia direito o que era LER, mas no matava n... e o mdico falou que se eu seguisse o tratamento direitinho eu ia me curar.

    Com o tempo, na medida em que perduravam os sintomas, e a regresso se mostrava lenta, numa velocidade bastante diferente da temporalidade dos processos de produo, o alvio da descoberta do diagnstico foi sendo substitudo pela agonia da exposio a discursos desconfirmadores da intensidade e gravidade do quadro patolgico, bem como de sua relao com o trabalho realizado, como se pode ver nos depoimentos abaixo:

    Tanto me disseram que as dores que eu sentia no podia ser da LER, que era coisa da minha cabea, que eu achava que tava louca mesmo, que eu tava delirando. E eu fiquei com medo de ficar internada num hospcio, ento eu no falava quase do que eu sentia, das dores, com ningum.

    Eu achava que era algum problema do meu corpo (referindo-se aos sintomas da doena), uma fraqueza minha. Porque eles (mdico da empresa e chefes do setor onde trabalhava) falavam que no meu setor no tinha ningum doente, s eu, e que eu devia ser propensa a isso. Ento eu me sentia culpada, que a culpa era minha, que trabalhar no era para mim.

    O terceiro perodo foi marcado pelo encontro com discursos confirmadores da gravidade do quadro da doena e de sua relao com o trabalho realizado. Tal encontro se deu quando da chegada ao ambulatrio do PST-ZN, em busca de atendimento mdico; uma vez l, eram encaminhados(as) s diversas atividades interdisciplinares voltadas para os casos de LER, entre elas, os grupos que coordenvamos. Em tais grupos, incitvamos construo de ambientes de discusso e elaborao dos sentimentos dos(as) lesionados(as), de modo a superar uma vivncia culpabilizante e individualizante do processo de adoecimento e cronificao do quadro da LER. Isto porque, inserido no grupo, cada lesionado(a) pde ter acesso s experincias e vivncias particulares dos(as) outros(as) e, ao mesmo tempo, ser ouvido e compreendido ao contar sua prpria histria com a afeco, facilitando, assim, a construo de um ambiente propcio e instigador para a confeco conjunta de uma narrativa coletiva que materializasse e ressignificasse a doena e o viver com ela em seus diversos aspectos. Tal narrativa, por sua vez, por ser coletivamente construda pelos prprios(as) portadores(as), atuou como um referencial autnomo, respaldando-os(as) e os(as) fortalecendo para melhor arrostar as agresses cotidianas que vinham sofrendo.

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  • Consideraes acerca das Contribuies Terico-Metodolgicas do Construcionismo Social

    O que legal nos grupos que todo mundo conta da sua vida com a doena e voc v que tem muita coisa parecida. Todo mundo tem problema de ser desmentido, de no acreditarem que voc ta doente e te chamarem de vagabunda, ou que voc ta com problema psicolgico. E a voc vai no grupo e conta essas coisas e desabafa com todo mundo que tem o mesmo problema, e voc fica mais forte, o grupo d uma reforada na sua idia.

    No processo de elaborao de dita narrativa sobre a LER, vale dizer ainda, os(as) lesionados(as), ao mesmo tempo em que ressignificavam a doena, ressignificavam a si prprios(as) nela, produzindo um estranhamento e passando a entender o texto no qual vinham vivendo no mais apenas como penoso e natural, mas injusto e passvel de transformao.

    Eu parei de me sentir culpada de ta doente, de no conseguir fazer as coisas, porque no era culpa minha, e eu nunca inventei dor nenhuma.

    Eu fui na percia (do INSS) e o mdico me disse que ia me dar alta, que eu no tinha mais nada, tinha que voltar a trabalhar. S que ele no sabia que eu tinha levado um gravador na minha bolsa. A eu disse: Eu queria saber o nome do senhor e nmero do CRM. A ele se assustou, a eu mostrei o gravador pra ele e disse: O senhor confirma minha alta? Ah, ele mudou na hora, comeou a dizer que no era assim e tal e me deu mais tempo (de afastamento).

    A possibilidade que se viabilizava de interagir e conversar com outros(as) lesionados(as) acerca de suas histrias com a LER, instigou o processo de confeco de uma narrativa comum de referncia coletiva que fizesse ressonncia e significasse, materializando de outra forma, o que vinham vivendo at ento, ou seja, as dores e enfraquecimento no(s) membro(s) acometido(s), e a insero num universo discursivo que as(os) culpabilizava pela aquisio da doena, bem como pela sua cronificao e permanncia ao longo do tempo. O conjunto de discursos que tinham acesso no PST-ZN sobre a LER, localizava-a como doena relacionada ao trabalho, e sua cronificao devido gravidade do quadro que se apresentava, desculpabilizando, ento, o sujeito lesionado por viver tal situao. Somado a isto, todo um conjunto de informaes relativas aos direitos cidados, era trazido em discusso, tornando possvel a ressigificao da doena e de si mesmos com ela, bem como a reconstruo de novas formas de agir no dia a dia.

    Depois que comecei a participar dos grupos e das atividades aqui no PST-ZN, e conhecer outras pessoas com LER com uma histria parecida com a minha, eu fiquei mais forte. Porque eu j sabia o que eu tinha direitinho, sabia dos meus direitos. E isso foi bom porque eu pude dizer pra mim mesma e pros outros que eu tava doente de uma doena do trabalho, que tinha a ver com o trabalho que eu fazia, com a organizao de trabalho. E a eu no ficava mais me culpando, querendo me esconder de todo mundo porque eu tava doente.

    Consideraes Finais

    O exemplo sobre os(as) lesionados(as) apresentado acima, uma ilustrao da importncia de se atentar aos processos de produo de sentidos, como expresso das interanimaes dialgicas

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    correntes. Na dinmica destas interanimaes pode-se desfiar uma historicidade de sentidos que vai dando novas materialidades a LER e ao viver com ela, bem como a todo o conjunto de relaes travadas no cotidiano da vida sendo vivida de cada um (trabalho, colegas de trabalho e patres, mdicos, amigos, familiares, entre outros), os quais abrem e fecham condies de possibilidades para perspectivas de ao no mundo. Nos diversos relatos e dilogos ocorridos ao longo dos encontros nos grupos com os(as) lesionados(as), visualizava-se, tal qual um caleidoscpio, conjuntos discursivos oriundos dos mais diversos tempos e lugares ora combatendo-se, ora negociando, ora acomodando sentidos distintos, promovendo, assim, novas formas discursivas em tempo e novas materialidades, portanto; promotoras, por sua vez, de novas perspectivas e condies de possibilidades para ao na vida sendo vivida.

    Se o processo de culpabilizao individualizante vivido pelos(as) trabalhadores(as) com LER, compe, em verdade, um quadro ideolgico j antigo de explorao do trabalho pelo capital (denominado, por Lima e Oliveira (1995), ideologia da culpabilizao), presente, inclusive, na literatura cientfica de base positivista, ainda de bastante influncia nos ambientes de trabalho, o Construcionismo Social mostra-se como um instrumento relevante metodolgica e politicamente no sentido de empoderar trabalhadores e trabalhadoras em aes coletivas de transformao das penosas e indignas condies laborais nas quais se encontram, responsveis pelo desencadeamento de inmeros e graves casos de doenas e acidentes de trabalho neste pas. Sobre isso, vale acrescentar que boa parte dos(as) lesionados(as) que participaram das atividades ambulatoriais do PST-ZN criaram e se filiaram Associao de Portadores de LER, cujo mote era lutar coletivamente pela melhoria das condies de trabalho nas empresas, bem como pelos direitos trabalhistas e previdencirios dos portadores de LER.

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    Formato de citacin

    Bonetti, Alexandre y Moreno, Maria Cristina (2010). Consideraes acerca das Contribuies Terico-Metodolgicas do Construcionismo Social para Estudos e Intervenes em Sade do Trabalhador. Athenea Digital, 17, 241-253. Disponible en http://psicologiasocial.uab.es/athenea/index.php/atheneaDigital/article/view/646

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