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COMPARAÇÃO ENTRE CÁLCULOS DE ÁREA CONSIDERANDO A SUPERFÍCIE DOS MODELOS DIGITAIS DE ELEVAÇÃO (MDEs) E A SUPERFÍCIE PROJETADA DOS MAPEAMENTOS COMUNS LUIS CLAUDIO DA SILVA DOS SANTOS ¹ RAFAEL SILVA DE BARROS ¹ ² PAULO FERNANDO DA SILVA PINTO ¹ [email protected] [email protected] [email protected] 1) UERJ – FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES 2) IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA EIXO TEMÁTICO: 1) TÉCNICA E MÉTODOS DE CARTOGRAFIA, GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO, APLICADAS AO PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAIS. RESUMO Os recursos naturais são limitados e devem ser utilizados de uma maneira mais racional para que assim se estabeleça um desenvolvimento sustentável. Para esse controle, os recursos do geoprocessamento são fundamentais. O sensoriamento remoto, Modelos Digitais de Elevação (MDEs), sistema de posicionamento global (GPS) e sistemas de informações geográficas (SIGs) integram o geoprocessamento. O uso dessas tecnologias permite a combinação de distintos dados para geração de outros. O presente trabalho consiste no cálculo da área dos usos e coberturas vegetais considerando o relevo, com a utilização dos MDEs SRTM e da carta topográfica de Quartéis e comparação com a área plana da Bacia do Rio São João – RJ. Os resultados obtidos mostraram uma taxa de variação que ficou em torno de 5% para a Bacia e de quase 8% para áreas com relevo acidentado. Palavras Chave: Cálculo de Área Real, Geoprocessamento, MDEs. ABSTRACT Natural resources are limited and must be used in a more rational way for that establishment of a real sustainable development. Geoprocessing tools such as remote sensing, Geographic Information Systems (GIS), Digital Elevation Models (DEM) and Global Positioning System (GPS) may help to monitor environmental process. The use such geotechnology permits to combine and integrate different type of georeferenced data in the same system. This paper consists of calculating area of land use and land cover considering the topography by using a DEM SRTM and topographic map of Quartéis and the comparison of the flat areas calculated without São João river drenage basin. The results showed a rate of change that was around 5% for the basin and nearly 8% for areas with rugged topography. Keywords: Calculating surface area, Geoprocessing, DEM.

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COMPARAÇÃO ENTRE CÁLCULOS DE ÁREA CONSIDERANDO A SUPERFÍCIE DOS MODELOS DIGITAIS DE ELEVAÇÃO (MDEs) E A

SUPERFÍCIE PROJETADA DOS MAPEAMENTOS COMUNS

LUIS CLAUDIO DA SILVA DOS SANTOS ¹ RAFAEL SILVA DE BARROS ¹ ²

PAULO FERNANDO DA SILVA PINTO ¹ [email protected]

[email protected] [email protected]

1) UERJ – FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES 2) IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA

EIXO TEMÁTICO: 1) TÉCNICA E MÉTODOS DE CARTOGRAFIA, GEOPROCESSAMENTO E SENSORIAMENTO REMOTO, APLICADAS AO PLANEJAMENTO E GESTÃO AMBIENTAIS.

RESUMO

Os recursos naturais são limitados e devem ser utilizados de uma maneira mais racional para que

assim se estabeleça um desenvolvimento sustentável. Para esse controle, os recursos do

geoprocessamento são fundamentais. O sensoriamento remoto, Modelos Digitais de Elevação

(MDEs), sistema de posicionamento global (GPS) e sistemas de informações geográficas (SIGs)

integram o geoprocessamento. O uso dessas tecnologias permite a combinação de distintos dados para

geração de outros. O presente trabalho consiste no cálculo da área dos usos e coberturas vegetais

considerando o relevo, com a utilização dos MDEs SRTM e da carta topográfica de Quartéis e

comparação com a área plana da Bacia do Rio São João – RJ. Os resultados obtidos mostraram uma

taxa de variação que ficou em torno de 5% para a Bacia e de quase 8% para áreas com relevo

acidentado.

Palavras Chave: Cálculo de Área Real, Geoprocessamento, MDEs.

ABSTRACT

Natural resources are limited and must be used in a more rational way for that establishment of a real

sustainable development. Geoprocessing tools such as remote sensing, Geographic Information

Systems (GIS), Digital Elevation Models (DEM) and Global Positioning System (GPS) may help to

monitor environmental process. The use such geotechnology permits to combine and integrate

different type of georeferenced data in the same system. This paper consists of calculating area of land

use and land cover considering the topography by using a DEM SRTM and topographic map of

Quartéis and the comparison of the flat areas calculated without São João river drenage basin. The

results showed a rate of change that was around 5% for the basin and nearly 8% for areas with rugged

topography.

Keywords: Calculating surface area, Geoprocessing, DEM.

Introdução

Os mapeamentos apoiados por imagens de satélites têm sido explorados como

soluções para retratação de cenários regionais. Espera-se que os levantamentos da cobertura

vegetal e uso do solo forneçam informações aos usuários comuns sobre os impactos causados

pela ação dos homens. Todavia esses mapeamentos nem sempre retratam a realidade visto que

em alguns casos não consideram a superfície real para fazer a representação dos dados.

Os grandes projetos de mapeamento têm como produto mapas em 2 dimensões (2D).

Em determinados casos, a diferença da área planimétrica para a área real, tridimensional (3D),

que leva em consideração a rugosidade do terreno pode gerar resultados com diferenças

consideráveis, ou ainda induzir a tomadas de decisões equivocadas, motivadas pela

interpretação errônea dos dados apresentados.

A utilização de novas tecnologias, ligadas ao geoprocessamento, para classificação

digital de imagens fornece novas alternativas para aumentar a velocidade, qualidade e em

alguns casos a precisão dos mapas gerados. Os Modelos Digitais de Elevação (MDEs)

apresentam diversas possibilidades de aplicações, sendo algumas citadas pelo INPE (2004):

armazenamento de dados de altimetria; análises de corte-aterro para projeto de estradas e

barragens; elaboração de mapas de declividade e aspecto; análise de variáveis geofísicas e

geoquímicas; representação tridimensional, dentre outras.

O objetivo geral do presente trabalho era quantificar os usos da terra e as coberturas

vegetais existentes na Bacia do Rio São João – RJ, considerando a superfície real do terreno,

com auxílio dos recursos do geoprocessamento e dos Modelos Digitais de Elevação e do

Terreno (MDEs e MDT).

Os objetivos específicos eram: utilizar o MDE do SRTM para realizar o cálculo de

área do uso da terra e cobertura vegetal da Bacia do Rio São João; gerar um MDT a partir da

carta topográfica Quartéis (Mapa Índice 27173) para comparar a área calculada com ele com

aquela obtida ao se considerar o MDE do SRTM e analisar a diferença entre eles; comparar os

resultados obtidos com os da superfície planimétrica.

Revisão Bibliográfica

Uma imagem tridimensional ou em três dimensões (3D) é aquela que permite perceber

que cada objeto tem altura, comprimento e largura. Ela proporciona a sensação de volume e

profundidade (FLORENZANO, 2002). Imagens ou fotografias aéreas da mesma área, porém,

obtidas de uma posição diferente, nos permitem uma visão tridimensional da passagem. Os

MDEs podem ser produzidos a partir de dados do Sensoriamento Remoto Orbital, que oferece

imagens em estereoscopia possibilitando a aquisição de dados 3D.

Para Barros (2006) existe uma variedade de terminologias para designar modelos

digitais que representam parte da superfície terrestre, sua topografia ou seu uso e cobertura. É

comum o uso dos termos MDE, MDT, MDS, MNT, MNE (Modelo Digital de Elevação, de

Terreno, de Superfície, ou Numérica do Terreno ou de Elevação) respectivamente. Fernandes

(2004) diferencia MDT de MDE pelo fato do primeiro conter apenas altimetria enquanto o

segundo pode conter outras feições além da altimetria.

Um modelo numérico do terreno MNT (em inglês, DTM = Digital Terrain Model) é

uma representação matemática da distribuição espacial de uma determinada característica

vinculada a uma superfície real. A superfície é em geral contínua e o fenômeno que representa

pode ser variado. Ou seja, o modelo pode representar tanto a variável altitude como qualquer

outra que se apresente distribuída no espaço (BARROS, 2006).

Valeriano (2008) conceitua MDE da seguinte forma: “são arquivos que contêm

registros altimétricos estruturados em linhas e colunas georreferenciadas, como uma imagem

com valor de elevação em cada pixel”. Os registros altimétricos devem ser valores de altitude

de relevo, idealmente para que o MDE seja uma representação da topografia.

Um modelo digital do terreno (MDT) é uma representação matemática computacional

de ocorrência de um determinado fenômeno espacialmente distribuído numa região limitada

da superfície terrestre. O processo de geração do MDT consiste, basicamente, em três etapas:

aquisição de dados, edição dos dados e geração do modelo.

Figura 1: Diferença entre MDE e MDT.

Área de Estudo

A região abrangida pela Bacia do Rio São João está localizada na zona leste do estado

do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil, entre as coordenadas de 22º 22’ e 22º50’ de latitude sul e

de 42º 00’ e 42º 40’ de longitude oeste. A bacia hidrográfica do Rio São João é coberta por 5

cartas topográficas: Barra de São João, Morro de São João, Quartéis, Rio Bonito e Silva

Jardim, todas na escala 1:50.000 e que são disponibilizadas pelo IBGE e Exército (DSG).

A bacia do Rio São João pertence inteiramente ao Estado do Rio de Janeiro, mais

especificamente à baixada litorânea, onde se encontra a Região dos Lagos, compreendendo

parcialmente os municípios de Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito, Casimiro de Abreu,

Araruama, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio e Rio das Ostras; o município de Silva Jardim está

integralmente nela inserido (Figura 1). O Rio São João nasce na Serra do Sambê, nos

contrafortes da Serra do Mar, percorrendo a direção oeste-leste, indo desaguar no Oceano

Atlântico após 150 km de extensão.

Figura 2: Esquema de localização da área de estudo.

Adaptado de BIDEGAIN (2002).

O uso da terra na bacia do Rio São João é caracterizado por poucas cidades e muitas

áreas agrícolas; já a cobertura vegetal é constituída por remanescentes florestais, campos

inundados, pastagens e restingas. Segundo Cunha & Guerra (2008) a Bacia do Rio São João

sofreu muito com intervenções humanas. No meio físico da bacia encontram-se

empreendimentos como: a Represa de Juturnaíba, os gasodutos da TRANSPETRO, rodovias,

a ferrovia Rio-Vitória, linhas de transmissão, infra-estrutura de saneamento básico,

assentamentos rurais, exploração de areia, condomínios industriais e áreas protegidas.

A maioria dessas alterações no meio físico prejudicou a dinâmica da bacia, já que seu

ambiente natural foi modificado, desestruturando o geossistema (esse conceito aporta toda a

dinâmica ambiental e social da bacia). Devido à intensa exploração da Mata Atlântica, o que

restou de sua cobertura original encontra-se muito fragmentado, numa composição que

lembra uma colcha de retalhos, com pequenas manchas de florestas nativas isoladas em meio

às pastagens e culturas agrícolas (SAUNDERS, et al., 2004).

Materiais e Métodos

Os materiais utilizados para realizar o estudo foram: os SIGs SPRING, ARCVIEW e

ARCGIS, imagens da missão SRTM, carta topográfica de Quartéis em formato digital.

Grande parte do desenvolvimento do trabalho foi baseada nos procedimentos e materiais

utilizados por Fernandes (2004) e foi dividido da seguinte forma:

- Aquisição do MDE SRTM, reamostrado para 30m por Valeriano (2008), que recobre a área

de estudo, com a delimitação da Bacia do Rio São João e posteriores conversões de formatos

do arquivo;

- Geração de um Modelo Digital do Terreno a partir da Carta Topográfica Quartéis (Mapa

Índice 27173) na escala 1:50.000;

- Utilização do Mapa de Uso da Terra e Cobertura Vegetal desenvolvido pelo Laboratório de

Sensoriamento Remoto Espaço (UFRJ), para fins do cálculo de área;

Após a aquisição do MDE SRTM, fizemos um recorte na área de estudo e foi feita

uma conversão para o formato GEOTIFF (16 bits), pois este guarda os valores de altimetria e

permite a conversão para o formato GRID para fins de cálculos de área. Como foi feita uma

comparação com o MDT da carta de Quartéis foi necessário realizar outro recorte com a parte

da carta que faz parte da Bacia.

Para gerar o MDT a partir da carta topográfica de Quartéis, foi necessária a obtenção

da carta topográfica em formato digital. Isso foi facilitado, pois o IBGE disponibiliza cartas

no formato (*.dgn), que permite conversão para formato shapefile (*.shp). De posse do

arquivo, foi criado um shape para inserção dos valores de cotas das curvas e pontos cotados.

Para realizar os cálculos de área das coberturas vegetais, foi necessária a adaptação do

mapeamento cedido pelo Laboratório de Sensoriamento Remoto Espaço (UFRJ). Os cálculos

de área real foram feitos com o auxílio do software ARCVIEW. Essa extensão permite o

recorte do MDE e o cálculo considerando a superfície tridimensional, tanto sobre um TIN

quanto sobre a grade regular (GRID).

Resultados Obtidos

A cobertura com maior área na Bacia do Rio São João é a pastagem que corresponde a

aproximadamente 56% da Bacia. O mapa de uso da terra, já apresentado anteriormente,

representa isso de forma mais detalhada. Com relação aos resultados, a taxa de variação entre

as áreas reais e projetadas foi de aproximadamente 5%, visto também que as maiores

distinções ocorreram nas regiões com relevo acidentado.

A maior taxa de variação ficou por parte da área sem classificação (11%) definida pela

equipe de mapeamento da UFRJ. A classe Sombra1 foi a segunda que mais variou com algo

em torno de 10 % visto que sua localização se dá em áreas de relevo acidentado. Seguindo a

mesma linha é necessário destacar também a mudança da cobertura de floresta, pois se

considerarmos os dois tipos de floresta (menos densa e densa) a discrepância chega a quase

12% da área real para a projetada. Por possuir a maior área na Bacia, a classe pastagem

também sofreu uma boa taxa de variação.

Figura 3: Mapa de Uso da Terra e Cobertura Vegetal da Bacia do Rio São João na escala 1:50.000 que data do

ano de 2008. Fonte: Laboratório de Sensoriamento Remoto Espaço (UFRJ).

1 A classe sombra representa a parte das montanhas e morros que não recebem a luz do Sol e dessa

forma não emitem radiação. Assim fica difícil identificar a cobertura vegetal dos morros, mesmo sabendo, por

experiência de campo, que a sombra desse mapeamento é quase sempre floresta.

É importante salientar que a Bacia do Rio São João conta atualmente com duas

Reservas Biológicas (Poço das Antas e União) sendo que a segunda faz limite com a Bacia

não estando totalmente inserida nela. Essas reservas têm possibilitado uma preservação na

fauna e flora da região; com isso é bem provável que a classe floresta volte a ganhar área nos

próximos anos.

Tabela 1: Comparação entre os usos e coberturas na Bacia do Rio São João considerando o

MDE SRTM.

Classe Área em Superfície

Real (m²) Área em Superfície Planimétrica (m²) Diferença (m²)

Diferença (%)

Água 43401331,92 43340000,04 61331,8747 0,14 Área Agrícola 273396568,8 271613402,3 1783166,51 0,66 Brejo 10027584,03 10017400 10184,0243 0,10 Dunas 6000,6203 6000,0001 0,6202 0,01 Floresta Menos Densa 237364463,3 224029800,2 13334663 5,95 Floresta Densa 590350534 557495475,9 32855058,1 5,89 Mangue 1940713,882 1939599,996 1113,8861 0,06 Solo Exposto 116820598,4 114682799,6 2137798,82 1,86 Urbano 20487948,37 20454799,99 33148,3795 0,16 Sombra 2621095,191 2364199,993 256895,199 10,87 Pastagem 1021841098 953812355,8 67228742,1 7,17 Sem Classificação 7273794,447 6536999,947 736794,5 11,27 Área Total das Classes

2325531731

2206292834

119238897,2

5,40

Numa comparação entre os dois MDEs ficou comprovado que o SRTM acaba

resultando em áreas maiores que o MDT da carta Quartéis. A Tabela 2 apresenta as diferenças

de área entre os dois modelos.

Tabela 2: Comparação entre o MDE SRTM e MDT da Carta Quartéis. COMPARAÇÃO ENTRE O MDE SRTM E O MDT DA CARTA TOPOGRÁFICA QUARTÉIS

Classes Temáticas

Área em Superfície Real do MDE da Carta (m2)

Área em Superfície Real do MDE SRTM (m2)

Diferença em m2

Água 105449,11 105525,60 76,48

Área Agrícola 1135724,54 1144027,94 8303,40

Floresta Menos Densa 36047851,03 36378431,36 330580,33

Floresta Densa 140112288,13 140177486,50 65198,37

Pastagem 41476045,18 41685410,28 209365,10 Solo Exposto 4330763,71 4390411,74 59648,03 Sombra 83208,22 84594,94 1386,72 Área Sem Classificação 2804572,26 2805707,42 1135,17 Área Total das Classes 226095902,18 226771595,78 675693,60

Algumas proposições podem ser feitas a partir dos resultados obtidos:

- O MDT feito a partir da carta Quartéis apresentou sempre resultados menores em superfície

real do que o MDE SRTM. Mesmo com a inserção de valores de cotas no arquivo original o

interpolador não realizou o trabalho de forma satisfatória;

- O MDE SRTM resultou em áreas maiores para todas as classes, inclusive água, e com a

correção realizada por Valeriano (2008) os dados ganharam em qualidade. Com relação à

atualização, os dados são muito mais recentes que os das cartas, datando do ano 2000 e não

apresentam problemas com os topos dos morros;

- O MDE SRTM mostrou-se mais eficiente em relação ao tempo de processamento dos dados;

- Mesmo sendo considerado por alguns autores como o melhor para realização de cálculos em

superfície real, o modelo TIN (Grades Triangulares) não possibilitou seu neste trabalho, por

causa de processamento dos dados, sendo necessária sua conversão para GRID (Grades

Retangulares); e

- O modelo TIN apresentou problemas nos triângulos que impediram os cálculos de área, isso

pode ter ocorrido por causa dos topos aplainados que provocaram ‘quebras’ nos triângulos.

Considerações Finais

Ficou provado que análises considerando as irregularidades expressas pela morfologia

da superfície terrestre, por intermédio dos MDEs, permitem que as observações de uma

paisagem deixem de ser subestimadas e possam mostrar uma realidade diferente em relação às

mensurações mais usuais, que consideram somente a superfície projetada.

A metodologia adotada com a geração de MDT e utilização dos MDEs foi considerada

satisfatória, contudo, é necessário salientar que necessita-se de uma aplicação de métodos que

facilitem a confecção destes modelos. Mesmo com os recursos das geotecnologias, cada vez

mais avançadas, ficou evidente as dificuldades para a resolução de pequenos problemas que

pareciam simples, como os morros com topos aplainados e o recorte do modelo TIN.

O MDT gerado a partir de cartas topográficas possui dificultadores que necessitam de

estudos mais profundos, pois alguns erros deste modelo acabam gerando problemas na análise

final. Os topos sem cotas originais que acabam ficando aplainados foi o principal limitador do

trabalho. Outro ponto que pode ser destacado como dificuldade é que o mapeamento

topográfico do país não tem sido alvo de grandes atualizações. Essas atualizações podem ser

resolvidas com trabalhos de campo, o que para o presente trabalho não foi possível. Esses

fatos acabaram prejudicando um pouco a comparação entre o MDE SRTM e o MDT da carta

topográfica Quartéis.

Uma forma de correção do modelo das cartas topográficas poderia ser a utilização de

um MDE que possibilite uma melhor visualização dos objetos. O modelo do PRISM/ALOS

seria uma boa alternativa, visto que as imagens desse sensor vêm sendo distribuídas pelo

IBGE a um custo extremamente baixo para usuários não comerciais.

De qualquer forma fica comprovada a importância dessas medições para leituras mais

precisas, uma vez que minimiza drasticamente alguma espécie de mascaramento ou

informações escondidas, que podem ser geradas por observações planimétricas. Lógico que o

mapeamento sistemático em duas dimensões (2D) possui uma grande importância para o país,

todavia é necessário considerar também novas formas de apresentação dos dados.

O domínio da metodologia de confecção de MDT foi, sem dúvida, o principal ganho

do estudo, visto que possibilitará uma base para estudos futuros. Os erros cometidos durante o

processo metodológico, muito em parte por falta de conhecimento, dificilmente serão

cometidos novamente.

Referências Bibliográficas

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