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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO MARIA CLARA FERNANDES DE MEDEIROS ROCHA COHOUSING: Uma alternativa de moradia para idosos independentes Natal/RN 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

MARIA CLARA FERNANDES DE MEDEIROS ROCHA

COHOUSING:

Uma alternativa de moradia para idosos independentes

Natal/RN

2018

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MARIA CLARA FERNANDES DE MEDEIROS ROCHA

COHOUSING:

Uma alternativa de moradia para idosos independentes

Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso

de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como requisito para

obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista, sob a

orientação da Prof.ª Dr.ª Glauce Lilian Alves de

Albuquerque.

Natal/RN

2018

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MARIA CLARA FERNANDES DE MEDEIROS ROCHA

COHOUSING:

Uma alternativa de moradia para idosos independentes

Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso

de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal

do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção

do grau de Arquiteto e Urbanista, sob a orientação da

Prof.ª Dr.ª Glauce Lilian de Albuquerque.

Aprovação de 04 de Julho de 2018

BANCA EXAMINADORA:

Prof.ª Dr.ª Glauce Lilian Alves de Albuquerque

Prof.ª Dr.ª Luciana de Medeiros

Arq. João Ricardo Freire de Morais Machado

Natal/RN

2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco -

DARQ - CT

Rocha, Maria Clara Fernandes de Medeiros.

Cohousing: uma alternativa de moradia para idosos

independentes / Maria Clara Fernandes de Medeiros Rocha. -

Natal, 2018.

97f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e

Urbanismo.

Orientadora: Glauce Lilian Alves de Albuquerque.

1. Cohousing - Monografia. 2. Moradia alternativa - Idosos

- Monografia. 3. Lar para idosos - Monografia. 4. Comunidade -

Monografia. 5. Acessibilidade - Monografia. I. Albuquerque,

Glauce Lilian Alves de. II. Universidade Federal do Rio Grande

do Norte. III. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 725.56

Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344

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AGRADECIMENTOS

Meus mais sinceros agradecimentos à minha família, que sempre foi a

minha maior inspiração e meu porto seguro. Ao meu pai, que com sua

inteligência, dedicação e criatividade sempre me fez querer voar mais alto e me

ensinou a nunca desistir. Ainda a ele, agradeço por estar do meu lado, me

entender e me ajudar tanto em momentos de desânimo e cansaço, sempre com

palavras de incentivo. À minha mãe, pelo carinho, proteção e alegria que sempre

dispôs em relação a mim. À minha irmã, Emília, pelo exemplo que é para mim,

desde criança, e pela disponibilidade incondicional que ela sempre dispõe para

me ajudar.

Aos meus amigos, que compreenderam a minha ausência durante toda a

graduação e comemoraram cada vitória comigo. Em especial a amigos que fiz

durante o curso, que ajudaram, de muitas maneiras, na realização deste

trabalho. A Kennedy, que foi o primeiro amigo que fiz na Universidade, e nunca

deixou de me ajudar, em todas as esferas que englobam arquitetura. A Sophia,

por ter sido minha dupla em todos os trabalhos durante o início da graduação e

que sempre demonstrou interesse no meu trabalho. Também a Júlia, a minha

dupla do final da graduação, por toda a amizade, companheirismo nas melhores

e piores etapas deste curso, e por estar ao meu lado, caminhando e cultivando

olheiras junto comigo.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo ambiente propício

para o desenvolvimento acadêmico que proporciona e ao corpo docente do

Departamento de Arquitetura e Urbanismo, pelo seu trabalho e dedicação ao

levar os seus ensinamentos para a sala de aula, de forma criativa e dinâmica,

em especial às professoras presentes na etapa da pré-banca, Eunádia

Cavalcante e Gleice Elali, pelas opiniões relevantes para o andamento deste

trabalho.

Por fim, à minha orientadora Glauce Albuquerque, pelo empenho

dedicado à elaboração deste trabalho, além do suporte no pouco tempo que lhe

coube, pelas suas correções e incentivos.

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RESUMO

Cada vez mais é observado o aumento do número de pessoas com idade igual ou superior a 60 anos. A maior longevidade da população gera também grandes desafios, como a necessidade de medidas que garantam autonomia, bem-estar, participação, independência e interação às pessoas idosas. É através da busca pelo ideal de vivenciar uma comunidade, que os idosos formam o público que mais procura por estilos de moradia alternativas, como a Cohousing - que consiste em uma comunidade sustentável criada e dirigida pelos seus próprios moradores, onde cada um vive com privacidade em sua casa e convive com os seus vizinhos em ambientes coletivos. O tema escolhido se justifica pelo papel que a arquitetura desempenha na reordenação da sociedade e de como esta influencia no bem-estar de seus usuários, além de oferecer uma moradia coletiva alternativa como a chave para a sustentabilidade. Diante disso, o presente trabalho trata de propor um espaço destinado à implantação de uma Cohousing voltada ao público da terceira idade, uma vez que o envelhecimento da população é uma realidade, bem como as demandas que surgem em função da mesma. Este trabalho tem por objetivo criar um anteprojeto para uma moradia voltada a um grupo de idosos independentes e de classe média. Como metodologia adotada, foram realizadas pesquisas de cunho teórico-conceitual; levantamento e análise do terreno; desenvolvimento e aplicação de questionário junto ao público alvo, a fim de elencar as demandas e necessidades dos moradores; e, por fim, a metodologia de projetação arquitetônica. Palavras-chave: Cohousing, Moradia Alternativa, Idoso, Comunidade, Acessibilidade.

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ABSTRACT

The number of people aged 60 or over is increasingly larger with time. The greater longevity of the population also creates major challenges, such as the need for measures that guarantee autonomy, well-being, participation, independence and interaction for the elderly. By searching the experience on living in a community, the elderly is the public that most seeks alternative housing styles, such as Cohousing - which consists of a sustainable community created and run by its own residents, where each one lives in privacy in their homes and socialize with their neighbors in a collective environment. The chosen subject is justified by the role that architecture plays in the reordering of society and how it influences the well-being of its users, as well as offering an alternative collective housing as the key to sustainability. Therefore, the present paper tries to propose a space destined to the implantation of a Cohousing directed to the public of the third age, since the aging of the population is a reality, as well as the demands that arise in its function. This paper aims to create a draft of a housing focused in a group of independent, middle-aged elderly people. As a methodology, theoretical-conceptual research was carried out; survey and analysis of the land; development and application of a questionnaire to the target public, in order to assess the demands and needs of the residents; and, finally, the methodology of architectural design. Keywords: Cohousing, Alternative Housing, Elderly, Community, Accessibility.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Imagem representativa do projeto da Vila Conviver............................27

Figura 2 - Reunião entre os idealizadores e interessados no projeto..................27

Figura 3 - Interação entre moradores na área comum da comunidade...............29

Figura 4 - Implantação da LILAC........................................................................30

Figura 5 - Sistema de Modcell............................................................................31

Figura 6 - Varanda como zona de transição entre espaço privado e comunitário

...........................................................................................................................31

Figura 7 - Visão do jardim central........................................................................32

Figura 8 - Restaurante com serviço tipo buffet....................................................33

Figura 9 - Modelo de quarto duplo......................................................................33

Figura 10 - Implantação do Silver Sage Village...................................................34

Figura 11 - Área comum do Silver Sage Village..................................................35

Figura 12 - Grupo de moradores da Silver Sage Village.....................................36

Figura 13 - Fachada da casa 01, com detalhes em madeira e chapas de zinco

...........................................................................................................................37

Figura 14 - Plantas de Layout das residências....................................................37

Figura 15 - Perspectiva da Casa do lago Rapel..................................................38

Figura 16 - Relação dos materiais da edificação com o entorno.........................39

Figura 17 - Localização do terreno.....................................................................49

Figura 18 -Terreno Escolhido.............................................................................50

Figura 19 - Entorno do terreno escolhido............................................................51

Figura 20 - Unidades de Saúde na cidade de Natal/RN......................................51

Figura 21 - Perspectiva do terreno......................................................................52

Figura 22 - Zoneamento bioclimático brasileiro..................................................59

Figura 23 - Rosa dos ventos..............................................................................60

Figura 24 - Estudo de condicionantes climáticas do terreno...............................60

Figura 25 – Descanso na rede............................................................................61

Figura 26 - Zoneamento inicial...........................................................................62

Figura 27 - Edifícios coletivos como pontos de sustentação...............................63

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Figura 28 - Varanda de rede...............................................................................64

Figura 29 - Zoneamento da implantação do terreno...........................................64

Figura 30 – Parque das Dunas...........................................................................68

Figura 31 - Exemplo de jardim tropical................................................................69

Figura 32 - Planta de baixo, médio e alto porte...................................................70

Figura 33 - Solário com uso de plantas em vasos...............................................70

Figura 34 - Ruas que fazem fronteira com o terreno...........................................71

Figura 35 - Implantação do terreno.....................................................................72

Figura 36 - Perspectiva da casa coletiva.............................................................74

Figura 37 - Exemplo de estilo de esquadrias......................................................75

Figura 38 - Perspectiva das unidades de vida privada........................................77

Figura 39 - Esquema de corrimão das rampas...................................................77

Figura 40 - Exemplo de porta holandesa............................................................78

Figura 41 - Telha ecológica Onduline.................................................................79

Figura 42 - Paleta de cores utilizada nas fachadas das unidades de vida privada

...........................................................................................................................79

Figura 43 - Perspectiva da área de lazer.............................................................80

Figura 44 - Esquema de abertura zenital na cobertura.......................................81

Figura 45 - Horta comunitária para idosos..........................................................82

Figura 46 - Contemplação da natureza através do redário.................................83

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LISTA DE QUADROS E TABELAS

Quadro 1 - Quadro-resumo das referências.......................................................40

Tabela 1 - Controle de gabarito no entorno do Parque das Dunas....................53

Tabela 2 - Recuos..............................................................................................54

Tabela 3 - Áreas mínimas dos compartimentos.................................................55

Tabela 4 - Pré-dimensionamento do setor de vida privada................................65

Tabela 5 - Pré-dimensionamento do setor de vida coletiva................................66

Tabela 6 - Pré-dimensionamento do setor de serviço........................................67

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 01 - Faixa-etária dos moradores...........................................................43

Gráfico 02 - Estado civil dos moradores............................................................44

Gráfico 03 - Frequência de visitantes................................................................44

Gráfico 04 - Número de moradores por casa....................................................45

Gráfico 05 - Grau de escolaridade dos moradores............................................45

Gráfico 06 - Poder aquisitivo dos moradores.....................................................46

Gráfico 07 - Equipamentos coletivos.................................................................47

Gráfico 08 - Requisitos principais para o projeto...............................................47

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

CONTRAN Conselho Nacional de Trânsito

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

LILAC Low Impact Living Affordable Community

NBR Norma Brasileira

RDC Regulação de Diretoria Colegiada

RN Rio Grande do Norte

SEMURB Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo

UK United Kingdom

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, a

Ciência e a Cultura

UVC Unidade de Vida Coletiva

UVP Unidade de Vida Privada

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13

1 ENVELHECIMENTO ATIVO ...................................................................... 19

2 COHOUSING, UMA NOVA FORMA DE MORAR ..................................... 21

2.1 DEFINIÇÕES DE COHOUSING ............................................................. 21

2.2 COHOUSING NO BRASIL ..................................................................... 26

3 ESTUDOS DE REFERÊNCIA ................................................................... 28

3.1 ESTUDOS DIRETOS ............................................................................. 28

3.1.1 LILAC (Low Impact Living Affordable Community) .............................. 28

3.1.2 Paço das Palmeiras ............................................................................ 32

3.2 ESTUDOS INDIRETOS .......................................................................... 34

3.2.1 Silver Sage Village .............................................................................. 34

3.2.2 Maidstone Street Townhouses ............................................................ 36

3.2.3 Casa Rapel ......................................................................................... 38

3.3 QUADRO-RESUMO DAS REFERÊNCIAS ............................................ 39

4 A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO COM OS VOLUNTÁRIOS ................. 41

4.1 CONVERSANDO SOBRE COHOUSING ............................................... 42

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO ............................................. 43

4.3 DEFININDO O PROGRAMA DE NECESSIDADES: UNIDADES

PRIVADAS E EQUIPAMENTOS COLETIVOS ................................................. 46

5 BASES PROJETUAIS ............................................................................... 49

5.1 ANÁLISE DO TERRENO ESCOLHIDO ................................................. 49

5.2 CONDICIONANTES LEGAIS ................................................................. 52

5.2.1 Plano Diretor de Natal ......................................................................... 52

5.2.2 Código de Obras e Edificações do Município de Natal ....................... 54

5.2.3 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos

urbanos – ABNT NBR 9050 ............................................................................. 56

5.2.4 Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do Rio

Grande do Norte ............................................................................................... 57

5.2.5 Resolução de Diretoria Colegiada - RDC Nº 283 ................................ 58

5.3 CONDICIONANTES FÍSICO-AMBIENTAIS ........................................... 58

6 DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA .................................................... 61

6.1 CONCEITO............................................................................................. 61

6.2 PARTIDO ARQUITETÔNICO E EVOLUÇÃO DA PROPOSTA .............. 62

6.3 ZONEAMENTO DO TERRENO ............................................................. 64

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6.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO ....... 65

6.5 INDICAÇÕES PAISAGÍSTICAS ............................................................. 68

7 PROPOSTA FINALIZADA ......................................................................... 71

7.1 COMUNIDADE RECANTO DO MORRO ............................................... 71

7.2 CASA COLETIVA ................................................................................... 73

7.3 UNIDADES DE VIDA PRIVADA (UVPs) ................................................ 76

7.4 ÁREA DE LAZER ................................................................................... 80

7.5 HORTA COMUNITÁRIA ......................................................................... 82

7.6 REDÁRIO ............................................................................................... 83

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 84

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 86

APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO REALIZADO COM OS MORADORES ....... 93

APÊNDICE B – PRANCHAS DO ANTEPROJETO .......................................... 95

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INTRODUÇÃO

Fazendo parte do tema de Arquitetura Geriátrica, dentro do campo do

Projeto de Arquitetura, o presente trabalho consiste no desenvolvimento do

anteprojeto de uma Cohousing para idosos independentes, definido como sendo

uma comunidade criada e dirigida pelos seus próprios moradores, na qual

compartilham seus espaços e experiências entre eles.

Ao analisar a dinâmica social atual, nas comunidades, percebe-se que

falta uma maior proximidade entre as pessoas que ali habitam, e assim sentir

que se pertence a um grupo e fazer parte de algo com o qual se preocupa e que

há uma reciprocidade. Cohousing é uma forma de habitação que traz uma maior

conexão para a comunidade e para a terra. As unidades de Cohousing

pertencem à comunidade que ali reside e são administradas por ela. Neste tipo

de comunidade, cada morador vive com privacidade em sua própria casa e

convive com os seus vizinhos em ambientes coletivos como cozinhas,

lavanderias, jardins, áreas de lazer, etc. O conceito de Cohousing surgiu na

Dinamarca, nos anos de 1960, entre os grupos de família que estavam

insatisfeitos com a habitação e a comunidade, as quais não estavam atendendo

às suas necessidades.

As comunidades Cohousing compartilham algumas características em

comum, como: relacionamento mais amistoso entre os seus moradores,

equilíbrio entre privacidade e comunidade, participação coletiva e

compartilhamento de valores. Essas comunidades são consideradas

sustentáveis, devido aos custos de manutenção do espaço comum e de cada

casa individualmente, que acabam sendo menores; as soluções arquitetônicas -

muitas têm telhados verdes e sistemas de aquecimento solar e uso de água da

chuva - e também devido às atitudes diárias, como dividir carros e bicicletas, dar

caronas solidárias, cuidar dos vizinhos idosos ou dos filhos dos vizinhos. O

princípio básico da Cohousing é que as pessoas se conheçam e queiram viver

coletivamente, pois os vizinhos se comprometem a fazer parte de uma

comunidade a fim do benefício mútuo, cultivando a cultura de cuidarem uns dos

outros e de compartilharem experiências entre si.

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Neste contexto, o presente trabalho visa propor um espaço voltado para

uma comunidade Cohousing, destinada ao público idoso. A opção em oferecer

um espaço para terceira idade se deu pelo crescente aumento na expectativa

de vida por praticamente todos os idosos do mundo (e também no Brasil), que

vem aumentando consideravelmente, segundo dados coletados pelo IBGE

(2010) (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nesse sentido, a transição

demográfica, ou seja, o envelhecimento da população é uma realidade, bem

como as demandas que surgem em função da mesma.

No Brasil, há um crescente aumento da população com idade igual ou

superior a 60 anos. A maior longevidade da população gera também grandes

desafios, em função do aumento das demandas por políticas sociais e

econômicas, dos impactos na previdência social e da necessidade de medidas

que garantam dignidade, cuidado, autorrealização, autonomia, participação e

independência às pessoas idosas (BRASIL, 2017).

No Censo de 2010, a projeção do IBGE para o ano de 2018 é de que haja

aproximadamente 207,9 milhões de habitantes no Brasil. Para o grupo

populacional com 60 anos ou mais, as projeções indicam 24,9 milhões,

correspondente a 12% do total da população. Existe também um progressivo

aumento da população com 80 anos ou mais. Enquanto no período de 2000 a

2010, o grupo de 60 a 69 anos cresceu 21,6%, o grupo com 80 anos ou mais

cresceu 47,8%, sendo que em alguns lugares do Sul cresceu 65% (BRASIL,

2013).

Considerando a relevância do segmento de idosos no contexto

populacional e suas necessidades específicas, a Cohousing configura-se como

uma alternativa adequada, uma vez que favorece a autonomia, independência e

socialização entre os seus moradores, que são importantes fatores para o

conceito de envelhecimento ativo, que é o processo de otimização de

oportunidades para a saúde, a aprendizagem ao longo da vida, a participação e

a segurança para melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas

envelhecem, como defende o médico gerontologista, Alexandre Kalache (2015).

Assim, o objeto de estudo deste trabalho é uma Cohousing voltada a um

público de idosos independentes, de classe econômica média, que desejam ter

sua própria individualidade, ao mesmo tempo em que convivem em sociedade,

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aliado a estratégias que promovam uma vida ativa junto à comunidade. Tem por

objetivo geral propor um anteprojeto de uma moradia para idosos utilizando o

conceito de Cohousing, com estruturas arquitetônicas e territoriais que

proporcionem o bem-estar dos seus moradores, favorecendo a possibilidade de

convivência e troca de experiências entre eles.

Quanto aos objetivos específicos, foram definidos:

● Identificar e compreender as principais dificuldades enfrentadas pelo

idoso no que diz respeito às questões de acessibilidade;

● Adotar uma forma arquitetônica que seja visualmente permeável, a fim de

proporcionar uma maior interação e bem-estar entre os idosos;

● Conhecer as especificidades do conceito de Cohousing;

● Estudar a espacialização da filosofia de uma Cohousing quanto ao

fortalecimento dos laços de convívio entre seus moradores.

A escolha da Arquitetura Geriátrica como tema se deu devido à percepção

da necessidade de criação de um espaço que proporcione bem-estar e qualidade

de vida para os longevos. Observa-se que a tendência no número de idosos é

de crescimento, o que justifica a possibilidade de existir um espaço onde estes

possam ter uma vida ativa, independente, o que em sociedade, torna-se

fundamental. Para pensar nesse bem-estar, além de outros fatores que devem

ser levados em consideração - tais como conforto térmico, acústico, senso de

comunidade, etc -, foi importante abordar de forma mais aprofundada as

questões de acessibilidade nos ambientes construídos, para que os idosos

possam exercer sua rotina de maneira saudável, com o mínimo de empecilhos -

que podem ser evitados - no seu dia-a-dia.

Além disso, é perceptível, na sociedade atual, a discriminação com os

idosos, que ocorre de forma velada e acontece com o “desmembramento” da

identidade do indivíduo, como se o processo do envelhecimento tivesse apagado

a sua personalidade e individualidade e a pessoa tivesse se transformado numa

entidade coletiva, em que todos que envelhecem se tornam iguais. Por isso, a

discussão acerca do assunto deve existir; uma nova visão do idoso se faz

necessária, uma vez que todos aqueles que hoje ainda não são idosos, no futuro

serão. Portanto, deve-se desfazer os preconceitos e estereótipos acerca da

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velhice, para que se possa enfrentar o futuro da sociedade de maneira

harmônica.

Tem-se ainda, como justificativa, a intenção de destacar o impacto que a

arquitetura desempenha na reordenação da sociedade e de como esta tem uma

significativa influência na garantia do bem-estar de seus usuários. Diante do

atual panorama habitacional em Natal/RN, o tema é relevante no sentido de

estudar um novo habitat como resgate do sentimento de comunidade e bairro.

É base neste trabalho a crença de que uma moradia coletiva alternativa

pode ser a solução quanto a sustentabilidade. Admite-se que o sentimento de

comunidade deve prevalecer em detrimento do individualismo, muito pregado no

modelo habitacional atual. O resultado desta proposta foi uma proposta de uma

comunidade coletiva baseada nos princípios de uma Cohousing.

Durante o período de intercâmbio em Leeds, na Inglaterra, a autora foi

introduzida à filosofia Cohousing pela Leeds Beckett University, através de um

trabalho realizado sobre comunidades sustentáveis, e teve a oportunidade de

visitar uma comunidade Cohousing, a LILAC (Low Impact Living Affordable

Community), e, desde então, seu interesse sobre o tema aumentou. Aliado a

essa filosofia e à premissa de que o arquiteto é um instrumento importante de

mudança de uma realidade social, a autora decidiu realizar o seu trabalho final

focado na transformação de uma realidade habitacional, por entender que as

atuais formas de moradia são atrasadas e não atendem às necessidades sociais

de seus moradores.

De acordo com o que já foi exposto, a justificativa de se estudar uma

Cohousing como uma alternativa de moradia voltada especificamente para o

público idoso é que este poderá ser mais facilmente inserido em uma dinâmica

social, para que conviva mais ativamente em uma comunidade, proporcionando,

desta forma, uma maior sensação de independência autonomia entre seus

moradores.

Para a realização deste projeto, a metodologia aplicada em seu

desenvolvimento foi ordenada através de atividades, tais como: levantamento de

dados coletados in loco e por meio de entrevistas/conversas informais com

idosos e pessoas interessadas no estilo de moradia Cohousing, livros, realização

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de pesquisa em trabalhos acadêmicos, manuais, normas, além de uma busca

criteriosa por sites da internet.

Devido à atual realidade de envelhecimento populacional, instituições

voltadas para este público vêm surgindo cada vez mais no Brasil e no mundo.

Pousadas, hotéis, asilos e vilas, para os idosos, estão se tornando uma realidade

cada vez mais presente e, por isso, os estudos de referência servirão de grande

embasamento na concepção projetual. A partir de estudos de referência e de

entrevistas com pessoas que vivenciam o espaço e enfrentam as reais

necessidades e dificuldades, foi possível a determinação do programa de

necessidades definido.

Ressalta-se a importância da aplicação de questionários junto ao grupo

voluntário e dos debates promovidos durante o processo projetual, uma vez que

a atuação do referido grupo no processo conceptivo auxiliou às decisões

projetuais. Convém lembrar que o conceito de Cohousing indica que os

moradores devem participar de todas as decisões, em conjunto.

Após esta fase, para embasar a escolha do terreno, foram estudadas as

variáveis que norteavam todo o processo projetual: a topografia, questões de

conforto térmico, lumínico e de ventilação natural, e demais condicionantes, além

de normas de acessibilidade, de combate a incêndio, entre outros.

Este trabalho é dividido em seis capítulos. No primeiro, pretende-se

mostrar a realidade dos idosos no panorama atual, além de apresentar o

conceito de envelhecimento ativo, como método para envelhecer de forma

prazerosa e em contato com a sociedade. O segundo capítulo auxilia no

entendimento sobre o Cohousing, pois explicita o seu conceito, além de fazer

uma comparação entre outros exemplares de moradias compartilhadas. No

próximo capítulo, é apresentado o estudo de referências consideradas no

decorrer da concepção deste trabalho, as quais foram utilizadas em soluções de

partido arquitetônico do projeto, forma físicas dos elementos criados ou alguma

outra forma de inspiração. É no quarto capítulo deste trabalho onde inicia-se a

discussão acerca do projeto em si, explicitando toda a metodologia utilizada com

o grupo de voluntários que serão os futuros moradores da comunidade, além de

mostrar a importância do processo participativo proposto pelo estilo de moradia

Cohousing. No quinto capítulo são apresentadas as bases projetuais, o que

configura o início da escolha do terreno; a utilização de normas necessárias para

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a legalidade do projeto e a preocupação com condicionantes físico-ambientais.

No sexto capítulo, a autora expõe o desenvolvimento da proposta, com o

zoneamento da implantação no terreno; o programa de necessidades, tanto das

unidades habitacionais privadas quanto dos espaços livres e equipamentos

coletivos; a adoção do sistema construtivo e as indicações paisagísticas. É no

último capítulo onde o anteprojeto é mais detalhado, de forma a explicar

aspectos relevantes sobre cada um dos seus edifícios, além de exibir imagens

de perspectivas do anteprojeto finalizado.

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1 ENVELHECIMENTO ATIVO

No Brasil, há um crescente aumento da população com idade igual ou

superior a 60 anos. A maior longevidade da população gera também grandes

desafios, em função do aumento das demandas por políticas sociais e

econômicas, dos impactos na previdência social e da necessidade de medidas

que garantam dignidade, cuidado, autorrealização, autonomia, participação e

independência às pessoas idosas (BRASIL, 2017). O envelhecimento da

população e a urbanização representam, portanto, importantes desafios para

este século. Como menciona a Declaração de Brasília sobre o Envelhecimento

de 2007, “envelhecimento é um dos maiores ganhos da humanidade”, pois o

aumento da expectativa de vida é fruto de avanços fundamentais na saúde

pública e nos padrões de vida.

As cidades são o centro das atividades culturais, sociais e políticas e, para

serem sustentáveis, devem oferecer estruturas e serviços que proporcionem o

bem-estar e a produtividade de seus residentes. Os idosos, em particular,

precisam de ambientes que lhes apoiem e capacitem, para compensar as

alterações físicas e sociais decorrentes do envelhecimento. Essa necessidade

foi reconhecida como uma das principais diretrizes do Plano Internacional de

Ação de Madri, de 2002, que diz: “O desafio de viver com dignidade, uma vida

socialmente ativa durante todo o percurso do envelhecimento, é uma realidade

que envolve a todos nós”. Tornar as cidades mais confortáveis e prazerosas aos

idosos é uma resposta necessária e lógica para promover o bem-estar e a

contribuição de idosos residentes em áreas urbanas e manter as cidades

prósperas. E como o envelhecimento ativo é um processo de toda a vida, uma

cidade amiga do idoso é uma cidade para todas as idades.

Segundo o médico gerontólogo Alexandre Kalache (2015), o

envelhecimento ativo é o processo de otimização de oportunidades para a

saúde, participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas

à medida que envelhecem. Em uma cidade amiga do idoso, políticas, serviços,

ambientes e estruturas dão apoio e capacitam as pessoas a envelhecer

ativamente, ao: reconhecer a capacidade e recursos dos idosos; prever e

responder às necessidades e preferências relacionadas ao envelhecimento;

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respeitar as decisões dos idosos e o estilo de vida que escolheram; proteger

aqueles que são mais vulneráveis; e promover a sua inclusão e contribuição em

todas as áreas da vida em comunidade. Muitos aspectos do ambiente urbano e

dos serviços criam determinantes e fazem parte das características de uma

cidade amiga do idoso. Os pilares que norteiam o envelhecimento ativo são:

• Saúde: O Envelhecimento Ativo tem o objetivo de gerar uma população

mais saudável e reduzir as desigualdades de saúde para que se possa atingir

seu pleno potencial ao longo da vida;

• Aprendizagem ao longo da vida: este pilar é importante não somente para

a empregabilidade, mas também para favorecer o bem-estar. É ele que

instrumentaliza o indivíduo a seguir saudável, relevante e engajado na

sociedade;

• Participação: é mais além do que simplesmente ter um trabalho

remunerado. Significa engajamento em qualquer causa que dê significado à vida

e promova um sentimento de realização e de pertencimento;

• Segurança: é a necessidade humana mais importante, pois, em sua

ausência, não se pode desenvolver inteiramente o potencial do indivíduo, nem

envelhecer ativamente. A falta de segurança tem efeito corrosivo sobre a saúde

física, o bem-estar emocional e o tecido social.

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2 COHOUSING, UMA NOVA FORMA DE MORAR

2.1 DEFINIÇÕES DE COHOUSING

De acordo com os principais estudiosos sobre o assunto, Charles Durrett,

Kathryn McCamant, Chris Scotthanson e Kelly Scotthanson, Cohousing pode ser

entendida como uma forma de moradia que traz maior conexão entre a

comunidade e a terra. As unidades de Cohousing apresentam áreas comuns que

pertencem e são administradas pela própria comunidade que ali reside. O

conceito de comunidade intencional é definido por Scotthanson (2004) como

sendo um habitat em que um grupo de pessoas decide viver juntas ou

suficientemente perto umas das outras com o intuito de compartilhar um estilo

de vida ou um mesmo propósito.

Segundo William H. Thomas (2009), autoridade internacional em medicina

geriátrica e cuidados com idosos no estado de New York, a Cohousing atinge

um equilíbrio que honra privacidade e autonomia, ao mesmo tempo em que

incentiva a criação de relacionamentos e governança compartilhada. Para ele,

essa é a estratégia mais acessível e replicável para a criação de comunidades

intencionais disponível hoje. Charles Durrett (2009), grande estudioso sobre o

assunto, ainda acrescenta que Cohousing apresenta uma habilidade única de

criar um ambiente positivo e humano com relacionamentos significativos e

sustentáveis.

No final dos anos 1960 teve início, na Dinamarca, a primeira Cohousing,

quando um grupo de famílias de profissionais que trabalhavam nos dois

expedientes estava procurando por melhores cuidados para crianças e uma

forma de compartilhar a preparação de comidas. O conceito rapidamente se

espalhou pela Escandinávia, Alemanha e América do Norte, mas foi nos últimos

anos que o movimento ganhou mais força e chegou a vários outros países.

As comunidades Cohousing funcionam como um tipo de aldeia privada

onde, embora os moradores tenham as suas próprias casas, o espaço comum é

priorizado. Cada uma destas comunidades determina os seus próprios

princípios, de acordo com as necessidades e preferências dos seus moradores

e, principalmente, com o objetivo de economizar recursos naturais e estreitar os

laços entre os vizinhos. As instalações comuns podem ser, por exemplo,

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lavanderias, refeitórios, hortas, salas de jogos ou bibliotecas. Também é comum

haver partilha de meios de transporte, como carros ou bicicletas.

Segundo Jo Gooding, coordenadora da UK Cohousing Network -

organização cuja missão é promover a conscientização sobre Cohousing e

apoiar o desenvolvimento dessas comunidades-, entre os grupos que mais têm

se sentido atraídos pelo estilo de moradia Cohousing, estão as pessoas de faixas

etárias mais elevadas e que vivem sozinhas, mas que não se querem sentir

isoladas, além de famílias jovens que procuram um lugar seguro para criar os

filhos mais livremente e, ao mesmo tempo, ter uma base de apoio que permita

conciliar os compromissos familiares com o trabalho.

De acordo com Chris e Kelly Scotthanson (2005), essas comunidades

variam em tamanho, localização, tipo de administração, design e prioridades,

mas compartilham algumas características, como:

• Processo participativo: futuros residentes participam do planejamento e

do design da sua comunidade, sendo responsáveis, como grupo, pela maioria

das decisões finais;

• Design intencional da vizinhança: a estrutura da vizinhança encoraja um

forte senso de comunidade, com passeios centrais para pedestres, ou espaços

verdes, praças, etc;

• Casas privadas e equipamentos comuns: as comunidades são

geralmente desenhadas a fim de incluir, além de casas individuais para os seus

moradores, uma série de instalações comuns, sendo a casa comum o seu

elemento comunitário principal. Nela pode-se encontrar uma cozinha, um

refeitório e outras facilidades como lavanderia, sala para jogos, bibliotecas, entre

outras áreas com função social;

• Autogestão: diferentemente de um típico condomínio, os moradores de

uma cohousing administram a sua própria comunidade, tomando decisões sobre

problemas em comum, em regulares reuniões comunitárias;

• Ausência de hierarquia: as decisões são feitas em conjunto, como uma

comunidade, usando o consenso entre os moradores;

A partir da sua experiência em Cohousing na América do Norte, eles ainda

acrescentam os seguintes elementos que puderam observar que ajudam ainda

mais no bom funcionamento das comunidades:

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• Tamanho ideal: as comunidades parecem funcionar melhor quando

apresentam entre 12 e 36 unidades de habitação. Grupos muito maiores ou

menores podem funcionar, mas os menores se tornam muito íntimos e tem

fundos muito limitados para as instalações comuns, enquanto os maiores são

tão grandes, que podem não permitir que todos os moradores se conheçam,

além de tornar a administração muito complexa;

• Separação intencional da circulação de veículos: estacionamentos

localizados separados das habitações, normalmente na periferia da comunidade,

forçando os moradores a caminharem até suas casas e, assim, terem uma maior

interação com os seus vizinhos;

• Refeições compartilhadas: grupos de Cohousing normalmente dividem

diversas refeições na casa comum. A tradição começou nos primeiros grupos de

Cohousing na Dinamarca, reforçando o sentimento de comunidade entre os

moradores.

Algumas formas de moradia compartilhada podem facilmente ser

confundidas com uma Cohousing, principalmente no tocante à busca pelo senso

de comunidade – palavra que, segundo Bauman (2003), produz uma sensação

boa porque carrega significados que prometem prazeres que os indivíduos

esperam ansiosamente retornar e por isso buscam freneticamente por caminhos

que possam os levar até lá:

Para começar, a comunidade é um lugar “cálido”, um lugar confortável e aconchegante. É como um teto sob o qual nos abrigamos da chuva pesada, como uma lareira diante da qual esquentamos as mãos num dia gelado. Lá fora, na rua, toda sorte de perigo está à espreita; temos que estar alertas quando saímos, prestar atenção com quem falamos e a quem nos fala, estar de prontidão a cada minuto. Aqui, na comunidade, podemos relaxar — estamos seguros, não há perigos ocultos em cantos escuros (com certeza, dificilmente um “canto” aqui é “escuro”). Numa comunidade, todos nós entendemos bem, podemos confiar no que ouvimos, estamos seguros a maior parte do tempo e raramente ficamos desconcertados ou somos surpreendidos. Nunca somos estranhos entre nós. Podemos discutir — mas são discussões amigáveis, pois todos estamos tentando tornar nosso estar juntos ainda melhor e mais agradável do que até aqui e, embora levados pela mesma vontade de melhorar nossa vida em comum, podemos discordar sobre como fazê-lo. Mas nunca desejamos má sorte uns aos outros, e podemos estar certos de que os outros à nossa volta nos querem bem. (BAUMAN, 2003, p. 7-8)

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Alguns modelos de moradias compartilhadas apresentam

similaridade em diversos aspectos com a Cohousing, como é o caso de:

Colivings, repúblicas, e ecovilas, por exemplo. Esses tipos de moradia podem

diferir ou concordar entre si em questões como processo participativo; projeto

urbano; instalações comuns; refeições compartilhadas; autogestão; presença ou

não de autoridade; fontes de renda; tamanho da comunidade, segundo

Scotthanson (2005).

Processo Participativo

Umas das principais características específicas de uma Cohousing é o

processo participativo na sua fase de concepção e no processo construtivo, o

que não é presente nos outros tipos de moradias acima citadas, com exceção

das ecovilas que, apesar de também poderem utilizar-se desse processo,

inicialmente, elas não têm necessariamente um planejamento inicial, podendo

ser construídas de madeira orgânica e ao longo do tempo.

Projeto Urbano

Quanto ao projeto urbanístico, ou da área coletiva, as comunidades

citadas anteriormente, com exceção das repúblicas, têm em comum o cunho

social e a relevância do desenvolvimento da interação social entre seus

moradores através de seus elementos arquitetônicos e/ou urbanísticos,

podendo, às vezes, apresentar as mesmas características espaciais de uma

Cohousing, como a presença de uma área central destinada exclusivamente

para pedestres estacionamentos localizados na periferia da comunidade, por

exemplo.

Instalações Comuns

As instalações comuns, nos Colivings e Ecovilas, apesar de também

apresentarem equipamentos coletivos, cujo principal intuito é promover a

interação entre seus moradores e criar um tipo de moradia que retome a ideia

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de comunidade, eles não apresentam uma casa coletiva, que é um aspecto

necessariamente presente em uma Cohousing. É na casa coletiva onde os

moradores compartilham refeições, entre outras atividades. Já o caso das

repúblicas, o grupo habita a mesma casa e, apesar de apresentarem

equipamentos coletivos, como cozinha, sala, pátio, etc, esses não visam

especificamente a interação entre seus moradores, pois a ideia de comunidade

e conexão entre os moradores praticada nos outros tipos de comunidade citados,

não está na raiz das repúblicas - mais práticas, essas moradias têm por objetivo

apenas dar abrigo por preços mais acessíveis.

Autogestão

No tocante à autogestão, todos os integrantes da Cohousing, assim como

da Coliving têm o direito de ouvir e expressar sua opinião, e não existe uma

hierarquia entre os seus moradores. Em sua experiência ao morar numa ecovila,

Meltzer (2005) relata que, devido ao maior tamanho da comunidade, e por ser

mais heterogênea, pois apresenta moradores muitas vezes com diferentes

estilos de vida, tornava mais difícil reunir todos. Por isso, muitas decisões eram

feitas isoladamente por uma “comissão”, e apenas repassada para os outros

moradores. Já nas repúblicas, os moradores dividem tarefas, mas podem optar

por adotar uma hierarquia entre os seus moradores ou não.

Fontes de Renda

Nas Cohousings, Colivings e repúblicas, geralmente, os seus moradores

não possuem uma economia comum dentro da comunidade. Cada núcleo

familiar ou indivíduo tem sua própria fonte de renda, é responsável pelo seu

próprio espaço privado e tem poder de decisão sobre ele. Essa realidade, às

vezes, não se encontra em Ecovilas, onde pode-se encontrar alguns exemplares

com economia compartilhada, em que os seus membros trabalham na

manutenção da área coletiva e nos negócios da comunidade.

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Tamanho da Comunidade

Em uma Cohousing, Scotthanson (2005) afirma que a quantidade ideal de

habitações deve variar entre 10 e 40 unidades, composta por uma população

mais homogênea, com pessoas que compartilham de valores em comum,

mesmos estilos de vida e aspirações, girando em torno de 40 a 100 pessoas. As

Ecovilas geralmente são maiores, e tem uma população variando de 150 a 500

indivíduos, sendo consideradas consequentemente mais complexas e diversas

(Meltzer, 2010). Por possuírem um porte maior, essas são mais heterogêneas,

podendo comportar grupos de pessoas com estilos de vida e valores

completamente diferentes entre si. Já as Colivings e repúblicas geralmente se

encontram em espaços menores, onde todos os seus moradores vivem

compartilhando um mesmo espaço físico, como uma casa ou apartamento. As

Colivings também se assemelham com as Cohousings, por apresentarem uma

população mais homogênea, com interesses e estilos de vida em comum,

diferentemente das repúblicas e Ecovilas.

2.2 COHOUSING NO BRASIL

No Brasil, uma das principais estudiosas sobre o assunto, é a arquiteta e

urbanista Lilian Avivia Lubochinski, que afirma, em entrevista ao Estadão (2016):

“de acordo com o conceito, não existe ainda nenhuma experiência do tipo no

Brasil. O que há é de forma latente, dentro de muitas pessoas. E também grupos

que vivem em ‘casas compartilhadas’ e têm o propósito de avançar mais em

breve”.

Projetos de Cohousing em fase de estudos ou que se inspiram nesse tipo

de comunidade intencional estão cada vez mais presentes no país, como por

exemplo, a Vila ConViver, que é uma iniciativa da GTMoradia/ADunicamp e que

propõe opções de moradia baseadas no modelo de comunidades intencionais

para docentes aposentados ou em vias de se aposentar. O projeto ainda se

encontra em fase de estudos, mas já ocorreram reuniões (Figuras 01 e 02) para

apresentá-lo aos interessados, a fim de darem andamento à implantação da Vila,

segundo o professor Bento da Costa Carvalho Junior FEA/DTA – Unicamp,

coordenador do GTMoradia. O professor Bento lembrou que três grandes

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problemas da população idosa, apontados nas modernas pesquisas de

gerontologia, estão diretamente ligados ao modelo de moradia: a solidão, o

sentimento de desamparo e o tédio. “E a Cohousing é, comprovadamente, uma

maravilha para resolver esses problemas”, afirmou.

Figuras 01 e 02, respectivamente - Imagem representativa do projeto da Vila

Conviver, e reunião entre os idealizadores e interessados no projeto

Fonte: http://www.longevidadeadunicamp.org.br. Acesso: Dezembro de 2017

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3 ESTUDOS DE REFERÊNCIA

A fim de obter uma melhor compreensão acerca da espacialidade dos

temas estudados, além de buscar diretrizes e inspirações para o avanço deste

trabalho, foi feito um estudo de caso, que englobou além de exemplos

satisfatórios de Cohousings ao redor do mundo; edifícios voltados especialmente

para o público idoso; também referências com diferentes usos, cujas formas,

materiais, cores ou até sistemas construtivos, puderam auxiliar na concepção

projetual.

Os estudos de referência foram divididos em duas categorias: estudos

diretos, os quais foram visitados pessoalmente pela autora; e estudos indiretos,

os quais foram analisados através de fontes como websites, livros, monografias,

etc. Ao final do capítulo também está apresentado um quadro síntese das

referências analisadas, junto com os ensinamentos mais relevantes, que foram

utilizados neste trabalho.

3.1 ESTUDOS DIRETOS

3.1.1 LILAC (Low Impact Living Affordable Community)

Durante um intercâmbio acadêmico realizado pela autora deste trabalho,

em 2015, foram ministradas aulas sobre comunidades sustentáveis, na Leeds

Beckett University e, como atividade curricular, realizou-se uma visita a LILAC.

Essa Cohousing despertou o interesse pelo assunto, por ter sido o primeiro

contato da autora com o tema, além do indiscutível entrosamento entre os

moradores da comunidade. Além disso, LILAC foi escolhida para ser uma

referência neste trabalho por se tratar de um exemplo reconhecido e valorizado

de uma comunidade baseada no estilo Cohousing. Está localizada na zona

Oeste da cidade de Leeds, na Inglaterra, e apresenta um arranjo do local que se

baseia em um grande pátio e aproximadamente um terço do seu terreno

destinado a jardins e áreas verdes, que são usados pelos moradores para reduzir

sua pegada ecológica. Apresenta oito casas e doze apartamentos

ecologicamente sustentáveis, e são administradas pelos próprios moradores,

através de acordos comunitários que incluem tudo, desde questões de

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jardinagem, a estacionamento e refeições em grupo. O projeto é baseado no

modelo dinamarquês de habitação compartilhada: mistura entre as

necessidades das pessoas no seu próprio espaço privado, junto com instalações

compartilhadas que incentivam a interação social entre os moradores (Figura 3).

Figura 3 - Interação entre moradores na área comum da comunidade

Fonte: http://www.lilac.coop/ Acesso: 10 de junho de 2018

A comunidade conta com grandes espaços livres. Um jardim com um lago

central; dois pequenos estacionamentos localizados na periferia do terreno, com

número de vagas limitado, para reduzir as emissões de carbono, umas vez que

todos os residentes assinam um termo que os compromete com a filosofia do

grupo; três bicicletários; uma grande casa coletiva, que funciona como o coração

da comunidade, na qual inclui uma cozinha comunitária com espaço para

refeições compartilhadas, lavanderia, sala para reuniões, área de lazer,

escritório e quartos para visitas. Além disso, a comunidade dispõe uma horta

comunitária, onde os moradores cultivam alimentos que são usados por eles

mesmos, além de venderem o excedente para comunidades próximas. Tudo isso

contribui para reduzir a pegada ambiental e econômica dos habitantes.

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Figura 4 - Implantação da LILAC

Fonte: http://www.lilac.coop/ Acesso: 10 de junho de 2018

Nota: Imagem editada pela autora

As casas foram projetadas pelo escritório de arquitetura White Design e

foram os edifícios residenciais pioneiros a usar o inovador sistema de "ModCell"

(Figura 5) o que traz uma abordagem ambiental às habitações. O sistema é uma

mistura de estrutura de madeira e blocos estruturais de palha, com acabamento

em cal e madeira. As propriedades são todas isoladas termicamente, e possuem

enormes painéis de vidro duplo voltados para o sul a fim de maximizar o ganho

solar. Os aquecedores solares de água foram instalados em cada propriedade,

as quais também utilizam tecnologia de recuperação de calor por ventilação

mecânica, para estabilizar a temperatura interna do ar.

Legenda:

01: casas privadas 02: casa coletiva 03: horta comunitária

04: espaço para

expansão 05: estacionamento 06: área comum de convivência

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Figura 5 - Sistema de Modcell

Fonte: http://www.lilac.coop/ Acesso em 10 de junho de 2018

Quanto às zonas de transição entre o setor privado e coletivo, as casas e

apartamentos são direcionados para a rua principal, de forma a favorecer um

ambiente favorável à interação entre os moradores. Além disso, todas as

unidades familiares de vida privada possuem terraços ou varandas frontais

(Figura 6), delimitando, assim, a zona de transição entre o espaço comum e

privado. Esse elemento cria uma atmosfera de bem-estar e acolhimento na

comunidade (McCamant e Durret, 2011), onde todos, ao caminhar pela rua

central, têm a oportunidade de ver outras pessoas e serem vistos.

Figura 6 - Varanda como zona de transição entre espaço privado e comunitário

Fonte: http://www.lilac.coop/ Acesso em 10 de junho de 2018

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3.1.2 Paço das Palmeiras

Em busca de esclarecimentos sobre o assunto abordado, a autora deste

trabalho fez uma visita, em fevereiro de 2018, ao Paço das Palmeiras Residence

Hotel. Localizado na rua Graciliano Ramos, no bairro de Capim Macio, na Zona

Sul da cidade de Natal, o local foi fundado em julho de 2015 por Elisângela

Fernandes e Eliete Teixeira. Trata-se de um espaço voltado exclusivamente para

idosos, onde eles podem morar ou simplesmente passar o dia, a fim de conviver

com outros idosos, além de realizar atividades voltadas a esse público. O

objetivo do Paço é atender às necessidades dos hóspedes, que querem o

conforto de um hotel, sem abrir mão do aconchego, atenção, segurança e

cuidados especiais; é proporcionar uma hotelaria assistida de qualidade, voltada

para a terceira idade.

O hotel foi projetado pela arquiteta Lorenna Medeiros para desempenhar

a função de abrigar um público específico, os idosos, e, por isso, conta com uma

estrutura totalmente acessível. Além disso, possui uma ampla área verde central

que conta com um espaço gourmet com churrasqueira (Figura 7), se apropria

bem da ventilação e iluminação natural. Dentre as suas instalações, estão salas

de convivência e televisão, biblioteca, sala de multiterapias, restaurante com

serviço tipo buffet (Figura 8), técnicas de enfermagem 24h, além de atividades

voltadas para a socialização do idoso e oferecer uma melhor qualidade de vida.

Figura 7 - Visão do jardim central

Fonte: acervo próprio da autora.

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Figura 8 - Restaurante com serviço tipo buffet

Fonte: acervo próprio da autora.

O hotel apresenta um único edifício, com dois pavimentos, em forma de

“U”, cujo centro se dá para o pátio, com ampla área verde e espaço de lazer e

socialização. Apresenta 53 quartos, sendo eles de três diferentes tipologias:

super suíte (conta com uma pequena sala, além do quarto e banheiro), suíte

individual e dupla. Todos os quartos são bem arejados e iluminados, e possuem

banheiro amplo e acessível, além de um botão, que pode ser acionado a

qualquer momento, em caso de emergência, para alertar os técnicos de

enfermagem que ali estão. Além disso, o hotel possui um consultório médico que

fica livre, à disposição dos seus moradores que não querem sair e desejem se

consultar ali, com o seu próprio médico.

Figura 9 - Modelo de quarto duplo

Fonte: Acervo pessoal da autora.

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3.2 ESTUDOS INDIRETOS

3.2.1 Silver Sage Village

Utilizando os conceitos de moradia compartilhada, a comunidade Silver

Sage Village (Figura 10), em Boulder, no estado do Colorado, nos Estados

Unidos, que foi projetada pelo escritório McCamant & Durrett Architects, pode

ser citada como um projeto bem-sucedido de Cohousing voltada para o público

idoso. A comunidade é formada por 16 unidades privadas; uma casa coletiva,

que conta com estúdio de artesanato, sala de reuniões, sala de leitura, quartos

para visitantes, academia, quarto para meditação e cozinha comunitária; uma

horta comunitária; anfiteatro; estacionamentos localizados na periferia do

terreno; além de uma área comum de convivência, locada no centro (Figura 11);

e seus membros compartilham o comprometimento de viver e envelhecer em

comunidade.

Figura 10 - Implantação do Silver Sage Village

Fonte: http://www.cohousingco.com. Acesso: Dezembro de 2017

Nota: imagem editada pela autora.

Legenda:

01: casas privadas 02: casa coletiva 03:horta comunitária

04: anfiteatro 05:estacionamentos 06: área comum de convivência

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Figura 11 - Área comum do Silver Sage Village

Fonte: http://www.cohousingco.com. Acesso: Dezembro de 2017

A Silver Sage Village terminou de ser construída em 2007, como uma das

primeiras comunidades colaborativas para idosos do país, e foi construída a

partir do investimento dos seus futuros moradores. A sua localização foi um

importante fator para esse grupo de moradores, por ter, nas proximidades da

comunidade, diversos espaços abertos, trilhas, restaurantes, galerias, livraria,

mercado, médicos, dentistas, academias e está bem localizado em relação à rota

de transporte público da cidade.

Os moradores (figura 12) são músicos, ciclistas, cozinheiros, jardineiros,

artistas, escritores, aventureiros, e se orgulham por tamanha variedade, pois

acreditam que esses interesses e talentos fazem da sua comunidade um lugar

vibrante para se morar, e todas as decisões tomadas são feitas através de

consenso por todos os seus membros.

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Figura 12 - Grupo de moradores da Silver Sage Village

Fonte: http://www.cohousingco.com. Acesso: Dezembro de 2017

3.2.2 Maidstone Street Townhouses

O projeto foi idealizado, em 2016, pelo escritório Drew Building Design, e

construído pelo grupo Mancini Made, em 2018, em Altona, Victoria, na Austrália.

Trata de duas residências conjugadas de alto padrão, sendo uma de um

pavimento e a outra de dois, e incorporam detalhamento de design

contemporâneo, incluindo alvenaria reciclada, revestimento de parede em

madeira, além de moldura de zinco, em detalhes que vão da sua fundação até a

cobertura (Figura 13).

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Figura 13 - Fachada da casa 01, com detalhes em madeira e chapas de zinco

Fonte: mancinimade.com Acesso: 20 de maio de 2018

As duas casas são conjugadas através das garagens de ambas, e se

comunicam através de uma passagem que dá acesso aos carros (Figura 14)

Figura 14 - Plantas de Layout das residências

Fonte: http://www.ddtplanning.com.au/altona-townhouses/ Acesso: 10 de junho de 2018

Nota: Imagem editada pela autora

Casa 01 Casa 02

Ligação

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3.2.3 Casa Rapel

A Casa Rapel (figura 15) foi projetada pelo arquiteto Carlos Bauer, do

escritório Bauer Arquitetos, em 2015, na cidade de Las Cabras, no Chile, e

possui 173,33m². Ela foi construída em um condomínio e possui uma vista

privilegiada para o lago Rapel – daí o nome dado à construção.

Figura 15 - Perspectiva da Casa do lago Rapel

Fonte: https://www.archdaily.com.br Acesso: 20 de maio de 2018

A residência conta com dois pavimentos. No primeiro pavimento há um

quarto com suíte para visitas, no mesmo nível de acesso junto à garagem

coberta e às escadas que conectam com o pavimento superior. No segundo

nível, os espaços se abrem, integrando estar-jantar e cozinha com grandes

janelas, que trazem o exterior para o interior, devido à grande presença de

elementos translúcidos, que dão uma sensação de permeabilidade para os

ambientes. Conectado por um corredor iluminado naturalmente por janelas que

vão do chão ao teto, encontram-se dois dormitórios secundários com um

banheiro comum e uma suíte principal.

A volumetria exterior foi concebida a partir de um grande volume simples

e delicado, pois a sua volumetria tem a intenção de fazer uma alusão às casas

simples com telhados de duas águas, mas de forma moderna e com materiais

inusitados. Nesse sentido, a madeira passa a ter um papel importante ao se

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mimetizar com os troncos das grandes árvores de eucalipto que a rodeiam. Os

materiais predominantes dessa casa são madeira, pedra e vidro, e a sua

combinação combina perfeitamente com o seu entorno (figura 16).

Figura 16 - Relação dos materiais da edificação com o entorno

Fonte: https://www.archdaily.com.br Acesso: 20 de maio de 2018

3.3 QUADRO-RESUMO DAS REFERÊNCIAS

Com a análise das referências apresentadas no item anterior, foi

elaborado um quadro-resumo que visa auxiliar a visualização das influências e

ensinamentos de cada uma delas em relação ao projeto de Cohousing

desenvolvido neste trabalho:

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Quadro 1 - Quadro-resumo das referências

Fonte: Elaboração da autora, 2018.

ESTUDO DE

REFERÊNCIAENSINAMENTOS

Projeto de uma Cohousing

Horta comunitária

Rua central

Estacionamentos na periferia do terreno

Preocupação com sustentabilidade

Espaços de transição entre privado e comunitário

Espaço para eventos entre a comunidade e visitantes

Ambientes com acessibilidade

Atividades de socialização

Disponibilização de consultório médico

Estacionamentos na periferia do terreno

Escolha da localização da comunidade

Área central para convivência

Cohousing destinada especificamente ao público idoso

Uso de revestimento de tijolo aparente

Forma da fachada das casas

Madeira na fachada

Permeabilidade dos ambientes

Volumetria simples e delicada

Madeira na fachada

Harmonia de materiais com o entorno

LILAC

PAÇO DAS

PALMEIRAS

MAIDSTONE

STREET

TOWNHOUSES

CASA RAPEL

SILVER SAGE

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4 A IMPORTÂNCIA DA INTERAÇÃO COM OS VOLUNTÁRIOS

A sociedade contemporânea vive e se organiza de maneira individualista,

devido ao modelo econômico em que está inserida: o capitalismo. O sentimento

de pertencimento ocorre em âmbitos mais estreitos, como pertencer à família. É

raro ter o sentimento de pertencer a algo que ultrapasse os limites da família,

como pertencer à comunidade onde se habita.

Émile Durkheim (1978) acredita que os laços que atam os indivíduos nos

mais diferentes tipos de sociedade são dados pela solidariedade social, que

pode ser do tipo mecânica ou tipo orgânica. Segundo Ribeiro (2016), para uma

melhor compreensão acerca desse conceito, deve-se entender primeiro duas

definições: consciência coletiva e consciência individual. Essa última, como o

próprio nome diz, possui características peculiares, relacionada à personalidade

do indivíduo. Já a coletiva, seria a combinação de todas as consciências

individuais, influenciando-se mutuamente. Desta forma, uma comunidade deve

ser regida e caracterizada de acordo com cada um dos indivíduos que ali

habitam, e requer participação, identidade e conexão afetiva, como defende o

sociólogo e antropólogo Erving Goffman (1974):

“[...] A participação do indivíduo na entidade – uma ideologia, uma nação, um ofício, uma pessoa ou mesmo uma conversa – terá alguns aspectos gerais. Sentirá obrigações: algumas serão duras, pois incluem alternativas obrigatórias, trabalho a ser realizado, serviço a ser cumprido, tempo ou dinheiro gastos; outras serão mais suaves, pois exigem que sinta participação, identificação e ligação emocional. Portanto, a participação numa entidade social impões compromisso e adesão”. (GOFFMAN, 1974, p.147-148)

Uma das principais premissas do conceito de Cohousing é o processo

participativo contínuo, que se inicia na fase de concepção projetual e perdura

nas relações sociais entre os seus moradores, quando eles criam suas próprias

normas, entrando em consenso e diminuindo as suas diferenças como

indivíduos. Segundo Bauman (2003), “o consenso não é mais do que um acordo

alcançado por pessoas com opiniões essencialmente diferentes, um produto de

negociações e compromissos difíceis, de muita disputa e contrariedade, e

murros ocasionais”, e faz parte da formação da comunidade.

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Uma vez que as pessoas são diferentes e suas preferências podem variar,

ignorar essas diferenças resulta em insatisfação com os resultados finais. Uma

consequência de excluir usuários no processo de design e planejamento é a

suposição de que todas as pessoas são iguais. Portanto, essa “é uma

transformação onde tecer vínculos comunitários é essencial” (LUBOCHINSKI,

2016).

4.1 CONVERSANDO SOBRE COHOUSING

O processo participativo da Cohousing é continuo, e dá-se início a partir

da sua concepção, ao estabelecer o laço inicial entre os seus moradores e,

durante esse processo, atrai-los a participarem dos debates e conscientização

sobre os preceitos da sua comunidade e, depois dessa fase, durante a vida

social já dentro da comunidade efetivada.

Para a concepção do projeto da Cohousing, foi criado um grupo de

pessoas que já possuíam vínculos familiares e afetivos e que tinham interesse

em conhecer estilos alternativos de moradia. Foram realizadas diversas

conversas informais acerca dos conceitos de Cohousing, sobre o que as pessoas

esperariam de uma comunidade compartilhada, além de seus desejos e suas

preocupações sobre o tema. Ao longo das conversas, os voluntários expuseram

suas ideias, trocaram assuntos em comum, e o grupo foi sendo afunilado, de

acordo com a afinidade entre os indivíduos. A partir daí, com um grupo já

formado, tornou-se possível o desenvolvimento e a aplicação de questionários e

entrevistas, a fim de caracterizar o público dos supostos moradores, além de

definir o programa de necessidades, tanto das unidades privadas, quanto dos

equipamentos coletivos da comunidade.

O questionário (Apêndice A) possuiu 14 questões, que foram divididas em

duas partes: na primeira, o objetivo era distinguir o grupo, a partir de questões

de gênero; faixa-etária; estado civil; renda familiar; nível de escolaridade; além

de perguntar o número de moradores da casa; se os moradores trabalham; a

frequência com que são recebidas visitas; e se possuem algum animal de

estimação. Já na segunda parte, o objetivo era criar tipologias para as unidades

habitacionais, a fim de diminuir o custo da sua execução, além de compreender

melhor quais seriam as principais expectativas do grupo em relação ao projeto.

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Aos moradores foram questionadas quais as áreas de convivência que eles

considerariam mais importantes para melhor engajar a comunidade; que partidos

projetuais eles julgariam imprescindíveis; e quantos e quais cômodos eles

gostariam de ter nas suas casas, justificando suas respostas.

4.2 CARACTERIZAÇÃO DO PÚBLICO-ALVO

Após a aplicação dos questionários, criou-se um grupo de 10 núcleos

familiares, que foi caracterizado com pessoas majoritariamente de faixa-etária

entre 60-69 anos, como mostra o Gráfico 01, o que confirma ser um público

idoso.

Gráfico 01 - Faixa-etária dos moradores

Fonte: Questionário elaborado pela autora

Quanto ao estado civil, o grupo apresentou-se, na sua maior parte,

casado, como mostra o Gráfico 02, ou seja, revela que metade do grupo possui

um cônjuge, enquanto a outra metade mora sozinha, ou só com visitantes, os

quais são, na sua maioria, moradores ocasionais, como indica o Gráfico 03.

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Gráfico 02 - Estado civil dos moradores

Fonte: Questionário elaborado pela autora

Gráfico 03 - Frequência de visitantes

Fonte: Questionário elaborado pela autora

Apesar de metade dos moradores serem casados, a maioria mora apenas

com o seu cônjuge, ou com algum morador ocasional, como pode-se perceber

através do Gráfico 04. Como o grupo apontou a necessidade de receber visitas,

foi preciso pensar em quartos de hóspedes. Após a análise dos gráficos e

referências teóricas estudadas ao longo deste trabalho, infere-se que a maioria

das pessoas idosas que procuram a Cohousing como uma alternativa de

moradia, o fazem por se sentirem sozinhas ou por procurarem pertencer a um

grupo e trocar experiências.

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Gráfico 04 - Número de moradores por casa

Fonte: Questionário elaborado pela autora

O grupo, em sua totalidade, possui ou terceiro grau de escolaridade

completo ou pós-graduação (Gráfico 05), e apresentam formações diversas,

como Engenharia Elétrica, Medicina, Odontologia, Biologia, Direito e História.

Essa diversidade de conhecimento torna a comunidade mais dinâmica, e

favorece a distribuição de tarefas e a troca de experiências entre seus

moradores. Além disso o questionário apontou o alto poder aquisitivo, pois sua

grande maioria possui renda familiar mensal maior do que 15 salários mínimos

(Gráfico 06), apesar de boa parte dos moradores serem aposentados.

Gráfico 05 - Grau de escolaridade dos moradores

Fonte: Questionário elaborado pela autora

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Gráfico 06 - Poder aquisitivo dos moradores

Fonte: Questionário elaborado pela autora

Após a análise dos gráficos, fica clara a caracterização do público-alvo,

que é um grupo de terceira-idade, distribuído em 10 núcleos familiares, que

possui alto nível de escolaridade e alto poder aquisitivo. Parte deles vive sozinho,

enquanto outra parcela vive com o seu cônjuge ou tem algum visitante que

frequenta constantemente o local.

4.3 DEFININDO O PROGRAMA DE NECESSIDADES: UNIDADES PRIVADAS E

EQUIPAMENTOS COLETIVOS

A segunda parte do questionário tornou possível a definição do programa

de necessidades e criação das tipologias de unidades habitacionais. Para isso,

foi pedido que cada pessoa indicasse quais áreas de convivência ela

consideraria mais importantes para criar um maior vínculo entre os moradores.

O gráfico 06 indica que os equipamentos coletivos indispensáveis para o projeto,

de acordo com os futuros moradores:

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Gráfico 07 - Equipamentos coletivos

Fontes: Questionário elaborado pela autora

Também foi perguntado quais seriam os requisitos principais para a

concepção projetual, a fim de proporcional o bem-estar dos indivíduos ao

utilizarem os edifícios coletivos e vivenciarem os espaços livres da comunidade.

Gráfico 08 - Requisitos principais para o projeto

Fonte: Questionário elaborado pela autora

Quanto às unidades de vida privada, pediu-se que os moradores

indicassem os ambientes pretendidos e a quantidade de cada um deles,

justificando o porquê das suas escolhas. A partir daí, foram criadas duas

tipologias de residências: a primeira, com dois quartos, sendo uma suíte; um

banheiro social; uma pequena cozinha integrada com a sala; e terraço com

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espaço para rede. A segunda tipologia apresenta três quartos, sendo uma suíte;

um banheiro social; uma pequena cozinha integrada com a sala e um terraço.

Como este projeto trata-se de uma Cohousing, este não pode ser pensado

de forma separada, uma vez que os espaços coletivos constituem uma espécie

de continuação da unidade privada. Por esse motivo, não foi previsto, no

programa de necessidades das unidades habitacionais, uma área de serviço,

uma vez que já existe uma lavanderia comunitária, na casa coletiva.

No final do questionário, foi feita uma pergunta subjetiva sobre quais

seriam as expectativas dos moradores em relação à Cohousing, uma vez que a

maioria deles tinha ouvido falar sobre o tema pela primeira vez durante as

conversas e entrevistas realizadas em função deste trabalho. Em resposta a

esse questionamento, a maioria das pessoas associou a esse conceito, palavras

como tranquilidade, paz, socialização, colaboração, compartilhar momentos e

experiências, estreitamento de laços, vizinhança e comunidade

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5 BASES PROJETUAIS

5.1 ANÁLISE DO TERRENO ESCOLHIDO

A localização designada para o projeto deverá convergir todas as

necessidades deste tipo de uso, como bom acesso, proximidade a hospitais

especializados, facilidade de integração com a sociedade, além de ser um

ambiente tranquilo e em contato com a natureza.

Seguindo essa linha, o terreno escolhido para implantação da Cohousing

possui área aproximada de 8.690m² e está inserido em uma área urbanizada de

Natal, na região administrativa Leste e situado no bairro de Tirol, no limite com o

bairro de Nova Descoberta, entre as ruas Pio Cavalcante, Doutor Vicente

Farrache, José Ovídio do Vale e Rua da Torre (Figura 17).

Figura 17 - Localização do terreno

Fonte: Elaboração da autora

Figura t: Localização do terreno

Brasil Rio Grande do Norte Natal Tirol

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Figura 18 -Terreno Escolhido

Fonte: Google Earth

Nota: imagem editada pela autora.

A escolha do terreno foi motivada, principalmente, pela sua área e sua

localização, tendo em vista a proximidade do bairro de Tirol com diversos

equipamentos de saúde, localizados em sua maioria no bairro de Petrópolis, que

é o bairro com o maior número de unidades de saúde da cidade de Natal, de

acordo com a SEMURB (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo),

por estar próximo a locais de lazer, tais como o Bosque dos Namorados e o

Midway Mall, e de diversos equipamentos como supermercados, mercearias,

farmácias, cinema, etc.

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Figura 19 - Entorno do terreno escolhido

Fonte: Google Maps

Nota: Imagem editada pela autora

Figura 20 - Unidades de Saúde na cidade de Natal/RN

Fonte: http://natal.rn.gov.br/semurb Acesso em: 11 de junho de 2018

Nota: Imagem editada pela autora

Além disso, o terreno está localizado em uma área especial de proteção,

por estar no entorno do Parque das Dunas e, por isso, é uma área de controle

LEGENDA:

Shopping Center

Supermercado

Parque das Dunas

Terreno escolhido

Hospitais

Farmácias

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de gabarito. Desta forma, os moradores podem ter uma maior visibilidade do

Parque e, consequentemente, maior contato com a natureza

Figura 21 - Perspectiva do terreno

Fonte: Acervo pessoal da autora, 2018

5.2 CONDICIONANTES LEGAIS

Para adequar o projeto às leis pertinentes, a fim de obter a legalidade na

elaboração desta proposta, além de garantir a qualidade da edificação, foram

levados em consideração os requisitos definidos pelas leis: Lei Complementar

n° 082 (Plano Diretor da cidade de Natal); Lei Complementar n° 055 (Código de

Obras e Edificações do Município de Natal); NBR 9050/2015 (acessibilidade);

o Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do Rio Grande

do Norte; e a Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de

Vigilância Sanitária n°283 (para Instituições de Longa Permanência para Idosos).

5.2.1 Plano Diretor de Natal

Conforme os artigos 39º a 42º do Estatuto da Cidade, o Plano Diretor é o

instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão urbana de uma

cidade. O Plano tem como objetivo, além de promover o diálogo entre os

aspectos físicos/territoriais e os objetivos sociais, econômicos e ambientais que

temos para a cidade, distribuir os riscos e benefícios da urbanização, induzindo

um desenvolvimento mais inclusivo e sustentável.

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Segundo o Plano Diretor de Natal, o terreno escolhido, por estar localizado

no entorno do Parque das Dunas, encontra-se em uma Área de Controle de

Gabarito que, segundo o Art. 21, são áreas que “mesmo passíveis de

adensamento, visam proteger o valor cênico - paisagístico, assegurar condições

de bem-estar, garantir a qualidade de vida e o equilíbrio climático da cidade”. O

terreno está especificamente na área 3, de acordo com o Quadro 2 abaixo, e

permite altura máxima de 30 metros. Por não se tratar de uma zona adensável,

utiliza-se o coeficiente de aproveitamento básico 1,2 para todos os usos nos

terrenos contidos na Zona Urbana e Taxa de Impermeabilização máxima de

80%.

Tabela 1 - Controle de gabarito no entorno do Parque das Dunas

Fonte: Plano Diretor de Natal

O projeto de uma Cohousing é uma proposta de tipologia de moradia

ainda inexistente no Brasil e, por isso, não está incorporada neste Plano Diretor.

Dentro da forma de morar estudada ao longo deste trabalho, a Unidade de Vida

Coletiva (UVC) funciona como complemento na comunidade e é indissociável

das Unidades de Vida Privada (UVPs), as quais não podem ser consideradas

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como tópicos isolados, mas sim associados a uma proposta de habitat maior e

de filosofia de vida coletiva. Entretanto, apesar das suas especificidades, essa

tipologia melhor se enquadra como categoria de condomínios horizontais

fechados, os quais passam a ser considerados uma modalidade de

parcelamento do solo urbano, sujeitos à legislação própria e, por isso, segundo

o Art. 47, “correrá por conta dos respectivos proprietários a promoção e o custeio

dos serviços de arborização que deverão obedecer a projeto elaborado pelo

interessado e aprovado pelo órgão municipal de planejamento urbano e

meio ambiente.

Para garantir a ocupação do solo de forma adequada às características

do meio físico, são incorporadas diretrizes que englobam os recuos mínimos,

sejam eles frontais, laterais ou do fundo do terreno, como percebe-se na Tabela

2 abaixo.

Tabela 2 - Recuos

Fonte: Plano Diretor de Natal

5.2.2 Código de Obras e Edificações do Município de Natal

O Código de Obras é um instrumento básico que permite à Administração

Municipal exercer adequadamente o controle e a fiscalização do espaço

construído.

De acordo com ele, a unidade residencial deve ter, no mínimo, uma área

construída de trinta metros quadrados (30,00 m²), em condições de

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habitabilidade, com no mínimo um banheiro. Em conformidade com o Art. 139,

“todo compartimento da edificação deve ter dimensões e formas adequadas, de

modo a proporcionar condições de higiene, salubridade e conforto ambiental,

condizentes com a sua função e habitabilidade”, as quais são detalhadas na

tabela 3:

Tabela 3 - Áreas mínimas dos compartimentos

Fonte: Código de Obras de Natal

Além disso, este documento determina que todo projeto deverá prever

áreas destinadas a estacionamento, sejam essas cobertas ou não, cujas vagas

apresentem dimensões mínimas de 2,40m de largura e 4,50m de comprimento.

Como a Cohousing é uma proposta de tipologia de moradia ainda inexistente no

Brasil e não está incorporada neste Código de Obras, pode-se usar os

parâmetros de “habitação multifamiliar isolada ou conjugada, conjunto

habitacional a partir de quatro unidades”, presente na Tabela do Anexo III, e

afirmar que esta comunidade, independentemente do tipo de via a que pertence,

deve apresentar, no mínimo, duas vagas de estacionamento por unidade

habitacional, além de 10% desse número ser destinado a visitantes. Entretanto,

sabe-se que um dos preceitos desse tipo de comunidade é o incentivo à

diminuição do uso de veículos, portanto o número de vagas seria menor do que

o estipulado, se o estilo Cohousing fosse incorporado a esta Lei.

Quanto às calçadas, devem apresentar faixa mínima de 1,20m de largura,

para a circulação de pedestres, com piso contínuo sem ressaltes ou depressões,

antiderrapante, tátil, indicando limites e barreiras físicas.

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No que se refere às exigências mínimas de ventilação, insolação e

iluminação, o capítulo IV do Código de Obras estabelece:

Art. 147- Toda edificação deve ser projetada com a observância e orientação dos pontos cardeais, atendendo, sempre que possível, aos critérios mais favoráveis de ventilação, insolação e iluminação. Art. 148- Para efeito de insolação, iluminação e ventilação, todos os compartimentos da edificação devem dispor de abertura direta para logradouro, pátio ou recuo. Art. 149- A edificação não pode ter aberturas voltadas para a divisa do lote com distância inferior a um metro e cinqüenta centímetros (1,50m), conforme disposto no Código Civil Brasileiro. Art. 150 -A superfície da abertura voltada para o exterior, destinada à insolação, iluminação e ventilação, não pode ser inferior a um sexto (1/6) da área do compartimento, quando se tratar de ambientes de uso prolongado. Parágrafo único. A área definida no caputé de um oitavo (1/8), quando se tratar de ambientes de uso transitório. Art. 151-. São dispensados de iluminação e ventilação direta e natural os ambientes que se destinam a: I – Corredores e halls de área inferior a cinco metros quadrados (5,00m2); II – Compartimentos que pela sua utilização justifiquem a ausência dos mesmos, conforme legislação própria, mas que disponham de iluminação e ventilação artificiais; III – Depósitos de utensílios e despensa.

Todas as edificações de uso coletivo devem garantir o acesso, circulação e

utilização por pessoas portadoras de deficiências ou com mobilidade reduzida,

atendendo as condições e em conformidade com as normas da ABNT específica.

5.2.3 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos

– ABNT NBR 9050

A NBR 9050/2015 é a norma responsável por estabelecer critérios e

parâmetros técnicos a serem observados quanto ao projeto, construção,

instalação e adaptação do meio urbano e rural, e de edificações às condições de

acessibilidade. Consta nesse documento especificações relativas às dimensões

de circulação, de acessos e de sinalizações para uma melhor circulação no

edifício.

Referente ao presente trabalho, sabe-se que não existem parâmetros

estabelecidos para o projeto específico de uma Cohousing, mas esse pode

assemelhar-se a condomínios, cujas áreas de uso comum necessitam ser

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acessíveis, além de apresentar suas unidades autônomas localizadas em rota

acessível.

Quando for necessário, deverão ser usadas rampas com inclinação

máxima de 8,33%, largura livre mínima de 1,20m, assim como em escadas, e

com a presença de patamares com dimensões mínimas de 1,20m a cada 50m.

Os corrimãos nas rampas devem ser locados a 0,70m e a 0,92m do chão, e o

guarda-corpo a 1,05m.

As calçadas devem possuir vão livre mínimo de 1,20m, apresentando a

indicação dos seus limites e barreiras físicas com a implantação de pisos táteis,

de acordo com as especificações da NBR 16537/2016 (Acessibilidade -

Sinalização tátil no piso - Diretrizes para elaboração de projetos e instalação).

Já no interior das habitações, a distância mínima entre o mobiliário deve ser de

90cm e, para facilitar a passagem e, sempre que necessário, permitir o giro

completo, de 1,50m, da cadeira de rodas.

Além disso, diversos outros tópicos como dimensionamento de banheiros,

tipos de maçanetas, puxadores, dimensões de mobiliário e equipamentos,

especificações de rotas acessíveis, rotas de fuga, sinalização de pavimentos e

de ambientes, são previstos e explicados por esta mesma norma.

5.2.4 Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do Rio Grande

do Norte

O Código de Segurança e Prevenção Contra Incêndio e Pânico do Rio

Grande do Norte tem como objetivo estabelecer critérios básicos e

indispensáveis à segurança contra incêndio nas edificações, visando garantir os

meios necessários de combate a incêndio, evitar ou minimizar a propagação do

fogo, facilitar as ações de socorro e garantir a evacuação segura dos ocupantes

do edifício.

O projeto referido neste trabalho se enquadra como edificação de uso

residencial com altura entre nove metros e quinze metros e área construída

superior a 750m², assim, determina-se: prevenção fixa (hidrantes); prevenção

móvel (extintores de incêndio); iluminação de emergência; central de gás;

sinalização; escada convencional; instalação de hidrante público.

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5.2.5 Resolução de Diretoria Colegiada - RDC Nº 283

Esta resolução tem como objetivo estabelecer o padrão mínimo de

funcionamento das Instituições de Longa Permanência para Idosos, e se aplica

a todas elas, destinadas à moradia coletiva de pessoas com idade igual ou

superior a 60 anos. Esta RDC apresenta condições gerais que visam um

ambiente de respeito e dignidade, a fim de preservar a identidade e privacidade

dos seus moradores, através da promoção de uma ambiência acolhedora e

integração entre eles.

Ainda nesta Resolução, são sugeridos ambientes utilizados pelo o público

idoso, além das suas áreas mínimas dos ambientes, de acordo com o número

de pessoas que os utilizam.

5.3 CONDICIONANTES FÍSICO-AMBIENTAIS

Tendo em vista que uma das preocupações do projeto é trazer o conforto

térmico para os seus moradores, o estudo das condicionantes físico-ambientais

foi imprescindível. Segundo o zoneamento bioclimático brasileiro, presente na

NBR 15220-3, a cidade de Natal está inserida na Zona Bioclimática 08 (Figura

22), cujas estratégias e recomendações se baseiam no uso de grandes aberturas

para ventilação, bem como o sombreamento dessas aberturas; o uso de

materiais levemente refletores nas coberturas e vedações externas; e ventilação

cruzada permanente, obtida através da circulação de ar pelos ambientes da

edificação.

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Figura 22 - Zoneamento bioclimático brasileiro

Fonte: ABNT – Desempenho térmico de edificações, 2003

A região metropolitana de Natal está inserida no Clima Tropical do

Nordeste Oriental com chuvas de inverno-outono, caracterizado por ser um clima

megatérmico (altas temperaturas) com verão seco e temperatura média mensal

acima de 18°C em todos os meses do ano (IBGE, 1997; VIANELLO e ALVES,

2004; SILVA et al., 2009).

O terreno escolhido está localizado em uma área de controle de gabarito,

por estar próxima ao Parque das Dunas, que é considerado uma Zona de

Proteção Ambiental, ou seja, zona de atuação especial à preservação, melhoria

e recuperação da qualidade ambiental. Essa proteção ambiental tende a

favorecer que trocas energéticas entre o solo e a atmosfera possam ser

amenizadas, podendo garantir, por exemplo, que a temperatura do ar seja menor

nessas regiões de proteção, normalmente vegetadas, do que comparadas às

áreas urbanizadas.

Levando em conta essas informações, a implantação das edificações e

demais equipamentos foi pensada de acordo com os ventos predominantes e a

insolação do terreno, a fim de aproveitar, ao máximo, o conforto oferecido pelo

local. A direção predominante dos ventos, em Natal, é sudeste, e a de maior

insolação se é oeste.

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Figura 23 - Rosa dos ventos

Fonte: Escritório Abreu e Barros, 2016

Sendo assim, como se observa na Figura 24, devido à fachada leste ser

a mais favorecida em relação à aos ventos predominantes, no terreno, as

edificações foram rotacionadas e foram criadas aberturas de modo a ter o maior

aproveitamento possível da ventilação. Outro aspecto que se mostra favorável

ao conforto no terreno, é que a sua menor fachada é a oeste, que é aquela que

mais sofre com a incidência solar no período da tarde. Por isso, o projeto deverá

contemplar medidas que minimizem o seu impacto sobre as edificações, como

o uso de brises, além de prever a melhor distribuição dos ambientes, de modo a

priorizar os de alta permanência, como quartos e salas de leitura, projetando-os

de forma a aproveitar os ventos ao máximo.

Figura 24 - Estudo de condicionantes climáticas do terreno

Fonte: Google Earth

Nota: imagem editada pela autora.

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6 DESENVOLVIMENTO DA PROPOSTA

6.1 CONCEITO

A rede de descanso ou rede de dormir (Figura 25) é um utensílio

doméstico de origem indígena, que era originalmente chamada de “hamaka” e

feita com cipó e lianas. É legado dos indígenas da América do Sul, teve grande

importância na sociedade brasileira dos primeiros anos do descobrimento e

durante toda a época colonial, quando era muito utilizada para dormir, enterrar

os mortos no meio rural e como meio de transporte, onde os escravos

carregavam os colonos em passeios pela cidade e até em viagens.

Figura 25 - Descanso na rede

Fonte: https://www.justrunlah.com Acesso em: 01 de junho de 2018.

No seu livro intitulado “Rede de dormir: uma pesquisa etnográfica”, o

antropólogo Luís da Câmara Cascudo (1959) compara a rede com a cama:

O leito obriga-nos a tomar seu costume, ajeitando-se nele, procurando o repouso numa sucessão de posições. A rede toma o nosso feitio, contamina-se com os nossos hábitos, repete, dócil e macia a forma do nosso corpo. A cama é hirta, parada, definitiva. A rede é acolhedora, compreensiva, coleante, acompanhando, tépida e brandamente, todos os caprichos da nossa fadiga e as novidades imprevistas do nosso sossego. Desloca-se, incessantemente renovada, à solicitação física do cansaço. Entre ela e a cama, há a distância da solidariedade à resignação. (CASCUDO, 1959, p.15)

A proposta de Cohousing deste projeto tem um público definido, o qual

está representado por 10 famílias compostas por pessoas de idade em torno de

60 anos. Partindo do princípio de que a rede representa um objeto importante no

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cotidiano delas e é bastante utilizado no decorrer das vidas dessas pessoas,

além de levar em consideração a preservação da memória e tradição, essa será

utilizada como conceito deste projeto.

A rede transmite, segundo Cascudo (1959), um sentimento de

acolhimento, conforto, sossego e movimento, que são características

importantes para tornar o ambiente da comunidade o mais familiar possível e

possibilitar o maior bem-estar dos seus moradores.

6.2 PARTIDO ARQUITETÔNICO E EVOLUÇÃO DA PROPOSTA

A fim de aliar os preceitos do estilo Cohousing com o bem-estar, conforto

e interação dos moradores da comunidade, iniciou-se o estudo espacial da

implantação do terreno. Buscou-se priorizar os pedestres, criar amplos espaços

verdes, além de buscar ao máximo a socialização. O primeiro modelo de

implantação (Figura 26) tinha os estacionamentos localizados nas periferias, a

casa coletiva voltada para as unidades de vida privada e uma área de lazer

central. Além disso, possuía uma área verde central que integrava todos os

pontos do terreno. Entretanto, ainda estava muito engessado, pois não transmitia

a sensação de movimento pretendida com o conceito de rede e também não

apresentava a melhor solução de conforto térmico possível. Por isso, foram

utilizados métodos espaciais com bloquinhos de madeira, para conseguir obter

um resultado mais satisfatório.

Figura 26: Zoneamento inicial

Fonte: elaboração da autora, 2018.

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A rede tem forma e material confortáveis, o que fazem o seu usuário

permanecer e usufruir do objeto por um tempo considerável, por se sentir

acolhido. A rede é armada através de dois pontos de sustentação, que a deixa

suspensa e propícia à capacidade de movimento proporcionada pelos impulsos

de seu usuário, promovendo, de certa forma, a ideia de autonomia. No projeto,

esse preceito é espacializado na implantação, uma vez que os dois edifícios

principais de uso comunitário – a casa coletiva e a área de lazer – estão inseridos

em lados opostos, formando dois pontos de “sustentação”, que interligam o resto

da comunidade (Figura 27). Esse sentimento possui relação estreita com as

ideias de independência e de uma vida ativa - intenções claras na busca por um

envelhecimento saudável e digno.

Figura 27 - Edifícios coletivos como pontos de sustentação

Fonte: Elaboração da autora, 2018

Quanto à varanda (Figura 28), presente na rede, traz a ideia de transição

entre espaço individual e comunitário, e que pode ser rebatida na espacialização

da proposta do projeto, através dos terraços frontais das unidades habitacionais.

Por fim, partindo-se da premissa de que a terceira idade é o momento propício

ao merecido descanso depois de toda uma vida de preocupações e trabalho,

utiliza-se a rede como analogia para um momento de descanso merecido e de

contemplação da paisagem.

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Figura 28 - Varanda de rede

Fonte: http://www.redesbrazil.com.br Acesso em: 01 de junho de 2017

6.3 ZONEAMENTO DO TERRENO

O principal objetivo do projeto Cohousing é estimular a interação entre os

seus moradores, que pode ser favorecida com a disposição estratégica dos seus

elementos arquitetônicos e de áreas livres no terreno. O zoneamento do terreno

se deu primeiramente com a implantação do setor de vida comunitária (a casa

coletiva, horta e área de lazer) e, em seguida, o setor de vida privada (as casas

do tipo A e do tipo B, anteriormente mencionadas) e, posteriormente, o setor de

serviços – estacionamentos, guarita, casa de gás e lixo, como pode-se observar

na Figura 29:

Figura 29 - Zoneamento da implantação do terreno

Fonte: Elaboração da autora

Legenda:

Setor de vida privada Setor de Serviço

Setor de vida coletiva Área Verde

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A casa coletiva, juntamente com a área gourmet, constituem os dois

blocos principais do setor de vida coletiva, e foram dispostos nas duas diagonais

do terreno, de forma a criar, ao conectar esses dois edifícios, uma rua central,

com áreas verdes de convivência. A horta comunitária foi situada próxima à casa

coletiva, já que esses dois equipamentos têm relações estreitas (proximidade da

cozinha coletiva com a horta). Ao redor da rua principal, foram dispostas as

unidades de vida privada, que, devido aos seus terraços frontais, delimitam

claramente a transição entre espaço coletivo e o privado. Quanto à localização

dos estacionamentos, estes foram locados em duas áreas periféricas do terreno,

fazendo com que as pessoas precisem caminhar pela rua principal até as suas

casas, o que acarreta em uma maior interação entre os moradores, mesmo de

forma indireta. Já a casa de lixo e a casa gás, foram dispostas próximas à

entrada/saída do terreno, junto com a guarita.

6.4 PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

Como explicado anteriormente, o programa de necessidades foi

elaborado a partir das entrevistas e questionários aplicados aos moradores,

através de observações feitas pela autora em relação aos anseios do grupo

voluntário, além do uso do repertório de referências estudadas. Para a definição

das áreas mínimas dos compartimentos internos do projeto foi utilizado o Código

de Obras e Edificações do Município de Natal e o Plano Diretor de Natal.

Como visto anteriormente, o terreno foi zoneado em quatro partes: setor

de vida privada, setor de vida coletiva, setor de serviço e área verde. As tabelas

abaixo apresentam, respectivamente, o programa de necessidades e pré-

dimensionamento do setor de vida privada (tabela 4), setor de vida coletiva

(tabela 5), setor de serviço (tabela 6).

Tabela 4 - Pré-dimensionamento do setor de vida privada

UNIDADE DE VIDA PRIVADA - TIPO A

AMBIENTE ÁREA

PREVISTA (m²)

QUANTIDADE ÁREA TOTAL

(m²)

SALA/ COZINHA AMERICANA

27,80 1 27,80

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QUARTO 15,20 1 15,20

SUÍTE 14,25 1 14,25

BANHEIRO 4,80 2 10,26

TERRAÇO 44,40 1 44,40

TOTAL UNIDADE

111,91 5 559,55

UNIDADE DE VIDA PRIVADA - TIPO B

AMBIENTE ÁREA

PREVISTA (m²)

QUANTIDADE ÁREA TOTAL

(m²)

SALA/ COZINHA

AMERICANA 28,74 1 28,74

QUARTO 11,55 2 23,10

SUÍTE 15,55 1 15,55

BANHEIRO 4,80 2 9,84

TERRAÇO 53,35 1 53,35

TOTAL UNIDADE

130,58 5 652,90

Fonte: Elaboração da autora

Tabela 5 - Pré-dimensionamento do setor de vida coletiva

SETOR DE VIDA COLETIVA

AMBIENTE ÁREA

PREVISTA (m²)

QUANTIDADE ÁREA TOTAL

(m²)

CASA COLETIVA

COZINHA/REFEITÓRIO 111,06 1 111,06

DESPENSA 12,35 1 12,35

ÁREA DE LAVAGEM 9,62 1 9,62

LAVANDERIA 12,22 1 12,22

HORTA 126,62 1 126,62

SALA DE MULTITAREFAS

50,52 1 50,52

BANHEIROS 4,68 6 28,08

ENFERMARIA 12,74 1 12,74

ACADEMIA 49,53 1 49,53

SALA DE REUNIÕES 87,54 1 87,54

CONSULTÓRIO MÉDICO

13,13 1 13,13

SALA DE LEITURA 37,44 1 37,44

SOLÁRIO 215,44 1 215,44

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DEPÓSITO 11,32 2 24,45

VARANDA 114,30 1 114,30

TOTAL UNIDADE 905,04 1 905,04

ÁREA DE LAZER

SALÃO DE MESAS 119,45 1 119,45

BANHEIROS 4,68 2 9,36

DEPÓSITO 3,24 1 3,24

DECK 58,55 1 58,55

PISCINA 99,75 1 99,75

TOTAL UNIDADE 290,35 1 290,35

Fonte: Elaboração da autora

No que se refere ao Setor de Serviço, o seu programa de necessidades é

composto pelo depósito de lixo/gás; dois estacionamentos, sendo um com 12 e

outro com 10 vagas; e guarita. De acordo com o Código de Obras de Natal, cada

unidade habitacional terá duas vagas, o que totalizam 22, sendo 20 delas

destinadas aos moradores, e duas destinadas às visitas. Dentre estas vagas,

uma será destinada especialmente para pessoas portadora de deficiência e com

dificuldade de locomoção, em conformidade com a Resolução nº 304/2008 do

Conselho Nacional de Trânsito (CONTRAN).

Tabela 6 - Pré-dimensionamento do setor de serviço

SETOR DE SERVIÇO

AMBIENTE ÁREA

PREVISTA (m²)

QUANTIDADE ÁREA TOTAL

(m²)

ESTACIONAMENTO 12,50 22 275

CASA DE LIXO 2,94 1 2,94

CASA DE GÁS 2,45 1 2,45

GUARITA 5,38 1 5,38

BANHEIRO 2,00 1 2,00

TOTAL UNIDADE 287,77 1 287,77

Fonte: Elaboração da autora

A área verde se encontra na rua central da comunidade, que conecta os

equipamentos privados e coletivos, e desempenha papel fundamental no

exercício da troca de experiência entre os seus moradores. Apresenta mobiliário

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urbano, tais como bancos, mesas de jardim, mesas para jogos e um redário com

área de 76,65m² e capacidade para até 18 redes.

6.5 INDICAÇÕES PAISAGÍSTICAS

O paisagismo é um ponto importante na composição do projeto, pois, além

do conforto visual, proporciona conforto térmico e acústico. Para a Cohousing

em questão, foi proposto um paisagismo que apresenta relação com o entorno

atual. O verde é, portanto, item marcante neste anteprojeto, uma vez que se

encontra no entorno do Parque das Dunas (Figura 30), que possui uma área de

1.172 hectares e é reconhecido pela UNESCO (Organização das Nações Unidas

para a Educação, a Ciência e a Cultura) como parte integrante da Reserva da

Biosfera da Mata Atlântica Brasileira.

Figura 30 - Parque das Dunas

Fonte: http://agorarn.com.br (2017)

O Parque das Dunas é considerado o maior parque urbano sobre dunas

do Brasil, desempenhando grande importância para a qualidade de vida da

população natalense, ao auxiliar tanto na recarga do lençol freático da cidade,

quanto na purificação do ar. A cobertura vegetal do Parque é representada, em

sua maior parte, pela mata de duna litorânea, caracterizada por espécies

herbáceas, arbustivas e arbóreas. Nela predominam espécies peculiares da

mata atlântica, além de algumas espécies de caatinga e tabuleiro, com destaque

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para a amescla-de-cheiro, antúrio selvagem e pau-brasil, as quais conferem ao

ambiente grande diversidade e exuberância.

Como este trabalho se trata de um anteprojeto de arquitetura, as espécies

de vegetação utilizadas não devem ser especificadas, no entanto, tendo em vista

a sua funcionalidade e a necessidade de se propor algo viável, deve-se

apresentar diretrizes a serem seguidas pelos seus moradores, de modo a

organizar melhor a vegetação e melhorar o conforto da comunidade. De acordo

com o clima local, forma e função da Cohousing, é recomendado que o

paisagismo englobe espécies nativas, e tenha como tema, o jardim tropical

(figura 31), pois é indicado para locais de altas temperaturas e exige pouca

manutenção.

Figura 31 - Exemplo de jardim tropical

Fonte: http://terral.agr.br (2016)

Devido à sua rusticidade, espécies nativas possuem características que

as tornam menos vulneráveis às adversidades urbanas, principalmente à

poluição, além de torná-las menos suscetíveis a doenças e outros problemas. É

recomendado utilizar também árvores que produzam frutos comestíveis porque,

além de implementarem a cobertura vegetal, produzirão frutos que servirão de

alimento para as pessoas.

Em relação às áreas comuns, ao longo da área verde, na rua principal da

Cohousing, recomenda-se a implantação de grama esmeralda (Zoysia japonica),

pois apresenta boa resistência a pisoteio e a ervas daninhas, e exige pouca

irrigação e fertilização, além de influenciar na redução da temperatura do local e

permitir a absorção das águas pluviais pelo solo. Além da grama, devem ser

utilizadas árvores e arbustos de pequeno, médio e grande porte (figura 32),

escolhido de acordo com a necessidade do local, a fim de obter um melhor

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sombreamento e aumentar o albedo nessa área. No canteiro localizado próximo

à área de lazer, é indicado o uso de biombo vegetal arbustivo, a fim de criar uma

divisória entre esse ambiente e as unidades de vida privada.

Figura 32 - Planta de baixo, médio e alto porte

Fonte: Manual Técnico de Arborização Urbana de São Paulo (2015)

Nos lotes próximos às unidades habitacionais, recomenda-se o uso de

plantas decorativas de cores vivas e formas esculturais como palmeiras,

dracenas, bromélias, helicônias, bananeiras, gengibres e orquídeas, entre

outras, e sem deixar de respeitar a permeabilidade desses lotes. Já no solário,

presente no último pavimento da casa coletiva, indica-se a implantação de

vegetação dentro de vasos, a fim de criar uma ambiência natural, como na Figura

33, sem necessitar de grandes manutenções e custos com implantação de teto

verde.

Figura 33 - Solário com uso de plantas em vasos

Fonte: http://balconygardenweb.com (2018)

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7 PROPOSTA FINALIZADA

Este capítulo refere-se à apresentação do resultado da proposta

idealizada para uma Cohousing, chamada de “Recanto do Morro”, por se tratar

de uma comunidade multifamiliar localizada no entorno do Parque das Dunas,

no bairro Tirol, na cidade de Natal/RN. Serão discriminadas as especificações

de cada espaço, juntamente com imagens de referência, e mostradas algumas

perspectivas da conclusão do anteprojeto.

7.1 COMUNIDADE RECANTO DO MORRO

A Comunidade Recanto do Morro está localizada em um terreno de forma

retangular, com área de aproximadamente 8.690m² e está inserido em uma área

urbanizada de Natal, com controle de gabarito, por se encontrar no entorno do

Parque das Dunas. Situa-se na região administrativa Leste, no bairro de Tirol, na

fronteira com o bairro de Nova Descoberta, limitando-se ao Norte com a rua José

Ovídio do Vale; ao Sul com a rua Pio Cavalcante, ao Oeste com a rua Doutor

Vicente Farrache; e a Leste com a rua da Torre (Figura 34).

Figura 34 - Ruas que fazem fronteira com o terreno

Fonte: Google Maps, 2018

Nota: Imagem modificada pela autora

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Inserido no bairro de Tirol, zona urbana adensável, cujo índice de

aproveitamento é 3,5, encontra-se em conformidade com os índices urbanísticos

de acordo com o Plano Diretor de Natal, uma vez que apresenta área construída

total de 2.494,15m², ocupando apenas 28,7% do terreno. Possui 2.085,00m² de

área permeável, totalizando 24% da área total.

A comunidade Recanto do Morro (Figura 35) é composta por uma casa

coletiva com 725,97m² de área construída; 10 unidades habitacionais, divididas

em duas tipologias diferentes, sendo 5 unidades do tipo A e 5 do tipo B,

totalizando área construída de 1.460,00m²; uma área de lazer com churrasqueira

e piscina, com área construída de 203,24m². Há também uma guarita, a qual

controla a entrada e saída de veículos e de pedestres, pela rua Doutor Vicente

Farrache, com área de 104,94m². Ademais, a área verde totaliza uma área de

2.085m².

Figura 35 - Implantação do terreno

Fonte: Elaboração da autora

Guarita Casa coletiva Área de lazer

Área verde Unidades privadas Estacionamentos

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O anteprojeto conta com 22 vagas para veículos leves, cujos

dimensionamentos foram feitos em conformidade com o Código de Obras e

Edificações do Município de Natal. Este determina que, considerando o uso da

Cohousing como sendo conjunto habitacional, devem ser reservadas duas vagas

por unidade habitacional mais 10% desse número destinado a vagas para

visitantes. O fechamento do terreno se dá através de gradil de alumínio, de modo

a tornar a comunidade permeável em relação ao seu entorno, e não contribuir

para a sensação de insegurança na sua vizinhança, com a implantação de muros

altos e sem aberturas, além de não causar interferência na ventilação do interior

do terreno.

7.2 CASA COLETIVA

A casa coletiva tem três pavimentos, localiza-se na porção noroeste do

terreno e possui área construída de 725,97m². No primeiro pavimento, está a

cozinha, com 111,06m², a qual engloba a área de refeitório; despensa (13,35m²)

e área de lavagem de materiais com 9,62m²; sala de multitarefas, com 50,52m²;

dois banheiros adaptados para pessoas portadores de deficiência física, de

acordo com a NBR 9050/15, com 4,68m² cada; enfermaria, com área para

descanso, com 12,74m²; área de circulação entre os ambientes, totalizando

79,24m². Além disso, na parte externa do edifício, há uma horta coletiva de

126,62m², que dá acesso ao depósito de jardinagem (11,32m²) e a lavanderia

comunitária, a qual apresenta 12,22m².

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Figura 36 - Perspectiva da casa coletiva

Fonte: elaboração da autora

No segundo pavimento estão ambientes, como academia, com área de

49,53m²; uma sala de reuniões e cinema com área total de 87,54m², que pode

ser dividido, através de uma divisória, para o caso de um grupo menor querer ali

se reunir; uma sala de consultório médico, para ocasiões especiais, com área de

13,13m²; uma sala de leitura, com terraço, com área de 37,44m². O terceiro

pavimento conta apenas com um solário, com área de 215,44m², com

caramanchões e poltronas distribuídas de modo a incentivar a socialização, além

de canteiros para plantas; um depósito de jardinagem de 13,13m² e dois

banheiros PNE, com 4,68m², cada, e podem ser melhor visualizados na prancha

02, no apêndice b.

O acesso principal à edificação está na sua fachada leste, que é a que

está voltada para o centro da comunidade. Além disso, há um acesso pelos

fundos, que facilita a entrada de mercadoria para a cozinha, e outra que

complementa o fluxo de funcionamento da cozinha, e constitui a saída de lixo. A

fim de tornar o edifício mais permeável, também foi pensado um acesso pela

horta, localizada na fachada norte. Além disso, o acesso entre os pavimentos é

dado por escadas, com dimensões e especificações em conformidade com a

NBR 9050/15.

O edifício é composto por pavimentos feitos em alvenaria convencional e

estrutura de pórtico viga-pilar e laje lisa, com cobertura e calhas

impermeabilizadas. Para utilizar-se da iluminação natural e aproveitar ao

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máximo a incidência dos ventos predominantes, optou-se por um pé direito alto,

de 3,85m. Ainda com o intuito de proporcionar um maior conforto térmico do

ambiente, foram usados revestimentos externos de cores claras, para aumentar

a reflexão dos raios solares e diminuir a entrada de calor no edifício. As

esquadrias utilizadas têm moldura de madeira (Figura 37), e podem apresentar

vidro temperado ou venezianas, de acordo com a sua localização, variando suas

alturas e comprimentos, como estão melhor especificadas no quadro de

esquadrias nas pranchas do apêndice b.

Figura 37 - Exemplo de estilo de esquadrias

Fonte: Paraqueira Cumbuco, 2003

As paredes internas são pintadas na cor branca, enquanto a fachada

possui pintura na cor bege e detalhes de brises, esquadrias e guarda-corpos em

madeira e/ou vidro.

Quanto ao cálculo do reservatório de água, foi considerado que a

capacidade máxima da casa coletiva é de 40 pessoas, que constitui o número

total de moradores da comunidade, considerando que existam 2 pessoas em

cada dormitório. Em conformidade com a NBR 5626/98 (Instalação predial de

água fria), esse edifício se encaixa em edifícios públicos, desta forma deve ser

destinada 50 litros por pessoa. Como a casa possui uma lavanderia comunitária,

são acrescidos 30 litros de água por pessoa. Assim, durante um dia a casa deve

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ter disponível 3.200 litros. Para evitar transtornos em uma eventual falta de água,

é necessário calcular o total de água disponível para dois dias, desta forma, as

caixas d’agua deverão comportar 6.400 litros para abastecer o prédio da casa

coletiva. Foi reservada, na cobertura do edifício, uma área para armazenar três

caixas d’água, sendo duas com capacidade para 3.000 litros e uma para 500

litros, além de um espaço destinado a área técnica para abrigar eventuais

condensadores de ar.

7.3 UNIDADES DE VIDA PRIVADA (UVPs)

A comunidade é composta por 10 unidades de vida privada, sendo 5 do

tipo A e 5 do tipo B, como mostra a Figura 38. As tipologias das casas diferem

entre si quanto ao programa de necessidades: enquanto a primeira possui dois

quartos, sendo uma suíte, a segunda apresenta 3 quartos, sendo uma suíte.

As unidades do tipo A apresentam uma área total de 111,91m² e têm o

seguinte programa de necessidades: uma sala com cozinha integrada,

totalizando 27,80m²; um quarto de 15,20m²; uma suíte com 14,25m² e banheiro

PNE (de acordo com a NBR 9050/15) com 5,46m²; um banheiro social, também

em conformidade com as normas de acessibilidade, com 4,80m², além de um

terraço frontal com saída lateral de emergência, com 44,40m².

Já as unidades do Tipo B, apresentam uma área total de 130,58m² e

apresenta os seguintes ambientes: uma sala com cozinha integrada, com

28,74m²; dois quartos, ambos com 11,55m²; uma suíte de 15,55m² com banheiro

PNE (de acordo com a NBR 9050/15) de 5,04m²; um banheiro social, também

em conformidade com as normas de acessibilidade, com 4,80m², além de um

terraço frontal com saída lateral de emergência, totalizando 53,35m².

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Figura 38 - Perspectiva das unidades de vida privada

Fonte: elaboração da autora

O acesso principal de ambos os tipos de habitação se dá através de uma

rampa com inclinação de 8,33% com corrimãos em conformidade com as normas

de acessibilidade da NBR 9050/15, como visto na Figura 39 pela fachada frontal

(que pode variar a direção, devido à inclinação das mesmas em relação ao

terreno), e uma saída pelos fundos, usada em casos de emergência. Para

acessar a saída de emergência através dos quartos, foram pensadas portas

holandesas, que dispõem da possibilidade de funcionar como portas ou como

janelas, dependendo da necessidade do momento (Figura 40).

Figura 39 - Esquema de corrimão das rampas

Fonte: NBR 9050/2015

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Figura 40 - Exemplo de porta holandesa

Fonte: www.casadevalentina.com.br (2017)

O sistema construtivo utilizado nessas habitações é de alvenaria

convencional e estrutura em pórtico viga-pilar, com cobertura em telha ecológica

de fibra vegetal, Onduline, feita em material reciclado, na cor vermelha mesclada,

e com inclinação de 27% (Figura 41). Para utilizar-se da iluminação natural e

aproveitar ao máximo a incidência dos ventos predominantes, utilizaram-se

diretrizes de Armando de Holanda (2010), presentes no seu livro “Roteiro para

construir no Nordeste”. Optou-se por um pé direito alto, e abertura zenital na

cobertura, a fim de proporcionar a saída de ar quente do interior do edifício. Ainda

com o intuito de garantir um maior conforto térmico do ambiente, foram usados

brises e grandes beirais, além de revestimentos externos em cores claras e

madeira, para aumentar a reflexão dos raios solares e diminuir a entrada de calor

no edifício. As esquadrias utilizadas possuem moldura de madeira, e podem

apresentar vidro temperado ou venezianas, variando suas alturas e

comprimentos, como pode ser melhor especificado no quadro de esquadrias no

apêndice b.

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Figura 41 - Telha ecológica Onduline

Fonte: br.onduline.com (2018)

Para a pintura das fachadas, foi escolhida uma paleta de 3 cores – Raio

de luz, Queda livre e Praia de coral”, da marca Coral (Figura 42), as quais serão

distribuídas nas unidades habitacionais, de modo a criar uma maior identidade

dos moradores com a sua residência. Todas as fachadas apresentam, também,

molduras em lâminas de madeira, que visam demarcar os limites da edificação,

e valorizar a estética do edifício.

Figura 42 - Paleta de cores utilizada nas fachadas das unidades de vida privada

Fonte: coral.com.br (2018)

Quanto ao cálculo do reservatório de água, houve uma diferença entre as

duas tipologias, pois, de acordo com a NBR 5626, para o cálculo de

dimensionamento de reservatório de água, devem ser consideradas duas

pessoas em cada quarto da unidade e, uma vez que a tipologia A tem dois

quartos e a tipologia B tem três, o número de pessoas varia e, portando, varia

também o volume de água necessário em cada uma delas.

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Considerando-se que a habitação do tipo A possui 4 pessoas, e cada

pessoa deve dispor de 150 litros de água por dia, essa unidade deve ter 600

litros de água disponível por dia. Para evitar transtornos em uma eventual falta

de água, recomenda-se que seja feito o cálculo para dois dias. Portanto, a

capacidade de armazenamento de reservatório dessa habitação deve ser, no

mínimo 1.200 litros. Já a unidade do tipo B, comporta seis pessoas. Dessa forma,

realizando o mesmo procedimento anterior, o reservatório dessas unidades deve

apresentar volume mínimo de 1.800 litros.

7.4 ÁREA DE LAZER

Esta Cohousing conta com uma área de lazer, com área construída total

de 139,78m² mais área de deck (58,55m²) e piscina com dimensões de

14,25x7,00m e profundidade de 1,50m, dotada de área de transferência para o

acesso à piscina, de acordo com a NBR 9050/15. O prédio conta com os

seguintes ambientes: salão de mesas, com bancada, armários e churrasqueira,

com área de 119,45m²; dois banheiros PNE, sendo um masculino e um feminino,

com área de 4,80m² cada; piscina, com deck de 58,55m² e depósito armazenar

materiais da piscina, de 3,24m².

Figura 43 - Perspectiva da área de lazer

Fonte: elaboração da autora

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O acesso principal se dá pela fachada norte, a qual é voltada para a rua

principal da comunidade, e apresenta sistema construtivo de alvenaria

convencional e estrutura em pórtico viga-pilar, com cobertura em telha ecológica

de fibra vegetal, feita em material reciclado, na cor cerâmica, e com inclinação

de 27%. Para utilizar-se da iluminação natural e aproveitar ao máximo a

incidência dos ventos predominantes, optou-se por um pé direito alto, com 5,13m

considerando a cumeeira e pé direito mínimo de 3,88m nas extremidades. Além

disso, foi utilizada abertura zenital na cobertura (Figura 44), a fim de proporcionar

a saída de ar quente do interior do edifício. Ainda com o intuito de garantir um

maior conforto térmico do ambiente, foram utilizados grandes beirais, além de

revestimentos externos em cores claras e madeira, para aumentar a reflexão dos

raios solares e diminuir a entrada de calor no edifício. As esquadrias utilizadas

possuem moldura de madeira, e podem apresentar vidro temperado ou

venezianas, variando suas alturas e comprimentos, como pode ser melhor

especificado no quadro de esquadrias no apêndice b.

Figura 44 - Esquema de abertura zenital na cobertura

Fonte: Manual do Arquiteto Descalço, 2002

Todas as fachadas apresentam molduras em lâminas de madeira, que

visam demarcar os limites da edificação, e valorizar a estética do edifício.

Quanto ao cálculo do reservatório de água, foi considerado que a

capacidade máxima da casa coletiva é de 40 pessoas, que constitui o número

total de moradores da comunidade, considerando que existam 2 pessoas em

cada dormitório. Em conformidade com a NBR 5626/98 (Instalação predial de

água fria), esse edifício se encaixa em edifícios públicos, desta forma deve ser

destinada 50 litros por pessoa. Portanto, durante um dia a casa deve ter

disponível 2.000 litros. Para evitar transtornos em uma eventual falta de água ou

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incêndio, é necessário calcular o total de água disponível para dois dias, desta

forma, as caixas d’agua deverão comportar 4.000 litros para abastecer o prédio

da casa coletiva. Foi reservada, na cobertura do edifício, uma área para

armazenar duas caixas d’água, com capacidade de 2.000 litros, cada uma.

7.5 HORTA COMUNITÁRIA

A horta comunitária está presente em diversos exemplos de moradias

compartilhadas, e é notório que se trata de mais que um espaço intermediário

dentro da comunidade. Além de promover a interação entre os moradores, é

nessa área onde acontecem as vivências, trocas de conhecimento e

experimentos. Desse modo, assim como todos os outros exemplares de

Cohousing estudados, o novo habitat, proposto neste trabalho, contará com uma

horta dentro da área comunitária, estrategicamente localizada próxima à cozinha

da casa coletiva. Uma vez que a comunidade é voltada para o público idoso, é

importante que essa se adeque às normas de acessibilidade. Por isso, foram

pensados canteiros altos, de fácil circulação, como indicados pela NBR 9050/15,

mostrado na Figura 45 a seguir:

Figura 45 - Horta comunitária para idosos

Fonte: Elaboração da autora, 2018

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7.6 REDÁRIO

Tendo em vista que rede foi o conceito apresentado neste anteprojeto, e

considerando todos os sentimentos enraizados nesse objeto, como conforto,

acolhimento e sossego, criou-se um redário, no coração do terreno, com área de

76,64m² e espaço para 18 redes, com o intuito de fortalecer os laços entre os

moradores da comunidade, além de considerar a preservação da memória e

tradição do povo nordestino e a valorização da contemplação da natureza (figura

46). O redário é feito em madeira, e pode ser visto a partir de qualquer ponto do

terreno, e tem acesso através da rua central.

Figura 46 - Contemplação da natureza através do redário

Fonte: elaboração da autora

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos estudos realizados acerca de envelhecimento ativo, formas

de moradia compartilhadas e os conceitos de Cohousing, este trabalho mostrou-

se de grande importância, uma vez que foi possível aprofundar o debate acerca

dessas questões, já que se trata de uma tipologia de moradia ainda inexistente

no Brasil, e adaptar os seus conceitos para o público idoso, adequando às

normas de acessibilidade e às leis vigentes se mostrou uma tarefa desafiadora.

Para criar um embasamento para a pesquisa, foi necessário investigar as

raízes das comunidades intencionais, o que possibilitou entender os aspectos

intrínsecos ao estilo Cohousing e, relacionar o seu conceito com as premissas

de um envelhecimento saudável, se mostrou extremamente satisfatório, uma vez

que ambos valorizam a socialização entre indivíduos como proposição básica.

O estudo dos exemplares de tipologia Cohousing foi importante para a

elaboração da proposta, pois observou-se que, apesar de haver diferentes

comunidades nesse estilo ao redor do mundo, e todas apresentarem públicos,

terrenos e interesses distintos, elas compartilham de aspectos em comum, que

são os aspectos que caracterizam esse tipo de moradia, como: processo

participativo; presença de casa coletiva funcionando como o coração da

comunidade; implantação de estacionamentos na periferia do terreno; criação de

um espaço central de convivência, entre outros.

Inclusive, em relação ao processo participativo, esse se mostrou essencial

para a realização deste trabalho, pois este só se tornou possível através da

formação de um público voluntário real, que auxiliou em todo o processo de

concepção, escolha do terreno e determinação do programa de necessidades,

além de ter inspirado as maiores discussões sobre o tema, que acabaram

potencializando o conhecimento.

A maior dificuldade para o desenvolvimento do trabalho foi buscar

referências, no Brasil, sobre o tema, além de adequar o projeto às leis e normas

brasileiras, uma vez que esta é uma tipologia ainda inexistente no país e, por

isso, ainda não possui premissas legais relacionadas a ela.

Por fim, acredita-se que foi importante instigar essa discussão, para que

os voluntários que já pensavam em viver coletivamente possam compreender

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melhor e adotar essa tipologia como forma de moradia para o futuro. Além disso,

o debate pode despertar o interesse de novas pessoas, que passarão a conhecer

o conceito de Cohousing e poderão aderir a esse estilo, onde os indivíduos criam

laços afetivos e formam, de fato, uma comunidade.

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APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO REALIZADO COM OS MORADORES

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APÊNDICE B – PRANCHAS DO ANTEPROJETO

Conferir anexo.