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CAPACIDADE DE DKPERSAO DE HARMONL4 -IS PALLAS (COL, COCCINEttlDAE) APdS UMA MRGADA INUNDAWA PARA CONTROL0 DE AFfDEOS DO MIMO, RHOPALOSIPHUM PADI L E SITOBION AVENAE (F.) (HOM., APHIDIDAE). HENRIQUE JOSE SCHANDERL~ ANDRE FERRAN~ DANIEL CODER RE^ ANUNCIA~ VENTURA~ ANT~NIO ONOFRE sow1 JOSE MANUIT P m DE ALMEIDA~ JOANA TAVEIM~ Departamento de Biologia, Universidade dos &ores Rua M%e de Deus, 58. P-9502 PONTA DELGADA codex I.N.R.A. - hhratolre de BiologIe des Invertebrk., F-06602 Antibes 3 - Universidade do Qu&& i Montreal, CANADA A falta de estudos de dispersao de Coccinelideos afidifagos, e sobretudo o da utilizaqio de esp4cies de estratos difereotes daqueles a que est5o atribuidos em luta biolbgica, levou-nos a estudar a capacidade de dispersHo de Hamonia ~q~idiyridis PALLAS n uma cultura como a do rnilho para controlo de Rhopalosiph urn padl L e Sirobion avenae (F.) Verificou-se que a dispersso do predador ao fim de 24 horas era pouco significativa e que se deu em funq%o da presa e da sua forma eliml e nio do seu sex0 ou estram vegetal . Ao se utilizarem predadores entombfagos para controlo de pragas, urn dos problemas a ter em atenq%o C a sua capacidade de dispers3o. Esta esrA, normalmente, sujeita a diversos factores ecol6gicos. 0s factores que contribuern para esta dispers50, no caso dos Coccinelideos Afidifagos, sio normalmente a existencia de presas do agrado do predador, a temperama, o vento, a luminosidade e a humidade relativa. No caso presente me-se em conm sornente o factor bidtice ji que as outras condiqbes eram favorAveis i dispersgo da espPcie em causa (SCHANDERL, 1987 e 1992). 0 estudo da dispersiio 6 extremamente importante, poi3 dele depende o Cxito do controlo da praga em causa. Deste modo pretendeu-se conhecer, num espaqo de tempo definido, atraves de urn ndmero conhecido de adultos da espCcie Harmenia axyridis PALM e, utilizando urn mdtodo de largada Qnica na cultura de Milho, se a dispers20 do predador estava ou n3o relacianada corn a presenqa de presas e corn a alcura da cultura ji que Hamonia axyridis 6 considerada uma espkie essencialmenre arbha (IABLOKOFF-KHNZORIAN, 19 82).

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Page 1: CODER RE^ VENTURA~ sow1 JOSE Pm M%e L · 2011-08-30 · capacidade de dkpersao de harmonl4 -is pallas (col, coccinettldae) apds uma mrgada inundawa para control0 de affdeos do mimo,

CAPACIDADE DE DKPERSAO DE HARMONL4 -IS PALLAS (COL, COCCINEttlDAE) APdS UMA MRGADA INUNDAWA PARA

CONTROL0 DE AFfDEOS DO MIMO, RHOPALOSIPHUM PADI L E SITOBION AVENAE (F.) (HOM., APHIDIDAE).

HENRIQUE JOSE SCHANDERL~ ANDRE FERRAN~

DANIEL CODER RE^ A N U N C I A ~ VENTURA~ ANT~NIO ONOFRE s o w 1

JOSE MANUIT P m DE ALMEIDA~ JOANA TAVEIM~

Departamento de Biologia, Universidade dos &ores Rua M%e de Deus, 58. P-9502 PONTA DELGADA codex

I.N.R.A. - hhra to l re de BiologIe des Invertebrk., F-06602 Antibes

3 - Universidade do Qu&& i Montreal, CANADA

A falta de estudos de dispersao de Coccinelideos afidifagos, e sobretudo o da utilizaqio de esp4cies de estratos difereotes daqueles a que est5o atribuidos em luta biolbgica, levou-nos a estudar a capacidade de dispersHo de Hamonia ~q~idiyridis PALLAS n uma cultura como a do rnilho para controlo de Rhopalosiph urn padl L e Sirobion avenae (F.) Verificou-se que a dispersso do predador ao fim de 24 horas era pouco significativa e que se deu em funq%o da presa e da sua forma el iml e nio do seu sex0 ou estram vegetal .

Ao se utilizarem predadores entombfagos para controlo de pragas, urn dos problemas a ter em atenq%o C a sua capacidade de dispers3o. Esta esrA, normalmente, sujeita a diversos factores ecol6gicos. 0 s factores que contribuern para esta dispers50, no caso dos Coccinelideos Afidifagos, sio normalmente a existencia de presas do agrado do predador, a temperama, o vento, a luminosidade e a humidade relativa. No caso presente me-se em conm sornente o factor bidtice j i que as outras condiqbes eram favorAveis i dispersgo da espPcie em causa (SCHANDERL, 1987 e 1992).

0 estudo da dispersiio 6 extremamente importante, poi3 dele depende o Cxito do controlo da praga em causa. Deste modo pretendeu-se conhecer, num espaqo de tempo definido, atraves de urn ndmero conhecido de adultos da espCcie Harmenia axyridis PALM e, utilizando urn mdtodo de largada Qnica na cultura de Milho, se a dispers20 do predador estava ou n3o relacianada corn a presenqa de presas e corn a alcura da cultura j i que Hamonia axyridis 6 considerada uma espkie essencialmenre a r b h a (IABLOKOFF-KHNZORIAN, 19 82).

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MATERIAL E M~?OQOS

0 estudo foi efectuado num campo de Milha tipo Regional, na zona da Madalena na Ilha do Pico, sob as seguintes condlqbes: ternpratura media di&ria, 22" C; humidade reladva, 7546; vento inferlor a 2 rn /s; pluviosidade nula.

0 campo udlizado compreendia cerca de 1 hectare, e encontrava-se rodeado a Nore por urn camlnho publico, a Su1 por mams de Faias e Pinheisos, a Oeste por meradias e a Este por oums campos de Milho.

Da Prea total, e a contar da parte mais Oeste do campo, selecionamos uma area de 25 metros de comprimento por 15 metros de largura, a qua1 foi dividtda corn pontaletes de madeira e cordas de nylon em 5 parcelas de 15 metros de comprimento por 5 metros de largura. Cada parceIa por sua vez foi dividida em 3 amostragens de 5 m2 cada If g. 1 ).

A B

A - Campo de estudo 125 x 15 m) W

B - Parcela (1 5 x 5 rn)

C - Amostragem (5 x S m) a + € S

Figura 1. Esquema e orienta60 do campo de estudo corn as tespectivas parcelas e atnostragens,

Antes de se iniciar a largada das adultos de Harmonia axyridis foram nurneradas, por amostragem, as plantas existentes e anatadas a altura destas, o seu estado fenol6gic0, as plantas atacadas por afideos e as espCcies destes.

0 s adultos de H. axyrjdis, em no de 1500, sendo 750 de fomas escuras (conspicua) e 750 de forms claras (succinea) foram largados a partir de u m a Qnica cab de multiplicaq30 ( c a b em rede de mousseline corn 0,50 x 0,50 x 0,50 m) na parceta no 3 (Figura 1).

Ao Tim de 24 horas e por amostragem registaram-se, para cada planta, a exisdncia ou n2a de afideos, a quantidade de H. axyridis presentes por org%o, o seu sexo e padrao elitral. Igualmente, e por ptanta tendo em con& o no de folhas consideraram-se 3 zonas: Inferior (da la P 4a folha), Media (da A 8a folha) e Superior (acima da ga folha incluindo a espiga).

Tados os reulmdos foram analisados em cornputador Aplle Macintosh LC, atraves de programas de estatistica ( Extatistic, Slstar e Excel ) ou amvCs de urn calculadora cientifica Casio fx - 180P. Foram utilisados testes T, Man-Whiteney, regressees e Varl9ncias (Significancia a 95%).

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No total do estudo foram observadas 560 plantas corn uma alcura d d i a de 1,77 i 0,16 memos na qua1 cada amostragem continha, em mbdia, 37,3 + 3,6 plantas. A altura m4dia das plantas por amostragem (Quadro 1) n3o apresenmva diferenqas significativas (t - 0,1064; T - 2,049) e o seu estado fenoldgico era id&ntico em todos os exemplares.

Quadm 1. Quanlldade de plantas de Milho, sua altura mkdia, percentagem de plantas amcadas par afideos e percentagem de Harmonia amdis presentes par amostragem

No da

Parcela

1

2

3

-

4

5

No que respeita aos afideos veriflcou-se que as espCcies presentes eram: Rhopdosiphum padi L. e Sitobion avenae (F.). Estes enconmvam-se presentes em praticamente todas as amostragens (Figura 2 ) mas corn maior inciaencia nas parcelas 1, 2 e 4 onde atingiram valores der

N" da

Amostra

1

2

3

1

2

3

1

2

3

1

2

3

1

2

3

Total

39

37

32

33

45

37

38

38

40

32

40

42

36

35

36

Altura

(metros)

X k d

1,65k0,38

1,75*0,39

1,78&0,33

2,15*0,23

2,041t0,30

2,00*0,32

1,54*0,58

1,60*0,40

1,65*0,38

1,81*0,38

1,76*0,36

1,78*0,35

1,75*0,35

1,70&0,40

1,6Si0,3S

PLANTAS

% corn

Afideos

94,8

54,l

3 4 3

84,8

71,l

32,4

34,2

28,O

20,O

78,1

52,5

37,s

19,4

14,2

14,6

%corn

Fkdadores

10,2

19,O

6,3

21,2

31,l

10,8

553

40,2

30.0

9,4

27,5

7,2

5 s 0

0

% corn

hedadores

& Presas

10,2

8,2

6,3

2 1,2

28,8

10,s

21,l

IS ,O

5,O

9,4

12,s

7,2

5,s

0

0

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Ao analizarmos as amostragens por parcelas C evidenciado uma distribuir,%o heterogenea (Cpadro I). Na parcela 1, a amostragem 1 indica-nos que 94,8% das plantas estavam contaminadas enquanto que nesta mesma parcela a amosmgern 3 continha somente 34,3 % (Qvadra 1).

A- % plantas corn af ideos por amostragem

mj 0 - 2 0 s

1 1 1 1 1 1 1 21 - 40%

- 41 -60%

A 61 -80%

81 -100%

B - W plantas corn H8rmflfe ~ ~ k y f idis p o r amostragem

1 C - W d e H8rmonfd 8,kyrfdis em relacgo no total

2 introduzido

3

FJgura 2 - Percentagem de afidms e de predadoms prcsentcs,e sua dispersgo ern relaqPo ao no inicial introduzido por parcela e por amostragem

A distribuiq2io heterogbnea dos afideos, no campo de estudo, veio por em evidencia, que a dispersio do predador ( apesar de ter sido verificada somente 24 horas apbs a largada ) se efectuou em Funqiio das presas (Fig. 2 ) . Verifica-se que na parcela 5 (Fig. 2 , desenho B ) a percentagem de afideos para as 3 amostragens, era inferior a 2M, e que ai, encontramos 5,5% de plantas corn pxesenqa do predador, enquanto que, nas parcelas 1, 2 e 4 onde as percentagens de plantas corn afideos era mais elevada, a percentagem de predadores presentes se situou entre 6,3 e 3 1,1%. Isto C tanto mais widente se atender-mos a correla~Ha linear obtida entre as percentagens de plantas corn afideos e a da presenqa do predador (Y 0,0397 + 0,006 X. R = 0,7 1) (Fig. 3).

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Figusa 3. Regress50 linear abtida entre a % de predadores e de plantas corn afideos por amostragern.

Se tiverrnos somente em conta a % de H. axyridis que se dispersou ae fim das 2 4 hosas aplrs a largada, em relacgo ao no inicial de individuos, verifica-se que esta C ainda fraca (7,2 %), mas que se deu de acordo corn as col6nias de afideas presentcs nas diversas amostragens (Fig 2, desenho C ). De iguaP modo vcrificamos se a distribuiq50 do predador tinha alguma relacPo corn a situaqPo vertical: dos afideos nas plantas. Verificou-se que estes se encontravam presentes pefos vhios niveis cclnsiderados ( Qpadro 2) . 0 s afideos dernonstrararn uma preferencia pelo nivel superior ( 26,8461, pois o valor ai encontrado era identico a soma dos valores dos ourros niveis ( 26,8%). Ne caso do predader (Quadro 2 ) verificou-se que este se enconma distribuido pelos vArios niveis m a s corn especial incidencia pelo nivel superior, (Superior: 59,8% ; Media: 22,494 ; Inferior: I7,8%), visto ser neste nivel que as col6nias de afideos el-am rnaiores.

Quadm 2. Niirnem de formas e sexos repartidos pelos niveis de distribulq30 e percentagern de planms corn afideos nestes niveis.

Nivels de

DlstrIbui C ~ Q

Em relac20 1 H. axysldis tivemos ainda em conta a sua distribui~so horizontal (distribuiq30 pelas parcelas) e vertical (em relaqgo aos 3 niveis das plantas) em funq30 do padrao eliml e do seu sexo. Verificou-se que a forma conspicua se dispersou mais rapidamente que a foma slrccinea tanto na horfson tal como na vertical (Quadro 2). Na vertical o predador acompanhava a distribuiq3o das presas enquanto que na horizontal, e n5o tendo em coma a amostragern 2 da parcela

% de Plantas

corn

Afideos Superior 1 . 26,s

Harmonla m d i s

TOTAL

64

FORMAS E SMOS

r 19

25 0

Inferior 1 15,2 8 7 3

27

Escuras

5 1

5 f?mea

7

Clam

marha femea macho

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no 3 na qua1 se efectuou a largada, encontramos 86 individuos (5,7% do total de individuos largados) da forma conspima e 21 individuos da forma succinea ou seja 1'4% do total dc individuos introduzidos. 0 que nos pemite dedlrzir que as formas escuras (conspima ) tern uma capacidade de dispersZo, nas condic;&s de meio encontradas, 3,s vezes superior que as formas claras (succinea).

Em funqiio do sexo, verificou-se que tanto as fgmeas como os machos apresentarn a mesma capacidade de dispersao (Quadro 2) independentemente desta ser considerada na horizontal ou vertical.

A fraca dis persilo demonstrada pel0 predador e a relaeo estreita deste corn a presa leva-nos a supdr que a dispersgo de Harmonia axyridis PALLAS esta relacionada corn a presa e nZio corn o tip0 de cultura ao conm&rio do que tern side demonstrado por outros autores (HODEK, 1973; ]PERT1 1978) em relaqiio a outros caccinelideos afidifagos. Vesificou-se que os afideos Rhopalosiphum padi L. e Sirobion avenae (F.) apesar de n8o citados como preferhcias alimentares para H. axyridis foram os responsgveis pela dispersio do predador mnto na horizontal como na vertical, o que nos leva a pensar que estes dwem ser incIuidos na lista dos seus alimentos preferenciais.

Nas condiqiies de meio verificadas os resultados demonstram que as formas escuras tern uma capacidade de dispersio superior i s formas cIaras e que o sexo nHo tern qualquer influencia na sua dispersao. De qualquer mod0 este estudo deverA ser alargado no tempo e aprofundado no que respeita Q voracidade do predador em relaq20 5s virias presas presentes e ao seu comportamenm.

HODEK, I., 1973. Biology of Coccinellidae. Czechoslovak Academy of Sciences. Pub. House Prague, 260 pp.

IABLOKOFF-KHNZORIAN, S. M., 1982. Les caccinelles, coleop [fires Coccinellidae. Soc. Nouv. Edi. Boub&, Paris, 568 pp.

IPERTi, G., 1978. Cornportement alirnenmire des Coccinelles. Ann. 2001. Ecol. h i m . 10 (3): 405 - 406.

SCHANDERL, H. J., 1987. Determination des conditions optimdes d'devage de la coccinelle Harmonja axyridis PALLAS [Col., CoccinelIidae) et possibilitk d'une praduccion continue h I'aide d'une proie de substituition, Ees oeufs dlEphestia kuehniella ZELLER (Lep., Pyralidae). 7'hese de Docteur en Sciences. Univ. de Marseille JII. 13 9 pp.

SCHANDERL , H. J., AIMEIDA, J.,1992. Introdu~ao de Harmonia axyn'dis PALLAS (Cot, Coccinellidae) na Iiha de S. Maria. A~oreana, 7 (3) 401-406.