c s lewis-cartas do inferno

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  • 8/13/2019 C S Lewis-Cartas Do Inferno

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    Cartas do InfernoCartas do Inferno

    Completas (31 Cartas)

    C. S. Lewis

    Ttulo original: The Screwtape Letters

    Traduo e incluso das Cartas XVI a XXXe Formatao: SusanaCap

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    Sumrio

    P!F"CI#

    I$T#%&'(#C)T) $*mero I

    C)T) $*mero II

    C)T) $*mero III

    C)T) $*mero IV

    C)T) $*mero V

    C)T) $*mero VI

    C)T) $*mero VIIC)T) $*mero VIII

    C)T) $*mero IX

    C)T) $*mero X

    C)T) $*mero XI

    C)T) $*mero XII

    C)T) $*mero XIII

    C)T) $*mero XIVC)T) $*mero XV

    C)T) $*mero XVI

    C)T) $*mero XVII

    C)T) $*mero XVIII

    C)T) $*mero XIX

    C)T) $*mero XX

    C)T) $*mero XXI

    C)T) $*mero XXII

    C)T) $*mero XXIII

    C)T) $*mero XXIV

    C)T) $*mero XXV

    C)T) $*mero XXVI

    C)T) $*mero XXVII

    C)T) $*mero XXVIII

    C)T) $*mero XXIXC)T) $*mero XXX

    C)T) $*mero XXXI

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    A melhor forma de correr com o Diabo, se ele no serende aos textos das Escrituras zombar e caoardele, pois o mesmo no suporta o escrnio.

    Martinho Lutero

    O Diabo... o esprito do Orulho... !o suporta serdebochado.

    Thomas More

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    PREFCIO

    No pretendo explicar como a correspondncia que agora exponho chegous minhas mos. H dois erros iguais e opostos no que diz respeito matriaDemnios: ma desacreditar em sua existncia.A outra acreditar e sentir umexcessi!o e doentio interesse neles. "s mesmos demnios #icam igualmentesatis#eitos pelos dois erros e portanto$ contemplam um materialista e um mgicocom o mesmo prazer. " tipo de roteiro que usado neste li!ro pode #acilmenteser construti!o para qualquer um que tenha aprendido o %pulo do gato%$ ou se&a$ &tenha um m'nimo de conhecimento so(re nossos ad!ersrios) mas para qualquerum que tenha inten*+es escusas a respeito do uso deste material & adianto: Noconte comigo ,

    "s leitores so ad!ertidos a conceituar o Dia(o como um mentiroso) nemtudo que o -cretape diz poderia ser assumido como !erdade$ mesmo do seu

    pr/prio ponto de !ista. No tenho tentado identi#icar qualquer dos seres humanosdas cartas) mas creio ser impro!!el que as personalidades 0ou papis querepresentam1 digamos$ o 2astor -pi3e ou a me do paciente$ #ossem exatos. H

    pensamentos ansiosos tanto no 4n#erno quanto na 5erra.

    6oncluindo$ #oi #eito pouco es#or*o para concatenar a cronologia dascartas.A carta de n7mero 8944parece ter sido composta antes do racionamento

    de guerra #icar srio) mas em geral$ o mtodo dia(/lico de contar datas no temqualquer rela*o com o tempo terrestre$ e portanto$ no me preocupei em entendlo ou reproduzilo.A hist/ria da ;uerra agdalen 6ollege$ ? de @ulho$ ABCA

    INTRODUO

    oi durante a -egunda ;uerra >undial que as 6artas do 4n#ernoapareceram em colunas do ;uardian 0agora extinto1. as$ com certeza$ #izeramno perder dentre seus leitores$

    pelo menos um: determinado clrigo do interior te!e oportunidade de escrever aoredator cancelando sua assinatura so( a alega*o de que %muitos dos conselhos!eiculados por aquelas cartas lhe pareciam no somente errados mas at mesmo

    dia(/licos%.

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    teria sido$ de #ato$ atingido. E procura do li!ro #oi$ desde o in'cio$ prodigiosa eassim tem continuado de modo crescente. Na realidade$ a !enda nem sempresigni#ica o que os autores esperam. -e o leitor pretender a!aliar o n7mero dos quelem a F'(lia pelo n7mero de F'(lias que so !endidas$ certamente incorrer emgrande erro.As 6artas do 4n#erno$ dentro de seus limites$ esto expostas mesmasorte de am(igGidade. < li!ro do tipo que se costuma o#erecer a a#ilhados$ do tipoque costuma ser lido em !oz alta por ocasio dos retiros. < at mesmo$ como &o(ser!ei com um riso algo #or*ado$ daquele tipo de li!ros que so deixados nosquartos de h/spedes$ para que ali permane*am sem qualquer manuseio. 2or !ezes$tais li!ros so comprados por moti!os ainda menos plaus'!eis. 6erta senhoraconhecida do autor desco(riu que a (ela atendente que lhe enchia (olsas de guaquente no hospital$ ha!ia lidoAs 6artas do in#erno. oilhe dado tam(m sa(er o

    porqu: A senhora sa(e$ disse a mo*a$ #omos ad!ertidas de que nas entre!istas$depois de serem respondidas as perguntas relacionadas com assuntos reais e

    tcnicos$ a diretoria e outros s !ezesfazemperguntas so(re nossos interesses demodo geral... Nesse caso$ a melhor coisa respondermos que gostamos de ler.Essim sendo$ rece(emos uma lista de cerca de dez li!ros de leitura mais ou menosagrad!el$ com a recomenda*o de que de!er'amos ler pelo menos um deles.

    eu admito mesmo a existncia do Dia(o. "ra$ se por Dia(o o inquiridor queriadizer a existncia de um poder oposto a Deus e$ como Deus$ autoexistente desdea eternidade$ a resposta sem d7!ida$ no, Nenhum ser nocriado existe alem deDeus. Deus no tem nenhum ente que lhe se&a oposto. Nenhum ser poderia &amaisalcan*ar uma to %per#eita maldade% que se opusesse per#eita (ondade de Deus.Iuando$ pois$ se tirasse a esse ser oposto todas as espcies de coisas (oas: ainteligncia$ a !ontade$ a mem/ria$ a energia e a existncia pr/pria$ nada mais lherestaria.

    Apergunta mais ca('!el : -e eu admito a existncia de dia(os. Edmitoa$sim. 4sto quer dizer o seguinte: 6reio na existncia de an&os e admito que algunsdestes$ pelo a(uso do li!re ar('trio$ tornaramse inimigos de Deus e$ pordecorrncia desse #ato$ tam(m so nossos inimigos. A tais an&os podemoschamar dia(os. No di#erem$ quanto essncia$ dos (ons an&os$ mas a naturezadeles depra!ada. Dia(o op+ese a an&o no sentido em que dizemos que homemmau o oposto a homem (om. -atans$ o l'der ou ditador dos dia(os$ no ente

    oposto a Deus e$sim ao arcan&o >iguel. Essim admito$ no como se tal coisaconstitu'sse uma parte essencial de meu credo$ mas no sentido de que uma deminhas opini+es. >inha religio no cairia em ru'nas caso #osse demonstrada a

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    #alsidade desta opinio. Et que se&a demonstrada tal #alsidade di#'cil seremarran&adas pro!as de #atos negati!os pre#iro manter minha opinio. 5enhosempre para mim que ela concorre para explicar muitos #atos.

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    imagina*o de >ilton. "s demnios pensados por >ilton$ por causa da ma&estadee ele!a*o potica que os adorna$ tem causado grandes males 0alis$ seus an&osde!em demasiado a Homero e a Kaphael1. e#ist/#eles de ;oethe. < austo$ e no>e#ist/#eles$ quem mostra !erdadeiramente o egocentrismo impiedoso insano e#eroz concentrado em si mesmo$ que a pr/pria caracter'stica do 4n#erno.>e#ist/#eles$ por ser caracterizado como um espirituoso$ ci!ilizado$ sagaz e#acilmente adapt!el$ tem cola(orado para que se alimente a #alsa idia de que omal proporciona 0de alguma maneira1 a li(erdade$ quando & se tornou patente queo que ocorre &ustamente o in!erso. "s homens conseguem e!itar a prtica deerros cometidos por algum importante) #iz o poss'!el para que meu sim(olismono ca'sse no erro de ;oethe$ pelo menos$ porque tra(alhar com humorismo exigecerto sentido de propor*o$ alem da capacidade de algum contemplarse a simesmo como se esti!esse olhando pelos olhos de outra pessoa externa. 2odemos

    responsa(ilizar qualquer ser que ha&a pecado pelo orgulho por um oceano deculpas$ mas no por esta. 6hesterton disse que -atans caiu pelo e#eito da or*ada ;ra!idade. 2odemos imaginar o 4n#erno como sendo uma situa*o em quetodos esto preocupados com conceitos como dignidade e progresso pelos

    pr/prios es#or*os$ onde todos se sentem o#endidos$ e se de(atem tomados porpaix+es #atais como a in!e&a$ a !aidade e o ressentimento. < estes so apenasalguns dos elementos. Edmito que pre#iro morcegos do que (urocratas. 9i!onesta poca de grandes e %(rilhantes% administradores. "s maiores males & no

    acontecem nos per!ersos %redutos criminosos%$ que Dic3ens tanto aprecia!adescre!er. Nem sequer nos hediondos campos de concentra*o. Nestes campos$apenas temos !iso dos resultados de outros males que #oram praticados antes$causando estes mesmos campos. A !erdade$ porem$ que os maiores males ecrimes so criados$ arquitetados e executados em escrit/rios (em limpos$atapetados$ re#rigerados e (em iluminados por homens de colarinho (ranco$ unhas

    (em cuidadas) esto sempre (em (ar(eados e &amais precisam ele!ar seu tom de!oz.

    2or causa disso$ os s'm(olos que eu uso para #alar do 4n#erno se originamda (urocracia de um estado onde a pol'cia domina ou do am(iente caracter'sticode escrit/rios de certos esta(elecimentos comerciais terri!elmente imundos. Echo

    (em mais concreto e sugesti!o. >ilton diz que %dia(o maldito com dia(o malditomantm s/lida concordJncia%. 5udo (em$ mas como 6ertamente no pelosla*os da amizade ou #raternidade !erdadeiras$ pois qualquer ser que possa amarainda no um dia(o. >ais uma !ez$ creio que o -im(olismo que usei pareceu

    7til$ pois me permitiu$ por compara*+es terrenas #azer uma (oa idia de outrasociedade que s/ se mantm por causa do medo e da am(i*o. -uper#icialmente$as maneiras so normalmente delicadas$ pois um tratamento rude para com seu

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    superior seria suic'dio) e quando um superior #alasse com um su(ordinado$ se o#izesse com rispidez ou rudeza$ isto #aria com que os mesmos su(ordinados#icassem pre!enidos antes que o che#e esti!esse pronto para dar a %#acada nascostas%. 6om e#eito$ %co(ra come co(ra% o principio de toda a "rganiza*o4n#ernal. 5odos dese&am o descrdito$ a derrota e a ru'na de todos os outros.

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    como %almas a(sor!idas%$ mas como indi!'duos aprimorados$ des#rutadores detodo o deleite e prazer que a presen*a de Deus proporciona.

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    -cretape era todo p/$ areia$ #ome$ sede e c/cegas. 5odos os !est'gios de (eleza$#rescura e !erdade tinham de ser exclu'dos$ e isso quase me su#ocou antes mesmode chegar ao #im. "utra coisa que me deixou a#lito em tal li!ro #oi ele no seruma o(ra original a ponto de ningum poder escrever algo semelhante.

    4dealmente$ a orienta*o prestada por -cretape a Oormood de!eria sercontra(alan*ada pelo conselho de um Ercan&o a um an&o protetor do paciente.-em isto$ o quadro da !ida humanaparece estar inclinado para o lado ad!ersriode Deus. esmo que alguma

    pessoa que teria que ser muito melhor que eu chegasse a escalar as alturascelestiais necessrias$ qual seria o estilo que se teria que empregar 2orque esteestilo teria de ser to su(lime quanto o assunto. No (astaria ministrar conselhos$cada senten*a teria de emanar o aroma celestial. < atualmente$ mesmo que se

    pudesse escre!er em prosa igual de 5rahrnes$ no se lhe permitiria #azlo$ uma!ez que os ditames do #uncionalismo tem ina(ilitado a literatura relati!amente metade das #un*+es que lhe pertencem. 0No #undo$ todo ideal estil'stico no s/cita normas quanto a maneira como as coisas de!em ser ditas$ mas tam(mrelati!amente as pr/prias coisas que se nos permite dizer1. E;DE=FK4D;aio de ABQR. 6=49< -. =eu 6aro Oormood:

    2restei (astante aten*o no que !oc disse acerca de conduzir as leituras do

    seu paciente$ tomando cuidado para que ele assimile (astante daquele amigomaterialista. >as !oc no est sendo um pouquinho ingnuo nesta tare#a2areceme que !oc est se con!encendo 0no sei (aseado em qu1 que atra!s da

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    argumenta*o !oc pode a#astlo da in#luncia do 4nimigo. 4sso at seriaaceit!el$ se seu paciente ti!esse !i!ido alguns sculos atrs$ pois naquele tempoos humanos ainda sa(iam distinguir quando uma coisa ha!ia sido pro!ada ou no.< se ti!esse sido$ os homens a aceita!am e muda!am sua maneira de agir e de

    pensar$ somente seguindo uma corrente de racioc'nio. No entanto$ de!ido imprensa semanal e a armas semelhantes$ alteramos (astante este contexto. 2artado princ'pio que sua !'tima & se acostumou desde crian*a a ter uma d7zia de#iloso#ias di#erentes dan*ando em sua ca(e*a.

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    alimento. 2enso ter sido essa a tcnica do 4nimigo porque quando lhe disse%Fasta, 4sto algo muito importante para se meditar num #inal de manh...%$ !ique o paciente #icou satis#eito. Essim$ arrisquei dizer: %< muito melhor se !oc!oltar ao assunto depois do almo*o e estudar o pro(lema com ca(e*a mais #resca.

    No ha!ia aca(ado a #rase e ele & esta!a no meio do caminho para a rua. Na rua$a (atalha esta!a ganha. >ostreilhe um &ornaleiro gritando %"lha o @ornal da5arde%$ e o Sni(us No.TL que ia passando$ e antes que ele ti!esse dado muitos

    passos$ eu o tinha con!encido de que se&am l quais #orem as idiasextraordinrias que possam !ir mente de algum trancado com seus li!ros$ (astauma dose de %9ida Keal% 0que ele entendia como o ni(us e o &ornaleiro gritando1

    para persuadilo que %Equilo 5udo% no podia ser !erdade de &eito nenhum. A!'tima escapara por um #io$ e anos mais tarde$ gosta!a de se re#erir quela ocasiocomo %senso inarticulado de realidade$ que o 7ltimo sal!a!idas contra asa(erra*+es da simples l/gica%. Ho&e$ ele est seguro$ na 6asa de Nosso 2ai.

    6ome*a a perce(er ;ra*as a processos que ensinamos em sculos passados$ oshomens acham quase imposs'!el crer em realidades que no lhes se&am#amiliares$ se esto diante de seus olhos #atos mais ordinrios. 4nsista pois em lhemostrar o lado comum das coisas. Ecima de tudo$ no #a*a qualquer tentati!a deusar a 6incia 0digo$ a !erdadeira1 como de#esa contra o 6ristianismo.6ertamente$ as 6incias o encora&ariam a pensar em realidades que a !iso e otato no perce(em. 5em ha!ido tristes perdas para n/s entre os cientistas da'sica. -e a !'tima teimar em mergulhar na 6incia$ #a*a tudo que !oc puder

    para dirigila para estudos econmicos e sociais$ acima de tudo$ no deixe que elaa(andone a indispens!el %9ida Keal%. >as o ideal no deixar que leia coisaalguma de 6incia alguma$ e sim lhe dar a idia de que & sa(e de tudo e que tudoque ele assimila das con!ersas nas %rodinhas% so resultados das %desco(ertasmais recentes%. No se esque*a que sua #un*o con#undir a !'tima. 2ela maneiracomo alguns de !ocs$ dia(os inexperientes #alam$ poderiam at pensar 0quea(surdo,1 que nossa #un*o #osse ensinar,

    -eu a#etuoso tio$

    -cretape

    CARTA Nmero II

    >eu 6aro Oormood:

    9e&o$ com muito desgosto que sua !'tima tornouse um cristo. Nem por

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    sonho alimente a esperan*a de que poder escapar aos castigos normais) come#eito$ em seus melhores momentos$ espero que !oc nem mesmo pense em talcoisa.

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    certeza !ir ao paciente no decorrer das primeiras semanas de #reqGncia igre&a." 4nimigo permite que o re#erido desapontamento ocorra na #ase inicial de todosos es#or*os dos seres humanos. "corre quando o adolescente que experimentara!erdadeiros enleios ao ou!ir as hist/rias da "dissia passa depois a estudar$ coma#inco$ a l'ngua grega. "corre quando os noi!os #inalmente se casam e come*ama real tare#a de aprender a !i!er &unto.

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    CARTA Nmero III

    >eu caro Oormood:

    Elegrame so(remodo o que !oc me diz a respeito das rela*+es dessehomem com sua me. >as !oc tem de tirar maior !antagem: pode ser que o4nimigo este&a operando de dentro para #ora$ conduzindo o pacientegradati!amente ado*o dos padr+es no!os propostos sua conduta de modo quea qualquer momento possa #azlo su(misso antiga senhora. < preciso que !ocse&a o primeiro a entrar. 2onhase em contato com nosso colega E(sinto$ que temaquela me a seu cargo$ e !ocs dois procurem arquitetar no 'ntimo do paciente$

    um h(ito e#iciente e prop'cio$ de pro!ocar m7tuos a(orrecimentos: chaticesdirias. "s mtodos que passo a sugerir so muito 7teis:

    A. >antenha a mente da !'tima presa !ida interior dele mesmo$ posto quesua aten*o se !olta presentemente para aquela !erso expurgada dos re#eridosestgios de amadurecimento da alma$ que tudo quanto !oc lhe de!e concederque contemple. antenhalhe a mente a(stra'da relati!amente aos

    de!eres mais elementares por insistir em que ela se diri&a s/ para os de!eres maisa!an*ados e mais espirituais. a*a mais gra!e essa caracter'stica humana que soo horror e a negligncia para com as coisas mais simples. 9oc poder le!lo acondi*o na qual se torna poss'!el o autoexame durante uma hora sem que#iquem desco(ertos #atos a respeito de si mesmo que seriam a(solutamente clarosaos que tenham con!i!ido com ele no mesmo escrit/rio.

    U. -em d7!ida quase imposs'!el impedirlhe que interceda por sua me$mas temos meios para #azer com que tal intercesso #ique nula. 6erti#iquese deque as ora*+es se&am sempre muito espirituais$ de modo que o paciente se

    preocupe incessantemente com o estado da alma de sua me e no com seus%reumatismos%. Duas so as !antagens que da' pro!em.

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    #reqGentemente erradas$ ele estar de uma certa #orma$ orando por uma pessoaimaginria$ e sua tare#a #azer com que a pessoa imaginria se distancie mais emais da me real a !elha senhora de l'ngua a#iada no ca# da manh. 6om o

    passar do tempo$ !oc poder alargar esta distJncia a tal ponto que nenhumpensamento ou sentimento !indo de suas ora*+es possa #luir para a personagemreal. @ ti!e pacientes to (em manipulados que poderiam mudar num instante deuma apaixonada ora*o pelas %almas% de sua esposa ou #ilhos para oespancamento e insulto dos #amiliares reais sem constrangimento algum.

    L. Iuando dois seres humanos !i!eram &untos por muito tempo$ usualmenteaparecem tons de !oz e express+es #aciais de um que quase enlouquecem de #7riaao outro. 5ra(alhe em cima disso, 5raga lem(ran*a de seu paciente aqueleespecial arquear de so(rancelhas que ele aprendeu a detestar desde a in#Jncia$ e

    con!en*ao de quanto ele detesta este tre&eito. a*a com que ele assuma que elasa(e per#eitamente o quo irritante esta mania e por isso mesmo #az a tal caretade prop/sito s/ para atormentlo se !oc sou(er tra(alhar$ ele nuncadescon#iar da imensa impro(a(ilidade de tal presun*o. < claro$ nunca o deixe

    perce(er que alguns tons de !oz e express+es #aciais dele a a(orre*am da mesma#orma. @ que ele no pode se !er ou ou!ir pela /tica dela$ isto de #cilexecu*o.

    C. Na !ida domstica ci!ilizada$ aparecem express+es que aparentariamtotal inocncia se escritas no papel 0ou se&a$ as pala!ras em si no so o#ensi!as1$mas ditas com certo tom de !oz$ ou num dado momento ou com certo sorriso$assemelhamse a autnticas (o#etadas na cara. 9isando manter este &ogo (emaceso$ !oc e o E(sinto de!em estudar todos os detalhes a #im de manter estadupla de idiotas com tam(m duplo padro de personalidade e comportamento.-eu paciente de!er co(rar que tudo que ele disser se&a tomado ao p da letra e

    &ulgado simplesmente pelo teor das pala!ras$ ao mesmo tempo em que ele #azexatamente o oposto com tudo que a coroa disser$ &ulgando cada tom$ gesto$

    expresso #acial como #ormas !eladas de agresso. Eo mesmo tempo$ E(sintode!er encora&la mesma atitude. Essim$ depois de cada (riga$ cada um deles

    poder sair con!encido 0ou quase con!encido1 de que esta!a totalmente inocente.9oc sa(e aquele tipo de papo: %

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    o que ela nunca conseguiu inculcarlhe =em(rese do irmo mais !elho na2ar(ola do 4nimigo...

    E#etuosamente$ seu tio

    -cretape

    CARTA Nmero IV

    >eu 6aro Oormood:

    Es sugest+es amador'sticas em sua 7ltima carta ad!ertemme que chegada a hora de escrever a !oc so(re o doloroso assunto da ora*o. 9oc (empoderia ter poupado o comentrio tipo %mostraramse singularmente in#elizes%so(re minhas ad!ertncias acerca das ora*+es dele por sua me. 4sto no o tipode coisa que um so(rinho de!esse escre!er a seu tio nem um tentador aprendizao su(secretrio de um departamento. -ua postura re!ela tam(m um poucorecomend!el dese&o de #ugir responsa(ilidade) !oc precisa aprender a pagar

    por seus pr/prios desacertos. E melhor coisa$ quando poss'!el$ manter o

    paciente totalmente #ora da inten*o sria de orar. Iuando o paciente um adultorecentemente reconciliado ao partido do 4nimigo$ como o caso do seu homem$ omelhor encora&lo a se lem(rar 0ou pensar que se lem(ra1 da natureza decon!ersa de papagaio em suas ora*+es de in#Jncia.

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    V di!ertido como os mortais sempre nos pintam como %colocando coisasem suas mentes%: na realidade$ nosso melhor tra(alho consiste &ustamente eme!itar que certas coisas cheguem a suas mentes. -e isto tudo #alhar$ !oc de!erretroceder em um sutil mau encaminhamento de sua inten*o. -empre que oshomens esto procurando #azer a !ontade do 4nimigo n/s estamos derrotados$ mash #ormas de e!itar que eles #a*am assim.A mais simples destas #ormas des!iara contempla*o deles do 4nimigo para eles pr/prios. >antenhaos na introspec*ode suas pr/prias mentes e na tentati!a de produzir sentimentos %no(res% interiores

    por sua pr/pria !ontade pessoal. Iuando$ por exemplo$ eles #orem pedir ao4nimigo o dom da compaixo$ deixeos$ ao in!s disso$ iniciar uma tentati!a de

    produzir sentimentos de compaixo por suas pr/prias energias e no seaperceberem que isso que esto #azendo. Iuando eles come*arem a orar porcoragem$ dlhes uma con!ic*o de serem dotados de (ra!ura. Iuando elesdisserem que esto orando pelo perdo$ le!eos a & se sentirem perdoados.

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    manter o dito o(&eto sempre em sua mente$ durante qualquer ora*o. 2ois se ele!ier a #azer a distin*o$ se ele conscientemente dirigir suas ora*+es %No ao queeu penso que 5u s$ mas ao que 5u sa(es ser%$ nossa situa*o ser$ no momento$desesperadora, Desde que todos os seus pensamentos e imagens tenham sidodescartados para longe$ ou se retidas$ retidas com o conhecimento total de suanatureza meramente su(&eti!a$ e o homem passe a con#iar na completamente real$externa e in!is'!el 2resen*a que se encontra com ele no quarto$ e que &amais serdele conhecida tanto quanto o conhece #a , danos incalcul!eis podero !irso(re n/s.A #im de e!itar esta situa*o esta real pureza de alma na ora*o !ocser auxiliado pelo aspecto de que os seres humanos no dese&am tanto esta

    pureza quanto eles mesmos sup+em. 2ermanece sempre o medo de receberemmais do que ha!iam rei!indicado receber.

    -eu a#etuoso tio>"K6

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    di!erso, -e alguma negligncia ou desleixo de sua parte culminar na perda denossa !'tima$ !oc #icar eternamente sedento por este trago re#rigerante de que!oc se deliciou com uma primeira gota. -e$ por outro lado$ pela aplica*ocalculada e #ria de seus es#or*os aqui e agora !oc puder %assegurar% sua alma$ elair ser sua eternamente uma !ida qual clice trans(ordante de desespero$ horror e

    perplexidade que !oc poder le!ar aos l(ios quantas !ezes quiser. Epenas nopermita que nenhuma excita*o passageira o distraia de seu real tra(alho de minaro alicerce de # do paciente$ (em como e!itar nele a #orma*o de !irtudes.>andeme 0e sem #alta,1 na pr/xima carta um relat/rio completo das rea*+es do

    paciente guerra$ a#im de que consideremos o melhor a #azer) tornlo umextremista patriota ou um ardente paci#ista. as de antemo$ & o pre!ino a no esperar grande coisa de uma guerra.6oncordo que uma guerra recreati!a. " medo e so#rimento imediato doshumanos um leg'timo e agrad!el re#rigrio para nossa mir'ade de ocupados

    tra(alhadores. >as que (ene#'cio permanente isso pode nos dar se no pudermosconduzir almas para Nosso 2ai = de Faixo Iuando !e&o o so#rimentotemporrio de humanos que #inalmente nos escapam$ sinto como se me ti!essem

    permitido pro!ar o cou!ert de um rico (anquete e impedido de sa(orear o resto. eu 7nico receio se(aseia na possi(ilidade de !oc empurrar o paciente para a perdi*o to

    rapidamente que ele despertasse para o discernimento de sua real posi*o. 2ara eue !oc$ que !emos tal posi*o como realmente $ &amais de!e ser esquecido oquanto isso tudo de!e parecer para ele. -a(emos que conseguimos introduzir umagrande mudan*a de dire*o no curso da !ida dele$ a qual & o est tirando da/r(ita em redor do 4nimigo) mas ele precisa ser le!ado a acreditar que todas asescolhas recentes que tem #eito so tri!iais e re!og!eis.

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    2or esta razo$ estou quase alegre ao ou!ir que ele ainda um #reqGentadorda igre&a e ainda participa da 6eia do -enhor. 6onhe*o (em os perigos queexistem nisso$ mas qualquer coisa melhor do que se ele #izesse uma compara*osria a respeito do que tem #eito nos 7ltimos dias e do que #azia nos primeirosmeses de sua !ida crist.

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    cada !ez menos apraz'!eis e cada !ez mais di#'ceis de se a(andonar 0pois exatamente isto que o h(ito rotineiro #az com qualquer prazer1 !oc o(ser!arque quase nada ou mesmo nada ser su#iciente para atrair sua aten*o errante.9oc no precisar mais de um (om li!ro$ do qual ele realmente goste$ paramantlo longe de suas ora*+es ou de seu tra(alho ou de seu sono) uma coluna deconselhos do &ornal de ontem ser su#iciente. 9oc pode agora le!lo adesperdi*ar seu tempo no somente em con!ersas que ele aprecia com pessoasque ele goste mas em con!ersas com quem ele no ligue a m'nima e assuntos queo a(orre*am. 9oc pode conduzilo neste esquema por longos per'odos. 2odemantlo acordado at tarde da noite$ no numa #arra homrica$ mas apenaso(ser!ando o #ogo que se apaga na lareira de uma sala gelada. 5odas as ati!idadessadias e soci!eis que dese&amos que ele e!ite podem ser o(&etos de ini(i*o semque tenhamos que lhe dar a(solutamente NEDE em troca$ de #orma que no #inalele possa dizer$ como um de meus pacientes #alou quando chegou aqui. %

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    CARTA Nmero XIII

    >eu caro Oormood:

    as se !oc esta!a tentando desgra*ar seu pacienteatra!s do >undo$ ou se&a$ atra!s da explora*o da !aidade$ da &actJncia$ daironia e o tdio em rela*o aosprazeres. 6omo #oi poss'!el !oc no perce(er queexperimentar um 2KEY

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    enten!e que !oc de!eria ter pre!isto que tal experincia matariainstantaneamente 0pelo contraste1 toda a cole*o de &/ias #alsas que !octra(alhosamente ha!ia dado a ele e o ensinado a !alorizar < que tam(m o tipode prazer que a leitura do li!ro e o passeio ao moinho deram a ele so o maior

    perigo para n/s < que este mesmo tipo de prazer arrancaria a crosta de enganoque !oc !inha colocando na mente dele$ dandolhe mesmo a sensa*o de estar de!olta em casa totalmente recuperado. " plano preliminar que !oc empregou paraa#astlo do 4nimigo terminou por a#astlo de si pr/prio e !oc at que tinha #eitoalguns progressos. Egora$ tudo desmoronou.

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    at que desco(ri como despertar nele um prazer #ort'ssimo pela lingGi*a #rita comce(ola.

    Kesta considerarmos o que #azer para consertar os pre&u'zos deste desastre.A coisa mais importante a #azermos conseguir que o paciente no #a*a maisnada.

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    mas isto especialmente marcante com rela*o humildade, -urpreendao nummomento em que esti!er mergulhado na mais pro#unda po(reza de esp'rito econtra(andeie sua aten*o para um pensamento da linha "Caraca% >as no queestou mesmo me tornando humilde% 9oc o(ser!ar quase imediatamente aapari*o de uma !aidade a !aidade pelo #ato de ser humilde. -e ele se tocarquanto ao perigo e tentar a(a#ar esta no!a #orma de orgulho$ #a*ao orgulhoso porter conseguido$ e assim por diante$ em quantos degraus que !oc considerenecessrio. >as no mantenha este &ogo por muito tempo$ claro$ pois isso poderiadespertar o senso de humor dele e seu senso de propor*o. -e isso ocorrer$ elesimplesmente dar risada na sua cara e ir tranqGilamente para a cama.

    H porm maneiras (em lucrati!as de prender a aten*o dele na !irtude daHumildade. E respeito desta !irtude (em como das demais o 4nimigo quer tirar

    a aten*o dos homens de si mesmos$ canalizandoa n

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    pr/prio #a!or que consiga alegrarse por seus pr/prios talentos to #rancamente eagradecidamente quanto pelos talentos dos seus semelhantes$ ou por uma manhde sol$ ou ao !er um ele#ante ou uma cachoeira.

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    -6Keu caro Oormood:

    5enho reparado$ claro$ que os humanos esto experimentando uma certacalmaria na sua guerra europia que eles pateticamente chamam de %E ;uerra% e no estou surpreso de que ha&a uma patetice equi!alente nas ansiedades do seu

    paciente.

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    mundo irreal.

    proporcionar os melhores e#eitos a partir de seu tra(alho. "u se&a$ ele apenasqueira cumprir seus de!eres$ sem grandes cuidados do que acontecer emdecorrncia deles. @ n/s$ queremos um homem que !i!a se cha#urdando nouturo assaltado pelas !is+es de um cu ou in#erno que este&a para cair so(re ele

    de repente pronto para que(rar qualquer mandamento do 4nimigo no 2resente$ se!islum(rar que poder ter um cu em !ida no uturo #icando sua # #irmada nadependncia do sucesso ou #racasso de situa*+es e esquemas que elesimplesmente morrer antes que aconte*am. N/s queremos essa ra*a de !ermesinteira perseguindo perpetuamente o pote de ouro no #im do arco'ris$ nuncasendo honesta$ nunca sendo generosos$ nem #elizes agora$ mas sempre usandotodos os talentos que lhes #oram dados no presente como com(ust'!el depositadono altar onde cultuam o #uturo.

    -egue portanto$ de modo geral$ que mais produti!o encher seu pacientecom ansiedade e esperan*a 0no importando grande o que !oc use para isso1

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    nesta guerra$ de #orma a ele no conseguir mais !i!er o presente. >as a expresso%!i!er no presente% tem duplo sentido.

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    se con!erta em um experimentador ou conhecedor de 4gre&as.

    Es raz+es disto so /(!ias.

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    seria$ para ele$ to ins'pido como um poema que #ossem capazes de medir. Htam(m uma prometedora !eia de desonestidade nele: estamos ensinandoo adizer %o magistrio da 4gre&a% quando na realidade quer dizer %estou quase certode que recentemente li em um li!ro do >aritain ou algum parecido...% >as de!olhe ad!ertir que tem um de#eito #atal: ele cr de !erdade. < isto pode pr tudo a

    perder.

    >as essas duas 4gre&as tm em comum um (om ponto: am(as so 4gre&asde #ac*o. Ecredito que & lhe ad!erti antes que$ se no se pode manter o seu

    paciente a#astado da igre&a$ ao menos de!esse estar !iolentamente comprometidoem alguma #ac*o dentro dela. No me re#iro a !erdadeiras quest+es doutrinrias)com respeito a estas$ quanto mais morno se&a$ melhor. < no so as doutrinas noque nos apoiamos principalmente para produzir di!is+es: o realmente di!ertido #azer que se odeiem aqueles que dizem %missa% e os que dizem %-anta

    comunho%$ quando nenhum dos dois (andos poderia dizer que di#eren*a h entreas doutrinas do Hoo3er e de 5oms de Equino$ por exemplo$ de nenhuma #ormaque no #izesse gua em cinco minutos. 5udo o que realmente pouco importante

    [ c'rios$ !estimenta$ sei l eu [ uma excelente (ase para nossas ati!idades.5emos #eito com que os homens esque*am por completo o que aquele indi!'duo

    pestilento$ 2aulo$ costuma!a ensinar a respeito das comidas e outras coisas semimportJncia: ou se&a$ que o humano sem escr7pulos de!esse ceder sempre diantedo humano escrupuloso. Elgum acreditaria que no poderia deixar de preca!erse de sua aplica*o a estas quest+es: esperaria !er o %(aixo% clero a&oelhandose e

    (enzendose$ no #osse que a conscincia d(il de seu irmo %alto% se !isseempurrada para a irre!erncia$ e ao %alto% a(stendose de tais exerc'cios$ no#osse empurrar idolatria a seu irmo %(aixo%. < assim teria sido$ a no ser pornosso incessante tra(alho) sem ele$ a !ariedade de usos dentro da 4gre&a da4nglaterra poderia ha!erse con!ertido em um !i!eiro de caridade e de humildade.

    -eu a#etuoso tio$ -6Keu caro Oormood:

    " tom depreciati!o em que se re#ere$ em sua 7ltima carta$ gula$ comomeio de capturar almas$ no re!ela nada no ser sua ignorJncia. m dos grandes

    lucros dos 7ltimos cem anos #oi amortecer a conscincia humana no re#erente aessa questo$ de tal #orma que di#icilmente poder encontrar agora um sermopronunciado contra ela$ ou uma conscincia preocupada com ela$ a todo aextenso da

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    #or*as na promo*o da gula por aprimoramento$ no na gula do excesso. E mede seu paciente$ con#orme sei pelo dossi e !oc poderia sa(er pelo ;lu(oso$ um (om exemplo. icaria perplexa [ um dia$ espero$ #icar perplexa [ sesou(esse que toda sua !ida este!e escra!izada por este tipo de sensualidade$ o quelhe per#eitamente impercept'!el pelo #ato de que as quantidades em questo so

    pequenas. >as$ que importam as quantidades$ contanto possamos nos ser!ir doestmago e do paladar humano para pro!ocar impacincia$ dureza eegocentrismo ;lu(oso apanhou direitinho esta anci.

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    se dediquete a lutar mais #irme em outras #rentes$ no de!e esquecer umapequena e silenciosa in#iltra*o no re#erente gula. 6omo um homem$ no to#cil de ser apanhado com a camu#lagem do %5udo o que quero%: a melhormaneira de #azer com que os homens pequem na gula apoiandose em sua!aidade. 5er que #azer que se achem muito entendidos em quest+es culinrias$

    para lhes incenti!ar a dizer que desco(riram o 7nico restaurante da cidade onde os#ils esto de !erdade %corretamente% re#ogados. " que come*a como !aidade

    pode con!erterse em seguida$ paulatinamente$ em costume. >as$ de qualquermodo que o a(orde$ o (om le!lo a esse estado de Jnimo em que a nega*o dequalquer satis#a*o [ no importa qual$ champagne ou ch$ este&a acostumado a6ol(ert ou cigarros [ o %irrita%$ porque ento sua caridade$ sua &usti*a e suao(edincia estaro totalmente a sua merc.

    " mero excesso de comida muito menos !alioso que o aprimoramento. V

    7til$ so(retudo$ a modo de prepara*o da artilharia antes de lan*ar ataques contraa castidade. Nesta matria$ como em qualquer outra$ de!e manter o seu homemem um estado de #alsa espiritualidade) nunca o deixe perce(er o lado mdico daquesto. >antenhao se perguntando que pecado de orgulho ou que #alta de # lhe

    ps em nas mos$ quando a simples anlise do que comeu ou (e(eu durante as7ltimas !inte e quatro horas poderia lhe re!elar de onde procedem suas muni*+ese lhe permitiria$ por conseguinte$ pr em perigo suas linhas de pro!isionamentomediante uma muito ligeira a(stinncia. -e ti!er que pensar no aspecto mdico dacastidade$ lhe solte a grande mentira que temos #eito que engulam os humanosingleses: que o exerc'cio #'sico excessi!o$ e a conseqGente #adiga$ soespecialmente #a!or!eis para esta !irtude. Elgum poderia muito (em perguntarse$ em !ista de a not/ria lu(ricidade dos marinheiros e dos soldados$ como

    poss'!el que acreditem nisso. >as nos ser!imos dos pro#essores de escola paradi#undir esta l(ia$ homens a quem de !erdade a castidade s/ interessa!a comodesculpa para #omentar a prtica dos esportes$ e que$ portanto$ recomenda!am tais

    &ogos como a&uda castidade. >as todo este assunto muito extenso para a(ordlo ao #inal de uma carta.

    -eu carinhoso tio$

    -6Keu caro Oormood:

    Et com Fa(alapo !oc de!e ter aprendido na escola$ a tcnica rotineira da

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    tenta*o sexual$ e & que para n/s os esp'ritos$ todo este assunto grandementetedioso 0em(ora necessrio como parte de nosso treinamento1$ !ou deixar passar.>as nas quest+es mais amplas implicadas neste assunto acredito que ainda temmuito que aprender.

    " que o 4nimigo exige dos humanos adota a #orma de um dilema: ou

    completa a(stinncia ou monogamia sem paliati!os. Desde a primeira grande!it/ria de Nosso 2ai$ temos tornado muito di#'cil a primeira escolha. < le!amosuns quantos sculos #echando a segunda como !ia de escape. 6onseguimos isso

    por meio dos poetas e os no!elistas$ con!encendo aos humanos de que umacuriosa$ e geralmente e#mera$ experincia que eles chamam %estar apaixonados% a 7nica (ase respeit!el para o matrimnio) de que o matrimnio pode$ e de!e$#azer permanente esse entusiasmo) e de que um matrimnio que no o conseguedeixa de ser interessante. as nos humanos$ o 4nimigo associougratuitamente o a#eto com o dese&o sexual. 5am(m tem #eito que sua

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    descendncia se&a dependente dos pais$ e impulsionou aos pais a mantla$ dandolugar assim #am'lia$ que como o organismo$ s/ que pior$ porque seus mem(rosesto mais separados$ mas tam(m unidos de uma #orma mais consciente erespons!el. 5udo isso aca(a sendo$ de #ato$ um arte#ato mais para colocar oEmor.

    Egora !em o (om do assunto. " 4nimigo descre!eu ao casal casado como%uma s/ carne%. No disse %um casal #elizmente casado%$ nem %um casal que secasou porque esta!a apaixonado%$ mas se pode conseguir que os humanos notenham isso em conta.

    5am(m pode #azlos esquecer que o homem ao que chamam 2a(lo no olimitou aos casais casados. 2ara ele$ a mera copula*o d lugar a %uma s/ carne%.Desta #orma$ podese conseguir que os humanos aceitem como elogios ret/ricosdo %amor% o que eram$ de #ato$ simples descri*+es do !erdadeiro signi#icado das

    rela*+es sexuais. " certo que sempre que um homem deite com uma mulher$gostem ou no$ esta(elecese entre eles uma rela*o transcendente que de!e sereternamente des#rutada ou eternamente suportada. E partir da a#irma*o!erdadeira de que esta rela*o transcendente esta!a pre!ista para produzir [ e$ sese a(ordar o(edientemente$ o #ar com muita #reqGncia [ o a#eto e a #am'lia$

    podese #azer que os humanos in#iram a #alsa cren*a de que a mescla de a#eto$temor e dese&o que chamam %estar apaixonados% unicamente o que #az #eliz ousanto o matrimnio. " engano #cil de pro!ocar$ porque %apaixonarse% algo

    que com muita #reqGncia$ na

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    -6Keu caro Oormood:

    2ensei muito a respeito da pergunta que me #az em sua 7ltima carta. -e$como expliquei claramente$ todos os seres$ por sua pr/pria natureza$ #azemse acompetncia$ e$ portanto$ a idia do Emor do 4nimigo uma contradi*o em seustermos$ o que acontece com minha reiterada ad!ertncia de que

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    rapidez que deu lugar rid'cula hist/ria inimiga de que #oi expulso$ #or*a$ do6u. Depois disso$ come*amos a compreender por que nosso "pressor #oi toreser!ado. -eu trono depende do segredo. Elguns mem(ros de -eu partidoadmitiram com #reqGncia que$ se alguma !ez chegssemos a compreender o queentende as Oormood$ de!erdade$ esse o tipo de pergunta que se espera que eles #a*am, Deixeos discutirse o %Emor%$ ou o patriotismo$ ou o celi(ato$ ou as !elas nos altares$ ou aa(stinncia do lcool$ ou a educa*o$ so %(ons%

    ou %maus%. No perce(e que no h resposta No tem a m'nimaimportJncia$ exceto a tendncia de um determinado estado de Jnimo$ em umasdeterminadas circunstJncias$ mo!er um paciente particular$ em um momento

    particular$ para o 4nimigo ou para n/s.

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    escre!er.

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    muito.

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    E !erdadeira utilidade da 9nus in#ernal $ sem d7!ida$ como prostituta ouamante. >as se seu homem #or um cristo$ e se lhe ensinaram (em as tolicesso(re o %Emor% irresist'!el e que &usti#ica tudo$ #reqGentemente pode induzilo aque se case com ela. >as como algo que !ale a pena conseguir. 5er #racassadocom respeito #ornica*o e aos !'cios solitrios$ mas h outros$ e mais indiretos$meios de ser!irse da sexualidade de um homem para o(ter sua perdi*o.

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    tenho algo que exigir em troca de meus distintos ser!i*os e a quem exploro doaltar...$ o Deus no que me tenho #eito um rinco.%

    < durante todo este tempo$ di!ertidoo que a pala!ra %meu%$ em seusentido plenamente possessi!o$ no pode pronuncila um ser humano a prop/sitode nada. "u Nosso 2ai ou o 4nimigo diro %meu% de tudo o que existe$ e em

    especial de todos os homens. @ desco(riro ao #inal$ no tema$ a quem pertencemrealmente seu tempo$ suas almas e seus corpos) certamente$ no a eles$ aconte*a oque acontecer. Na atualidade$ o 4nimigo diz %meu% a respeito de tudo$ com a

    pedante desculpa legalista de que au, -eu homem se apaixonou$ e da pior maneira poss'!el$ e por uma

    garota que nem sequer #igura no relat/rio que me en!iou, 2ode lhe interessarsa(er que o pequeno malentendido com a 2ol'cia -ecreta que tratou de despertara prop/sito de certas express+es incautas em algumas de minhas cartas$ #oiesclarecido. -e conta!a com isso para lhe assegurar meus (ons o#'cios$ desco(rirque est muito equi!ocado. 2agar por isso$ igualmente que por seus outrosequ'!ocos.

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    no a #ulmina por isso$ se as reconhe*o que aindano somos o (astante estridentes$ nem de longe. >as estamos in!estigando.

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    Desco(rir que muitos escritores pol'ticos cristos pensam que ocristianismo come*ou a deteriorarse$ e a apartarse da doutrina de seu undador$muito cedo. De!emos usar esta idia para estimular uma !ez mais a idia de um%@esus hist/rico%$ que pode encontrarse apartando posteriores %acrescentados e

    per!ers+es%$ e que de!e em seguida compararse com toda a tradi*o crist. Na7ltima gera*o$ promo!emos a constru*o de um destes %@esuses hist/ricos%segundo pautas li(erais e humanitrias) agora estamos o#erecendo um %@esushist/rico% segundo pautas marxistas$ catastro#istas e re!olucionrias. Es!antagens destas constru*+es$ que nos propomos trocar a cada trinta anos ou coisaassim$ so m7ltiplos.

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    doutrina teol/gica 0a Keden*o1$ atuando so(re um sentimento do pecado que &tinham) e um pecado no contra uma lei in!entada como uma no!idade por um%grande homem%$ mas sim contra a !elha e t/pica lei moral uni!ersal que lhestinha sido ensinada por suas (a(s e mes. "s %

    " %@esus hist/rico%$ pois$ por perigoso que possa parecer para n/s emalguma ocasio particular$ de!e ser sempre estimulado. 6om respeito conexogeral entre o cristianismo e a pol'tica$ nossa posi*o mais delicada. V o(!io$ noqueremos que os homens deixem que seu cristianismo in#lua em sua !ida pol'tica$

    porque o esta(elecimento de algo parecido com uma sociedade !erdadeiramente&usta seria uma catstro#e de primeira magnitude. 2or outro lado$ queremos$ emuito$ #azer que os homens considerem o cristianismo como um meio)

    pre#erentemente$ claro$ como um meio para sua pr/pria promo*o) mas$ na #alta

    disso$ como um meio para algo$ inclusi!e a &usti*a social. " que ter que #azer conseguir que um homem !alorize$ a princ'pio$ a &usti*a social como algo que o4nimigo exige$ e em seguida conduzilo a uma etapa em que !alorize ocristianismo porque pode dar lugar &usti*a social. 2orque o 4nimigo no se deixausar como um instrumento. "s homens ou as na*+es que acreditam que podemrea!i!ar a # com o #im de #azer uma (oa sociedade poderiam$ para isso$ pensarque podem usar as escadas do 6u como um atalho #armcia mais pr/xima.E#ortunadamente$ (astante #cil con!encer os humanos para que #a*am isso.Ho&e mesmo desco(ri em um escritor cristo uma passagem no que recomendasua pr/pria !erso de cristianismo com a desculpa de que %s/ uma # assim podeso(re!i!er morte de !elhas culturas e ao nascimento de no!as ci!iliza*+es%. 9a pequena discrepJncia %Ecreditem nisto$ no porque se&a certo$ mas sim poralguma) outra razo.%

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    compartilham esta cren*a so realmente muito est7pidos e rid'culos. "s homens$que re!istam tratar a estes estranhos$ no tm este sentimento) sua con#ian*a$ seso con#iantes$ de outro tipo. E dela$ que ela cr ser de!ida #$ na realidade sede!e em grande parte mera contamina*o do que est sua !olta. No $ de #ato$muito di#erente da con!ic*o que teria$ aos dez anos de idade$ de que o tipo de#acas para peixe que se usa!am na casa de seu pai eram do tipo adequado$ ounormal$ ou %autntico%$ enquanto que os das #am'lias !izinhas no erama(solutamente %autnticas #acas para peixe%. Egora$ o elemento de ignorJncia eingenuidade que h nesta con!ic*o to grande$ e to pequeno o elemento deorgulho espiritual$ que nos d poucas esperan*as em rela*o garota. >as$ pensecomo pode usar isso para in#luenciar seu paciente

    V sempre o no!ato o que exagera. " homem que su(iu na escala social muito re#inado) o &o!em estudioso pedante. -eu paciente um no!i*o neste

    no!o c'rculo.

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    companhia de outras pessoas$ as achar a(orrecidas) em parte porque quasequalquer companhia a seu alcance $ de #ato$ muito menos amena$ mas mais ainda

    porque sentir #alta do encanto da &o!em.

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    " !erdadeiro incon!eniente do grupo em que !i!e seu paciente que meramente cristo. 5odos tm interesses indi!iduais$ claro$ mas seu la*o de uniosegue sendo o mero cristianismo. " que nos con!m$ quando os homens se #azemcristos$ mantlos no estado de Jnimo que eu chamo %o cristianismo e...%. @

    sa(e: o cristianismo e a 6rise$ o cristianismo e a No!a 2sicologia$ o cristianismo ea No!a "rdem$ o cristianismo e a 6uradora$ o cristianismo e a 4n!estiga*o2s'quica$ o cristianismo e o 9egetarianismo$ o cristianismo e a Ke#orma"rtogr#ica. -e ti!erem que ser cristos$ que ao menos se&am cristos com umadi#eren*a. -u(stituir a # !erdadeira por alguma moda de aparncia crist.5ra(alhar em cima de sua a!erso ao >esmo de -empre.

    E a!erso ao >esmo de -empre uma das paix+es mais !aliosas queproduzimos no cora*o humano: uma #onte sem #im de heresias no religioso$ de

    loucuras nos conselhos$ de in#idelidade no matrimnio$ de inconstJncia naamizade. "s humanos !i!em no tempo e experimentam a realidadesucessi!amente. 2ara experimentar grande parte da realidade$ conseqGentemente$querem experimentar muitas coisas di#erentes) em outras pala!ras$ queremexperimentar mudan*as. < & que necessitam de mudan*a$ o 4nimigo 0posto que$no #undo$ um hedonista1 #ez que a mudan*a lhes se&a agrad!el$ assim comotem #eito com que comer se&a agrad!el. >as como

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    as o maior trun#o de todos ele!ar esta a!erso ao >esmo de -empre auma #iloso#ia$ de #orma que o sem sentido no intelecto possa re#or*ar a corrup*o

    da !ontade. V neste aspecto no que o carter

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    muito (om tra(alho.

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    encantamento er/tico produz uma m7tua complacncia em que a cada um agradarealmente ceder aos dese&os do outro. 5am(m sa(em que o 4nimigo lhes exigeum grau de caridade que$ ao ser alcan*ado$ daria lugar a atos similares. De!e#azer que esta(ele*am como uma lei para toda sua !ida de casados esse grau dem7tuo sacri#'cio de si mesmos$ que atualmente #lui espontJneo do encantamentomas que$ quando o encantamento se des!ane*a$ no tero caridade su#iciente paralhes permitir realizlos. No !ero a armadilha$ & que esto (aixo da duplacegueira de con#undir a excita*o sexual com a caridade e de pensar que aexcita*o durar.

    ma !ez esta(elecida como norma uma espcie de desinteresse o#icial$legal ou nominal [ uma regra para cu&o cumprimento seus recursos emocionaisse des!aneceram e seus recursos espirituais ainda no maturaram [$ produzemseos mais deliciosos resultados. Eo considerar qualquer a*o con&unta$ tornase

    o(rigat/rio que E argumente a #a!or dos supostos dese&os de F e contra ospr/prios$ enquanto F #az o contrrio. 6om #reqGncia$ imposs'!el a!eriguarquais so os autnticos dese&os de qualquer das partes) com sorte$ aca(am #azendoalgo que nenhum quer enquanto que cada um sente uma agrad!el sensa*o de!irtuosidade e a(riga uma secreta exigncia de tratamento pre#erncia, pelodesinteresse de que deu pro!a e um secreto moti!o de rancor para o outro pela#acilidade com que aceitou seu sacri#'cio. >ais tarde$ pode entrar no que podemosdenominar a 4luso do 6on#lito ;eneroso. uito (em$ pois ento no tomaremosch em lugar nenhum,%$ ao que segue uma !erdadeira discusso$ com amargoressentimento de am(os os lados. 9 como se consegue -e cada um ti!esseestado de#endendo #rancamente seu !erdadeiro dese&o$ todos teriam se mantidodentro dos limites da razo e da cortesia) mas$ precisamente porque a discussoest in!ertida e cada lado est disputando a (atalha com o outro lado$ toda aamargura que realmente #lui da !irtuosidade e a o(stina*o #rustradas e dosmoti!os de rancor acumulados nos 7ltimos dez anos$ #ica oculta pelo

    %desinteresse% o#icial ou nominal do que esto #azendo$ ou$ pelo menos$ ser!elhes como moti!o para que lhes desculpe. 6ada lado $ de #ato$ plenamenteconsciente de quo (arato o desinteresse do ad!ersrio e da #alsa posi*o queest tratando de lhes empurrar) mas cada um as acerta$ para sentirse irreproch!el

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    e a(usado$ sem mais desonestidade da que seria natural em um homem.

    m humano sensato disse: %-e a gente sou(esse quantos maus sentimentosocasionam o desinteresse$ no se recomendaria to #reqGentemente do p7lpito) ealm disso: %V o tipo de mulher que !i!e para outros: sempre pode distinguir osoutros por sua expresso de acossados%. 5udo isto pode iniciarse inclusi!e no

    per'odo de noi!ado. um pouco de autntico ego'smo por parte de seu paciente com #reqGncia de menor !alor$ para #azerse com sua alma$ que os primeiroscome*os desse ela(orado e consciente desinteresse que pode um dia #lorescer emalgo como o que lhe descre!i 6erto grau de #alsidade m7tua$ certa surpresa de quea garota no sempre note quo desinteressado est sendo$ podem ser colocar decontra(ando &. 6uida muito destas coisas e$ so(retudo$ no deixe que os tolos

    &o!ens se aperce(am delas. -e as notarem$ estaro a caminho de desco(rir queo %amor% no o (astante$ que se necessita caridade e ainda no a alcan*aram$ e

    que nenhuma lei externa pode suprir sua #un*o.

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    moti!o aparentemente piedoso de que %o lou!or e a comunho com Deus so a!erdadeira ora*o%$ com #reqGncia se pode atrair aos humanos deso(edinciadireta ao 4nimigo. Iuem 0em seu ha(itual estilo comum$ !ulgar$ sem interesse1lhes ter dito claramente que rezem pelo po de cada dia e pela cura de seusdoentes. =hes ocultar$ naturalmente$ o #ato de que a ora*o pelo po de cada dia$interpretada em um %sentido espiritual%$ no #undo to !ulgarmente de peti*ocomo em qualquer outro sentido.

    @ que seu paciente contraiu o terr'!el h(ito da o(edincia$ pro!a!elmenteseguir rezando ora*+es to %!ulgares% #a*a o que #a*a. >as pode lhe preocuparcom suspeitas o(cecadas de que tal prtica a(surda e no pode ter resultadoso(&eti!os. No esque*a de usar o racioc'nio: %6ara$ eu ganho) coroa$ !oc perde%.-e no ocorrer o que ele pede$ ento isso uma pro!a mais de que as ora*+es de

    peti*o no ser!em) se ocorrer$ ser capaz$ naturalmente$ de !er algumas das

    causas #'sicas que conduziram a isso$ e %portanto$ teriam ocorrido de qualquermodo%$ e assim uma peti*o concedida resultar to (oa pro!a como umarecusada$ de que as ora*+es so ine#icientes.

    9oc$ sendo um esp'rito$ achar di#'cil de entender como se engana destemodo. >as de!e recordar que ele toma o tempo por uma realidade de#initi!a.-up+e que o 4nimigo$ como ele$ ! algumas coisas como presentes$ recorda outrascomo passadas$ e pre! outras como #uturas) ou$ inclusi!e$ se acreditar que o4nimigo no ! as coisas desse modo$ entretanto$ no #undo de seu cora*o$

    considerar isso como uma particularidade do modo de percep*o do 4nimigo)no crer realmente 0em(ora diga que sim1 que as coisas so tal como as ! o4nimigo. -e tratasse de lhe explicar que as ora*+es dos homens de ho&e so umadas incont!eis coordenadas com que o 4nimigo harmoniza o tempo que #aramanh$ lhe responderia que ento o 4nimigo sempre sou(e que os homens iriamrezar essas ora*+es e$ portanto$ no rezaram li!remente mas sim esta!am

    predestinados a #azlo. < acrescentaria ainda$ que o tempo que #ar um dia dadopode tra*arse atra!s de suas causas at a cria*o originria da matria$ de #orma

    que tudo$ tanto do lado humano como do material$ est %dado desde o come*o%. "que de!eria dizer $ o(!io$ e!idente para n/s: que o pro(lema de adaptar otempo particular s ora*+es particulares meramente a apari*o$ em dois pontosde sua #orma de percep*o temporria$ do pro(lema total de adaptar o uni!ersoespiritual inteiro ao uni!erso corporal inteiro) que a cria*o em sua totalidade atuaem todos os pontos do espa*o e do tempo$ ou melhor$ que sua espcie deconscincia os o(riga a en#rentarse com o ato criador 6ompleto e coerente comouma srie de acontecimentos sucessi!os. 2or que esse ato criador deixa lugar aoli!re ar('trio o pro(lema dos pro(lemas$ o segredo oculto atrs das tolices do

    4nimigo so(re o %Emor%. 6omo o #az no sup+e pro(lema algum$ porque o4nimigo no pre! os humanos #azendo suas li!res contri(ui*+es no #uturo$ massim os ! #azendoo em seu Egora ilimitado.

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    homem #azendo algo no o(riglo a #azlo.

    2odese replicar que alguns escritores humanos intrometidos$ nota!elmenteFoecio$ di!ulgaram este segredo. >as no clima intelectual que ao #imconseguimos despertar por toda a

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    !i!e o paciente. as$ s/ se pudermantlo !i!o$ ter o tempo como aliado seu. "s compridos$ a(orrecidos emon/tonos anos de prosperidade na idade madura ou de ad!ersidade na mesmaidade so um excelente tempo de com(ate. V to di#'cil para estas criaturas

    perse!erar... E rotina da ad!ersidade$ a gradual decadncia dos amores &u!enis edas esperan*as &u!enis$ o desespero mudo 0quase no sentido como doloroso1 desuperar alguma !ez as tenta*+es crnicas com que uma ou outra !ez osderrotamos$ a tristeza que criamos em suas !idas$ e o ressentimento incoerentecom que os ensinamos a reagir a ela$ tudo isto proporciona admir!eisoportunidades para desgastar uma alma por esgotamento. -e$ ao contrrio$ suaidade madura #or pr/spera$ nossa posi*o ainda mais s/lida. E prosperidade uneum homem ao >undo. -ente que est %encontrando seu lugar nele%$ quando narealidade o mundo est encontrando seu lugar nele. -eu crescente prest'gio$ seu

    cada !ez mais amplo c'rculo de conhecidos$ a crescente presso de um tra(alhoa(sor!ente e agrad!el$ constroem em seu interior uma sensa*o de estarrealmente !ontade na 5erra$ que precisamente o que nos con!m. Notar que

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    os &o!ens geralmente resistem menos a morrer que os maduros e os !elhos.

    " certo que o 4nimigo$ depois de ha!er estranhamente destinado estesmeros animais !ida em -eu pr/prio mundo eterno$ protegeuos (astantee#icazmente do perigo de sentirse con#ort!eis em qualquer outro lugar. 2or issode!emos com #reqGncia dese&ar uma longa !ida a nossos pacientes) em setenta

    anos no so(ra um dia para a di#'cil tare#a de desem(ara*ar suas almas do 6u eedi#icar uma #irme atadura 5erra.

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    CARTA Nmero XXIX

    >eu caro Oormood:

    Egora que certo que os humanos alemes !o (om(ardear a cidade de seupaciente e que suas o(riga*+es sero mantlo no lugar de mximo perigo$de!emos pensar nossa pol'tica. 5emos que tomar por o(&eti!o a co!ardia ou o!alor$ com o orgulho conseguinte... ou o /dio aos alemes

    Fom$ temo que in7til tratar de o #azer !alente. Nosso Departamento de4n!estiga*o no desco(riu ainda 0em(ora o xito se&a esperado a cada momento1como produzir nenhuma !irtude.

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    inculcar a co!ardia a nossos pacientes$ portanto$ estri(a em que pro!ocamos um!erdadeiro conhecimento de si mesmos e !erdadeiro autodesprezo$ com oarrependimento e a humildade conseguintes. as temo que o deixou a!an*ar muito na escola do4nimigo$ e que sa(e que o desespero um pecado mais gra!e que qualquer dosque a produzem.

    Iuanto tcnica real da tenta*o co!ardia$ no necessrio dizer muito.

    " #undamental que as precau*+es tendem a aumentar o medo. Es precau*+espu(licamente impostas a seu paciente$ entretanto$ logo se con!ertem em umaquesto rotineira$ e esse e#eito desaparece. " que de!e #azer manter dando!oltas por sua ca(e*a 0ao lado da inten*o consciente de cumprir com seu de!er1a !aga idia de tudo o que pode #azer ou no #azer$ dentro do marco de seu de!er$que parece lhe dar um pouco mais de seguran*a. Des!ie seu pensamento dasimples regra 0%5enho que permanecer aqui e #azer tal e qual coisa%1 a uma sriede hip/tese imaginrias. 0%-e ocorresse E [ em(ora espere que no [ poderia

    #azer F$ e no pior dos casos$ poderia #azer 6.%1 -e reconhecer isso como tais$podemos lhe inculcar supersti*+es. E questo #azer que no deixe de ter asensa*o de que$ alm do 4nimigo e do !alor que o 4nimigo lhe in#unde$ tem algomais a que recorrer$ de #orma que o que tinha que ser uma entrega total ao de!er$

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    se&a totalmente minado por pequenas reser!as inconscientes. a(ricando umasrie de recursos imaginrios para impedir %o pior%$ pode pro!ocar$ a esse n'!el desua !ontade do que no consciente$ a deciso de que no ocorrer %o pior%.

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    logo chegam a pensar que tm direito a isso: o sentimento de decep*o pode sercon!ertido$ com muito pouca ha(ilidade de nossa parte$ em um sentimento deo#ensa. "s perigos do cansa*o humilde e am!el come*am quando os homens serenderam ao irremedi!el$ uma !ez que perderam a esperan*a de descansar edeixaram de pensar at na meia hora seguinte. 2ara conseguir os melhoresresultados poss'!eis da #adiga do paciente$ portanto$ de!e alimentlo com #alsasesperan*as. =he coloque na ca(e*a racioc'nios plaus'!eis para acreditar que oataque areo no se repetir. a*a com que se recon#orte pensando quantodes#rutar da cama na pr/xima noite.

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    con!enha. E regra geral que & esta(elecemos (astante (em entre eles que emtodas as experincias que podem lhes #azer melhores ou mais #elizes s/ os #atos#'sicos so %reais%$ enquanto que os elementos espirituais so %su(&eti!os%) emtodas as experincias que podem desanimlos ou corromplos$ os elementosespirituais so a realidade #undamental$ e ignorlos ser um escapista. Essim$como no parto$ o sangue e a dor so %reais%$ e a alegria um mero ponto de !istasu(&eti!o) na morte$ o terror e a #ealdade re!elam o que a morte %signi#icarealmente%. E odiosidade de uma pessoa odiada %real%: no /dio se ! os homenstal como so$ estse desiludindo) mas o encanto de uma pessoa amada meramente uma ne(lina su(&eti!a que oculta um #undo %real% de apetncia sexualou de associa*o econmica. Es guerras e a po(reza so %realmente% horr'!eis) a

    paz e a a(undJncia so meros #eitos #'sicos$ pr/ximo dos quais resulta que oshomens tm certos sentimentos. Es criaturas sempre esto acusandosemutuamente de querer %comer o (olo e o ter%: mas gra*as a nosso tra(alho esto

    mais #reqGentemente na di#'cil situa*o de pagar o (olo e no comelo. -eupaciente$ adequadamente manipulado$ no ter nenhuma di#iculdade emconsiderar sua emo*o diante do espetculo de umas !'sceras humanas como umare!ela*o da realidade.

    < sua emo*o diante da !iso de uns meninos #elizes ou de um dia radiantecomo mero sentimento.

    -eu a#etuoso tio$

    -6Keu caro$ meu car'ssimo Oormood$ meu (onequinho$ meu leito:

    Iuo equi!ocadamente$ agora que tudo est perdido$ !oc !emchoramingando me perguntar se aquelas pala!ras de a#eto que eu dirigia a !ocno signi#ica!am nada desde o come*o, =onge disto, 2ode ter certeza que meuamor por !oc$ tanto quanto seu amor por mim se assemelham tanto quanto duaser!ilhas.

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    por tal perda ecoa neste momento em todos os n'!eis do Keino da Farulheira atdescer ao pr/prio 5rono. -/ de pensar$ enlouque*o, 6omo eu conhe*o o queaconteceu naquele instante em que eles o arrancaram de !oc, Hou!e su(itamenteum claro em seus olhos 0no #oi assim mesmo1 e ele !iu !oc pela primeira !ezem sua !ida$ e reconheceu o papel que !oc tinha desempenhado nela$ e sou(etam(m que &amais !oc teria acesso a ele no!amente. Epenas imagine 0e issose&a o princ'pio de sua agonia1 o que ele sentiu naquele exato momento) comouma casca de #erida que ti!esse ca'do de uma !elha chaga$ tal qual ele ti!esseemergido de uma p7stula$ como se ele ti!esse se despo&ado de uma roupagosmenta$ malcheirosa num 7nico mo!imento. 2elos 4n#ernos$ & no (asta amisria que !los em seus dias mortais tirando suas roupas su&as edescon#ort!eis e imergindo numa (anheira de gua quente emitindo pequenosgrunhidos de prazer enquanto esticam seus mem(ros cansados " que dizer entodeste despo&amento #inal$ desta puri#ica*o plena

    Iuanto mais se pensa$ pior #ica.

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    que a surpresa e a estranheza pudessem atrapalhar a alegria dele. >as isto outracoisa estranha) os deuses so estranhos aos olhos mortais$ mas mesmo assim$ noso to estranhos. as quando os!iu$ ele sou(e que eles sempre esti!eram &unto a ele$ e reconheceu cada parte queeles ha!iam operado em muitas horas de sua !ida$ quando ele se imagina!asozinho e desamparado$ de #orma que agora$ ao in!s dele se dirigir a eles comum %6omo !o !ocs%$ disse algo como %as nada disto #az sentido con!ersarmosagora. -e ainda encontrar algum so#rimento pela #rente$ ele os aceitar sem

    reser!as ou re!oltas. < no os trocaria por nenhum prazer terreno nunca mais.5odas as del'cias dos sentidos$ do cora*o$ do intelecto que !oc pudesse usarpara tentlo antes$ agora lhe pareceriam como a atra*o nauseante que umaprostituta pudesse e(ercer so(re um homem que esta!a ou!indo a (atida na portada mulher que amara a !ida inteira e acredita!a morta. ais uma !ez$ oinexplic!el acaba conosco. Da mesma laia dos tentadores in7teis como !oc$ a

    maior #onte de #alhas continua sendo nosso Departamento de 4nteligncia. -eapenas sou(ssemos o que

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