barbosa 2006

Upload: deliane-oliveira

Post on 08-Jul-2015

97 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE BIOCINCIAS PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS BIOLGICAS CURSO: ECOLOGIA E CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE

FLORSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE CERRADO SENTIDO RESTRITO NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA AZUL, BARRA DO GARAS, MT.

MARCELLO MESSIAS BARBOSA

CUIAB MT 2006

i UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE BIOCINCIAS PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS BIOLGICAS CURSO: ECOLOGIA E CONSERVAO DA BIODIVERSIDADE

FLORSTICA E FITOSSOCIOLOGIA DE CERRADO SENTIDO RESTRITO NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA AZUL, BARRA DO GARAS, MT.

MARCELLO MESSIAS BARBOSA

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Cincias Biolgicas, do Instituto de Biocincias, para a obteno do ttulo de Mestre em Ecologia e Conservao da Biodiversidade.

CUIAB MT 2006

B238f

Barbosa, Marcello Messias. Florstica e fitossociologia de cerrado sentido restrito no Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT./ Marcello Messias Barbosa. Cuiab: o autor, 2006. 39p. Orientadora: Profa. Dra. Maryland Sanchez Dissertao (Mestrado). Universidade Federal de Mato Grosso. Instituto de Biocincias. Campus Cuiab. 1. Ecologia. 2. Meio Ambiente. 3. Flora. 4. Florstica. 5. rvores. 6. Cerrado. 7. Vegetao. 8. Rio Araguaia. 9. Parque Serra Azul. 10. Barra do Garas (MT). I. Ttulo. CDU 581.526/.527(817.2)

ii

ORIENTADORA: Prof. Dr Maryland Sanchez

iii BANCA EXAMINADORA

___________________________________ Prof. Dr Maryland Sanchez Universidade Federal de Mato Grosso Departamento de Cincias Biolgicas e da Sade

___________________________________ Prof. Dr. Fernando Pedroni Universidade Federal de Mato Grosso Departamento de Cincias Biolgicas e da Sade

___________________________________ Prof. Dr. Beatriz Schwantes Marimon Universidade do Estado de Mato Grosso Departamento de Cincias Biolgicas

___________________________________ Prof. Dr. Ctia Nunes da Cunha Universidade Federal de Mato Grosso Departamento de Biocincias

iv AGRADECIMENTOS

Aos meus orientadores, Maryland Sanchez e Fernando Pedroni, pela pacincia e dedicao na orientao deste trabalho. s Professoras Ctia Nunes da Cunha e Beatriz Schwantes Marimon por suas importantes sugestes e correes para a melhoria do trabalho, bem como pela disponibilidade de material bibliogrfico. Flvia Richelli Pirani pela reviso do abstract. Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT) pela concesso da bolsa de Ps-Graduao (processo 380/04). Secretaria de Estado do Meio Ambiente de Mato Grosso (SEMA) pela permisso para realizao de estudos no PESA. Ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis (IBAMA) pela doao do material para confeco das estacas. Universidade Federal de Mato Grosso Instituto de Cincias e Letras do Mdio Araguaia, em nome dos tcnicos e funcionrio, pela colaborao na realizao deste trabalho. Enfim, agradeo todos aqueles que de forma direta ou indiretamente contriburam para a realizao deste trabalho.

v SUMRIO LISTA DE FIGURAS ...................................................................................................... vi LISTA DE TABELAS .................................................................................................... vii RESUMO .........................................................................................................................1 ABSTRACT ......................................................................................................................2 INTRODUO................................................................................................................ 3 REA DE ESTUDO...........................................................................................................5 MATERIAL E MTODOS.............................................................................................. 6 RESULTADOS ................................................................................................................ 9 DISCUSSO ...................................................................................................................24 CONCLUSO...................................................................................................................33 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................ 33

vi LISTA DE FIGURAS Figura 1. Figura 2. Figura 3. Localizao de Barra do Garas no estado de Mato Grosso; e da rea de estudo no Parque Estadual da Serra Azul (PESA).........................................................5 Curva espcie rea para a comunidade arbrea amostrada no cerrado sentido restrito do Parque Estadual da Serra Azul, em Barra do Garas, MT...............12 Famlias mais ricas, totalizando 75% das espcies amostradas no cerrado sentido restrito do Parque Estadual da Serra Azul, em Barra do Garas, MT....................................................................................................................13 Dendrograma de similaridade florstica, por espcies, obtido por mdia de grupo (UPGMA) e ndice de Jaccard, entre levantamentos realizados em cerrado sentido restrito no Brasil Central.........................................................15 Dendrograma de similaridade florstica, por gneros, obtido por mdia de grupo (UPGMA) e ndice de Jaccard, entre levantamentos realizados em cerrado sentido restrito no Brasil Central.........................................................15 Famlias mais abundantes, totalizando 75% dos indivduos amostrados no cerrado sentido restrito do Parque Estadual da Serra Azul, em Barra do Garas, MT.....................................................................................................................17 Distribuio da freqncia de indivduos em classes de altura (A) e dimetro (B), na comunidade estudada de cerrado sentido restrito no Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT. IC= Intervalo de Classe.............................21 Distribuio da freqncia de indivduos em classe de dimetro e o quociente q das principais espcies do cerrado sentido restrito no Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT. IC= intervalo de classe..............................23

Figura 4.

Figura 5.

Figura 6.

Figura 7.

Figura 8.

vii LISTA DE TABELAS Tabela 1. reas de cerrado sentido restrito do Brasil Central analisadas no estudo. Alt= altitude (m); DAS= dimetro a altura do solo; R= riqueza; H= ndice de diversidade de Shannon........................................................................................8 Famlias e espcies amostradas no cerrado sentido restrito do Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas MT. As espcies seguem com seu nome popular. NC= nmero do coletor.........................................................................9 Espcies ocorrentes em mais de 50% das quinze reas de cerrado sentido restrito do Brasil Central analisadas. *= espcies que no foram amostradas no cerrado do Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT.....................16 Parmetros fitossociolgicos da comunidade lenhosa amostrada no cerrado sentido restrito no Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT. n= nmero de indivduos; DR= densidade relativa (%); DoR= dominncia relativa (%); FR= freqncia relativa e IVI= ndice de valor de importncia. As espcies esto ordenadas por ordem decrescente de IVI..................................................18

Tabela 2.

Tabela 3.

Tabela 4.

1 RESUMO Realizou-se o levantamento da composio florstica e estrutura do componente lenhoso em uma rea de cerrado sentido restrito no Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT. Em 100 parcelas (10 10 m) todos os indivduos com dimetro a 30 cm do solo 4,77 cm foram includos. Observamos 1282 indivduos pertencentes a 37 famlias, 60 gneros e 86 espcies. O valor de diversidade foi 3,77 nats/indivduo e equabilidade 0,84. Leguminosae e Myrtaceae foram as famlias mais ricas (16 e 15 espcies) e as mais abundantes (120 e 175 indivduos, respectivamente). Buchenavia tomentosa, Ouratea spectabilis e Davilla elliptica apresentaram as maiores abundncias (106, 97 e 69 indivduos, respectivamente). A proximidade geogrfica e diferenas na altitude entre reas foram importantes na determinao da similaridade florstica. reas de Mato Grosso apresentaram as menores similaridades florstica com outras do Brasil Central. Destacaram-se com os maiores IVIs as espcies Buchenavia tomentosa (37,11), Ouratea spectabilis (20,22), Couepia grandiflora (14,24) e Mezilaurus crassiramea (13,91). A distribuio diamtrica da comunidade apresentou forma de J invertido demonstrando recrutamento contnuo. A maior riqueza e diversidade registrada pelo cerrado do PESA e a menor similaridade dos cerrados de Mato Grosso com os do Brasil Central, enfatizam a importncia da manuteno das Unidades de Conservao existentes neste estado, como tambm a criao de novas unidades, buscando assim, a proteo do mximo de sua diversidade biolgica. Palavras-chave Cerrado pr-amaznico, similaridade florstica, Vale do Rio Araguaia.

2 ABSTRACT A floristic and phytosociological survey was carried out in the cerrado sensu stricto at Serra Azul State Park, Barra do Garas, MT. In 100 plots (10 10 m) all individuals showing diameters 4,77 cm at the ground level were sampled. We recorded 1282 individuals belonging to 37 families, 60 genera and 86 species. The Shannon Index was 3,77 nats/indivduo and the evenness 0,84. Leguminosae and Myrtaceae were the richest families (16 and 15 species) and the most abundant families (120 and 175 individuals, respectively). The most abundant species were Buchenavia tomentosa, Ouratea spectabilis and Davilla elliptica (106, 97 and 69 individuals, respectively). The geographical proximity and difference at altitude between areas were important to determine the floristic similarity. The Mato Grosso areas recorded the smallest floristics similarity within Central Brazil areas. The species with higher Index of Importance Value were Buchenavia tomentosa (37,11), Ouratea spectabilis (20,22), Couepia grandiflora (14,24) and Mezilaurus crassiramea (13,91). The distribution of diameter classes showed a curve in reversed J indicating a continuous recruitment. The bigger riches and diversity showed at PESA and the smallest similarity to Mato Grosso cerrados within the Central Brazil prove the importance of maintaining the current conservation areas in this state and the creation of new ones to protect the maximum of their biological diversity. Key words Pre-Amazon Cerrado, floristic similarity, Araguaia River Valley.

3 1. Introduo O Cerrado abriga cerca de 5% da diversidade da fauna e flora mundial (KLINK et al., 1995) e 33% da biota brasileira (ALHO; MARTINS, 1995). Somente 20% da regio nos domnios do Cerrado permanecem em seu estado original e apenas 1,2% est preservada em reas de proteo (MITTERMEIER et al., 2000). No entanto, para muitas unidades de conservao no h informaes bsicas a respeito de sua composio florstica e estrutura da vegetao (MEIRA NETO; SAPORETTI JNIOR, 2002). A abertura de extensas reas para pastagens e lavouras, principalmente de soja, favorecida pelas condies planas do relevo que permitiram o uso de uma forte mecanizao, contriburam para a reduo drstica das reas do Cerrado (FELFILI et al., 2002; SILVA, 2000). Espcies nativas, comerciais e ecologicamente importantes, esto desaparecendo em funo da ocupao desordenada, da expanso urbana e agropecuria, da explorao irracional dos recursos naturais e do uso indiscriminado do fogo (FIEDLER et al., 2004). Outro fator de grande presso sobre este bioma vem da dependncia das indstrias de ao brasileira pelo carvo, este tradicionalmente derivado de florestas nativas, particularmente de reas do Cerrado (RATTER et al., 1997). O amplo conhecimento da flora do Cerrado um importante subsdio no planejamento e implementao de reas representativas do bioma que devem ser priorizadas para conservao e manejo racional (FELFILI et al., 1993, MENDONA et al., 1998), alm disso, tais informaes permitem a elaborao de propostas para recuperao de reas que passaram por distrbios (FIEDLER et al., 2004). Todos esses fatores, como alta diversidade, endemismo e pequena porcentagem de reas protegidas, associados intensa presso a qual esse bioma foi submetido, demonstram a urgente necessidade de se conhecer a diversidade biolgica contida nos atuais fragmentos, o que permitir avaliar o nvel de perda biolgica em reas alteradas, bem como sugerir medidas de conservao dos recursos naturais em longo prazo. A fitofisionomia cerrado sentido restrito, a qual ocupa aproximadamente 70% do bioma Cerrado (ASSUNO; FELFILI, 2004), caracteriza-se pela presena dos estratos arbreo e herbceo bem definidos, com rvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificaes irregulares e retorcidas, distribudas aleatoriamente sobre o terreno em diferentes densidades e geralmente com evidncias de queimadas (RIBEIRO; WALTER, 1998). A ocorrncia do fogo no Cerrado, por causa natural ou antrpica, comum durante o perodo seco, sendo apontado como um importante agente na manuteno de

4 comunidades vegetais (COUTINHO, 1990), podendo induzir mudanas biticas e abiticas na estrutura e funcionamento do ecossistema (OLIVEIRA et al., 1996). Levantamentos florsticos e fitossociolgicos tm fornecido informaes importantes para a compreenso dos padres biogeogrficos do Cerrado (FELFILI et al., 2002). Dentre alguns trabalhos realizados no Bioma Cerrado destacam-se: Nascimento e Saddi (1992); Silva Jnior e Felfili (1996); Marimon et al. (1998); Pires et al. (1999); Ratter et al. (2000); Costa e Arajo (2001); Felfili e Felfili (2001); Felfili et al. (2002); Silva et al. (2002). O levantamento florstico um dos estudos iniciais para o conhecimento da flora de uma determinada rea, sendo de fundamental importncia a correta identificao taxonmica dos espcimes e a manuteno de exsicatas em herbrio, que podero contribuir para o estudo dos demais atributos da comunidade (MARTINS, 1990). Os levantamentos fitossociolgicos visam fornecer informaes quantitativas sobre a estrutura horizontal e vertical da vegetao, apresentando-se como uma das alternativas para o conhecimento das variaes florsticas, fisionmicas e estruturais a que as comunidades vegetais esto sujeitas ao longo do tempo e espao (SCOLFORO, 1993). Pelo estudo da distribuio de dimetros, pode-se conhecer a estrutura de tamanho das populaes de uma comunidade (HARPER, 1977), como tambm fazer inferncias sobre acontecimentos passados e tendncias futuras (FELFILI, 1997). Meyer et al. (1961 apud LOPES et al., 2002), destacaram que as distribuies de dimetros refletem o histrico da vegetao, bem como a ocorrncia de distrbios tais como fogo, corte, doenas, ataque de insetos e outros fenmenos. Este estudo teve por objetivos: Realizar o levantamento da composio florstica e estrutura da comunidade arbrea em um trecho de cerrado sentido restrito, localizado no Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT; As principais perguntas relacionadas a este estudo foram: Quais so as espcies mais importantes no cerrado sentido restrito do PESA? A composio e estrutura da rea selecionada correspondem fisionomia cerrado sentido restrito? O cerrado do PESA similar a outras reas de cerrado de Mato Grosso? A comunidade do PESA encontra-se com estrutura auto-regenerante?

5 2. rea de Estudo O estudo foi conduzido em uma rea de cerrado sentido restrito no Parque Estadual da Serra Azul (PESA) (1551 S e 5216 W), localizado no municpio de Barra do Garas MT, na regio do Vale do Rio Araguaia (Fig.1). Criado em 1994 pelo projeto de lei n. 6.439 de 31 de maio, com uma rea de 11.002 ha, o Parque Estadual da Serra Azul representa uma importante Unidade de Conservao (UC) na regio leste do estado do Mato Grosso, estando representado em sua rea diversas formas fitofisionmicas do Cerrado brasileiro, como mata de galeria, mata semi-decdua, cerrado tpico, cerrado ralo, cerrado rupestre e veredas (FEMA, 2000).372 376 360 364 52 1918 -15 4435 368 380

52 0638 -15 4435

8.256

Mato Grosso Barra do Garas

8.252

Parque Estadual da Serra Azul

rea de Estudo 8.248

BR-070 8.244 -15 5318 52 1918

Escala 0 500 1000 Barra do Garas

2000 m -15 5318 52 0638

CINDACTA

rea de Estudo Centro de Visitantes Discoporto

Mirante do Cristo rea Urbana Barra do Garas Escala 0 100 200 400 m Legenda curso dgua estrada

Figura 1: Localizao de Barra do Garas no estado de Mato Grosso; e da rea de estudo no Parque Estadual da Serra Azul (PESA).

6 Na classificao de Kppen o clima da regio do tipo Aw, clima quente e mido, com duas estaes bem definidas (vero-chuvoso, inverno-seco). A precipitao mdia anual 1600 mm, temperatura mdia 22 C e altitude mdia 342 m.s.m. (FEMA, 2000; BRASIL, 1981), sendo que a altitude tomada com o uso de GPS nos quatro vrtices da rea selecionada para o estudo variou de 557 a 562 m.s.m., indicando que apesar desta rea estar no alto da serra, seu relevo relativamente plano. Esta rea, apesar de apresentar sinais da passagem de fogo, com o ltimo registro de queima em 2002 (CERILO RAMOS DA SILVA NETO, com. pessoal) foi selecionada por ser uma rea representativa do Cerrado e ser de fcil acesso.

3. Materiais e Mtodos Mtodos - Os dados foram coletados no perodo de dezembro de 2003 a janeiro de 2005 em uma rea de 1 ha (155101,7 S e 521601,9 W) subdividida em parcelas (10 10 m) permanentes e contguas. A rea de amostragem foi delimitada com estacas de madeira e barbante. Em cada parcela foram includos no levantamento todos os indivduos arbreos, vivos ou mortos em p, com dimetro ao nvel do solo (DAS) 4,77 cm. Os indivduos bifurcados foram includos na amostragem quando pelo menos uma das bifurcaes apresentou o DAS mnimo adotado neste trabalho. Todos os indivduos foram marcados com plaquetas de alumnio numeradas, tiveram seus permetros medidos com fita mtrica, altura mxima da copa estimada utilizando o podo de coleta como referncia e material botnico coletado para identificao. As rvores mortas em p foram includas no levantamento para o monitoramento, em trabalhos futuros, da dinmica desta comunidade. As espcies de palmeiras no foram includas no levantamento pelo fato da maioria das espcies que ocorrem no local apresentarem caule subterrneo. As coletas botnicas foram realizadas com tesoura de poda alta, acoplada a uma vara de coleta composta por vrios segmentos. As amostras de ramos vegetativos, florferos e/ou frutferos dos espcimes foram coletadas, prensadas e secas em estufa, de acordo com os procedimentos usuais de herborizao (FIDALGO; BONONI, 1989). Observaes relativas ao habitat, hbito, morfologia vegetativa e reprodutiva foram anotadas para confeco das etiquetas. Todos os exemplares foram processados e incorporados ao acervo do Herbrio da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT),

7 unidade do Instituto de Cincias e Letras do Mdio Araguaia (ICLMA). As duplicatas foram enviadas a outros herbrios nacionais. A identificao dos taxa que ocorrem no PESA foi feita com base nas caractersticas morfolgicas do material examinado, utilizando-se chaves de identificao, revises taxonmicas, comparaes com exsicatas incorporadas no Herbrio UFMT/ICLMA e em outros herbrios, e quando possvel por especialistas de outras instituies de ensino e pesquisa. O sistema de classificao adotado foi o de Cronquist (1988), exceto para as famlias Caesalpiniaceae, Papilionaceae e Mimosaceae, que foram tratadas como subfamlias da famlia Leguminosae; e Memecylaceae tratada separadamente das Melastomataceae. Anlise dos dados Para analisar a suficincia amostral foi construdo o grfico da curva espcie rea, conforme descrito por Kent e Coker (1992). Para avaliar a diversidade de espcies na rea estudada foi utilizado o ndice de Diversidade de Shannon (H) (MAGURRAN, 1988), e calculado o ndice de Equabilidade de Pielou (J) (KENT; COKER, 1992). As relaes florsticas com outras reas (Tab.1), foram feitas utilizando-se a classificao aglomerativa por UPGMA (Unweighted Pair Groups Method using Arithmetic Averages) e o coeficiente de Jaccard como medida de similaridade (SNEATH; SOKAL, 1973). A similaridade entre duas comunidades foi considerada alta quando esta atingiu valor maior ou igual a 0,5 (KENT; COKER, 1992), e 0,25 foi o limite mnimo para duas comunidades serem consideradas floristicamente semelhantes (MLLERDOMBOIS; ELLENBERG, 1974). Os nomes das espcies foram conferidos na home page The International Plant Names Index (http:// www.ipni.org/ipni/query_ipni.html) para evitar o uso de sinonmias na anlise de similaridade florstica. A estrutura da comunidade arbrea foi descrita a partir do clculo dos parmetros fitossociolgicos: densidade absoluta, freqncia absoluta, dominncia absoluta, densidade relativa, freqncia relativa, dominncia relativa e valor de importncia. Os clculos foram efetuados utilizando-se o programa FITOPAC 1 (SHEPHERD, 1994). Para anlise da estrutura vertical e horizontal da comunidade foram elaborados histogramas de freqncia, sendo os intervalos de classe para a estrutura vertical definidos de acordo com a preciso de estimativa no campo e para a estrutura horizontal calculados os intervalos de classe ideais de acordo com Spiegel (1976 apud FELFILI; SILVA JNIOR, 1988). Tambm foram analisados a distribuio diamtrica das espcies com os maiores IVIs da comunidade. O critrio para incluso dessas espcies foi que a soma em

8 ordem decrescente de IVI totalizasse mais de 25% do total. Os intervalos de classe tambm foram obtidos de acordo com Spiegel (1976 apud FELFILI; SILVA JNIOR, 1988) e o recrutamento e mortalidade entre classes, o quociente q, de acordo com Meyer et al. (1961 apud MARIMON et al., 2001).

Tabela 1: reas de cerrado sentido restrito do Brasil Central analisadas no estudo. Alt= altitude (m); DAS= dimetro a altura do solo; R= riqueza; H= ndice de diversidade de Shannon.Local Barra do Garas MT (PESA) Nova Xavantina MT Nova Xavantina / Cachimbo MT gua Boa MT Canarana MT Torixoreu MT Cuiab MT St Antnio do Leverger MT Perdizes MG Uberlndia MG Caldas Novas GO Braslia DF (Faz. gua Limpa) Braslia DF (Jd. Botnico) Braslia DF (APA Parano) Braslia DF (APA Cafuringa) Alt. (m) 560 300 400 450 400 335 176 141 950 800 950 1.100 1.056 1.050 1.000 DAS (cm) 5 3 5 5 3,2 3 2,6 3,2 5 4,1 3 5 5 3 R 86 103 92 80 88 19 27 e 34 131 43 76 67 40 53 e 54 54 86 H' (nats/ind) 3,77 3,54 3,69 3,78 3,29 e 3,55 3,75 3,37 3,63 2,47 3,40 e 3,16 3,41 3,76 Referncia Este estudo Marimon et al. 1998 Ratter et al. 1973 Felfili et al. 2002 Nogueira et al. 2001 Furley et al. 1988 Nascimento & Saddi 1992 Borges & Shepherd 2005 Cardoso et al. 2002 Costa & Arajo 2001 Silva et al. 2002 Fiedler et al. 2004 Fonseca & Silva Jnior 2004 Assuno & Felfili 2004 Pires et al. 1999

9 4. Resultados Foram identificadas 86 espcies distribudas em 60 gneros e 37 famlias (Tab.2). A curva espcie rea demonstrou um maior incremento de novas espcies a partir da quarta parcela (400 m2), com uma pequena diminuio no incremento a partir da parcela 64, onde foram amostradas 92% das espcies. Mesmo assim a curva espcie rea ainda registrou novos incrementos, demonstrando que seria necessrio que mais parcelas fossem amostradas para que a curva se aproximasse da estabilizao (Fig.2). Tabela 2: Famlias e espcies amostradas no cerrado sentido restrito do Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas MT. As espcies seguem com seu nome popular. NC= nmero do coletor.Famlias/Espcies Anacardiaceae Astronium fraxinifolium Schott Annonaceae Annona coriacea Mart. Annona crassiflora Mart. Duguetia sp. Xylopia aromatica Mart. Apocynaceae Aspidosperma macrocarpon Mart. Aspidosperma tomentosum Mart. Hancornia speciosa Gmez Himatanthus obovatus (Mll.Arg.) Woodson Araliaceae Schefflera macrocarpa (Seem.) D.C. Frodin Asteraceae Piptocarpha rotundifolia Baker Bignoniaceae Tabebuia aurea Benth. & Hook.f. ex S.Moore Tabebuia ochracea (Cham.) Standl. Bombacaceae Eriotheca gracilipes (K.Schum.) A.Robyns Eriotheca pubescens Schott & Endl. Burseraceae Protium heptaphyllum March. Caryocaraceae Caryocar brasiliense St.Hil. Nome Popular NC

gonalo-alves

600

araticum araticum-cortia pimenta-de-macaco

649 496 651 617

guatambu-do-cerrado peroba-do-cerrado mangaba pau-de-leite

489 639 635 568

mandioco-do-cerrado

637

corao-de-negro

644

para-tudo ip-amarelo

588 664

paineiro-do-campo paineira-do-cerrado

602 490

almecegueira

483

pequi

574 continua

10Tabela 2. (continuao) Famlias/Espcies Cecropiaceae Cecropia pachystachya Trcul Celastraceae Salacia crassifolia Pittier Salacia sp. Chrysobalanaceae Couepia grandiflora Benth. Licania humilis Cham. & Schlecht. Clusiaceae Kielmeyera coriacea Mart. Kielmeyera rubriflora Cambess. Combretaceae Buchenavia tomentosa Eichl. Connaraceae Connarus suberosus Planch. Rourea induta Planch. Dilleniaceae Curatella americana L. Davilla elliptica St.Hil. Ebenaceae Diospyros hispida A.DC. Flacourtiaceae Casearia sylvestris Sw. Icacinaceae Emmotum nitens Miers Lauraceae Mezilaurus crassiramea Taub. ex Mez Lecythidaceae Eschweilera nana Miers Leguminosae Caesalpinoideae Copaifera langsdorffii Desf. Dimorphandra mollis Benth. Diptychandra aurantiaca Tul. Hymenaea stigonocarpa Mart. ex Hayne Sclerolobium paniculatum Vog. Sclerolobium paniculatum var. subvelutinum Benth. in Mart. Leguminosae Mimosoideae Enterolobium gummiferum Macbride

Nome Popular

NC

embaba

672

bacupari-do-cerrado

579 596

oiti-do-serto 479 marmelinho-do-cerrado 626

pau-santo rosa-do-cerrado

481 605

mirindiba

507

araruta-do-campo botica-inteira

565 643

lixeira lixeirinha

534 511

caqui-do-cerrado

627

guaatonga

629

pau-de-sobre

518

cumbuquinha

491

ovo-frito

510

copaba faveira-de-anta balsaminho jatob-do-cerrado velame carvoeiro

656 581 657 592 463 647

orelha-de-macaco

591 continua

11Tabela 2. (continuao) Famlias/Espcies Leguminosae Papilionoideae Andira cuiabensis Benth. Andira paniculata Benth. Bowdichia virgilioides H.B. & K. Dalbergia miscolobium Benth. Dipteryx alata Vog. Machaerium acutifolium Vog. Pterodon pubescens Benth. Vatairea macrocarpa Ducke Leguminosae 1 Loganiaceae Strychnos pseudo-quina A.St.Hil. Lythraceae Lafoensia pacari St.Hil. Malpighiaceae Byrsonima basiloba A.Juss. Byrsonima coccolobifolia Nied. Byrsonima pachyphylla A.Juss. Byrsonima verbascifolia Rich. ex Juss. Marcgraviaceae Norantea guianensis Aubl. Melastomataceae Miconia albicans Steud. Memecylaceae Mouriri elliptica Mart. Moraceae Ficus catappifolia Kunth & Bouche Myrsinaceae Myrsine sp. Myrtaceae Eugenia aurata O.Berg Eugenia sp.1 Eugenia sp.2 Myrcia sp.1 Myrcia sp.2 Myrcia sp.3 Myrtaceae 1 Myrtaceae 2 Myrtaceae 3 Myrtaceae 4 Myrtaceae 5 Myrtaceae 6 Myrtaceae 7 Myrtaceae 8 Psidium pohlianum O.Berg

Nome Popular

NC

angelim-do-cerrado mata-barata sucupira-preta jacarand-do-cerrado baru jacarand-bico-de-pato sucupira-branca amargosa

512 614 504 633 567 632 515 501 671

quina-do-cerrado

630

pacari

619

murici murici-rosa murici muricizo flor-de-papagaio quaresma-branca croadinha figueira

508 599 622 641 587 484 472 498 503 466 572 556 533 535 470 623 573 595 604 547 642 555 673 467 continua

ara

12Tabela 2. (concluso) Famlias/Espcies Nyctaginaceae Guapira sp. Ochnaceae Ouratea hexasperma Baill. Ouratea spectabilis Engl. Proteaceae Roupala montana Aubl. Rubiaceae Palicourea rigida H.B. & K. Tocoyena formosa K.Schum. Sapotaceae Pouteria ramiflora Radlk. Vochysiaceae Qualea grandiflora Mart. Qualea parviflora Mart. Salvertia convallariaeodora A.St.Hil. vassoura-de-bruxa folha-de-serra carne-de-vaca bate-caixa jenipapo-de-cavalo curiola pau-terra-grande pau-terra-roxo chapu-de-couro

Nome Popular

NC

606 557 524 616 480 477 473 522 531 493

100 90Nmero de Espcies

86 79 67 50 33 22 11 15

80 70 60 50 40 30 20 10 0

1 1

2

4 3

8 4

16 5

32 6

64 7

100 8

Nmero de Parcelas

Figura 2: Curva espcie rea para a comunidade arbrea amostrada no cerrado sentido restrito do Parque Estadual da Serra Azul, em Barra do Garas, MT.

13 Dezesseis famlias contriburam com mais de 75% do nmero total de espcies amostradas, com as maiores riquezas apresentadas pelas famlias Leguminosae com 16 espcies (Caesalpinoideae seis, Mimosoideae uma e Papilionoideae nove), Myrtaceae (15 espcies), Annonaceae, Apocynaceae e Malpighiaceae (quatro) (Fig.3), sendo que apenas essas cinco famlias foram responsveis por 50% da riqueza na rea estudada. Vinte e duas famlias (59%) foram representadas por uma nica espcie. Os gneros melhor representados no cerrado do PESA foram Byrsonima (com quatro espcies), Eugenia e Myrcia (trs). No entanto, a maioria dos gneros (47 gneros), foi representada por uma nica espcie.Outras Rubiaceae Ochnaceae Hippocrateaceae Clusiaceae Dilleniaceae Connaraceae 2,3% 2,3% 2,3% 2,3% 2,3% 2,3% 2,3% 2,3% 2,3% 3,5% 4,7% 4,7% 4,7% 17,4% 18,6% 0 5 10 15 20 25 25,6%

Famlias

Chrysobalanaceae Bombacaceae Bignoniaceae Vochysiaceae Malpighiaceae Apocynaceae Annonaceae Myrtaceae Leguminosae

Nmero de Espcies

Figura 3: Famlias mais ricas, totalizando 75% das espcies amostradas no cerrado sentido restrito do Parque Estadual da Serra Azul, em Barra do Garas, MT.

A comparao florstica da rea estudada, atravs da anlise de agrupamento, com cerrados dos Brasil Central, demonstrou para o nvel especfico (Fig.4) a formao de trs subgrupos, sendo que todos apresentaram similaridades superiores a 28%. O maior destes subgrupos (J= 0,36) foi constitudo por reas localizadas na parte central e sul do Cerrado, abrangendo os estados de Minas Gerais, Gois e o Distrito

14 Federal. Neste subgrupo, reas localizadas no Planalto Central do Brasil apresentaram maiores similaridades entre si. O segundo subgrupo (J= 0,30) foi constitudo por reas localizadas na regio leste do estado de Mato Grosso, no Vale do Rio Araguaia, compreendendo reas de cerrado pr-amaznico. O terceiro subgrupo (J= 0,28) foi representado por duas reas localizadas em Mato Grosso, uma rea da regio centro-sul do estado e outra da regio leste. Este terceiro subgrupo apresentou baixa similaridade florstica com as demais reas do Brasil Central, unindo-se a estas a um nvel de similaridade de apenas 20%. Santo Antnio do Leverger foi a nica rea que no se agrupou a outros cerrados do Brasil Central, unindo-se a estes a uma similaridade de apenas 18%, ou seja, abaixo do limite mnimo (0,25) para que as reas fossem consideradas floristicamente semelhantes. Apenas duas localidades (APA Parano Jardim Botnico) apresentaram similaridade superior a 50%. A similaridade florstica entre reas diminuiu a medida que se distanciou das reas mais centrais do Cerrado, compreendidas por aquelas situadas no Planalto Central do Brasil. Esse fato ficou evidenciado pelas reas de Mato Grosso, que correspondem as reas mais perifricas analisadas, visto que estas localidades foram as que apresentaram as menores similaridades em relao as reas mais centrais do bioma. O dendrograma de similaridade florstica obtido utilizando o nvel genrico demonstrou maiores nveis de similaridade entre as reas do que o evidenciado para as espcies, porm o padro de agrupamento entre reas foi similar ao verificado para o nvel especfico (Fig.5). Pode-se observar a formao de trs subgrupos distintos, o primeiro subgrupo (J= 0,46) constitudo por reas localizadas no Vale do Rio Araguaia, o segundo (J= 0,43) formado por reas da parte central e sul do Cerrado, compreendendo os estados de Minas Gerais, Gois e o Distrito Federal, e o terceiro subgrupo (J= 0,35) formado por duas reas localizadas no estado de Mato Grosso (Cuiab Torixoreu). Santo Antnio do Leverger que no nvel especfico apresentou a menor similaridade de todas as reas, no nvel genrico foi mais similar (J= 0,28) a reas do leste mato-grossense e da parte central e sul do Cerrado. Alguns padres registrados para os gneros, seguiram os mesmos obtidos para o agrupamento das espcies, como APA do Parano Jardim Botnico com o maior nvel de similaridade e reas de Mato Grosso com as menores similaridades em relao as do Brasil Central.

15gua Boa Canarana Nova Xavantina Este Estudo (PESA) Xavantina / Cachimbo gua Limpa APA Parano Jardim Botnico Cafuringa Caldas Novas Uberlndia Perdizes Cuiab Torixoreu St Antnio do Leverger 0.15 0.20 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50 0.55

Jaccard Figura 4: Dendrograma de similaridade florstica, por espcies, obtido por mdia de grupo (UPGMA) e ndice de Jaccard, entre levantamentos realizados em cerrado sentido restrito no Brasil Central.gua Boa Canarana Nova Xavantina Este Estudo (PESA) Xavantina / Cachimbo gua Limpa APA Parano Jardim Botnico Uberlndia Cafuringa Caldas Novas Perdizes St Antnio do Leverger Cuiab Torixoreu 0.25 0.30 0.35 0.40 0.45 0.50 0.55 0.60 0.65 0.70

Jaccard Figura 5: Dendrograma de similaridade florstica, por gneros, obtido por mdia de grupo (UPGMA) e ndice de Jaccard, entre levantamentos realizados em cerrado sentido restrito no Brasil Central.

16 Das 254 espcies compiladas a partir das listas florsticas de 15 reas de cerrado sentido restrito do Brasil Central, apenas 37 espcies ocorreram em mais de 50% das reas comparadas, e somente trs (Hymenaea stigonocarpa, Qualea grandiflora e Qualea parviflora) ocorreram em todas as reas, podendo estas espcies serem consideradas entre as mais tpicas da fisionomia cerrado sentido restrito (Tab.3). Tabela 3: Espcies ocorrentes em mais de 50% das quinze reas de cerrado sentido restrito do Brasil Central analisadas. *= espcies que no foram amostradas no cerrado do Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT. Espcies Nmero de Espcies Nmero de Locais Locais Hymenaea stigonocarpa Qualea grandiflora Qualea parviflora Byrsonima coccolobifolia Bowdichia virgilioides Connarus suberosus Pouteria ramiflora Roupala montana Caryocar brasiliense Davilla elliptica Dimorphandra mollis Erythroxylum suberosum* Lafoensia pacari Ouratea hexasperma Austroplenckia populnea* Byrsonima verbascifolia Hancornia speciosa Kielmeyera coriacea Qualea multiflora* 15 15 15 14 13 13 13 13 12 12 12 12 12 12 11 11 11 11 11 Aspidosperma tomentosum Byrsonima pachyphylla Erythroxylum tortuosum* Piptocarpha rotundifolia Tocoyena formosa Vatairea macrocarpa Aspidosperma macrocarpon Guapira noxia* Palicourea rigida Salvertia convallariaeodora Curatella americana Dalbergia miscolobium Eriotheca pubescens Machaerium acutifolium Plathymenia reticulata* Strychnos pseudo-quina Stryphnodendron adstringens* Tabebuia aurea 10 10 10 10 10 10 9 9 9 9 8 8 8 8 8 8 8 8

Na estrutura da comunidade estudada no PESA, 11 famlias compreenderam 75% dos indivduos da comunidade, com destaque para as famlias Myrtaceae (175 indivduos), Leguminosae (120), Ochnaceae (115), Combretaceae (106) e Malpighiaceae (90) (Fig.6). A maior abundncia observada para Myrtaceae no PESA foi decorrente do elevado nmero de indivduos apresentados pelas espcies Myrcia sp.3 (63 indivduos) com a 4 posio em abundncia na comunidade e Myrtaceae 1 (30 indivduos) com a 12 colocao entre as espcies mais abundantes. J Leguminosae, apesar de no possuir nenhuma espcie entre as 10 mais abundantes, apresentou espcies com abundncias intermedirias, com destaque para Andira cuiabensis (29 indivduos), Andira paniculata

17 (21), Diptychandra aurantiaca (20) e Hymenaea stigonocarpa (16). As famlias Combretaceae e Ochnaceae, apesar de representadas por uma e duas espcies respectivamente, destacaram-se entre as famlias mais abundantes no cerrado do PESA, pois apresentaram as espcies de maior abundncia da rea. As espcies mais abundantes foram Buchenavia tomentosa (106 indivduos), Ouratea spectabilis (97), Davilla elliptica (69), Myrcia sp.3 (63) e Byrsonima coccolobifolia (61). Dezesseis espcies (19%) apresentaram apenas um indivduo.

Outras Vochysiaceae Chrysobalanaceae Memecylaceae morto 3,7% 3,9% 4,2% 4,4% 5,3% 6,9% 7,0% 8,3% 9,0% 9,4% 13,7% 0 50 100 150 200 250 300

24,4%

Famlias

Clusiaceae Dilleniaceae Malpighiaceae Combretaceae Ochnaceae Leguminosae Myrtaceae

350

Nmero de Indivduos

Figura 6: Famlias mais abundantes, totalizando 75% dos indivduos amostrados no cerrado sentido restrito do Parque Estadual da Serra Azul, em Barra do Garas, MT.

A rea estudada no PESA apresentou densidade de 1282 ind./ha (1227 indivduos vivos e 55 mortos) e rea basal de 18,06 m2/ha. O valor do ndice de diversidade de espcies de Shannon (H) para o PESA foi 3,77 nats/indivduo e a equabilidade foi 0,84. As espcies de maior IVI foram Buchenavia tomentosa, Ouratea spectabilis, Couepia grandiflora, Mezilaurus crassiramea, indivduos mortos, Davilla elliptica, Mouriri elliptica, Byrsonima coccolobifolia, Myrcia sp.3 e Kielmeyera rubriflora, que juntas abrangeram 52% do IVI total. Dentre as espcies de maior IVI, Ouratea spectabilis, Davilla elliptica, Mouriri elliptica, Byrsonima coccolobifolia, Myrcia sp.3 e

18 Kielmeyera rubriflora destacaram-se por apresentar a densidade como maior parmetro relativo; j Buchenavia tomentosa, Couepia grandiflora, Mezilaurus crassiramea e indivduos mortos pela dominncia como o maior parmetro, estando estas ltimas espcies entre as cinco mais importantes na comunidade (Tab.4). Tabela 4: Parmetros fitossociolgicos da comunidade lenhosa amostrada no cerrado sentido restrito no Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT. n= nmero de indivduos; DR= densidade relativa (%); DoR= dominncia relativa (%); FR= freqncia relativa e IVI= ndice de valor de importncia. As espcies esto ordenadas por ordem decrescente de IVI. Espcie n DR DoR FR IVI 1 Buchenavia tomentosa 106 8,27 22,42 6,42 37,11 2 Ouratea spectabilis 97 7,57 6,43 6,22 20,22 3 Couepia grandiflora 45 3,51 7,31 3,42 14,24 4 Mezilaurus crassiramea 46 3,59 7,53 2,80 13,91 5 Morta 56 4,37 4,90 4,56 13,82 6 Davilla elliptica 69 5,38 2,10 4,46 11,94 7 Mouriri elliptica 54 4,21 3,93 3,73 11,87 8 Byrsonima coccolobifolia 61 4,76 2,53 4,46 11,75 9 Myrcia sp.3 63 4,91 1,63 4,46 11,00 10 Kielmeyera rubriflora 51 3,98 2,79 3,32 10,09 11 Andira cuiabensis 29 2,26 3,17 2,59 8,02 12 Eschweilera nana 27 2,11 2,39 2,28 6,77 13 Pouteria ramiflora 23 1,79 2,59 2,18 6,56 14 Miconia albicans 33 2,57 1,09 2,59 6,25 15 Myrtaceae 1 30 2,34 0,90 2,59 5,83 16 Qualea grandiflora 24 1,87 1,61 2,07 5,56 17 Curatella americana 19 1,48 1,75 1,87 5,09 18 Hymenaea stigonocarpa 16 1,25 1,79 1,66 4,70 19 Andira paniculata 21 1,64 1,17 1,55 4,36 20 Astronium fraxinifolium 22 1,72 0,88 1,76 4,36 21 Emmotum nitens 11 0,86 2,10 0,83 3,79 22 Diptychandra aurantiaca 20 1,56 0,71 1,45 3,72 23 Qualea parviflora 22 1,72 0,64 1,35 3,70 24 Kielmeyera coriacea 17 1,33 0,64 1,66 3,62 25 Myrtaceae 7 16 1,25 0,70 1,66 3,60 26 Ouratea hexasperma 18 1,40 0,54 1,45 3,40 27 Eriotheca gracilipes 13 1,01 0,77 1,35 3,13 28 Byrsonima pachyphylla 14 1,09 0,42 1,24 2,75 29 Myrcia sp.1 13 1,01 0,29 1,35 2,65 30 Eugenia sp.1 11 0,86 1,10 0,62 2,58 31 Caryocar brasiliense 6 0,47 1,38 0,62 2,47 32 Lafoensia pacari 12 0,94 0,49 1,04 2,46 33 Byrsonima verbascifolia 10 0,78 0,53 1,04 2,35 34 Hancornia speciosa 11 0,86 0,29 1,14 2,29 35 Diospyros hispida 9 0,70 0,55 0,93 2,19 36 Bowdichia virgilioides 6 0,47 0,97 0,62 2,06 37 Xylopia aromatica 10 0,78 0,27 0,93 1,99 38 Eugenia aurata 9 0,70 0,20 0,93 1,83continua

19Tabela 4. (concluso)

Espcie39 Rourea induta 40 Strychnos pseudo-quina 41 Aspidosperma tomentosum 42 Myrcia sp.2 43 Norantea guianensis 44 Salacia crassifolia 45 Casearia sylvestris 46 Byrsonima basiloba 47 Eugenia sp.2 48 Tabebuia ochracea 49 Sclerolobium paniculatum var. subvelutinum 50 Pterodon pubescens 51 Myrtaceae 3 52 Dipteryx alata 53 Connarus suberosus 54 Myrtaceae 5 55 Palicourea rigida 56 Licania humilis 57 Roupala montana 58 Dimorphandra mollis 59 Piptocarpha rotundifolia 60 Ficus catappifolia 61 Sclerolobium paniculatum 62 Aspidosperma macrocarpon 63 Myrtaceae 2 64 Annona coriacea 65 Tabebuia aurea 66 Guapira sp. 67 Annona crassiflora 68 Salacia sp. 69 Leguminosae 1 70 Schefflera macrocarpa 71 Machaerium acutifolium 72 Himatanthus obovatus 73 Tocoyena formosa 74 Eriotheca pubescens 75 Copaifera langsdorffii 76 Duguetia sp. 77 Myrtaceae 4 78 Cecropia pachystachya 79 Salvertia convallariaeodora 80 Enterolobium gummiferum 81 Vatairea macrocarpa 82 Myrtaceae 8 83 Myrsine sp. 84 Dalbergia miscolobium 85 Protium heptaphyllum 86 Myrtaceae 6 87 Psidium pohlianum Totais

n DR DoR FR 9 0,70 0,20 0,93 10 0,78 0,40 0,52 9 0,70 0,23 0,73 8 0,62 0,15 0,83 3 0,23 1,05 0,21 7 0,55 0,20 0,73 8 0,62 0,13 0,62 5 0,39 0,46 0,52 8 0,62 0,12 0,62 4 0,31 0,42 0,41 3 0,23 0,55 0,31 5 0,39 0,15 0,52 5 0,39 0,15 0,52 5 0,39 0,12 0,41 4 0,31 0,15 0,41 4 0,31 0,23 0,31 4 0,31 0,12 0,41 5 0,39 0,10 0,31 3 0,23 0,25 0,31 4 0,31 0,06 0,41 3 0,23 0,24 0,31 1 0,08 0,57 0,10 4 0,31 0,10 0,31 1 0,08 0,53 0,10 4 0,31 0,10 0,21 3 0,23 0,07 0,31 2 0,16 0,25 0,21 3 0,23 0,06 0,31 2 0,16 0,22 0,21 2 0,16 0,12 0,21 1 0,08 0,25 0,10 2 0,16 0,05 0,21 2 0,16 0,04 0,21 2 0,16 0,04 0,21 2 0,16 0,04 0,21 2 0,16 0,03 0,21 1 0,08 0,14 0,10 1 0,08 0,09 0,10 1 0,08 0,07 0,10 1 0,08 0,06 0,10 1 0,08 0,05 0,10 1 0,08 0,03 0,10 1 0,08 0,02 0,10 1 0,08 0,02 0,10 1 0,08 0,02 0,10 1 0,08 0,01 0,10 1 0,08 0,01 0,10 1 0,08 0,01 0,10 1 0,08 0,01 0,10 1282 100,00 100,00 100,00

IVI 1,83 1,70 1,66 1,60 1,49 1,47 1,38 1,37 1,36 1,15 1,10 1,06 1,06 0,93 0,87 0,86 0,85 0,80 0,80 0,79 0,78 0,75 0,72 0,71 0,62 0,61 0,61 0,60 0,58 0,48 0,44 0,41 0,41 0,41 0,40 0,39 0,32 0,27 0,25 0,24 0,24 0,21 0,20 0,20 0,20 0,20 0,19 0,19 0,19 300,00

20 A altura mxima encontrada para a comunidade foi 14 m, a mnima 0,5 m e a mdia 3,96 m ( 1,99), sendo a maior altura observada para um indivduo morto. A anlise da estrutura vertical apresentou a maioria dos indivduos (78%), enquadrando-se entre 1,5 5,5 m, com as ltimas classes tendo menor nmero de indivduos (Fig.7A). Algumas espcies alcanaram alturas bem acima da mdia chegando a ultrapassar 10 m, entre essas destacaram-se: Buchenavia tomentosa, Mezilaurus crassiramea, Eschweilera nana, Pouteria ramiflora, Emmotum nitens e Sclerolobium paniculatum var. subvelutinum. Espcies como Ouratea spectabilis, Kielmeyera rubriflora, Andira cuiabensis, Curatella americana e Lafoensia pacari apresentaram uma amplitude de classes de altura. No entanto, Eugenia aurata, Rourea induta, Myrcia sp.2, Eugenia sp.2, Palicourea rgida, Licania humilis e Himatanthus obovatus foram restritas s menores classes (0,5 2,5 m). Algumas das populaes que apresentaram elevados valores de abundncia na comunidade estudada, alcanaram altura mxima de 5,5 m, como Davilla elliptica, Mouriri elliptica, Myrcia sp.3 e Miconia albicans o que contribuiu para a maior concentrao de indivduos nas menores classes de altura. Na distribuio diamtrica da comunidade, 623 indivduos se encontraram na primeira classe de dimetro, apresentando a distribuio de classes na forma de um J invertido, o que demonstra um recrutamento contnuo na comunidade (Fig.7B). Buchenavia tomentosa, Ouratea spectabilis, var. Couepia grandiflora, Mezilaurus e

crassiramea, Pouteria ramiflora, Emmotum nitens, Caryocar brasiliense, Norantea guianensis, Sclerolobium paniculatum subvelutinum, Ficus catappifolia Aspidosperma macrocarpon, representando 12% das espcies, foram as nicas a alcanarem dimetros superiores a 29,6 cm. Doze espcies (13%) encontraram-se restritas a primeira classe (4,77 8,9 cm): Rourea induta, Casearia sylvestris, Eugenia sp.2, Licania humilis, Dimorphandra mollis, Annona coriacea, Guapira sp., Schefflera macrocarpa, Machaerium acutifolium, Himatanthus obovatus, Tocoyena formosa e Eriotheca pubescens.

21

Altura IC= 1,00400 Nmero de Indivduos 350 300 250 200149 334 280 236

A

150 100 5078 84 51 33 14 11 4 5

2

1

0,5 1,5

1,5 2,5

2,5 3,5

3,5 4,5

4,5 5,5

5,5 6,5

6,5 7,5

7,5 8,5

8,5 9,5

10,5 11,5

11,5 12,5

12,5 13,51

1,5

2,5

3,5

4,5

5,5

6,5

7,5

8,5

9,5 10,5 11,5 12,5 13,5 14,5

Classes de altura (m)

700 600 Nmero de Indivduos 500 400 300 200 100

Dimetro IC= 4,14623

273 160 99 63 27 19

8

4

4

4,77 8,9

13,1 17,2

17,2 21,3

21,3 25,5

25,5 29,6

29,6 33,8

33,8 37,9

37,9 42,0

42,0 46,2

46,2 50,3

8,9

13,1 17,2 21,3 25,5 29,6 33,8 37,9 42,0 46,2 50,3 54,5

Classes de Dimetro (cm)

Figura 7: Distribuio da freqncia de indivduos em classes de altura (A) e dimetro (B), na comunidade estudada de cerrado sentido restrito no Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT. IC= Intervalo de Classe.

50,3 54,5

8,9 13,1

0

13,5 14,5

9,5 10,5

0

B

1

22 Apenas quatro espcies (Buchenavia tomentosa, Ouratea spectabilis, Couepia grandiflora e Mezilaurus crassiramea) compreenderam mais de 25% do IVI total da comunidade, sendo estas as espcies selecionadas para a anlise da distribuio diamtrica. Buchenavia tomentosa apresentou sua populao constituda principalmente por grandes indivduos, visto que 47% apresentaram dimetros superiores a 21 cm (Fig.8). Ouratea spectabilis apresentou equivalncia numrica de indivduos nas primeiras classes diamtricas (q1= 1,00 e q2= 0,81), estando 78% dos indivduos entre 4,77 e 15 cm de dimetro. Sua populao foi constituda principalmente por indivduos de menor porte, havendo poucos indivduos nas maiores classes de dimetro (Fig.8). Couepia grandiflora apresentou 53% de seus indivduos nas classes intermedirias de dimetro (14,1 a 21,5 cm), com um pequeno nmero de indivduos (8 indivduos) nas duas primeiras classes diamtricas (Fig.8). Mezilaurus crassiramea apresentou distribuio diamtrica com tendncia ao J invertido, apresentando 48% de seus indivduos na primeira classe de dimetro e baixo recrutamento para a classe seguinte (q1= 0,36). M. crassiramea apresentou dimetros elevados, com indivduos apresentando dimetro de at 49 cm (Fig.8).

23Buchenavia tomentosa IC= 5,430 25 20 15 10 5 0 28 20 18 18 10 7 437,2 42,6 q1= 0,90 q2= 1,00 q3= 1,56 q4= 0,36 q5= 0,70 q6= 0,57 q7= 0,25

142,6 48

10,2 15,6

26,4 31,8

10,2

15,6

21

26,4

31,8

37,2

31,8 37,2

4,8 10,2

15,6 21

21 26,4

42,6

48

30 25 20 15 10 5 0

27

27

Ouratea spectabilis IC= 3,422 14 5 111,6 15 18,4 21,8 15 18,4 21,8 25,2

q1= 1,00 q2= 0,81 q3= 0,64 q4= 0,36 q5= 0,20

0 28,625,2 28,6

1 3228,6 32

8,2

11,6

8,2 11,6

4,88,2

15

18,4

21,8

25,2

Nmero de Indivduos

Couepia grandiflora IC= 3,715 10 5 010,4 14,1 14,1 17,8 17,8 21,5 21,5 25,2 25,2 28,9

12 5

12 7 5

q1= 1,67 q2= 2,40 q3= 1,00 q4= 0,58 q5= 0,71 q6= 0,20

3

1 14,1 17,8 21,5 25,2 28,9 32,628,9 32,6

10,4

6,7 10,4

25 20 15 10 5 0

22

Mezilaurus crassiramea IC= 6,8

8

6

7 1 138,8 45,6

q1= 0,36 q2= 0,75 q3= 1,17 q4= 0,14 q5= 1,00 q6= 1,00

1 52,445,6 52,4

11,6 18,4

18,4 25,2

4,8 11,6

25,2 32

11,6

18,4

25,2

32

38,8

32 38,8

45,6

Classes de dimetro (cm)

Figura 8: Distribuio da freqncia de indivduos em classe de dimetro e o quociente q das principais espcies do cerrado sentido restrito no Parque Estadual da Serra Azul, Barra do Garas, MT. IC= intervalo de classe.

24 5. Discusso O padro apresentado pela curva espcie rea demonstrou que apesar de ocorrer uma pequena diminuio no incremento de novas espcies a partir da parcela 64 (6.400 m2), ainda seria necessrio uma amostragem maior para que curva se aproximasse da estabilizao. Esse padro diferiu do encontrado por Silberbauer-Gottsberger e Eiten (1983) que observaram uma estabilizao da curva espcie rea por volta de 75 parcelas de 10 10 m (7.500 m2). Tambm diferiu do padro registrado por Andrade et al. (2002) e Assuno e Felfili (2004) que observaram uma maior reduo no nmero de novas espcies a partir de 3.000 m2 de rea amostrada. Felfili e Imaa-Encinas (2001) comentaram que reas de cerrado apresentam um nmero em torno de 20 espcies nos primeiros 1.000 m2 seguidos de acrscimos mais acentuados neste nmero a cada 1.000 m2 amostrados at a primeira metade do hectare, quando ento, a inclinao da curva tende a diminuir. No PESA, esse valor foi obtido em apenas 400 m2 (22 espcies) chegando a curva espcie rea ao final de um hectare sem a indicao de estabilizao na riqueza, o que demonstrou uma grande variabilidade florstica nesta rea. A riqueza florstica registrada no cerrado sentido restrito do PESA (86 espcies em 1 ha), pode ser considerada alta para esta fitofisionomia. Em trabalhos utilizando o mesmo tamanho de rea amostral e critrio de incluso aproximado ao que foi adotado neste estudo, Felfili et al. (2002) levantaram 80 espcies no cerrado de gua Boa MT; j para cerrados do Planalto Central, Rossi et al. (1998) e Assuno e Felfili (2004) registraram 52 e 54 espcies respectivamente e Felfili et al. (1993) estudando seis reas de cerrado sentido restrito na Chapada Pratinha, registraram riqueza variando de 55 a 70 espcies em cada rea. A maior riqueza observada por Felfili et al. (2002) em gua Boa MT foi atribuda por aqueles autores a posio geogrfica pr-amaznica da rea, o que tambm poderia ser uma explicao para a riqueza observada no PESA, visto que so reas prximas e situadas no Vale do Rio Araguaia. Nogueira et al. (2001) estudando uma rea de cerrado sentido restrito em Canarana MT, tambm registraram elevada riqueza florstica para esta fitofisionomia (88 espcies), reforando a idia de maior riqueza em cerrados pr-amaznicos. A concentrao das espcies em poucas famlias, no caso do PESA, onde apenas cinco representaram 50% da riqueza, tambm vem sendo apresentada em outros trabalhos realizados em cerrado sentido restrito nas diferentes regies compreendidas pelo

25 bioma Cerrado, como nos trabalhos de Teixeira et al. (2004) e Fidelis e Godoy (2003) no estado de So Paulo; Assuno e Felfili (2004) no Distrito Federal; Costa e Arajo (2001), Saporetti Jnior et al. (2003) e Balduino et al. (2005) em Minas Gerais; Silva et al. (2002) em Gois e Felfili et al. (2002) no cerrado de Mato Grosso. Em todos esses trabalhos as famlias Leguminosae e Myrtaceae apareceram entre as mais ricas, sendo que em todos, Leguminosae ocupou a primeira posio. Leguminosae e Myrtaceae tambm destacaramse como as famlias mais ricas em formaes florestais do bioma Cerrado, como as Matas de Galeria (FELFILI, 1994; SILVA JNIOR et al., 2001; MARIMON et al., 2002; SILVA JNIOR, 2004). O predomnio de Leguminosae pode estar relacionado ao fato do Planalto Central do Brasil ser um de seus principais centros de diversificao (POLHILL et al., 1981). J as Myrtaceae representam aproximadamente 2,7% das espcies de plantas do mundo (MABBERLEY, 1997), destacando-se no cerrado entre as famlias com o maior nmero de espcies (MENDONA et al., 1998). Para o agrupamento das espcies, a similaridade florstica apresentada entre os cerrados do Brasil Central, confirmou o aspecto observado por Felfili et al. (1993), de que mesmo apresentando uma combinao de menos de 100 espcies por rea estudada, as espcies do cerrado se caracterizam por se distriburem espacialmente em mosaicos. De uma forma geral, o padro de agrupamento apresentado entre as reas parece estar relacionado com a proximidade geogrfica e tambm a menor variao de altitude entre elas. Tal fato ficou bem evidenciado pelas reas localizadas na regio leste do estado de Mato Grosso (Vale do Rio Araguaia), com altitudes variando de 300 560 m e tambm pelas reas do Distrito Federal, que so as que apresentam menor distncia entre si e esto todas acima de 1.000 m de altitude. A influncia da altitude na variao da vegetao tambm foi registrada por Felfili et al. (1998a), onde reas situadas acima de 1.000 m foram mais similares entre si do que com reas abaixo dessa cota altitudinal. No entanto, para as reas de Cuiab, Torixoreu e Santo Antnio do Leverger esse padro no foi observado, visto que reas prximas tanto geograficamente quanto em cotas altitudinais apresentaram baixa similaridade e do mesmo modo, reas distantes e em diferentes altitudes foram mais similares. Nesses casos, outros fatores podem estar atuando para determinar uma maior similaridade ou dissimilaridade entre as reas, como variaes nas caractersticas dos solos, ocorrncia e freqncia de queimadas e disponibilidade de gua no lenol fretico, os quais influenciariam a composio de espcies, refletindo-se na similaridade florstica observada.

26 Para a maior similaridade florstica apresentada pelos cerrados do Vale do Rio Araguaia, alm da proximidade geogrfica entre as reas, a influncia de espcies amaznicas nesses cerrados pode ter contribudo para a maior similaridade verificada, visto a localizao destas reas em uma regio de transio entre o Cerrado e a Floresta Amaznica, e que estudos apontaram a influncia de espcies da flora amaznica no cerrado sentido restrito em uma proporo em torno de 1,4% (MEIO et al., 2003). A menor similaridade apresentada pelas reas de Mato Grosso, no nvel especfico, em relao s demais reas do Brasil Central, corrobora o que foi sugerido por Ratter e Dargie (1992) de que a variao na composio de espcies do cerrado sofreria a influncia de gradientes latitudinais e longitudinais. J o distanciamento florstico apresentado por Torixoreu em relao as demais reas do Vale do Rio Araguaia foi influenciado principalmente pela baixa riqueza florstica amostrada naquele estudo (19 espcies). Para Santo Antnio do Leverger, a similaridade de apenas 18% com as demais reas, pode ainda estar relacionada ao menor critrio de incluso dos indivduos adotado no estudo e ao fato de parte da rea estudada apresentar saturao de gua no solo no perodo chuvoso. Para o agrupamento dos gneros, a maior similaridade apresentada entre as reas analisadas do Brasil Central, indicou que mesmo apresentando suas espcies distribudas em mosaicos vegetacionais, o perfil florstico entre as reas de cerrado sentido restrito se diferencia bem menos ao nvel de gneros. Oliveira Filho e Ratter (2004) analisando a distribuio de espcies das matas ciliares do Cerrado encontraram padro semelhante ao obtido neste estudo, com uma maior afinidade entre reas do Distrito Federal, Gois e Minas Gerais e outra entre reas do norte e oeste do bioma Cerrado, atribuindo o padro encontrado para as matas ciliares a fatores geogrficos. Para o cerrado sentido restrito alm da proximidade entre as reas, a similaridade parece ser influenciada por fatores ambientais locais, o que explicaria o distanciamento entre algumas reas geograficamente prximas. A maior similaridade apresentada por Santo Antnio do Leverger com as demais reas do Brasil Central, no nvel genrico, sugere que embora o critrio de incluso em Santo Antnio do Leverger possa ter amostrado indivduos no arbreos, este teve menor influncia sobre a similaridade no nvel genrico. Gentry e Emmons (1987) comentaram que embora cada rea dentro de uma mesma regio possua um conjunto prprio de espcies, o perfil florstico das mesmas se diferencia bem menos nos nveis

27 mais altos como famlias e gneros, fato que foi corroborado pelas anlises de similaridade florstica entre reas de cerrado do Brasil Central. Nos trabalhos realizados por Rossi et al. (1998), Arajo et al. (1999) e Teixeira et al. (2004), Leguminosae e Myrtaceae foram famlias abundantes, apresentando maior nmero de espcies em relao s outras famlias. Nesses trs trabalhos, a famlia Ochnaceae representada por apenas uma espcie ocupou a oitava, terceira e sexta posio, respectivamente, entre as famlias mais abundantes. O mesmo foi verificado para o cerrado do PESA, onde esta famlia (representada por duas espcies - Ouratea hexasperma e O. spectabilis) foi a terceira mais abundante. Vochysiaceae, que foi a famlia com maior nmero de indivduos nos trabalhos de Rossi et al. (1998), Teixeira et al. (2004), Balduino et al. (2005) e a segunda mais abundante no trabalho de Cardoso et al. (2002), ocupou no PESA a 11 posio. Ratter et al. (1997) afirmaram que em muitas reas de cerrado, Vochysiaceae seria a famlia dominante, principalmente devido abundncia de trs espcies de Qualea, um dos maiores gneros desta famlia. Haridasan (2000) destacou a capacidade de espcies da famlia Vochysiaceae em acumular alumnio, com destaque para as pertencentes ao gnero Qualea, o que conferiria a estas espcies uma vantagem competitiva. No PESA, foram amostradas duas espcies pertencentes a este gnero, com abundncia de 22 e 24 indivduos (23 e 16 posio de IVI), o que poderia sugerir uma menor concentrao de alumnio na rea estudada. Buchenavia tomentosa, a espcie mais abundante na rea estudada, no esteve presente na maioria dos trabalhos realizados em cerrado sentido restrito de outras regies (NASCIMENTO; SADDI, 1992; FELFILI et al., 1998b; PIRES et al., 1999; COSTA; ARAJO, 2001; FELFILI et al., 2002; SILVA et al., 2002; FIEDLER et al., 2004), sendo, no entanto encontrada em uma rea de cerrado no Pantanal mato-grossense em baixa abundncia (dois indivduos) (BORGES; SHEPHERD, 2005) e registrada como freqente para as reas de cerrado sentido restrito do Pantanal Mortes-Araguaia na plancie sedimentar do Bananal (MARIMON; LIMA, 2001). Esta espcie considerada por Mendona et al. (1998) como tpica das fitofisionomias cerrado e mata de galeria, entretanto apresentou elevada abundncia na fitofisionomia cerrado sentido restrito estudada. Isso demonstra que, embora o PESA compartilhe as principais espcies encontradas nos cerrados do Brasil Central, sua composio e estrutura apresentam algumas particularidades. Tambm evidencia a importncia de levantamentos florsticos

28 em reas onde esses estudos no existam para que se possa ter uma correta definio do padro de ocorrncia das espcies em cada fitofisionomia deste bioma. Moreira (1992) estudando os efeitos do fogo na vegetao do cerrado observou uma maior resistncia da espcie Ouratea hexasperma a passagem do fogo. Tal resistncia pode estar ocorrendo na rea estudada do PESA para outra espcie deste gnero (O. spectabilis), o que poderia explicar sua presena entre as espcies mais abundantes na comunidade. O mesmo pode estar ocorrendo para o grande nmero de indivduos de Davilla elliptica, j que Medeiros (2002) estudando os efeitos do fogo nos padres de rebrotamento em plantas lenhosas de campo sujo; e Sato (1996) estudando a mortalidade de plantas lenhosas do cerrado submetido a diferentes regimes de queima, verificaram maior resistncia ao fogo para esta espcie. Na rea estudada no PESA existe um histrico de ocorrncia de fogo, com a ltima queima registrada em 2002 (CERILO RAMOS DA SILVA NETO, com. pessoal). Astronium fraxinifolium, que apresentou densidade de 22 ind/ha na rea estudada, ocorrendo em 17 parcelas, est entre as espcies ameaadas de extino na categoria vulnervel (IBAMA, 1992). Levando em considerao que esta espcie vem sendo registrada em outras reas de cerrado (MARIMON et al., 1998; FELFILI et al., 2002; SAPORETTI JNIOR et al., 2003; BALDUINO et al., 2005; BORGES; SHEPHERD 2005), com abundncia entre 6 a 29 indivduos e que apresenta ampla distribuio pelo bioma Cerrado (RATTER et al., 2000; RATTER et al., 2003), pode-se verificar que faltam critrios tcnicos e cientficos para a incluso de espcies na lista oficial das espcies ameaadas de extino. A falta de critrios na elaborao de um documento fundamental para se evitar a perda da diversidade biolgica de uma regio ou de um pas, poder levar ao desaparecimento espcies que esto sofrendo uma maior presso antrpica e que necessariamente deveriam constar nessas listas para sua proteo. O destaque apresentado por Buchenavia tomentosa na estrutura da comunidade, com os maiores valores dos parmetros fitossociolgicos relativos, pode estar indicando que essa comunidade experimentou no passado algum evento que veio a favorecer um grande recrutamento de indivduos de B. tomentosa, como o aumento no nmero de polinizadores e dispersores ou diminuio de predadores. Analisando-se os seus dimetros, nota-se que a maioria dos indivduos apresentou dimetro ao nvel do solo maior que 13 cm, sendo que 24% dos indivduos ficaram abaixo desse valor, demonstrando que atualmente o recrutamento no est ocorrendo de forma to acentuada quanto em outros tempos. Felfili e Silva Jnior (1988), analisando a distribuio dos dimetros numa

29 faixa de cerrado na Fazenda gua Limpa em Braslia DF encontraram situao semelhante para Caryocar brasiliense, sugerindo que a menor concentrao de indivduos nas classes iniciais poderia estar indicando problemas de regenerao natural em perodo recente. A espcie Ouratea spectabilis, o segundo maior IVI da comunidade estudada, ocorre comumente em outras reas de cerrado. Entretanto, com exceo do trabalho de Arajo et al. (1999), onde O. spectabilis ocupou a sexta posio no IVI, e do trabalho de Fidelis e Godoy (2003) com a quarta posio, essa espcie no figura entre as principais na estrutura da comunidade de outras reas de cerrado (MARIMON et al., 1998; FELFILI et al., 2002; MEIRA NETO; SAPORETTI JNIOR, 2002; SAPORETTI JNIOR et al., 2003; BALDUINO et al., 2005). Situao semelhante foi observada para Couepia gradiflora (terceiro maior IVI no PESA), que em outras reas de cerrado figurou acima da trigsima posio (IVI) na estrutura da comunidade (MARIMON et al., 1998; NOGUEIRA et al., 2001; DURIGAN et al., 2002; FELFILI et al., 2002; MEIRA NETO; SAPORETTI JNIOR, 2002; SAPORETTI JUNIOR et al., 2003; TEIXEIRA et al., 2004). Mezilaurus crassiramea, a nica Lauraceae da rea estudada, destacou-se (quarto maior IVI) devido dominncia relativa. Esta espcie no aparece, com freqncia, na flora de outras reas do Cerrado (NASCIMENTO; SADDI, 1992; FELFILI et al., 1998b; COSTA; ARAJO, 2001; SILVA et al., 2002; FIEDLER et al., 2004), sendo considerada por Mendona et al. (1998) como uma espcie de mata de galeria e por Lorenzi (2002) como uma espcie da mata pluvial Atlntica. Em cerrados pr-amaznicos Marimon et al. (1998) encontraram M. crassiramea com a 25 posio no IVI, e Felfili et al. (2002) observaram esta espcie entre as principais da comunidade, com a 5 posio no IVI. Ratter et al. (2000) apontaram que esta espcie apresenta distribuio restrita no bioma Cerrado, ocorrendo mais a oeste deste bioma. Portanto, apesar de citada apenas para formaes florestais, esta espcie tambm deve ser includa como ocorrente em formaes savnicas, j que em cerrados pr-amaznicos no Vale do Rio Araguaia M. crassiramea foi registrada destacando-se na estrutura das comunidades. Vale destacar que entre as quatro espcies de maior IVI (Buchenavia tomentosa, Ouratea spectabilis, Couepia grandiflora e Mezilaurus crassiramea), todas apresentam frutos zoocricos, sendo os trs primeiros do tipo drupide e o ltimo bacceo (BARROSO et al., 1999). Com exceo de O. spectabilis, as trs outras espcies

30 apresentam frutos semelhantes, com tamanho chegando a 4 cm de comprimento (LORENZI, 2002). O destaque dos indivduos mortos entre os maiores IVIs tambm foi verificado nos trabalhos realizados por Rossi et al. (1998), Teixeira et al. (2004) e Felfili et al. (2002), onde a categoria de indivduos mortos ocupou a 2, 3 e 4 posio no IVI, respectivamente, sendo que nos ambientes onde o fogo no ocorre com muita freqncia, o nmero de indivduos mortos fica em torno de 5% do total (FELFILI et al., 2002). Emmotum nitens, apesar de apresentar valor de dominncia relativa igual ou superior ao das espcies mais importantes, ocupou apenas a 21 posio no IVI na comunidade devido ao seu baixo valor de densidade e freqncia relativa (0,86 e 0,83, respectivamente). Esta espcie, que na rea estudada esteve presente em oito das 100 parcelas, foi apontada por Ratter et al. (2000) como uma espcie caracterstica de cerrado e matas em solos distrficos. Apesar de no se ter informaes sobre as propriedades do solo da rea estudada, foram amostradas algumas espcies caractersticas de solos com boa fertilidade como Buchenavia tomentosa e Mezilaurus crassiramea (LORENZI, 2002) e algumas espcies indicadoras de solos mesotrficos como Astronium fraxinifolium e Dipteryx alata (RATTER et al., 2003), sugerindo que esse seria o padro de solo da rea estudada. Este fato poderia explicar os baixos valores de densidade e freqncia relativa apresentados por Emmotum nitens no cerrado do PESA. Poucas espcies detendo grande parte do valor de importncia da comunidade como o encontrado no PESA, onde 10 espcies somaram 52% do IVI total da comunidade, tambm ocorrem em outras reas do Cerrado. Geralmente, 15% das espcies (6 a 13) englobam mais de 50% do IVI total da comunidade (MARIMON et al., 1998; COSTA; ARAJO, 2001; CARDOSO et al., 2002; FELFILI et al., 2002; MEIRA NETO; SAPORETTI JNIOR, 2002; ANDRADE et al., 2002; SILVA et al., 2002; FIDELIS; GODOY, 2003; SAPORETTI JNIOR et al., 2003; TEIXEIRA et al., 2004; ASSUNO; FELFILI, 2004; BALDUINO et al., 2005; BORGES; SHEPHERD, 2005). A diversidade de espcies observada no cerrado sentido restrito do PESA (H= 3,77), ficou entre os maiores valores registrados para essa fitofisionomia, reforando o padro de alta diversidade apresentada por cerrados pr-amaznicos (Tab.1). O elevado valor de equabilidade indicou que mesmo possuindo uma flora rica em espcies, no h o predomnio de uma espcie ou de um grupo de espcies na comunidade, indicando uma baixa dominncia ecolgica. No Mato Grosso, valores elevados de diversidade foram registrados para o cerrado sentido restrito (NOGUEIRA et al., 2001; FELFILI et al., 2002;

31 BORGES; SHEPHERD, 2005). Ratter et al. (2003), destacaram elevada riqueza de espcies para esse estado, particularmente para as regies da bacia de drenagem dos rios Araguaia-Tocantins. As altas diversidades registradas para Mato Grosso podem, em parte, estar relacionadas influncia da flora Amaznica, visto que suas espcies penetram no Cerrado at aproximadamente 700 km (MIO et al., 2003). A altura mdia dos indivduos registrada para o PESA (3,96 m) enquadrouse dentro da subdiviso cerrado tpico (3 a 6 m), proposta por Ribeiro e Walter (1998) para a fisionomia cerrado sentido restrito. Esse valor esteve prximo do obtido por Costa e Arajo (2001) em Uberlndia, com mdia de 3,94 m. A ocorrncia da maioria dos indivduos entre 1,5 5,5 m de altura, tambm se relaciona ao menor porte apresentado pelas espcies da fisionomia cerrado sentido restrito. O fato da primeira classe de altura ter apresentado um menor nmero de indivduos em relao classe seguinte, tambm vem sendo observado em outros trabalhos (NASCIMENTO; SADDI, 1992; FIDELIS; GODOY, 2003; ASSUNO; FELFILI, 2004). Isso possivelmente est relacionado ao critrio de incluso dos indivduos na amostra, que provavelmente excluiu aqueles que pertenceriam primeira classe. A distribuio diamtrica dos indivduos amostrados no PESA, indicou que a rea apresenta principalmente indivduos jovens, com 49% atingindo at 8,9 cm de dimetro e poucos com valores superiores a 37,9 cm, o que demonstrou um recrutamento contnuo na comunidade, caracterizando-a com auto-regenerante. O padro de J invertido foi apresentado para outras reas de cerrado sentido restrito, onde mais de 50% dos indivduos apresentaram dimetros inferiores a 10 cm, com os maiores dimetros chegando a 45 cm. (FELFILI; SILVA JNIOR, 1988; NASCIMENTO; SADDI, 1992; FELFILI, 2001; FIDELIS; GODOY, 2003; ASSUNO; FELFILI, 2004). O cerrado do PESA apresentou, portanto, padro semelhante de distribuio diamtrica aos encontrados em outras reas do bioma cerrado. Na anlise da distribuio de dimetros das principais espcies da comunidade, o maior nmero de indivduos na classe de 21 a 26,4 cm de dimetro apresentado por Buchenavia tomentosa pode ser analisado por dois pontos de vista: primeiro, essa espcie pode ter vivenciado no passado condies timas como um perodo de maior produo de frutos, um aumento no nmero de dispersores para suas sementes e/ou diminuio do nmero de predadores, bem como, durante o estabelecimento de suas plntulas pode ter ocorrido um perodo sem queima da rea, j que queimadas freqentes tendem a reduzir a densidade de plantas lenhosas matando ou suprimindo principalmente

32 os indivduos na classe de menor porte (SATO, 1996; FROST; ROBERTSON, 1987). A segunda anlise seria que B. tomentosa em momentos mais recentes estaria com problemas no recrutamento de novos indivduos, um dos fatores para isto seria a baixa produo de frutos que foi verificada, no perodo de coleta dos dados, para esta espcie na rea, como tambm a ao do fogo, j que este apresenta grande influncia na estrutura da vegetao lenhosa do Cerrado (SILVA et al., 1996). Ouratea spectabilis apresentou menor taxa de mortalidade para os indivduos com menores dimetros. Nos trabalhos de Sato (1996) e Medeiros (2002) foi verificada uma maior resistncia a passagem do fogo para Ouratea hexasperma. possvel que a mesma resistncia esteja ocorrendo para O. spectabilis no cerrado do PESA, o que refletiu no maior nmero de indivduos nas classes mais baixas de dimetro. O menor nmero de indivduos nas maiores classes de dimetro bem como a completa ausncia na penltima, provavelmente no est relacionada a fatores perturbantes como extrao seletiva, visto que esta espcie caracteriza-se por apresentar indivduos com at 25 cm de dimetro e madeira pouco durvel (LORENZI, 2002), o que permite supor que a ausncia de indivduos nas maiores classes seja devido ao trmino do ciclo de vida. Couepia grandiflora pode ter apresentado problemas no recrutamento de novos indivduos em perodo recente, visto as baixas densidades apresentadas pelas duas primeiras classes de dimetro, com a maior concentrao de indivduos nas classes intermedirias. Padro semelhante ao da distribuio de dimetro de C. grandiflora foi observado por Felfili e Silva Jnior (1988) para Miconia pohliana no cerrado do Distrito Federal. Esses autores sugeriram que as menores densidades nas classes mais baixas de dimetro podem estar refletindo problemas no ciclo de vida da espcie, uma vez que novos indivduos no estariam se estabelecendo na rea. Problemas com polinizao, frutificao, predao de frutos e sementes ou mesmo germinao foram apontados como possveis causas da baixa representatividade nas primeiras classes de dimetro. O baixo recrutamento apresentado por Mezilaurus crassiramea da primeira para a segunda (q1= 0,36) e da quarta para a quinta classe (q4= 0,14), podem estar refletindo perturbaes ocorridas na rea. A passagem de fogo pode ter influenciado uma maior taxa de mortalidade para os indivduos com menores dimetros, j que esses so mais propensos de serem mortos pelo fogo (MEDEIROS, 2002). A menor concentrao de indivduos nos maiores dimetros pode estar indicando extrao de alguns indivduos na rea, ocorrida antes da criao do Parque, uma vez que esta espcie apresenta madeira de alta resistncia mecnica, durvel e de ampla utilidade (LORENZI, 2002).

33 6. Concluso Nossos resultados enfatizam a importncia do PESA como Unidade de Conservao representativa dos cerrados pr-amaznicos, tanto pela alta diversidade de espcies encontrada como pela composio e estrutura diferenciadas em relao a outras reas de cerrado do Brasil Central. A maior dissimilaridade apresentada pelos cerrados de Mato Grosso enfatizam a importncia da proteo das reas de cerrado remanescentes neste estado, atravs da criao de novas Unidades de Conservao, para garantir a proteo do mximo de sua diversidade biolgica. A ocorrncia de espcies consideradas tpicas de outras fitofisionomias, como Buchenavia tomentosa e Mezilaurus crassiramea, ocupando posio de destaque no cerrado sentido restrito do PESA, demonstram que nossas informaes contriburam para ampliar a definio de ocorrncia destas espcies em cada fitofisionomia do bioma Cerrado. Mesmo dentro do PESA, outras reas de cerrado sentido restrito devero ser amostradas para se conhecer a heterogeneidade florstica e a estrutura desta fitofisionomia em escala local. Mudanas na estrutura da comunidade estudada podero ocorrer caso persistam os baixos recrutamentos apresentados por algumas populaes.

7. Referncias Bibliogrficas ALHO, C.J.R.; MARTINS, E.S. De Gro em Gro, o Cerrado Perde Espao (Cerrado Impactos do Processo de Ocupao). Braslia: WWF Fundo Mundial para a Natureza, 1995. ANDRADE, L.A.Z.; FELFILI, J.M.; VIOLATTI, L. Fitossociologia de uma rea de cerrado denso na RECOR IBGE, Braslia DF. Acta Botanica Brasilica, v.16, n.2, p. 225-240, 2002. ARAJO, A.R.B.; TEIXEIRA, M.I.J.G.; RODRIGUES, R.R. Florstica e fitossociologia de um trecho de cerrado no municpio de Franca. Naturalia, v.24, p.153-170, 1999. ASSUNO, S.L.; FELFILI, J.M. Fitossociologia de um fragmento de cerrado sensu stricto na APA do Parano, DF, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.18, n.4, p.903-909, 2004. BALDUINO, A.P.C.; SOUZA, A.L.; MEIRA NETO, J.A.A.; SILVA, A.F.; SILVA JNIOR, M.C. Fitossociologia e anlise comparativa da composio florstica do cerrado da flora de Paraopeba MG. Revista rvore, v.29, n.1, p.25-34, 2005.

34 BARROSO, G.M; MORIM, M.P.; PEIXOTO, A.L.; ICHASO, C.L.F. Frutos e Sementes: morfologia aplicada sistemtica de dicotiledneas. Viosa: Editora UFV, Universidade Federal de Viosa, 1999. BRASIL. Ministrio das Minas e Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL. Folha AS.22. Gois; geologia, geomorfologia, pedologia, vegetao e uso potencial da terra. Rio de Janeiro: 1981. BORGES, H.B.N.; SHEPHERD, G.J. Flora e estrutura do estrato lenhoso numa comunidade de Cerrado em Santo Antnio do Leverger, MT, Brasil. Revista Brasileira de Botnica, v.28, n.1, p.61-74, 2005. CARDOSO, E.; MORENO, M.I.C.; GUIMARES, A.J.M. Estudo fitossociolgico em rea de cerrado sensu stricto na Estao de Pesquisa e Desenvolvimento Ambiental Galheiro Perdizes, MG. Caminhos de Geografia, v.3, n.5, p.30-43, 2002. COSTA. A.A.; ARAJO, G.M. de. Comparao da vegetao arbrea de cerrado e de cerrado na Reserva do Panga, Uberlndia, Minas Gerais. Acta Botanica Brasilica, v.15, n.1, p.63-72, 2001. COUTINHO, L.M. Fire in the ecology of Brazilian cerrado. In: Goldammer, J.G. (Ed.). Fire in the tropical biota. Springer-Verlag, Berlim, 1990. CRONQUIST. A. The evolution and classification of flowering plants. 2. ed. The New York Botanical Garden, Bronx, New York: 1988. DURIGAN, G.; NISHIKAWA, D.L.L.; ROCHA, E.; SILVEIRA, E.R.; PULITANO, F.M.; REGALADO, L.B.; CARVALHAES, M.A.; PARANAGU, P.A.; RANIERI, V.E.L. Caracterizao de dois estratos da vegetao em uma rea de cerrado no municpio de Brotas, SP, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.16, n.3, p.251-262, 2002. FELFILI, J.M.; SILVA JNIOR, M.C. Distribuio dos dimetros numa faixa de cerrado na Fazenda gua Limpa (FAL) em Braslia DF. Acta Botanica Brasilica, v.2, n.1-2, p.85-104, 1988. FELFILI, J.M.; SILVA JNIOR., M.C.; REZENDE, A.V.; MACHADO, J.W.B.; WALTER, B.M.T.; SILVA, P.E.N.; HAY, J.D. Anlise comparativa da florstica e fitossociologia da vegetao arbrea do cerrado sensu stricto na Chapada Pratinha, DF Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.6, n.2, p.27-46, 1993. FELFILI, J.M. Floristic composition and phytosociology of the gallery forest alongside the Gama stream in Braslia, DF, Brazil. Revista Brasileira de Botnica, v.17, n.1, p.1-11, 1994. FELFILI, J.M. Diameter and height distributions of a gallery forest community and some of its main species in central Brazil over six-year period (1985-1991). Revista Brasileira de Botnica, v.6, n.2, p.155-162, 1997.

35 FELFILI, J.M. SILVA JNIOR, M.C.; FILGUEIRAS, T.S.; NOGUEIRA, P.E. Comparison of cerrado (sensu stricto) vegetation in central Brazil. Cincia e Cultura Journal of the Brazilian Association for the Advancement of Science, v.50, n.4, p.237243, 1998a. FELFILI, J.M.; SILVA JNIOR, M.C.; NOGUEIRA, P.E. Levantamento da Vegetao Arbrea na Regio de Nova Xavantina, MT. Boletim do Herbrio Ezechias Paulo Heringer, n.3, p.63-81, 1998b. FELFILI, M.C.; FELFILI, J.M. Diversidade alfa e beta no cerrado sensu stricto da Chapada Pratinha, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.15, n.2, p.243-254, 2001. FELFILI, J.M. Distribuio de dimetros de quatro reas de cerrado sensu stricto na Chapada do Espigo Mestre do So Francisco. In: Felfili, J.M. & Silva Jnior, M.C (Orgs). Biogeografia do Bioma Cerrado: estudo fitogeogrfico na Chapada do Espigo Mestre do So Francisco. Braslia: Universidade de Braslia, Faculdade de Tecnologia, Departamento de Engenharia Florestal, 2001. p. 57-61. FELFILI, J.M.; IMAA-ENCINAS, J. Suficincia da amostragem no cerrado sensu stricto das quatro reas estudadas na Chapada do Espigo Mestre do So Francisco. In: Felfili, J.M. & Silva Jnior, M.C (Orgs). Biogeografia do Bioma Cerrado: estudo fitogeogrfico na Chapada do Espigo Mestre do So Francisco. Braslia: Universidade de Braslia, Faculdade de Tecnologia, Departamento de Engenharia Florestal, 2001. p. 31-35. FELFILI, J.M.; NOGUEIRA, P.E.; SILVA JNIOR, M.C. da; MARIMON, B.S.; DELITTI, W.B.C. Composio florstica e fitossociolgica do cerrado sentido restrito no municpio de gua Boa - MT. Acta Botanica Basilica, v.16, n.1, p.103-112, 2002. FEMA - Fundao Estadual do Meio Ambiente - MT. Diagnstico ambiental do Parque Estadual da Serra Azul. Barra do Garas, MT: 2000. FIDALGO, O.; BONONI, V.L.R. Tcnicas de coleta, preservao e herborizao de material botnico. Instituto de Botnica, SP: Srie documentos, 1989. 62 p. FIDELIS, A.T.; GODOY, S.A.P. de. Estrutura de um Cerrado stricto sensu na Gleba Cerrado P-de-Gigante, Santa Rita do Passa Quatro, SP. Acta Botanica Brasilica, v.17, n.4, p.531-539, 2003. FIEDLER, N.C.; AZEVEDO, I.N.C. de; REZENDE, A.V.; MEDEIROS, M.B. de; VENTUROILI, F. Efeito de incndios florestais na estrutura e composio florstica de uma rea de cerrado sensu stricto na Fazenda gua Limpa - DF. Revista rvore, n.28, p.129-138, 2004. FROST, P.G.H.; ROBERTSON, F. The ecological effects of fire in savannas. In: B.H. Walker (Ed.). Determinants of Tropical Savannas. Oxford: IRL Press Limited, 1987. p. 93-139. GENTRY, A.H.; EMMONS, L.H. Geographic variation in fertility, phenology and composition of the understory of Neotropical forest. Biotropica, n.19, p.216-227, 1987.

36 HARIDASAN, M. Nutrio mineral de plantas nativas do Cerrado. Revista Brasileira de Fisiologia Vegetal, v.12, n.1, p.54-64, 2000. HARPER, J.L. Population biology of plants. London: Academic Press, 1977. 892 p. IBAMA. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renovveis. Lista oficial de flora ameaada de extino. Portaria n 37-N, de 3 de abril de 1992. Disponvel em: . Acesso em: 03 de nov. 2005. KENT, M.; COKER, P. Vegetation description and analysis; a practical approach. London: Belhaven, 1992. 363 p. KLINK, C.A.; MACEDO, R.H. ; MUELLER, C.C. De Gro em Gro, o Cerrado Perde Espao: Impactos no processo de ocupao. In: MARTINS, E.S. & ALHO, C.J.R. (Ed). Documento para discusso. Braslia: WWF & PRO-CER, 1995, 66p. LOPES, W.P.; SILVA, A.F.; SOUZA, A.L.; MEIRA NETO, J.A.A. Estrutura fitossociolgica de um trecho de vegetao arbrea no Parque Estadual do Rio Doce Minas Gerais, Brasil. Acta Botanica Brasilica, v.16, n.1, p.443-456, 2002. LORENZI. H. rvores Brasileiras: Manual de identificao e cultivo de plantas arbreas do Brasil. Vol. 1 e 2. Nova Odessa, SP: Plantarum, 2002. MABBERLEY, D.J. The plant book: a portable dictionary of the vascular plants. CambridgeUniversity Press, 1997. MAGURRAN, E.A. Ecological diversity and its measurement. Princeton: Princeton University Press, 1988. MARIMON, B.S.; VARELLA, R.F.; MARIMON JNIOR, B. Fitossociologia de uma rea de Cerrado de encosta em Nova Xavantina, Mato Grosso. Boletim do Herbrio Ezechias Paulo Heringer, n.3, p.85-101, 1998. MARIMON, B.S.; FELFILI, J.M.; LIMA, E.S.; RODRIGUES, A,J. Distribuies de circunferncias e alturas em trs pores da Mata de Galeria do Crrego Bacaba, Nova Xavantina - MT. Revista rvore, v.25, n.3, p.335-343, 2001. MARIMON, B.S.; LIMA, E.S. Caracterizao fitofisionmica e levantamento florstico preliminar no Pantanal dos rios Mortes Araguaia, Cocalinho, Mato Grosso. Acta Botanica Brasilica, v.15, n.2, p.213-229, 2001. MARIMON, B.S.; FELFILI, J.M.; LIMA, E.S. Floristics and phytosociology of the Gallery Forest of the Bacaba stream, Nova Xavantina, Mato Grosso, Brazil. Edinburgh Journal of Botany, v.59, n.2, p.303-318, 2002. MARTINS, F.R. Atributos de comunidades vegetais. Quid, Teresina, v.9, n.1/2. p.12-17, 1990. MEDEIROS, M.B. Efeitos do fogo nos padres de rebrotamento em plantas lenhosas, em campo sujo. 2002. Tese de Doutorado, Universidade de Braslia, Braslia.

37 MIO, B.B.; FREITAS, C.V.; JATOB, L.; SILVA, M.E.F.; RIBEIRO, J.F.; HENRIQUES, R.P.B. Influncia da flora das florestas Amaznicas e Atlnticas na vegetao do cerrado sensu stricto. Revista Brasileira de Botnica, v.26, n.4, p.437-444, 2003. MEIRA NETO, J.A.A.; SAPORETTI JNIOR, A.W. Parmetros fitossociolgicos de um Cerrado no Parque Nacional da Serra do Cip, MG. Revista rvore, v.26, n.5, p.645-648, 2002. MENDONA, R.C. de; FELFILI, J.M.; WALTER, B.M.T.; SILVA JNIOR, M.C. da; REZENDE, A.V.; FILGUEIRAS, T.S.; NOGUEIRA, P.E. Flora Vascular do Cerrado. In: Sano, S.M. & Almeida, S.P. (Eds.). Cerrado ambiente e flora. Planaltina, GO: EMBRAPA - CPAC, 1998. p. 289-556. MITTERMEIER, R.A.; MYERS, N.; MITTERMEIER C.G. Hotspots: Earths Biologically Richest and Most Endangered Terrestrial Ecoregions. Mexico City: CEMEX, 2000. MOREIRA, A.G. Fire protection and vegetation dynamics in the Brazilian Cerrado. 1992. 200f. Tese (Ph.D.), Harvard University, Harvard. MULLER-DOMBOIS, D.; ELLENBERG, H. Aims and methods in vegetation ecology. New York: John Wiley and Sons, 1974. 547 p. NASCIMENTO, M.T.; SADDI, N. Structure and floristic composition in area of cerrado in Cuiab MT, Brazil. Revista Brasileira de Botnica, v.15, n.1, p.47-55, 1992. NOGUEIRA, P.E.; FELFILI, J.M.; SILVA JNIOR, M.C.; DELITTI, W.; SEVILHA, A. Composio florstica e fitossociologia de um cerrado sentido restrito no municpio de Canarana MT. Boletim do Herbrio Ezechias Paulo Heringer, n.8, p.28-43, 2001. OLIVEIRA FILHO, A.T. ; RATTER, J.A. Padres florsticos das matas ciliares da regio do Cerrado e a evoluo das paisagens do Brasil Central durante o Quartenrio Tardio. In: Rodrigues, R.R. & Leito Filho, H. (Eds.). Matas Ciliares: conservao e recuperao. So Paulo: Editora da Universidade de So Paulo, Fapesp, 2004. p. 73-89. OLIVEIRA, R.S.; BATISTA, J.A.N.; PROENA, C.E.B.; BIANCHETTI, L. Influncia do fogo na florao de espcies de Orchidaceae em cerrado. In: Miranda, H.S.; Saito, C.H. & Dias, B.F.S. (Orgs). Impactos de queimadas em reas de Cerrado e Restinga. Anais do Simpsio Impacto das Queimadas sobre os Ecossistemas e Mudanas Globais. Congresso de Ecologia do Brasil, Braslia: UNB, ECL, 1996. p. 61-67. PIRES, A.; FELFILI, J.M.; ABREU, A.R. de. Florstica e Fitossociologia do Cerrado stricto sensu na APA de Cafuringa DF. Boletim do Herbrio Ezechias Paulo Heringer, n.4, p.5-20, 1999. POLHILL, R.M. RAVEN, P.H.; STIRTON, C.H. Evolution and systematics of the Leguminosae. In: Polhill, R.M. & Raven, P.H. (Eds.). Advances in legume systematics . Kew. Royal Botanic Garden, 1981. vol. 1, p.1-34.

38 RATTER, J.A.; DARGIE, T.C.D. An analysis of the floristic composition of 26 cerrado areas in Brazil. Edinburgh Journal of Botany, v.49, n.2, p.235-250, 1992. RATTER, J.A.; RIBEIRO, J.F.; BRIDGEWATER, S. The Brazilian Cerrado Vegetation and Threats to its Biodiversity. Annals of Botany, n.80, p.223-230, 1997. RATTER, J.A.; BRIDGEWATER, S.; RIBEIRO, J.F.; DIAS, T.A.B.; SILVA, M.R. Estudo preliminar da distribuio das espcies lenhosas da fitofisionomia cerrado sentido restrito nos estados compreendidos pelo bioma Cerrado. Boletim do Herbrio Ezechias Paulo Heringer, n.5, p.5-43, 2000. RATTER, J.A.; BRIDGEWATER, S.; RIBEIRO, J.F. Analysis of the floristic composition of the brazilian cerrado vegetation III: Comparison of the woody vegetation of 376 areas. Edinburgh Journal of Botany, v.60, n.1, p.57-109, 2003. RIBEIRO, J.F.; WALTER, B.M.T. Fitofisionomias do bioma Cerrado. In: Sano, S.M.; Almeida, S.P.(Eds). Cerrado: ambiente e flora. Planaltina: EMBRAPA CPAC, 1998. p.29-47. ROSSI, C.V.; SILVA JNIOR, M.C. da; SANTOS, C.E.N. dos. Fitossociologia do Estrato Arbreo do Cerrado (sensu stricto) no Parque Ecolgico Norte, Braslia DF. Boletim do Herbrio Ezechias Paulo Heringer, n.2, p.49-56, 1998. SAPORETTI JNIOR, A.W.; MEIRA NETO, J.A.; ALMADO, R.P. Fitossociologia de cerrado sensu stricto no municpio de Abaet MG. Revista rvore, v.27, n.3, p.413-419, 2003. SATO. M.N. Mortalidade de plantas lenhosas do cerrado submetido a diferentes regimes de queima. 1996. Dissertao de Mestrado, Universidade de Braslia, Braslia. SCOLFORO, J.R.S. Inventrio Florestal. Lavras: ESAL/FAEPE, 1993. 228 p. SHEPHERD, G.J. FITOPAC 1. Manual do usurio. Campinas: Departamento de Botnica. UNICAMP, 1994. SILBERBAUER-GOTTSBERGER, I.; EITEN, G. Fitossociologia de um hectare de cerrado. Brasil Florestal, n.54, p.55-70, 1983. SILVA, G.T.; SATO, M.N.; MIRANDA, H.S. Mortalidade de plantas lenhosas em um campo sujo de cerrado submetido a queimadas prescritas. In: Miranda, H.S.; Saito, C.H. & Dias, B.F.S. (Orgs). Impactos de queimadas em reas de Cerrado e Restinga. Anais do Simpsio Impacto das Queimadas sobre os Ecossistemas e Mudanas Globais. Congresso de Ecologia do Brasil, Braslia: UNB, ECL, 1996. p. 93-101. SILVA JNIOR, M.C.; FELFILI, J.M. A vegetao da Estao Ecolgica de guas Emendadas. Braslia: SMACT do Distrito Federal, IEMA do DF, IBAMA. 1996.

39 SILVA JNIOR, M.C.; FELFILI, J.M.; WALTER, B.M.T.; NOGUEIRA, P.E.; REZENDE, A.V.; MORAIS, R.O.; NBREGA, M.G.G. Anlise de flora arbrea de Matas de Galeria no Distrito Federal: 21 levantamentos. In: J.F. Ribeiro; C.E.L. Fonseca; J.C. Sousa-Silva (Eds.). Cerrado: caracterizao e recuperao de Matas de Galeria. Planaltina, DF: EMBRAPA Cerrados, 2001. p. 143-191. SILVA JNIOR, M. C. Fitossociologia e estrutura diamtrica da Mata de Galeria do Taquara, na Reserva Ecolgica do IBGE, DF. Revista rvore, v.28, n.3, p.419-428, 2004. SILVA, L.L. O papel do estado no processo de ocupao das reas de cerrado entre as dcadas de 60 e 80. Caminhos de Geografia, v.1, n.2, p.24-36, 2000. SILVA, L.O.; COSTA, D.A.; ESPRITO SANTO FILHO, K. do; FERREIRA, H.D.; BRANDO, D. Levantamento Florstico e Fitossociolgico em Duas reas de Cerrado sensu stricto no Parque Estadual da Serra de Caldas Novas, Gois. Acta Botanica Brasilica, v.16, n.1, p.43-53, 2002. SNEATH, P.H.A.; SOKAL, R.R. Numerical taxonomy. San Francisco: Freeman & Co., 1973. TEIXEIRA, M.I.J.; ARAJO, A.R.B.; VALERI, S.V.; RODRIGUES, R.R. Florstica e Fitossociologia de rea de Cerrado s.s. no Municpio de Patrocnio Paulista, Nordeste do Estado de So Paulo. Bragantia, v.63, n.1, p.1-11, 2004.