avanÇos no cÁlculo de capacidades em...
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93rd Annual Meeting of the Transportation Research Board, January 12-16, 2014
0
Avaliação operacional e ambiental de rotundas | Seminário final do projeto AROUND. Coimbra, 9 de dezembro de 2014
Luís Vasconcelos
Instituto Politécnico de Viseu
AVANÇOS NO CÁLCULO DE CAPACIDADES EM ROTUNDAS
Álvaro Seco e Ana Bastos Silva
Universidade de Coimbra
93rd Annual Meeting of the Transportation Research Board, January 12-16, 2014
Enquadramento
Rotundas convencionais
Uma via
• Muito seguras
• Capacidade superior à de cruzamentos prioritários
Duas vias
• Alguns problemas de segurança
• Capacidade comparável à de cruzamentos semaforizados
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Enquadramento
Turbo-rotundas
• Muito seguras
• Capacidade superior à de rotundas de uma via (mas inferior à de rotundas de duas vias)
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Enquadramento
A opção por um determinado layout deve assentar num estudo que permita prever o desempenho da rotunda em termos de capacidades e demoras
Modelos de capacidades
• Empíricos (regressão)
• Probabilísticos (gap-acceptance)
• Simulação
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Modelos empíricos
A capacidade de uma entrada é função de um conjunto de variáveis que descrevem a geometria e o tráfego conflituante
O método do TRL
• Os parâmetros do modelo foram obtidos a partir de uma grande número de observações (Reino Unido, anos 70/80)
• 35 geometrias em circuito fechado e 86 rotundas públicas com grande diversidade de características geométricas
• 11.000 minutos de observações em condições saturadas
• Custo total: 14.000.000 € (ao longo de 12 anos, incluindo modelo de sinistralidade)
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Modelos empíricos
Largura da via de aproximação
Largura da entrada
Comprimento do leque
Raio da entrada
Ângulo da entrada
Diâmetro da rotunda
Fluxo conflituante
0
500
1000
1500
2000
2500
0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500
Capacid
ade v
eíc
/h
Fluxo conflituante veíc/h
A capacidade varia linearmente com o fluxo conflituante
cQ A B q
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Modelos empíricos
Limitações do modelo do TRL
• Modelo insensível à repartição do tráfego de entrada e de circulação
20%
80%
80%
20%
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Modelos empíricos
Limitações do modelo do TRL
• Modelo insensível à repartição do tráfego de entrada
• Modelo insensível à repartição do tráfego de circulação
50%
50%
100%
É prevista a mesma
capacidade nos dois
casos
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Modelos empíricos
Limitações do modelo do TRL
• Inadequado ao estudo de novas tipologias em que é necessária uma análise desagregada ao nível da via de entrada
Via da esquerda
1 atravessamento
1 inserção
Via da direita
1 inserção
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Métodos baseados na teoria gap-acceptance
Baseados em dois grandes blocos:
• A distribuição dos intervalos entre os veículos prioritários
↘ Calibrar os parâmetros da distribuição estatística que
descreve as chegadas dos veículos prioritários aos
pontos de conflito
• A utilidade dos intervalos para os condutores na via secundária
↘ Calibrar os parâmetros de aceitação de intervalos (intervalo
crítico e intervalo complementar)
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Métodos baseados na teoria gap-acceptance
Modelo de Siegloch (HCM)
Propriedades:
• Chegadas – distribuição exponencial negativa
• Prevê intervalos entre veículos irrealisticamente pequenos
• Assume que não existem interações entre veículos prioritários
• Adequada apenas para fluxos muito baixos (<150 veíc./h)
• Modelo insensível ao número de vias de circulação
c c2
f
ftq t
eQ
t
Q Capacidade (uve/s)
qc Fluxo conflituante (uve/s)
tc Intervalo crítico (s)
tf Intervalo complementar (s)
0
500
1000
1500
2000
0 500 1000 1500 2000 2500 3000
Cap
acid
ade
ve
íc/h
Fluxo conflituante veíc/h
tc,tf
qc
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Métodos baseados na teoria gap-acceptance
Modelo genérico de Hagring
(múltiplas vias de circulação
Propriedades:
• Chegadas – distribuição Cowan M3
• Distribuição dicotómica: pelotões + veículos livres
• Resultados dependentes do número de vias de circulação e da distribuição do tráfego de entrada
qI → ΔI, øI, λI
tc1, tf1
tc2, tf2
qE → ΔE, øE, λE
c,
f,
e
1 e
i i ii Ik
k
i ii Ikk
t
ii I ik t
i I i i i
Q
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Calibração dos modelos gap-acceptance para condições portuguesas
Objetivo
• Obter parâmetros calibrados para as condições portuguesas
Recolha de dados
• Registos vídeo
• Contagens automáticas
• 6 rotundas, 7 entradas
• 729 minutos
• 9600 veículos
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Calibração dos modelos gap-acceptance para condições portuguesas
Resultados
• Parâmetros da distribuição Cowan M3 (Δ, ø, λ)
Δ = 2 s
ø = 1 (para q < 0.178 veíc/s)
ø = 1.55 – 3.11 q (para 0.178 < q < 0.5 veíc/s
ø = 0 (para q > 0.178 veíc/s)
Rotundas de 1 via: tc = 3.7 s, tf = 2.2 s
Rotundas de 2 vias
Esquerda: tc = 3.4 s, tf = 2.2 s
Direita: tc = 3.2 s, tf = 2.2 s
• Intervalos críticos e complementares (tc , tf )
/ 1q q
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Exemplos de cálculo
Problema:
• Determinar a capacidade de uma entrada e a respetiva taxa de saturação (x = q / Q)
Exemplo 1 – rotunda de 1 via de circulação
Rotunda do Choupal, Coimbra, Entrada Sul
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Exemplos de cálculo
Problema:
• Determinar a capacidade de uma entrada e a respetiva taxa de saturação (x = q / Q)
Exemplo 1 – rotunda de 1 via de circulação
Rotunda do Choupal, Coimbra, Entrada Sul
• Procura: 700 veíc./h
• Fluxo conflituante: 800 veíc./h
• Tráfego de pesados muito reduzido (1 veíc. ≈ 1 uve)
q = 700 veíc./h
qc = 800 veíc./h
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Exemplos de cálculo
Método 1 – Modelo linear do TRL
2
2
2
1.6 - /
1- 0.00347( -30) - 0.978 1/ - 0.05
( - ) / (1 2 )
303
1 0.5 / (1 )
exp 60 /10
0.21 (1 0.2 )
c
c
p
c p
Q A B q
A K F
B K f
S e v l
K r
X v e v S
F X
t M
M D
f t X
q = 700 veíc./h
qc = 800 veíc./h
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Exemplos de cálculo
qc = fluxo conflituante (uve/h)
v = largura da via de
aproximação (m)
e = largura efetiva da entrada
(m)
l = comprimento efetivo do
leque (m)
r = raio da entrada no ponto
de menor curvatura (m)
ϕ = ângulo da entrada (º)
D = diâmetro do círculo
inscrito (m)
= 800 uve/h
= 4.50 m
= 4.00 m
= 12 m
= 35 m
= 30º
= 58 m
D
r
ϕe
v
qcl’
1374 0.5161 961 uve/h
/ 700 / 961 73%
c
c
C A B q
q
x q C
Método 1 – Modelo linear do TRL
(*) parâmetros geométricos aproximados
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Exemplos de cálculo
Método 2 – F. de Siegloch
c c2
f
ftq t
eQ
t
q = 700 veíc./h
qc = 800 veíc./h
Q Capacidade (uve /s)
qc Fluxo conflituante (uve /s)
tc Intervalo crítico (s)
tf Intervalos mínimo (s)
Rotunda de 1 via
tc = 3.7 s, tf = 2.2 s
2.6
0.255 uve/s 918 uve/h2.2
/ 700 / 918 76%
cqe
Q
x q Q
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Exemplos de cálculo
Método 3 – F. de Siegloch (HCM)
3c 1.0 10
1130q
Q e
q = 700 veíc./h
qc = 800 veíc./h
Q Capacidade (uve/h)
qc Fluxo conflituante (uve/h)
Rotunda de 1 via (EUA)
tc = 5.2 s, tf = 3.2 s
508 uve/h
/ 700 / 508 138%
Q
x q Q
Corresponde a:
(parâmetros inadequados para as
condições nacionais, e sujeitos a
alterações a médio prazo nos EUA)
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Exemplos de cálculo
Método 4 – F. de Hagring para 1 via (recomendada)
Parametrização de λ, Δ e para as condições portuguesas
Q = 0.2005 uve/s = 722 uve/h, x = 97%
1
c
f
t
c
t
q eQ
e
q = 700 veíc./h
qc = 800 veíc./h
1
q
q
1 se 0.178
1.553 1 2 se 0.178 0.5
0 se
2 s (parâmetro com valor fixo)
0.2
0.5
0.863, 0.34522 veíc./h
c
c c
c
c
q q
q
q
q
Rotunda de 1 via
tc = 3.7 s, tf = 2.2 s
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Exemplos de cálculo
Exemplo 2 – rotunda de 2 vias de circulação
Rotunda Artur Paredes, entrada Oeste
• 1.º Método – modelo linear do Transportation Research Laboratory
q = 700 veíc./h
qc = 1600 veíc./h
qc = 1600 uve/h
v = 6.0 m
e = 9.9 m
l = 13 m
r = 52 m
ϕ = 35º
D = 55 m
2452 0.7245 1293 uve/h
54%
cQ q
x
O efeito potencial do leque não se verifica na
prática (não há aumento do número de vias) – a
capacidade está sobrestimada
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Exemplos de cálculo
2.º Método – F. de Siegloch (HCM, 2 vias)
q = 700 veíc./h
qc = 1600 veíc./h
Distribuição de tráfego pelas vias de entrada
(valores pré-definidos no HCM ):
• Esquerda: 47%, Direita: 53%
Taxas de saturação:
• qE = 0.47×700 = 329 uve/h, x = 97%
• qD = 0.53 ×700 = 371 uve/h, x = 101%
3c 0.75 10
1130q
EQ e
QE Capacidade da via da esquerda (uve/h)
QD Capacidade da via da direita (uve/h)
qc Fluxo conflituante total (uve/h)
3c 0.70 10
1130q
DQ e
QE = 340 uve/h, QD = 369 uve/h
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Exemplos de cálculo
F. de Hagring para 2 vias (recomendada)
• O cálculo da capacidade é feito individualmente para cada uma das vias de entrada (esquerda, direita)
• É necessário quantificar o fluxo em cada uma das vias conflituantes
1 2 1 2 1 2
1 2 1 1 2 2
exp
1 exp
c
f
tQ
t
1
q
q
q1 → Δ1, ø1, λ1
tc,D, tf,D
tc,E, tf,E
q2 → Δ2, ø2, λ2
1 se 0.178
1.5
2 s (parâ
53 1 2
metro com valor fixo)
se 0.178 0.5
0 se 0.5
c
c c
c
q
q q
q
Seja:
• q1 = 1000 veíc/h = 0.278 veíc/s
• q2 = 600 veíc/h = 0.167 veíc/s
Parâmetros das vias conflituantes:
• Δ1 = Δ2 = 2 s
• 1 = 0.690, λ1= 0.432
• 2 = 1, λ2= 0.250
Nota: a capacidade é máxima quando q1 = q2
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Exemplos de cálculo
1 2 1 2 1 2
1 2 1 1 2 2
exp
1 exp
c
f
tQ
t
q1 → Δ1, ø1, λ1
tc,D, tf,D
tc,E, tf,E
q2 → Δ2, ø2, λ2
Resultado:
QE = 360 veíc/h, QD = 413 veíc/h
Rotundas de 2 vias
Esquerda: tc = 3.4 s, tf = 2.2 s
Direita: tc = 3.2 s, tf = 2.2 s
Repartição de tráfego pelas vias de entrada
• Os condutores que pretendem virar à esquerda ou inverter a marcha qe ocupam a via da esquerda
• Os condutores que pretendem virar à direita qd
ocupam a via da direita
• Os condutores que seguem em frente qf ocupam a via da esquerda ou da direita
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Exemplos de cálculo
700
qe = 50
qf = 350
qd = 300
Procura Capacidade
QE = 361
QD = 413
uve/h
Procura Capacidade uve/h
qE
qD
qe
qd
(1-pE)∙qf
pE∙qf
QE = 361
QD = 413
1
...
0 1
E DE D
E D
e f E d f E
E D
f d E e D
E E
f E D
q qx x
Q Q
q q p q q p
Q Q
q q Q q Qp p
q Q Q
pE: prop. tráfego de ida em frente que
ocupa a via de entrada da esquerda
pE = 79.0%
qE = 50 + 0.79 ×350 = 326 uve/h
qD = 300 + 0.21×350 = 374 uve/h
xE = xD = 90%
as taxas de saturação resultam iguais nas
duas vias de entrada apenas quando pE toma
um valor entre 0 e 1 (exclusive)
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Condições de aplicabilidade / conclusões
Modelo linear do TRL
• Permite identificar influência dos parâmetros geométricos (ex.: comprimento do leque / largura da entrada)
• Não adequado a rotundas não convencionais e/ou em casos em que é necessário realizar as análises de capacidade por via de entrada
Modelo de Hagring
• Parametrizado para as condições de circulação portuguesas
• Sensível à distribuição de tráfego nas vias de entrada e de circulação
• Não considera explicitamente a geometria da rotunda
Recomendação
• Sempre que possível, verificar se o desempenho da rotunda é adequado (x < 90%) pelos modelos do TRL e de Hagring.
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Luís Vasconcelos
Instituto Politécnico de Viseu
AVANÇOS NO CÁLCULO DE CAPACIDADES EM ROTUNDAS
Álvaro Seco e Ana Bastos Silva
Universidade de Coimbra
Obrigado!
Folha de cálculo disponível em: http://around-fct.weebly.com/