aula audiovisualidades nas mídias - textos de henri bergson e eduardo braga

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Excertos dos textos de Eduardo Braga e Henri Bergson para discutir a questão do Audiovisual x Tempo x Espaço para alunos de pós-graduação.

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  • 1. audiovisualidades (Nas mdias) Texto henri bergson + eduardo braga PPGCOM 2012/1

2. bergson Bergson considers the appearance of novelty as a result of pure undetermined creation, instead of as the predetermined result of mechanistic forces. His philosophy emphasises pure mobility, unforeseeable novelty, creativity and freedom; thus one can characterize his system as aprocess philosophy. It touches upon such topics as time and identity,free will, perception, change, memory, consciousness, language, the foundation of mathematicsand the limits of reason. 3. Para uns, a imagem digital simulacro apresentando-se como uma pretensa cpia.Baudrillard = simulacroKittler: era da ps-mdia, pois todas as mdias convergiro para uma nica materialidade: o cdigo binrio.Aparncia / Essncia 4. Trata-se de compreend-la como fluxo, movimento. De fato, a imagem digital por sua natureza de matriz manipulvel engendra sempre um movimento, seja de natureza interna ou externa. Interna como as experincias de Motion graphic. Externas como a Hipermdia. Mesmo quando parada, a imagem digital pode ser concebida como um movimento infinitamente pequeno, virtual. 5. Uma das conseqncias da presena ubqua dos computadores e da dinmica de nossos meios de comunicao a percepo do tempo como algo em fluxo; acontecimento em temporeal. Consonante com esta presena ocorre o ressurgimento da filosofia fenomenolgica deBergson e sua visada em relao ao tempo e, principalmente, a multiplicidade. 6. A superposio de uma parte a outra com vistas a mensurao , portanto, impossvel, inimaginvel, inconcebvel.Em toda a mensurao entra um elemento de convenoNo caso do tempo, a ideia de superposio implicaria um absurdo pois todo efeito da durao que for superponvel a si mesmo e, por conseguinte, mensurvel, ter por essncia no durar. 7. No pensamento de Bergson as coisas no so substncias independentes do tempo e do devir, mas fases de um devir, de um tornar-se. Em outros termos, uma coisa no o efeito de uma causa, mas a expresso de uma tendncia. A tendncia uma fase do vir-a-ser. Bergson constri uma ontologia em que a vida e o mundo se tornam imagem-movimento, na qual as coisas esto em perptua variao umas em relao s outras. 8. Ao contrrio, Bergson constri uma ontologia em que a vida e o mundo se tornam imagem-movimento, na qual as coisas esto em perptua variao umas em relao s outras. Por que Bergson se utiliza da palavra imagem? Trata-se de imagem enquanto imago, ou seja, aquilo que aparece enquanto aparecer, em outros termos, um fenmeno. 9. A linha que medimos imvel, o tempo mobilidade. A linha algo j feito, o tempo aquilo que se faz e, mesmo, aquilo que se faz de modo que tudo se faa. A medida do tempo nunca versa sobre o tempo equanto durao; contamos apenas um certo nmero de extremidades de intervalos e de momentos, isto , em suma, de paradas virtuais no tempo. 10. SimultaneismoA principal preocupao deste movimento no mbito da pintura o emprego das teorias dos contrastes simultneo das cores. Assim, na prtica, cada recorte de espao de uma tela transfundido em outros recortes e segmentos a travs da cor, entrando em oposio direta com o cubismo, que priorizava a forma geomtrica. 11. Para a fenomenologia, em geral, a multiplicidade dos fenmenos est relacionada a uma unidade processada na conscincia. J no bergsonismo tudo multiplicidade, inclusive os dados imediatos da conscincia (Bergson [1888] 2001). A afirmao bergsoniana guarda uma sutil diferena em relao fenomenologia. Enquanto que para esta ltima os dados so para a conscincia; em Bergson os dados so da conscincia. 12. Seu papel (da cincia) prever. Ela extrai e retem do mundo material aquilo que suscetvel de repetir-se e de ser calculado (...) aquilo que no dura.Mas essa durao, que a cincia elimina, que difcil de ser concebida e expressa, sentimo-la e vivemo-la. E se investigssemos o que ela ? 13. Durao aquilo que a prpria mudanaDurao, continuidade que no nem unidade, nem multiplicidade. 14. Tempo e espao so colocados no mesmo plano e tratados como coisas do mesmo gnero. Quando evocamos o tempo, o espao que responde ao nosso chamado. 15. Para Bergson devemos compreender a durao como uma multiplicidade qualitativa, a qual oposta multiplicidade quantitativa. Em sua primeira grande obra, Bergson assim se expressa a esse respeito:No suficiente dizer que o numeral uma coleo de unidades: necessrio acrescentar que essas unidades so idnticas entre si, ou ao menos que elas supem identidades desde que se as conte.Sem dvida, contar-se- as ovelhas de um rebanho e dir-se- que totalizam cinqenta; mesmo que elas se distingam uma das outras e o pastor possa reconhec-las individualmente. Neste caso, ento, negligencia-se suas diferenas individuais realando sua funo comum (Bergson, [1888] 2001, p:39) 16. Ao contrrio das multiplicidades quantitativas, multiplicidades qualitativas so heterogneas e temporais. Isto uma idia difcil de ser assimilada, pois ela marcha contra a tradio de pensamento da metafsica ocidental; j que quando pensamos em heterogeneidade, pensamos em justaposio. Mas, na durao, heterogeneidade no implica em justaposio, ou implica apenas retrospectivamente: 17. uma sucesso de estados em que cada um anuncia aquele que o segue e contm o que o precedeu. A bem dizer, eles s constituem estados mltiplos quando, uma vez os tendo ultrapassado, em me volto para observar-lhes os traos. Enquanto os experimentava, eles estavam to solidamente organizados, to profundamente animados com uma vida comum, que eu no teria podido dizer onde qualquer um deles termina, onde comea o outro (Bergson, [1903] 1979, p:16). 18. Nossa ao s se exerce comodamente sobre pontos fixos, a fixidez que nossa inteligncia procura; ela se pergunta onde o mvel est, onde ele estar, por onde o mvel passa. 19. Assim, segundo Bergson, existem um movimento que se expressa numa transio da repugnncia para o medo, do medo para a simpatia, e da prpria simpatia para a humildade. Esse exemplo importante, pois, primeiro, ele demonstra um mtodo tpico de Bergson: comear por investigar as questes pelas nossas percepes e afeces internas; para, em seguida, referenci-las na realidade exterior. Segundo, ele marca a importncia da afeco para o conceito de percepo de Bergson. Nossa relao com o mundo, ou seja, com aimagem-movimento se dar primordialmente pela faculdade da afeco. 20. A multiplicidade qualitativa ento heterognea (ou singularizada), contnua (ou interpenetrante), relativa a oposies ou dualstica nos extremos (no caso da simpatia, piedade inferior e piedade superiorso os extremos), progressiva (temporal), um fluxo irreversvel, o qual no dado todo de uma vez. 21. Justaposio: recomposio artificial. O tempo e o movimento so outra coisa.Exemplo do cinematgrafohttp://www.youtube.com/watch?v=aduf5KDArEw 22. estados -> instantneos tomados por ns ao longo da mudana, o fluxo, a continuidade de transio, a prpria mudana. 23. Novelo...Espectro...Se evoco um espectro de mil nuances, tenho diante de mim uma coisa completamente pronta, ao passo que a durao se faz continuamente. Se penso num elstico que se alonga, numa mola que se encolhe ou se distende, esqueo a riqueza de colorido que caracterstica da durao vivida para no ver mais que o movimento simples pelo qual a conscincia passa de um tom ao outro 24. A durao consiste de duas caractersticas: unidade e multiplicidade. Ento, o tempo cronolgico, mensurvel, mtrico deve ser distinguido de uma durao que pura qualidade, progresso, que no escoa de forma mecnica como um relgio, mas, ao contrrio qualitativamente ligada vida, com uma incorporao fundamental na existncia. 25. H sistemas materiais em que o tempo no faz mais que deslizar. Acerca dos fenmenos que neles se sucedem, pode-se dizer que so o desenrolamento de um leque, ou melhor, de um filme cinematogrfico. 26. Uma realidade temporal como a conscincia humana uma realidade que dura, muda e se diferencia. O conceito de durao encerra uma dupla idia: passagem e conservao. Para que haja mudana ou diferenciao necessrio que alguma coisa passe, tenha passado e se conserve. O conceito de tempo ou de durao requer uma passagem em direo ao passado e uma conservao desse passado. 27. Por memria se entende um princpio de conservao do passado, o qual no aquilo que passou ou desapareceu, mas, ao contrrio, o que se conserva.A memria no somente o princpio de conservao do passado, mas tambm o retorno incessante do passado em direo ao presente, a presena do passado no presente ou para este presente. 28. Esta relao com o passado sempre singular porque existe infinitos modos de se relacionar com este passado, infinitos modos de retorno ao passado. Num certo sentido, o presente diferente porque o passado retorna sempre de forma diferente, enriquecendo-o a cada retorno. No essa a experincia que temos ao fruir uma pea de Motion graphic? Ou ao navegar por uma hipermdia? 29. Cada vivncia da conscincia, segundo sua modalidade prpria, implica uma certa relao de tenso entre passado, presente e futuro.Poderamos concluir ento que no existe ao que se contente em repetir mecanicamente o passado. 30. Quando pensamos a imagem na perspectiva da durao bergsoniana, deixamos o espao, multiplicidade quantitativa, e mergulhamos no tempo multiplicidade qualitativa. Nos deparamos com o que mbil, fluente, fluxo ininterrupto, porm heterogneo; no por diferenciao espacial mas pela intensidade. A imagem fluxo construda por indivduos, tambm fluxos, e conjuntos sociais, tambm fluxos. Trata-se ento de fluxos em permanente interao e mtua transformao. 31. Em sua significao, a imagem digital necessita da memria, no como passado morto, mas como virtualidade capaz de se atualizar no presente construindo significaes coletivas. 32. Nessa perspectiva, o pensamento que analisa tambm dever mudar para se adequar ao seu objeto. Dever se libertar de conceitos rgidos e pr-fabricados para criar conceitos bem diferentes daqueles que manejamos habitualmente, isto , dever engendrar representaes flexveis, mveis, quase fluidas, sempre prontas a se moldarem sobre as formas fugidias do mundo sensvel em movimento.http://www.youtube.com/watch?v=fzGXSpmNHzc 33. (bnus track) Bergson + Kilpp Para Bergson (1999, p. 47), inicialmente h o conjunto das imagens, e, nele, existem centros de aocontra os quais as imagens interessantes parecem se refletir. Deste modo, com a reflexo das imagens interessantes ao necessria, nascem as percepes. Para o autor (p. 247), estar no presente, e num presente que recomea a todo instante, eis a lei fundamental da matria: nisso consiste a necessidade. A meu ver, o teor conteudstico da televiso encontra-se nesses centros de ao, e tanto a TV quanto o espectador so corpos que percebem o que necessrio ao no presente. 34. Na perspectiva do autor, a durao criao incessante de diferenas, sendo que a evoluo acontece dos virtuais aos atuais, o que me tem autorizado a propor com certa frequncia as formas televisuais que tenho estudado como atualizaes da virtualidade TV. Esses conceitos comearam a ser operados em minhas pesquisas anteriores relacionando instantes (formas) de dois fluxos densos os da TV Globo e os do SBT , nos quais penso ter encontrado aspectos distintos da memria televisual em distintas imagens da durao atualizada ou em distintas pores de durao 35. Audiovisualidades so, portanto, virtualidades audiovisuais. Atualizam-se audiovisual no cinema, no vdeo, na televiso e na Internet, por exemplo, mas permanecem simultaneamente em devir, em potncia. Tal perspectiva assume noes adjacentes, que preciso esclarecer. A mais importante a de durao, nos termos de Bergson, que se relaciona a contrapelo com a noo tradicional de tempo (essencial elemento constituinte dos audiovisuais) na cincia e na filosofia, na qual predomina sua reduo sua espacializao, sua fixao ou congelamento no espao. 36. Para o autor, ao contrrio, o tempo (qualitativo, coalescente e no cronolgico) mobilidade, vivncia, continuidade, ou seja, a prpria mudana e, portanto, durao. Por isso, a durao fluxo, e nela haveria criao perptua de possibilidade e no apenas realidade (Bergson, 2006, p. 15), um caminho para a virtualidade