as memÓrias e a histÓria do distrito de maralÚcia
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AS MEMÓRIAS E A HISTÓRIA DO DISTRITO DE MARALÚCIA: MUNICÍPIO DE MEDIANEIRA/PARANÁ
Autor (a): Claudete Unfer1 Orientador: Marcio Both2,
RESUMO
Toda concepção histórica nos leva a pensar no passado da humanidade. No contexto histórico, estudar a historia da comunidade é compreender experiências sociais no presente e no passado em suas diferentes dimensões, tornando-se interessante para a cultura e a valorização de um povo. Desta forma, o conhecimento não é um dado pronto e acabado, mas uma contínua construção que se dá a partir de necessidades e problemas encontrados no cotidiano, sendo um processo ininterrupto, havendo a necessidade de conhecer o passado para compreender o presente. Buscou-se através de estudos, depoimentos, fotografias e entrevistas, conhecer a história do Distrito de Maralúcia do município de Medianeira – Paraná, no período entre os anos 1950 a 1970, numa perspectiva de criar um espaço de conhecimento, valores e atitudes democráticas na formação de cidadãos críticos construidores de sua própria história. Isso permite nortear o estudo da sociedade no tempo e no espaço, procurando perceber seus sentidos e significados da ação do homem, refletindo e interagindo para a construção da história. Assim, a partir deste tema propomos um processo educativo que priorize os conhecimentos históricos, cultura e cidadania desta comunidade de forma “compreensiva” para o aluno, para tornar as aulas de história um espaço de produção de conhecimento pela prática da pesquisa.
Palavras- chaves: História, Formação, Conhecimento, Comunidade.
ABSTRACT
All historical conception in the group to think in the humanity's past. In the historical context, to study her historizes of the community it is to understand social experiences in the present and in the past in your different dimensions, becoming interesting for the culture and the valorization of a people. This way, the knowledge is not a ready die and finish, but a continuous construction that feels starting from needs and problems found in the daily, being an uninterrupted process, having the need to know the past to understand the present. It was looked for through studies, depositions, pictures and interviews, to know the history of the District of Maralúcia of the municipal district of Medianeira - Paraná, in the period among the years 50 á 70, in a perspective of creating a knowledge space, values and democratic attitudes in the citizens' critical construidores of your own history formation. That allows to orientate the study of the society in the time and in the space, trying to notice your senses and meanings of the man's action, contemplating and interacting for the construction of the history. Like this, starting from this theme we propose an educational process that it prioritizes the historical knowledge, culture and this community's in an understanding " way " citizenship for the student, to turn the history classes a space of knowledge production for the practice of the research.
1Professora de História da Rede Pública Estadual do Paraná participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/PR, sob a orientação do professor e mestre Marcio Both , na área de História, vinculada a UNIOESTE Campus de Marechal Cândido Rondon, no período de agosto de 2010 a agosto de 2012. O presente artigo é o resultado das pesquisas e atividades desenvolvidas junto ao Programa PDE/PR. 2 Professor vinculado ao Colegiado do Curso de História da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE)
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Key words:History,Formation, knowledge, Community. 1 INTRODUÇÃO
Enquanto historiadores, sempre procuramos definir para quem escrever e
como escrever, quais os apontamentos e projetos como alternativa de evidenciar a
realidade presente, de que forma elencamos os problemas da pesquisa.
Recolocando continuamente o problema de pensar os objetivos da escrita da
história, como pensar as relações passado/presente no diálogo com as fontes, com
a realidade, com a bibliografia, com as “pessoas” e sua significação das relações
vivenciadas por eles3.
Diante desse pressuposto este estudo foi realizado para compreender em que
contexto histórico se formou a comunidade de Maralúcia, Distrito de Medianeira,
oeste do Paraná. A comunidade tem sua história firmada principalmente na migração
de famílias vindas dos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul em meados
de 1950 a 1970, para a região onde hoje se encontra o distrito.
A pesquisa surgiu da necessidade de conhecer um pouco mais da história
local e regional, levando em consideração as diferentes temporalidades das
experiências dos sujeitos, ressaltando as relações de trabalho, poder e de cultura,
estimulando a reflexão sobre os conteúdos, os conceitos e as concepções de
História presentes em diferentes contextos; buscando dar um novo significado as
memórias da comunidade de Maralucia, favorecendo a construção do conhecimento
histórico, captado pela metodologia da fonte oral e da produção bibliografia que trata
do assunto.
Sendo que este artigo é o ápice de um projeto maior de pesquisa do
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, a qual trata de uma análise do
contexto histórico da formação da localidade Maralúcia. Que teve como objetivo,
desvendar algumas das experiências dos sujeitos que colonizaram esta localidade,
discutindo como se pautaram as memórias em torno desta ocupação, vista de dois
diferentes prismas: o oficial, relatada pelos historiadores e o dos colonizadores. E,
através de questionamentos sobre os processos de construção das memórias e dos
valores dos moradores, da comunidade e de suas experiências reais. E, assim,
buscar dar visibilidade as memórias esquecidas e silenciadas neste processo
3FENELON, D. R. O historiador e a cultura popular: história de classe ou história do povo?História& Perspectivas, Uberlândia, UFU, n. 40, 27-51, jan./jun. 2009. p. 27-51.
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histórico, compreender as contribuições que trouxeram os primeiros sujeitos ao
ocupar o território onde se localiza a referida comunidade.
Tal temática me leva a alguns questionamentos: como realmente se constitui
a população de Maralúcia? Por que a empresa Colonizadora Industrial e Agrícola
Bento Gonçalves Ltda e a Pinho e Terras como as demais empresas, que
exploraram essa região incentivaram apenas a vinda de alemães e italianos para a
nova fronteira agrícola do Oeste do Paraná? São questões que nortearam minha
reflexão sobre a inserção ou não, de outras etnias na formação da sociedade
Maralúcia.
Assim o artigo é a resposta de um estudo maior, sobre o processo de
formação da comunidade de Maralúcia, relatando a experiência dos migrantes que
aqui chegaram, enfocando aspectos políticos, econômicos, religiosos e culturais,
tendo como recorte temporal o período de 1950 a 1970, período este compreendido
como da colonização da região onde hoje se localiza o Distrito. Tendo como enfoque
a historicidade da comunidade, seu espaço territorial e as relações sociais mantidas
desde o início de sua fundação.
Desta forma, entendemos que estaremos contribuindo com a preservação da
memória histórica dos sujeitos da comunidade de Maralúcia, por meio da
experiência vivida por estes migrantes, bem como compreender as contradições de
cada época e analisá-las a partir de suas causas. Permitindo aos sujeitos
perceberem a sua participação nas diversas instâncias sócio-históricas.
2. UMA ABORDAGEM HISTÓRICA SOBRE O OESTE DO PARANÁ Para compreendermos como sucedeu a formação da comunidade do Distrito
de Maralúcia, precisamos fazer uma linha de parâmetro no tempo dos fatos que
contribuíram para a colonização da região Oeste do Paraná. Além disso, é
necessário também realizar uma reconstrução histórica de como aconteceu esse
processo, uma breve explanação de alguns fatos que marcaram o espaço territorial,
desde o início de sua colonização em meados de 1940.
Ao reportarmos o estudo para essa região é porque queremos buscar dados
para conhecer a história do Distrito de Maralúcia, pois não é possível conceber que
um passado tão rico em acontecimentos e fatos seja mergulhado no esquecimento
ou apenas vivo na memória dos migrantes que aqui chegaram. Assim para uma
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melhor compreensão do passado dessa comunidade, é necessário conhecer um
pouco mais do contexto da colonização da região e qual o papel dos obrageiros
nesse espaço marcado por inúmeros conflitos.
Segundo Colodel (1988), iniciou-se no sec. XIX um processo exploratório da
região, baseado no extrativismo da madeira e da erva-mate. Sendo que a Região
Oeste foi dividida em grandes propriedades rurais conhecidas como obrages. Seus
proprietários eram argentinos e haviam recebido o direito de concessão e
exploração de grandes áreas de terras “desabitadas” e cobertas de rica e variada
mata nativa, do então governo brasileiro. Porém, a principal ideia era a exploração
intensiva, indiferente ao esgotamento dessas reservas e sem qualquer tentativa de
povoamento ou de colonização.
Entre as colonizadoras de exploração de erva mate e de madeira, foi a do
argentino Domingos Barthe, uma das mais atuantes na região oeste paranaense.
Essa colonizadora atuava desde o século XIX no território argentino, com o sistema
de obrages. Essa empresa construiu as margens do Rio Paraná, na região onde
hoje se encontra a cidade de Santa Helena, o “Porto de Santa Helena, fundado em
18 de agosto de 1858”. (COLODEL, 1988, p. 59).
Sendo que a atividade exercida nas propriedades rurais era extrativista,
necessitando de um contingente muito grande de trabalhadores. E assim a mão-de-
obra foi formada na maioria por paraguaios e alguns brasileiros, Eles trabalhavam
nas Obrages em regime de semi-escravidão, no meio da mata, onde derrubavam a
madeira e colhiam a erva-mate. “Eram denominados “peões” ou “mensus” pagos
mensalmente, sendo que o idioma falado era espanhol e a moeda era o peso
argentino”. (LOPES, 2002, p.87)
Além da erva mate, as obrages também comercializavam madeiras, tais
como, louro, ipê cedro, peroba marfim, canela, entre outras, que eram transportadas
por mulas e cavalos através de picadas abertas na mata, até as margens do rio
Paraná, que de lá seguiam através em jangadas4 conduzidas pelos chamados
palanqueiros5 rio abaixo até o território argentino. Lá a madeira era beneficiada em
4“Chamadas de jangadas na região Oeste paranaense, mas também conhecidas como marombas em outras regiões do Brasil, constituíam de um artifício muito usado para o transporte da madeira no leito do Rio Paraná” (COLODEL, 1988, p. 99). 5STECA, Lucinéia Cunha, FLORES, Mariléia Dias. História do Paraná: Do século XVI à década de 1950. Londrina: Ed. UEL, (STECA; FLORES, 2002, p. 99)
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serrarias e exportada ao Canadá e Estados Unidos. O mesmo destino tinha a erva
mate depois de beneficiada.
Os meios de transporte mais usados na época eram os barcos a vapor “[...]
que subia e descia a cada dois dias o rio Paraná” (COLODEL, 1988, p.61), assim a
navegação a vapor do rio Paraná foi por um bom tempo umas das principais vias de
acesso a região, tanto de brasileiros quanto de argentinos e paraguaios. Para os que
se aventuravam deslocar da região de Guarapuava até o principal núcleo
habitacional da época na região, hoje o município de Foz do Iguaçu, em lombos de
mulas e cavalos, era uma viagem que levava mais de uma semana.
A colonização e o povoamento no Oeste foram resultados da confluência de
diversos fatores, mas a crise no comércio da erva mate, diminuiu o poderio das
Obrages na região. Para compensar os prejuízos, com a queda nas exportações,
frente à concorrência da produção argentina, as empresas obrageras tentaram a
exploração da madeira e para isso, recorreram a empréstimos dando como garantia
suas propriedades. A sucessão desses empréstimos acabou por impossibilitar o
resgate das mesmas. Muitas propriedades foram liquidadas, renegociadas ou
retomadas pelo Estado (STECA & FLORES, 2002 p.108).
Outro fator que contribuiu muito para a colonização do Oeste Paranaense foi
o movimento nacionalista a “Marcha para o Oeste”, criado pelo governo de Getúlio
Vargas, logo após o Golpe de Estado de 1930, devido ao interesse da União em
colonizar regiões do território nacional que compreende a região de Foz do Iguaçu,
Cascavel e Guaíra. Eram terras consideradas muito férteis e absorveram velozmente
e intensamente o processo de colonização, mediante políticas públicas de
desenvolvimento regional.
De acordo com Gregory (2008), foi no período Vargas que as ações oficiais
do governo, baseadas no nacionalismo e assentadas sobre um Estado fortalecido e
centralizador, objetivavam buscar a integração, através de um “sentimento de
brasilidade” e com intenção de levar o povo a ocupar espaços do território nacional
até então “vazios”. “No que tange à ocupação do território, foi promovida uma ação
administrativa agressiva através do programa Marcha para Oeste” (LOPES, 2008,
p.45)
Dessa forma, a Marcha para o Oeste foi um movimento implementado a partir
da década de 1930, a com o intuito de alargar fronteiras nacionais, econômicas e
sociais, ou seja, fazer os brasileiros, até então presentes no litoral do país,
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“circularem para o Oeste, a fim de que todos, de uma forma ou de outra, estivessem
presentes no grande todo” (WACHOVICZ, 1987, p. 144 – 145).
Enfim, nesse contexto, “ideais de Vargas estimulavam, na população, ideais
de conquista e de uma contínua ocupação dos vazios demográficos”. (MYSKIW,
2000, p. 27). Na verdade, a política migratória, do governo Vargas, era uma
estratégia geoeconômica com objetivo de articular economicamente regiões do
Brasil não ocupadas.
Para Deimling (2008), foi na década de 1940 que a colonização da região
oeste do Paraná teve um expressivo crescimento, devido o papel que as empresas
colonizadoras passam a ter na região. Essas atraíam famílias vindas dos Estados de
Rio Grande do Sul e Santa Catarina para territorializar este espaço, sob a promessa
de riqueza fácil e igualdade social. Mediante a ocupação promovida pelas empresas
colonizadoras houve uma intensificação da exploração dos recursos e riquezas
naturais.
As empresas que passaram a explorar as terras do oeste paranaense foram
responsáveis pela vinda de famílias de italianos, alemães e poloneses. Segundo
Steca e Flores (2002), a escolha de “elementos sulista”, ou seja, os emigrantes
vindos do sul, não foi algo aleatório;
[...] os sulistas dominavam a tecnologia agrícola, dos descendentes de alemães e italianos, considerada mais evoluída e somatizando a condição de possuidores de recursos para aquisição dos lotes. Diferenciando assim daqueles denominados nortistas ou “pelo duro”- que vinham de Minas Gerais e Nordeste brasileiro. (STECA e FLORES, 2002, p.113).
Conforme Steca e Flores (2002), boa parte dos proprietários das
colonizadoras – eram descendentes de alemães e italianos –, e tinham como ideal
para a colonização da região formar uma comunidade basicamente de descendentes
europeus. “[...] esses lotes longos de terra, historicamente, vinham sendo aceitos,
inclusive na colonização do Norte do Paraná, começada na década de 30” (STECA e
FLORES, 2002, p.113). Essas colônias ou lotes eram divididos e vendidos as
famílias de descendentes de europeus.
Acontecendo assim uma colonização planejada na região oeste do Paraná
em meados de 1940, onde um planejamento visando o desenvolvimento da região,
as empresas foram se estabelecendo e, “implantaram uma colonização sistemática
e seletiva. “(GREGORY, 2008, p. 94), atraindo através da propaganda famílias
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acostumadas com a lida na agricultura em pequenas propriedades, dos estados do
Sul do Brasil, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, optando por uma colonização sob
o regime da pequena propriedade familiar.
Segundo Gregory (2008), durante a década de 50, se processou uma rápida
migração para a fronteira colonial do Oeste do Paraná, onde empreendimentos
colonizadores e de exploração madeireira criaram e dinamizaram uma estrutura
colonial, “[...] um novo espaço colonial, constituído de euro-brasileiros” (GREGORY,
2008, p.93), estes vindos do sul do país para a região oeste.
E não poderia ter sido diferente na região onde hoje se localiza o município de
Medianeira, que teve seus planos traçados em 20 de outubro de 1949, na cidade
gaúcha de Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. Local onde um grupo criou a
empresa denominada Colonizadora Industrial e Agrícola Bento Gonçalves Ltda, que
tinha como objetivo a implantação de um Projeto de Fundação e colonização de uma
área de terra no oeste do Paraná.
Segundo Roehde e Biesdorf (1996), os senhores Pedro Soccol e José
Callegari foram escolhidos para dirigir a empresa Colonizadora Bento Gonçalves.
Esses embarcaram rumo à região, onde hoje se localiza a cidade de Medianeira.
Juntamente com eles vieram mais alguns associados da colonizadora os senhores
Henrique Gomez, Edmundo Biesdorf, Paulo Becker, Miguel da Silva, Alfredo
Brandão e Magno Eliseu Verdún. E assim que esses migrantes chegaram ao destino
em 03 de janeiro de 1950, iniciando o processo de demarcação de terra. E no dia 24
de outubro de 1951, fixaram o marco de fundação da localidade. E Medianeira em
31 de julho de 1952 foi elevada a Distrito de Foz do Iguaçu6, permanecendo até
1960 com distrito. Ano em que, através da Lei Estadual nº. 4245, de 25 de julho de
1960, efetivada em 28 de novembro de 1961, o município de Medianeira foi
desmembrado de Foz do Iguaçu, tornando se município.
6 Disponível em <http://www.camara-medianeira.pr.gov.br> acesso em 27 de julho de 2011
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Fig.01:Medianeira – 1951
Fonte: Jornal Mosaico /Medianeira 30 anos
No início, Medianeira tinha uma população formada de migrantes gaúchos e
catarinenses, mas com o decorrer do tempo, chegaram à região famílias do norte do
Estado do Paraná de onde procedia os nortistas. E, aos poucos foi se formando uma
comunidade com pessoas das mais diversas origens, mas mantendo a característica
de famílias na sua maioria, descendentes de italianos e alemães.
E foi com a vinda dessas famílias que Medianeira começou a “cintilar” no
oeste do Paraná, e a cidade começou a crescer e necessitou da construção de uma
igreja sendo que no dia 31 de maio de 1951 foi inaugurada a primeira igreja, sob a
denominação de Nossa Senhora Medianeira, e chegada na localidade do padre e
vigário Anton Ferti.
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Fig.02: Padre Anton Ferti e a Igreja de Nossa Senhora Medianeira – 1951 Fonte: Jornal Mosaico /Medianeira 30 anos
O senhor Pedro Soccol em depoimento7, relatou que eram inúmeras as
dificuldades enfrentadas pelas primeiras famílias de migrantes ao chegar à região.
Elas viviam basicamente da agricultura e essa era a única fonte de renda que eles
tinham. Os produtos agrícolas cultivados, milho, trigo, arroz, feijão, eram
comercializados entre os moradores nos poucos comércios na região.
Segundo senhor Pedro Soccol, houve por parte dos moradores da época,
algumas tentativas de plantarem algodão e café, produtos até então desconhecidos
pelos migrantes do sul, mas sem muito sucesso. A primeira colheita, realizada pelos
moradores da localidade de Medianeira foi de trigo em 1952. Logo no início as
famílias trabalhavam em sistema de mutirão, ou seja, uma ajudava a outra na
colheita ou na derrubada de uma área de terra para formar lavoura, na construção
de um galpão ou casa.
7Depoimento do Senhor Pedro Soccol no livro de ROHDE, H e BIESDORF, E. Resgate da memória de Medianeira. Curitiba: CEFET, (ROHDE, H e BIESDORF, E, 1996).
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Fig.03: Primeira colheita de trigo em Medianeira – 1951 Fonte: Jornal Mosaico /Medianeira 30 anos
Devido a conflitos de terras, “grilos”, no período entre 1954 a1957, a cidade
parou de receber migrantes, houve inclusive a saída de moradores da localidade.
Mas, de acordo com o relato do senhor Edmundo Carlos Biesdorf “[...] os moradores
da região das áreas de terra que compreendia a Colonizadora Bento Gonçalves, não
tiveram incidentes com “grileiros”, mas nas proximidades da mesma muitos
agricultores, sofreram com os “conflitos de terra” e acabaram indo embora da região”
(ROHDE, BIESDORF, 1996, p. 55).
Segundo Rohde e Biesdorf (1996), já na região, onde hoje se encontra o
município de Serranopolis, e principalmente na divisa do Rio Ocoy, foram inúmeras
as ocorrências registradas de “conflitos de terras”, entre colonos e posseiros. Muitas
mortes em tocaias aconteceram até que o INCRA (Instituto Nacional de Colonização
e Reforma Agrária) regularizasse a situação das famílias que ali residiam.
Inúmeros fatos marcaram a colonização da região onde se encontra o
município de Medianeira: em 1954 o então Governo aprovou o inicio da construção
da estrada que ligaria Medianeira ao município de Capanema, a distância existente
entre os municípios é de aproximadamente 17 km. Ao chegarem às margens do Rio
Iguaçu, percebeu-se a necessidade de uma embarcação, para dar continuidade a
construção, no outro lado do rio Iguaçu.
Foi então que a Colonizadora Bento Gonçalves construiu duas embarcações
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e deixou a disposição para conclusão das obras da estrada até o município vizinho
Capanema . Tal rodovia de revestimento primário foi usada por varias décadas.
Essa estrada até os dias atuais é conhecida como “Estrada do Colono”, por
ser de uso de inúmeros colonos residentes às suas margens e imediações, em sua
totalidade minifundiários que por ali transitavam com destino à sede dos municípios
de Medianeira e Capanema, para colocação e escoamento dos produtos agrícolas.
Agora que conhecemos a maneira como ocorreu o povoamento da região,
no próximo tópico, passaremos a apresentar as especificidades desse processo em
relação ao distrito de Maralúcia.
3. HISTÓRIA E MEMÓRIA DE MARALÚCIA
O distrito de Maralúcia tem como marco de formação, os anos 1950 a 1970,
onde migrantes do sul do país por intermédio da Colonizadora Bento Gonçalves
adquiriram pequenas propriedades rurais.
Na busca de conhecer um pouco mais da história e memória da
comunidade, nos deparamos com a não existência de dados oficiais sobre a
formação do Distrito de Maralúcia, o porquê do seu nome, sua história, o que é
possível relatar através de fonte oral “que dá voz aos povos sem histórias”
(JOUTARD, 1996.p.07), ou seja, dos depoimentos dos moradores alicerçados em
suas memórias. Pois sabemos que a memória é um “[...] elemento essencial, que
introduz-nos no universo das lembranças sociais, nas memórias que representam a
formação e a preservação da cultura e da identidade de um povo” (LE GOFF, 2003.
p. 469 - 469).
Enquanto historiador ao relatar a formação da comunidade de Maralúcia,
percebemos que a mesma não tem uma história escrita. Sendo assim, resta nos
apoiarmos na história oral de seus moradores. É na oralidade que encontramos “[...]
a possibilidade de estabelecer um diálogo com os diferentes sujeitos, que narram
experiências, e por meio delas constroem significados através da subjetividade, que
diz respeito a um indivíduo” (PORTELLI, 1999). E essa narrativa oral, passa a ser
uma fonte de pesquisa, que auxilia na compreensão dos lugares de onde os sujeitos
falam de suas interpretações e, da dimensão que estrutura a vida social dos
mesmos.
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Na década de 50 chegaram à localidade as famílias de Kandosky, Medeiros,
Pinheiro, Bortineli, Ninet, Spanhol, Sfoglia e Freitas. E em 1960 ingressaram à
comunidade as famílias; Werner, Sgarbi, Bianchini, Rosso, Nandi, Baratto e
Simonetto, conforme relata o sr. Adão Medeiros;
O senhor João Kandosky veio primeiro para Maralúcia e permaneceu sozinho por noventa dias sozinho. Somente mais tarde chegou o senhor Domingos Pinheiro e depois vim eu e meu irmão Pedro Nunes de Medeiros. Vim em 12 de maio em 1956, trouxe minha família, eu minha esposa e dois filhos pequenos. Logo que chegamos começamos a desmatar o mato, plantamos 12 sacos de semente de arroz e milho, construímos um galpão, com madeira falquejada para guardar o arroz. No segundo ano deu uma enchente e levou a madeira do galpão. Mudei para essa localidade8·.
Segundo o depoimento de uma das primeiras moradoras de Maralúcia a Sra.
Terezinha professora aposentada9 e neta de italianos: Lembro que a história do nome de nossa localidade, foi dado pedido do proprietário da serraria que havia na localidade, o Sr. Edvino. E em forma de gratidão, ao dono da primeira serraria, que muito contribui na comunidade cedendo o gerador de energia para abastecer a comunidade, deram o nome a localidade da filha do mesmo, que se chamava Mara Lúcia e assim no ano de 1956, foi criado o distrito de Maralúcia.
Fig.03: Marco Oficial da Localidade de Maralúcia Fonte: UNFER, 2011
8 Entrevista realizada por Claudete Unfer, em 2011 9 A Entrevistada veio aos quinze anos de idade de Santa Catarina, para Maralucia em 15 novembro de 1962, hoje professora aposentada. (Entrevista realizada por Claudete Unfer, em 2011)
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Conforme dados coletados junto à comunidade através de uma pesquisa10, o
distrito de Maralúcia, foi formado por praticamente 80% da sua população por
descendentes de famílias italianas e 15% de famílias de descendentes de alemães e
5% descendentes de famílias dos chamados “caboclos” do norte do Paraná.
O estudo demonstra que o maior número de famílias que aqui chegaram,
procedentes dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o que explica a
predominância desses grupos étnicos, estabelecida na história oficial sobre a
colonização do oeste do Paraná. Mas, não podemos esquecer que a comunidade
tem participação sim de famílias vindas do norte do Paraná, as quais não vieram à
região por intermédio de colonizadoras, motivo, acredito eu, que não as
encontramos referenciadas na história oficial da região. Pois a grande maioria dos
autores firmaram seus estudos sobre o processo de colonização via colonizadora,
não se reportando assim aos grupos que já se encontravam na região como os
indígenas, caboclos e outros grupos vindos de outras regiões do país.
Os entrevistados relataram que ao chegar se depararam com uma área de
muita mata, o que fez com que o comércio madeireiro se expandisse, surgindo
assim muitas serrarias na região do município de Medianeira.
Fig.04 Serraria de Maralúcia Fonte: UNFER, 2011
As famílias de migrantes retiravam a maioria do sustento da terra, com o
plantio de milho, feijão e o excedente de suas lavouras eram vendidos ou trocados
entre os moradores da localidade, devido a dificuldade de comercializar os produtos 10 Pesquisa realizada através de entrevista junto aos moradores de Maralúcia. A referida pesquisa foi realizada por mim e pelos alunos da 6ª série do Colégio Estadual Colégio Estadual Maralúcia Ensino Fundamental e Médio
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na sede de Medianeira ou à municípios vizinhos, pela precariedade na estrada de
acesso aos mesmos.
Sobre isso comenta Rohde e Biesdorf (1996), as condições de locomoção das
famílias eram precárias, pois só havia uma estrada chamada de Estrada Velha ou
Picada Benjamin, ela costeava o Parque Nacional do Iguaçu11 ligando os municípios
de Medianeira e de Céu Azul. Era uma estrada precária e de difícil locomoção em
épocas das chuvas. E assim era em toda a região, apenas “picadas” abertas pelos
moradores.
Eu vim com minha família de Santa Catarina em março de 1961, meus avôs eram italianos. Quando chegamos já havia umas quinze famílias morando aqui em Maralúcia, devido à serraria. Viemos para cá em busca uma vida melhor, pois as terras eram melhores. Eu tinha 16 anos quando cheguei aqui,vim casada do sul em busca de uma vida melhor. Foi difícil porque as estradas eram muito ruins, levou nove dias para chegar aqui. Tenho ainda guardado alguns objetos que trouxemos juntos do sul, como ferramentas, e matérias que usávamos na roça, uma carroça antiga, enxada, facão e outras coisas. Falo o italiano, só aprendi brasileiro quando me casei. Comecei aos 32 anos trabalhar na escola12·.
Outro morador ao se referir as estradas da época comenta da dificuldade para
se locomoverem a outras localidades da região, devido o descaso com as estradas,
[...] na época as estradas que davam acesso a outros municípios vizinhos ou a sede de Medianeira não eram cuidado, sofríamos muito quando chovia. Lembro que as únicas estradas que eram cuidadas, chamávamos de “estradão”, era a que ia para Foz do Iguaçu, Toledo e Cascavel ou para região que ainda tinham terras para oferecer a compradores. Para ir a sede de Medianeira era muito difícil.13.
Outro morador comenta sobre a dificuldade que foi a vinda à localidade em
1962, “[...] estradão era bom, até Céu Azul, mas de Medianeira para cá a estrada
para Maralúcia era ruim, sofremos muito, meu pai precisou pegar machado e serrote
11É uma das mais importantes Unidades de Conservação do Brasil. Localizada no Oeste do Paraná, a área federal protegida de 185 mil hectares. Sendo que os municípios do entorno do Parque Nacional do Iguaçu são: Foz do Iguaçu, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Medianeira, Serranópolis do Iguaçu, Matelândia, Ramilândia, Céu Azul, Vera Cruz do Oeste, Santa Tereza do Oeste, Lindoeste, Santa Lúcia, Capitão Leônidas Marques e Capanema. O Parque Nacional do Iguaçu foi criado no dia 28 de julho, através do decreto nº 63, quando foi declarado de utilidade pública com 1008 hectares. E somente no ano de 1939, por decreto do Presidente Getúlio Vargas, a área passou a ter 156.235,77 hectares. Em 1994 os decretos nº 6506 de 17 de maio e de nº 6587 de 14 de junho consolidam e ampliam a área do Parque Nacional. Disponível em <http://www.fozdoiguacu.pr.gov.br/turismo/br/biblioteca/historiadomunicipio> acesso em 31 de julho de 2011.
12 Entrevista realizada por Claudete Unfer em 2011. 13 Entrevista realizada por Claudete Unfer em 2011
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derrubar arvore para poder passar e abrir picada14.”
Ainda temos o depoimento do Sr Mario Scalco, que fala da dificuldade de
locomoção na época devido às estradas e falta de transporte:
[...] havia somente caminhão na serraria e a família Gobbi tinha um caminhão e eram eles que socorriam as pessoas doentes, pois as estradas da vila para outras localidades eram ruins barrentas, pois eram abertas as picadas e assim permaneceram por um bom tempo. Passava somente carros pequenos quando dava possibilidade de passar. O uso do cavalo era constante. Já pelo estradão passava o ônibus Havia empresa de ônibus “Cattani” e “Rainha do Sertão”, e para muitos moradores era difícil chegar até ele15.
Outro problema que os entrevistados comentam era com a água para
consumo, comenta a Sra. Terezinha:
[...] que tiveram sérios problemas com a água, que não era muito própria para beber, toda casa precisava de filtros, mas nem todas as pessoas podiam comprar. A roupa a gente lavava a beira do rio. A sorte nossa era o farmacêutico que existia na época na localidade. Também tínhamos problemas com as estradas, eram muito ruins16
Segundo os moradores, os filhos foram crescendo e sentiu-se a necessidade
de uma escola na comunidade. Foi então que em 1961 a Colonizadora Bento
Gonçalves, cedeu para a comunidade de Maralúcia, um espaço denominado pela
mesma como “condomínio”, que era usada para abrigar as famílias que vinham dos
estados do sul para conhecer as terras da região. A comunidade transformou esse
espaço em uma escola.
No mesmo ano as aulas iniciaram sem muitas condições, pois não havia
materiais escolares e nem mobília na escola. Mas os próprios moradores foram
doando os materiais escolares que as crianças necessitavam e também construíram
as carteiras e quadro de giz.
14 MAZZUCCO, entrevistada por Claudete Unfer em 2011. 15 Entrevistado o Sr Mario Scalco, descendente de italianos, de agricultor aposentado, hoje com 67 anos, veio para Maralúcia 1965, com 20 anos de idade. (Entrevista realizada por Claudete Unfer em 2011) 16 SCALCCO, entrevistada por Claudete Unfer em 06 de julho de 2011
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Fig.
05 Inauguração da Escola São Luiz com o Prefeito Luiz Bonatto (1967) Fonte: Acervo Particular
A sede da escola foi construída no ano de 1964, com duas salas de aula
apenas, sendo denominada Escola Municipal São Luis. E no ano de 1967 que a
municipalidade construiu mais três salas de aula e teve sua inauguração oficial.
Já no ano de 2007, foi estadualizado e construído no distrito de Maralúcia
um único espaço físico que abrigaria o colégio Estadual Maralúcia Ensino
Fundamental Séries Finais e Ensino Médio, e a Escola Municipal São Luis de
Educação Infantil e Ensino Fundamental nas séries iniciais.
Hoje vemos uma localidade que caminha em busca de seu crescimento e
seu reconhecimento, como comunidade do Município de Medianeira, perfazendo a
sua história iniciada por seus migrantes em meados de 1950 a 1970.
Enfim o que se buscou foi a elaboração de um banco de dados com um
pouco da história de Maralúcia, através de narrativas, dos acontecimentos e das
experiências vividas e dos seus significados para seus moradores. Pois Interpretar o
estabelecimento da comunidade de Maralúcia é compreender os sentidos que estão
em construção no presente sobre experiências do mundo dos mesmos, é
compreender como era o passado antes e também depois de fixar residência no
distrito e como é o presente. E assim conhecer quais os motivos, sociais e
individuais.
3. RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA PEDAGÓGICA DO PDE
Propiciar aos alunos a formação da consciência histórica é objetivo
fundamental da concepção histórica e filosófica das Diretrizes Curriculares de
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História para a Educação Básica do Paraná, “[...] a aprendizagem histórica é uma
das dimensões e manifestações da consciência histórica. Está articulada ao modo
como a experiência do passado é vivenciada e interpretada de maneira a fornecer
uma compreensão do presente e a construir projetos de futuro.” (RÜSEN, 2006, p.
16).
Nesse sentido, para alcançar o objetivo de conhecer a história da localidade
que a escola se encontra inserida e que os alunos, enquanto parte da comunidade,
se percebam como sujeito desse processo histórico, foi necessário que a
metodologia de trabalho iniciada em na sala de aula fosse expandida ao contexto da
comunidade. É preciso que o trabalho do professor seja pautado numa abordagem
metodológica na seleção e delimitação de conteúdos essenciais na formação da
consciência histórica do aluno. E, cabe ao professor sinalizar critérios claros e
objetivos para possibilitar esses recortes, tendo a preocupação na problematização
dos conteúdos, com a elaboração e/ou re-elaboração de conceitos, procurando
superar a ideia de História como verdade absoluta.
Diante do atual contexto social é disponibilizado ao aluno de hoje uma gama
de informações que chega até ele nas diferentes mídias, mas por si só informação
não significa conhecimento. Ela somente passa a ser conhecimento quando
sistematizada e organizada.
Diante dessa realidade escolar é papel do educador de ser o intermediário
entre essas informações e o conhecimento, “[...] confundir informação com
conhecimento tem sido um dos problemas de nossa educação (...) é preciso que o
professor tenha claro o quê e como ensinar”. (PINSKY, 2005, p. 22) “
Somado a esse contexto novo que vivemos de sala de aula e as exigências
do programa PDE, foi primeiramente elaborado um projeto de pesquisa, que serviu
de base para a criação de uma Unidade Didática, que foi relacionada com outros
temas e auxiliado por colegas de Língua Portuguesa e Geografia. A referida
Unidade Didática contém inúmeras atividades relacionadas à disciplina de História,
culminando com esse artigo, que foi resultado de proposta de estudo, realizada por
mim sobre a Formação da Comunidade de Maralúcia, a qual foi realizada com a
participação dos alunos da 6ª Série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual
Maralúcia. Durante a prática, na escola, foi impressionante o interesse que os alunos
demonstraram sobre a história do distrito, onde a maioria nasceu ou permanece
morando até os dias de hoje.
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Para um conhecimento prévio de sua história foi trabalho com artigos de
jornais de épocas anteriores como o jornal Mosaico de Medianeira, que tratava da
história de Maralúcia e do município Medianeira.
Dentro desta atividade, foi sugerida e realizada uma pesquisa de campo
sobre dados da comunidade, em fontes diversificadas, além de documentos escritos,
registros orais, testemunhos da história local, relação dos grupos étnicos
predominantes.
Ainda foi proposta uma entrevista com alguns dos moradores de Maralúcia,
que foi realizada com a participação dos alunos, através de um roteiro elaborado por
mim. Estas atividades foram realizadas durante o mês de agosto a outubro de 2011
e serviram, além da execução da prática de nosso projeto, para recolher dados que
complementassem a própria pesquisa. Através das narrativas das pessoas e nas
fontes, respostas para as evidências sobre esse passado a ser estudado sobre
esses moradores e quais as visões de mundo enfim seu projeto de sociedade.
Enfim, é na história das sociedades, que procuramos enquanto
historiadores, compreender as realizações e suas motivações, e analisar quais os
efeitos que as transformações causaram na humanidade. E assim, para
compreender um pouco mais de como se efetivou o processo da formação da
comunidade Maralúcia, é preciso ir além da História oficial contada em livros e
documentos oficiais, é preciso ouvir também a voz dos moradores e reais
colonizadores da comunidade dos que muitas vezes foram esquecidos.
E, diante disso, a ideia central do projeto quanto de seu desenvolvimento
metodológico, partiu da necessidade de refletir sobre a importância do ensino de
História para alunos do Ensino Fundamental. Necessidade que surgiu após anos de
trabalho e observações se percebeu que muitas vezes, os alunos não demonstram
interesse pelo conteúdo e ensino da disciplina. O que em alguns momentos, essa
postura do aluno torna-se fator de frustração, desmotivação para o professor de
História. E consciente que esses conteúdos muitas vezes estão além da realidade
do aluno, eis por isso a necessidade de levar aos alunos uma nova perspectiva de
aprendizagem voltada à realidade dos mesmos.
Muitas são as experiências acumuladas no decorrer da carreira de docente, e
estas somadas à vontade de tornar a sala de aula um espaço de aprendizagem, ou
seja, “um ambiente de compartilhamento de saberes” (SCHMIDT & CAINELLI, 2004,
p. 50), optou-se pelo aprofundamento dos estudos a respeito da disciplina de
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História. Onde a metodologia escolhida para esse trabalho partiu das dificuldades,
necessidades e interesse dos alunos. Com uma proposta de trabalho que possibilite
tornar o ato de ensinar de História atraente aos educandos, no espaço escolar e fora
dele.
E assim com essa concepção, o objetivo para dar continuidade aos trabalhos
do PDE, no segundo semestre de 2011, elaborou-se uma produção didático
pedagógica para ser implementada na escola, com uma turma de 6ª série do Ensino
Fundamental. No caso, uma Unidade Didática com o tema: As Memórias e a História do Distrito de Maralúcia: Município de Medianeira – Paraná, comunidade onde a maioria dos alunos vive e se encontra a escola que frequentam.
Todas as atividades premiadas na Unidade Didática e fundamentadas na
concepção de levar o aluno a se sentir e se perceber como sujeito da História.
Alguém capaz de produzir conhecimento, de questionar, de conhecer a realidade em
que está inserido, de valorizar, de resgatar o conhecimento histórico produzido
socialmente, e, a partir da problematização de temas ou conteúdos, construir sua
consciência histórica.
Assim, as atividades que compõem a Unidade Didática foram pensadas e
elaboradas com a preocupação de propor aos alunos experiências, situações de
questionamento, de levá-los a pensar o papel das relações que se estabelecem
entre todos os homens no seu tempo e espaço e a responsabilidade social que se
estabelece entre homens e mulheres que vivem no mesmo espaço e tempo.
A atividade selecionada para análise foi explorada no contexto do estudo de
campo junto aos atuais moradores da comunidade. Pesquisa essa elaborada e
aplicada pela professora e os alunos.
Assim a atividade através de entrevistas, envolve conhecer, ouvir e relatar um
pouco da experiência vivida e narrada por alguns dos moradores da comunidade de
Maralúcia.
“Eu vim para essa região de Maralúcia em 1952, meus avos vieram da Itália para o Rio Grande do Sul em busca de trabalho, e a dificuldade me trouxe ate aqui, vim para cá em busca de melhorar a vida da minha família, sou hoje agropecuarista. Gosto muito de rodeio e participava de tiro de laço tenho o laço guardado, uma espingarda que usávamos muito na época, pois era muito mato.” 17
17 Sr. FURLIN entrevistado por alunos e a professora Claudete Unfer em 06 de julho de 2011
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Ao transcrever as entrevistas feitas com os moradores mais antigos da
comunidade de Maralúcia, foi possível constatar que realmente predominou famílias
de migrantes italianos, e que entre as famílias que vieram para a localidade, se
encontra a família dos Medeiros e Freitas que são descendentes de portugueses,
que migraram de Santa Catarina para Maralúcia, na década de 60 como as demais
famílias. Vemos aqui o relato da Sra Scalco em entrevista a alunos Meus avos por parte do meu pai vieram de navio da Itália, com um grupo de imigração e desembarcaram em Santos e por um período curto, onde trabalharam em fazenda de café, mas pouco tempo depois migraram para Santa Catarina. Por parte de minha mãe vieram de Veneza Itália de navio e foram para Santa Catarina. Eu vim para Maralúcia em novembro de 1962. Falo o dialeto italiano. Guardamos os costumes de meus avos; tanto religioso, católica e dos hábitos alimentares, gosto muito de massas, polenta, queijos. Sou professora aposentada18.
Enfim, tínhamos como objetivo a realização das entrevistas junto aos
moradores, conhecer quais as etnia dos mesmos e quanto tempo reside na região e
conhecer um pouco da história de cada um, de suas lutas e conquista ao chegar em
um lugar distante e novo para eles.
E nos relatos acima, percebemos que boa parte da comunidade de Maralúcia
tem suas raízes na etnia italiana e alguns moradores descendentes de portugueses,
preservam muito a sua cultura. Também se constatou que se encontra entre os
primeiros migrantes uma família de afrosdescentes, que vieram da região de Santa
Catarina para cá e que com as demais famílias formaram a comunidade de
Maralúcia.
Assim ao construir a História da comunidade, a partir da perspectiva de quem
ajudou a construí-la e dar voz a aqueles que muitas vezes não são lembrados na
história oficial a partir de questões relativas aos dados pessoais, histórias, fatos,
acontecimentos relacionados à História local, com a participação dos entrevistados
na formação da comunidade. E outras questões que foram surgindo a partir da
curiosidade e interesse dos alunos os quais tiveram a oportunidade de vivenciar a
experiência de pesquisadores, historiadores.
18 SRA. SCALCO entrevistada por alunos e a professora Claudete Unfer em 06 de julho de 2011
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Por exemplo, na entrevista com os moradores os alunos perceberam como
surgiu a comunidade de Maralúcia, que em relação a outras comunidades da região,
aqui se formou uma comunidade de migrantes descendentes de italianos. Famílias
vindas de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e que essa característica a localidade
tem mantido até os dias de hoje.
A partir do que coletaram os alunos elaboraram com a ajuda da professora um
painel com os acontecimentos do passado e presente da localidade, onde
apresentaram textos e fotos para toda a comunidade escolar.
Alguns alunos fizeram registro fotográfico da experiência, bem como
coletaram junto aos moradores fotos antigas. Material esse que passará a fazer
parte do banco de dados sobre a comunidade que ficará a disposição na escola de
Maralúcia, etapa final do trabalho, que se encontra em anexo nesse trabalho.
Após a realização da entrevista, foi oportunizado no colégio um encontro
entre gerações. Alguns moradores vieram e contaram aos alunos, sobre como foi
sua vinda à localidade na década de 60 e as experiências vivenciadas pelos
mesmos. E, durante os relatos percebeu-se que muitas das informações que
coletaram junto aos entrevistados eram histórias parecidas, de lutas, dificuldades, do
trabalho duro logo que aqui chegaram que enfrentaram desafios na região de mata e
estradas de chão. Momentos de alegria, festas, casamentos, nascimento dos filhos,
primeira festa da comunidade, primeiro baile, primeira colheita, a primeira escola e
primeira igreja.
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Entrevista Sr Adão no Colégio Estadual de Maralúcia 2011
Ao final das apresentações, os alunos fizeram a avaliação da atividade e
concluíram que o contato e a conversa com as pessoas a respeito do passado foram
extremamente produtivos e, ao mesmo tempo, ter a oportunidade de entender o
presente, vivenciando a relação que se estabelece entre espaço e tempo,
percebendo que o tempo em que vivemos foi construído por pessoas comuns,
“gente como a gente”.
O sujeito histórico, que se configura na inter-relação complexa, duradoura e contraditória entre as identidades sociais e as pessoais é o verdadeiro construtor da História. Assim é necessário acentuar que a trama da História não é resultado apenas da ação de figuras de destaque, consagradas pelos interesses explicativos de grupos, mas sim a construção consciente/inconsciente, paulatina e imperceptível de todos os agentes sociais, individuais ou coletivos (BEZERRA, 2005, p. 45).
Nesse sentido, há preocupação em apresentar e discutir o indivíduo enquanto
sujeito histórico com os alunos: sujeito que vive num mesmo espaço e tempo
vivenciado sob perspectivas diferentes a construção da História dos homens e
mulheres. E, acreditando nessa perspectiva, houve a continuidade do projeto, onde
os alunos vivenciaram experimentaram, o que é ser sujeito da História.
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Enfim os alunos partilharam com seus colegas os conhecimentos adquiridos e
a experiência foi novamente muito rica, porque o grupo estava construindo o seu
próprio conhecimento, a partir de experiências vivenciadas e partilhadas.
No final da atividade foi realizado um mural apresentando as fotos, dados da
entrevistas e também elaborado um banco de dados para a comunidade de
Maralúcia.
E, ao termino de todas as atividades, foi realizada uma avaliação, e os alunos
demonstraram satisfação em ter participado da atividade. Dentre as considerações
feitas, destaca-se que foi retomado o que é ser sujeito da História e produzir
conhecimento histórico, “[...] partindo de conteúdos trabalhados em sala de aula que
se tome a experiência do aluno como ponto de partida para o trabalho com os
conteúdos, pois é importante que também se identifique como sujeito da história e
da produção do conhecimento histórico”. (SCHMIDT & CAINELLI 2004, p. 50).
Nesse sentido, foi debatido o papel de cada um na sociedade e importância
de se participar das decisões que dizem respeito a nossa vida e da sociedade em
que vivemos, relembrando sempre a experiência vivida durante a pesquisa e o
quanto as famílias dos migrantes foram importantes enquanto construtores da
história da comunidade. 4. ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA
Diante da avaliação realizada pela equipe pedagógica e pelos alunos a
experiência além de positiva foi prazerosa. Alguns afirmaram sentirem-se
extremamente importantes por estar conhecendo um pouco mais da história da
comunidade em que vivem e as experiências vividas pelos primeiros colonizadores
da localidade de Maralúcia.
E tal estudo possibilitou-me juntamente com os alunos a constatação, que a
comunidade do distrito de Maralúcia, tem uma peculiaridade, percebida junto aos
seus moradores e já constatada em contato com os alunos em sala de aula. Que
essa comunidade se diferencia das demais da região oeste.
A comunidade foi formada por famílias de etnia italiana, e que conforme
relatos dos moradores entrevistados, que ainda continuam sendo a maioria dos
moradores descendentes de italianos, pois como seus antepassados também
firmaram suas raízes na localidade, aqui criaram seus filhos e filhas e estes também
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optaram em construir sua história de vida na localidade. E, sem querer acabaram
preservando a cultura e costumes trazidos pelas primeiras famílias que chegaram
em Maralúcia.
Não queremos aqui, com esse estudo dizer que a comunidade se formou
somente dessa etnia. Pois sabemos que não existiu o “vazio demográfico” que relata
a história oficial, e que essa região muito antes da colonização através de
Imobiliárias, aqui existia mesus, índios e afrodescendentes e da grande contribuição
dos mesmos no processo de colonização do oeste paranaense.
Sabemos também que a valorização dirigida ao migrante europeu acabou
por ocultar e silenciar durante muito tempo a participação do indígena e dos
afrodescendentes na construção da identidade do povo paranaense. Esses grupos
sociais específicos desprovidos dos meios de produção da propriedade “posse legal”
da terra com a frágil delimitação dos limites de propriedade, ausentes nos discursos
da memória histórica e assim silenciados pela história oficial.
Levanto aqui uma sugestão de proposta de um novo estudo ou pesquisa
sobre o município de Medianeira diante de seu vasto território de abrangências com
inúmeras localidades iguais a de Maralúcia, não tem sua história pesquisada e
divulgada.
O que propomos nesse estudo, não é negar a existência na região de outras
etnias, mas sim trazer a voz dos moradores da comunidade de Maralúcia com sua
cultura, suas realizações e conquistas, que não tem sua história escrita.
Conhecimento que obtive em inúmeras conversas com a comunidade
escolar, e assim percebi que a comunidade de Maralúcia se destacava das demais,
devido sua formação quase homogênea de migrantes do sul do país e na maioria
italianos. E como professora na localidade quis trazer para o visível a voz dos que
aqui chegaram em meados de 1950 a 1970, e participaram da história do município
de Medianeira a qual ela pertence.
E minha realização enquanto agente desse projeto é que percebi que as
aulas de História podem tornar-se interessantes na medida em que a participação do
aluno seja dinâmica, voltada à produção do conhecimento histórico partindo do
conhecimento do aluno e de sua realidade, formando e construindo sua história.
Observou-se que a participação e engajamento dos alunos no
desenvolvimento das atividades foi extremante gratificante; toda a turma realizou as
atividades, se empenhou e cumpriu com o que havia sido proposto.
![Page 26: AS MEMÓRIAS E A HISTÓRIA DO DISTRITO DE MARALÚCIA](https://reader035.vdocuments.us/reader035/viewer/2022081700/62d67255dc36cf371256071e/html5/thumbnails/26.jpg)
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Por outro lado, pode-se concluir que houve resposta positiva para um anseio
que vivia enquanto professora de História: “Como tornar o ensino de História mais
interessante para os alunos das Séries Finais do Ensino Fundamental?” Como levar
meus alunos a se verem como partes do processo histórico de sua localidade?”
Está intrinsecamente ligada a questão de, como acontece o encaminhamento,
o desenvolvimento e a abordagem dos conteúdos de História, partindo da
problematização dos conteúdos ou temas, proposta contemplada nas Diretrizes
Curriculares de História para a Educação Básica.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos últimos tempos, estudiosos de diferentes áreas do conhecimento vêm
questionando a arbitrariedade da forma em que se trás a realidade um conjunto de
acontecimentos que ocorreram no passado para elaboração da história de uma
comunidade ou sociedade, e “[...] a evidência oral pode expor, com muito mais
clareza do que documentos” (THOMPSON, 1992, p.107).
E assim no contexto de sala de aula uma nova metodologia vem sendo
muito usada que é a pesquisa através da fonte oral, que tem a memória como
suporte, para um entendimento mais significativo do passado de uma determinada
localidade. E com essa nova abordagem da História oportunizamos aos alunos que
alargassem os seus horizontes em busca do conhecimento e da compreensão do
contexto em que estão inseridos
Toda nova experiência traz em si dificuldades que só serão superadas na
medida em que se vivencia. A utilização da história oral como método de pesquisa
requer tempo e preparo específico. A implementação da proposta poderia ter
melhores resultados, quando é aplicada em um período maior de tempo. Contudo,
pela participação e entusiasmo dos alunos o método mostrou-se eficiente para
motivar o aprendizado e a formação de agentes históricos.
As reflexões em torno da história da formação da comunidade de Maralúcia,
enquanto uma nova modalidade para o ensino e a construção do processo histórico,
mostrou-se como uma possibilidade viável e respondeu positivamente à expectativa
de tornar a disciplina algo próximo dos alunos.
![Page 27: AS MEMÓRIAS E A HISTÓRIA DO DISTRITO DE MARALÚCIA](https://reader035.vdocuments.us/reader035/viewer/2022081700/62d67255dc36cf371256071e/html5/thumbnails/27.jpg)
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O papel do professor é utilizar-se de métodos que aproximem o aluno dos
personagens concretos da História. “[...] quanto mais o aluno sentir a História como
algo próximo dele, mais terá vontade de interagir com ela, não como uma coisa
externa, distante, mas como uma prática que ele se sentirá qualificado e inclinado a
exercer.” (PINSKY, 2005, p.28),
Esse tema levou o conhecimento da história acerca do processo de
constituição da Comunidade Maralúcia Distrito de Medianeira, a partir da experiência
vivida e narrada pelos primeiros colonizadores e os moradores da comunidade,
sendo uma forma de trabalhar com a história local, priorizada nos encaminhamentos
das Diretrizes Curriculares de História.
O desenvolvimento do projeto promoveu pesquisa de campo juntamente com
os alunos na escola e apesar das limitações, essa proposta de trabalho procurou
contribuir com as reflexões acerca de novas metodologias e práticas no campo
historiográfico educacional.
Enfim o que propomos nesse estudo não foi negar a existência de outras
etnias que auxiliaram na formação do município de Medianeira e do oeste do
Paraná, mas sim através da fonte oral, oportunizar aos moradores do Distrito de
Maralucia de conhecer de fato todo o contexto histórico do momento de formação da
sua comunidade por volta de 1950 a 1970, quando aqui chegaram os moradores e
que muitos dos que aqui vivem são descendentes.
ENTREVISTA: Entrevista realizada em 1996Depoimento do Senhor Pedro Soccol no livro de
ROHDE, H e BIESDORF, E. Resgate da memória de Medianeira. Curitiba: CEFET,
1996.
Entrevistas realizadas por Claudete Unfer, 2011
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