as emoções do care angelo soares_2010
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As emoções do care – Angelo Soares_ 2010
Disponível em www.fflch.usp.br
Angelo Soares (2010) chama atenção que nas últimas décadas o setor de serviços teve um salto de crescimento no mundo e que a indústria de care é o que ele chama de “quinta-essência” do trabalho no setor.
Uma característica fundamental no trabalho de serviços e que é ainda mais importante no trabalho com cuidados é a interação entre a trabalhadora e o indivíduo para quem produz o serviço. E que dependendo de quem é cuidado, o trabalho assume diferentes dimensões. Por exemplo, cuidar de idoso é diferente de cuidar de criança.
Outro ponto importante destacado por Soares, articulando ideias de Gutek e Goffman, é que existiria uma diferença entre “encontro” e “relação”. No trabalho de cuidar, as pessoas, a princípio, não se conhecem, mas o encontro é “fugaz”, porque há uma interação física. E a partir de então, aquilo deixa de ser um encontro e vira uma relação.
O trabalho de cuidar tem sua origem na esfera privada e, sendo assim, cuidar bem é cuidar como se fosse da sua família (SOARES, 2010). O autor coloca ainda que o cuidado possui várias dimensões e que elas atuam de maneira simultânea, embora em alguns casos uma ou outra dimensão possa não acontecer. São elas: A dimensão física no trabalho, que é sustentar, levantar a pessoa que é cuidado; Pode possuir também uma dimensão sexual e deixa bem claro que não se refere a serviços sexuais. A dimensão sexual se refere ao fato de que a trabalho da tem um corpo e precisa fazer uso dele para o trabalho, além de ter também que manipular o corpo de outrem. Isso muitas vezes pode gerar uma situação de constrangimento de ambas as partes.
Há a dimensão relacional, no sentido de que a trabalhadora precisa de habilidades sociais para realizar o trabalho e conviver no ambiente. A diplomacia, a paciência, a capacidade de manter o controle emocional são exemplos práticos dessa dimensão.
Por fim, há a dimensão emocional. Soares diz que as emoções estão presentes em todas as esferas da nossa vida e que “elas tanto podem unir as pessoas, gerando um comprometimento com as estruturas sociais e culturais, quanto podem separá-las, levando a um rompimento com essas mesmas estruturas (SOARES, 2010, p. 9).
Definição de emoção:
Soares usa a definição de Thoits, entendo que a emoção é um fenômeno multifacetado em que ao mesmo tempo que há mudanças fisiológicas, corporais, expressivas, comportamentais e cognitiva, há a liberação ou repressão da expressão dos gestos. Há também uma etiqueta cultural.
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Importante:
Sobre as emoções, Soares distingue dois tipos de trabalho emocional: em um a trabalhadora utiliza o agir em superfície, e que as emoções são fingidas e não realmente sentidas por quem cuida; e o agir em profundidade, em que as pessoas buscam sentir a emoção e experienciar as regras de expressão exigidas delas publicamente.
“ Na verdade, o amor e o envolvimento são duas características vistas como inevitáveis, essenciais e positivas na relação entre quem cuida e quem é cuidado. Mesmo quando o trabalho de cuidar é público, feito mediante um pagamento, o mor e o envolvimento, mesmo não fazendo parte do trabalho prescrito, são presentes no trabalho real escapando assim, de uma certa maneira, da mercantilização” (SOARES, 2010, p. 20-21)