anÁlise do regime de escoamento hipersÔnico...

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ DEPARTAMENTO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA ENGENHARIA MECÂNICA GUILHERME DIAS VICENTINI ANÁLISE DO REGIME DE ESCOAMENTO HIPERSÔNICO ATRAVÉS DE BOCAIS DO TIPO CONVERGENTE-DIVERGENTE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO GUARAPUAVA 2016

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO DO CURSO DE ENGENHARIA MECÂNICA

ENGENHARIA MECÂNICA

GUILHERME DIAS VICENTINI

ANÁLISE DO REGIME DE ESCOAMENTO HIPERSÔNICO ATRAVÉS

DE BOCAIS DO TIPO CONVERGENTE-DIVERGENTE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

GUARAPUAVA

2016

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GUILHERME DIAS VICENTINI

ANÁLISE DO REGIME DE ESCOAMENTO HIPERSÔNICO ATRAVÉS

DE BOCAIS DO TIPO CONVERGENTE-DIVERGENTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentada como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel, em Engenharia Mecânica, da Coordenação do Curso de Engenharia Mecânica, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Antônio Carlos Amaro de Faria Jr.

Co-Orientador: Prof. Dr. Christian Naaktgeboren

GUARAPUAVA

2016

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TERMO DE APROVAÇÃO

ANÁLISE DO REGIME DE ESCOAMENTO HIPERSÔNICO ATRAVÉS DE BOCAIS

DO TIPO CONVERGENTE-DIVERGENTE

por

GUILHERME DIAS VICENTINI

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi apresentado em 02 de dezembro de 2016

como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Engenharia

Mecânica. O candidato foi arguido pela Banca Examinadora composta pelos

professores abaixo assinados. Após deliberação, a Banca Examinadora considerou

o trabalho aprovado.

__________________________________ Dr. Antônio Carlos de Amaro Faria Jr.

Prof. Orientador

___________________________________

Dr. Christian Naaktgeboren Prof. Co-Orientador

___________________________________

Dr. Sérgio Dalmás Membro titular

___________________________________

Dr. Luan J. Franchini Ferreira Coordenador do curso de Engenharia Mecânica

- O Termo de Aprovação assinado encontra-se na Coordenação do Curso -

Ministério da Educação

Universidade Tecnológica Federal do Paraná

Campus Guarapuava

Diretoria de Graduação e Educação Profissional

Coordenação de Engenharia Mecânica

Engenharia Mecânica

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Dedico esse trabalho à minha filha Bianca Passos Vicentini. Essa criança abençoada que apareceu na minha vida em um momento crucial, para não desistir dos meus sonhos e do caminho na qual desejava trilhar para o meu futuro profissional e pessoal.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de, através destes parágrafos, poder agradecer aos envolvidos que

tanto colaboraram para que fosse possível chegar ao final dessa longa jornada. Sendo

assim, primeiramente agradeço à Deus por sempre me abençoar, ajudar nos

momentos mais difíceis e dar esperança quando necessário. Em segundo lugar, aos

meus pais, por darem o melhor para que eu tivesse uma educação de excelência,

uma base forte consolidada, experiências de vida, alegrias e ensinamentos que serão

levados para a vida toda. Desde pequeno recebi um apoio incondicional, que foi

essencial para ser possível a realização do meu sonho.

Também gostaria de agradecer a minha namorada Andressa Passos, por todo

amor e apoio emocional, estando sempre ao meu lado me ajudando. Agradeço

também aos meus colegas e, especialmente, meus melhores amigos Lucas Staciaki,

Rafael Serbay, Felipe Nascimento, Andrey Fiorin e Leonardo Augusto, por estarem

comigo durante todos esses anos de graduação, me trazendo alegria, companhia para

qualquer hora e por colaborarem muito para o meu desenvolvimento profissional e

social.

Além do mais, gostaria de agradecer especialmente ao meu orientador

Antônio Carlos, no qual respeito e admiro muito. Desde o início, ele me incentivou na

área da pesquisa, me orientou em vários projetos, teve paciência o suficiente com as

minhas dúvidas, além de passar parte de todo o vasto conhecimento que possui. Por

fim, agradeço também a toda ajuda que me foi dada, em especial ao meu co-

orientador Christian e ao professor Dalmás, por passarem seus conhecimentos,

pensamentos e atitudes. São grandes profissionais que possuo imenso respeito e me

espelho com alegria.

Muito obrigado a todos, pois só consegui chegar aqui graças a vocês e espero

conseguir retribuir em dobro toda essa ajuda que foi proporcionada!

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RESUMO

VICENTINI, Guilherme Dias. Análise do Regime de Escoamento Hipersônico Através de Bocais do Tipo Convergente-Divergente. 2016. 64 f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de Engenharia Mecânica, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Guarapuava, 2016.

O interesse na simulação de escoamentos de regime em alta velocidade tem se tornado mais presente, nessas últimas décadas, como consequência do crescente estudo na área da aerodinâmica e do início da Era Espacial. No caso de veículos de subida ou de reentrada atmosférica, tais corpos estão submetidos à um escoamento hipersônico, cujo Número de Mach, M, maior ou igual a 5. Em tal escoamento, dois fenômenos importantes ocorrem, sendo eles a interação viscosa e a relação de altas temperaturas entre o corpo e a onda de choque. Isso fará com que, a partir de certo ponto, o gás comece a sofrer reações químicas, visto que este estará sob efeito das altas temperaturas. Consequentemente, proporciona-se que o expoente de expansão

isentrópico, 𝛾, não seja mais constante, devido a ocorrência de dissociação dos gases. A utilização de códigos de CFD (Computational Fluid Dynamic) é um exemplo de elemento essencial para a modelagem desse tipo de escoamento. Tal abordagem é baseada em soluções (numéricas) aproximadas de equações governantes sobre uma malha discreta, que quanto mais refinada, tende a ser mais precisa sua solução numérica. O presente trabalho visa investigar numericamente esse escoamento hipersônico, através de um desenvolvimento teórico, para se obter a geometria da tubeira do tipo convergente-divergente, utilizando uma simulação em MATLAB.

Palavras-chave: Escoamento Hipersônico. Tubeiras. CFD. Simulação.

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ABSTRACT

VICENTINI, Guilherme Dias. Analysis of a Hypersonic Flow Regime Through Convergent-Divergent Nozzles. 2016. 64 pages. Completion of Coursework – Mechanical Engineering, Federal Technology University of Paraná. Guarapuava, 2016.

The interest in simulation of regime flows at high speed, has become more present in recent decades, consequent to the increasing study in aerodynamics and the beginning of the Space Age. In the case of ascent or atmospheric reentry vehicles, such bodies are subjected to a hypersonic flow, whose Number of Mach, M, is greater or equal to 5. In such flow, two important phenomena occur, being the viscous interaction and the relation of high temperatures, between the body and the shock wave. This will cause, from a certain point, the gas to begin to undergo chemical reactions, as this will be under the effect of high temperatures. Consequently, it is provided that the isentropic expansion exponent, γ, is no longer constant due to the occurrence of gas dissociation. The use of CFD (Computational Fluid Dynamic) codes is an example of an essential element for the modeling of this type of flow. Such an approach is based on approximate (numerical) solutions of governing equations over a discrete mesh, which the more refined its numerical solution tends to be. The present work aims at numerically investigating this hypersonic flow, through a theoretical development, to obtain the convergent-divergent type nozzle geometry, using a MATLAB simulation.

Keywords: Hypersonic Flow. Nozzle. CFD. Simulation.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Modelo esquemático do veículo hipersônico 14 – X .................................. 3

Figura 2 – Escoamento sobre um volume de controle finito ........................................ 4

Figura 3 – Comportamento de uma onda e semelhança com choque normal .......... 10

Figura 4 – Exemplos de comportamentos de onda de choque normal ..................... 12

Figura 5 – Volume de controle para análise de choque normal ................................ 13

Figura 6 – Cone de Mach (a) e choque oblíquo (b) gerados por um avião, onde α = µ .................................................................................................................................. 17

Figura 7 – Escoamento supersônico através de um canto inclinado ......................... 18

Figura 8 – Perturbações geradas por uma fonte sonora ........................................... 19

Figura 9 – Relações de ângulo de onda de choque oblíqua e ângulo de Mach, através da propagação de perturbações ................................................................... 20

Figura 10 – Geometria de choque oblíquo em um escoamento supersônico ........... 21

Figura 11 – Propriedades de choque oblíquo: 𝛾 = 1,4. Diagrama θ – β – M ............. 25

Figura 12 – Escoamento unidimensional em comparação ao escoamento quase unidimensional .......................................................................................................... 28

Figura 13 – Volume de controle finito para um escoamento quase unidimensional .. 29

Figura 14 – Volume de controle incremental ............................................................. 31

Figura 15 – Escoamento compressível em dutos convergentes e divergentes ......... 34

Figura 16 – Geometria para derivar a relação de número de área-Mach .................. 35

Figura 17 – Camada de choque fina e viscosa em um escoamento hipersônico ...... 37

Figura 18 – Alta temperatura em camada de choque ............................................... 38

Figura 19 – Seções de um túnel de choque hipersônico ........................................... 43

Figura 20 – Túnel de choque hipersônico T3 do Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica ............................................................................................................... 43

Figura 21 – Análise de pontos de malha para linhas características (a) e diferenças finitas (b).................................................................................................................... 45

Figura 22 – Exemplo de design de bocal utilizando o método das linhas características ........................................................................................................... 46

Figura 23 – Gráfico resultante da malha modelada em x e y .................................... 48

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Propriedades de escoamento isentrópico. Apêndice A do livro ............... 36

Tabela 2 – Propriedades de onda de choque normal. Apêndice B do livro ............... 39

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LISTA DE SÍMBOLOS

a – Velocidade do som;

𝑐𝑝 e 𝑐𝑣 – Calor específico à pressão e volume constate;

e – Energia interna;

h – Entalpia;

M – Número de Mach;

Mn e Mt – Componente normal tangencial do número de Mach;

𝑝 – Pressão;

𝑝0 – Pressão de estagnação;

R – Constante internacional do gás;

T – Temperatura;

𝑇0 – Temperatura de estagnação;

𝑢 – Velocidade na direção x, ou normal;

V – Velocidade vetorial;

𝑣 – Velocidade na direção y;

𝑤 – Velocidade na direção z, ou tangencial;

β – Ângulo de onda;

θ – Ângulo de deflexão;

ρ – Densidade;

𝜌0 – Densidade de estagnação;

𝑇0 – Temperatura de estagnação;

µ – Ângulo de Mach;

Ѵ – Volume;

γ – Expoente de expansão isentrópica

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .....................................................................................................1

1.1 OBJETIVO GERAL ...........................................................................................2

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................2

1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................2

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO ...................................................................................4

2.1 EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS DE ESCOAMENTO ........................................4

2.1.1 Equação da Continuidade (Conservação da Massa) ......................................4

2.1.2 Equação do Momentum ..................................................................................5

2.1.3 Equação da Energia .......................................................................................6

2.2 REVISÕES DE ALGUMAS EQUAÇÕES TERMODINÂMICAS ........................8

2.3 RELAÇÃO ENTRE A VELOCIDADE DO SOM E O NÚMERO DE MACH .......9

2.4 ONDA DE CHOQUE NORMAL .........................................................................12

2.5 ONDA DE CHOQUE OBLÍQUA ........................................................................16

2.5.1 Equações Fundamentais de Choque Oblíquo ................................................20

2.6 ESCOAMENTO COMPRESSÍVEL ATRAVÉS DE UM BOCAL ........................27

2.6.1 Equações Fundamentais para Escoamento Quase Unidimensional ..............27

2.6.2 Bocais .............................................................................................................34

2.7 ESCOAMENTO HIPERSÔNICO ......................................................................36

2.7.1 Aspectos Qualitativos de Escoamento Hipersônico ........................................37

2.7.2 Relações de Onda de Choque Hipersônica ....................................................40

3 METODOLOGIA ...................................................................................................42

3.1 HIPÓTESES INICIAIS .......................................................................................42

3.2 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL .....................................................................42

3.2.1 Montagem do Código Computacional .............................................................44

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................47

5 CONCLUSÃO E PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS ...............................49

REFERÊNCIAS .......................................................................................................50

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1 INTRODUÇÃO

A aerodinâmica é um ramo de estudo que, nas últimas décadas, tem sofrido

um aumento significativo em pesquisas. Isso ocorre devido aos problemas de

engenharia, nos quais envolvem as forças que o ar exerce sobre corpos, em repouso

ou em movimento. Esse ramo toma como base os estudos de mecânica dos fluidos,

na qual é capaz de analisar tal comportamento físico dos fluidos e suas propriedades.

(FOX, 2006)

Historicamente, as observações em aerodinâmica derivam de três importantes

vertentes. A primeira pode ser percebida através da Guerra Anglo-Espanhola, onde

havia um confronto naval, no qual a Espanha possuía navios mais largos e pesados,

enquanto a Inglaterra possuía navios menores e mais leves. Ao entrar em conflito, os

navios espanhóis não tiveram chances contra os ingleses, que eram mais rápidos e

manobráveis. Isso resultou que o poder naval passaria a depender consideravelmente

em agilidade e manobrabilidade. Consequentemente, para proporcionar tais

resultados, estudos em mecânica dos fluidos se tornaram cada vez mais importantes

(ANDERSON, 2001).

Na segunda vertente, tem-se as primeiras observações de Leonardo da Vinci

acerca do voo dos pássaros, seguido, anos mais tarde, pelas colaborações dos irmãos

Wright e por Alberto Santos Dummont (ANDERSON, 2001). Sendo assim, através do

pontapé inicial gerado, a possibilidade humana de voo se tornar realidade era mais

presente. Portanto, a indústria aeronáutica e profissionais especializados na área,

desenvolvem equipamentos com o intuito de romper a barreira da velocidade do som,

assim, atingindo grandes velocidades.

Por fim, a terceira vertente surge com as relações de foguetes e voos espaciais.

Os voos supersônicos se tornaram ferramentas importantes durante a Segunda

Guerra Mundial e, consequentemente, aumentou-se o estudo sobre o formato do

corpo (geralmente pontiagudo) de forma a reduzir o arrasto (FOX, 2006).

Seguindo esse intuito, é possível ver o quanto a aerodinâmica tem se tornado

presente e, cada vez mais, gerando desafios na área. Com toda essa ocorrência, um

dos pontos atuais na pesquisa, tem sido o dimensionamento de motores scramjet e

de tubeiras (também chamados de bocais).

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Essas tubeiras convertem energia termodinâmica do fluido em energia cinética

e, dependendo da aplicação desejada, tem como propósito acelerar esse fluido.

Portanto, devido a importância da aerodinâmica discorrida, esse trabalho tem o

objetivo de apresentar as características de um escoamento hipersônico, a

importância de um bocal, os efeitos de convergência e divergência e executar

simulação com apoio computacional.

1.1 OBJETIVO GERAL

Aprendizagem do desenvolvimento teórico e computacional em aerodinâmica,

aplicada ao escoamento hipersônico.

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Introduzir conceitos e equações governantes de ondas de choque normais e

oblíquas.

Analisar o comportamento do escoamento hipersônico dentro de um bocal.

Realizar uma simulação computacional desse escoamento para adquirir a

geometria do bocal convergente-divergente.

1.3 JUSTIFICATIVA

Como a aerodinâmica tem se tornado cada vez mais presente como ramo

da engenharia, junto com o crescente teste em voos espaciais, o estudo do

escoamento hipersônico se faz necessário. Um dos projetos mais recentes no

Brasil neste ramo, é o veículo hipersônico 14 – X, como mostra a Figura 1,

desenvolvido pelo Instituto de Estudos Avançados (IEAv).

Esse veículo espacial possui tecnologia waverider, para proporcionar

sustentação ao veículo espacial e tecnologia scramjet, proporcionando sistema de

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propulsão hipersônica aspirada baseada na combustão hipersônica. Para acelerar

o 14 – X em condições pré-estabelecidas, deve-se definir a posição (altitude,

longitude e latitude), pressão dinâmica, velocidade (Número de Mach) e ângulo de

ataque, a partir do centro de lançamento.

Além disso, ao entrar em um escoamento de característica hipersônica, o

veículo aeroespacial obterá sustentação, utilizando a onda de choque gerada

durante o escoamento na atmosfera terrestre. Essa onda, originada no bordo de

ataque, vai gerar uma região de alta pressão, resultando em alta sustentação e o

mínimo de arrasto.

Já o motor scramjet, utiliza de um estato-reator (motor aeronáutico aspirado)

que não possui partes móveis e que utiliza ondas de choque para promover a

compressão e a desaceleração do ar atmosférico (COSTA, 2013). Ou seja, desde

o lançamento do veículo, até o funcionamento do motor scramjet, há necessidade

de estudos teóricos e simulações para conseguir efetuar o voo, sendo uma opção

mais econômica do que montar o veículo para depois efetuar os devidos testes.

Figura 1 – Modelo esquemático do veículo hipersônico 14 – X Fonte: LaRC (2010)

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS DE ESCOAMENTO

As equações governantes a seguir são de suma importância para os tópicos

posteriores. Isso ocorre porque, dadas as condições iniciais do problema para a

entrada do escoamento, é possível determinar as razões de densidade, pressão e

temperatura, as relacionando com os respectivos números de Mach. Essas equações

são conhecidas como: equação da conservação da massa, do momentum e da

energia.

2.1.1 Equação da Continuidade (Conservação de Massa):

Pela Figura 2, considere que um ponto da superfície de controle, tem-se um

componente de fluxo de velocidade V, um elemento vetorial de área de superfície dS,

além de um elemento de volume dѴ. Através do conceito de fluxo de massa, aplicado

em um volume de controle escolhido, temos o princípio físico na qual a massa não

pode ser criada e nem destruída. (ANDERSON, 2001)

Figura 2 – Escoamento sobre um volume de controle finito Fonte: Fundamento da Aerodinâmica (2001)

Com isso, temos a seguinte equação da continuidade na forma integral:

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𝑑

𝑑𝑡∰ 𝜌𝑑Ѵ

Ѵ

+ ∯ 𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

= 0 (2.1)

Em uma análise mais cautelosa, o primeiro termo da equação diz respeito a

taxa de variação da massa dentro do volume de controle dѴ. Enquanto o segundo

termo, trata do fluxo de massa líquida para fora do volume de controle através da

superfície S. Pela equação (2.1) estar na forma integral, tem-se a vantagem de

relacionar o fenômeno aerodinâmico sobre uma região finita do espaço, sem estar

interessado sobre os detalhes de um dado ponto distinto do escoamento (STEWART,

2013). Porém, existem muitos casos em que se tem interesse nos detalhes. Para isso,

como o volume de controle é fixo no espaço, os limites de integração também são

fixos. Consequentemente, a derivada de tempo pode ser colocada dentro da integral

de volume (FOX, 2006).

Por fim, aplicando o teorema do divergente na equação (2.1) e considerando

que todos os pontos dentro do volume de controle serão zero, para que a integral do

volume de controle arbitrário também seja zero, a equação será reduzida para:

𝜕𝜌

𝜕𝑡+ ∇ ∙ (𝜌𝑽) = 0 (2.2)

Para um escoamento estacionário, consequentemente a equação (2.2) se

reduz à:

∇ ∙ (𝜌𝑽) = 0 (2.3)

2.1.2 Equação do Momentum (Quantidade de Movimento):

A equação do momento é equivalente às duas relações a seguir:

1. Segunda lei de Newton: 𝐅 = m. 𝐚;

2. Força = taxa temporal de variação do momento.

Para se deduzir esta equação, deve-se obter as expressões de ambos lados

(direito e esquerdo) da relação. Utilizando ainda a mesma Figura 2, do lado esquerdo

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da equação, a força exercida no fluido aparece de duas formas: forças de corpo e

forças de superfície. Já para o lado direito, temos a relação de fluxo líquido de

momento fora do volume de controle através da superfície S e a taxa de tempo de

mudança de momento devido a variações das propriedades de escoamento dentro de

Ѵ (STEWART, 2013). Sendo assim, a equação do momento na forma integral é:

𝑑

𝑑𝑡∰ 𝜌𝑽𝑑Ѵ

Ѵ

+ ∯(𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺)𝑽

𝑆

= − ∯ 𝑝𝒅𝑺 +

𝑆

∰ 𝜌𝒇𝑑Ѵ

Ѵ

+ 𝑭𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑜 (2.4)

A equação é aplicada para o escoamento não estacionário, tridimensional,

compressível ou incompressível, viscoso ou invíscido. Especialmente, para um fluxo

estacionário (𝑑/𝑑𝑡 = 0), invíscido (𝑭𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑜 = 0) e sem forças de corpo (𝒇 = 0), a

equação ficará:

∯(𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺)𝑽

𝑆

= − ∯ 𝑝𝒅𝑺

𝑆

(2.5)

Por fim, a forma diferencial da equação (2.5) em cada direção será:

∇ ∙ (𝜌𝑢𝑽) = −𝜕𝑝

𝜕𝑥 (2.6a)

∇ ∙ (𝜌𝑣𝑽) = −𝜕𝑝

𝜕𝑦 (2.6b)

∇ ∙ (𝜌𝑤𝑽) = −𝜕𝑝

𝜕𝑧 (2.6c)

Onde u, v e w são as velocidades nas direções x, y e z, respectivamente.

2.1.3 Equação da Energia:

Para o estudo de escoamentos incompressíveis, as equações da continuidade

e do momentum já seriam o suficiente, visto que 𝜌 é considerado constante.

Entretanto, para escoamentos compressíveis, 𝜌 é uma variável adicional ao problema,

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tendo como consequência a necessidade dessa terceira equação, denominada

equação da energia. Tal equação é necessária para variações de temperatura, sendo

assim, a ferramenta que colaborará para encontrá-la, será através da primeira lei da

termodinâmica:

𝛿𝑞 + 𝛿𝑤 = 𝑑𝑒 (2.7)

Onde e, é considera a energia interna do sistema, na qual será retomada pela

seção 2.2

Aplicando a primeira lei para um fluido escoando através de um volume de

controle fixo, esquematizado pela Figura 2, teremos a taxa de calor adicionada dentro

do volume de controle da vizinhança, a taxa de trabalho feito sobre o fluido dentro

desse volume e a taxa de mudança de energia do fluido a medida que flui através

desse volume (FOX, 2006). Consequentemente, o resultado na forma integral da

equação é:

∰ �̇�𝜌𝑑Ѵ

Ѵ

+ �̇�𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑜 − ∯ 𝑝𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

+ ∰ 𝜌(𝒇 ∙ 𝑽)𝑑Ѵ

Ѵ

+ �̇�𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑜

=𝑑

𝑑𝑡∰ 𝜌 (𝑒 +

𝑉2

2) 𝑑Ѵ

Ѵ

+ ∯ 𝜌 (𝑒 +𝑉2

2) 𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

(2.8)

Se o fluxo é estacionário (𝑑/𝑑𝑡 = 0), invíscido (�̇�𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑜 = 0 e �̇�𝑣𝑖𝑠𝑐𝑜𝑠𝑜 = 0),

adiabático (�̇� = 0) e sem forças de corpo (𝒇 = 0), a equação será reduzida para:

∯ 𝜌 (𝑒 +𝑉2

2) 𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

= − ∯ 𝑝𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

(2.9)

Já na sua forma diferencial, a equação (2.9) será:

∇ ∙ [𝜌 (𝑒 +𝑉2

2) 𝑽] = −∇ ∙ (p𝐕) (2.10)

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2.2 REVISÃO DE ALGUMAS EQUAÇÕES TERMODINÂMICAS

Em questão de familiarização com os conceitos posteriores, uma revisão de

alguns conceitos de termodinâmica se faz necessário, visto que algumas substituições

serão necessárias já que o tipo de escoamento tratado será o compressível.

Sendo assim, serão enumeradas as equações que necessitam de devida

atenção (ÇENGEL, 2013):

1. Gás Ideal:

𝑝 = 𝜌𝑅𝑇 (2.11)

ou

𝑝𝑣 = 𝑅𝑇 (2.12)

Onde R é a constante do gás.

2. Energia Interna e Entalpia:

Considerando que 𝑒𝑡𝑜𝑡 = 𝑒𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎 + 𝑒𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎 + 𝑒𝑝𝑜𝑡𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙, lembre-se que a

energia interna é chamada apenas de e. Sendo assim, temos que:

ℎ = 𝑒 + 𝑝𝑣 (2.13)

𝑒 = 𝑐𝑣𝑇 (2.14)

ℎ = 𝑐𝑝𝑇 (2.15)

𝑐𝑝 − 𝑐𝑣 = 𝑅 (2.16)

Dividindo a equação (2.16) por 𝑐𝑝 e que 𝑐𝑝/𝑐𝑣 = 𝛾, onde para o ar 𝛾 = 1,4,

teremos:

1 −1

𝛾=

𝑅

𝑐𝑝 (2.17)

𝑐𝑝 =𝛾𝑅

𝛾 − 1 (2.18)

Analogamente,

𝑐𝑣 =𝑅

𝛾 − 1 (2.19)

3. Primeira Lei da Termodinâmica: relembrando a equação (2.7),

temos:

𝛿𝑞 + 𝛿𝑤 = 𝑑𝑒 (2.7)

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9

4. Segunda Lei da Termodinâmica:

𝑑𝑠 =𝛿𝑞𝑟𝑒𝑣

𝑇 (2.20)

5. Entropia:

𝛿𝑞𝑇𝑑𝑠 = 𝑑𝑒 + 𝑝𝑑𝑣 (2.21)

𝛿𝑞𝑇𝑑𝑠 = 𝑑ℎ − 𝑣𝑑𝑝 (2.22)

Onde as equações (2.21) e (2.22) são chamadas de equações de Gibbs.

Através dessas equações de Gibbs, é possível desenvolver as seguintes equações

abaixo, para um gás caloricamente ideal, considerando um processo termodinâmico

com estados iniciais e finais denotados por 1 e 2, respectivamente:

𝑠2 − 𝑠1 = 𝑐𝑝 𝑙𝑛𝑇2

𝑇1− 𝑅 𝑙𝑛

𝑝2

𝑝1 (2.23)

Analogamente,

𝑠2 − 𝑠1 = 𝑐𝑣 𝑙𝑛𝑇2

𝑇1+ 𝑅 𝑙𝑛

𝑣2

𝑣1 (2.24)

6. Relações Isentrópicas:

𝑣2

𝑣1= (

𝑇2

𝑇1)

−1/(𝛾−1)

(2.25)

𝜌2

𝜌1= (

𝑇2

𝑇1)

1/(𝛾−1)

(2.26)

𝑝2

𝑝1= (

𝜌2

𝜌1)

𝛾

= (𝑇2

𝑇1)

𝛾/(𝛾−1)

(2.27)

2.3 RELAÇAO ENTRE A VELOCIDADE DO SOM E O NÚMERO DE MACH

Som é a propagação de uma onda mecânica através de um meio sólido,

líquido ou gasoso. A propagação sonora ocorre baseada em movimento molecular,

com velocidade dependente das características elásticas e inerciais do meio. A onda

está sujeita a reflexões em obstáculos, interferências construtivas e destrutivas,

atenuação e Efeito Doppler (NUSSENZVEIG, 2002). Para o tipo de escoamento que

está sendo estudada no momento, o fluído destacado é o ar, com razão de calores

específicos 𝛾 = 1,4 (valor tabelado), sendo que sua velocidade depende

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10

fundamentalmente da temperatura do fluido. Para conseguir visualizar melhor essa

relação com a temperatura, observe a figura 3, onde c é a velocidade do som, na qual

denotamos por a nesse trabalho:

Figura 3 – Comportamento de uma onda e semelhança com o choque normal. Fonte: Introdução a Mecânica dos Fluidos (2006)

Analisando mais atenciosamente, é possível notar que o fluxo é

unidimensional (apenas no sentido x) e adiabático, por não ter fonte de transferência

de calor dentro e fora da onda. Além disso, os gradientes são muito pequenos e a

influência do fenômeno dissipativo é negligenciado, o que consequentemente nos diz

que a onda é reversível (BERTIN, 1998). Sendo assim, ao aplicar a equação da

conservação da massa e do momento para a Figura 2.b, o resultado obtido para a

velocidade do som a é:

𝑎 = √𝛾𝑅𝑇 (2.28a)

Ou

𝑎 = √𝛾𝑝

𝜌 (2.28b)

As equações (2.28a) e (2.28b) são importantes por estarem associadas à

definição de um número adimensional conhecido como Número de Mach:

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𝑀 =𝑉

𝑎 (2.29)

Onde V é a velocidade do escoamento e a é velocidade do som. O número

de Mach se torna uma ferramenta de grande importância, porque é através de seus

valores que definimos se o escoamento que está ocorrendo é subsônico, supersônico,

sônico etc.

Sendo assim, para cada valor de Número de Mach referente ao regime

tomado em questão associado ao escoamento não-perturbado M∞, tem-se a seguinte

divisão (FOX, 2006):

Subsônico (0 < M < 0,8): são caracterizações por linhas de corrente

suave, onde a velocidade do escoamento em todo o perfil é menor que

a velocidade do som (V < a). Por essa velocidade ser menor, os

distúrbios que ocorrerem no escoamento se propagam para todos os

lados e podem ser sentidas em todo o campo de escoamento;

Transônico (0,8 < M < 1,2): é uma região mista, ou de transição, onde

ocorre um escoamento parte subsônica e parte supersônica. É a partir

desse estágio que se inicia a ocorrência de algumas ondas de choque;

Supersônico (1,2 < M < 5,0): são frequentemente caracterizados pela

presença de ondas de choque, no qual as propriedades do escoamento

e as linhas de corrente mudam descontinuamente. Nesse regime, o

escoamento permanece supersônico atrás da onda de choque e suas

perturbações sofrem leituras mais lentas devido a velocidade do objeto

ser maior que a velocidade do som (V > a);

Hipersônico (M > 5,0): nesse regime, as ondas de choque são

oblíquas, assim como no supersônico, porém mais próximas à

superfície do corpo. Ocorre também o surgimento de dissociações das

moléculas que constituem o fluido, além de uma transferência de calor

intensa e presença de íons na região da onda de choque. Sendo assim,

o escoamento não pode ser considerado com expoente de expansão

isentrópica constante, assim como é feito no supersônico. Será

demonstrado posteriormente, considerações importantes durante a

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12

modelagem matemática, onde será mais perceptível tais diferenças

entre o hipersônico e o supersônico.

2.4 ONDA DE CHOQUE NORMAL

A onda de choque é uma onda de compressão de larga amplitude, assim

como a produzida por uma explosão, causada por movimento supersônico de um

corpo em um meio. O propósito da introdução desse conceito é o de desenvolver a

teoria de onda de choque, além calcular as mudanças nas propriedades do

escoamento através de uma onda. A espessura de um choque é cerca de 0,2 µm (10-

5 polegadas). (FOX, 2006)

Ondas de choque normais ocorrem frequentemente na natureza, sendo ondas

que são normais à montante do escoamento analisado. Embora a onda de choque

seja curvada, a região de choque mais próxima ao nariz é essencialmente

considerada normal ao escoamento (ANDERSON, 2001). Um outro exemplo, como

mostra a Figura 3.b, é de um escoamento supersônico que se estabiliza dentro de um

bocal onde a pressão atrás é alta o suficiente para causar uma onda de choque normal

que fica dentro do bocal.

Figura 4 – Exemplos de comportamentos de onda de choque normal Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

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Sendo assim, em um escoamento supersônico onde existe uma onda de

choque normal que precisa ser vencida, é necessário ter as condições inicias de

entrada e, através das equações governantes, identificar os parâmetros de saída.

Então, considerando um volume de controle do caso da Figura 5, onde o escoamento

é unidimensional, estacionário, adiabático, invíscido e sem ação de forças de corpo,

além das condições à frente da onda ser dada, enquanto atrás da onda é

desconhecida. Sendo assim, teremos como dados de entrada p1, ρ1, T1, M1 que são a

pressão, densidade, temperatura e Número de Mach, respectivamente.

Figura 5 – Volume de controle para análise de choque normal Fonte: Introdução a Mecânica dos Fluidos (2006)

Aplicando a equação da continuidade (2.1) para a Figura 4, teremos:

∯ 𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

= 0 (2.30)

𝜌1𝑢1 = 𝜌2𝑢2 (2.31)

Desenvolvendo o momentum na forma da equação (2.5), teremos:

∯(𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺)𝑽

𝑆

= − ∯ 𝑝𝒅𝑺

𝑆

(2.5)

𝑝1 + 𝜌1𝑢12 = 𝑝2 + 𝜌2𝑢2

2 (2.32)

E a equação da energia (2.9) dada por:

∯ 𝜌 (𝑒 +𝑉2

2) 𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

= − ∯ 𝑝𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

(2.9)

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𝑝1𝑢1 + 𝜌1 (𝑒1 +𝑢1

2

2) 𝑢1 = 𝑝2𝑢2 + 𝜌2 (𝑒2 +

𝑢22

2) 𝑢2 (2.33)

Dividindo pela equação (2.31) e relembrando a equação (2.13), resultará em:

ℎ1 +𝑢1

2

2= ℎ2 +

𝑢22

2 (2.34)

Porém, como temos três equações algébricas para cinco variáveis, deve-se

relembrar das equações do estado (equação (2.11)) e da entalpia (equação (2.15)),

na qual dará relação das duas variáveis faltantes para solução do problema. Sendo

assim, o caminho para conseguir solucionar o problema dos valores desconhecidos

atrás da onda, será encontrar a relação dessas incógnitas com o Número de Mach de

entrada M1. Para chegar em tal relação, vamos utilizar a equação (2.34) e fazer as

devidas substituições em conjunto das equações (2.15), (2.18) e (2.28a) como segue

abaixo:

ℎ1 +𝑢1

2

2= ℎ2 +

𝑢22

2

𝛾𝑅𝑇1

𝛾 − 1+

𝑢12

2=

𝛾𝑅𝑇2

𝛾 − 1+

𝑢22

2

𝑎1

2

𝛾 − 1+

𝑢12

2=

𝑎22

𝛾 − 1+

𝑢22

2 (2.35)

Considerando a região 2 como um fluxo sônico, teremos que u2 = a2 = a* e

substituindo na equação anterior (2.35):

𝑎2

𝛾 − 1+

𝑢2

2=

𝑎∗2

𝛾 − 1+

𝑎∗2

2

𝑎2

𝛾 − 1+

𝑢2

2=

𝛾 + 1

2(𝛾 − 1)𝑎∗2 (2.36)

Dividindo a equação (2.36) por u2, encontraremos o número de Mach

característico definido como M* o qual é função de Mach:

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(𝑎/𝑢)2

𝛾 − 1+

𝑢2

2=

𝛾 + 1

2(𝛾 − 1)(

𝑎∗

𝑢)

2

𝑀∗2 =(𝛾 + 1)𝑀2

2 + (𝛾 − 1)𝑀2 (2.37)

Tendo a relação da equação (2.37), agora é possível retornar para a equação

(2.35) e rearranjar para encontrar a1 e a2 aplicado para as regiões 1 e 2 do escoamento

esquematizado pela Figura 4:

𝑎12 =

𝛾 + 1

2𝑎∗2 −

𝛾 − 1

2𝑢1

2 (2.38a)

𝑎22 =

𝛾 + 1

2𝑎∗2 −

𝛾 − 1

2𝑢1

2 (2.38b)

Armazenando as equações (2.38a) e (2.38b), antes de prosseguir, deve-se

dividir a equação do momento, pela equação da conservação da massa. É através da

razão dessas duas equações que será possível retirar a Relação de Prandtl

(SABERSKY, 1999). Consequentemente, após encontrar a relação, será possível

encontrar a fórmula do Número de Mach para a região 2. Sendo assim, dividindo a

equação (2.5) por (2.31):

𝑝1

𝜌1𝑢1+ 𝑢1 =

𝑝2

𝜌2𝑢2+ 𝑢2

𝑝1

𝜌1𝑢1−

𝑝2

𝜌2𝑢2= 𝑢2 − 𝑢1

𝑎1

2

𝛾𝑢1−

𝑎12

𝛾𝑢1= 𝑢2 − 𝑢1 (2.39)

Substituindo (2.38a) e (2.38b) dentro de (2.39), e dividindo por 𝑢2 − 𝑢1, obtém-

se:

𝛾 + 1

2𝛾𝑢1𝑢2𝑎∗2 +

𝛾 − 1

2𝛾= 1

𝑎∗2 = 𝑢1𝑢2 (2.40a)

ou

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1 = 𝑀1∗𝑀2

∗ (2.40b)

A equação (2.40) encontrada, é conhecida como Relação de Prandtl e é usual

para relação intermediária de onda de choque normal (SABERSKY, 1999). Por fim,

substituindo a equação (2.37) em (2.40b), enquanto isola M2*:

𝑀22 =

1 + [(𝛾 − 1)/2]𝑀12

𝛾𝑀12 − (𝛾 − 1)/2

(2.41)

Por essa fórmula, em análise mais detalhada, é possível notar que o Mach da

região 2 depende apenas do Mach da região 1 de entrada. No caso dos outros valores

desconhecidos da região 2, basta encontrar pelas razões das propriedades

termodinâmicas (ANDERSON, 2001):

𝜌2

𝜌1=

𝑢1

𝑢2= 𝑀1

∗ = 𝑀∗2 =(𝛾 + 1)𝑀1

2

2 + (𝛾 − 1)𝑀12 (2.42)

𝑝2

𝑝1= 1 +

2𝛾

𝛾 + 1(𝑀1

2 − 1) (2.43)

𝑇1

𝑇2= (

𝑝2

𝑝1) (

𝜌1

𝜌2) =

ℎ1

ℎ2= [1 +

2𝛾

𝛾 + 1(𝑀1

2 − 1)]2 + (𝛾 − 1)𝑀1

2

(𝛾 + 1)𝑀12 (2.44)

Por fim, é claramente notável que todos os dados desconhecidos da região 2

dependem de Mach M1 do escoamento montante, sendo assim, todas são funções

apenas de M1, por ser o parâmetro determinante para as mudanças através da onda

de choque normal em um gás perfeito (SABERSKY,1999).

2.5 ONDA DE CHOQUE OBLÍQUA

Como foi visto pela seção anterior, a onda de choque normal possui extrema

importância, pois, através de seu estudo, providencia uma relação direta para a

introdução de fenômeno de onda. Porém, a onda de choque normal é nada mais do

que um caso particular de onda de choque oblíqua, onde forma um ângulo de onda

de 90o. Uma aeronave ao percorrer um escoamento com M > 1, conforme

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esquematizada pela Figura 6, forma uma onda de choque oblíqua próxima ao nariz

do corpo, causando uma variação brusca na direção das linhas de corrente. Porém,

quanto mais distante da aeronave, o choque obliquo se torna progressivamente mais

fraco e as linhas de corrente sofrem uma deflexão baixa, até que se torne um cone de

Mach (FOX, 2006). Esse cone é uma onda de pressão muito fraca, na qual mal

perturba as linhas de corrente, sendo o caso limite da onda de choque obliqua.

Figura 6 – Cone de Mach (a) e choque oblíquo (b) gerados por um avião, onde α = µ. Fonte: Introdução a Mecânica dos Fluidos (2006)

Outro caso que pode ser considerado para melhor visualização, é como o que

está representado pela Figura 7 onde se considera uma parede com canto de ponto

A. Essa parede é deslocada para cima ou para baixo, semelhante a um aclive (canto

côncavo) ou declive (canto convexo), através de um ângulo de deflexão θ. O

escoamento na parede deve ser tangente à parede, de maneira que as linhas de

corrente também são defletidas referente ao ângulo θ. Para o caso de canto côncavo,

o número de Mach decrescerá continuamente, enquanto a pressão, densidade e

temperatura aumentarão. Porém, o canto convexo trabalha de forma oposta,

consequentemente, o número de Mach crescerá, enquanto a pressão, densidade e

temperatura diminuirão, provando que a expansão de onda é uma antítese direta a

onda de choque (ANDERSON, 2001).

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Figura 7 – Escoamento supersônico através de um canto inclinado Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

As ondas de choque obliquas são mais comuns na natureza ou em aplicações

de engenharia, isso se torna mais visível em análise de perturbações, visto que as

características do escoamento dependem da velocidade uma fonte de perturbação se

move através do fluido (WHITE, 2011). Para exemplificar, considere uma fonte sonora

de perturbação se movendo através de um gás estagnado, como mostra a Figura 8

onde as perturbações viajam em um fluido com a velocidade do som nesse meio

(FOX, 2006).

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Figura 8 – Perturbações geradas por uma fonte sonora Fonte: Castro (2009) em Aerodinâmica em Regime Transônico e Supersônico

Como a perturbação gerada se propaga em todas as direções, se a velocidade

da fonte for nula (V = 0), as perturbações geradas encontram-se em superfícies

esféricas cujo centro é a posição ocupada pela fonte. Caso a fonte se mover

horizontalmente, com velocidade inferior a velocidade do som no meio (V < a), as

perturbações geradas percorrerão um caminho de at (figura 9), enquanto a fonte

percorrerá um espaço de Vt (figura 9) e as perturbações serão percebidas antes da

passagem da fonte.

Porém, caso a fonte se mover com velocidade igual à velocidade do som no

meio (V = a), as perturbações serão notadas de maneira acumulada na posição

ocupada pela fonte a cada instante de tempo, por percorrerem o mesmo espaço (Vt =

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at). Por fim, se a fonte se mover com uma velocidade superior à velocidade do som

no meio (V > a), significará que as perturbações estarão sempre atrás da fonte que as

gerou, sendo a partir dela formam as linhas de perturbações conhecidas como onda

de Mach, possuindo um ângulo de Mach definida como (WHITE, 2011):

sin 𝜇 =𝑎𝑡

𝑉𝑡=

1

𝑀

𝜇 = sin−11

𝑀 (2.45)

Com isso, é notável que em escoamento supersônico se forma uma onda

oblíqua. Segundo a Figura 9, se os distúrbios forem mais intensos do que uma simples

onda de som, consequentemente, a onda frontal se torna mais intensa que a onda de

Mach, fazendo com que o choque obliquo criado tenha um ângulo β na corrente livre,

onde β > µ (ANDERSON, 2001).

Figura 9 – Relação de ângulo de onda de choque oblíqua e ângulo de Mach, através da propagação de perturbações

Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

2.5.1 Equações Fundamentais Para Relação de Choque Oblíquo:

Assim como numa onda de choque normal, para identificar as características

do fluido e que comportamento teria, era necessário encontrar as equações que

regiam a relação das propriedades termodinâmicas e de número de Mach após a onda

de choque, sendo assim, para a onda de choque oblíqua, será feito o processo

semelhantemente (SABERSKY, 1999). Pela Figura 10, considere uma onda de

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choque oblíqua onde o ângulo de onda – que é o ângulo entre a onda de choque e a

direção de escoamento montante – é definida por β.

O escoamento montante (região 1) é horizontal, com velocidade V1 e número

de Mach M1 e podem ser decompostas em componentes normais e tangenciais: u1,

w1, Mn,1 e Mt,1, respectivamente. Enquanto isso, o fluxo jusante (região 2) é inclinada

para cima (canto côncavo) com um ângulo de deflexão θ, velocidade V2 e número de

Mach M2, onde também possui componentes normais e tangenciais: u2, w2, Mn,2 e Mt,2,

respectivamente (ANDERSON, 2001).

Figura 10 – Geometria de choque oblíquo em um escoamento supersônico Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

Considere também o volume de controle demonstrado pela Figura 10 definida

por a, b, c, d, e e f, onde a e d são paralelas à onda de choque, enquanto os segmentos

b, c, e e f, são paralelas à velocidade e seguem as linhas de corrente superior e

inferior, sendo que as áreas de a e d são iguais (A1 = A2) (ANDERSON, 2001).

Relembrando que está sendo lidado com escoamento estacionário, invíscido,

adiabático e sem forças de corpo. Sendo assim, devido as hipóteses desenvolvidas

na seção 2.1, é possível encontrar::

Equação da conservação da massa: Para a equação da

continuidade, as componentes de velocidade são normais à onda de

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choque, logo, a equação será semelhante a que foi encontrada para

choque normal:

∯ 𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

= 0 (2.30)

𝜌1𝑢1𝐴1 = 𝜌2𝑢2𝐴2

𝜌1𝑢1 = 𝜌2𝑢2 (2.46)

Equação do momento: Como a equação é vetorial e existem

componentes tangenciais e normais, vamos dividir a equação para

cada caso separado:

∯(𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺)𝑤

𝑆

= − ∯(𝑝𝑑𝑆)𝑡𝑎𝑛𝑔𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑙

𝑆

(2.47)

(𝜌1𝑢1𝐴1)𝑤1 = (𝜌2𝑢2𝐴2)𝑤2

𝑤1 = 𝑤2 (2.48)

Com isso, é possível notar que a componente tangencial de velocidade

é constante através do choque oblíquo. Porém, para o componente

normal, a fórmula será semelhante com a equação do momento para

choque normal:

∯(𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺)𝑢

𝑆

= − ∯(𝑝𝑑𝑆)𝑛𝑜𝑟𝑚𝑎𝑙

𝑆

𝑝1 + 𝜌1𝑢12 = 𝑝2 + 𝜌2𝑢2

2 (2.49)

Equação da energia: Nesse caso da equação da energia,

∯ 𝜌 (𝑒 +𝑉2

2) 𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

= − ∯ 𝑝𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

(2.9)

−𝜌1 (𝑒1 +𝑉1

2

2) 𝑢1𝐴1 + 𝜌2 (𝑒2 +

𝑉22

2) 𝑢2𝐴2 = −(−𝑝1𝑢1𝐴1 + 𝑝2𝑢2𝐴2)

𝜌1𝑢1 (ℎ1 +𝑉1

2

2) = 𝜌2𝑢2 (ℎ2 +

𝑉22

2)

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ℎ1 +𝑉1

2

2= ℎ2 +

𝑉22

2 (2.50)

Desenvolvendo a equação (2.49), pela Figura 10 é possível notar a

relação do Teorema de Pitágoras, onde V2 = u2 + w2. Porém, como foi

visto pela equação do momento, w1 = w2, a equação (2.49) resultará

em:

ℎ1 +𝑢1

2

2= ℎ2 +

𝑢22

2 (2.51)

Analisando os resultados obtidos pelas equações (2.46), (2.48), (2.49) e (2.51)

– sendo a solução para equação da continuidade, momento tangencial, normal e

energia, respectivamente – é possível perceber que elas envolvem apenas os

componentes normais de velocidade u1 e u2. Sendo assim, para as mudanças que

ocorrem através do choque oblíquo, o método algébrico é o mesmo para choque

normal, em termos da componente normal de escoamento montante Mn,1. Note que:

𝑀𝑛,1 = 𝑀1 sin 𝛽 (2.52)

Então, assim como as equações (2.41), (2.42), (2.43) e (2.44) da seção 2.3,

teremos as equações em termos da componente normal:

𝑀𝑛,22 =

1 + [(𝛾 − 1)/2]𝑀𝑛,12

𝛾𝑀𝑛,12 − (𝛾 − 1)/2

(2.53)

𝜌2

𝜌1=

(𝛾 + 1)𝑀𝑛,12

2 + (𝛾 − 1)𝑀𝑛,12 (2.54)

𝑝2

𝑝1= 1 +

2𝛾

𝛾 + 1(𝑀𝑛,1

2 − 1) (2.55)

𝑇1

𝑇2= (

𝑝2

𝑝1) (

𝜌1

𝜌2) = [1 +

2𝛾

𝛾 + 1(𝑀𝑛,1

2 − 1)]2 + (𝛾 − 1)𝑀𝑛,1

2

(𝛾 + 1)𝑀𝑛,12 (2.56)

Note que Mn,2 é normal ao número de Mach atrás da onda de choque, ou seja,

pela relação geométrica da Figura 10, tem-se:

𝑀2 =𝑀𝑛,2

sin(𝛽 − 𝜃) (2.57)

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24

Apesar da equação (2.57) demonstrar que existe mais um parâmetro para ser

visto, além de número de Mach M1 e ângulo de onda β. Porém, o ângulo de deflexão

não é um parâmetro independente, sendo assim, ele também pode ser escrito em

termos de M1 e β, da mesma forma que é apresentada abaixo para as regiões 1 (tan

β) e 2 (tan (β - θ)):

tan 𝛽 =𝑢1

𝑤1 (2.58a)

tan(𝛽 − 𝜃) =𝑢2

𝑤2 (2.58b)

Dividindo a equação (2.58b) por (2.58a), lembrando que w1 = w2, tem-se:

tan(𝛽 − 𝜃)

tan 𝛽=

𝑢2

𝑢1=

𝜌1

𝜌2=

2 + (𝛾 − 1)𝑀12 sin2 𝛽

(𝛾 + 1)𝑀12 sin2 𝛽

tan 𝜃 = 2 cot 𝛽 [𝑀1

2 sin2 𝛽 − 1

𝑀12(𝛾 + cos 2𝛽) + 2

] (2.59)

Por fim, a equação (2.59) acima, é chamada de relação θ – β – M e especifica,

como foi dito anteriormente, que θ é uma função única de M1 e β. Por ser uma relação

vital para análise de choque oblíquo, os resultados são plotados, como mostra o

gráfico de ângulo de onda versus ângulo de deflexão da Figura 11, quando 𝛾 = 1,4

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Figura 11 – Propriedades de choque oblíquo: 𝜸 = 𝟏, 𝟒. Diagrama θ – β – M. Gráfico de ângulo de onda (eixo y) por ângulo de deflexão (eixo x).

Fonte: NACA Report 1135, Ames Research Staff, "Equations, Tables and Charts For Compressible Flow," 1953

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Figura 11 (continuação) – Propriedades de choque oblíquo: 𝜸 = 𝟏, 𝟒. Diagrama θ – β – M. Gráfico de ângulo de onda (eixo y) por ângulo de deflexão (eixo x)

Fonte: NACA Report 1135, Ames Research Staff, "Equations, Tables and Charts For Compressible Flow," 1953

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27

2.6 ESCOAMENTO COMPRESSÍVEL ATRAVÉS DE UM BOCAL

Pelas seções 2.4 e 2.5, foi visto a importância das relações das ondas de

choque normais e oblíquas. Essas ondas estão presentes em qualquer veículo

aerodinâmico em voo supersônico, o que causa devida preocupação aos engenheiros

aeronáuticos com a observação das características e geração de sustentação e

arrasto em velocidades supersônicas (FOX, 2006). Outras características importantes

são os detalhes do campo de fluxo, incluindo os modelos de ondas de choque e de

expansão. Contudo, para fazer tais tipos de observações, existem dois tipos mais

comuns de escolhas, sendo elas: conduzir testes de voo usando o veículo produzido

ou simular em um túnel de vento, em uma escala menor do modelo do veículo. Entre

essas duas opções de escolhas, preferencialmente é utilizada a segunda opção,

porque para efetuar tal tipo de teste em um modelo de escala real, o custo de

manutenção e possíveis falhas seria muito oneroso, se tornando inviável e perigoso.

(ANDERSON, 2001)

Portanto, para efetuar eventuais testes e simulações, se faz necessário o

estudo nesses fundamentos aerodinâmicos de escoamento compressível através de

dutos. Ou seja, primeiro será necessário definir as equações governantes que derivam

o problema, tendo em sequência o tratamento de casos em um bocal, que é um dos

pontos importantes desse trabalho (WHITE, 2011).

2.6.1 Equações Fundamentais Para Escoamento Quase Unidimensional:

Em contraste ao fluxo unidimensional tratado na seção sobre onda de choque

normal, para esse caso, assumimos que a área do tubo de escoamento muda em

função de x, ou seja, A = A(x), assim como é apresentado na Figura 12.b abaixo:

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Figura 12 – Escoamento unidimensional em comparação ao escoamento quase unidimensional.

Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

Apesar do fluxo ser tridimensional, como mostra a Figura 12.b, se a variação

de área for moderada, ou seja, se os componentes y e z são pequenos em relação ao

componente x, pode-se assumir que o campo de fluxo varia apenas em x (as outras

componentes se tornam praticamente desprezadas). Sendo assim, tal fluxo onde A =

A(x), mas p = p(x), ρ = ρ(x), u = u(x) etc, é definido como escoamento quase

unidimensional. Todavia, a suposição de escoamento quase unidimensional é uma

aproximação do atual fluxo em um duto de área variável e a forma integral das

equações de conservação da continuidade, momento e energia, que já é conhecida

até aqui, pode também ser aplicada para um caso quase unidimensional, visto ser

fisicamente consistente (ANDERSON, 2001).

Portanto, considere um volume de controle dado pela Figura 13 em que na

região 1, o fluxo sobre uma área A1 é assumida uniformemente, com propriedades p1,

ρ1, u1 etc.

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Figura 13 – Volume de controle finito para um escoamento quase unidimensional Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

Similarmente, na região 2, o fluxo sobre uma área A2 também é assumida

uniformemente, com propriedades p2, ρ2, u2 etc. Para a aplicação da equação da

continuidade, em um duto de área variável, tem-se a seguinte relação:

∯ 𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

= 0 (2.30)

∬ 𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝐴1

+ ∬ 𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝐴2

+ ∬ 𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑝𝑎𝑟𝑒𝑑𝑒

= 0

𝜌1𝑢1𝐴1 = 𝜌2𝑢2𝐴2 (2.60)

Agora, considerando a equação do momento, para um escoamento estável,

invíscido, adiabático e sem forças de corpo:

∯(𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺)𝑽

𝑆

= − ∯ 𝑝𝒅𝑺

𝑆

(2.5)

∯(𝜌𝑽 ∙ 𝒅𝑺)𝑢

𝑆

= − ∯(𝑝𝑑𝑆)𝑥

𝑆

Como a equação (2.5) é escalar, o sinal de x tem que ser analisado com

devido cuidado ao calcular as integrais de superfície. Sendo assim, a solução será:

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−𝜌1𝑢12𝐴1 + 𝜌2𝑢2

2𝐴2 = −(−𝑝1𝐴1 + 𝑝2𝐴2) + ∫ 𝑝 𝑑𝐴𝐴2

𝐴1

𝑝1𝐴1 + 𝜌1𝑢12𝐴1 + ∫ 𝑝 𝑑𝐴

𝐴2

𝐴1

= 𝑝2𝐴2 + 𝜌2𝑢22𝐴2 (2.61)

Agora, considerando a equação da energia, para um escoamento estável,

invíscido, adiabático e sem forças de corpo:

∯ 𝜌 (𝑒 +𝑉2

2) 𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

= − ∯ 𝑝𝑽 ∙ 𝒅𝑺

𝑆

(2.9)

−𝜌1 (𝑒1 +𝑢1

2

2) 𝑢1𝐴1 + 𝜌2 (𝑒2 +

𝑢22

2) 𝑢2𝐴2 = −(−𝑝1𝑢1𝐴1 + 𝑝2𝑢2𝐴2)

𝑝1𝑢1𝐴1 + 𝜌1𝑢1𝐴1 (𝑒1 +𝑢1

2

2) = 𝑝2𝑢2𝐴2 + 𝜌2𝑢2𝐴2 (𝑒2 +

𝑢22

2) (2.62)

Dividindo a equação (2.62) pela equação (2.31), além de relembrar as

equações (2.11) e (2.13), a equação será reduzida da seguinte forma:

ℎ1 +𝑢1

2

2= ℎ2 +

𝑢22

2 (2.63)

Analisando as equações para escoamento quase unidimensional

encontradas, no caso, as equações (2.60), (2.61) e (2.63), é possível notar que elas

formam uma expressão algébrica (exceto o único termo integral da equação do

momento). Como na região 1, os dados de escoamento de entrada são dados e

assumindo um gás perfeito no sistema – relembrando as equações (2.11) e (2.15) da

seção 2.3 –, é possível encontrar os dados da região 2 de escoamento de saída, a

princípio, resolvendo diretamente as equações encontradas (ANDERSON, 2001).

Porém, para facilitar os cálculos, um método torna mais simples a resolução, na qual

se passa as equações governantes encontradas, para a forma diferencial. Sendo

assim, a equação do momento em sua forma diferencial será:

𝜌𝑢𝐴 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡.

𝑑(𝜌𝑢𝐴) = 0 (2.64)

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Para obter a equação do momento em sua forma diferencial, considere o

volume de controle infinitesimal esquematizado pela Figura 14:

Figura 14 – Volume de controle incremental Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

Sendo assim, a equação do momento, onde as integrais podem ser

substituídas pelos seus integrandos para volume diferencial, será:

𝑝𝐴 + 𝜌𝑢2𝐴 + 𝑝𝑑𝐴 = (𝑝 + 𝑑𝑝)(𝐴 + 𝑑𝐴) + (𝜌 + 𝑑𝜌)(𝑢 + 𝑑𝑢)2(𝐴 + 𝑑𝐴) (2.65)

Os termos dp dA, dρ(du)² da equação (2.65) são muito pequenos, então,

podem ser desprezados, resultando em:

𝐴𝑑𝑝 + 𝐴𝑢2𝑑𝜌 + 𝜌𝑢2𝑑𝐴 + 2𝜌𝑢𝐴𝑑𝑢 = 0 (2.66)

Expandindo a equação da continuidade (2.64) e multiplicando por u:

𝜌𝑢2𝑑𝐴 + 𝜌𝑢𝐴𝑑𝑢 + 𝐴𝑢2𝑑𝜌 = 0 (2.67)

Por fim, subtraindo a equação (2.67) por (2.66), é possível obter:

𝑑𝑝 = −𝜌𝑢𝑑𝑢 (2.68)

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No qual a equação (2.68) também é conhecida como equação de Euler (FOX,

2006). Além disso, para a equação da energia, basta utilizar a equação (2.63) e aplicar

o diferencial:

ℎ +𝑢2

2= 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡.

𝑑ℎ + 𝑢𝑑𝑢 = 0 (2.69)

Tendo em mãos as equações governantes na forma diferencial, para um

escoamento quase unidimensional, é necessário ainda desenvolver mais alguns

estudos sobre algumas características físicas que esse fluxo possui. Tal característica

física pode ser obtida, ao rearranjar a equação da continuidade (2.64) para:

𝑑𝜌

𝜌+

𝑑𝑢

𝑢+

𝑑𝐴

𝐴= 0 (2.70)

Sendo assim, com o intuito de obter uma relação entre a mudança de

velocidade du com a mudança de área dA e, consequentemente, para eliminar dρ / ρ,

na equação anterior, considere a equação do momento (2.68):

𝑑𝑝

𝜌=

𝑑𝑝

𝑑𝜌

𝑑𝜌

𝜌= −𝑢 𝑑𝑢 (2.71)

Tendo em mente também que esse escoamento é invíscido e adiabático,

porém, para um dado tempo, não está sendo assumido ondas de choque no fluxo,

fará com que, consequentemente, o escoamento seja isentrópico. Isso implica em que

𝑑𝑝/𝑑𝜌 = (𝑑𝑝/𝑑𝜌)𝑠, lembrando que 𝑎 = √(𝑑𝑝/𝑑𝜌)𝑠 , logo, a equação (2.71), resultará:

𝑎2𝑑𝜌

𝜌= −𝑢 𝑑𝑢

𝑑𝜌

𝜌= −

𝑢 𝑑𝑢

𝑎2= −

𝑢2

𝑎2

𝑑𝑢

𝑢= −𝑀2

𝑑𝑢

𝑢 (2.72)

Voltando para a equação (2.70) e substituindo o termo encontrado pela

equação (2.72), teremos:

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−𝑀2𝑑𝑢

𝑢+

𝑑𝑢

𝑢+

𝑑𝐴

𝐴= 0

𝑑𝐴

𝐴= (𝑀2 − 1)

𝑑𝑢

𝑢 (2.73)

Por fim, a equação (2.73) desejada, é denominada de relação área-

velocidade, na qual, dependendo do seu número de Mach, o aumento ou decremento

de velocidade em relação ao aumento ou decremento de área. Ou seja, segundo o

autor John D. Anderson (2001), teremos os seguintes casos:

Para 0 ≤ M < 1 (escoamento subsônico): A quantidade entre

parênteses da equação (2.73) será negativa, fazendo com que,

consequentemente, o aumento de velocidade (du positivo) esteja

relacionado com o decremento de área (dA negativo) e vice-versa.

Claramente, para um escoamento subsônico compressível, para

aumentar a velocidade, devemos ter um duto convergente e, para

diminuir a velocidade, devemos ter um duto divergente. Sendo assim,

os resultados são apresentados assim como demonstra a Figura 15;

Para M > 1 (escoamento supersônico): A quantidade nos parênteses

será positiva, fazendo com que, consequentemente, ao ocorrer

aumento de velocidade (du positivo), estará associado com o aumento

de área (dA positivo) e vice-versa. Para gerar aumento de velocidade,

será necessário um duto divergente, enquanto para diminuir a

velocidade, será necessário um duto convergente. Sendo assim, são

relações opostas ao escoamento subsônico e também esta

demonstrado pela Figura 15;

Para M = 1 (escoamento sônico): A equação mostrará que dA = 0

mesmo que haja um du finito, correspondente ao local máximo ou

mínimo em uma área de distribuição.

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Figura 15 – Escoamento compressível em dutos convergentes e divergentes. Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

2.6.2 Bocais:

Os resultados encontrados da relação de área-velocidade, demonstra que se

quisermos utilizar um gás em repouso e expandir isentropicamente para uma

velocidade supersônica, primeiro devemos acelerar o gás subsonicamente por um

duto convergente. Todavia, quando a condição sônica for alcançada, devemos

expandir o gás para uma velocidade supersônica pelo duto divergente.

Consequentemente, quem é designado para efetuar tal função é o bocal, na qual sua

saída é de um duto convergente – divergente (WHITE, 2011).

Além disso, para estudar o escoamento compressível através de um bocal,

devemos encontrar qual equação apresenta a relação de número de Mach com a

razão de áreas do duto e da garganta. Sendo assim, considere o duto mostrado pela

Figura 16, assumindo que escoamento sônico ocorre na garganta, onde a área é A*,

o número de Mach é denotado por M* e a velocidade na garganta de u*. Como o

escoamento é sônico na garganta, o número de Mach característico e a velocidade

serão M* = 1 e u* = a*, respectivamente. Sobre qualquer outra seção do duto, a área,

o número de Mach e a velocidade são denotadas por A, M e u.

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Figura 16 – Geometria para derivar a relação de número de área-Mach. Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

Relembrando a equação da continuidade desenvolvida para quase

unidimensional, onde está sendo analisado entre A e A*, onde u* = a*, será obtido:

𝜌∗𝑢∗𝐴∗ = 𝜌𝑢𝐴 (2.74)

𝐴

𝐴∗=

𝜌∗

𝜌

𝑎∗

𝑢=

𝜌∗

𝜌0

𝜌0

𝜌

𝑎∗

𝑢 (2.75)

Onde 𝜌0 é a densidade de estagnação e é constante ao longo do fluxo

isentrópico. Sendo assim, a razão de densidade característica por densidade de

estagnação, a razão da densidade de estagnação pela densidade e, por fim,

relembrando a equação (2.37), teremos as três equações seguintes:

𝜌∗

𝜌0= (

2

𝛾 + 1)

1/(𝛾−1)

(2.76)

𝜌0

𝜌= (1 +

𝛾 − 1

2𝑀2)

1/(𝛾−1)

(2.77)

𝑢

𝑎∗= 𝑀∗2 =

[(𝛾 + 1)/2]𝑀2

1 + [(𝛾 − 1)/2]𝑀2 (2.78)

Sendo assim, utilizando as equações (2.76), (2.77) e (2.78) e substituindo na

equação (2.75) elevada ao quadrado, teremos:

(𝐴

𝐴∗)

2

=1

𝑀2[

2

𝛾 + 1(1 +

𝛾 − 1

2𝑀2)]

(𝛾+1)/(𝛾−1)

(2.79)

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Essa equação é importante por ser definida como a relação de área–número

de Mach e dita que Mach de qualquer local do duto, está em função da razão das

áreas de duto e garganta. Além disso, em qual valor M tem em determinado caso,

depende das pressões de entrada e saída do duto e, o resultado da razão das áreas

em função de M, são valores tabelados assim como mostra a Tabela 1 (ANDERSON,

2001).

Tabela 1 – Propriedades de escoamento isentrópico. Apêndice A do livro

M 𝒑𝟎

𝒑

𝝆𝟎

𝝆

𝑻𝟎

𝑻

𝑨

𝑨∗

0,9400 + 00 0,1767 + 01 0,1502 + 01 0,1177 + 01 0,1003 + 01

0,9600 + 00 0,1808 + 01 0,1526 + 01 0,1184 + 01 0,1001 + 01

0,9800 + 00 0,1850 + 01 0,1552 + 01 0,1192 + 01 0,1000 + 01

0,1000 + 01 0,1893 + 01 0,1577 + 01 0,1200 + 01 0,1000 + 01

0,1020 + 01 0,1938 + 01 0,1604 + 01 0,1208 + 01 0,1000 + 01

0,1040 + 01 0,1985 + 01 0,1632 + 01 0,1216 + 01 0,1001 + 01

0,1060 + 01 0,2033 + 01 0,1660 + 01 0,1225 + 01 0,1003 + 01

Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

Ao analisar a Tabela 1, nota-se que para escoamento subsônico, os valores

de M aumentam e as razões de áreas decrescem, ou seja, o duto é convergente.

Similarmente, se o escoamento for sônico M = 1, A / A* e se o escoamento for

supersônico, ambos os valores de M e da razão de áreas aumentam, ou seja, o duto

é divergente (ANDERSON, 2001).

2.7 ESCOAMENTO HIPERSÔNICO

Desde os primórdios da história da aviação, sempre tem se direcionado para

a filosofia “mais rápido e mais alto”. Com esse intuito, o progresso no ramo ocorreu

de forma exponencial até o ponto de para missões de voo espacial tripulado. A maior

altitude e velocidade registradas em voo tripulado, foi até a lua e 36 vezes a velocidade

do som, registrado pela cápsula Apollo lunar. Porém, a maioria dos voos da Apollo

ocorreram no espaço, fora da atmosfera terrestre, além disso, um dos aspectos mais

críticos era a reentrada dentro da atmosfera, após completar a missão lunar. Devido

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37

à alta velocidade de voo, faz com que ocorra um fenômeno aerodinâmico,

denominada aerodinâmica hipersônica. Outra aplicação hipersônica que também

ocorre, é sobre motor de um ramjet hipersônico, ou scramjet, ou um transporte

hipersônico, a tecnologia básica sobre a qual está sendo estudada pela NASA

(ANDERSON, 2001).

2.7.1 Aspectos Qualitativos de Escoamento Hipersônico:

Considere a metade do ângulo de cunha sendo 15o voando com um M∞ = 36.

Pelo gráfico da Figura 11, anteriormente, é possível ver que o ângulo de choque

obliquo será 18o, ou seja, essa onda é muito próxima a superfície do corpo. A camada

de choque formada entre a onda de choque e o corpo é bem fina, sendo uma das

características de escoamento hipersônico (ANDERSON, 2001). Uma consequência

pratica dessa fina camada de choque, é que a maior interação frequentemente ocorre

entre o escoamento invíscido atrás do choque e a camada limite de viscosidade na

superfície. Ou seja, veículos hipersônicos geralmente voam em altitudes onde a

densidade e, consequentemente, o número de Reynolds, é baixo, portanto as

camadas limite são espessas (ANDERSON, 2001).

Quanto maior o número de Mach, mais além contribui para a camada limite

ser mais espessa, de forma que, pela Figura 17, nos apresenta uma camada de

choque inteiramente viscosa e a forma da onda de choque e pressão de superfície

são afetadas pelos efeitos viscosos.

Figura 17 – Camada de choque fina e viscosa de um escoamento hipersônico. Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

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38

Esse fenômeno é conhecido como fenômeno de interação viscosa e é uma

das maiores áreas de pesquisa moderna de aerodinâmica hipersônica. Outra área

frequentemente dominante em aspectos de escoamento hipersônico é a análise de

altas temperaturas na onda de choque, junto com o aquecimento aerodinâmico do

veículo (ANDERSON, 2001). Por exemplo, considere um corpo com a ponta

arredondada reentrando na atmosfera com Mach 36, como demonstra a Figura 18.

Figura 18 – Alta temperatura em uma camada de choque. Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

Pela Tabela 2 representada abaixo, é possível encontrar que a razão de

temperatura estática em relação a Mach M∞ = 36, denotada por Ts / T∞, é 252,9. Sendo

assim, para uma altitude padrão de 59 km e T∞ = 258 K, tem-se que Ts = 65248 K, que

é uma temperatura muito alta, sendo seis vezes mais quente que a superfície do sol.

Porém, isso na realidade é um valor equivocado, porque os dados da Tabela 2 só é

conveniente para gases perfeitos com 𝛾 = 1,4. Porém, como o corpo sofre ação de

temperaturas bem altas, o gás começará a sofrer reações químicas e 𝛾 não será mais

igual a 1,4 já que não será constante (ANDERSON, 2001).

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Tabela 2 – Propriedades de onda de choque normal. Apêndice B do livro

M 𝒑𝟐

𝒑𝟏

𝝆𝟐

𝝆𝟏

𝑻𝟐

𝑻𝟏

𝒑𝟎𝟐

𝒑𝟎𝟏

𝒑𝟎𝟐

𝒑𝟏

M2

0,3400+ 02 0,1348+ 04 0,5974+ 01 0,2257+ 03 0,7804– 05 0,1489+ 04 0,3788+ 00

0,3600+ 02 0,1512+ 04 0,5977+ 01 0,2529+ 03 0,5874– 05 0,1669+ 04 0,3786+ 00

0,3800+ 02 0,1684+ 04 0,5979+ 01 0,2817+ 03 0,4488 - 05 0,1860+ 04 0,3786+ 00

Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

Sendo assim, o valor de Ts encontrado anteriormente, se fosse levado em

conta às reações químicas, teria um valor aproximado de Ts ≈ 11000 K, implicando

também em alta temperatura, porém, menor que a anterior. Examinando com maior

detalhe os efeitos de altas temperaturas, se considerar o ar com p = 1 atm e T = 288

K (nível do mar), a composição química é de 20% O2 e de 80% N2 pelo volume.

Entretanto, se a temperatura aumentar para 2000 K, as moléculas de oxigênio

começarão a se dissociar, através de reações endotérmicas. Se a temperatura passar

para 4000 K, boa parte das moléculas de oxigênio terão se dissociados enquanto as

moléculas de nitrogênio também começarão a se dissociar (mas não completamente)

(ANDERSON, 2001). Ao passar pela temperatura de 9000 K, boa parte das moléculas

de nitrogênio já terão se dissociados e assim uma ionização começará a ocorrer,

assim como está esquematizado abaixo:

𝑂2 → 2𝑂 2000 𝐾 < 𝑇 < 4000 𝐾

𝑁2 → 2𝑁 4000 𝐾 < 𝑇 < 9000 𝐾

𝑁 → 𝑁+ + 𝑒− 𝑇 > 9000 𝐾

𝑂 → 𝑂+ + 𝑒− 𝑇 > 9000 𝐾

Consequentemente, a camada de choque na região do nariz do corpo é

parcialmente plasma ionizado, consistindo de átomos de N e O, de íons N+ e O+ e

elétrons e–. Por fim, as equações que haviam sido desenvolvidas anteriormente não

podem ser aplicadas da mesma forma para o escoamento hipersônico, visto que elas

dependem da constante 𝛾 = 1,4 (ANDERSON, 2001).

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2.7.2 Relações de Onda de Choque Hipersônica:

Assim como foi discutido em onda de choque normal e oblíqua, é necessário

definir as razões de pressão, densidade e temperatura. Quando se leva em

consideração as relações para todos os números de Mach, maior do que a unidade

supersônica ou hipersônica, algumas aproximações e simplificações devem ser

tomadas. Sendo assim, algumas limitações ocorrerão para números de Mach

exorbitantes e essas limitações, são chamadas de relações de choque hipersônico

(ANDERSON, 2001).

Portanto, relembrando pela seção de choque oblíquo, as exatas equações

(2.54), (2.55) e (2.56), terão termos desconsiderados devido ao grande valor que o

número de Mach poderá assumir. Por fim, lembrando que 𝑀𝑛,1 = 𝑀1 sin 𝛽, as

equações serão divididas da seguinte forma, com suas respectivas limitações:

Equações exatas:

𝜌2

𝜌1=

(𝛾 + 1)𝑀12 sin2 𝛽

2 + (𝛾 − 1)𝑀12 sin2 𝛽

(2.82)

𝑝2

𝑝1= 1 +

2𝛾

𝛾 + 1(𝑀1

2 sin2 𝛽 − 1) (2.83)

𝑇1

𝑇2= (

𝑝2

𝑝1) (

𝜌1

𝜌2) = [1 +

2𝛾

𝛾 + 1(𝑀1

2 sin2 𝛽 − 1)]2 + (𝛾 − 1)𝑀1

2 sin2 𝛽

(𝛾 + 1)𝑀12 sin2 𝛽

(2.84)

tan 𝜃 = 2 cot 𝛽 [𝑀1

2 sin2 𝛽 − 1

𝑀12(𝛾 + cos 2𝛽) + 2

] (2.85)

Equações quando 𝑴𝟏 → ∞:

𝜌2

𝜌1=

(𝛾 + 1)

(𝛾 − 1) (2.86)

𝑝2

𝑝1=

2𝛾

𝛾 + 1𝑀1

2 sin2 𝛽 (2.87)

𝑇1

𝑇2= (

𝑝2

𝑝1) (

𝜌1

𝜌2) =

2𝛾(𝛾 − 1)

(𝛾 + 1)2𝑀1

2 sin2 𝛽 (2.88)

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Para a relação θ – β – M, no limite hipersônico, tem-se que θ e β são

pequenos, portanto, pode ser usado a usual aproximação para ângulos

pequenos:

sin 𝛽 = 𝛽

cos 2𝛽 = 1

tan 𝜃 = sin 𝜃 = 𝜃

Sendo assim, resultará em:

𝜃 =2

𝛽[

𝑀12𝛽2 − 1

𝑀12(𝛾 + 1) + 2

] (2.89)

Aplicando o número de Mach alto, resultará:

𝜃 =2

𝛽[

𝑀12𝛽2

𝑀12(𝛾 + 1)

]

𝛽

𝜃=

𝛾 + 1

2 (2.90)

Considerando 𝛾 = 1,4, o resultado final será:

𝛽 = 1,2𝜃 (2.91)

Afinal, em uma relação de onda de choque hipersônica, nota-se que para uma

dada razão de pressão, se o número de Mach tender ao infinito, essa razão se tornará

infinitamente grande (ANDERSON, 2001). Por outro lado, o coeficiente de pressão

atrás do choque, é um valor constante para altos valores de número de Mach. Ou

seja, o escoamento hipersônico não depende do Número de Mach, contato que seja

suficientemente alto, implicando em uma independência ao mesmo (ANDERSON,

2001).

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3 METODOLOGIA

3.1 HIPÓTESES INICIAIS

Antes de se efetuar a modelagem, algumas hipóteses básicas devem ser

consideradas, sendo elas: estar em regime permanente, ausência de força de campo,

de trabalho do eixo, de forças viscosas e de dissociação molecular, o sistema ser

adiabático e equilíbrio térmico entre as espécies químicas.

Por ser um escoamento hipersônico, reações químicas irão ocorrer, enquanto

as concentrações de espécies químicas variam ao longo desse escoamento. Se

ocorrer um escoamento em não-equilíbrio, deve-se apresentar uma variação na

entropia ao longo desse escoamento.

3.2 SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL

Como exemplo de análise do escoamento do ar, em regime de alta

velocidade, em uma tubeira convergente-divergente, o código NOZ3T (Three

Temperature Nozzle Flow Code) é uma ferramenta capaz de efetuar tais simulações

nessas características. Além disso, o NOZ3T foi desenvolvido pelo Dr. Chul Park da

NASA Ames Research Center, na qual utiliza das temperaturas de rotação-translação,

vibração e eletrônica. Para isso, a tubeira é acoplada a um tubo de choque na

extremidade do reservatório de baixa pressão. A presença desta tubeira permite que

o gás (do reservatório de baixa pressão) pressurizado e aquecido pela onda de

choque incidente (no tubo de choque) seja acelerado e expelido pela seção de testes,

e assim, seja denominado túnel de choque hipersônico (SILVA, 2009).

Os túneis de choque, também conhecidos como tuneis de vento hipersônico,

são equipamentos onde geralmente são acopladas tais tubeiras. O túnel de choque

possui um tubo de choque, que é um tubo fechado nas extremidades e separado por

um diafragma. Nessas seções do tubo, coloca-se um gás a alta pressão (seção do

“driver”) e na outra o sistema que se deseja estudar, onde a pressão é bem mais baixa

(região do “driven”) (DOS SANTOS, 2008). Sendo assim, um protótipo, ao ser

ensaiado dentro do tubo de choque, passará pelo bocal convergente-divergente para

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que seja possível aumentar a sua velocidade e assim adquirir os dados dos testes ao

romper os diafragmas. Um exemplo disso, é a figura abaixo onde demostra o que

compõe tal túnel de choque hipersônico:

Figura 19 – Seções de um túnel de choque hipersônico. Fonte: A. M. dos Santos (2008)

O Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica Prof. Henry T. Nagamatsu

possui, atualmente, três túneis de choque hipersônico, Figura 20, com capacidade de

reproduzir, com boa proximidade, o ambiente encontrado em voos hipersônicos,

considerando velocidade, composição química, temperatura e entalpia do

escoamento, com tempo de escoamento hipersônico permanente (tempo de teste),

variando de 0,1 a 10 ms (milésimos de segundo) (SILVA, 2009).

Figura 20 – Túnel de choque hipersônico T3 do Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica.

Fonte: Débora da Silva (2009)

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3.2.1 Montagem do Código Computacional:

Como a garganta da tubeira é o ponto onde ocorre a mudança de

convergência para divergência e vice-versa, para a confecção do código

computacional, alguns parâmetros deverão ser definidos de antemão. Visto que o

código trabalha com equações de conservação unidimensionais, a concepção de

montagem é similar ao código NOZ3T. Sua modelagem através do método de

volumes finitos, deverá utilizar de células para definir o fator de estiramento x e y.

Sendo assim, os parâmetros iniciais que devem ser definidos são: tamanho da célula

em x e y, partindo do centro ou da parede da garganta; comprimento total em x (antes

e depois da garganta); o número de células; as razões de área; largura da garganta

em y; raios de entrada e saída do bocal; pontos de tangência antes e depois da

garganta.

Tais células, ou pontos, serão importantes para definir a malha na qual o

escoamento está ocorrendo no bocal. Por exemplo, em um escoamento hipersônico

que possua N pontos de grade, em cada uma dessas grades deverá ser calculada a

conservação da massa, momentum e energia com suas respectivas derivadas

parciais substituídas pelas expressões de diferenças finitas. Uma análise quase

unidimensional não poderá ser aplicada para esse caso, visto que a importância desse

equacionamento seria apenas para facilidade de entendimento da base teórica. Ou

seja, um escoamento unidimensional é simples, porém possui desvantagens como:

falta de detalhes para um escoamento real tridimensional e não dá informação sobre

o contorno da parede adequado de tais bocais. Portanto, a solução mais adequada é

pela utilização de método dos volumes finitos ou pelo método de características.

Para que o computador suporte utilizar um certo nível de refinamento para

desenvolvimento do programa, as condições de contorno serão propriedades que

devem ser levadas em conta, assim como as instabilidades numéricas.

As células fantasmas, nesse caso, permitem armazenar os valores para as

condições de contorno de cada bloco, de forma a evitar que os operadores diferenciais

sejam redefinidos nas suas formas (DE LIMA, 2012). Dessa forma, o mesmo estêncil

usado no interior das células de uma malha pode também ser usado nas células

localizadas nas bordas das malhas. Por isso, devido aos parâmetros inicias, o número

de células fantasmas consideradas, dependem do tamanho do estêncil necessário

para a discretização do operador diferencial, sendo necessária uma camada de

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células fantasmas ao redor de cada malha. Sendo assim, para o programa, é

necessário definir carreiras de células fantasmas na entrada e saída do bocal, acima

da linha de centro e abaixo da linha de parede do bocal.

Tanto o método das linhas características quanto o método dos volumes

finitos, representam um campo de fluxo contínuo por uma série de pontos de grades

distintas no espaço. Como foi dito anteriormente, em cada ponto da grade deverá ser

calculado as propriedades do escoamento utilizando as equações governantes.

Sendo assim, as figuras 21 e 22 demonstram um exemplo de análise de pontos para

ambos os métodos:

Figura 21 – Análise de pontos de malha para linhas características (a) e diferenças finitas (b). Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

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Figura 22 – Exemplo de design de bocal utilizando o método das linhas características. Fonte: Fundamentos da Aerodinâmica (2001)

Visto que o código modelado no trabalho será desenvolvido utilizando o

método de diferenças finitas, primeiro, será necessário o uso de representações de

diferenças finitas para derivadas parciais usando séries de Taylor, como, por exemplo:

(𝜕𝑢

𝜕𝑥)

𝑖,𝑗=

𝑢𝑖+1,𝑗 − 𝑢𝑖,𝑗

∆𝑥 (𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑝𝑜𝑠𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟) (2.92a)

(𝜕𝑢

𝜕𝑥)

𝑖,𝑗=

𝑢𝑖,𝑗 − 𝑢𝑖−1,𝑗

∆𝑥 (𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑎𝑛𝑡𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟) (2.92b)

(𝜕𝑢

𝜕𝑥)

𝑖,𝑗=

𝑢𝑖+1,𝑗 − 𝑢𝑖−1,𝑗

2∆𝑥 (𝑑𝑖𝑓𝑒𝑟𝑒𝑛ç𝑎 𝑐𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑙) (2.92c)

Sendo que a diferença anterior e posterior, se referem a entrada e saída do

bocal, respectivamente.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Assim que foi realizada a montagem do código, os resultados computacionais

obtidos delimitaram linhas de escoamento na qual, através delas, é possível analisar

a geometria que a tubeira tomará. Além disso, os valores dos parâmetros iniciais

escolhidos para a simulação dessa tubeira convergente-divergente é de:

comprimento total de 0,08 u e de largura de garganta de 0,01 u, razão em y de 0,98,

com 21 número de pontos em y e com 38 número de pontos em x. Para tal

modelagem, foi escolhida uma malha espessa, ou seja, detém de 10 células em y e

20 células em x.

Portanto, a malha desenvolvida e calculada para cada ponto resultará na

geometria do bocal, propriamente dita. Porém, o que denotará as paredes limitantes

da tubeira, será a utilização das células fantasmas para colaborar na modelagem

desse formato. Como queremos utilizar a tubeira para acelerar o escoamento até

um número de Mach desejado, deve-se reescrever e analisar a equação da relação

de área – velocidade. Basta relembrar pela seção 2.6.1 do trabalho, que a relação

de área é de suma importância, assim como mostrou a equação 2.73 que será

reescrita abaixo:

𝑑𝐴

𝐴= (𝑀2 − 1)

𝑑𝑢

𝑢 (2.73)

Ao desenvolvermos a equação 2.73 para o bocal, tem-se a relação número

de Mach-velocidade denominada por:

(𝐴

𝐴∗)

2

=1

𝑀2[

2

𝛾 + 1(1 +

𝛾 − 1

2𝑀2)]

(𝛾+1)/(𝛾−1)

(2.79)

Por consequência, pelos dados iniciais tomados acima e pela a equação

2.79, definiu-se que é possível analisar o Mach de qualquer local do duto, em função

da razão das áreas de duto e da garganta, além do formato que a tubeira deve

possuir para realizar esse escoamento desejado.

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Por fim, a modelagem matemática através do método das diferenças finitas

e demais operações, foram realizadas pelo MATLAB, na qual o gráfico resultante, é

definido abaixo pela Figura 23:

Figura 23 – Gráfico resultante da malha modelada em x e y.

Fonte: Autoria própria.

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5 CONCLUSÃO E PROPOSTA DE TRABALHOS FUTUROS

O presente trabalho teve como motivação o problema de engenharia, que

envolve a complexidade de se realizar simulações de voo a partir do instante que

entra em escoamento hipersônico. Assim como foi visto, o escoamento hipersônico

é de difícil simulação, mesmo através da utilização de código CFD, devido as

instabilidades decorrentes, como as fortes interações de temperaturas entre o

veículo e a onda de choque, ou as forças viscosas presentes. Tal aumento de

temperatura na superfície do corpo afeta a atmosfera na qual o corpo está inserido,

porque a partir de certo momento, reações químicas ocorrerão devido a dissociação

de gases. Sendo assim, um veículo espacial como o 14 – X, encontrará problemas

caso não seja possível prever o que ocorrerá na superfície de seu material, devido

ao aumento de temperatura. Para poder prever tais problemas, seria necessário

realizar testes, porém, esses testes são caros. Consequentemente, a simulação

computacional foi a solução mais econômica para tal problema.

A temática do trabalho consistiu em definir a base teórica necessária para

realizar a simulação computacional de um escoamento hipersônico através de uma

tubeira. A teoria envolvida desde a análise em ondas de choque, até relações entre

o número de Mach e a razão de área, para conseguir definir o aumento de

velocidade empregada no problema. Com isso, foi possível também determinar a

geometria do bocal, conforme os parâmetros iniciais pré-definidos. Ao gerar o

gráfico da seção anterior e analisar os resultados obtidos, é possível concluir que

os objetivos do trabalho foram atingidos.

Códigos bases importantes, como o código NOZ3T utilizado para realizar

análises de escoamentos hipersônicos, foram de grande importância para o

desenvolvimento do código computacional para cálculo de fator de estiramento.

Portanto, o código gerado vem a se tornar uma boa ferramenta para ser utilizada

futuramente, caso queira realizar testes no escoamento hipersônico. Além disso,

uma proposta de trabalho futuro é a análise de um protótipo veicular, nesse regime

de escoamento. Como foi citado anteriormente, ao entrar em regime hipersônico, o

veículo sofre uma maior interação de temperatura e isso ocorre devido a onda de

choque ficar cada vez mais próxima a sua superfície. Sendo assim, uma simulação

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computacional, seguida de experimento laboratorial, seria uma proposta ideal para

analisar tal comportamento e trazer possíveis soluções devido a essa grande

interação.

Para o experimento laboratorial, o túnel de choque hipersônico é a

ferramenta ideal para poder realizar os testes e analisar os resultados. Um exemplo

disso é o túnel de choque do Laboratório de Aerotermodinâmica e Hipersônica do

Instituto de Estudos Avançados (IEAv).

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