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14 a 16 de junho de 2017 Pelotas RS Cuidado Integral de Singular na Rede de Cuidados Paliativos ANAIS DE EVENTO

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14 a 16 de junho de 2017 – Pelotas – RS

Cuidado Integral de Singular na Rede de Cuidados Paliativos

ANAIS DE EVENTO

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1

SUMÁRIO

O USO DA PALLIATIVE PERFORMANCE SCALE PARA A AVALIAÇAO

FUNCIONAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS ................................. 6

ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE CUIDADORES DE PACIENTES EM

CUIDADOS PALIATIVOS ............................................................................................. 8

CUIDADOS PALIATIVOS NO PROGRAMA MELHOR EM CASA: O PERFIL DOS

PACIENTES ASSISTIDOS ........................................................................................... 11

VIVENCIANDO A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE

ONCOLÓGICO: UMA ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DA MULHER ............... 13

CUIDADOS PALIATIVOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E CLÍNICA

MÉDICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DR. MIGUEL RIÊT CORREA JR: UMA

VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE ............................................................... 16

ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E A TOMADA DE DECISÃO

COMPARTILHADA EM CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES ................... 19

RESIDENTES DO RISO: UMA PROPOSTA DE (RE) CONSTRUÇÃO

INTERDISCIPLINAR ................................................................................................... 21

VIVÊNCIA INTERDISCIPLINAR DA EQUIPE DE APOIO EM CUIDADOS

PALIATIVOS NA ATENÇÃO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE PELOTAS-RS . 24

REDE DE APOIO SOCIAL DO CUIDADOR DE PACIENTES COM CÂNCER EM

CUIDADOS PALIATIVOS ........................................................................................... 27

MEDICINA PALIATIVA: A COMPREENSÃO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

SOBRE ESPIRITUALIDADE NO CUIDADO INTEGRAL AOS PACIENTES

ONCOLÓGICOS EM FINITUDE ................................................................................. 30

INTERVENÇÕES EM CUIDADOS PALIATIVOS: A INTERDISCIPLINARIEDADE

NA PROMOÇÃO DE AUTONOMIA ........................................................................... 32

ASSISTÊNCIA PRESTADA A UM PACIENTE FORA DA POSSIBILIDADE DE

CURA: RELATO DE EXPERIÊNCIA .......................................................................... 35

PRÁTICAS DE CUIDADO DE SI POR MEIO DOS RECURSOS TERAPÊUTICOS

NOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS .................................................... 38

ENFRENTAMENTO DA MORTE INEVITÁVEL DE UM PREMATURO EXTREMO:

UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ............................................................................... 41

PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR COMO DISPOSITIVO POTENCIAL NOS

CUIDADOS PALIATIVOS ........................................................................................... 44

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2

A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA EM ENFERMGEM A PACIENTE

MASTECTOMIZADA ACOMETIDA POR METÁSTASE ÓSSEA ........................... 47

O PAPEL DA ODONTOLOGIA NO CUIDADO PALIATIVO .................................. 50

IDENTIFICAÇÃO DE PRÁTICAS E ORIENTAÇÕES DOS PROFISSIONAIS DE

SAÚDE AO CUIDADOR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ................................... 52

CONSULTA DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: QUALIFICAÇÃO DA

ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO AO PACIENTE .................................................. 55

ESPIRITUALIDADE E SAÚDE EM CUIDADOS PALIATIVOS: UMA

EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA COM PACIENTES ONCOLÓGICOS .................. 57

PRÁTICAS DE ALÍVIO DA SOBRECARGA UTILIZADAS PELOS CUIDADORES

NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS ..................................................... 60

FISIOTERAPIA NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM IDOSOS .. 63

RELATO DE CASO: PACIENTE TERMINAL EM UM SERVIÇO DE URGÊNCIA E

EMERGÊNCIA. ............................................................................................................. 66

UMA CAIXA DE LEMBRANÇAS PARA A ETERNIDADE ..................................... 67

DIFERENTES ABORDAGENS DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CUIDADO

PALIATIVO--- REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA ................................. 70

A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS NA ONCOLOGIA INFANTO-JUVENIL:

PERCEPÇÕES DE PACIENTES, CUIDADORES E PROFISSIONAIS DA SAÚDE 72

A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS ARTICULADA A REDE DE

ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE ................................................................................ 75

DESAFIOS PARA A PRÁTICA DOS CUIDADOS PALIATIVOS NOS SERVIÇOS DE

SAÚDE: REVISÃO DA LITERATURA ...................................................................... 78

CUIDADOS PALIATIVOS EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO DE LITERATURA 81

PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CUIDADO COM

PACIENTES ONCOLÓGICOS. .................................................................................... 84

SENTIMENTOS DO CUIDADOR NO PROCESSO DE ADOECIMENTO DO

PACIENTE COM CÂNCER: ENFOQUE NO CUIDADO PALIATIVO .................... 87

FATORES LIMITANTES DA ALTA HOSPITALAR EM UNIDADE DE CUIDADOS

PALIATIVOS DE UM HOSPITAL FRANCÊS ........................................................... 90

CIRURGIA PALIATIVA NA NEOPLASIA DE PÂNCREAS: RELATO DE

EXPERIÊNCIA .............................................................................................................. 93

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3

A FAMÍLIA COMO FATOR PROTETOR PARA DESENVOLVIMENTO DA

RESILIÊNCIA NO PACIENTE EM CUIDADO PALIATIVO .................................... 95

TERAPIAS COMPLEMENTARES UTILIZADAS EM CUIDADOS PALIATIVOS:

REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 98

INTERFACE ENTRE CUIDADO PALIATIVO PEDIÁTRICO, FAMÍLIA E EQUIPE:

UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 102

ESPIRITUALIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO DO .. 105

CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS: PERSPECTIVA ECOSSISTÊMICA .... 105

TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DE PACIENTES EM CUIDADOS

PALIATIVOS ............................................................................................................... 109

INTER-RELAÇÕES NO PROCESSO DE MORTE E MORRER EM AMBIENTE

HOSPITALAR ............................................................................................................. 112

ESCALA DE EDMONTON COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DOS

SINTOMAS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ATENDIDOS NO DOMICÍLIO .. 117

A IMPORTÂNCIA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA EQUIPE DE CUIDADOS

PALIATIVOS – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA .................................................. 120

CUIDADORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM AÇÃO EDUCATIVA NA

ATENÇÃO À ALIMENTAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS ............................ 122

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM CIRROSE HEPÁTICA

EM CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA............................... 125

CARACTERIZAÇÃO DE ATENDIMENTOS ONCOLÓGICOS DOMICILIARES A

PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS, NO MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO –

RELATO DE EXPERIÊNCIA ..................................................................................... 127

ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS

EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ....................... 129

Camilla Luiza Stracke Viana¹ ....................................................................................... 129

CUIDADOS PALIATIVOS A PACIENTES COM FERIDAS ONCOLÓGICAS NA

ATENÇÃO DOMICILIAR .......................................................................................... 130

CUIDADOS PALIATIVOS EM ENFERMAGEM:VALORIZANDO O BEM ESTAR

NO PROCESSO DE FINITUDE – REVISÃO INTEGRATIVA ................................ 133

O PAPEL DA PSICOLOGIA EM ÁREAS CRÍTICAS E AS DIRETIVAS

ANTECIPADAS DE VONTADE: POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO ........ 137

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4

DESPEDIDA SILENCIADA: A “CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO” COMO UM

ENTRAVE NA COMUNICAÇÃO DE UM SERVIÇO DE CUIDADOS PALIATIVOS

EM UM HOSPITAL ESCOLA .................................................................................... 139

UM ANO DE EXPERIÊNCIA: PERFIL DE ATENDIMENTO DA EQUIPE DE

CONSULTORIA DE CUIDADOS PALIATIVOS – HE/UFPEL/EBSERH .............. 141

MOMENTOS FINAIS DA VIDA: .............................................................................. 144

O RELATO DE UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS .............................. 144

INICIATIVAS DA UTILIZAÇÃO DE HIPODERMÓCLISE E TERAPIA

SUBCUTÂNEA PARA PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO AMBIENTE

HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA .......................................................... 147

A INSERÇÃO DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM NA EQUIPE DE

CONSULTORIA EM CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL NO SUL DO

BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA. ................................................................... 150

A ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL A UMA PACIENTE COM CÂNCER DE

COLO DE ÚTERO EM PROCESSO DE TERMINALIDADE SOB A ÓTICA DAS

RESIDENTES DE ENFERMAGEM ........................................................................... 153

SENTIMENTOS E VIVENCIAS DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM NO

CUIDADO A PESSOA E A FAMÍLIA EM FASE ATIVA DE MORTE .................. 156

DOR COMO SINTOMA DEBILITANTE NO PACIENTE ONCOLÓGICO: AÇÕES

PALIATIVAS NO DOMICÍLIO ................................................................................. 159

CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES: POTENCIALIDADES PARA A

FORMAÇÃO DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM ATENÇÃO A

SAÚDE ONCOLÓGICA ............................................................................................. 162

A INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO INTEGRAL DO PACIENTE EM

CUIDADOS PALIATIVOS COMO CHAVE PARA PROMOÇÃO DA QUALIDADE

DE VIDA: EXPERIÊNCIAS DE INTEGRANTES DE UMA LIGA ACADÊMICA

INTERDISCIPLINAR ................................................................................................. 165

AVALIAÇÃO DO PERFORMANCE STATUS EM IDOSOS: UM ESTUDO NA ÁREA

DE ABRANGÊNCIA DE UMA EQUIPE DE ESF URBANA .................................. 168

O PAPEL DO PSICÓLOGO EM CUIDADOS PALIATIVOS JUNTO A EQUIPE

MULTIDISCIPLINAR ................................................................................................. 170

NUTRIÇÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS PALIATIVOS - UMA REVISÃO

BIBLIOGRÁFICA ....................................................................................................... 173

RELATO DE CASO: LESÃO MEDULAR ESPINAL EM ATENDIMENTO

MULTIPROFISSIONAL NO CUIDADO PALIATIVO ............................................. 176

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O CUIDADO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM CÂNCER EM CABEÇA E

PESCOÇO EM RADIOTERAPIA PALIATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA ..... 178

O CUIDADO FRENTE AOS EFEITOS COLATERAIS DECORRENTES DA

QUIMIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ..................... 181

O CUIDADO DE ENFERMAGEM FRENTE À RADIODERMITE CONSEQUENTE

DA RADIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA ................. 184

CUIDADO TERAPÊUTICO: UM OLHAR EM BUSCA DA HUMANIZAÇÃO DA

ASSISTÊNCIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS ..................................................... 187

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O USO DA PALLIATIVE PERFORMANCE SCALE PARA A AVALIAÇAO

FUNCIONAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Fernanda Hisse Wille1

Patrícia Abrantes Duval2

Lúcia Rota Borges3

Introdução: A capacidade funcional reflete o impacto da doença e do tratamento na

disposição do indivíduo em realizar suas atividades diárias de forma independente,

incluindo atividades ocupacionais e recreativas, deambulação e autocuidado. A perda

dessa capacidade gera dependência, fragilidade, problemas de mobilidade e risco de

morte1. A Palliative Performance Scale (PPS) é um instrumento utilizado na medicina

paliativa e que tem por objetivo avaliar o estado de desempenho do paciente, permitindo

a análise da doença e o estágio em que a mesma se encontra, facilitando a tomada de

decisões sobre a forma mais adequada de tratamento, incluindo definição da gravidade e

alternativas a serem consideradas em determinado momento2. A avaliação da capacidade

funcional de pacientes oncológicos em cuidados paliativos é de suma importância, uma

vez que permite a vigilância evolutiva da doença e constitui uma estratégia valiosa na

tomada de decisões, avaliação do prognóstico e diagnóstico de terminalidade. Objetivo:

Avaliar a capacidade funcional de pacientes oncológicos em cuidados paliativos do

Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), do Hospital Escola (HE) da

Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). Método: Estudo transversal realizado com

todos os pacientes oncológicos internados no PIDI Oncológico/UFPEL e atendidos pela

equipe de nutrição no período de janeiro de 2015 a agosto de 2016. Para avaliar a

capacidade funcional foram utilizadas as informações provenientes da PPS, adaptada aos

cuidados paliativos3. A PPS é uma ferramenta que permite a mensuração do declínio

progressivo da funcionalidade de pacientes em cuidados paliativos e apresenta níveis de

indicadores, expressos em porcentagens, tais como, grau de deambulação; capacidade de

fazer atividades/extensão da doença; capacidade de realizar o autocuidado; ingestão de

alimentos/ingestão de líquidos e nível de consciência. O escore total varia de 0 a 100%,

em que 100 significa máxima atividade funcional e 0 indicativo de morte. Os valores são

1Acadêmica de Nutrição. Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 2Nutricionista do Hospital Escola. Universidade Federal de Pelotas. patrí[email protected] 3Professora da Faculdade de Nutrição. Universidade Federal de Pelotas. [email protected]

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agrupados de acordo com o prejuízo da capacidade funcional do paciente, sendo

considerada condição estável, valores entre 100 a 70%, necessitando de um número

reduzido de cuidados, valores entre 60 e 40% indicam condição transitória onde requer

mais cuidados, valores iguais a 30% correspondem ao estágio terminal, com capacidade

funcional comprometida, necessitando de cuidados intensos3. Os dados foram analisados

no programa Stata® versão 12.0. Este estudo foi aprovado pelo Departamento de Ensino

do Hospital Escola da UFPEL, sendo posteriormente submetido e aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPEL (1.635.225). Resultados:

Foram avaliados 67 pacientes, com média de idade de 62 ± 3,2 anos e predomínio do sexo

masculino (55,2%). Em relação à localização tumoral, os tumores do trato digestivo foram

os mais prevalentes (26,8%), seguidos por tumores ginecológicos (25,3%) e cabeça e

pescoço (19,4%). A maioria dos pacientes apresentou doença em estadiamento avançado

(79,1%) e 73,1% possuíam metástases. Em relação ao tipo de tratamento, 77,6%

submeteram-se a quimioterapia, 50,7% a radioterapia e 44,7% tiveram tratamento

cirúrgico. Sobre a avaliação da capacidade funcional, 38,8% encontravam-se em

condição transitória da sua capacidade, com sinais de progressão da doença e 35,8%

apresentaram condição terminal. Conclusão: A maioria dos pacientes em cuidados

paliativos apresentou necessidade de intervenção nutricional e condição transitória ou

terminal na sua capacidade funcional repercutindo nas suas atividades diárias,

necessitando, portanto, de algum grau de assistência no cuidado pessoal e apoio familiar.

REFERÊNCIAS

1. Guimarães LHCT, Galdino DCA, Martins FLM, Abreu SR, Lima M, Vitorino DFM.

Avaliação da capacidade funcional de idosos em tratamento fisioterapêutico.

Neurociências 2004; 12(3): 130-133.

2. Ho F, Lau F, Downing MG, Lesperance M. A reliability and validity study of the

Palliative Performance Scale. BMC Palliative Care 2008; 7(1): 1-10.

3. Maciel MGS, Carvalho RT. Palliative Performance Scale PPS: versão 2. Tradução

brasileira para a língua portuguesa [online] 2009. Disponível

em: http://www.victoriahospice.org/sites/default/files/pps_portugese_0.pdf (15 abr.

2017).

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ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO DE CUIDADORES DE PACIENTES

EM CUIDADOS PALIATIVOS

Bruna Maffei1

Isabel Cristina de Oliveira Arrieira2

Renata Alexandre Ferreira3

Daniela Habekost Cardoso4

Introdução: Cuidado paliativo é definido pela Organização Mundial da Saúde como uma

abordagem que melhora a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, que

enfrentam doenças que ameacem a vida, através da prevenção e alívio do sofrimento,

identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas físicos,

psicossociais e espirituais1. Dessa forma, a atenção integral ao paciente oncológico

engloba o entendimento de cuidados paliativos e o cuidador igualmente precisa ser visto

como um indivíduo vulnerável diante de uma situação estressora, que é ter um familiar

doente. Sabe-se que a sobrecarga física, emocional, financeira e social são fatores que

impactam significativamente na saúde do cuidador2. Diante de eventos estressores, o

cuidador pode recorrer a estratégias de enfrentamento. Enfrentamento é definido como

um conjunto de esforços cognitivos e comportamentais utilizados pelas pessoas para

administrar demandas externas e/ou internas específicas que ultrapassam seus recursos

pessoais3. A presença de uma equipe domiciliar no processo de cuidado ao familiar doente

se caracteriza como uma forma de lidar com a atual situação e tende a favorecer a

preservação da saúde integral do cuidador, que englobada a assistência a dimensão

biopsicossocial e espiritual4. Objetivo: Identificar as estratégias de enfrentamento dos

cuidadores de pacientes em cuidados paliativos no contexto domiciliar. Método: Estudo

qualitativo e descritivo, com cuidadores familiares de pacientes oncológicos e em

cuidados paliativos desenvolvido em um programa de internação domiciliar vinculado a

um Hospital Escola na região sul do Brasil de agosto a outubro de 2016. Para a coleta das

informações utilizou-se uma entrevista semiestruturada com questões sociodemográficas

e um roteiro com eixos norteadores. Os dados foram gravados, transcritos e submetidos

a análise de conteúdo de Bardin5. Para finalizar a pesquisa foram respeitados os critérios

11 Psicóloga. Universidade Federal de Santa Catarina. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected] 3 Psicóloga. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected]

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de saturação. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade

Federal de Pelotas (parecer nº 1.558.688) e foram respeitadas as diretrizes e normas

regulamentadoras de pesquisa com seres humanos, conforme Resolução nº 466/12 do

Ministério da Saúde. Resultados: Foram entrevistados nove participantes, sendo oito do

sexo feminino, com idades entre 49 e 72 anos, prevalecendo cuidadores casados, com

ensino fundamental incompleto e com dedicação exclusiva ao paciente e as atividades da

casa. O tempo de cuidado variou de 6 meses a 15 anos e no grau de parentesco do

cuidador, cinco destacaram-se como cônjuges, e os demais como mãe, irmã, sobrinha e

cunhada. Foram identificadas duas categorias referentes as estratégias de enfrentamento

utilizadas pelos cuidadores. São elas: 1) Suporte da equipe da atenção domiciliar: a

segurança nos profissionais transmite credibilidade na atenção ao paciente e tem por

consequência o compartilhamento do cuidado. A possibilidade de atendimento

domiciliar de forma contínua estabelece uma relação de confiança que resulta em maior

tranquilidade aos familiares6, onde eles se sentem amparados para dar continuidade ao

seu papel7. Essa atenção especializada é motivo de gratidão e o convívio diário tende a

estreitar os vínculos entre cuidador e equipe. 2) Domicílio como cenário de cuidado: o

domicílio foi apontado como o melhor local para prestar cuidados. No entanto, percebe-

se que para o cuidador o desejo de permanecer no domicílio e realizar as ações de cuidado

ao familiar, está associado a continuidade do acompanhamento e suporte promovido pela

equipe de cuidados paliativos. A permanência do cuidador no domicílio favorece a

preservação do conforto, assim como maior autonomia, flexibilidade de horários para

alimentação e higiene, liberdade, conforto e melhor local para organização das atividades

diárias do cuidador7, sendo que em caso de hospitalização, o cuidador fica exposto a

fatores como o barulho, a falta de privacidade, de conforto e as rotinas padronizadas6.

Conclusões: Destaca-se a importância da equipe de cuidados paliativos no contexto

domiciliar e o suporte por estes oferecido tende a auxiliar o enfrentamento do cuidador

diante do momento vivenciado. É indispensável que os profissionais estejam atentos as

necessidades desse familiar para fortalecer seus fatores protetivos e integrá-lo na

assistência. À equipe cabe ainda oferecer um ambiente acolhedor para a expressão de

sentimentos e identificação das demandas pessoais. Para tal, prioriza-se a atuação integral

da equipe interdisciplinar. Ademais, orientações sobre saúde e autocuidado, repercutem

em uma melhor qualidade de vida a essa população.

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10

REFERÊNCIAS

1. World Health Organization. National cancer control programmes: policies and

managerial guidelines. Geneve: OMS; 2002.

2. Delalibera M, Presa J, Coelho A, Barbosa A, Franco MHPF. Family dynamics during the

grieving process: a systematic literature review. Ciênc Cuid Saúde 2015; 20(4): 1119-34.

3. Lazarus RS, Folkman S. Stress, appraisal and coping. New York: Springer Publishing

Copany;1984.

4. Fripp JC. Ação prática do paliativista na continuidade dos cuidados em domicílio. In:

Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de cuidados paliativos ANCP:

ampliado e revisado. Rio de Janeiro: Academia Nacional de Cuidados Paliativos; 2012.

p. 375-391.

5. Bardin L. Análise de conteúdo. São Paulo: Edições 70; 2011.

6. Oliveira SG, Quintana AM, Budó MLD, Kruse HL, Beuter M. Internação domiciliar e

internação hospitalar: semelhanças e diferenças no olhar do cuidador familiar. Texto

contexto-enferm 2012; 21(3): 591-9.

7. Oliveira SG, Quintana AM, Denardin-Budó ML, Moraes NA, Lüdtke MF, Cassel PA.

Internação domiciliar do paciente terminal: o olhar do cuidador familiar. Rev Gaúch

Enferm 2012; 33(3):104-10.

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CUIDADOS PALIATIVOS NO PROGRAMA MELHOR EM CASA: O PERFIL

DOS PACIENTES ASSISTIDOS

Sara Deise de Souza Lopes Ferreira1

Isabel Cristina de Oliveira Arrieira2

Emeli Rodrigues dos Santos3

Simone Braga Martins4

Julieta Carriconde Fripp5

Renata Schmitz6

Introdução: Os cuidados paliativos são medidas terapêuticas que buscam atender de

forma integral e humanizada as repercussões negativas da doença que ameace a vida, ou

ainda, elimine o bem-estar do indivíduo. Corroborando, a atenção domiciliar é uma

modalidade de atendimento na rede pública que visa a garantir a assistência adequada, de

qualidade, integral e humanizada aos pacientes que mantêm quadro clínico estável,

dispensando a infraestrutura hospitalar, mas que necessitam de assistência em saúde,

acompanhamento regular e vigilância ativa. Objetivo: Este estudo tem como objetivo

caracterizar o perfil dos usuários atendidos em cuidados paliativos de uma equipe do

programa Melhor em Casa no sul do estado do Rio Grande do Sul; no período de janeiro

a dezembro de 2015, a partir de informações contidas em prontuários. Trata-se de um

estudo quantitativo descritivo em que foram analisadas as seguintes variáveis: diagnóstico

clínico, idade, gênero, e sintoma principal no momento da inclusão no programa.

Metodologia: O estudo foi realizado com a análise dos prontuários de pacientes

internados no programa no período de 1° de janeiro de dois mil e quinze a 31 de dezembro

de dois mil e quinze. Excluindo-se os prontuários de pacientes internados para assistência

curativa e analisando somente os prontuários dos pacientes com indicação de cuidados

1 Graduada em enfermagem pela universidade Federal de Pelotas. HE-UFPEL Melhor em Casa. E-mail:

[email protected]. 2 Enfermeira coordenadora técnica da atenção domiciliar, Mestre e Doutora em ciências pela UFPel. HE-

UFPEL Melhor em Casa E-mail: [email protected] 3 Graduada em enfermagem pela universidade Anhanguera Pelotas. HE-UFPEL Melhor em Casa. E-mail:

[email protected], 4 Técnica em enfermagem e acadêmica de enfermagem da universidade Federal de Pelotas. HE-UFPEL

PIDI. Email:[email protected]. 5 Médica intensivista e paliativista, Docente FAMED UFPel, Doutora em ciências, especialista em Gestão

hospitalar IEP-HSL, Mestre em saúde pública, responsável pela atenção domiciliar junto ao MS. E-mail:

[email protected] 6 Médica especialista em medicina de família e comunidade. HE-UFPEL Melhor em Casa E-mail:

[email protected]

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paliativos, com ou sem comorbidades, estando ou não ainda em assistência pelo

programa. A principal ferramenta analisada foi a Ficha de Solicitação de Internação que

é componente obrigatório do prontuário, sendo buscadas informações adicionais no

restante dos documentos somente quando necessário. Resultados: Do total de 127

pacientes atendidos pela referida equipe no ano em estudo, 23% eram para cuidados

paliativos. Quanto ao diagnóstico clínico, 50% das internações foram por neoplasias, 25%

por sequela de AVC, 14% por Doença de Alzheimer e 11% com outros diagnósticos,

sendo esses, insuficiência renal, SIDA e Diabetes Mellitus. Os pacientes analisados

tinham idade entre 49 e 90 anos, 62% mulheres e 38% homens. E ainda o principal

sintoma referido era dor, com uma taxa de prevalência entre 44% do total dos pacientes;

seguido por 28% com anorexia e outros 28% com lesões por pressão. Conclusão: Pode-

se observar que a maior necessidade de cuidados paliativos provém de usuários com

diagnóstico de neoplasias, sendo este responsável por metade das internações paliativas

da equipe. O principal sintoma encontrado foi dor, demonstrando que esse sintoma ainda

é pouco tratado em nossa realidade, levando ao sofrimento dos usuários e suas famílias.

Observou-se ainda que o outro grande diagnóstico encontrado, ou seja, a sequela de AVC,

associado ao fator idade encontrado no estudo, que são na grande maioria idosos,

justificam as outras duas sintomatologias prevalentes que são a inapetência e as lesões

por pressão. O presente estudo é oportuno na literatura, pois conhecer o perfil dos

pacientes que se assiste é fundamental para que se possa adequar e qualificar o cuidado.

Quanto à sintomatologia, é essencial o conhecimento por parte dos profissionais para que

se utilizem dos resultados como fonte de resolutividade, eficácia e qualidade no cuidado.

É necessário então, que haja aporte por parte da gestão e ainda de equipe habilitada no

manejo dos sintomas.

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VIVENCIANDO A ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE

ONCOLÓGICO: UMA ABORDAGEM SOBRE A SAÚDE DA MULHER

Cristiane Oliveira dos Santos1

Pâmela Pereira Mourão²

Sidnei Morales³

Ana Paula Escobal⁴

Introdução: As mulheres representavam 59% da população brasileira em 2012, dessa

forma considera-se relevante o conhecimento das políticas públicas direcionadas a essa

população, bem como as patologias que acometem este universo.1 Dentre as patologias

que acometem as mulheres destacamos no presente estudo o Câncer de Vulva e Reto

associado a outras patologias; O câncer de vulva corresponde a menos de 1% das

neoplasias malignas da mulher e responsável por 3% a 5% das neoplasias malignas do

trato genital feminino, com incidência estimada de 1 a 2 casos por 100.000 mulheres/ano,

e a partir destes dados, considera-se uma neoplasia rara.2 A vulva é o órgão reprodutor

feminino que possibilita fácil visualização por ser mais externo, porém, o câncer de vulva

é diagnosticado tardiamente. A partir do primeiro sintoma até o diagnóstico, considera-

se um tempo médio de 18 meses. Um dos motivos para o diagnóstico tardio é o pudor da

paciente, que na maioria das vezes tem idade acima de 50 anos e quando surgem os

primeiros sintomas não realiza exames ginecológicos, e faz uso de pomadas e outros

recursos que não combatem ao diagnóstico real.3 A assistência em enfermagem ao

paciente oncológico requer a construção de um saber aprimorado muito mais do que a

realização de ações padronizadas e sistematizadas, ou seja, um cuidado integral e

humanizado, considerando as singularidades e particularidades do paciente. A SAE

organiza e realiza o cuidado ancorado nos princípios do método científico. É um

instrumento privativo do processo de trabalho do enfermeiro que tem a função de

desenvolver ações que modificam o estado do processo saúde-doença dos indivíduos,

organizando o atendimento individualizado aos pacientes. Na perspectiva do cuidado

envolve a atenção integral associada a comunicação, compreensão, solidariedade,

¹Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – E-mail:

[email protected];

² Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro –

[email protected];

³ Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – [email protected];

⁴Enfermeira, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação da Enfermagem UFPEL –

[email protected].

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presença e responsabilidade. O relacionamento do enfermeiro junto aos pacientes,

familiares e ou acompanhantes é de extrema importância na incorporação da filosofia do

cuidado humanizado de forma a contribuir positivamente no enfrentamento durante o

tratamento da doença.4 Objetivo: Descrever o processo de Implementação da

Sistematização da Assistência de Enfermagem a paciente acometida por câncer de vulva.

Metodologia: Trata-se de um estudo de caso clinico, que utiliza a investigação de

elementos como instrumento de colaboração em diversas áreas de conhecimento5. A

pesquisa foi realizada por acadêmicos de enfermagem da Universidade Federal de

Pelotas, na unidade Rede de Urgência e Emergência I do Hospital Escola, na cidade de

Pelotas - RS. A paciente selecionada para este estudo é R.R.A, 49 anos, casada, natural

de Pelotas-RS, do lar, com diagnóstico de Câncer de Vulva. A coleta de dados foi

realizada nos dias 16 e 19 de 2016, por meio da anamnese, exame físico cefálio-caudal e

a realização de procedimentos para identificação de informações necessárias para a

elaboração de plano de cuidados, incluindo diagnósticos de enfermagem, prescrição de

cuidados. Pelo fato de realizar um estudo de caso que necessita envolver a privacidade e

sigilo das informações da paciente, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido. O sigilo e anonimato da paciente serão preservados. Resultados: após

realização da anamnese e exame físico elencamos dois Diagnósticos reais de Enfermagem

de acordo com o North American Nursing Diagnosis Association (NANDA)6 e

posteriormente os cuidados de enfermagem7 relacionada à paciente R.R.A. Eliminação

urinária prejudicada (00016) relacionada a múltiplas causas evidenciada por retenção

urinária, os cuidados elencados para este diagnóstico foram: manter desobstruído o

sistema de cateter urinário; higienizar externamente o cateter urinário na região do meato;

além de observar as características da drenagem urinária. Disfunção sexual (00059)

relacionada à estrutura corporal alterada (por processo de doença e cirurgia) evidenciada

por limitações reais impostas pela doença. Os cuidados elencados foram: abranger a

relação terapêutica, ancorada na confiança e no respeito; oferecer privacidade e

confidencialidade; e ainda discutir as modificações necessárias na atividade sexual.

Considerações Finais: Em virtude dos fatos mencionados, concluímos que o estudo de

caso não é baseado apenas em teorias ou conteúdos científicos. A implementação da SAE

nos possibilitou realizar a assistência de forma humanizada e integralizada. Sendo assim,

nós enquanto acadêmicos precisamos aprimorar nossos conhecimentos para tornarmos

profissionais capacitados e com autonomia na prestação dos cuidados, além de orientar,

estimular e encorajar a equipe interdisciplinar de saúde.

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REFERÊNCIAS

1. DATASUS – Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Disponível

em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php. Acesso em: 29 mai. 2016.

2. Ministério da Saúde. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e

Obstetrícia; Sociedade Brasileira de Cancerologia. Câncer de Vulva. Diretrizes

Clínicas na Saúde Suplementar; 2011.

3. Abrão F, Moredo ATF. Câncer de Vulva. In: LOPES AC. Tratado de clínica médica.

São Paulo; 2009.

4. Salimena AMO, Teixeira SR, Amorin TV, Paiva ACPC, Melo MCSC. Estratégias de

Enfrentamento Usadas por Enfermeiros ao Cuidar de Pacientes Oncológicos. Rev

enferm UFSM. 2013; 3(1):8-16.

5. Ventura MM. O estudo de caso como modalidade de pesquisa. Revista da SOCERJ.

2007; 20(5): 383-386.

6. Nanda Internacional. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e

Classificação 2012-2014. Artmed, Porto Alegre; 2013.

7. Mccloskey JC, Bulechek GM. Classificação das intervenções de enfermagem. 3.ed.

Porto Alegre: Artmed; 2004.

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CUIDADOS PALIATIVOS NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA E

CLÍNICA MÉDICA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO DR. MIGUEL RIÊT

CORREA JR: UMA VISÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Andressa Hübner Pereira1

Daniela Barsotti Santos²

Os cuidados paliativos consistem em abordagens que visam promover uma melhor

qualidade de vida de pacientes e familiares frente a doenças que ameaçam a vida. Eles

requerem uma avaliação precoce, abordagem e tratamento de problemas de ordem física,

psicológica, social e espiritual. O foco dos cuidados paliativos não é a cura ou o controle

das doenças, e sim o paciente e suas necessidades. No Brasil, os cuidados paliativos ainda

são pouco difundidos, porém com a criação da Associação Brasileira de Cuidados

Paliativos houve maior fomento na formação dos profissionais de saúde voltados ao tema.

Entende-se que o processo da terminalidade no hospital, bem como a assistência oferecida

pela equipe multiprofissional necessita ser discutida e refletida1. Nesse sentido, observa-

se a importância do diálogo com os profissionais sobre questões como a morte, a ética,

práticas e vivências, contribuindo para a qualificação dos serviços já prestados e para os

próprios profissionais, resultando em melhoria no auxílio da comunicação entre equipe,

paciente e familiar. É relevante também destacar o processo do morrer atual, bem como

grifar termos como a obstinação terapêutica, a “boa morte” e a tomada de decisões, para

melhor compreender o papel dos cuidados paliativos. As ações voltadas para a saúde estão

em constante desenvolvimento tecnológico, porém isto conclama a venerar a vida física

ansiando sua manutenção, esquecendo-se da sua qualidade2. Os profissionais da área da

saúde são formados para combater a morte, sendo esta considerada como fracasso,

podendo ocasionar a obstinação terapêutica. O conceito de “boa morte”, seria o de uma

morte indolor, com o paciente rodeado de pessoas queridas, e de preferência com um bom

relacionamento entre a equipe, o paciente e seus familiares3. Diante do exposto, cabe

grifar a bioética, que permeia os cuidados paliativos. É sabido que o termo bioética abarca

muitos sentidos, porém neste trabalho será tratada como “ética da vida”. Os cuidados

1 Graduanda em Psicologia, Instituto de Ciências Humanas e da Informação, Universidade Federal do Rio

Grande – ICHI/FURG. E-mail: [email protected]

² Psicóloga, Doutora em Enfermagem. Docente do curso de Psicologia, Instituto de Ciências Humanas e da

Informação, Universidade Federal do Rio Grande – ICHI/FURG. E-mail: [email protected]

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paliativos propõem, pois, a filosofia de cuidado de modo a humanizar a relação entre

paciente/equipe/instituição, visando à autonomia do sujeito. No Brasil a Resolução

1.995/2012 do Conselho Federal de Medicina dispôs sobre as diretivas antecipadas de

vontade do paciente e, caso estas não tenham sido feitas e o paciente estiver incapacitado

de responder por si, o processo de decisão dependerá da participação do representante

legal4. Diante da realidade exposta, é visível que a morte, a ética e decisões acerca do

tratamento dado ao indivíduo, são questões polêmicas. Este trabalho objetiva, portanto,

conhecer como as equipes multidisciplinares da Unidade de Terapia Intensiva e da

Unidade de Clínica Médica do Hospital Universitário Dr. Miguel Riêt Correa Jr./HU-

FURG trabalham e lidam com os pacientes terminais, bem como averiguar como os

mesmos lidam com as questões éticas e a terminalidade. Também busca indagar se o

Hospital Universitário possui um viés de trabalho que utilize os cuidados paliativos. Por

ser um trabalho que visa compreender a visão dos profissionais acerca dos cuidados

paliativos e a sua aplicação no cotidiano dos pacientes, optou-se por realizá-lo de forma

qualitativa e descritiva exploratória. A pesquisa será desenvolvida nos setores já

mencionados, que embora não sejam unidades especializadas em cuidados paliativos,

atendem pacientes em processo de terminalidade. Para a seleção dos sujeitos, será eleito

um turno de trabalho nas unidades, de forma aleatória, visando preservar o anonimato dos

participantes. Assim, um profissional de cada área de atuação (nutricionista,

fisioterapeuta, médico, psicólogo, enfermeiro, assistente social e técnico em enfermagem)

participarão do estudo, sendo convidados verbalmente a participar. Após o aceite será

realizada uma entrevista com roteiro semiestruturado com os mesmos. A análise dos

dados se dará por conteúdos temáticos, com a organização dos dados, a leitura dos

mesmos, e a sua interpretação com embasamento teórico de autores já pesquisados. Na

análise final dos dados, pretende-se que ocorra uma reflexão das pesquisadoras acerca do

material teórico e empírico, buscando sua análise e melhor interpretação. O trabalho

passará por uma análise do Comitê de Ética em Pesquisa na Área da Saúde – FURG, bem

como aprovação da Gerência de Ensino e Pesquisa/ HU. Além disso, será entregue o

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido aos participantes. Espera-se que com este

trabalho os temas com relação aos cuidados paliativos e questões de morte e de vida sejam

levantados e fomentados, de forma a contribuir com sua maior compreensão e

aprimoramento. Deseja-se que novas pesquisas e projetos surjam através das questões

aqui erguidas, esperando-se contribuir para a ampliação do trabalho que já é realizado nos

hospitais de Rio Grande e região.

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REFERÊNCIAS

1. Cardoso DH, Muniz RM, Schwartz E, Arrieira ICO. Cuidados paliativos na assistência

hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional. Texto contexto -

enferm. 2013 Dec; 22( 4 ): 1134-1141

2. Floriani CA, Schramm FR. Cuidados paliativos: interfaces, conflitos e necessidades.

Ciênc. saúde coletiva. 2008; 13( Suppl 2 ): 2123-2132.

3. Pessini L. Vida e morte na UTI: a ética no fio da navalha. Rev. Bioét. 2016 Abr; 24(

1 ): 54-63.

4. Conselho Federal de Medicina. Resolução no 1.995, de 9 de agosto de 2012. Dispõe

sobre as diretivas antecipadas de vontade dos pacientes. [internet]. 31 ago. 2012 [acesso

22 abr. 2017]. Disponível:

http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1995_2012.pdf

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ESTRATÉGIAS DE COMUNICAÇÃO E A TOMADA DE DECISÃO

COMPARTILHADA EM CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES

Introdução: O cuidado paliativo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde1, é uma

abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e suas famílias, enfrentando

problemas associados à doença ameaçadora de vida, através da prevenção e alívio de sofrimento

por identificação precoce, avaliação impecável e tratamento da dor e outros problemas físicos,

psicossociais e espirituais. Em pacientes fora de possibilidade terapêutica, a abordagem

interdisciplinar em cuidados paliativos é de extrema relevância como garantia de integralidade

da assistência prestada, sendo que a atenção domiciliar, por se inserir no cotidiano do paciente,

possibilita ações que incrementam a qualidade de vida nesses casos. Objetivo: relatar um caso

com abordagem em cuidados paliativos em atenção domiciliar de um hospital universitário,

com a instrumentalização da tomada de decisão de um paciente a partir da utilização de

estratégias de comunicação. Método: Relato de caso de paciente atendido em um hospital

universitário da região central do RS, com indicação de cuidados paliativos, assistido por equipe

interdisciplinar de um serviço de atenção domiciliar, como parte do projeto “Núcleo

Interdisciplinar de apoio ao cuidado: projeto terapêutico singular como estratégia para redução

de riscos à saúde no pós-alta hospitalar”, CAAE: 46952715.1.0000.5346. Resultado: Trata-se

de um paciente do sexo masculino, 59 anos, que compareceu ao hospital universitário em julho

de 2015, no ambulatório de Cabeça e Pescoço, com lesão de assoalho de boca há dois anos,

refratária a tratamento inicial, tabagista ativo e etilista em abstinência há oito anos, submetido

a biópsia que revelou carcinoma espinocelular de boca. Em agosto de 2015 foi realizada

hemimandibulectomia anterior direita, com esvaziamento cervical bilateral, com reconstrução,

utilização de traqueostomia plástica com balonete e endocânula, com necessidade de uso de

aspirador, sendo encaminhado para abordagem multiprofissional ambulatorial, no pós-

operatório, enquanto aguardava avaliação para radioterapia e quimioterapia. Em outubro de

2015, realizou gastrostomia endoscópica e foi encaminhado ao Serviço de Atenção Domiciliar

(SAD), devido dificuldade com aquisição e uso de aspirador. No SAD, o paciente iniciou

abordagem da equipe interdisciplinar com indicação de cuidado paliativo complementar, que

incluiu avaliação de habilidades comunicativas por fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional,

visando manutenção de comunicação de maneira independente, buscando garantir o exercício

da autonomia para tomada de decisão compartilhada. Houve a indicação de incentivo para

comunicação não verbal por escrita e verbal com som, durante períodos de possibilidade de

oclusão da traqueostomia com balonete desinsuflado, com envolvimento de paciente, família e

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equipe. Em dezembro 2015, houve a liberação de via oral de conforto, mediante avaliação

conjunta da equipe (médico, enfermeiro, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo e nutricionista).

Foi mantido em gerenciamento telefônico no período de janeiro de 2016 a fevereiro de 2017,

com acompanhamento nos ambulatórios do mesmo hospital, devido sua melhora no status

funcional, eutrofia, progressão para traqueostomia metálica com oclusão, uso de via oral e

comunicação verbal com som. Em março de 2017, apresentou recidiva da lesão, com indicação

de internação hospitalar para quimioterapia paliativa. O paciente optou por não realizar a

quimioterapia, após explanação sobre objetivos do tratamento e resultados esperados, devido

entendimento de que o procedimento não apresentaria o benefício de proporcionar uma

sobrevida com qualidade de vida, através do uso de comunicação não verbal por escrita. O

paciente optou por serem retomadas as visitas domiciliares pelo SAD no pós-alta hospitalar,

com organização de cuidado paliativo predominante, com otimização de medidas de conforto,

de acordo com suas preferências. Em nova avaliação das habilidades comunicativas, observou-

se disfunção ocupacional na área da comunicação, devido à expansão da lesão, com

exteriorização exacerbada de língua, confirmando-se a impossibilidade de comunicação verbal

com ou sem som. Optou-se por complementação da comunicação não verbal por escrita com o

uso de Comunicação Suplementar Alternativa (CSA), por meio de frases cotidianas prontas.

Esse recurso apresenta baixa tecnologia, com utilização de folhas de papel com frases dispostas

de maneira vertical e prancha com símbolos gráficos para serem apontados com a mão. Dessa

forma, houve uma facilitação do processo de comunicação. Conclusão: Observou-se que as

estratégias utilizadas acompanharam a evolução do paciente, auxiliando a comunicação entre

paciente, família e equipe, facilitando a abordagem de desejos e anseios, principalmente

relacionados aos desconfortos físicos e despedidas. Dessa forma, a avaliação de habilidades

comunicativas, o incentivo individualizado à utilização de comunicação verbal e não verbal e a

utilização de dispositivos podem ser estratégias de comunicação utilizadas em cuidados

paliativos, no intuito de garantir uma tomada de decisão compartilhada entre paciente, família

e equipe envolvidos.

REFERÊNCIA

1. World Health Organization Paliative Care 2002[cited 2017 apr 24]. Available from:

http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/

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RESIDENTES DO RISO: UMA PROPOSTA DE (RE) CONSTRUÇÃO

INTERDISCIPLINAR

Bianca Camargo1

Marcia Gracioli2

Michele Zarantonelo3

O presente artigo se sustenta na discussão de práticas de humanização do atendimento

tais como preconiza a atual Política Nacional de Humanização (HumanizaSUS), onde se

define que humanizar é construir relações que afirmem os valores que orientam nossa

política pública de saúde¹. Visto que, o Sistema Único de Saúde tem como um dos

princípios a integralidade do atendimento, atenta-se para a necessidade de intervenções e

estratégias que modifiquem o modus operante do sistema voltado para o modelo

biomédico. Entretanto, a quebra deste paradigma exige a formulação de práticas

inovadoras, como a reinvenção do espaço hospitalar, tido como estritamente curativo,

para um ambiente que perceba o sujeito como um ser biopsicossocial. Deste anseio por

mudanças surge o projeto Residentes do Riso, que será desenvolvido no Hospital

Universitário de Santa Maria (HUSM), com o intuito de atuar para que os sujeitos que

encontram-se em processo de adoecimento e em cuidados paliativos, bem como seus

acompanhantes e a equipe que presta a assistência a estes, tenham um momento de

interação e descontração propondo a construção de novos caminhos onde a doença deixa

de ser o foco principal, abrindo assim, espaços para a expressão de novas formas de

enfrentamento da realidade hospitalar. Dessa forma, destaca-se que para Funes² (2001)

"o riso nos fornece uma libertação catártica, uma purificação de emoções e uma libertação

da tensão emocional". Para isso, acredita-se que a utilização de formas lúdicas de

interação, como musicoterapia, contação de histórias, brincadeiras, jogos e demais

atividades propiciam ao sujeito alívio do sofrimento e a ressignificação de suas angústias

frente a doença e a proeminência da morte, uma vez que, conforme afirma Sisto³ (2001)

contar histórias é sempre dialogar em várias direções: na da arte, na do outro, na nossa.

Os objetivos podem mudar: recrear, informar, transformar, curar, apaziguar, integrar; mas

1 Assistente social Residente Multiprofissional – Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade

Federal de Santa Maria. E-mail: [email protected] 2 Fisioterapeuta Residente Multiprofissional- Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal

de Santa Maria. E-mail: [email protected] 3 Psicóloga Residente Multiprofissional - Hospital Universitário de Santa Maria- Universidade Federal de

Santa Maria. E-mail: [email protected]

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nunca acabar com o prazer de escutar, participar e criar junto. Segundo a OMS4 (2002)

os cuidados paliativos surgem neste contexto, como sendo uma alternativa de

aprimoramento da qualidade de vida dos pacientes e familiares no enfrentamento dos

diversos dilemas associados a terminalidade da vida, a partir de medidas de prevenção e

alivio do sofrimento, por meio de identificação precoce, avaliação correta e tratamento

da dor e de outros problemas de ordem física, psicossocial e espiritual. Neste prisma,

diante da perspectiva de finitude da vida emergem inúmeras situações ansiogênicas, tanto

para a equipe quanto para o paciente e seus familiares, como o momento de "revelar o

diagnóstico de uma doença grave, o envolvimento emocional com o paciente, o tipo de

atenção disponibilizada ao doente com doença terminal e a necessidade de uma

intervenção psicológica para o doente e a família" (SOUZA; BOEMER, 2005)5. A

metodologia empregada será através de incursões mensais na Unidade Clínica Cirúrgica

do HUSM nos períodos manhã e tarde, previamente comunicado a toda equipe

assistencial. As atividades serão desenvolvidas por Residentes Multiprofissionais da linha

de cuidado Crônico Degenerativo em Atenção e Gestão Hospitalar da Universidade

Federal de Santa Maria. Salienta-se que a referida unidade engloba diversas

especialidades, onde encontram-se também pacientes em cuidados paliativos. Com base

no exposto o presente artigo contribui na disseminação de práticas voltadas para a

humanização do atendimento, seja para pacientes crônicos e/ou em cuidados paliativos,

e no entendimento que "o morrer não é apenas um fato biológico, mas um processo

socialmente construído”6:24.

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de

Humanização. Humaniza SUS. 1ª ed. 2ª reimpressão. Brasília – DF. 2015.

2. Funes, Mariana. O Poder do Riso: um antídoto contra a doença. São Paulo: Ground,

2001.270p.

3. Sisto, Celso. Textos e pretextos sobre a arte de contar histórias. Chapecó:Argos,

2001.136p.

4. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de cuidados paliativos. Rio de

Janeiro: Diagraphic; 2009.

5. Sousa LGA, Boemer MR. O cuidar em situação de morte: algumas reflexões. Medicina

2005. 38(1):49-54.

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6. Menezes, Rachel Aisengart. Em Busca da Boa Morte: Antropologia dos cuidados

paliativos. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2004.

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VIVÊNCIA INTERDISCIPLINAR DA EQUIPE DE APOIO EM CUIDADOS

PALIATIVOS NA ATENÇÃO DOMICILIAR DO MUNICÍPIO DE PELOTAS-

RS

Bárbara Pereira Terres1

Gabriela de Lemos Uliano2

Renato Lins Rodrigues3

Vicente Arenhart4

Introdução: Os cuidados paliativos foram definidos pela Organização Mundial de Saúde

em 2002, como a abordagem que promove qualidade de vida aos pacientes e seus

familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da vida, por meio de prevenção

e alívio do sofrimento, incluindo problemas físicos, psicossociais e espirituais1. Por esta

definição, a abordagem paliativista engloba doenças neoplásicas ou não, progressivas e

incuráveis, que requerem atenção direcionada à individualidade e autonomia do paciente

e de seus familiares2. A lei N°8.080/1990, que dispõe sobre os princípios e diretrizes do

Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro, traz o conceito de integralidade de assistência

como um conjunto articulado e contínuo de ações preventivas e curativas, individuais e

coletivas, exigidas para cada caso em todos os níveis do sistema3. Cabe destacar que a

integralidade é um tema desafiador na construção conceitual e prática. Para tanto, é

necessário identificar-se menos com as tecnologias centradas em exames e

medicamentos, como se elas fossem capazes de reestabelecer a saúde por si só, sem uma

intervenção articulada e cuidadora, que foca ne mais com o processo de cuidado centrado

nas pessoas4. A atenção domiciliar (AD) tem mostrado um caráter inovador por propor,

na própria residência do paciente, a continuidade da assistência recebida em outras

instituições, de forma integral e interdisciplinar2. A equipe de AD tem a missão de

aproximar-se da família a fim de criar vínculo, visualizar o contexto do lar e convergir

para uma clínica ampliada singular e integrada envolvendo não só paciente, mas também

cuidadores e familiares5. Neste contexto, destacam-se dois programas de AD

1Mestre em Saúde e Comportamento. Psicóloga hospitalar do Hospital Escola da Universidade Federal de

Pelotas (UFPEL). [email protected] 2 Mestre em Nutrição e Alimentos. Nutricionista do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas

(UFPEL). [email protected] 3 Mestrando em Educação Física pela Universidade Federal de Pelotas. Fisioterapeuta da Atenção

Domiciliar do Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). [email protected] 4 Especializando em fisioterapia em oncologia pela Fisiowork. Fisioterapeuta da Atenção Domiciliar do

Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL). [email protected]

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interdisciplinar no município de Pelotas: o Programa de Internação Domiciliar

Interdisciplinar (PIDI) voltado para pacientes oncológicos, e o Programa Melhor em

Casa, ambos vinculados ao Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas

(HE/UFPEL), que representaram grande avanço no fortalecimento da AD no âmbito do

SUS6,7. Objetivo: Relatar a experiência da interdisciplinaridade da equipe

multiprofissional de apoio (EMAP) da AD do HE/UFPEL. Método: Trata-se de um relato

de experiência, baseado na observação do cotidiano da equipe. O cenário que possibilitou

este relato foi um hospital público em Pelotas, RS, Brasil, que possui uma equipe

multiprofissional na AD, destacando-se na realidade nacional em Cuidados Paliativos.

No contexto deste relato, realizaram atendimentos aos pacientes: dois fisioterapeutas,

uma nutricionista e uma psicóloga. Os pacientes faziam parte dos programas Melhor em

Casa e PIDI, e foram acompanhados desde 2016 pela mesma equipe. Estes pacientes eram

encaminhados pelas equipes assistenciais e cada profissional da EMAP utilizou sua ficha

individual de avaliação. Resultados: A EMAP da AD do HE/UFPEL, ao longo de sua

prática cotidiana, vem construindo seu modelo de atuação interdisciplinar. Dentre as

atividades coletivas desenvolvidas destacam-se acolhimento dos pacientes encaminhados

e elaboração do trajeto das visitas domiciliares junto ao motorista, ora individuais ora em

grupo, de acordo com as prioridades clínicas. Além disso, eram realizados periodicamente

“rounds” clínicos com as equipes assistenciais onde foram discutidas as impressões de

cada profissional e construídas as condutas interdisciplinares, tendo em vista a

integralidade e autonomia do paciente e de sua família. A partir desses encontros e

vivências foi possível compreender a influência da atuação profissional individual na

conduta dos outros. Por exemplo, o quanto o estado nutricional limita a funcionalidade e

o bem-estar do sujeito, o quanto a imobilidade influi no metabolismo nutricional,

sobrecarga do cuidador e estados psíquicos do paciente, o quanto os transtornos mentais

desencadeiam alterações nos comportamentos alimentares e são limitadores do

autocuidado e funcionalidade. Nos pacientes em cuidados paliativos, percebemos isso de

maneira ainda mais intensa. Ao envolver temas como a terminalidade, em que cada

profissional precisa rever seus conceitos e se moldar a situação, a equipe não foca em

reabilitação, mas sim em qualidade de vida, conforto e desejos do sujeito. A partir dessas

influências recíprocas surgem novas percepções e atuações provenientes da

intersubjetividade, tornando o cuidado integral. Conclusão: A atuação de diferentes

profissionais em grupo possibilita, mas não garante, a busca pela complementaridade

entre as ciências. A troca de informações entre a equipe demonstra que o intercâmbio

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existe de forma efetiva. Não há negação das especificidades ou crença em um saber

genérico, mas sim a consciência de que, a despeito das diferenças entre os saberes, a

construção coletiva de uma prática mais efetiva é possível. Este relato contribuiu para

definições de condutas individuais, baseadas em avaliações clínicas compartilhadas, com

vistas à integralidade do cuidado. Dessa forma, a atuação interdisciplinar coloca-se como

potencializadora de uma compreensão ampliada, que em cuidados paliativos é

indispensável, pois promove atendimento integral, humanizado, com qualidade de vida e

conforto para os pacientes.

REFERÊNCIAS

1. World Health Organization. National cancer control programmes: policies and

managerial guidelines. 2rd ed. Geneve: WHO; 2002.

2. Yamaguchi AM, Taniguchi KTH, Andrade L, Bricola SAPC. Assistência domiciliar:

uma proposta interdisciplinar. São Paulo: MANOLE; 2010.

3. Brasil. Lei n. 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos

serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília,

20 de setembro de 1990. p. 18055.

4. Rech N. et al. Diretrizes gerais para uma política nacional de inclusão das ações de

diagnóstico no processo de atenção à saúde: a atenção em análises clínicas e

toxicológicas como um dos eixos estruturantes. Arq. Ciênc. Saúde UNIPAR 2015;

19(3):229-34.

5. Ministério da Saúde (BR). Caderno de Atenção Domiciliar. Brasília: MS; 2012.

6. Fripp JC, Facchini LA, Silva SM. Caracterização de um programa de internação

domiciliar e cuidados paliativos no Município de Pelotas, Estado do Rio Grande do

Sul, Brasil: uma contribuição à atenção integral aos usuários com câncer no Sistema

Único de Saúde, SUS. Epidemiol Serv Saude 2012; 21(1): 69-78.

7. Oliveira Neto AV, Dias MB. Atenção Domiciliar no Sistema Único de Saúde (SUS):

o que representou o Programa Melhor em Casa?. Divulg saúde debate 2014; 51: 58-

71.

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REDE DE APOIO SOCIAL DO CUIDADOR DE PACIENTES COM CÂNCER

EM CUIDADOS PALIATIVOS

Maiara Simões Formentin1

Andriara Canêz Cardoso2

Mateus Menezes Ribeiro3

Jéssica Siqueira Perboni4

Franciele Roberta Cordeiro5

Stefanie Griebeler Oliveira6

Introdução: Os cuidados paliativos têm por objetivo o alívio do sofrimento dos pacientes

e seus familiares que enfrentam doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção e

alívio de sintomas psíquicos, sociais e/ou espirituais. Eles fornecem uma rede de apoio

para que o paciente possa ter vida ativa até a morte e, também, dar apoio à família para

que ela possa enfrentar o período da doença até o luto1. Realizar o cuidado no domicílio

provoca mudanças no âmbito físico, psicológico e social do cuidador. Um dos aspectos

mais afetados em decorrência dessa atividade é a rede de apoio social, devido à sobrecarga

e falta de tempo para atividades no ambiente externo como lazer, relações sociais,

trabalho, dentre outros2. As redes de apoio social podem ser caracterizadas por

vizinhança, organizações religiosas, sistema de saúde e escola. Diante do exposto,

evidencia-se a importância da rede de apoio social na vida do cuidador de pacientes com

câncer em cuidados paliativos, já que ela contribui com a qualidade de vida do mesmo e

das relações no processo de cuidar. Objetivo: Identificar a rede de apoio social de

cuidadores de pacientes com câncer em cuidados paliativos. Método: trata-se de um

relato de experiência sobre a rede de apoio de cuidadores identificada a partir do projeto

de extensão Um olhar sobre o cuidador: quem cuida merece ser cuidado. Tal projeto foi

realizado com 52 cuidadores que estavam vinculadas aos programas Melhor em Casa e

Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), vinculados ao Hospital Escola

1 Acadêmica do curso de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas.

[email protected] 2 Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. Email:

[email protected] 3 Acadêmico de Terapia Ocupacional. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. Email:

[email protected] 4 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email:

[email protected] 5 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email: [email protected] 6 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. Email:

[email protected]

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UFPel/EBSERH. O desenvolvimento das ações ocorreu entre junho de 2015 e dezembro

de 2016. Como técnica de produção de dados utilizou-se os registros individuais

realizados nas fichas cadastrais, ecomapas e relatos dos cuidadores armazenadas no banco

de dados do projeto. Para esse relato foram incluídos 27 familiares que cuidavam de

pessoas com diagnóstico de câncer e em cuidados paliativos. Os dados foram

categorizados por aproximação temática. Resultados: A partir da análise dos dados

emergiram cinco categorias de fontes de apoio destes cuidadores, agrupadas em ordem

decrescente de vezes que foram citadas, são elas: familiares, religião, apoio social na

comunidade, rede de apoio a saúde e lazer. A principal rede de apoio citada foi a família,

entre as falas apareceram maridos, filhos, irmãos, sobrinhos, ex companheiros e o próprio

paciente. Com o decorrer do tempo, observou-se a configuração de diferentes tipos de

núcleos familiares. Esses núcleos são complexos, com múltiplas formas de apresentação

e devem ser reconhecidos por sua pluralidade, apresentam um contínuo processo de

transformação histórica, social e cultural4. Deve-se levar em consideração que a doença

promove uma ruptura na estrutura familiar, que leva ao desequilíbrio, gerando conflitos,

distanciamento e alteração na rotina da família. Quando esta recebe o apropriado suporte

consegue dar prioridade e gerir os problemas do doente. A simples intervenção de

reconhecimento e apoio reduz consideravelmente o stress do doente e família5. A religião

foi o segundo grupo mais citado pelos cuidadores. A adesão a essa categoria pode estar

relacionada com a finitude e os sentimentos que essa desperta no paciente e em sua

família. Por, em alguns momentos, demonstrarem sensações de impotência e/ou culpa,

alguns cuidadores buscam na religião consolo ou ajuda para enfrentar esse processo.

Outra categoria enfatizada foi o apoio social na comunidade. Sobre esse aspecto foram

citados os vizinhos, amigos e a própria comunidade. O cuidador da pessoa em cuidados

paliativos tende a se afastar de compromissos sociais. Por isso, as relações com sua rede

de apoio na comunidade mostram-se importantes, já que elas podem minimizar o

isolamento e a sensação de abandono em que se encontram muitos dos familiares. Outra

categoria que emergiu foi a rede de apoio a saúde, composta por: Programa de Internação

Domiciliar Interdisciplinar, Unidade Básica de Saúde, Melhor em casa, hospital,

Associação de Apoio a Pessoas com Câncer e profissionais de saúde. Essas redes de apoio

a saúde são responsáveis pelos cuidados diretamente com o paciente em procedimentos

técnicos, alívio da dor e relações entre paciente, além de favorecer o vínculo com os

serviços de saúde. Também possuem um papel fundamental na capacitação do cuidador

em relação ao cuidado com paciente. Finalmente, a categoria lazer foi caracterizado por:

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assistir televisão, ler, acessar as redes sociais e assistir filmes. Para os cuidadores, esses

momentos são uma forma de fuga da realidade, nas quais eles podem se envolver em

outras atividades que consideram prazerosas. Conclusão: Conclui-se que a identificação

da rede de apoio social mostra-se relevante, pois possibilita o apoio e o suporte que

auxiliam no alívio da sobrecarga daqueles que cuidam de pessoas com câncer em

cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS

1. Inocenti A, Rodrigues IG, Miasso AI. Vivências e sentimentos do cuidador familiar do

paciente oncológico em cuidados paliativos. Rev Eletr Enfermagem, 2009; 11(4):858-65.

2. Amendola F, Oliveira MAC, Alvarenga MRM. Influência do apoio social na qualidade

de vida do cuidador familiar de pessoas com dependência. Rev Esc Enfer USP 2011;

45(4):884-9.

3. Sancrez KOL, Ferreira NMLA, Dupas G, Costa DB. Apoio social à família do paciente

com câncer: Apoio social à família do paciente com câncer: identificando caminhos e

direções identificando caminhos e direções. Rev Bras Enfermagem 2010; 63(2):290-9.

4. Conico SD, Arpini DM. A família em mudanças: desafios para a paternidade

contemporânea. Pens Famílias 2013; 17(1):28-40.

5. Gomes AMR. O cuidador e o doente em de fim de vida – família e/ou pessoa

significativa. Enfer Global 2010; 18:1-9.

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MEDICINA PALIATIVA: A COMPREENSÃO DOS PROFISSIONAIS DE

SAÚDE SOBRE ESPIRITUALIDADE NO CUIDADO INTEGRAL AOS

PACIENTES ONCOLÓGICOS EM FINITUDE

Luiz Gustavo Teixeira Pinto1

Carolina Machado2

Julio Massuo Makimori3

Luana Carina Czapla4

Tamires Farina Menegat5

Luiza Soster Lizott6

Introdução: No cuidado paliativo oncológico, os profissionais de saúde têm o desafio de

encontrar significados e respostas aos questionamentos do processo de viver, adoecer,

curar, morrer e de implementar medidas para promover a vida ou aliviar o sofrimento. O

paciente oncológico convive com uma doença de repercussões múltiplas: físicas,

psíquicas, sociais e espirituais. Em especial, nestes pacientes em finitude, o cuidado está

voltado para a qualidade de vida, devendo-se voltar o cuidado para individualidade,

singularidade, sentido da vida, crenças e valores culturais. Esse processo de finitude pode

ser vivido de diversas maneiras de acordo com os significados atribuídos a este evento

pelo paciente – que está inserido em uma sociedade, com seus próprios conceitos sobre a

morte. Por isso não se deve conceber a morte como um fim, mas como um processo, pois

considerando o paciente como um ser social e histórico, seu cuidado no fim de sua vida

significa ouvi-lo, entender suas demandas e respeitá-las. Segundo a definição da

Organização Mundial de Saúde, cuidado paliativo é a abordagem que promove qualidade

de vida de pacientes e seus familiares diante de doenças que ameaçam a continuidade da

vida, através de prevenção e alívio do sofrimento. Requer a identificação precoce,

avaliação e tratamento impecável da dor e outros problemas de natureza física,

psicossocial e espiritual. Dentro desta abordagem integral à finitude, a espiritualidade

pode ser compreendida como aquilo que traz propósito à vida das pessoas. Uma

propensão humana a buscar significado à existência por meios que transcendem o

tangível, que pode ou não incluir uma participação religiosa. A percepção espiritual da

realidade dá ao indivíduo uma dimensão mais ampla de significados para os eventos da

vida diária e pode reorganizar subjetivamente suas experiências. Os pacientes têm suas

próprias crenças e tradições que influenciam o modo como lidam com a doença, e quando

hospitalizados em geral são isolados de suas comunidades espirituais/religiosas, sem o

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suporte e geralmente em situação desfavorável. Essa importante demanda deve ser

reconhecida e de certa forma atendida pela equipe de saúde. A importância do

reconhecimento da espiritualidade como estratégia de enfrentamento e identificação das

necessidades espirituais do paciente faz com que o profissional de saúde possa planejar e

fornecer uma assistência da forma mais integral possível. Tendo em vista a relevância do

tema, esse trabalho teve a intenção de pesquisar a compreensão dos profissionais de saúde

de um serviço oncológico hospitalar situado em Balneário Camboriú-SC sobre a

espiritualidade e seu papel no cuidado integral aos pacientes oncológicos em finitude.

Objetivo: Compreender a percepção dos profissionais de saúde sobre a espiritualidade

no cuidado integral aos pacientes oncológicos em finitude, apresentar o modelo de

cuidado em saúde e sua relação com espiritualidade. Método: O tipo de estudo realizado

foi qualitativo, de natureza teórico-prática, exploratória com abordagem fenomenológica.

O projeto foi submetido e aprovado no comitê de ética da UNIVALI. A coleta de dados

se deu através de entrevista não-diretiva, buscando compreender o objeto da pesquisa: a

compreensão da espiritualidade nas falas da equipe multiprofissional de um serviço de

oncologia hospitalar. A população pesquisada foi composta por 9 profissionais da área de

saúde composta por 3 médicos, 1 enfermeira, 1 psicóloga, 2 nutricionistas, 2 técnicos de

enfermagem da equipe interdisciplinar do serviço de Oncologia de um hospital privado

na cidade de Balneário Camboriú -SC. As perguntas realizadas no processo de entrevista

foram as seguintes: “O que significa espiritualidade para Sr. (Sra.)?”; “Na sua percepção,

a espiritualidade pode influenciar o processo saúde-doença nos pacientes oncológicos em

finitude? Se sim, de que modo?”; “O Sr. (Sra.) tem como rotina abordar questões sobre a

espiritualidade com os pacientes oncológicos em finitude? Se não, Por que não?”

Resultados e conclusões: Os entrevistados acusaram que, o significado da espiritualidade

no cuidado paliativo de pessoas com câncer relacionou-se ao sentido de vida de cada

pessoa, seus significados e propósitos, além da percepção de uma energia motivadora

transcendente. Quanto a influência da espiritualidade no processo saúde-doença, as falas

foram mais concordantes, apesar de conceituarem diferentemente os princípios

fundamentais de cuidado e espiritualidade. Os profissionais acreditaram com muita

firmeza que a espiritualidade influencia o processo saúde-doença das pessoas em

cuidados paliativos, especialmente quanto ao enfrentamento e resiliência. Portanto, por

mais que haja dificuldades conceituais sobre o fenômeno da espiritualidade no processo

de saúde-doença, não podemos negar que tal dimensão da pessoa precisa ser acessada e

melhor compreendida para saber cuidar com maior humanidade.

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INTERVENÇÕES EM CUIDADOS PALIATIVOS: A

INTERDISCIPLINARIEDADE NA PROMOÇÃO DE AUTONOMIA

Lenise Selbach1

Nathalie da Costa Nascimento2

Luisiana Fillipin Onófrio3

Patrícia da Silva Cecim4

Introdução: O termo “cuidados paliativos” é utilizado para designar a ação de uma

equipe multiprofissional a pacientes fora de possibilidades terapêuticas de curai. Para tal,

requer identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e outros problemas de

natureza física, psicossocial e espiritual. Quando se trata da atuação da psicologia

percebe-se de modo geral que seu objetivo possibilitar que sujeito e família tenham um

espaço de reflexão e elaboração das experiências de adoecimento, processo de morte e

luto. A atuação do terapeuta ocupacional busca ampliar a autonomia e as possibilidades

do fazer do paciente, proporcionando um cotidiano menos afetado, pois, a vida não pode

perder seu sentido. As atividades utilizadas como recurso terapêutico são compreendidas

como possibilitadoras de experiências de potência, ao permitir criar projetos e resgatar

capacidades/habilidades remanescentes. Dessa forma, cuidar paliativamente exige

sabedoria e sensibilidade e requer um tratamento abrangente e complexo com integração

interdisciplinarii. Objetivo: contribuir para o desenvolvimento de práticas de saúde

voltadas para o cuidado integral de cada sujeito fortalecendo a importância de propostas

interdisciplinares. Método: Trata-se de um relato de experiência baseado nas primeiras

atuações de uma psicóloga e uma terapeuta ocupacional do programa de residência

multiprofissional desenvolvida em um hospital escola. O público-alvo das intervenções

são pacientes oncológicos adultos sem possibilidade de tratamento curativo. Os pacientes

são atendidos a partir de solicitação dos profissionais da equipe para avaliação de cada

núcleo profissional, análise de prontuário e busca ativa. Por intermédio da escuta clínica,

discussão do quadro clínico com membros da equipe e principalmente a partir da

1Autora do trabalho. Psicóloga. Residência Multiprofissional Integrada em Gestão e Atenção Hospitalar no

Sistema Público de Saúde, ênfase em Hemato-oncologia pela Universidade Federal de Santa Maria - RS.

E-mail: [email protected]. 2Autora e relatora do trabalho. Terapeuta Ocupacional. Residência Multiprofissional Integrada em Gestão

e Atenção Hospitalar no Sistema Público de Saúde, ênfase em Hemato-oncologia pela Universidade Federal

de Santa Maria - RS. Email:[email protected] 3Coautora do trabalho. Terapeuta Ocupacional. Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail:

[email protected] 4 Coautora do trabalho. Psicóloga. Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail: [email protected]

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disponibilidade e do desejo do paciente de ser acompanhado é realizada uma avaliação

do caso e propostas intervenções que são reavaliadas em todo o processo de atendimento.

Resultados: O que se têm percebido nos casos atendidos até o presente momento é que

os pacientes em cuidados paliativos apresentam limitações físicas no desenvolvimento de

atividades; afastamento dos vínculos familiares pelo longo tempo de internação e

limitações de visitas devido a infecções e intercorrências; perda funcional e

desconhecimento acerca do prognóstico. Todas essas questões influenciam no estado

emocional e enfrentamento da situação. A partir disso são desenvolvidas intervenções

pela terapeuta ocupacional utilizando-se de recursos como: Comunicação Alternativa

(CA), confecção de recordações para familiares, estimulação cognitiva, escuta das

necessidades, manobras de posicionamento no leito, alternação de decúbito, orientações

de conservação de energia e exercícios para Neuropatia Periférica Induzida por

Quimioterapia (NPIQ), buscando com essas ações a independência e a autonomia nas

atividades de vida diária (AVDs) do sujeito e prevenção de deformidades e disfunções.

Na proposta terapêutica sempre é considerada a condição clínica do paciente, de modo

que as atividades não sejam iatrogênicas. Já a psicologia oferece um espaço de escuta,

acolhimento, acompanhamento em determinados procedimentos fortalecendo um espaço

de segurança e confiança. Construção conjunta com familiares sobre o manejo do paciente

e situação, abordagens de assuntos e desejos do paciente de forma empática e respeitando

a vontade cada sujeito em olhar para a situação. O fato é que todas estas práticas

acontecem interrelacionadas contribuindo para a autonomia do paciente. Ainda se

percebem muitas dificuldades relacionadas a falta da compreensão do papel do psicólogo

e do terapeuta ocupacional no contexto hospitalar e do respeito ao olhar de cada um frente

ao paciente. No entanto, é possível perceber avanços ao longo das intervenções pois estas

favorecem que cada profissional construa o seu espaço e esclareça seu papel além de

ressaltar a importância do trabalho multi e interdisciplinar. O vínculo com o paciente

também é reforçado à medida que este percebe um espaço de escuta e valorização de suas

possibilidades. Conclusões: Em meio a esse contexto inicial de descoberta, exploração,

intervenções e reflexões em Cuidados Paliativos é possível perceber que a atuação

interdisciplinar é fundamental a fim de promover qualidade de vida mesmo frente a

iminência de morte. Para isso, pressupõe-se a presença de uma equipe que paute seu

trabalho fundamentalmente na empatia e no respeito ao outro. Cabe ressaltar que trabalhar

em equipe não se trata de dizer o que o outro tem que fazer ou fazer o que ele faz, mas

sim refletir sobre de que forma o saber do outro pode ajudar a aprimorar o que cada um

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está fazendo. Além disso, com estas experiências iniciais cada vez mais percebe-se a

importância de avaliar se as práticas propostas fazem sentido para que sejam provedoras

de benefícios para o sujeito.

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ASSISTÊNCIA PRESTADA A UM PACIENTE FORA DA POSSIBILIDADE DE

CURA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Silvia Francine Sartor1

Bruna Gil Vicente2

Luiza Rodrigues3

Janaina Baptista Machado4

Bruna Knob Pinto5

Stefanie Griebeler Oliveira6

Introdução: o câncer de estômago é uma das neoplasias malignas mais comuns e

configura como a segunda causa de morte a nível mundial. Além de apresentar uma alta

taxa de mortalidade1, acarreta alterações na vida do paciente e da família. Desse modo, a

assistência não se basta apenas com a prática tecnicista e curativa, deve-se incluir todo o

cuidado que esteja disponível. Diante deste panorama, a enfermagem possui um

importante papel no desenvolvimento da assistência, permitindo a realização de um

cuidado integral e humano para atender as singularidades do adoecimento quando no

ambiente hospitalar. Objetivo: descrever a assistência de enfermagem ofertada a um

paciente com neoplasia gástrica fora da possibilidade de cura em uma unidade de clínica

médica. Metodologia: relato de experiência oriundo de um estudo de caso de base

qualitativa e exploratória. A coleta de dados foi realizada nos dias 30 de setembro e 7 de

outubro, enquanto a construção textual ocorreu desde o primeiro contato até o mês de

novembro de 2015. O estudo foi construído a partir da situação de um paciente internado

no município de Pelotas. O estudo foi elaborado por três acadêmicas de enfermagem do

quinto semestre da Universidade Federal de Pelotas, durante as atividades em campo

prático do componente curricular Unidade do Cuidado de Enfermagem V - Adulto e

Família. Primeiramente, foi feita a escolha do paciente, lhe foi solicitada autorização para

acompanhá-lo e, a partir disso, foi assinado o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) em duas vias. A coleta de dados envolveu entrevista e exame físico

detalhado, conforme instrumento guia padrão, além de informações do prontuário do

1 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected]

2 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected]

3 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected]

4 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected]

5 Enfermeira. MsC em Ciências. Doutoranda do PPGEnf/UFPEL. E-mail: [email protected]

6Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

[email protected]

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paciente. Com isso, se preservou o anonimato, respeitando a Resolução 466/122 do

Conselho Nacional de Saúde. Dessa forma, para identificar o paciente, foi utilizado o

pseudônimo “Benjamin”. Resultados: Benjamin, 66 anos, sexo masculino, branco,

luterano. Natural de Pelotas, residindo em área urbana, aposentado, casado há 45 anos,

três filhos e cinco netos. Ex-tabagista e hipertenso. Sua história inicia em 2013, quando

descobriu uma neoplasia gástrica, para qual foi realizada uma gastrectomia total e uma

jejunostomia. Realiza quimioterapia de 15 em 15 dias. Por ser um paciente em

estadiamento IV, decidiu-se abordar a terminalidade. Benjamin e sua família têm sido

acompanhados pelo Programa de Internação Domiciliar (PIDI), vinculado ao Hospital

Escola da Universidade Federal de Pelotas. Durante as conversas, Benjamin relatou estar

incomodado com o barulho, e dizia sentir um cheiro forte e incomodativo, fétido. Além

disso, relatou querer um leito sozinho, do que pode ser inferido um desejo por se isolar e

ter um momento para si e para os seus. Em vários momentos se emocionou,

principalmente quando o diálogo era focado em sua família. Ainda, considerando que o

câncer traz consigo transformações físicas, psíquicas e sociais na vida dos indivíduos

acometidos, se torna de suma importância compreender também sua repercussão na vida

familiar. O câncer é uma doença que possui muitos estigmas e traz consigo uma gama de

sentimentos negativos em todos os estágios, seja no diagnóstico ou tratamento.

Conclusão: tendo por base o que vimos na unidade de internação, os cuidados de alguns

profissionais centram-se nos gestos técnicos. Não parece haver espaço para um momento

de escuta terapêutica. O paciente não sente apenas dor física, necessita também de

cuidados psicológicos e espirituais, assim como seus familiares. Além disso, acreditamos

que, por se tratar de um paciente fora da possibilidade de cura, e que não estava exigindo

muitos cuidados práticos, outros aspectos subjetivos poderiam ter sido abordados. Por

intermédio de uma escuta terapêutica, os profissionais de saúde poderiam ter observado

e escutado seu relato e de sua companheira, frente ao desconforto com o ambiente. Cabe

ressaltar que em seu período de internação, dois quartos de isolamento da unidade

estavam vagos. Contudo, não houve receptividade ou ação por parte da equipe, tanto

médica quanto de enfermagem, para o encaminhar para um dos leitos, o que propiciaria

maior conforto tanto ao paciente quanto a família. Nessa perspectiva, acredita-se ser

imprescindível que a equipe de saúde, dentro das suas possibilidades, busque alternativas

e desenvolva a escuta terapêutica como forma de qualificar e humanizar a assistência em

saúde, em especial aos pacientes que passam pelo intenso processo da terminalidade.

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Diante disso, tem-se que o cuidado medicamentoso é fundamental, entretanto, há de se

atentar também às outras necessidades humanas, que transcendem o físico.

REFERENCIAS

1. Santos AS, Burchianti LC, Netto NA, Mazon VA, Malheiros CA. Adenocarcinoma

gástrico. Arq Med Hosp Fac Cienc Med Santa Casa São Paulo 2015;60:156-9

2. Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº. 466, de 14 de dezembro de 2012.

Dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos. Disponível em:

http://conselho.saude.gov.br/ (24 abr 2017).

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PRÁTICAS DE CUIDADO DE SI POR MEIO DOS RECURSOS

TERAPÊUTICOS NOS PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS

Francielly Zilli1

Stefanie Griebeler Oliveira2

Introdução: O diagnóstico e tratamento de uma doença que ameaça a vida limita não só

o desempenho ocupacional das atividades da vida diária (AVD), mas também o

desempenho dos papeis ocupacionais. As possibilidades de expressão de vida durante o

enfrentamento da doença ocorrem através das intervenções terapêuticas ocupacionais que

se estabelecem pelo processo de tríade construído entre terapeuta – atividade – paciente.

Dessa forma, os recursos terapêuticos (atividades) são utilizadas como mediadoras para

expressões de vida e de reconhecimento de si durante um processo de adoecimento onde

há o risco eminente de morte1. Assim, perceber a utilização dos recursos terapêuticos

como facilitadores das práticas de cuidado de si vistas por Foucault2 como ações de si

para consigo, formas de atenção/olhar para si, e principalmente como ações que nos

modificam e nos transformam, permite avivar a importância da utilização dos recursos

terapêuticos como formas de intervenções com pacientes oncológicos. Objetivo:

Despertar o olhar para a utilização dos recursos terapêuticos como formas de cuidado de

si nos pacientes em cuidados paliativos. Método: Trata-se de um estudo de quatro casos

clínicos apresentados como Girassol, Gérbera, Lótus e Pessegueiro, realizado no período

de outubro de 2015 a janeiro de 2016, sendo fruto do trabalho de conclusão de Residência

Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica realizado em um Hospital Escola

vinculado a uma Universidade Federal do Sul do Rio Grande do Sul. A pesquisa seguiu

os princípios da Resolução nº466/12, sendo submetida ao Comitê de Ética e Pesquisa e

aprovado através do processo nº104561/2015. Resultados: Inicialmente, apresentamos

os novos modos de vida experienciados por Girassol, homem, 40 anos, com diagnóstico

de câncer de testículo somado a metástase pulmonar, o qual busca através do artesanato

com materiais reciclados ressignificar a vida, sendo essa atividade um forte

potencializador do resgate ocupacional durante o período de hospitalização. Girassol

tornou-se mais ativo no processo de cuidado, o qual referia a atividade terapêutica como

parte do seu tratamento comparando-a aos aportes nutricionais, remédios e a

1 Terapeuta Ocupacional. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Universidade

Federal de Pelotas. [email protected] 2 Enfermeira Doutora. Decente na Universidade Federal de Pelotas. [email protected]

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quimioterapia, com a diferença de que enquanto estes eram estabelecidos pela doença, a

terapia ocupacional se estabelecia pela necessidade de reconhecer a si mesmo. Gérbera,

mulher, 34 anos, diagnosticada com câncer de mama, semanalmente realizava

atendimento terapêutico ocupacional com o intuito de converter o olhar para si e

reencontrar a Gérbera aprisionada pelo câncer. Após expressar o quanto sentia-se um

passarinho preso na gaiola, ela chega para atendimento e encontra na porta da sala uma

cortina de papel crepon a qual representava simbolicamente a porta da gaiola que a

aprisionava. A festa que Gérbera encontrou ao entrar marcava uma nova forma de refletir

sobre si mesma. Foi no setting terapêutico que ela experienciou o resgate da

permissibilidade de converter o olhar para si e ressignificar o eu doente. Lótus, mulher,

60 anos, enfrentando o diagnóstico de câncer de reto passa a usar duas bolsas de

colostomia, apresentando dificuldades para compreender a modificação corporal: aos

poucos, ela foi se afastando, passando a dormir na maior parte do tempo. Objetivando o

cuidado de si, foi proposto a confecção de uma bolsa de tecido que possibilitasse a

reflexão sobre a vida com a bolsa de colostomia. Esta proposta foi recusada, levando

assim a terapeuta a confeccionar o “saquinho de sentimentos bons”, o qual oportunizou

Lótus associar, através de um novo modo de encarar as coisas, a colostomia ao seu bem

estar. Com isso, a paciente, na relação com o outro (o TO) e na representatividade

simbólica, modificou-se por meio de reflexões, escutas, diálogos, explorando novas

possibilidades de cuidado de si, bem como se reorganizando pela nova configuração do

corpo. Por fim, Pessegueiro, homem, 37 anos, diagnosticado com leucemia mieloide

Aguda tipo I, encontrava no setting terapêutico, espaço para planejar as partidas futuras

da vida. Dessa forma, para ganhar na disputa do jogo, Pessegueiro precisava mudar suas

estratégias a cada rodada, da mesma forma, para ganhar das limitações experienciadas

pela doença, foi preciso ele mudar as estratégias de perceber a vida. Nessa relação, era

possível, através do processo transferencial, identificar “o coringa que tem ajudado na

partida da vida”, à ocupação terapêutica, a qual proporcionou através do jogo com cartas

alterar as formas de olhar para si, proporcionando assumir e modificar novas práticas de

cuidado e de enfrentar o adoecimento. Conclusões: Olhar os recursos terapêuticos como

práticas de cuidado de si fortalece a assistência integral e reforça a potencialidade das

intervenções terapêuticas ocupacionais com pacientes com doenças que ameaçam a vida.

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REFERÊNCIAS

1. Pedral, C; Bastos, P. Terapia Ocupacional: Metodologia e Prática. Rio de Janeiro:

Rubio, 2013.

2. Costa, A; Othero, MB; Candido, T. O papel da Terapia Ocupacional nos cuidados

paliativos. In: Costa, A; Othero, M. Reabilitação em Cuidados Paliativos. Loures:

Lusodidacta; 2014.

3. Foucault, M. A hermenêutica do sujeito. 3º ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.

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ENFRENTAMENTO DA MORTE INEVITÁVEL DE UM PREMATURO

EXTREMO: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Aline Nogario¹

Edison Barlem 2

Francielle Sena ³

Jéssica Fagundes 4

Kendra Castanha 5

Introdução: A unidade de terapia intensiva neonatal é destinada ao atendimento

específico ao recém-nascido (RN) prematuro ou a termo que apresenta alguma

comorbidade ao nascer e que necessita de cuidados especiais, como a monitorização

contínua até o restabelecimento completo de sua saúde(1).Segundo a Organização

Mundial da Saúde (OMS), a prematuridade pode ser classificada de acordo com a idade

gestacional, sendo ela moderada para os recém-nascidos entre 32 e 36 semanas de

gestação; acentuada para os nascidos entre 38 e 31 semanas de gestação e prematuros

extremos para aqueles bebês que nasceram com menos de 28 semanas de idade

gestacional, os quais na grande maioria apresentam um maior risco de morte devido o

contexto de suas condições fisiológicas(2). Diante disso, os cuidados paliativos podem ser

utilizados para definir a ação da equipe de saúde multiprofissional e orientar as condutas

dispensadas aos pacientes sem possibilidade de cura, em situação de morte

iminente(3).Estes cuidados foram definidos em 1990 pela OMS e redefinidos em 2002,

como uma abordagem necessária para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes e

familiares em situação de enfrentamento de doenças terminais, através da prevenção e

alívio do sofrimento com a identificação, avaliação e tratamento adequado da dor e outros

agravos, sejam eles físicos, espirituais ou psicossociais.(4) Objetivo: Refletir sobre o

enfrentamento da morte inevitável de um prematuro extremo em uma unidade de

tratamento intensivo neonatal. Método: Trata-se de um relato de experiência de uma

enfermeira que atua como técnica em enfermagem em uma unidade de terapia intensiva

neonatal de um Hospital Universitário no extremo sul do Brasil. No início do ano de 2017

recebemos a internação de gemelares de 22 semanas. O primeiro RN teve seu nascimento

na rua devido à situação de vulnerabilidade de sua mãe, a qual era usuária pesada de crack

e sob os efeitos da droga não conseguiu identificar o início do trabalho de parto e procurar

um serviço de saúde. Esse RN pesou aproximadamente 670g e, ocasionado por sua

condição extrema de prematuridade, não conseguia manter uma temperatura corporal

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acima de 32,2°C. Mesmo após inúmeras manobras, como a colocação de algodão

ortopédico sob seu corpo e nas extremidades, troca de incubadora para uma com melhor

sistema de aquecimento e colocação de plástico filme sobre o bebê, sua temperatura não

excedeu 34,4°C ao fim do plantão. Infelizmente, mesmo com todo suporte prestado pela

equipe, devido às condições inviáveis de manutenção de vida o recém-nascido foi a óbito.

Essa perda gerou uma grande sensação de incapacidade e fracasso na profissional

responsável pelo cuidado direto, gerando dúvidas quanto as reais necessidades de suas

condutas ao auxiliar na coleta de sangue e punção para verificar glicemia, exemplos de

procedimentos dolorosos e não eficazes na manutenção da vida, além do questionamento

do que poderia ter sido feito para amenizar o sofrimento do bebê. Resultados:

Atualmente, os recursos utilizados em unidades de terapia intensiva, principalmente nas

neonatais, estão disponíveis como formas de intensificar o processo de cuidado, o que

muitas vezes amplia o processo de morrer e consequentemente levam a um maior

sofrimento para pacientes, familiares e profissionais diretamente responsáveis pelos

cuidados. A escassa discussão a respeito da morte digna traz aos profissionais a sensação

de que a morte é evitável e, consequentemente, a obrigação em prolongar a vida mesmo

diante da inviabilidade, como forma de afirmar sua capacidade(5). Os profissionais da

enfermagem, apesar de suas vivências cotidianas, não estão preparados para lidar com a

morte, pois surgem sentimentos de culpa, fracasso e questionamentos quanto as suas

condutas, o que representa claramente a dificuldade em compreender a transição entre a

vida e morte(6-7). Todo esse processo poderia ocorrer de melhor forma se houvesse a

implementação de uma linha de cuidados paliativos, com preparo da equipe e discussões

no grande grupo multiprofissional quanto às condutas que são necessariamente adequadas

a cada bebê individualmente. Conclusão: A partir da discussão e entendimento das

condições de manutenção de vida de um RN prematuro extremo, percebe-se que existe

uma grande necessidade de discussão entre os profissionais quanto às condutas da equipe

no desenvolvimento do cuidado, pois trata-se de um tema pouco explorado desde a

graduação, o que influi negativamente no enfrentamento destas situações. Grande parte

dos profissionais passam por um processo doloroso de perda, pois atribuem a morte como

consequência do seu fracasso profissional. Para tanto, conclui-se que é necessário abordar

e discutir de forma mais ampla a magnitude dos cuidados paliativos, de forma que o

cuidado se torne mais qualificado e seja voltado às necessidades dos bebês de forma a

não os submeter as condutas terapêuticas dolorosas e desnecessárias em situação de morte

iminente.

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REFERÊNCIAS

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações

Programáticas Estratégicas. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os

profissionais de saúde [livro eletrônico]. 2a ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

[citado 2015 Nov 27].

2. WHO Palliative Care: symptom management and end-of-life care, 2004.

http://www.who.int/3by5/publications/documents/en/genericpalliativecare082004.p

df

3. Carvalho RT, Parsons HR. Manual de cuidados paliativos. Academia Nacional de

Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic; 2012.

4. Almeida FA, Moraes MS, Cunha MLR. Cuidando do neonato que está morrendo e

sua família: vivências do enfermeiro de terapia intensiva neonatal. Rev Esc Enferm

USP · 2016; 50(n.esp):122-129.

5. Silva LC, Valença CN, Germano RM. Estudo fenomenológico sobre a vivência da

morte em uma unidade de terapia intensiva neonatal. Rev Bras Enferm [Internet].

2010 [citado 2015 Nov 27]; 63(5): 770-4. Disponível em:

http://dx.doi.org/10.1590/S0034- 71672010000500012

6. Cardoso DH, Muniz RM, Schwartz E, Arrieira IC. Cuidados paliativos na assistência

hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional. Texto Contexto Enferm

[Internet]. 2013 [citado 2015 Nov 27]; 22(4): 1134-41. Disponível em:

http://dx.doi.org/10.1590/ S0104-07072013000400032

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PROJETO TERAPÊUTICO SINGULAR COMO DISPOSITIVO POTENCIAL

NOS CUIDADOS PALIATIVOS

Lorrane Nogueira de Carvalho1

Cintia Camila Santos de Souza Costa2

Munique Pimentel Gomes3

Bárbara da Silva Gama4

Bianca Contreira de Jung5

Introdução: Um dos princípios básicos do Sistema Único de Saúde (SUS) é a

integralidade da assistência, que significa atender as necessidades do usuário e da

população através de serviços e cuidados específicos, devendo incluir, também, o cuidado

paliativo (CP)1. Nesse sentindo, destaca-se que a abordagem do CP na Atenção Primária

à Saúde (APS) é imprescindível, visto que, é a equipe da APS a responsável pelo apoio

ao usuário e à família, garantindo o controle de sintomas indesejados e promovendo a

dignidade no processo de morte do usuário2. Acredita-se que o CP, quando é desenvolvido

na Atenção Domiciliar (AD), pode superar o modelo técnico-assistencial em saúde e

promover, com efetividade e eficácia, a integralidade da assistência. Destaca-se que a AD

é um dispositivo que apresenta como um dos seus objetivos o fortalecimento da

autonomia do usuário3. Outro instrumento capaz de garantir essa integralidade, é o Projeto

Terapêutico Singular (PTS) que constitui-se como uma ferramenta essencial de cuidado,

o qual também, é um dispositivo que promove a apropriação do usuário no seu processo

de cuidado, tornando-o um agente ativo das suas necessidades em saúde4. O PTS ocorre

em quatro etapas: 1a) O diagnóstico, que trata-se de uma avaliação biopsicosocioespiritual

do usuário, captando a sua singularidade; 2a) A definição de metas, que são propostas

1 Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio

Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do

Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: [email protected]. 2 Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio

Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do

Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: [email protected]. 3 Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio

Grande. Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do

Programa de Educação Tutorial – PET/Enfermagem. E-mail: [email protected]. 4Acadêmica do 7° semestre do curso de graduação em enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande.

Membro do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem e Saúde – NEPES. Bolsista do Programa

Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PROBIC/FAPERGS. E-mail:

[email protected]. 5 Enfermeira. Mestre em enfermagem. Doutoranda em Enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem da

Universidade Federal do Rio Grande. E-mail: [email protected].

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terapêuticas do profissional de maior vínculo com o usuário; 3a) A divisão de

responsabilidades das tarefas individuais e; 4a) É a reavaliação do PTS com o intuito de

verificar a eficácia das metas propostas5. A partir do que foi exposto, este trabalho

justifica-se pela necessidade em refletir sobre a importância do PTS no CP, desenvolvido

na AD da APS, como um potencializador da assistência ao usuário. Objetivo: Refletir

como o PTS pode potencializar a assistência ao usuário em CP desenvolvido na AD da

APS. Metodologia: Trata-se de um levantamento bibliográfico desenvolvido a partir da

questão norteadora: como o PTS pode constituir-se em um dispositivo que potencializa a

integralidade da assistência à saúde do usuário em cuidados paliativos na AD da APS.

Inicialmente realizou-se a busca de artigos científicos na base de dados Biblioteca Virtual

em Saúde: saúde pública Brasil, no mês Abril de 2017. Foram utilizados os descritores

“cuidados paliativos” e “atenção primária à saúde” e, como critérios de inclusão, ser

artigo, estar disponível em texto completo e no idioma português. Ao final da busca foram

encontrados 14 artigos e, após a leitura criteriosa dos mesmos, percebeu-se que apenas

um artigo abordava o tema em questão. Em consequência da pouca produção científica

acerca da temática, este estudo foi construído com base na leitura crítica de manuais do

Ministério da Saúde (MS) e do único artigo científico selecionado. Resultados: O PTS é

um plano terapêutico desenvolvido para atender a singularidade do usuário e resulta da

discussão coletiva de uma equipe multidisciplinar, visando atender todas as necessidades

do mesmo6. Este plano geralmente é utilizado em situações mais complexas, havendo a

necessidade de uma equipe integrada para valorizar aspectos que vão além do diagnóstico

médico5. O profissional da saúde ao exercer o CP ao usuário na AD deve levar em

consideração a sua cultura e suas crenças, informando o que o usuário deseja saber,

atentando para o controle dos sintomas da doença, em especial a dor, e permitindo que o

mesmo expresse seus sentimentos para o alivio do sofrimento e o planejamento de sua

morte2. Quando este profissional atua conscientemente e desconsiderando os seus dilemas

éticos, ele é capaz de desenvolver o PTS como um dispositivo técnico na produção da

saúde, que promove o planejamento, a avaliação e o aprimoramento da assistência ao

usuário6. Contudo, o artigo selecionado destacou que o PTS somente era utilizado nos

casos mais complexos e de forma não padronizada pela equipe da Estratégia Saúde da

Família durante a assistência no CP6. Destaca-se que o PTS pode ser um dispositivo

potencializador da assistência na AD ao usuário em CP, através do cuidado direcionado

às necessidades individuais do usuário, sem considerar, apenas, o seu diagnóstico médico.

Conclusão: A partir deste trabalho foi possível refletir que o PTS pode potencializar a

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assistência ao usuário em CP na APS, através da equipe multidisciplinar como

integradora do cuidado, com vistas a tratar o usuário em sua singularidade, diminuindo

sintomas desconfortáveis e suas angústias no planejamento final da sua vida. Tendo em

vista a importância do PTS, sugere-se que novos estudos sejam realizados acerca da

temática focados aos cuidados paliativos na APS e que a sua utilização se torne

padronizada.

REFERÊNCIAS

1. Lei nº 8.080, de 19 de Setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a

promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos

serviços correspondentes e dá outras providências. Diário Oficial da União, 19 Set

1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.html.

2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção

Básica. Coordenação-Geral de Atenção Domiciliar. Caderno de Atenção Domiciliar. Vol.

2. Brasília: Ministério da Saúde; 2012.

3. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria n° 963, de 27 de maio de 2013. Redefine a

Atenção Domiciliar no Âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

4. Merhy EE. Apostando em projetos terapêuticos cuidadores: desafios para a mudança

da escola médica ou utilizando-se da produção dos projetos terapêuticos em saúde como

dispositivo de transformação das práticas de ensino-aprendizagem que definem os perfis

profissionais dos médicos. Campinas; 2013.

5. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política

Nacional de Humanização. Clínica ampliada, equipe de referência e projeto terapêutico

singular. 2. ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.

6. Combinato DS, Martins STF. (Em defesa dos) Cuidados Paliativos na Atenção

Primária à saúde. O Mundo da Saúde, São Paulo. 2012;36(3):433-441.

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A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA EM ENFERMGEM A PACIENTE

MASTECTOMIZADA ACOMETIDA POR METÁSTASE ÓSSEA

Fabrício Diel¹

Amanda Do Val²

Lavinia Alves³

Sabrina Farias4

Vitória Souza5

Ana Paula Escobal61

Introdução: Mulheres acometidas por câncer de mama vivenciam momentos de dor

física e psicológica durante a doença e isto influencia em todo o processo da doença,

desde a aceitação até o final do tratamento longo e agressivo. Em alguns casos tendo que

lidar não apenas com diferentes aspectos de sua vida social e afetiva, mas também com a

aceitação de um corpo marcado e o convívio com esta nova imagem.¹ Frente a isso o

processo de enfermagem é entendido como uma ferramenta metodológica que orienta o

cuidado do profissional de enfermagem e a documentação prática.² Ainda a literatura

aponta que 45% das pacientes que são diagnosticadas com a patologia, carregam

evidencia de metástase óssea para regiões próximas ou distantes. Com dados mais

precisos as áreas afastadas mais afetadas são ossos 71%, pulmões 69%, fígado 65%,

pleura 51%, supra-renais 49%, pele 30% e cérebro 20%.³ Frente a isso a implementação

da Sistematização da Assistência de Enfermagem possibilita cuidados individualizados,

ancorados nas particularidades dos pacientes oncológicos e também proporciona avanços

na qualidade da assistência. Além dos benefícios para os pacientes, também são

observados com a implantação da Sistematização da Assistência de Enfermagem,

benefícios em relação a instituição e os profissionais da equipe multidisciplinar.4

Objetivo: Implementar a Sistematização de Assistência em Enfermagem a paciente

acometida por câncer de mama com metástase óssea. Metodologia: Trata-se de uma

pesquisa de abordagem qualitativa do tipo estudo de caso. O estudo de caso visa à

investigação de um evento contemporâneo em seu contexto no mundo real, mesmo

1 Acadêmico de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – [email protected]

² Acadêmica de Enfermagem da universidade Federal de Pelotas – [email protected]

³ Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – [email protected] 4 Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – [email protected] 5 Acadêmica de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – [email protected] 6 Enfermeira Doutoranda do Programa de Pós-Graduação na Enfermagem na Universidade Federal de

Pelotas – [email protected]

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quando o evento não está claramente relacionado ao contexto.5 O estudo foi realizado por

acadêmicos de enfermagem na Universidade Federal de Pelotas, na unidade Rede de

Urgência e Emergência I do Hospital Escola, situado na cidade de Pelotas-RS. A Paciente

designada para a pesquisa é a V. L. P, 54 anos, casada, natural de Pinheiro Machado-RS,

aposentada, com diagnóstico de câncer de mama com metástase óssea. A coleta dos dados

foi realizada em outubro de 2016, por meio da anamnese, exame físico céfalo-caudal e

utilização de métodos para identificação de informações importantes para desenvolver

um plano de cuidado, incluído diagnóstico de enfermagem e prescrição de cuidados. A

pesquisa envolve o sigilo e a privacidade das informações da paciente, sendo assim foi

apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. De acordo com a resolução

466/20126, o sigilo e o anonimato da paciente serão preservados de acordo com os

preceitos éticos. Resultados: Após a realização da anamnese e do exame físico foram

elencados dois Diagnósticos Reais de Enfermagem de acordo com o North American

Nursing Diagnosis Association (NANDA)7 e posteriormente os cuidados relacionados à

paciente V. R. P. Deambulação prejudicada (00088) relacionado a dor evidenciado por

capacidade prejudicada para percorrer as distancias necessárias. Os cuidados elencados

foram: revisar prontuário em relação a ordem de atividades; usar mecânica corporal

durante movimentos; usar cadeiras de rodas para auxiliar a paciente, pois a mesma esta

impossibilitada de deambular, frente as lesões ósseas conseguem deambular. Dor crônica

(00133) relacionado a infiltração de tumor evidenciado por alteração da capacidade de

continuar atividades prévias, expressão facial de dor e mudanças no padrão de sono. Os

cuidados elencados foram: monitorar o efeito terapêutico do medicamento; analisar o tipo

e a fonte da dor ao selecionar uma estratégia para seu alívio; promover o repouso

adequado para facilitar o alívio da dor. Considerações Finais: Esse estudo nos

proporcionou contato e o estabelecimento de vínculo com a paciente, sua família e com

a unidade Rede de Urgência e Emergência I, procurando sempre auxiliar a paciente

conforme o nosso aprendizado e ao que estava ao nosso alcance e da nossa facilitadora.

Durante as pesquisas realizadas sobre as patologias, conseguimos aprimorar o

conhecimento, permitindo realizar o cuidado e ainda dentro desse desempenho nos

integramos com a Unidade, visto que a maioria dos pacientes ali encontrados apresentam

patologias específicas semelhantes. Interessante foi nos comprometer com um único

paciente e estudar e analisar suas necessidades como um todo, buscando sua melhoria de

qualidade de vida em todos os aspectos que estavam em nosso alcance.

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REFERÊNCIAS

1. Vieira CP, Lopes MHBM, Shimo AKK. Sentimentos e experiências na vida das

mulheres com câncer de mama. Rev esc enferm USP. 2007; 41 (2): 311-316.

2. Barros ALBL, Sanchez CG, Lopes JL, et al. Processo de enfermagem: guia para a

prática / Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo. In: Lopes MHBM.

Prontuario eletrônico do paciente. São Paulo: COREN-SP; 2015. p. 110-113.

3. Smeltzer SC, Bare BG. Cancer ósseo metatastico. In: Smeltzer SC, Bare BG.

Brunner&Suddarth Tratado de enfermagem Médicocirurgica. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan; 2015. p. 1626-1629.

4. Trupper TC, Meier MJ, Calixto RC, et al. Sistematização da Assistência de

Enfermagem na Unidade de Terapia Intensiva. Rev bras enferm. 2009; 62 (2): 221-

227.

5. Yin RK. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª ed. Porto Alegre: Bookman;

2015.

6. Flick U. Introdução a pesquisa qualitativa. 3ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2009.

7. Nanda Internacional. Diagnósticos de Enfermagem da NANDA: Definições e

Classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed; 2013.

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O PAPEL DA ODONTOLOGIA NO CUIDADO PALIATIVO

Indyara Cerutti1

José Ricardo Sousa Costa²

Kaio Heide Sampaio Nobrega³

Monique Zanella4

Raquel Soncini de Morais5

Introdução: Cuidados Paliativos se propõem a melhora da qualidade de vida de pacientes

e familiares que estão enfrentando doenças com risco de vida. Dessa forma, uma equipe

multiprofissional é de fundamental importância para que, através do conhecimento

integrado obtenham meios de proporcionar alívio da dor total; sendo essa física,

psicológica, social e espiritual. Objetivo: o presente trabalho ilustra o papel do Cirurgião-

Dentista no diagnóstico, suporte e tratamento de alterações em cavidade bucal que podem

repercutir na qualidade de vida dos pacientes sob cuidado paliativo. Método: relatar, de

forma narrativa, o histórico de práticas sistematizadas, de profissionais, alunos de

graduação e pós-graduação do serviço de Odontologia Hospitalar do Hospital Escola

UFPel/EBSERH com ações em ambiente hospitalar e domiciliar no período de 2010 a

2017. Uma série de alterações bucais faz parte das rotinas odontológicas dentre as quais

cabe citar: higiene bucal deficiente, xerostomia, mucosite, candidíase, cárie dentária,

doenças periodontais e distúrbio do paladar. Bem como, variado universo de fatores de

gestão hospitalar e do núcleo familiar se fazem presentes para a adequação da atenção em

saúde bucal pelos atores da odontologia. Resultados: Ao longo do período foi possível

verificar sensível mudança nas condutas profissionais das demais áreas da saúde com a

inclusão da odontologia no espectro de referências para o atendimento dos pacientes.

Reduzindo sobremaneira os riscos de comorbidades bucais e de agravos de saúde deste

seleto grupo de pacientes. Conclusão: Reduzir ou eliminar alterações bucais no cuidado

paliativo proporciona ao paciente menor sofrimento com disponibilidade de tempo e

atenção no convívio com seus familiares e amigos, atitudes de relevância nesta etapa do

cuidado.

1Acadêmica de Odontologia da UFPel; [email protected]

²Cirurgião-Dentista, Doutor em Odontologia, Servidor da Faculdade de Odontologia da UFPel;

[email protected]

³Acadêmico de Odontologia da UFPel; [email protected] 4Acadêmica de Odontologia da UFPel; [email protected] 5Acadêmica de Odontologia da UFPel; [email protected]

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REFERÊNCIAS

1. Wiseman M. The Treatment of oral problems in the Palliative Patient. Journal of

Canadian dental association. 2006;72(5) pg453-57

2. Mulk BS, Chintamaneni RL, Prabhat MPV, Gummadapu S, Salvadhi SS. Palliative

Dental Care - A Boon for Debilitating. Journal of Clinical and Diagnostic Research,

2014; Vol-8(6) pg1–6

3. WHO. Control del cáncer. Aplicación de los conocimientos. Guía de la OMS para

desarrollar programas eficaces. Cuidados Paliativos. 2007.

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IDENTIFICAÇÃO DE PRÁTICAS E ORIENTAÇÕES DOS PROFISSIONAIS

DE SAÚDE AO CUIDADOR DE PACIENTES ONCOLÓGICOS

Francielly Zilli¹

Claúdia Pires Munhos Morales²

Bruna Ferreira Ribeiro³

Adrize Rutz Porto4

Stefanie Griebeler de Oliveira5

Michele Rodrigues Fonseca6

Introdução: Sabe-se que houve um aumento significativo da expectativa de vida da

população, sem necessariamente representar a garantia de qualidade de vida1. Por isso, o

serviço de Atenção Domiciliar veio com vistas a dar continuidade ou complementar o

atendimento prestado no âmbito domiciliar2. Nesse contexto, o cuidador responsável por

prestar o cuidado ao paciente oncológico, também precisa de atenção integral, buscando

compreender se esse entende o que abrange seu papel e quais as orientações sobre o cuidar

que recebeu, visto que o adoecimento do seu familiar traz um enorme conflito juntamente

com medo do enfrentamento perante às doenças crônico-degenerativas3. Assim, o

cuidador familiar além de se sentir despreparado tecnicamente, senti–se envolto por

inúmeros sentimentos, desde tristeza, raiva, culpa, solidão, depressão e medo4. O papel

do cuidador familiar se amplifica não somente no cuidado técnico, mas sim no

envolvimento total das emoções, perdendo em muitos casos sua própria identidade em

prol do paciente5. A necessidade de uma educação com abordagem multiprofissional e

interdisciplinar englobando o paciente como um todo, faz-se necessária para que seja

conduzido o desfecho saúde e doença sem que haja um sofrimento e sobrecarga maior

para o paciente e cuidador familiar e a família em geral6. Objetivo: Identificar quais as

orientações e preparo técnico recebido pelos cuidadores familiares para as ações de cuidar

de pacientes em cuidados paliativos. Método: Este trabalho é parte da pesquisa

qualitativa intitulada “Modos de ser cuidador familiar em atenção domiciliar: práticas que

falam de si”, vinculada a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas

(UFPel). Os participantes foram 26 cuidadores familiares dos programas de atenção

domiciliar à saúde, da cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul/Brasil. O recorte tratou das

práticas e orientações recebidas pelos cuidadores familiares por meio dos profissionais de

saúde. A pesquisa foi aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de

Medicina da UFPEL, sob o número: 866.884. Resultados: O cuidador quando se

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descobre em tal função, sente-se na maioria das vezes incapaz de desenvolver ações

técnicas de cuidado, uma vez que essas são condicionadas apenas aos profissionais de

saúde, contudo na atenção domiciliar faz-se necessário ao cuidador ter domínio de

cuidados técnicos a fim de cuidar ao paciente. Dessa forma, os entrevistados relataram

reação de choque, desespero, pavor, choro e de não gostar de desempenhar os cuidados

técnicos. Procedeu-se o estudo com doze cuidadores selecionados e apenas um verbalizou

ter se sentido tranquilo. Também nunca imaginaram que precisariam desenvolver tal

papel, bem como não ter coragem e capacidade, uma vez que ser cuidador não foi uma

escolha. Entretanto, referiram que com o tempo foram adquirindo segurança no cuidar. A

origem da capacitação para os cuidados técnicos geralmente ocorre ainda durante a

internação hospitalar, onde os cuidadores acabam aprendendo por observação da equipe

ou mesmo por instrução direta da mesma. A equipe de atenção domiciliar também é citada

como fonte de capacitação, geralmente relacionada à continuidade e aprendizagem no

decorrer do cuidado. O preparo técnico como: administração de medicamentos e manejo

da dor, realização e troca de curativos, higienização adequada do paciente, nutrição

equilibrada de acordo com as necessidades corporais, mudança de decúbito

proporcionando conforto ao paciente e atenção as eliminações fisiológicas. Este preparo

dos cuidadores familiares é citado em doze entrevistas, como relacionado ao acolhimento

prestado pela equipe domiciliar, a qual orienta sobre os cuidados que devem ser prestados

aos pacientes oncológicos e tranquiliza os cuidadores, os quais também acabam sentindo-

se descansados pela presença da equipe. Dessa forma, percebem-se capacitados e

assegurados emocionalmente para desempenhar o cuidado. Ainda, foi verificado que

mesmo após vencer o medo, alguns cuidadores demonstraram receio em desenvolver

cuidados técnicos, justificando que esses também são doloridos para quem cuida, mas

continuam com a atividade, pois se faz necessário. Em contrapartida, outros cuidadores

referem segurança em desenvolver essas atividades. Conclusões: A demasiada

preocupação com os aspectos técnicos do cuidador familiar ao assumir o cuidado pode

subtrair a atenção às demais dimensões que permeiam cuidar do outro, como os aspectos

emocionais, sentimentos de sobrecarga, disponibilidade de tempo, etc. Entende-se que

identificar as práticas e orientações dos profissionais de saúde aos cuidadores de pacientes

oncológicos é fundamental para que o cuidado seja realizado de forma apropriada e

efetiva, garantindo a qualidade de vida ao cuidador e paciente.

REFERÊNCIAS

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54

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recebendo cuidados paliativos. 2011; Psic Ter Prática, 11(2): 50-62.

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à saúde. Atenção Domiciliar no

Sistema Único de Saúde: Melhor em casa - A segurança do hospital no conforto do seu

lar. 2013. 22.

2. Mutro, MEG. Vivência do cuidador familiar de paciente com câncer

[Dissertação]. Botucatu: Universidade Estadual Paulista – UNESP; 2012.

3. Botucatu, 2012. 110 p. Dissertação (Dissertação apresentada à Universidade

Estadual Paulista – UNESP para obtenção do título de mestre no programa de Pós

Graduação Enfermagem Profissional).

4. Rafacho M. Oliver CF. A atenção aos cuidadores informais/familiares e a

estratégia de saúde da família: Contribuições de uma revisão bibliográfica. 2010; Rev Ter

Ocup USP, 21(1): 41-50.

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Paliativos na estratégia de saúde da família. 2016; Text Cont Enfer, 25(1): 336-414.

6. Ricaldoni CAC. Sena RR. Educação permanente: uma ferramenta para pensar e

agir no trabalho de enfermagem. 2006; Rev Lat - am Enfer. 14 (6).

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CONSULTA DE ENFERMAGEM ONCOLÓGICA: QUALIFICAÇÃO DA

ASSISTÊNCIA E ACOLHIMENTO AO PACIENTE

Daniela da Silva Corrêa da Silva de Farias1

Karine Mendonça Rodrigues2

Introdução: A consulta de enfermagem (CE) é uma atividade específica do enfermeiro,

conforme decreto de Lei n.º 94406 de junho de 1987¹, sendo utilizada para promover a

saúde e qualidade de vida do indivíduo. Na consulta de enfermagem realizada na unidade

oncológica, também é momento para acolher o paciente prepara-lo para o tratamento e

criar vínculo com o mesmo. O enfermeiro, enquanto profissional com habilidades de

comunicação e avaliação sistemática dos sinais e sintomas, é essencial no suporte a equipe

e ao paciente/família/cuidador, fazendo o gerenciamento e coordenação das metas

assistenciais propostas no acordo terapêutico². Através da relação de proximidade

terapêutica e afetiva que estabelece com paciente e família/cuidador, as ações educativas

tornam-se mais assertivas. Isso reforça a necessidade de uma consulta de enfermagem

pensada para o paciente que, em cuidados paliativos, tem necessidades únicas, tendo em

vista seu momento de fragilidade e diversos enfrentamentos. Objetivo: A partir dos

relatos, percepção do paciente e escuta acolhedora durante a consulta de enfermagem,

pretende-se relatar como a prática da consulta pode aprimorar o cuidado e melhor

contemplar as necessidades do paciente em cuidados paliativos. Método: relato de

experiência acerca da consulta de enfermagem realizada numa clínica oncológica num

município do Vale do Paranhana, como meio de qualificar a assistência de enfermagem

prestada. Resultados: Viu-se que é comum os pacientes chegarem para consulta de

enfermagem sem saberem que estão em cuidados paliativos. Muitas vezes, eles mal

sabem exatamente como será o tratamento, assim como a família/cuidadores. Isso torna-

se evidente quando os sintomas começam a aparecer de maneira mais expressiva e

paciente e familiares tentam incessantemente abordagens curativas, cobrando da equipe

multiprofissional, soluções para sentimentos como angústia e demais ligados ao

enlutamento³.Com a escuta qualificada e acolhimento durante consulta de enfermagem é

possível promover a saúde e auxiliar na qualidade de vida do paciente oncológico. Essa

prática ao ser realizada na clínica oncológica para pacientes em tratamento

1 Enfermeira Especialista em Oncologia pelo Hospital Moinhos de Ventos – Porto Alegre 2Mestre em Antropologia Social –Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades

Integradas de Taquara - FACCAT.

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quimioterápico empodera o conhecimento e autonomia do enfermeiro como agente

promotor de saúde, bem como promove a melhora saúde e qualidade de vida do paciente.

Conclusões: A consulta de enfermagem prepara o paciente para o tratamento oncológico,

diminuindo sintomas como ansiedade e medo e esclarece dúvidas do paciente e

familiares/cuidadores, levando-os à uma melhor condição para promoção de saúde e

qualidade de vida. O acolhimento e esclarecimento dessas questões desde o início

deixariam paciente e família mais tranquilos e preparados quanto a realidade do cuidado

paliativo. Além disso, dá ao enfermeiro a possibilidade de conhecer o indivíduo do qual

irá cuidar, não somente pela sua doença, mas como alguém que precisa ser integralmente

entendido e cuidado, humanizando cada vez mais a assistência prestada.

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Lei nº 7.498, de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do

exercício da enfermagem e dá outras providências. Diário Oficial da República

Federativa do Brasil, Brasília, 26 jun. 1986. Seção 1, p.1. fls 9.273/9275 10. Brasil.

2. Brasil. Decreto nº 94.406, de 08 de junho de 1987. Regulamenta a Lei nº 7.498, de 25

de junho de 1986, que dispõe sobre o exercício da Enfermagem, e dá outras

providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 09 jun. 1987.

Seção 1, fls 8853/8855

3. Firmino, Flávia. O papel do enfermeiro na equipe. Manual de Cuidados Paliativos –

ANCP, 2009, páginas 335-336.

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ESPIRITUALIDADE E SAÚDE EM CUIDADOS PALIATIVOS: UMA

EXPERIÊNCIA ETNOGRÁFICA COM PACIENTES ONCOLÓGICOS

Karine Mendonça Rodrigues1

Introdução: Ao lidarmos com seres humanos, independente de suas condições de saúde,

sabemos que é indispensável ter clara a noção de integralidade e complexidade do ser.

Quando ficamos diante do ser humano fragilizado, necessitando de assistência de saúde,

como pacientes em cuidados paliativos, muitas questões vêm à tona e nos exigem

reflexões sobre bem-estar, entendimento de saúde e suas muitas dimensões, como

espiritualidade. O profissional da saúde pode encontrar alguns desafios diante do cuidado

com esses pacientes, afinal há constantemente enfrentamentos psíquicos, emocionais,

sociais, físicos e espirituais que começam a compor a realidade desses indivíduos. Assim,

precisa-se considerar que o tratamento e condução terapêutica pode ir além do que prevê

o sistema biomédico, ou seja, os pacientes podem acrescentar técnicas ou condutas

complementares para atingir a eficácia que acreditam (1). Cabe esclarecer que cuidados

paliativos são definidos como cuidados voltados para indivíduos cujas doenças não

respondem mais a tratamentos curativos e, por essa razão, tem-se por meta proporcionar

melhora da qualidade de vida por meio do alívio da dor e de problemas biopsicossociais

e espirituais(2). Durante a assistência de saúde em cuidados paliativos é comum que o

paciente busque apoio para si e sua família vinculado à espiritualidade e religiosidade.

São inúmeras as necessidades a serem atendidas no decorrer do tratamento, porém a

espiritualidade é considerada a mais urgente para pacientes com doenças potencialmente

fatais, devido à fragilidade que apresentam diante da proximidade da morte e do medo do

desconhecido(3). Para muitos pacientes a eficácia do tratamento está para além do sucesso

da terapêutica biomédica, pois questões como fé, resiliência e espiritualidade são muito

relevantes para que sintam bem-estar e melhoria na qualidade de vida. Esses aspectos que

influenciam a melhora do paciente estão vinculado ao conceito de antropológico de

eficácia simbólica, onde todo resultado ou modificação no estado original de algo é

considerado um resultado eficaz dado a subjetividade de alguns aspectos(4). Objetivo:

Conhecer quais os aspectos relevantes para os pacientes em cuidados paliativos

relacionados a eficácia simbólica quando estão recebendo atendimentos com técnicas

relacionadas ao aspecto de espiritualidade e saúde. Compreender como os pacientes veem

1Mestre em Antropologia Social –Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades

Integradas de Taquara - FACCAT.

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práticas espirituais quando aplicadas em paralelo com tratamento biomédico. Método:

Um estudo exploratório-descritivo de caráter qualitativo realizado no período de fevereiro

de 2014 a agosto de 2015 através do método de etnografia visando acompanhar a

experiência de pacientes atendidos num centro espírita na cidade de Porto Alegre com

uma técnica denominada apometria. Resultados: Há diversos elementos que compõem a

eficácia simbólica do ponto de vista do paciente, que estão relacionadas com emoções e

sensações: amor, empatia, disponibilidade, atenção, força de vontade e fé. Esses

elementos estão presentes no discurso, nas ações, nos sentimentos e afetamentos

provocados pela experiência de espiritualidade e saúde que eles têm ao serem atendidos

com a técnica de apometria no centro espírita. Conclusões: Ao encontrarmos amor,

empatia, disponibilidade, atenção, força de vontade e fé como elementos relevantes para

eficácia simbólica para pacientes em cuidados paliativos que recebem atendimento

complementar com a técnica de apometria é pertinente relacionar aos princípios moral e

espiritual muito difundido em diversas religiões, bem como aspectos relacionados a

princípio e sentido de vida. Quando temos a técnica de apometria, aplicada em pacientes

oncológicos como uma forma de ajudar nos problemas físicos e espirituais, temos uma

dimensão e entendimento de saúde e bem-estar que vai além da resolução biomédica para

solucionar ou amenizar doenças.

Descritores: espiritualidade, cuidado paliativo, eficácia simbólica

REFERÊNCIAS

1. World Health Organization WHO. Definition of Palliative Care [Internet].

2014[cited 2017 mar 07]. Available from:

http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/.

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br/pdf/reeusp/v48n1/0080-6234-reeusp-48-01-34.pdf

3. Higuera JCB, González BL, Durbán MV, Vela MG. Atención espiritual en

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http://www.sciencedirect. com/science/article/pii/S1134248X12000559

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59

4. Rodrigues, KM. Apometria: do Centro Espírita ao Consultório, o Ritual e as

Implicações quanto à Eficácia Simbólica. [dissertação]. Porto Alegre (RS):

Universidade Federal do Rio Grande do Sul; 2016.

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PRÁTICAS DE ALÍVIO DA SOBRECARGA UTILIZADAS PELOS

CUIDADORES NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS

Taís Alves Farias1

Silvia Francine Sartor2

Claudia Maria Brazil Gervini3

Natalia Ferreira Maya4

Elisa Sedrez Morais5

Stefanie Griebeler Oliveira6

Introdução: Cuidados paliativos é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de

pacientes e seus familiares que estão enfrentando problemas associados a doenças

potencialmente fatais, com prevenção e alívio do sofrimento, por meio de identificação

precoce, avaliação impecável, e tratamento para dor e outros sintomas1.Entre seus

princípios, estão o respeito à vida, considerando a morte como processo natural, sem a

intenção de apressá-la ou adiá-la, oferecendo um sistema de apoio para que os pacientes

possam viver bem, com minimização dos sofrimentos físico, social, emocional e

espiritual, até a sua morte2.A oferta dos cuidados paliativos pode ser em diversos espaços:

hospital, hospício ou domicílio. Pelo cuidado domiciliar envolver a família, torna-se

necessária a extensão de cuidados a ela, em especial ao cuidador familiar, o qual expõe

situações que provocam estresse, sobrecarga, fadiga tanto emocional quanto física, além

da despersonificação causada pelo empenho dedicado ao paciente, esquecendo de cuidar

de si. O cuidador é cotidianamente testado no que concerne à sua capacidade de

discernimento, capacidade de adaptação e enfrentamento das situações inerentes ao

cuidado. Mesmo os mais resilientes estão sujeitos a alguma sobrecarga, tornando-se

potencialmente doentes3. Os cuidadores, como forma de refúgio da situação de fadiga

causada pelo cuidado continuo, acabam desenvolvendo práticas de alivio para suas

tensões, amenizando a sobrecarga sofrida diariamente. Esse trabalho tem relevância por

1Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected] 2Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

[email protected] 3Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail: [email protected] 4Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas. E-

mail:[email protected] 5Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016.Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

[email protected] 6Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. E-mail:

[email protected]

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mostrar um lado não visualizado em meio aos cuidados paliativos de familiares, que

acabam desenvolvendo esse cuidado com seus entes queridos enfermos e suas

sobrecargas emocionais, onde utilizam de práticas para aliviarem tensões de forma que

cumpram da melhor maneira suas funções como cuidadores. Objetivo: Identificar as

práticas de alivio da sobrecarga de cuidado utilizada pelo cuidador familiar no contexto

dos cuidados paliativos. Método: O relato de experiência foi baseado em dados retirados

do projeto “Um olhar sobre o cuidador familiar: quem cuida merece ser cuidado” da

Universidade Federal de Pelotas, onde iniciou em junho de 2015. Até hoje, 52 cuidadores

foram acompanhados, sendo realizadas quatro visitas domiciliares por acadêmicos de

Enfermagem e Terapia Ocupacional, com vistas a estimular a reflexão sobre as

possibilidades destes também pensarem no cuidado de si. Esses são cuidadores de

familiares vinculados ao Programa Melhor em Casa e ao Programa de Internação

Domiciliar Interdisciplinar, ligados ao Hospital Escola da Universidade Federal de

Pelotas. As visitas realizadas são registradas em fichas individuais, e nesse trabalho foram

identificadas as que dizem respeito a cuidadores ligados ao contexto de cuidados

paliativos, totalizando 36 cuidadores. Resultados: Durante as visitas realizadas, os

cuidadores relataram algumas práticas que desempenham para aliviar a sobrecarga e se

desligar do cuidado realizado todo dia, como identificação e cuidado de si. Algumas das

práticas de mais frequência referem-se a um tempo consigo mesmo, que induzem

reflexão, exame de consciência ou meditação, tais como: a prática da escrita, tanto online

quanto a livre punho, como por exemplo metáforas e estórias sobre o passado (4), o uso

do cigarro (4), tomar chimarrão (3); outras, remetem-se a mudança de contexto, a fim de

se distrair do ambiente de cuidado em que vive: leitura de livros(3), trabalhar fora em

pelo menos um dos turnos (2); práticas de relaxamento também foram citadas: passear

(5), limpar a casa como meio de organização mental (3), prática de artesanato como tricô,

crochê e costura, prática de dança (2), assistir televisão (2); e por fim, busca de sentido

para a experiência: a participação em igrejas e conhecimento de doutrinas como a

espírita(8). Os medicamentos para alívio de sobrecarga são utilizados, por quase todos os

cuidadores entrevistados. Conclusão: Os cuidadores visitados pelo projeto mostram que

as práticas de si atenuam a sobrecarga, as quais são importantes, pois com a modificação

de seu cotidiano, somada a inserção de práticas desconhecidas de cuidados e a

proximidade de um familiar de sua finitude, debilitam esse cuidador, podendo surgir

agravos a ele, tornando-o um segundo paciente. O uso abusivo ou não de medicamentos,

pode prejudicar a atenção que o cuidador necessita dispensar ao paciente, sendo o mais

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indicado, o estimulo das práticas de si. Visualizamos e enfatizamos com o projeto a

necessidade de um olhar diferenciado aos cuidadores afim de diminuir suas pressões,

onde possam ter opções de descanso de pessoas/familiares/profissionais que se

encarreguem do cuidado enquanto esse cuidador realiza suas tarefas ou ter um momento

para si, incentivando-os mais para o autocuidado, valorizando as práticas alternativas de

alívio de sobrecarga, já que beneficiaram o cuidador, reduzindo assim, o uso de

medicação.

REFERÊNCIAS:

1. World Health Organization. WHO. Cancer. Definition of Palliative Care. 2017.

Disponível em: http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en/ (24 abr.

2017).

2. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 825, de 25 de abril de 2016. Redefine a

Atenção Domiciliar no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e atualiza as

equipes habilitadas. 2016.

3. Carvalho DP, Toso BR, Viera CS. Ser cuidador e as implicações do cuidado na

atenção domiciliar. Texto Contexto Enferm. 2015;24(2):450-8.

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FISIOTERAPIA NO CONTEXTO DOS CUIDADOS PALIATIVOS EM IDOSOS

Graciele Ferreira de Ferreira Mendes1

Marilene Rabuske2

Introdução: O termo Cuidado Paliativo (CP) é definido pela Organização Mundial da

Saúde (OMS) como sendo medidas que aumentam a qualidade de vida do paciente e seus

familiares, quando acometido por uma doença em estágio progressivo, irreversível e

prognóstico limitado. Tais cuidados buscam a prevenção e o alivio do sofrimento por

meio da identificação precoce, da avaliação correta e do tratamento da dor e problemas

físicos, psicológicos, sociais e espirituais1. A visão holística dos CP não leva em

consideração apenas o diagnóstico e o prognóstico do paciente, nesse contexto é

necessário que o profissional e o paciente revejam e estabeleçam suas próprias definições

de vida e morte. A impossibilidade de cura não significa a deterioração da relação

profissional-paciente, mas sim o estreitamento desta relação que certamente pode trazer

benefícios para ambos os lados. Por vezes é necessário ver o paciente como ser ativo no

seu tratamento podendo participar dos processos de decisão e dos cuidados voltados para

si2. Considerando o envelhecimento populacional e a mudança no perfil epidemiológico3,

surge a necessidade de preocupação com a saúde da população idosa, na qual há alta

prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) responsáveis muitas vezes,

pela perda da autonomia, independência e qualidade de vida nos anos adicionais dessas

pessoas4. Pacientes idosos têm maior probabilidade de evoluir para o estado terminal da

doença, tendo em vista que essa faixa etária tem maiores alterações estruturais e

funcionais características do próprio processo de envelhecimento. Os idosos podem ser

considerados os maiores beneficiários dos cuidados paliativos devido a suas fragilidades5.

Diante do contexto, esses pacientes apresentam-se em estado debilitante, muitas vezes

com presença de dor, fadiga, fraqueza muscular e dispneia, levando a níveis crescentes

de perda funcional e dependência para as atividades de vida diária (AVDs) conforme a

evolução do quadro clínico6. O fisioterapeuta tem importante contribuição para a

melhoria da qualidade de vida do paciente e no controle dos sintomas7. O presente estudo

tem como objetivo verificar por meio de uma revisão sistemática, a atuação do

1 Fisioterapeuta Residente em Saúde do Idoso – UCPel/HUSFP, Mestranda em Educação Física –UFPel –

[email protected] 2 Mestre em Saúde Pública, Professora do curso de Fisioterapia da Universidade Católica de Pelotas –

[email protected]

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fisioterapeuta frente aos pacientes em cuidados paliativos. Metodologia: Foi realizada

uma revisão sistemática de estudos sobre o papel da fisioterapia nos cuidados paliativos

em pacientes idosos hospitalizados, nas bases de dados Pubmed e Scielo, publicados nos

últimos 10 anos, considerando os descritores “physiotherapy” AND “palliative care”. A

seleção dos estudos iniciou-se por meio da análise dos títulos dos artigos identificados

por meio da estratégia de busca, seguido pela análise dos resumos e, por fim, a análise do

texto na íntegra dos artigos selecionados nas etapas anteriores. Diante dessa sistemática,

os dados extraídos foram: identificação da publicação, tipo de delineamento, faixa etária,

tamanho da amostra, local da coleta dos dados, metodologia utilizada e seus resultados

mais importantes. Após organização dos dados extraídos, as informações foram

apresentadas de forma descritiva, por meio de tabelas. Resultados: Através da busca

pode-se identificar 67 artigos, sendo excluídos do estudo 48 artigos após a análise do

título e 13 excluídos pela análise do resumo. Em ambos os casos os estudos não

contemplaram a temática abordada, a amostra e os objetivos não correspondiam aos

critérios de inclusão desta revisão. Após a leitura na íntegra dos artigos, os seis foram

incluídos na revisão. A literatura acerca da temática ainda é escassa há poucos estudos

sobre avaliação dos benefícios da fisioterapia nos cuidados paliativos. No que diz respeito

às características metodológicas a maioria dos estudos investigados foram revisões

sistemáticas (n=4)6, 8, 9,10, apenas um consistiu em estudo transversal11 e um em estudo

randomizado controlado12. Quanto a patologias específicas, dois estudos foram

direcionados a pacientes oncológicos6, 12, um com enfoque em pacientes doentes crônicas

com prognóstico curto8 e os demais sem definição de doença, mas realizados em pacientes

internados em unidades de cuidados paliativos9, 10,11. Em relação aos benefícios da

fisioterapia, pode-se constatar a melhora da qualidade de vida, prevenção de

complicações secundárias as doenças, alívio da dor, diminuição do estresse, prevenção e

manejo da fadiga, edema, lesões por pressão, dispneia, fraqueza muscular e preservação

da independência funcional para as AVDs. Conclusão: Diante da importância da

fisioterapia na prevenção, reabilitação e manutenção das condições físicas dos pacientes

em cuidados paliativos, considera-se a necessidade de um enfoque maior para a temática.

Através desta revisão pode-se concluir que o tratamento fisioterapêutico proporciona

benefícios para a função física, psicológica, emotiva, melhorando a qualidade de vida e

bem estar do paciente.

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65

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3. Veras R. Envelhecimento populacional contemporâneo: demandas, desafios e

inovações. Rev Saúde Pública 2009; 43: 548-54.

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5. Netto M, Spínola G. Tratado de Gerontologia. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2007. Doente

Idoso Terminal, Considerações Gerais e Cuidados Paliativos.

6. Marcucci FCI. O papel da fisioterapia nos cuidados paliativos. Revista Brasileira de

Cancerologia 2005; 51(1): 67-77.

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Fisioterapeuta. Revista Brasileira de Cancerologia. 2011.

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Randomized Clinical Trial. The Journal of Alternative and Complementary Medicine

2012; 18(5): 480-486.

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RELATO DE CASO: PACIENTE TERMINAL EM UM SERVIÇO DE

URGÊNCIA E EMERGÊNCIA.

Jessica Bitencorte¹

Introdução: As unidades de urgência e emergência não estão preparadas para atender

pacientes portadores de doenças avançadas e ameaçadoras da vida. Há falta de

humanização na assistência nessas unidades e também falta de conhecimento sobre

alguns temas como: cuidados paliativos, processo da boa morte, e como prestar o cuidado

nas últimas horas de vida desses pacientes. Objetivo: Sinalizar a importância de existir

um centro de referência onde tenham profissionais capacitados e preparados para assistir

os pacientes e as família no processo de morte. Método: O relato foi desenvolvido após

observação e utilização como familiar no serviço de urgência e emergência de um hospital

da cidade de Pelotas/RS nas últimas horas de vida de um paciente com câncer terminal.

Resultados: Após longo período de espera para ser atendido e assistido, notou-se que os

profissionais que ali estavam não tinham conhecimento sobre quais condutas deveriam

ser tomadas e como executa-las, em nenhum momento houve por parte da equipe uma

conversa com o paciente, que se encontrava lúcido e orientado, para explicar a situação

em que este se encontrava e quais a medidas paliativas seriam tomadas para amenizar

suas dores, seus sintomas e seus medos. Outra parte falha do sistema é logo após a morte

do ente querido, onde a família é totalmente esquecida por parte da equipe sem nenhuma

satisfação do que ocorreu com seu familiar. Conclusão: Conclui-se então que é de

extrema importância a implementação na cidade de Pelotas/RS, uma unidade específica

para o atendimento desses pacientes. Que possa servir de suporte e que seja estruturado

para prestar uma assistência adequada para pacientes terminais nas suas últimas horas de

vida, onde a prestação do cuidado possa ser de uma forma humanizada e paliativa,

abordando não somente o paciente, como também a família.

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UMA CAIXA DE LEMBRANÇAS PARA A ETERNIDADE

Luisiana Fillipin Onófrio1

Suzel Lima da Silva2

Jodeli Pommerehn3

Introdução: Seguindo a lógica dos cuidados paliativos e para que este seja efetivo é

necessária especial atenção a alguns fatores como: alívio da dor, valorizar a vida e a morte

como um processo natural, não acelerar ou adiar a morte, valorizar os aspectos

psicológicos e espirituais do paciente, oferecer suporte para que o paciente leve uma vida

“o mais normal possível” até a morte, oferecer suporte à família para melhor lidar com

esses eventos1,2. A Terapia Ocupacional, na área dos cuidados paliativos, busca promover

o alívio do sofrimento do sujeito, auxilia no desempenho de suas ocupações e oportuniza

que o paciente mantenha sua autonomia e realize suas últimas escolhas e desejos3.

Objetivo: Relatar o caso de um paciente em cuidados paliativos internado em um hospital

universitário e a implicação que os atendimentos de terapia ocupacional tiveram diante

dos desejos expressos por ele e após o óbito. Métodos: O estudo de caso foi desenvolvido

em um hospital universitário de referência do interior do Rio Grande do Sul onde o

paciente era assistido por duas terapeutas ocupacionais em uma Unidade Oncológica

Adulto. O paciente, sexo masculino, 42 anos, casado, com dois filhos (com idades de

21anos e um ano e meio), residente em zona urbana do município de pesquisa;

diagnosticado com neoplasia maligna de cabeça e pescoço. Com dificuldade de

comunicação oral, expôs de forma escrita o desejo de deixar uma lembrança, revelando o

amor que sentia pelos filhos. A partir da demanda do paciente, foi proposta a confecção

de uma “caixa de memórias” na tentativa de proporcionar uma recordação aos familiares

e um conforto emocional ao paciente. Foram utilizados 8 atendimentos, com duração

média de 20 minutos, respeitando o limite de tolerância do sujeito. Obteve-se o cuidado

de manter os encontros sob sigilo à filha mais velha, apenas empoderando os demais

familiares, onde os mesmos acabaram tornando-se parceiros durante o processo.

Resultados: Utilizou-se como recurso terapêutico duas Caixas de Lembranças (uma para

cada filho), que teve como função o resgate das memórias emocionais/afetivas familiares

1 Terapeuta Ocupacional. Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) –Hospital Universitário

de Santa Maria (HUSM). Email: [email protected]

2Terapeuta Ocupacional. Universidade Federal de Santa Maria. Email: [email protected]

3Terapeuta Ocupacional. Universidade Federal de Santa Maria. Email: [email protected]

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e a facilitação do processo de despedida. Nessa caixa eram depositados, diariamente,

exceto aos finais de semana ou quando sinalizado desconforto pelo paciente, bilhetes com

recados aos filhos. Durante a atividade o paciente pôde expressar-se livremente sobre seus

temores, sendo o protagonista de todo o processo do fazer da atividade. Todos os recados,

apresentavam uma data para serem entregues e uma pessoa que seria a guardiã desse

presente. No total forem confeccionados quatro recados para cada filho. Durante a

atividade, observou-se a diminuição de ansiedade e medo da despedida e morte, havendo

referência ao sofrimento das pessoas que permaneceriam sem a sua presença. Após cada

atendimento, ficou acordado que as caixas ficariam sob a guarda das terapeutas, evitando

que os destinatários recebam a mesma antes do momento programado pelo paciente.

Após sua morte, foi respeitado o luto de duas semanas, sendo posteriormente entregue as

caixas para as mães dos seus filhos. A entrega foi agendada e realizada no hospital onde

o paciente realizou o tratamento, pois compreendeu-se ser um local que permitiria às

terapeutas prestar suporte, caso ocorresse desconfortos, tais como, emoção demasiada

pela lembrança. Após a entrega e explanação sobre as orientações do paciente sobre o

uso das caixas, o processo de desvinculação foi finalizado, ficando a critério de cada

guardiã cuidar do destino do presente. Conclusão: O estudo de caso favoreceu o processo

de despedida do paciente com diminuição da ansiedade e medo sobre a finitude da vida.

No que tangem aos cuidados paliativos, pôde-se vivenciar a importância de um olhar para

a autonomia do sujeito, uma vez que, se percebe que a instituição hospitalar negligencia

tais aspectos. Para a prática da terapia ocupacional, destaca-se a relevância desse

profissional dentro das equipes técnicas do contexto da oncologia por verificar ser um

espaço adoecedor, mas que permite um fazer cheio de representatividade no cotidiano dos

pacientes. Após tal experiência, as terapeutas ocupacionais puderam aperfeiçoar suas

técnicas de manejo, refletindo sobre o fazer durante o processo de terminalidade, onde,

quando ainda se têm vida, ainda podemos qualificar o cotidiano dos sujeitos.

REFERÊNCIAS

1. Camargo, B. De; Kuramashima, A. Y. Cuidados paliativos em oncologia pediátrica:

o cuidar além de curar. São Paulo: Lemar, p. 416, 2007.

2. Pessini, L; bertachini, L. Humanização e Cuidados Paliativos. 5. ed. Edições Loyola,

São Paulo, Brasil, 2011.

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3. Garcia, NR; et al. Intervenção Terapêutica Ocupacional junto a Adolescentes com

Câncer em Contexto Hospitalar. Revista Brasileira de Cancerologia 2011; 57(4):

519-524.

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DIFERENTES ABORDAGENS DA TERAPIA OCUPACIONAL EM CUIDADO

PALIATIVO--- REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA

Antônia Nunes¹

Érika Annayur Polanczyk Frois²

Leticia Fortes Tabarelli³

Josiane Bertoldo Piovesan4

Maria Eduarda Menezes da Silva5

Suzel Lima da Silva6

Introdução: Muito se tem discutido atualmente sobre os Cuidados Paliativos (CP),

porém observa-se pouca atuação de profissionais que desenvolvem habilidades

humanitárias e emocionais frente ao paciente adoecido¹. A Organização Mundial de

Saúde (OMS) afirma que “cerca de 40 milhões de pessoas no mundo necessitam de CP,

visto que metade delas já está em final de vida, ao mesmo tempo em que a outra metade

ainda está com a doença em curso. A partir desse contexto, o local onde desenvolve-se as

práticas do estágio supervisionado em Terapia Ocupacional I e II, é um hospital referência

para a região centro-oeste do estado do Rio Grande do Sul em que são recebidas inúmeras

demandas de doenças sem probabilidade de cura, caracterizando-se também como um

hospital escola. Durante o estágio supervisionado observa-se a atuação do terapeuta

ocupacional (TO) no que tangem aos CP frente à realização de desejos, posicionamento

adequado no leito e alívio da dor2,3. O TO, é um profissional que atua no intuito de

amenizar os impactos decorrentes do diagnóstico, promovendo maior nível de

independência e autonomia possível3,4, considerando as reais demandas do paciente,

familiares e cuidadores, os quais, são os protagonistas deste contexto3,4,5,6. Seu objeto de

estudo é o fazer humano incluindo atividades tais como o trabalho, autocuidado e

participação social, como foco de interesse à construção de estratégias que venham a

contribuir para que seres humanos desempenhem atividades significativas durante toda a

sua vida, permitindo a ressignificação desse fazer que pode estar prejudicado3,4,5. O

interesse pela pesquisa se dá pela possibilidade de levar essa discussão no meio

acadêmico, permitindo ampliar o conhecimento sobre a atuação prática da TO, a fim de

qualificar a atenção ao paciente oncológico durante a formação do discente. Objetivo:

Apontar as possíveis intervenções da terapia ocupacional frente aos cuidados paliativos

em discussão nos últimos quatro anos. Metodologia: Para elaboração do texto, fez-se

criterioso levantamento bibliográfico na literatura científica, a partir da compilação de

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trabalhos publicados, em duas revistas nacionais, no período entre 2013 à 2017. Os

mesmos foram filtrados a partir do descritor “cuidados paliativos e oncologia. Tal busca

foi realizada pelas acadêmicas do 7º e 8ºsemestre do Curso de Terapia Ocupacional da

Universidade Federal de Santa Maria, a fim de aprimorar as técnicas para o manejo no

paciente durante a vivência no estágio curricular. Resultados e discussão: após

investigação científica podemos constatar os principais pontos relevantes: a) Questões

sobre cuidado domiciliar, b) hospitalar, c) Contribuição nas políticas públicas em

oncologia e nos cuidados paliativos. Conclusão: Percebe-se que a atuação do terapeuta

ocupacional no contexto dos CP está pautada em abranger demandas físicas, cognitivas,

psíquicas e espirituais, auxiliando paciente, familiar e cuidador, no enfrentamento das

dificuldades cotidianas e a conciliação de todas as demandas mencionadas.

REFERÊNCIAS

1. Fonseca A, Geovanini F. Cuidados paliativos na formação do profissional da área

de saúde. Rev. bras. educ. med. [online]. vol.37, n.1, p.120-125. 2013.

2. Queiroz MEG. Atenção em Cuidados Paliativos. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São

Carlos, v. 20, n. 2, p. 203-205, 2012.

3. Portela SG, Galheigo SM. Cuidados paliativos na atenção domiciliar: a

perspectiva de terapeutas ocupacionais. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v.

23, n. 1, p. 15-29, 2015.

4. Faria NC, De Carlo MRP. A atuação da terapia ocupacional com mulheres com

câncer. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo. Set/dez. v.26, n.3, p.418-427. 2015.

5. Baltazar HMC, Pestana SCC, Santana MRR. Contributo da intervenção da terapia

ocupacional nos Cuidados Paliativos. Cad. Ter. Ocup. UFSCar, São Carlos, v. 24,

n. 2, p. 261-273, 2016.

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A COMUNICAÇÃO DE MÁS NOTÍCIAS NA ONCOLOGIA INFANTO-

JUVENIL: PERCEPÇÕES DE PACIENTES, CUIDADORES E

PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Suzel Lima da Silva1

Amara Lúcia Holanda Tavares Battistel2

Introdução: Este trabalho é um recorte de uma pesquisa baseada no estudo sobre o

impacto da comunicação da má notícia no cotidiano dos profissionais, pacientes e

cuidadores de um centro de tratamento da criança com câncer. De acordo com o Instituto

Nacional do Câncer (INCA) a sobrevida do câncer pediátrico vem crescendo

consideravelmente nos últimos anos, mas a internação prolongada em alguns casos

continua acometendo crianças e adolescentes, modificando assim, o cotidiano desses

jovens. No tratamento oncológico notícias difíceis são constantemente transmitidas, uma

vez que o próprio diagnóstico de câncer desencadeia uma série de mitos, temores, além

das mudanças na vida desse sujeito, sendo muitas vezes, acompanhados por informações

negativas que remetem ao paciente, restrições quanto à qualidade e no tempo de vida que

pode ter1. Estas questões repercutem na família/paciente e também na equipe técnica que

é constantemente requisitada para esclarecimento de dúvidas recorrentes durante uma

internação. Aqui entra uma importante, delicada e muitas vezes difícil atribuição da

equipe de saúde, a habilidade de comunicação interpessoal, seja ela verbal ou não verbal2.

Pelas limitações de ordem pessoal e pela falta de reflexão e preparo do profissional

designado para a realização desta tarefa, além de aspectos relativos aquele que vai receber

a notícia, no caso da oncologia infanto-juvenil geralmente é o cuidador, um dos fatores a

ser considerado, diz respeito à qualidade da relação estabelecida entre paciente, família,

profissional e equipe de saúde, visto que uma boa relação possibilita benefícios como

maior confiança no profissional e redução do nível de ansiedade do paciente durante a

consulta e maior adesão e sucesso no tratamento3. A investigação foi norteada por três

eixos: conduta de transmissão de más notícias, peculiaridades da comunicação da má

notícia e interferências no cotidiano, sendo que neste artigo será apresentado os resultados

obtidos no primeiro eixo que trata de investigar a existência de um protocolo de

1Especialização em Gestão e Atenção Hospitalar no Sistema Único de Saúde- Ênfase em Hemato-

oncologia/ UFSM. Docente do curso de Terapia Ocupacional da Universidade Federal de Santa Maria-

UFSM, RS, Brasil. E-mail: [email protected] 2Mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Maria. Docente do Curso de Terapia Ocupacional

da Universidade Federal de Santa Maria. – UFSM, RS, Brasil. E-mail: [email protected]

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transmissão de más notícias no serviço pesquisado. Objetivo: analisar o impacto da

comunicação da má notícia no cotidiano dos pacientes, profissionais e cuidadores de

crianças e adolescentes em tratamento hemato-oncológico. Método: Foi realizada uma

investigação de abordagem qualitativa de cunho narrativo. Os dados foram coletados por

meio de uma entrevista com base em uma matriz categorial, e uma ficha sócio

demográfica, sendo analisada por meio da análise textual discursiva4. Fizeram parte deste

estudo, dois cuidadores, dois pacientes, dois enfermeiros, dois médicos e uma terapeuta

ocupacional. Os dados foram coletados em um centro de tratamento da criança com

câncer. Todos os entrevistados participaram de forma voluntária, tendo como único

critério de exclusão os pacientes menores de 12 anos. As entrevistas foram gravadas,

realizadas no período de três meses e tiveram duração média de 30 minutos. Também foi

construído um perfil sociodemográfico dos participantes da pesquisa. Resultados: Em

relação às variáveis relacionadas ao perfil sociodemográfico dos cuidadores, obtivemos:

quanto ao grau de parentesco encontramos uma díade, composta por mãe-filho e outra

pai-filha; em relação à faixa etária, embora todos os progenitores estejam em idade

laborativa, não estão exercendo função laboral devido às atividades de cuidadores, este

dado é coerente com o observado na literatura quando discute a quebra da rotina

doméstica e cotidiano interrompido. Quanto ao grau de escolaridade um dos sujeitos tem

o ensino fundamental incompleto e o outro o ensino médio completo; ambos não residem

na cidade onde fazem o tratamento dos filhos, não apresentando problemas de saúde. O

tempo de cuidado varia entre cinco anos e sete meses. No que tangem aos aspectos

referentes à um protocolo de comunicação de más notícias, os resultados demonstraram

não existir um protocolo formalizado para a transmissão de tais condutas, porém não há

reflexo negativo nas relações estabelecidas entre médico/paciente/cuidador. De modo

geral os cuidadores/pacientes mostraram-se satisfeitos em relação às questões que

remetem à comunicação, entretanto, há interesse em ampliar momentos de trocas de

informações sobre procedimentos, reações e condutas adotadas durante o tratamento.

Conclusão: A pesquisa trouxe a importância da existência de um protocolo de

comunicação de más notícias para auxiliar os profissionais de saúde, havendo a

necessidade do conhecimento prévio sobre o que o paciente/cuidador sabe. Como

sugestão para futuras pesquisas, pode ser viável uma pesquisa-ação que ofereça por meio

de encontros sistematizados a discussão e trocas de ideias entre profissionais,

profissionais e pacientes/família, com criação de estratégias que possam contribuir para

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melhorar a comunicação entre os sujeitos envolvidos no tratamento hemato-oncológico,

propiciando assim o fortalecimento das relações profissional-paciente/cuidador.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. Silva, FAC. Representação do Processo de Adoecimento de Crianças e Adolescentes

Oncológicos Junto aos Familiares. Esc. Anna Nery, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 334-

341, Junho, 2009.

2. Da Silva, MJP. Comunicação de Más Notícias. O Mundo da Saúde. São Paulo,

2012;36(1):49-53.

3. Müller, MR. Aspectos Relevantes na Comunicação em Saúde. Psicologia, IESB 1.1

(2009): 72-79.

4. Moraes, R e galiazzi, M. Análise textual discursiva. Ijuí: Ed. UNIJUÍ, 2007.

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A PRESTAÇÃO DE CUIDADOS PALIATIVOS ARTICULADA A REDE DE

ATENÇÃO BÁSICA EM SAÚDE

Pedro Márlon Martter Moura 1

Adrize Rutz Porto2

Introdução: A Atenção Básica deve ser a porta preferencial de entrada de todo usuário

do Sistema Único de Saúde (SUS) e, além disso, as Unidades Básicas de Saúde (UBS)

devem ser responsáveis pela continuidade do cuidado ao indivíduo e sua família após a

alta hospitalar1. Nesse sentido, é importante ressaltar a importância do papel da UBS nos

cuidados paliativos que são voltados não apenas para a saúde física, mas também

fortalecendo a atenção às necessidades psicossociais e psicoespirituais de indivíduos que

vivenciam doenças sem perspectivas de cura2. Ademais, dentre as características do

processo de trabalho da atenção básica está a atenção à saúde no domicílio e, levando em

conta que os indivíduos na finitude da vida retornam aos seus domicílios, a atenção básica

consolida-se enquanto ponto importante de cuidados paliativos que, articulada com outros

serviços de atenção domiciliar, garante uma forma de cuidado humanizada às pessoas na

terminalidade da vida3. Desta forma, o objetivo deste estudo foi descrever o papel da

atenção básica nos cuidados paliativo à população, bem como salientar como se dá a

participação dos profissionais que nesta atuam, relatando os desafios encontrados para a

implementação desta prática na rede básica de saúde. Método: Trata-se de uma revisão

de literatura realizada por meio de buscas no Portal de Periódicos da CAPES, em julho

de 2015, com os descritores “atenção básica” AND “cuidados paliativos”. Após ter sido

realizada a leitura dos títulos e dos resumos dos documentos, os mesmos foram

selecionados conforme os seguintes critérios de inclusão: ter sido publicado no período

entre 2005 e 2015, estar disponível online na língua portuguesa e o texto completo na

íntegra e gratuitamente. Resultados: O total de documentos encontrados foram 23. Foram

selecionados cinco documentos, sendo três artigos e duas dissertações de mestrado, por

condizerem com o objetivo da pesquisa. A longitudinalidade, principalmente em caráter

domiciliar, aparece como a principal estratégia de atenção à saúde a ser desenvolvida pela

atenção básica frente aos cuidados paliativos, ao passo que, o acompanhamento constante

1 Enfermeiro. Mestrando em Ciências – Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Federal

de Pelotas. [email protected] 2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Federal de Pelotas.

[email protected]

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do indivíduo em terminalidade faz-se necessário, devido à complexidade que o envolve2-

5. O atendimento domiciliar possibilita a reestruturação das práticas de saúde, rompendo

com as barreiras que tornam o usuário passivo ao sistema, tornando-o participante ativo

do seu cuidado e proprietário da sua autonomia5. Além disso, destaca-se a participação

da atenção básica no que tange a necessidade desta em oferecer, no domicílio, dentro do

possível, um controle efetivo dos sintomas mais estressores e uma morte digna ao usuário,

em um ambiente agradável e ao mesmo tempo, procurando garantir que as preferências

deste sejam priorizadas3. A criação do Projeto Terapêutico Singular é pautada no trabalho

em conjunto com as redes de atenção à saúde e na individualidade de cada ser, também

descrita na literatura como uma estratégia de cuidado paliativo que pode ser estabelecida

pela atenção básica, enquanto meta e boa qualidade de morte ao indivíduo em fase

terminal e sua família1. A necessidade da criação do vínculo entre o profissional de saúde

e os indivíduos em fase terminal caracteriza-se como uma ferramenta de suma

importância para a qualidade de vida dessa população e, neste sentido, a atenção básica

compreende uma rede de atenção necessária para o fortalecimento das relações entre estes

atores, capaz de garantir qualidade da assistência em saúde por meio do diálogo1. Facilitar

o acesso do usuário em cuidados paliativos e sua família é responsabilizar-se pelo cuidado

destes, embora pelas atuais características da atenção básica, como equipes incompletas,

alta demanda para a atenção em saúde, acaba que não seja ofertada a atenção para estes

que necessitam de qualidade de vida aos indivíduos em fase terminal no seu domicílio2.

A cultura hospitalocêntrica e médico-centrada estão fortemente estabelecidas nas redes

de atenção à saúde, principalmente na atenção básica e, desta forma torna-se desafiador

reestruturar e reorganizar a atenção desta, para a cultura dos cuidados paliativos5. Outro

desafio é a necessidade de preparar os profissionais da atenção básica para atender

paliativamente, uma vez que, durante a formação acadêmica o enfoque é curativo1.

Conclusão: A Atenção Básica como porta preferencial de entrada dos usuários do SUS

deve estar relacionada com as demandas da comunidade. Nisto refere-se também a

prestação de cuidados paliativos para os indivíduos na terminalidade da vida e suas

famílias. O papel da Atenção Básica, então, está atrelado à humanização da assistência

em saúde que, em sua maior parte, será prestada no ambiente domiciliar. Por fim,

ressaltam-se a necessidades de reorientação dos modelos de ensino e assistências diante

das fragilidades da formação acadêmica para o tema e, também, da forte influência do

modelo assistencial centrado numa cultura curativista.

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REFERÊNCIAS

1. Combinato DS, Martins, STF. (Em defesa dos) Cuidados Paliativos na Atenção

Primária à Saúde. O Mundo da Saúde. 2012;36(3):433-441.

2. Silva MLSR. O papel do profissional da Atenção Primária à Saúde em cuidados

paliativos. Rev. Bras. Med. Fam. Com. 2014; 9(30):45-53.

3. Floriani CA, Schramm FR. Desafios morais e operacionais da inclusão dos cuidados

paliativos na rede de atenção básica. Cad. Saúde Pub. 2007;23(9):2072-2080.

4. Simino GPR. Acompanhamento de usuários com câncer e seus cuidadores por

trabalhadores de equipes de saúde da família: possibilidades e desafios. [tese]. Ribeirão

Preto (SP): Universidade de São Paulo; 2009.

5. Paz CRP. Cuidados paliativos na Atenção Primária à saúde: novos desafios. [tese]. São

Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2004.

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DESAFIOS PARA A PRÁTICA DOS CUIDADOS PALIATIVOS NOS

SERVIÇOS DE SAÚDE: REVISÃO DA LITERATURA

Pedro Márlon Martter Moura 1

Adrize Rutz Porto2

Introdução: As constantes transformações nos fatores condicionantes e determinantes da

saúde ao longo do tempo revelam as modificações ocorridas na saúde das pessoas no

mundo todo. Atualmente, observa-se o crescente aumento das doenças crônico-

degenerativas não transmissíveis em detrimento às doenças infectocontagiosas, como por

exemplo o câncer. Diante disso, diferentes modos de cuidar têm sido propostos para

atender às necessidades de saúde das pessoas, como é o caso dos Cuidados Paliativos

(CP). Os CP são um conjunto de cuidados implementados quando se esgotam as

propedêuticas curativas em saúde. Trata-se de um modo de cuidar mais humanizado que

leva em considerações distintas abordagens, como por exemplo o conforto dos

sofrimentos dos pacientes que vivenciam o processo de morte. No entanto, os CP ainda

são uma novidade para os profissionais de saúde e um desafio para o sistema de saúde,

principalmente o público. Objetivo: identificar na literatura quais são os principais

desafios encontrados atualmente no sistema de saúde para a implementação dos CP.

Método: foi realizada uma revisão da literatura na base de dados LILACS, no mês de

abril de 2017. Utilizou-se as palavras-chave “Cuidados paliativos” AND “Desafios”.

Foram excluídos os documentos que não configuravam artigos, os que haviam sido

publicados há mais de cinco anos e aqueles os quais os resultados não respondiam ao

objetivo desta pesquisa. Resultados: Foram encontrados 22 documentos, os quais foram

lidos os respectivos resumos. Para análise final foram utilizados seis artigos. Após análise

dos manuscritos, surgiram duas categorias para discussão: Repercussão dos cuidados

paliativos na rotina dos profissionais e dos cuidadores; e Cuidados paliativos e Atenção

Primária a Saúde. Na primeira, abordou-se a mudança de rotinas causada pela

implementação dos CP na atenção à saúde, tanto para os profissionais quanto para os

familiares, é uma das questões a serem consideradas. Para os profissionais de saúde, os

CP representam uma ruptura das tradicionais práticas de cuidado em saúde – que estão

1 Enfermeiro. Mestrando em Ciências – Programa de Pós-graduação em Enfermagem. Universidade Federal

de Pelotas. [email protected] 2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora da Universidade Federal de Pelotas.

[email protected]

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voltadas para a cura/recuperação/tratamento/medicalização. Portanto, a execução desse

novo modelo de cuidar perpassa algumas barreiras operacionais para esses profissionais

pois eles precisam muita das vezes deixar de lado o seu saber técnico-científico e adotar

atitudes mais “básicas” como a reflexão, a escuta e o olhar(1). Além disso, os CP

necessitam da atuação multiprofissional em saúde, o que também configura uma

dificuldade atualmente, tendo em vista que trabalho dos profissionais de saúde ainda

ocorre de modo fragmentado, em que cada profissional realiza exclusivamente a sua

parte(2). Outra questão que merece destaque é a necessidade de se atentar para os

cuidadores das pessoas que vivenciam os CP. Ainda existem muitos estigmas acerca dos

CP, e isso é um dos motivos pelos quais os familiares têm dificuldade de entender que

esse modelo de cuidado é uma forma mais humanizada de tratamento. Por isso, é

necessário envolver a comunidade e promover a reflexão nas pessoas acerca dessa

temática(3). Um outro desafio que se tem diante dos CP é a necessidade de atenção à saúde

dos cuidadores, bem como a estimulação do cuidado de si para estes(3-4). Já na segunda,

ficou destacado que APS é a principal porta de entrada de todo usuário no serviço de

saúde, além de ser o principal suporte de saúde do usuário no seu território(5). No entanto,

no que tange os CP, esse espaço carece de fortalecimento e de formação e inclusão de

pessoal capacitado para esse tipo de cuidado na rede(6). Todavia, é preciso atentar que a

inclusão dos CP na APS aumenta a sobrecarga para os profissionais que nela atuam, pois

esses precisam, além de atender as necessidades paliativas dos indivíduos, lidar cos

dilemas éticos envolvendo os CP, como por exemplo a oportunização da morte no

domicílio(6). Desta forma, ainda é necessária uma melhor definição do papel de cada

serviço na rede saúde, principalmente da APS que é o serviço mais próximo do indivíduo

e de sua família. Sobretudo, verifica-se ainda outros desafios, tais como: a construção de

políticas voltadas para os CP(1); a inclusão da temática nos currículos de graduação dos

cursos da saúde, a definição de lideranças na rede saúde que possam instruir e governar

as ações, levantando as necessidades, provendo soluções e desenvolvendo pessoal com

habilidades para prover os CP(5). Conclusão: Os CP precisam ter melhor atenção das

políticas públicas de saúde para sua implementação. Considera-se que os desafios para a

prática dos CP descritos neste estudo são o reflexo da atual realidade do sistema de saúde

brasileiro, que enfrenta dificuldades econômicas e de estruturação, haja visto ser um

sistema universal que atende em grande escala.

REFERÊNCIAS

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80

1. Rozo Gutiérrez N. O trafegar da morte: cuidados paliativos, utopia ou realidade?. Med

UNAB 2016;19(1):46-55.

2. Silva, CF, Souza DM, Pedreira LCP, Santos MR, Faustino, TN. Concepções da

equipe multiprofissional sobre a implementação dos cuidados paliativos na unidade

de terapia intensiva. Cien. Saúde Col. 2013;18(9):2597-2604.

3. Silva MM, Büscher A, Moreira MC, Duarte SCM. Visitando hospices na Alemanha

e no Reino Unido na perspectiva dos cuidados paliativos. Esc Anna Nery.

2015;19(2):369-375.

4. Magalhaes SB, Franco ALS. Experiência de profissionais e familiares de pacientes

em cuidados paliativos. Arq. Bras. Psicol. 2012;64(3):94-109.

5. Marcucci FCI, Cabrera MAS, Rosenberg JP, Yates P. Integração dos cuidados

paliativos no sistema de saúde: o modelo australiano e aprendizados para a

implementação no Brasil. Esp. Saúde. 2016;7(1):56-64.

6. Souza HL, Zoboli ELCP, Paz CRP, Schveitzer MC, Hohl KG, Pessalacia JDR.

Cuidados paliativos na atenção primária à saúde: considerações éticas. Rev. bioét.

(Impr.). 2015;23(2):349-59.

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CUIDADOS PALIATIVOS EM CRIANÇAS: UMA REVISÃO DE

LITERATURA

Jéssica Cardoso Vaz1

Jéssica Siqueira Perboni2

Stefanie Griebeler Oliveira3

Viviane Marten Milbrath4

Introdução: Os cuidados paliativos (CP) são um direito humano constituem uma

necessidade de saúde pública, pois produzem impacto na qualidade de vida dos doentes

e suas famílias. São caracterizados como cuidados integrais, que visam o bem estar do

paciente, com prestação de cuidados compreensivos, fornecendo qualidade de vida para

os pacientes e suas famílias1. Ainda, buscam a prevenção e o alívio do sofrimento, assim

como apoio para as tomadas de decisões e prestação de cuidados tecnicamente

competentes2. Os CP para crianças propõem mudanças no formato de cuidar dos pacientes

terminais, modificando o paradigma de cura para o cuidado. Possui uma abordagem de

cuidado total e ativo, através da prevenção e alívio da dor e sofrimento, englobando

problemas físicos, psicossociais, espirituais e emocionais. Oferecendo a família o

controle dos sintomas angustiantes, e cuidado durante a morte e luto. A morte em

pediatria é um evento não natural e normalmente não esperado e o modelo de CP

existentes para adultos não correspondem às necessidades do público pediátrico, já que

as crianças não são adultos em miniatura3. Nessa conjuntura, elaborou-se a seguinte

questão norteadora: Quais são os cuidados paliativos para as crianças na área da

enfermagem? Objetivo: Conhecer a produção científica sobre os cuidados paliativos para

crianças na área de enfermagem. Método: Revisão de literatura com busca na Biblioteca

Virtual em Saúde (BIREME), utilizando os descritores em saúde: Child; Palliative Care;

Nursing. A busca foi realizada no dia 18 de Abril de 2017. Os critérios de inclusão

empregados nos estudos foram: responderem a pergunta da pesquisa, estarem disponíveis

on-line, nos idiomas português, inglês e espanhol, e publicados nos últimos cinco anos.

Critérios de exclusão: artigos duplicados, textos incompletos e revisões bibliográficas. A

1 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 2 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 3 Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 4 Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. [email protected]

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realização deste estudo respeitou o tema a ser abordado e o conteúdo dos artigos a serem

utilizados, não havendo distorção de conteúdos e/ou plágio. De acordo com os Direitos

Autorais, Lei n° 9.610 de 1° Fevereiro, 19984. Resultados: Ao utilizar os descritores

foram encontrados 124 artigos, contemplaram o objetivo da pesquisa 15 artigos onde 1

foi encontrado na Base de Dados de Enfermagem (BDENF); 7 são da Literatura Latino-

Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Observou-se que o ano com

mais publicações foi o ano de 2014, com 5 publicações, seguido dos anos de 2015, 2016

e 2013, com quatro, e três publicações respectivamente. Em relação às metodologias

utilizadas destaca-se o estudo qualitativo com 14 estudos e o estudo quantitativo com 1

publicação, pesquisa de campo com 3 estudos, descritiva exploratória com 5 estudos,

análise de conteúdo com 1 estudo e com método fenomenológico 2 publicações. Em

relação ao foco dos estudos, o destaque com 5 publicações abordaram crianças, 2

publicações referem-se à família; 6 estudos que abordam os profissionais da

enfermagem; e por fim 2 publicações referem-se aos profissionais de saúde. No que se

refere aos CP empregados para as crianças encontrou-se: brincar; comunicação; vivência

da família frente os CP; CP no controle de sinais e sintomas; prolongar o tempo de vida;

vida mais próxima da normalidade; alternativas para o controle da dor; estratégia para

humanizar o cuidar em enfermagem e ter envolvimentos com os pacientes, com ênfase

no alívio do sofrimento da criança; conforto à criança; cuidar da família; atender as

necessidades da criança; proporcionar qualidade de vida à criança; dar apoio espiritual,

emocional e religioso; estar mais próximo da criança, discussão da morte com os pais,

pela equipe de saúde, orientar os pais a falarem com o filho sobre a morte, dar suporte

aos irmãos, as barreiras que são percebidas pelos profissionais de saúde, dão-se em a

família não aceitar o mau prognóstico infantil e a instituição continuar a promover

tratamento avançado à criança por causa dos benefícios financeiros. Conclusões: Diante

disso, é possível visualizar a importância do avanço em publicações ligadas ao (CP) em

crianças, para que seja possível o aprimoramento do cuidado e da assistência ofertada,

adequando-a com estratégias para enfrentamento do processo de adoecimento de acordo

com as necessidades apresentadas.

REFERÊNCIAS

1. Capelas ML, Silva SCSF, Alvarenga MISF, Coelho SP. Cuidados paliativos: o

que é importante saber. Patient care. 2016: 16-20.

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83

2. Pereira DG, Fernandes J, Ferreira LS, Rabelo ROR, Pessalacia JDR, Souza RS.

Significados dos cuidados paliativos na ótica de enfermeiros e gestores da atenção

primária à saúde. Rev. enferm. UFPE on line. 2017; 11 (Supl.3): 1357-64.

3. Brito MA, Soares EO, Rocha SS, Figueiredo MLF. Cuidados paliativos em

pediatria: um estudo reflexivo. Rev. enferm. UFPE on line. 2015; 9(3): 7155-60.

4. Brasil. Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a

legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Diário Oficial da

República Federativa do Brasil, Brasília, 19 fev. 1998. Seção 1, p.1

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PRÁTICAS INTEGRATIVAS E COMPLEMENTARES NO CUIDADO COM

PACIENTES ONCOLÓGICOS.

Diva Juliana Aguiar da Silva1

Karine Mendonça Rodrigues2

Introdução: As práticas integrativas e complementares (PICs), denominação adotada no

Brasil pelo Ministério da Saúde contemplam sistemas médicos complexos e recursos

terapêuticos, esses que envolvem abordagens e buscam estimular os mecanismos naturais

de prevenção de agravos e recuperação da saúde, através de tecnologias eficazes e

seguras, priorizando a escuta acolhedora no desenvolvimento de um vínculo terapêutico

e na integração desse humano com o meio ambiente e a sociedade¹. De uma forma

gradativa a institucionalização das PICs possibilitaram a publicação da portaria 971, em

2006, definida Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no

SUS². Com isso foi possível ter abordagens como a Medicina Tradicional Chinesa,

Medicina Ayurvédica, Homeopatia, meditação, fitoterapia, entre outras, o que tem

atribuído em diversas unidades de saúde, especificamente na Atenção Básica. O que vem

a estimular métodos naturais de prevenção diante de uma visão ampla nesse processo

saúde-doença, salientando o autocuidado.³ Essas práticas integrativas e complementares

são utilizadas de forma crescente em vários países, sendo incentivado e regulamentado

pela Organização Mundial da Saúde.4 A prática da meditação traz resultados favoráveis

na qualidade de vida, sintomas e sinais, reduzindo o uso de medicamentos e contribuindo

para a adoção de hábitos saudáveis, como a da segurança quanto à ocorrência de reações

adversas.5 Objetivo: Promover a melhoria da qualidade de vida e bem –estar dos

pacientes atendidos em uma clínica oncológica no Vale do Paranhana em cuidados

paliativos. Metodologia: Trata-se de um relato de experiência, sobre uma intervenção

proposta por uma acadêmica de enfermagem em prática de estágio curricular

supervisionado, visando aplicar práticas integrativas e complementares juntamente com

questionário de satisfação aos pacientes oncológicos. Resultados: Espera-se conseguir

atingir um maior grau de satisfação dos envolvidos nas práticas integrativas e

complementares, tornando um ambiente acolhedor e proporcionando uma melhora na

qualidade de vida desses pacientes em processo de tratamento quimioterápico.

1 Acadêmica de Enfermagem do nono semestre das Faculdades Integradas de Taquara –FACCAT. 2 Mestre em Antropologia Social - Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades

Integradas de Taquara - FACCAT

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Conclusão: Como uma forma de interação com os que passam por momentos de aflição

e buscam o bem estar desse paciente terminal, o enfermeiro visa realizar ações que trazem

o conforto ao mesmo, além dos cuidados básicos e fisiopatológicos que o paciente

necessita, realizando quando possível seus anseios, desejos e vontades. Esse profissional

de enfermagem é fundamental para equipe de cuidados paliativos, pela essência de sua

formação que se baseia na arte do cuidar. Como a prática da meditação possam a ser uma

alternativa nesse momento tornando assim o atendimento mais humanizado.6

Descritores: Oncologia; Cuidados Paliativos, Enfermagem.

REFERÊNCIAS:

1. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Política nacional de práticas integrativas e complementares no

SUS: atitude de ampliação de acesso. Brasilia;2015.

2. Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no

SUS. Brasília; 2006.

3. Brasil, Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de

Atenção Básica. Diretrizes do Nasf – Núcleo de Apoio a Saúde da Família.

Cadernos de Atenção Básica. 2009; 27.

4. Organização Mundial da Saúde. Estratégia de La OMS sobre Medicina Tradicional

Ginebra,2014; p.2023-104.

5. Barollo C, Cabral M. Um dos maiores programas de práticas integrativas e

complementares da América Latina: São Paulo. Revista Brasileira de Medicina da

Família e Comunidade. 2012; 7(1): 6-7.

6. Hélida RH, Isabel CAL. Cuidados paliativos: uma abordagem a partir das

categorias profissionais de saúde. Ciência & Saúde Coletiva.2013; 18(9):2577-

2588 2013.

______________________________

1 Acadêmica de Enfermagem do nono semestre das Faculdades Integradas de Taquara –FACCAT.

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2 Mestre em Antropologia Social - Professora Assistente do Curso de Enfermagem das Faculdades

Integradas de Taquara - FACCAT

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SENTIMENTOS DO CUIDADOR NO PROCESSO DE ADOECIMENTO DO

PACIENTE COM CÂNCER: ENFOQUE NO CUIDADO PALIATIVO

Jéssica Siqueira Perboni1

Mateus Menezes Ribeiro2

Claudia Maria Brazil Gervini3

Elisa Sedrez Morais4

Taís Alves Farias5

Stefanie Griebeler Oliveira6

Introdução: O cuidado paliativo objetiva assistir pessoas que possuem uma doença sem

expectativa de cura. Esses cuidados caracterizam-se pelo controle de sinais e sintomas

físicos e psicológicos próprios da fase final da doença. A terapêutica utilizada é

específica, fazendo com que o paciente se beneficie do cuidado adequado para o momento

que está sendo vivenciado, não estando baseado na cura, mas sim na qualidade, conforto

e alívio do sofrimento durante a convivência com a doença1. Atualmente os cuidados

paliativos vêm sendo realizados no domicílio, em decorrência das mudanças na

sociedade, onde as famílias retomam a responsabilidades pelos cuidados ao indivíduo no

seu processo de adoecimento2. Sendo assim, é possível evidenciar a sobrecarga provocada

no cuidador, devido as rotinas, horários padronizados, não realização de atividades de

lazer, falta tempo para descanso, enfim, limitações que são impostas frente a esse papel

de cuidar, além da carga emocional que trazem consigo, em decorrência da doença do

paciente3. Frente a isso, o cuidador vivencia diversos momentos complexos ao realizar

esse cuidado diário ao familiar em fim de vida, fazendo com que surjam sentimentos

múltiplos ligados a impotência diante do cenário em que se encontra, angustia devido aos

sintomas do paciente, medo e receio da morte4. Diante desse contexto, torna-se

importante voltarmos à atenção para os sentimentos reproduzidos no cuidador através do

enfrentamento do processo de adoecimento do paciente com câncer em cuidados

1 Enfermeira. Mestranda em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas [email protected] 2 Acadêmico do curso de Terapia Ocupacional. Bolsista PROERXT-2016. Universidade Federal de Pelotas.

[email protected] 3 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 4 Acadêmica de Enfermagem. Bolsista PROEXT-2016. Universidade Federal de Pelotas.

[email protected] 5 Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 6 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas.

[email protected]

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paliativos, valorizando esses sentimentos e visualizando sua influência na vida do

cuidador. Objetivo: Identificar os sentimentos gerados no cuidador a partir do processo

de adoecimento do paciente com câncer em cuidados paliativos. Método: Trata-se de um

relato de experiência sobre os sentimentos gerados no cuidador identificados a partir do

projeto de extensão “Um olhar sobre o cuidador: quem cuida merece ser cuidado”, o qual

já acompanhou 52 cuidadores que estavam vinculados aos programas Melhor em Casa e

Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI), vinculados ao Hospital Escola

UFPel/EBSERH. As ações foram elaboradas entre junho de 2015 e dezembro de 2016.

Como técnica de produção de dados utilizou-se os registros individuais realizados nas

fichas cadastrais e relatos dos cuidadores armazenadas no banco de dados do projeto. Na

realização desse relato foram incluídos 27 familiares cuidadores de pessoas com

diagnóstico de câncer em cuidados paliativos. A categorização dos dados foi realizada

por aproximação temática. Resultados: A partir da análise das fichas dos cuidadores, as

respostas obtidas foram categorizadas e organizadas em ordem decrescente de vezes que

foram citadas, sendo estas: morte, angustia em relação ao processo de cuidar, aceitação

do diagnóstico, superação e bom enfrentamento. Na categoria morte, a maioria dos

cuidadores relataram que se sentem despreparados para enfrentar o processo de morte do

familiar. No que tange à categoria de angustias em relação ao processo de cuidado, os

cuidadores alegaram que se sentem tristes e angustiados, com isso alguns destes

vivenciam sentimento de impotência e culpa perante a situação que se encontra seu

familiar. Na categoria aceitação do diagnóstico foi constatado que a maioria dos

cuidadores participantes não aceitam o diagnóstico terminal de seus familiares

apresentando esperanças de cura. No que se refere a perspectiva de superação e bom

enfrentamento foi evidenciado que os cuidadores não possuem perspectivas de superação

e bom enfrentamento sobre a situação vivenciada. O resultado sugere que, o evento

doença está envolto por vários fatores que decorrem das condições

biopsicosocioespirituais do paciente e de seus entes. A estrutura familiar deve ser

considerada na atenção em cuidados paliativos, pois o apoio da família é de extrema

importância para vivenciar esse momento da melhor maneira possível5. Conclusão:

Observou-se que os familiares sofrem com as manifestações da doença e estão sujeitos a

sentimentos como: negação do câncer, impotência diante da situação do paciente e

aceitação da doença, tendo a espiritualidade como forma de apoio. Desse modo,

contemplar o cuidador familiar na abordagem de cuidados paliativos, pode ajudá-lo a

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enfrentar melhor o processo de cuidar, em especial no domicílio, qualificando ainda mais

o cuidado que o mesmo oferta ao paciente.

REFERÊNCIAS

1. Silva EP, Sudigursky D. Concepções sobre cuidados paliativos: revisão

bibliográfica. Acta Paul. Enferm. 2008;21(3):504-8.

2. Baliza MF, Bousso RS, Calixto VM, Spineli D, Silva L, Poles K. Cuidados

paliativos no domicílio: percepção de enfermeiras da Estratégia Saúde da Família.

Acta Paul. Enferm. 2012; 25 (n. esp 2):13-8.

3. Araujo JA, Leitão EMP. O cuidador do paciente em cuidados paliativos. Revista

Hospital Universitário Pedro Ernesto UERJ 2012; 11 (2): 77-81.

4. Inocenti A, Rodrigues IG, Miasso AI. Vivências e sentimentos do cuidador

familiar do paciente oncológico em cuidados paliativos. Rev. eletrônica

enferm 2009; 11(4):858-65.

5. Carvalho CSU. A necessária atenção à família do paciente oncológico. Rev bras

cancerol [Internet]. 2008 [cited 2013 Apr 16];54(1):87-96. Disponível em:

http://www.inca.gov.br/rbc/n_54/v01/pdf/revisao_7_pag_97a102.pdf

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FATORES LIMITANTES DA ALTA HOSPITALAR EM UNIDADE DE

CUIDADOS PALIATIVOS DE UM HOSPITAL FRANCÊS

Franciele Roberta Cordeiro1

Maria Henriqueta Luce Kruse2

Noelle Carlin3

Introdução: Unidades de cuidados paliativos são ambientes especializados no controle

de sinais e sintomas que se exacerbam em casos de doenças fora de possibilidades de cura

e no final da vida. Na maioria dos países, essas unidades se localizam em hospitais de alta

complexidade, apresentam quantitativo pequeno de leitos, visando o acompanhamento

mais próximo e individual dos pacientes. A hospitalização nesse tipo de serviço tende a

ser curta e o objetivo das equipes é promover conforto e alívio da dor, do sofrimento e de

sintomas desagradáveis, com a perspectiva de retorno ao domicílio. Atualmente, a França

conta com 143 unidades de cuidados paliativos, as quais encontram-se distribuídas pelos

diferentes departamentos, garantindo cobertura a grande parte da população e compondo

a rede de cuidados paliativos existente no país1. Objetivo: descrever os fatores limitantes

da alta hospitalar em unidade de cuidados paliativos de um hospital francês. Método:

estudo etnográfico, realizado em unidades de cuidados paliativos de hospitais brasileiro

e francês. Foram acompanhadas, entre outubro de 2014 e outubro de 2016, pessoas em

cuidados paliativos, seus familiares e profissionais de saúde. Como técnica de produção

dos dados foram utilizados diário de campo, observação participante e entrevista

individual semiestruturada. Os achados da pesquisa foram organizados por meio de

mapeamento discursivo e analisados sob a perspectiva cultural e foucaultiana. Em relação

aos aspectos éticos, o projeto foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, sob CAAE:

43747015.5.0000.5327 e seguiu as normas da Resolução 466/2012 do Conselho Nacional

de Saúde. Resultados: Na França, as principais dificuldades em relação à alta hospitalar

em cuidados paliativos dizem respeito ao tempo das internações, à dinâmica familiar e ao

1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail:

[email protected] 2 Enfermeira. Doutora em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail:

[email protected] 3 Enfermeira. Doutora em Filosofia da Prática. Centre National des Soins Palliatifs et de la Fin de

Vie (CNSPFV-França). E-mail: [email protected]

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custo dos estabelecimentos médico-sociais. Neste estudo, foi possível identificar um

duplo que permeia o atendimento nas unidades. De um lado, percebe-se a necessidade do

tempo para trabalhar com os cuidados e os conflitos que surgem no final da vida, o que

exigiria maior período de hospitalização. De outro, os profissionais devem atender as

políticas institucionais e do Estado para organizar o fluxo dos serviços que compõem o

sistema de saúde. No caso da França, os serviços hospitalares de curta permanência, como

as unidades de Cuidados Paliativos, são financiados por meio da tarificação por atividade

e dias de internação2. Nestes setores, no caso de internações que duram menos de quatro

ou mais de 13 dias, a instituição poderá ter descontos e não receber o valor integral por

procedimento. Dessa forma, as equipes tentam realizar a alta dentro do prazo em que

ocorre o financiamento integral das atividades executadas. Ainda que desde o início da

internação seja estabelecido um “contrato” para que, após o manejo dos sintomas, a

pessoa retorne ao domicílio, surgem resistências à alta. Primeiro, porque os doentes e suas

famílias habituam-se com a presença de equipe disposta a atender e aliviar a dor e os

demais sintomas. Segundo, porque as famílias acreditam que não conseguirão ofertar os

cuidados dispensados no hospital, seja pela indisponibilidade de tempo para cuidar, seja

pelo espaço físico restrito do domicílio. Na tentativa de viabilizar as altas hospitalares em

cuidados paliativos, na área social, o Estado francês possui dispositivos financeiros que

auxiliam as pessoas doentes e suas famílias a financiarem materiais e cuidadores que não

são custeados pelo sistema público de saúde. Por vezes, esses benefícios demoram para

ser liberados, indo de encontro a urgência de tempo em situações de final de vida. Dessa

forma, se a família quiser contratar determinados serviços, como cuidadores ou custear a

permanência em estabelecimentos médicos sociais, terá que pagar do próprio bolso,

recebendo, posteriormente, o reembolso do Estado. Nesses casos, as famílias tendem a

oferecer resistência em acompanhar as pessoas em final de vida no domicílio, tentando

prolongar o tempo de internação hospitalar. Conclusão: a alta hospitalar em cuidados

paliativos em hospitais franceses mostra-se complexa. Mesmo com a presença de

dispositivos econômicos e recursos materiais para viabilizar o retorno ao domicílio, nem

sempre isso é possível. Tal fato atribui-se às políticas econômicas e institucionais que

limitam a abordagem integral e que preconizam pela constante liberação de leitos. Além

disso, as famílias mostram-se indisponíveis para o cuidado, tanto pelo tempo dedicado ao

trabalho como pelo restrito espaço físico dos domicílios. Os estabelecimentos médico-

sociais, os quais são tidos como alternativas para a alta hospitalar, são onerosos e nem

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sempre possuem vagas disponíveis para viabilizar o acolhimento e os cuidados às pessoas

em final de vida.

REFERÊNCIAS

1. Société Française d’Accompagnement et de Soins Palliatifs (SFAP). Les soins

palliatifs en quelques chiffres. Paris: SFAP. Disponível em:

<http://www.sfap.org/rubrique/en-quelques-chiffres> Acesso em 29 abr. 2017.

2. Or Z, Renaud T. Principes et enjeux de la tarification à l’activité à l’hôpital (t2a)

enseignements de la théorie économique et des expériences étrangères. Institut de

recherche et documentation en économie de la santé 2009; ( 23): 1–29.

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CIRURGIA PALIATIVA NA NEOPLASIA DE PÂNCREAS: RELATO DE

EXPERIÊNCIA

Felipe Ferreira da Silva1

Renata Ferreira Fagundes2

Karen Milene da Rosa Piske3

Sharon Pereira Feijó4

Julliani Quevedo da Rosa5

Rosani Manfrin Muniz6

Introdução: Cirurgia é a modalidade mais antiga de tratamento do câncer, avanços nas

técnicas cirúrgicas tem tornado a cirurgia moderna mais segura e muitos pacientes pós

cirúrgicos têm conseguido bons resultados após o tratamento. Em função de seu objetivo,

as cirurgias podem ser empregadas com diferentes finalidades: Curativa, Redutora e

Paliativa. A Cirurgia paliativa é usada no controle do câncer para que ele não se espalhe

para outras partes do corpo ou para tratar complicações e/ou sintomas decorrentes de

cânceres avançados, como por exemplo a neoplasia de pâncreas em estados terminais. A

cirurgia paliativa procura fornecer benefício para o paciente na ausência de possibilidade

de cura. A estimativa para o Brasil, Biênio 2016-2017, aponta a ocorrência de cerca de

600 mil casos novos de câncer1, e estima-se que 7.500 novos casos de câncer de pâncreas

sejam diagnosticados a cada ano no Brasil2. Pelo fato de ser de difícil detecção, o câncer

de pâncreas apresenta alta taxa de mortalidade, por conta do diagnóstico tardio e de seu

comportamento agressivo. Assim, a conduta cirúrgica paliativa mais adequada é a

anastomose biliodigestiva, associada a anastomose gastrojejunal para evitar a obstrução

duodenal a longo prazo, que pode ocorrer devido ao aumento do tumor pancreático.

Objetivo: Promover a cirurgia paliativa de anastomose biliodigestiva associada a

anastomose gastrojejunal `a pessoa acometida por neoplasia de pâncreas em estágio III a

fim de melhorar sua qualidade de vida. Método: Trata-se de um relato de experiência

fundamentado em um estudo de caso realizado em uma unidade de internação de um

hospital de médio porte do Rio Grande do Sul desenvolvido durante estágio curricular do

5° semestre da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas no mês de

abril de 2016. Resultados: Sra. I.C.S., 66 anos, acometida por neoplasia de pâncreas em

estágio III. Realizou uma cirurgia paliativa de derivação biliodigestiva, para aliviar a

obstrução dos ductos do confluente bilio-pancreato-duodenal e o quadro de icterícia

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obstrutiva a fim de minimizar os danos já causados pela doença, como a obstrução biliar

prolongada, que resulta em má absorção e consequente desnutrição, prurido, colangites

de repetição e disfunção hepática. Após 14 dias de pós-operatório a Sra. I.C.S recebeu

alta hospitalar e foi encaminhada para o Programa de Internação Domiciliar

Interdisciplinar, referência na cidade em cuidados paliativos. O tratamento cirúrgico

paliativo, por sua vez, é uma alternativa para promover uma melhor qualidade de vida da

pessoa com câncer, já que reduz a população de células tumorais ou controla sintomas

que põem em risco a vida do paciente ou comprometem a qualidade da sua

sobrevivência3. Conclusão: Concluiu-se que a cirurgia paliativa de anastomose

biliodigestiva, associada a anastomose gastrojejunal, tem como finalidade melhorar a

qualidade de vida da pessoa acometida por neoplasia, no entanto não é uma cura para o

câncer. Diante disso, esse estudo servirá para que acadêmicos e futuros profissionais da

saúde zelem pela saúde e bem-estar dos pacientes a fim de promover o conforto, o alívio

da dor e de outros sintomas que causam sofrimento, seja de ordem física, espiritual e

psicossocial no fim da vida.

REFERÊNCIAS:

1. Ministério da Saúde (BR). Instituto Nacional do Câncer. 2016. Disponível em:

http://www.inca.gov.br/estimativa/2016/index.asp?ID=2 Acesso em 13 abril 2016.

2. Ministério da Saúde (BR). Instituto Nacional do Câncer. 2013. Disponível em:

http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/pancreas Acesso

em 14 abril de 2016.

1. Ministério da Saúde (BR). Instituto Nacional do Câncer. 2013. Disponível em

http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/tratamento/cuidados_paliativo

s

Acesso em 15 abril de 2016.

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A FAMÍLIA COMO FATOR PROTETOR PARA DESENVOLVIMENTO DA

RESILIÊNCIA NO PACIENTE EM CUIDADO PALIATIVO

Débora Eduarda Duarte do Amaral¹

Rosani Manfrin Muniz²

Aline da Costa Viegas³

Daniela Habekost Cardoso4

Michele Cristiene Nachtigall Barboza5

Introdução: O Cuidado Paliativo é definido, conforme conceito 1990 atualizado em 2002

pela Organização Mundial da Saúde, como uma “assistência promovida por uma equipe,

que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma

doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação

precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais,

psicológicos e espirituais”. ¹ Ainda, esse tipo de cuidado está permeado por uma rede

complexa de interações, que cerca diferentes formas de saberes, crenças, valores,

significados e resiliência.² E o apoio da família é importante, pois auxilia tanto na

manutenção do cuidado, mas também no enfrentamento do paciente.³ O apoio familiar é

considerado um fator de proteção para resiliência, pois é visto como algo capaz de

fortalecer e ajudar no processo de superação das adversidades.4 Conforme Michel Rutter

“a resiliência é definida como uma variação individual em resposta ao risco, cujo termo

refere-se ao fenômeno de superação de estresse e adversidades”.5 Objetivo: Averiguar as

redes de apoio das pessoas com câncer avançado em

Cuidados paliativos. Metodologia: O presente trabalho trata-se de estudo qualitativo com

uma abordagem de Pesquisa Convergente Assistencial oriundo de dissertação de

mestrado “Promoção da resiliência para pessoas com câncer avançado em cuidados

paliativos domiciliar”, sendo um subprojeto da pesquisa “O significado da experiência

das pessoas frente ao câncer: interfaces da atenção à saúde, cultura e resiliência”. O estudo

foi realizado na cidade de Pelotas/RS no domicílio de cinco participantes com câncer em

cuidados paliativos internados em um programa de internação domiciliar. O período de

coleta foi de março a agosto de 2015, e os participantes foram identificados por nomes

fictícios que atribuíram durante a coleta de dados com intuito de preservar o anonimato.

Na construção do estudo os princípios éticos foram assegurados conforme a Resolução

do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) 311/2007. E considerou-se também a

Resolução nº 466/122 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde, que trata

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da pesquisa envolvendo seres humanos.6 O estudo obteve aprovação pelo Comitê de Ética

em Pesquisa da Faculdade de Medicina da UFPel, sob parecer número 968.462 de 18 de

fevereiro de 2015. Resultados: Os participantes do estudo apresentaram a família como

uma fonte de apoio e fator de proteção para resiliência, pois a mesma contribuiu no

cuidado, e também no reestabelecimento tanto físico e emocional de cada indivíduo. Nos

depoimentos a seguir, fica evidente a presença da família como apoio e fator de proteção

para os participantes: “Eu saia, ia no centro. Parou a vida, de repente mudou muito, isso

me deprimiu, me atingiu, [...], antes saia, saia para vender, comia de tudo, mas por outro

lado é uma das melhores fases da minha vida, passo com ela dentro de casa (esposa)

tenho toda a assistência dela (esposa) para mim. [...] (JOÃO)”; “Para mim as

facilidades (pausa) é a família né, família e a religião, pelo apoio do pessoal, gente que

eu nem conhecia, que são de outra religião vem aqui e fazem oração, eu não me importo,

mas muita gente assim que a gente não conhecia lá do trabalho, o pessoal vem me visitar,

seguida ligam e é bom né, mas o mais importante é o apoio da família [...].(PAULO)”;

“Seria difícil sozinho, a minha esposa, ela está presente no tratamento [...] a minha

família está sempre presente né, os filhos de fora estão sempre se comunicando, dois

filhos moram fora, um em Santa Catarina e outro em POA, consigo visitar de vez em

quando, mas são estes que me ajudam a lidar com tudo (JOÃO ALFREDO)”. Os fatores

de proteção minimizam ou até mesmo a eliminam a probabilidade das influências

inerentes do risco, e a resiliência é o produto final do acumulo desses fatores. 7 Desta

forma, o apoio da família e de outras pessoas, auxilia o indivíduo nas situações de

adversidades e contribui para a formação da resiliência8. Conclusão: Com a realização

do estudo foi possível observar a presença da família na vida do paciente em cuidado

paliativo e a importância da mesma na manutenção e favorecimento da resiliência. Esse

dado corrobora com que está descrito na literatura, que o apoio familiar, é considerado

fator de proteção para a promoção da resiliência. Ainda, aponta-se a necessidade de

realização de outros estudos com universo maior desta população, que possibilitem

aprofundar e proporcionar conhecimento acerca da identificação do processo de

resiliência, bem como seus fatores protetores ao paciente oncológico em cuidados

paliativos.

REFERÊNCIAS:

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97

1. World Health Organization. Nacional Cancer Control programmes polices and

managerial guidelines. 2. ed. Geneva: World Health Organization; 2002. p. 84.

2. Bushatsky M., el al. Cuidados Paliativos em pacientes fora de possibilidade

terapêutica. Bioethikos 2011; 5(3): 309-316.

3. Amaral DED. Promoção da resiliência para pessoas com câncer avançado em

cuidados

paliativos domiciliar. [dissertação] Pelotas (RS): Universidade Federal de Pelotas,

Pelotas; 2014.

4. Rutter M.. Resilience concepts and findings: implications for family therapy. J

Fam Ther 1999; 21:119- 144.

5. Rutter M.. Psychosocial resilience and protective mechanismo. Am J

Orthopsychiatry 1987; 57(3): 316-331.

6. Brasil.Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de

2012: diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos.

Brasília, 2012.

7. Yunes MAM, Szymanski H. Resiliência: noção, conceitos afins e considerações

críticas. Em: J. (Org.) Resiliência e Educação, São Paulo: Cortez; 2001p. 13-42.

8. Cardoso DH. Estratégias para promoção da resiliência com mulheres

sobreviventes ao câncer de mama. [dissertação] Pelotas (RS): Universidade Federal de

Pelotas, Pelotas; 2014.

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TERAPIAS COMPLEMENTARES UTILIZADAS EM CUIDADOS

PALIATIVOS: REVISÃO DE LITERATURA

Camila Timm Bonow1

Jéssica Cardoso Vaz2

Janaína do Couto Minuto3

Teila Ceolin4

Rita Maria Heck5

Introdução: Cuidado Paliativo (CP) é uma abordagem ou terapêutica que estabelece

conforto a pacientes e familiares frente às doenças crônicas que impedem a continuidade

da vida. As terapias complementares são práticas que complementam tratamentos

convencionais, e promovem assistência à saúde ao usuário, atentando para questões

físicas, emocionais e espirituais, tendo o potencial de ser aplicadas nos CP, com objetivo

de amenizar os sintomas e favorecer uma melhor qualidade de vida1. A Organização

Mundial da Saúde (OMS) incentiva e intensifica a inserção, reconhecimento e

regulamentação destas práticas2. Em 2006 no Brasil, o Ministério da Saúde elaborou a

Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único

de Saúde (SUS), em busca da integralidade3. A partir da PNPIC ocorreram outras

publicações pelo Ministério da Saúde, visando à implementação dessa política no SUS.

Objetivo: Realizar um levantamento em bases de dados online dos estudos científicos

produzidos sobre as terapias complementares utilizadas em cuidados paliativos. Método:

Revisão de literatura com busca na Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) e a Public

Medline or Publisher Medline (PubMed), utilizando os descritores em saúde: Palliative

Care; Complementary Therapies; Nursing. A busca foi realizada no dia 20 de abril de

2017. Os critérios de inclusão empregados nos estudos foram: responderem a pergunta da

pesquisa, estarem disponíveis online, nos idiomas português e inglês, publicados nos

entre 2006 e 2016. Critérios de exclusão: artigos duplicados e textos incompletos. A

realização deste estudo respeitou o tema a ser abordado e o conteúdo dos artigos a serem

utilizados, não havendo distorção de conteúdos e/ou plágio. De acordo com dos Direitos

1 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 2 Enfermeira. Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 3Acadêmica de Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. [email protected] 4 Doutora em Ciências. Professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas. E-

mail: [email protected] 5 Professora Doutora em Enfermagem. Universidade Federal de Pelotas. [email protected]

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Autorais, Lei n° 9.610 de 1° Fevereiro, 19984. Resultados: Ao utilizar os descritores

foram encontrados 34 artigos, destes, 11 contemplaram o objetivo da pesquisa. Quatro

foram encontrados na BIREME, sendo dois na MEDLINE e dois na Literatura Latino-

Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); os outros sete foram localizados

na PubMed. Observou-se que os anos com mais publicações foram 2008 e 2014. Em

relação à metodologia utilizada, nove eram estudos qualitativos5-13, um quantitativo14 e

um qualitativo-quantitativo15. Entre as publicações, três7,11,13 abordaram a massagem para

a diminuição dos sintomas, principalmente a dor; dois8,9 referiram-se a musicoterapia

como influência na saúde física e mental; dois5,6 discutiram o cuidado domiciliar, o qual

oferece conforto, carinho, alívio da dor e preparação para a morte, para o usuário e para

sua família; um14 relatou a acupuntura, a massagem e a musicoterapia, aliadas ao

tratamento convencional, como auxílio para aliviar a ansiedade, a depressão e a dor dos

pacientes, promovendo o relaxamento e facilitando a relação e a interação entre

profissional-paciente-família. Uma pesquisa10 mostrou a yoga com uma prática que

propicia o aumento da flexibilidade e força, melhoria da motivação e capacidade de

exercício, diminuindo insonias, melhorando a capacidade de lidar com ansiedade ou

estresse. Um estudo15 mencionou a terapia espiritual, que tem o objetivo de conforto e

proporcionar uma morte que respeite a vida do paciente que está morrendo. Uma12

investigação mostrou que a fitoterapia utilizada concomitantemente, por exemplo, com a

quimioterapia apresentava interação medicamentosa como a toxidade, ocorrendo um

aumento da quimiossensibilidade das células cancerosas, necessitando de uma redução

na dose. As terapias complementares usufruem de meios terapêuticos com eficácia

comprovada visto que complementam as terapias convencionais, respeitando a

individualidade de cada um e empregando técnicas seguras, pautadas na responsabilidade

profissional, de acordo com total conhecimento e consentimento do usuário16. A

enfermagem busca o atendimento integral do usuário, e as terapias complementares vêm

ao encontro deste discurso, remodelando a percepção que o profissional tem a respeito do

indivíduo, assistindo-o com um ser total e não compartimentalizado. As terapias

complementares visam o cuidado integral do indivíduo considerando o estilo de vida, o

estado emocional, as relações sociais, a alimentação, ocorrendo um processo de interação

o profissional e o usuário3. Conclusões: Em consequência da demanda dos usuários por

práticas que atendam suas necessidades de saúde, como a diminuição dos sintomas pelos

usuários em cuidados paliativos, foi possível observar através das publicações que vem

sendo incentivada em alguns países a implantação das terapias complementares,

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100

principalmente por proporcionar uma melhor qualidade de vida e potencializar o efeito

dos medicamentos no controle da dor.

REFERÊNCIAS

1. Caires JS, Andrade TA de, Amaral JBdo, Calasans MTA de, Rocha MDS da. A

utilização das terapias complementares nos cuidados paliativos: benefícios e

finalidades. Cogitare Enferm. 2014; 19(3): 514-20.

2. Brasil. Portaria nº 849, de 27 de março de 2017. Ministério da Saúde, gabinete do

ministro. 2017.

3. Ceolin T, Heck RM, Pereira DB, Martins AR, Coimbra VCC; Silveira DSS. A

inserção das Terapias Complementares no Sistema Único de Saúde visando o Cuidado

Integral na Assistência. Enfermería Global. 2009.

4. Brasil. Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a

legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Diário Oficial da República

Federativa do Brasil, Brasília, 19 fev. 1998. Seção 1, p.1

5. Feuerwerker LCM, Merhy E. A contribuição da atenção domiciliar para a

6. configuração de redes substitutivas de saúde: desinstitucionalização e transformação

de práticas. Rev Panam Salud Publica/Pan Am J Public Health. 2008; 24(3): 180-188.

7. Maddalena VJ, Bernard WT, Etowa J, Murdoch SD, Smith D, Jarvis PM. Cancer

Care Experiences and the Use of Complementary and Alternative Medicine at End

of Life in Nova Scotia’s Black Communities. Journal of Transcultural Nursing. 2010;

21(2): 114-122.

8. Collinge W, Macdonald G, Walton T. Massagein Supportive Cancer Care. Seminarsin

Oncology Nursing, 2012; 28(1): 45-54.

9. Sales CA, Silva VA da, Pilger C, Marcon SS. A música na terminalidade humana:

concepções dos familiares. Rev Esc Enferm USP. 2011; 45(1):138-45.

10. Silva VA da, Marcon SS, Sales CA. Percepções de familiares de pessoas portadoras

de câncer sobre encontros musicais durante o tratamento antineoplásico. Rev Bras

Enferm. 2014; 67(3): 408-14.

11. Selman L, Mcdermott K, Donesky D, Citron T, Howie-Esquivel JILL.

Appropriateness and acceptability of a Tele-Yoga intervention for people with heart

failure and chronic obstructive pulmonary disease: qualitative findings from a

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101

controlled pilot study. BMC Complementaryand Alternative Medicine . 2015; 15(21):

1-13.

12. Kutner JS et al. Massage Therapy vs. Simple Touch to Improve Pain and Mood in

Patients with Advanced Cancer: A Randomized Trial. Ann Intern Med. Author

manuscript; available in PMC. 2008; 149(6): 369–379.

13. Ben- Ayre E et al. Potential Risks Associated With Traditional Herbal Medicine Usein

Cancer Care: A Study of Middle Eastern Oncology Health Care Professionals. Wiley

Online Library. 2016: 598-610.

14. Smith M, Yamashita T, Bryant L, Hemphill L, Kutner, J. Providing Massage Therapy

for People with Advanced Cancer: Whatto Expect. The Journal of Alternative and

Complementary Medicine. 2009; 15(4): 367–371.

15. Caires JS, Andrade TA de, Amaral JB do, Calasans MT de A, Rocha MD da S. A

utilização das terapias complementares nos cuidados Paliativos: benefícios e

finalidades. Cogitare Enferm. 2014; 19(3):514-20.

16. Ferrell B, Levy MH, Paice J. Managing Pain From Advanced Cancer in the Palliative

Care Setting. Clinical Journal of Oncology Nursing. 2008; 12(4).

17. Lima IC, Bastos RA, Kaipper MD, Santos CMC Dos, Filgueiras J. Terapias

Complementares: um projeto de extensão. Universidade Estadual de Feira de Santana,

Feira de Santana – BA. Conexão UEPG. 2012.

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INTERFACE ENTRE CUIDADO PALIATIVO PEDIÁTRICO, FAMÍLIA E

EQUIPE: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Maria Eduarda Menezes Da Silva1

Dani Laura Peruzzolo²

Introdução: Entre os anos de 2004 e 2014, as mortes de crianças advindas de causas que,

com intervenção imediata poderiam ser evitadas, apresentaram uma redução de,

aproximadamente, 19 mil casos no Brasil, sendo que na região Sul esta queda aparece em

mais de 2 mil casos¹. Esta significativa redução ocorre devido à grande disponibilidade

de serviços especializados a nível nacional como o pré-natal5, programas como

Seguimento de Prematuros, e a oferta de atendimentos especializados em intervenção

precoce7. Isso fez com que aumentasse também o tratamento nos primeiros anos de vida

do bebê com prognóstico de óbito neste período. Mesmo que nem sempre estes

diagnósticos se confirmem, os pais e a equipe lidam com essa informação durante a vida

e o tratamento da criança. Mesmo que nem sempre estes diagnósticos se confirmem, os

pais e a equipe lidam com essa informação durante a vida e o tratamento da criança. A

experiência clínica tem apontado para a importância do acompanhamento especializado

tanto para o bebê quanto para os pais, que está pela ordem de um cuidado paliativo,

porém, na busca de discussões teóricas e práticas sobre o tema, muito pouco material foi

encontrado, principalmente no que tange aos cuidados cotidianos que ultrapasse a atenção

à patologia e avancem na produção de experiências de produções familiares. Objetivo:

Identificar as produções na área da saúde que apontam as possíveis intervenções das

equipes frente aos cuidados paliativos pediátricos e as famílias desses paciente.

Metodologia: Realizou-se pesquisas bibliográficas, por meio de artigos nacionais e

internacionais publicados nas bases de dados LILACS e SciELO, durante o período de

2012 a 2016. Os mesmos foram filtrados a partir do cruzamento entre os descritores

“cuidados paliativos”, “profissionais”, “criança”, “família” e “morte”. Foi analisado

como critério de inclusão artigos de acesso livre, que discutiam a percepção dos

profissionais frente ao cuidado paliativo pediátrico, e como critério de exclusão, quando

se tratava de cuidados paliativos com pacientes adultos. Tal busca foi realizada pelas

pesquisadoras, no decorrer do segundo semestre de 2016, e estudados através de análise

de conteúdo que definiu categorias fundamentais. Resultados e discussão: Foram

identificados 50 artigos, que analisados em seu conteúdo, produziram 4 categorias

apresentadas a seguir e representadas pela indicação de 6 artigos por se tratar de um

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resumo. Categoria 1:a formação acadêmica das mais diversas profissões da área da saúde

não prepara os profissionais para suportar sentimentos e percepções sobre a morte, menos

ainda para que saibam confortar as famílias que estão vivenciando o processo de morte

de uma criança, fazendo com que a angustia, a indecisão e o fracasso permeiem a atuação

profissional4. Categoria 2: a morte precoce é vivenciada por todos com grande resistência

tanto por familiares quanto por profissionais, pois é vista como uma ruptura da vida e de

descobertas, sendo assim um momento em que a equipe costuma ser levada a um

sentimento de impotência o qual não estão preparados para vivenciar4. Categoria 3: a

equipe, mesmo sem preparo anterior, percebe que a família é uma parte importante do

cuidado com a criança em cuidado paliativo, em virtude das mesmas estarem presentes

de forma contínua junto a criança, o que muitas vezes pode gerar um desarranjo familiar,

por todas as atenções estarem voltadas para a criança a qual não tem possibilidades de

cura³. Categoria 4: em sua grande maioria as publicações trazem que o único recurso

cabível de atendimento a estas famílias é a escuta, proporcionando um ambiente

acolhedor e de confiança, amparando essas famílias no momento de lidar com o

sofrimento(faltou um artigo). Conclusão: Tal revisão deu ênfase ao grande tabu e

complexidade de se falar de algo tão doloroso e subjetivo, expresso na escassez de

publicações que apontem estratégias de ação, ou indiquem referenciais teóricos à equipes

dispostas a efetivarem uma formação mais especializada no tema. Percebe-se que a

atuação das equipes com as famílias de crianças no contexto dos cuidados paliativos está

pautada na escuta sensível, sendo esta ainda sem uma formação ou fundamentação teórica

mais eficaz.

REFERÊNCIAS

1. DATASUS. Sistema de Informações sobre Mortalidade - SIM. Consolidação da

base de dados de 2011. Coordenação Geral de Informações e Análise

Epidemiológica – CGIAE. Brasília. 2013.

2. MENDES, E. C.; VASCONCELLOS, L. C. F. de. Cuidados paliativos no câncer

e os princípios doutrinários do SUS. 2015. SAÚDE DEBATE: RIO DE

JANEIRO, V. 39, N. 106, P. 881-892, jul-set 2015.

3. MONTEIRO, A. C. M. et al. A atuação do enfermeiro junto à criança com câncer:

cuidados paliativos. Revista de enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, 22(6):778-83

2014.

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104

4. OLIVEIRA, P. R. de; SCHIRMBECK, T. M. E.; LUNARDI, R. R. Vivências de

uma equipe de enfermagem com a morte de criança indígena hospitalizada. Texto

Contexto Enferm, Florianópolis, Out-Dez; 22(4): 1072-80, 2013.

5. PARANHOS, G. K.; REGO, S. Limitación del soporte de vida pediátrico:

argumentos éticos. Rev. bioét.; 22 (3): 521-30, 2014.

6. PERUZZOLO, D.L.; et al. Participação da Terapia Ocupacional na equipe do

Programa de Seguimento de Prematuros Egressos de UTINs. Cad. Ter. Ocup.

UFSCar, São Carlos, v. 22, n. 1, p. 151-161, 2014

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ESPIRITUALIDADE COMO ESTRATÉGIA PARA O ENFRENTAMENTO DO

CÂNCER EM CUIDADOS PALIATIVOS: PERSPECTIVA ECOSSISTÊMICA

Aurélia Danda Sampaio1

Adriane Calvetti de Medeiro2

Gustavo Baade Andrade3

Mara Regina BergmannThurow4

Vanessa Soares Mendes Pedroso5

Hedi Crecencia Heckler Siqueira6 (orientadora)

Introdução: Dados do Instituto Nacional de Câncer revelam que são estimados 596 mil

casos novos de câncer no Brasil em 20161. A Organização Mundial (OMS) preconiza que

todas as questões do cuidado devem ser abordadas, incluindo as espirituais, psicossociais

e familiares, como estratégias integrativas no cuidado aos usuários oncológicos em

cuidados paliativos2. De acordo com a OMS, a estratégia de cuidados paliativos deve ser

desenvolvida por uma equipe multiprofissional com atenção focada não na doença a ser

curada/controlada, mas no usuário, com direito à informação e autonomia plena para

decisões a respeito do percurso da doença e seu tratamento. Portanto, a atenção deve ser

individualizada ao usuário e à sua família. A espiritualidade representa fonte de conforto,

de esperança e de significados à vida, independente das crenças e condições em que o

usuário e/ou familiar se encontra. Ao considerar a dimensão espiritual, a enfermagem

cria possibilidades de fortalecer os mecanismos de enfrentamento dos usuários

oncológicos, potencializando práticas de promoção a saúde e melhorara da qualidade de

vida3-5. Assim a espiritualidade pode ser definida como característica individual do ser

humano, inerente as questões sobre o significado e o propósito da vida, encontrando-se

além da religião e da religiosidade6-7. Existem evidências de que a espiritualidade

melhora os níveis de conforto dos usuários em situações vulneráveis de dor, sofrimento,

angustias e morte.. Diante do exposto, o estudo justifica-se pela importância da temática

no cenário atual, pelo crescente número de usuários acometidos de câncer que necessitam

de cuidados com integrais. Existe, interesse dos pesquisadores em buscar maiores

subsídios a respeito da espiritualidade no enfrentamento do câncer. Assim, tem-se como

objetivo investigar como a espiritualidade pode auxiliar o usuário em cuidados paliativos

no enfrentamento do câncer, sob a perspectiva ecossistêmica. Método: Estudo

exploratório-descritivo, com abordagem qualitativa, desenvolvido em um Hospital

Escola da região sul do Rio Grande do Sul/Brasil que atende usuários em tratamento

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oncológico; internação em UTI adulto e internação domiciliar. Os participantes do estudo

foram 10 enfermeiros assistenciais que participam, ativamente, nos cuidados de

enfermagem aos usuários oncológicos. A análise dos dados seguiu os passos de Minayo,

2010. Foram observados os princípios éticos segundo a Resolução 466/12, Plataforma

Brasil e Comitê de Ética da Faculdade Anhanguera, parecer nº 765.820/2014.

Resultados: Os dados apontam que existe necessidade de atender o usuário na sua

integralidade, incluindo no cuidado a dimensão espiritual. Neste sentido os participantes

expressaram (...) a integralidade vai além do cuidado técnico (...) proporcionar apoio e

conforto espiritual (P1). O cuidado integral é o que vai além desses cuidados tradicionais.

As falas dos enfermeiros permitem distinguir alguns elementos que configuram o

cuidado de enfermagem como : integralidade, apoio, ajuda, conforto. Outros aspectos,

incorporados à prática assistencial, evidenciam o princípio ecossistêmico da inter-

relação. Alguns dos participantes consideram que é preciso: (...) prestar o cuidado

sensível, que se preocupa com a questão social, espiritual, com o ser humano de uma

forma holística (P3). Respeitar as suas crenças, seus valores e sua construção de vida (P4.

Questões de dimensão espiritual e psíquicas para enfrentar a doença e o tratamento (P7).

Nesses relatos os enfermeiros identificam a necessidade de compreender as inter-relações

entre as ações do cuidado nas questões emocionais, de sensibilidades de crenças, de

valores, de enfrentamentos. Os resultados do estudo evidenciam que os enfermeiros

compreendem a espiritualidade no cuidado a partir de uma visão multidimensional, que

ultrapassa os aspectos inerentes do cuidado biológico, ao reconhecerem a importância de

atender as necessidades dos usuários oncológicos de forma integral. Sob a perspectiva

ecossistêmica a espiritualidade está inter-relacionada com as questões do viver humano

em sua integralidade. Neste sentido, pesquisas17-19 apontam que a espiritualidade é capaz

de preservar a qualidade de vida dos usuários ao promover conforto, mecanismos de

enfretamento, aceitação ao prognóstico da doença, proteção contra a perda da esperança

e da terminalidade de vida17. Pesquisa que analisou a compreensão do enfermeiro acerca

do cuidado espiritual e a sua experiência na promoção desse cuidado aos usuários na

prática clínica revela que a necessidade de cuidado espiritual esteve muito relacionada às

situações de fragilidade dos usuários, as quais são vistas como propícias para a prestação

de um cuidado direcionado às necessidades relativas à condição de existência humana, à

busca de explicações sobre a natureza da vida, seu significado e terminalidade18. Nesta

perspectiva, percebe-se a necessidade de mudança de paradigma de atenção, que

abandona o modelo biologista, linear e mecanicista, centrado na doença, para desenvolver

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uma nova configuração de cuidado em saúde, que busca compreender o ser humano em

sua totalidade, com seus valores e crenças pessoais e familiares. Portanto, o cuidado

espiritual, aos usuários oncológicos, requer que o usuário seja considerado na totalidade

integrativa envolvida no processo saúde-doença--cuidado. Conclui-se que a

espiritualidade como estratégia para o enfrentamento do câncer em cuidados paliativos,

sob a perspectiva ecossistêmica, é uma temática atual e emergente na enfermagem/saúde.

Portanto, na promoção da saúde e na qualidade de vida, é relevante a condução de novas

pesquisas que possam ancorar a dimensão espiritual nas ações do cuidado, capazes de

criar e fortalecer os mecanismos de enfrentamento dos usuários oncológicos em cuidados

paliativos.

REFERÊNCIAS

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no Brasil: estimativa 2016 [Internet]. Rio de Janeiro: INCA;2016 [citado 2014 jan.

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TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL DE PACIENTES EM CUIDADOS

PALIATIVOS

Patricia Abrantes Duval1

Rosane Scussel Garcia2

Patricia Peres de Peres3

Enrique Daniel Garin Saldaña4

Tássia Ney Portantiolo5

Introdução: A nutrição no paciente em cuidados paliativos (CP) vem apresentando na

prática clínica alguns aspectos que podem ser vistos como negativos em relação ao

conforto do paciente. Os estágios avançados do câncer tem a desnutrição como uma

complicação comum, entre 20% e 50%1, e diante das possibilidades terapêuticas dessa

fase há grande controvérsia no uso da terapia nutricional, além de questões familiares e

protocolos de trabalho dos profissionais de saúde. A prescrição de restrição de nutrientes

deve ser evitada, porém muito se questiona sobre o real benefício de se administrar

nutrição artificial quando o objetivo principal do manejo do paciente torna-se paliativo1.

As recomendações de administração de terapia nutricional em pacientes desnutridos com

câncer incurável enquanto houver tratamento ativo, claramente aperfeiçoam os benefícios

do tratamento anticâncer, por outro lado, suspender ou minimizar a dose de nutrição

artificial para um paciente em CP pode ser interpretado como abandono do paciente e

promover um dilema ético entre a família e a equipe de saúde2. A Sociedade Européia de

Nutrição Parenteral e Enteral publicou diretrizes específicas para o uso de nutrição

artificial no câncer terminal, porém na prática clínica muitos dilemas ainda levantam

dúvidas sobre o assunto3,4,5. Vem sendo descrito como consensual que em pacientes

inapetentes com expectativa de vida menor que dois meses não é aconselhável ou

desejável iniciar a terapia nutricional, uma vez que esse seria o tempo de o paciente vir a

falecer da doença e não da inanição6. As questões éticas e o papel da família no contexto

da nutrição desse paciente parecem ser desafios a serem administrados na rotina das

1 Nutricionista Hospital Escola/UFPel/ EBSERH. 2Mestre em Nutrição e Alimentos UFPel. Nutricionista do Hospital Escola/UFPel/EBSERH.

[email protected] 3Médica Nutróloga da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital

Escola/UFPel/EBSERH. [email protected] 4Médico Nutrólogo da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional do Hospital

Escola/UFPel/EBSERH. [email protected] 5Especialista em Nutrição Oncológica, Nutricionista da Equipe de Terapia Multidisciplinar de Terapia

Nutricional do Hospital Escola/UFPel/ EBSERH. [email protected]

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equipes de CP, evitando falsas interpretações de abandono e priorizando o conforto e a

supressão das necessidades dos pacientes terminais, sem prolongamento do sofrimento

com o uso de intervenções fúteis. Conhecer a população com a qual se trabalha,

certamente melhora a capacidade de estabelecer condutas apropriadas. Objetivos:

Descrever o perfil dos pacientes em cuidados paliativos internados no Hospital Escola da

UFPel/EBSERH acompanhados pela Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional

(EMTN) no período de janeiro de 2016 a março de 2017. Métodos: Estudo transversal

descritivo realizado a partir de dados secundários obtidos dos registros da EMTN e da

Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do Hospital Escola/UFPel/EBSERH dos

pacientes que receberam terapia nutricional enteral, por sonda nasoenteral (SNE),

gastrostomia ou jejunostomia, ou terapia nutricional parenteral (NPT). Também foram

avaliadas as variáveis: sexo, idade, diagnóstico principal, desfecho e tempo de

internação, tempo compreendido entre a internação e a avaliação nutricional, bem como

Indice de Massa Corporal (IMC) e Avaliação Subjetiva Global (ASG)7. A equipe de

terapia nutricional, após ser solicitada, avalia o paciente e determina as necessidades

dentro do diagnóstico atual e plano de tratamento. Resultados: Foram avaliados 51

pacientes neste período de 15 meses, 58% eram do sexo masculino, com média de idade

de 62 anos e 82,3% com diagnóstico de neoplasia maligna à internação. O tempo médio

de internação foi de 38 dias, sendo que a EMTN foi acionada em média até o quinto dia

de internação. O desfecho da internação foi óbito em 52,9% e alta hospitalar em 43,1%.

A via de acesso para nutrição enteral mais utilizada foi a SNE em 60,7%, seguido da

gastrostomia 23,5%, jejunostomia 9,8% e 5,8% receberam NPT. Em relação ao estado

nutricional, 68,6% dos pacientes apresentavam-se gravemente desnutridos (ASG-C),

27,4% em risco nutricional (ou suspeita) (ASG-B) e apenas 3,9% eram bem nutridos

(ASG-A), sendo que pelo IMC a maioria deles (71,7%) tinha peso adequado e 19,5%

estavam abaixo do peso. Conclusão: O grupo estudado foi predominantemente de

pacientes oncológicos do sexo masculino, idosos, com diagnóstico de desnutrição grave,

porém a maioria com IMC adequado, sendo avaliados e acompanhados pela EMTN com

até cinco dias após a internação hospitalar. O paciente com câncer necessita de

intervenção nutricional uma vez que a diminuição da ingestão alimentar e consequente

perda ponderal são frequentes tanto pelo impacto da doença quanto pelos efeitos

colaterais dos tratamentos anticancerígenos. Estudos bem desenhados são necessários

para se chegar a um consenso sobre as melhores formas de nutrir o paciente com doenças

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em fase avançada, como o câncer, sempre lembrando que tais decisões devem ser

individualizadas.

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INTER-RELAÇÕES NO PROCESSO DE MORTE E MORRER EM AMBIENTE

HOSPITALAR

Tania Cristina Schäfer Vasques1

Valéria Lerch Lunardi2

Rosemary Silva da Silveira3

Liziani Iturriet Avila4

Cáren Igure Noble5

Karen Knopp de Carvalho6

Introdução: Ainda hoje, a morte é tratada como tabu, em que pouco se dialoga sobre ela

e suas implicações na vida do indivíduo no seu processo de morte e morrer e do seu

familiar/cuidador1-2. Enquanto o nascer é algo que, na maioria das vezes, é lindo e

revitalizante para todos no entorno, o morrer ainda é percebido como algo a ser escondido,

ocasionando tristeza e dor. Por isso, comumente, é ocultado, negado ou combatido a

qualquer custo, excluído do processo de viver do indivíduo, mesmo a morte sendo um

evento natural e esperado em algum momento da vida3. Nesse sentido, faz-se necessário

desmistificar a ideia de que não existe “mais nada a ser feito” com o indivíduo em seu

processo de morte e morrer, mas antes tornar a vida que lhe resta o mais confortável e

digna possível, substituindo-se pela convicção de que o cuidado pode ser realizado até

seu fim, por meio de cuidados paliativos, estendendo-se, a seus familiares/cuidadores e,

também, no seu processo de luto, por meio de uma interação possível e focada nas

necessidades dos indivíduos enfermos e seus familiares/cuidadores4. Tal cuidado visa

trazer uma compreensão da morte como parte do processo de vida, a qual não apressa

nem adia sua chegada. Busca atender ao indivíduo na sua totalidade/globalidade (física,

1 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Membro do Núcleo

de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/FURG). E-mail:[email protected] 2 Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio

Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES /FURG).

Email: [email protected] 3 Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio

Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/FURG).

Email: [email protected] 4 Enfermeira. Doutora em enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem. Universidade Federal do Rio

Grande-FURG. Pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Enfermagem/Saúde (NEPES/ FURG).

Email: [email protected] 5 Graduanda em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. E-mail:

[email protected] 6 Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande-FURG. Rio Grande/RS-

Brasil. E-mail: [email protected]

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psicológica, social e espiritual), proporcionando-lhe melhor qualidade de vida e a seu

familiar, bem como apoio e orientação na elaboração do luto5. Dessa forma, no processo

de morte e morrer, a comunicação dialógica pode tornar-se elemento de interligação e

compreensão dessa fase do ciclo da vida. Objetivo: compreender como ocorrem as inter-

relações entre a tríade: trabalhadores da equipe de enfermagem, familiares/cuidadores e

indivíduos no seu processo de morte e morrer em ambiente hospitalar. Método: Trata-se

de uma pesquisa qualitativa, metodologicamente, inspirada no caminho proposto por

Leininger. Como referencial teórico, optou-se pelo pensamento complexo de Edgar

Morin. O processo de coleta dos dados ocorreu de março a junho de 2016, em uma

Unidade de Clínica Médica de um Hospital Universitário, no sul do Brasil. Os

informantes gerais da pesquisa totalizaram 47 trabalhadores da equipe de enfermagem e

24 familiares/cuidadores de indivíduos em processo de morte e morrer. Desses, 18

trabalhadores da equipe de enfermagem e 15 familiares/cuidadores constituíram-se em

informantes-chave, os quais, foram entrevistados, além de participarem das fases de

observação. Foram incluídos como informantes-chave aqueles que durante as

observações demonstraram maior sensibilidade ou ausência de sensibilidade para tornar

menos sofrido o processo de morte e morrer. O total de participantes foi determinado pela

repetição/saturação dos dados(6). Realizaram-se quatro fases de observação (não

participante; pouca participação, mais observação; mais participação e menos

observação; e, observação reflexiva), uma fase de entrevista (realizadas individualmente

e as questões foram geradas a partir das observações realizadas, resgatadas na entrevista.

Estas foram gravadas e tiveram duração de 40-75 minutos) e quatro fases de análise

simultânea. Resultados: Constituíram-se três categorias: A primeira, “Relação dialógica

complexa no processo de morte e morrer em ambiente hospitalar”, enfocando-se nas inter-

relações no ambiente hospitalar: o olhar sobre o processo de morte e morrer do outro e de

si e as estratégias recursivas para um repensar relacionado ao processo de morte e morrer.

A segunda, “Inter-relações no processo de morte e morrer no hospital: olhar do

familiar/cuidador” abordou-se as fragilidades percebidas pelos familiares/cuidadores nas

suas inter-relações com os trabalhadores da equipe de enfermagem e o indivíduo em seu

processo de morte e morrer, bem como as potencialidades no processo inter-relacional do

familiar/cuidador com o indivíduo enfermo e com trabalhadores da equipe de

enfermagem. E, a terceira categoria, “(Re)pensando inter-relações complexas do cuidado

no processo de morte e morrer: ótica da equipe de enfermagem”, discorreu-se sobre os

obstáculos da equipe de enfermagem para a efetivação de inter-relações conectadas, com

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enfoque na sobrecarga de trabalho, descuidado dos pacientes, despreparo do trabalhador

e falta de apoio institucional; e, também, a complexidade das relações no processo de

morte e morrer em ambiente hospitalar, relacionada à competência sobre a participação

da família no cuidado e à atenção as suas necessidades, como a importância do

reconhecimento e valorização do trabalhador, dentre outras. Discussão: Por meio da

análise, verificou-se na primeira categoria, que o processo de morte e morrer, mesmo

fazendo parte do desenvolvimento humano, sempre desperta sentimentos de medo.

Assim, podem ocorrer tentativas de encobrir esse processo, fragmentando-o, quando, na

verdade, deveria ocorrer a ligação em toda essa dinâmica7. Dentre as dificuldades

evidenciadas, a revelação, ou não, do diagnóstico de terminalidade ao indivíduo enfermo

e seu familiar/cuidador, influencia a realidade complexa dos mesmos que vivenciam esse

processo no espaço hospitalar. Podem ocorrer rupturas/solidões ou mesmo a ligação e

interconexão, com a descoberta, ou não, do diagnóstico. Sabe-se que tal revelação sobre

a finitude da vida é um momento impactante, tanto a esse indivíduo quanto a sua família

e precisa ser cuidadosamente tratado pela equipe de cuidado. No que se refere as

estratégias recursivas utilizadas pelos trabalhadores da equipe de enfermagem e

familiares/cuidadores, no cuidado ao indivíduo enfermo em ambiente hospitalar, ressalta-

se que podem ser contribuições para o alívio do sofrimento de quem vivencia o processo

de morte e morrer, englobando a empatia, a espiritualidade e a compreensão de cada

momento vivenciado pelo indivíduo. Por outro lado, observou-se no estudo, que

ocorreram estratégias recursivas que dificultaram, por diversas vezes as inter-relações

entre a tríade, como a forma de se afastar dos diálogos em direção a finitude da vida,

passam a demonstrar reações distintas como negação, reserva, fechando-se ao diálogo.

Assim, podem ocorrer rupturas e desentendimentos nas inter-relações com as equipes de

cuidado, em especial os trabalhadores da equipe de enfermagem, pois estão mais

próximos nos cuidados contínuos8. Em outros momentos, por meio da segunda categoria

do estudo, constatou-se que esses indivíduos enfermos podem evitar, também, diálogos

que abordem a causa do adoecimento, por vergonha, receio e aversão em pensar nessa

temática, preferindo não relembrar situações vividas previamente relacionadas a sua

situação, optando pelos isolamento social9-10. Nesse sentido, a partir de Morin uma

possível resposta para todo esse sofrimento, é uma participação viva, com amor e

solidariedade, extraindo do paradoxo vida-morte uma articulação profunda entre a

reforma da vida como o eixo que nos remete a todo o arco complexo de outras reformas

necessárias: da ética, da educação, da sociedade, concebidas em circuito recursivo11.

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Ainda, com a terceira categoria, do presente estudo, ratificou-se a questão dos próprios

trabalhadores da equipe de enfermagem sentirem-se despreparados para cuidar no

processo de morte e morrer. Assim, o preparo do trabalhador para interagir e cuidar do

indivíduo no seu processo de finitude e de seu familiar/cuidador tem sido praticamente

negligenciado desde a sua formação, levando-o a fazer essa aprendizagem no seu dia a

dia; como nessa pesquisa, muitos parecem se (des)sensibilizar frente à necessidade de

cuidado do indivíduo na finitude12. Dessa forma, enfatiza-se a busca pelo tratamento em

prol da cura, não preparando esses trabalhadores para o cuidar na finitude, o que pode

favorecer o afastamento do trabalhador, o que é percebido, frequentemente, como

manifestação de negligência na assistência. Conclusão: considera-se que essas inter-

relações, quando embasadas no diálogo, na formação de vínculos e na confiança, poderão

contribuir para reduzir o distanciamento, a ruptura e o sofrimento de quem vivencia o

processo de finitude, com a possibilidade de ressignificação dos sentimentos pela tríade.

Tais discussões poderão gerar reflexões importantes tanto para os trabalhadores da equipe

de enfermagem, quanto aos familiares/cuidadores, no que tange o cuidado e as inter-

relações nessa fase do ciclo vital, propiciando uma melhor qualidade de vida a todos os

envolvidos nesse processo.

Descritores: Morte. Paciente terminal. Enfermagem. Família. Inter-relação.

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ESCALA DE EDMONTON COMO INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DOS

SINTOMAS DE PACIENTES ONCOLÓGICOS ATENDIDOS NO DOMICÍLIO

Samanta Bastos Maagh1

Aline da Costa Viegas2

Vanessa Medeiros Almeida3

Daniela Marques Herzer4

Raquel Oliveira Pinto5

Cintia Rodrigues Farias6

Introdução: os cuidados paliativos, segundo a Organização Mundial da Saúde consistem

em cuidados com abordagem integral a pacientes cuja doença não é passível de tratamento

curativo.1 Isso envolve controle de sintomas no âmbito biopsicossocial e espiritual que

neste contexto, podem ser mensurados através de escalas visuais numéricas, analógicas,

em cores ou questionários.2 Assim sendo, neste estudo será utilizada a escala de

Edmonton Symptom Assessment System (ESAS), a qual auxilia no controle de sinais e

sintomas físicos e psicológicos dos pacientes, permitindo conhecer a frequência e a

intensidade destes, contribuindo para a tomada de decisão das equipes quanto a

terapêutica do cuidado, possibilitando verificar a sua eficácia.3 A ESAS utilizada para

análise dos dados possui dez itens, sendo estes: dor, cansaço, náuseas, depressão,

ansiedade, sonolência, apetite, bem estar, dispneia e insônia; Tais sintomatologias são

questionadas ao paciente, o qual pontuará de 0 (zero) a 10 (dez), sendo zero ausência do

sintoma e 10 o sintoma mais intenso já sentido, uma vez que o paciente não consiga

responder, o familiar ou cuidador poderá representá-lo ou o profissional que o

acompanha.4 Objetivo: descrever os dois sintomas mais frequentes apresentados por

pacientes oncológicos internados em um Programa de Internação Domiciliar

Interdisciplinar. Método: trata-se de um estudo descritivo, o qual utilizou dados

1Mestre em Ciências. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar.

E-mail: [email protected] 2Mestre em Ciências. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar.

E-mail: [email protected] 3Especialista em Atenção Domiciliar. Hospital Escola da Universidade Federal de

Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: [email protected] 4Enfermeira. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail:

[email protected] 5Mestre em Saúde Coletiva. Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação

Domiciliar. E-mail: [email protected] 6Especialista em Saúde Pública, Enfermagem Materno Infantil e Educação em Saúde. Hospital Escola da

Universidade Federal de Pelotas/EBSERH/Internação Domiciliar. E-mail: [email protected]

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secundários provenientes dos prontuários de 17 pacientes oncológicos internados pelas

duas equipes do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI) de um

município do Sul do Rio Grande do Sul. Cada equipe pode atender concomitantemente

10 pacientes os quais recebem visitas diárias nos turnos da manhã e tarde. Estas equipes

são compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, tendo apoio de

psicólogos, odontólogas, nutricionista, assistente social e capelão, além de residentes

multiprofissionais em oncologia. Os dados foram coletados no mês de maio de 2017 e

tabulados, obtendo-se os dois sintomas mais frequentes nos pacientes durante aplicação

da ESAS no momento de sua internação no PIDI. Resultados: a partir da avaliação das

ESAS dos 17 pacientes participantes deste estudo se observou que os dois sintomas mais

frequentes foram falta de apetite (inapetência) e ansiedade. A inapetência ou mesmo a

recusa de alimentos ou água é um sintoma frequentemente encontrado nos pacientes em

cuidados paliativos, muitas vezes, relacionado a outros sintomas como náuseas, vômitos,

dor, obstipação, diarreia, entre outros. Nesse sentido, a nutrição em cuidados paliativos

tem como objetivo auxiliar na redução da ansiedade, no aumento da autoestima e da

independência, ofertar conforto emocional, prazer, produzir maior integridade e melhor

comunicação com seus familiares. Dessa forma, garantir a autonomia a pessoa no que diz

respeito a sua nutrição e sua aceitação ou não, é necessário, respeitando-se os princípios

da bioética, evitando-se assim tratamentos fúteis e por consequência reduzindo o seu

sofrimento.5 Como segundo sintoma mais frequente, encontrou-se a ansiedade,

comumente presente em pacientes em cuidados paliativos, sendo definida como um

estado de humor desconfortável, manifestando-se como a vivência de um sentimento

difuso de medo e de apreensão. Nos pacientes em cuidados paliativos, a notícia do

diagnóstico de uma doença grave, sem perspectivas de cura ou percebida como uma

doença de evolução refratária pode desencadear este sintoma, que com frequência evolui

para um estado patológico, sendo importante o seu reconhecimento precoce para início

da terapia adequada.6 Conclusão: a partir da construção deste trabalho observou-se que

embora estudos e a vivência profissional no contexto dos cuidados paliativos apontem a

dor como um dos sintomas mais frequentes alterados, neste estudo a inapetência e a

ansiedade foram os sintomas que mais se destacaram entre os pacientes em cuidados

paliativos, reforçando a relevância de sua investigação e identificação precoce para

manejo e terapêutica adequada, visto que podem produzir alterações significativas no

estado de saúde e bem estar dos pacientes e de seus familiares, os quais precisam estar

elucidados e conscientes da melhor conduta frente aos diferentes aspectos relacionados

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aos efeitos de uma doença sem perspectiva curativa. Também, salienta-se a importância

da utilização de instrumentos para mensuração dos sintomas dos pacientes como a ESAS,

como estratégia de qualificação da atenção à pessoa em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS:

1. Organização Mundial de Saúde [página da internet]. Definition of palliative care.

Genebra (CH): OMS, 2002. Disponível em: www.who.int/cancer/palliative/definition

(02 mai. 2017)

2. Monteiro DR, Almeida MA, Kruse MHL. Tradução e adaptação transcultural do

instrumento Edmonton Symptom Assessment System para uso em cuidados paliativos.

Rev Gaúcha Enferm 2013; 34(2):163-71.

3. Manfredine LL. Tradução e Validação da Escala de Avaliação de Sintomas de

Edmonton (ESAS) em pacientes com câncer avançado. [dissertação] Barretos (SP):

Fundação Pio XII – Hospital de Câncer de Barretos; 2014.

4. Costa MACM, Antunes MTC. Avaliação de sintomas em doentes sem perspectiva

de cura. Rev. Enf. Ref [periódico online] 2012; 3(7):63-72. Disponível em

http://www.scielo.mec.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0874-

02832012000200007&lng=pt&nrm=iso (03 mai. 2017)

5. Nascimento AG. Papel da nutricionista na equipe de Cuidados Paliativos. In:

Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Diagraphic; 2009.

p.144-147.

6. Guimarães RCD. Ansiedade e depressão em Cuidados Paliativos: como tratar. In:

Carvalho RT, Parsons HA, organizadores. Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2ª

Edição. Porto Alegre: Sulina; 2012. p.191-201.

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A IMPORTÂNCIA DO TERAPEUTA OCUPACIONAL NA EQUIPE DE

CUIDADOS PALIATIVOS – UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Thayzzy Fátima Araújo Santos¹

Letícia Zanetti Marchi Altafim²

Jael Rúbia Figueiredo de Sá França³

Cuidados Paliativos (CP) é uma prática multiprofissional que trabalha com

indivíduos diagnosticados com doenças crônicas que estão fora de possibilidade de cura,

assim, compreende-se CP por um atendimento que integre todas as dimensões do

indivíduo, visando atingir uma melhor qualidade de vida para o doente e sua família,

levando em consideração que as consequências causadas pelo adoecimento acarretam

intenso sofrimento que afetam todos em volta do paciente (CARVALHO e PARSONS,

2012), levando em consideração que o acompanhamento em CP deve ser feito após a

morte do indivíduo, cuidando do luto dos familiares. O terapeuta ocupacional é um dos

profissionais que compõe a equipe de CP, e tem como objetivo promover maior conforto,

dignidade e qualidade de vida ao sujeito, contemplando as suas limitações funcionais e o

desempenho ocupacional, correlacionando-as com as atividades cotidianas e as diversas

formas de dor e sofrimento (físico, psíquico, social e espiritual) gerados pelo adoecimento

(BIGATAO, MASTROPRIETO e DE CARLO, 2009.2). O presente estudo consiste em

um relato de experiência, a partir da vivência de alguns atendimentos hospitalares com

um paciente diagnosticado com câncer no pâncreas feito por uma residente terapeuta

ocupacional. Foram realizados um total de dez atendimentos com duração média de 40 a

50 minutos cada, as atividades desenvolvidas foram de alongamento, estimulação

sensorial, escuta qualificada, orientações e medidas de conforto ao cuidador, manutenção

de atividades significativas, atividades expressivas, treino de Atividade de Vida Diária

(AVD), movimentação ativa assistida, estimulação cognitiva e participação de

intervenções de profissionais de Enfermagem e Técnicos de Enfermagem. Os resultados

obtidos com os atendimentos foram melhora da autopercepção corporal (Ex.:

movimentação ativa dos MMSS e MMII); adequação postural espontaneamente do

indivíduo no leito; melhora da cognição (Ex.: reconhecimento de faces, recordação da sua

rotina de trabalho e orientação de tempo e espaço); aceitação do cuidador quanto ao

processo de tratamento em cuidados paliativos e morte. Mesmo com a eminência de

término da vida devido a uma condição patológica, é importante investir nos cuidados

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paliativos, pois essa abordagem possibilita ao indivíduo e familiares um cuidado

ampliado, fazendo com que a morte seja um momento de dignidade.

REFERÊNCIAS:

1. CARVALHO R.C.T., PARSONS, H.A. Manual de Cuidados Paliativos ANCP, 2.

ed. Porto Alegre: Sulina, 2012.

2. BIGATAO, M. R.; MASTROPRIETO, A.P.; DE CARLO, M.M.R.P. Terapia

Ocupacional em Oncologia: A Experiência do Hospital das Clínicas da Faculdade de

Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. In: OTHERO, M. B. (org.).

Terapia Ocupacional - Práticas em Oncologia. São Paulo: Editora Roca, 2009.2.

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CUIDADORES E PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM AÇÃO EDUCATIVA NA

ATENÇÃO À ALIMENTAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS

Adivanio Cardoso¹

Daniela Corrêa da Silva de Farias²

Rejane Vernet Taborda de Barros Varriale³

Introdução: Para atender as necessidades dos pacientes terminais, assim como da sua

família, é essencial que a equipe seja multidisciplinar, cujo objetivo seja prevenir e aliviar

os sintomas, o sofrimento e a dor, associando o apoio espiritual e psicológico desde o

diagnóstico até o final da vida¹. O enfermeiro, enquanto profissional com habilidades em

comunicação e avaliação dos sinais e sintomas, é essencial no suporte em equipe do

paciente, família e cuidador, fazendo o gerenciamento e coordenação das metas

assistenciais propostas no acordo terapêutico. Através da relação de proximidade física e

afetiva, este estabelece a articulação de ações educativas mais assertivas². Ao

fonoaudiólogo, por sua vez, cabe avaliar a eficiência da comunicação e alimentação do

paciente e auxiliar na definição dos melhores procedimentos a serem tomados, dentro dos

princípios dos cuidados paliativos, na busca da melhora da qualidade de vida. Este

profissional tem capacidade em auxiliar o paciente a alimentar-se de forma segura, através

de manobras, adequação postural e orientação da consistência e quantidade de alimentos,

sendo quando possível, a manutenção do prazer em comer. Da mesma forma, tem

condições de indicar vias alternativas em casos de intensificação da disfagia, trazendo

conforto e segurança ao paciente e família³. A alimentação é comumente associada a

vitalidade, bem-estar e qualidade de vida, sendo um pilar importante nas interações

sociais e familiares. Muitas vezes, este acaba sendo o interesse central na preocupação

dos familiares e ou cuidadores, comparado a outras questões complexas do tratamento

proposto. A equipe multiprofissional deve priorizar a ingesta de uma alimentação

balanceada, dentro das necessidades nutricionais do paciente, focando na redução dos

sintomas relacionados ao consumo de alimentos, assim como a busca em manter hábitos

e preferências alimentares do indivíduo, garantindo assim sua satisfação. Na

terminalidade, o alimentar-se é uma das atividades que está alterada, o que

consequentemente é uma grande fonte de preocupação para a família. Ao aproximar-se

da morte, se faz necessário que os profissionais intervenham de forma que os sintomas

sejam controlados, proporcionando conforto ao paciente. Objetivo: Através da

observação de uma consulta multidisciplinar, pretende-se fazer uma avaliação sobre a

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abordagem do aspecto alimentar entre equipe e paciente/cuidador. Método: relato de

experiência acerca do atendimento multidisciplinar realizado em um serviço de dor e

medicina paliativa num hospital da região metropolitana de Porto Alegre, como meio de

qualificar o cuidado e tratamento prestado. Resultados: Viu-se que durante as consultas

em equipe interdisciplinar, não havia a abordagem do tema alimentação de forma

adequada, embora fosse evidente que a dificuldade em se alimentar é um fator

desencadeante de ansiedade para família e paciente. Muitas vezes o paciente não era

questionado sobre como estaria acontecendo a sua rotina alimentar, suas preferências e

seus hábitos de higiene oral. Percebeu-se que os profissionais não entendem a alimentação

como um pilar importante, nas interações sociais e no aspecto emocional do paciente e de

sua família, dando atenção somente à questão nutricional, necessária para a qualidade de

vida dentro dos cuidados paliativos. Com a abordagem e a escuta qualificada deste

paciente, pela equipe multidisciplinar, é possível promover controle de sintomas e

retomada do prazer em alimentar-se, quando possível. Conclusões: A consulta em equipe

multidisciplinar, levando em consideração os princípios dos cuidados paliativos, prepara

o paciente e sua família para o gerenciamento de sua rotina com autonomia, diminuindo

sintomas como ansiedade e medo, além de esclarecer dúvidas do paciente e

familiares/cuidadores, proporcionando assim, uma melhor condição de saúde e qualidade

de vida. Como proposta a essa observação, pensou-se em desenvolver um questionário

que avalie de forma qualitativa e quantitativa os vários aspectos da abordagem da

alimentação durante as consultas em cuidados paliativos.

REFERÊNCIAS

1. BRAVO, Ángela Natalia Aguirre; PEDROZA, Rosa Sampallo. Fonoaudiologia

em los cuidados paliativos. Ver. Fac. Med. 2015; 63(2):289-300. Spanish. Doi:

http://dx.doi.org/10.15446/revfacmed.v63n2.48539

2. FIRMINO, Flávia. O papel do enfermeiro na equipe. Manual de Cuidados

Paliativos – ANCP, 2009, páginas 335-336.

3. PINTO, Adriana Colombani. O papel do fonoaudiólogo na equipe. Manual de

Cuidados Paliativos – ANCP, 2009, páginas 358-360.

4. BENARROZ, Monica de Oliveira; FAILLACE, Giovanna Borges Damião;

BARBOSA, Leandro Augusto. Bioética e nutrição em cuidados paliativos

oncológicos em adultos. Cadernos de Saúde Pública, Set 2009, Volume 25, nº 9,

páginas 1875-1882. Disponível em:

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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-

311X2009000900002&lang=pt

5. ALVES, Patricia Vinheiras. Intervenção do enfermeiro que cuida da pessoa em

fim de vida com alterações do comer e beber. Pensar Enfermagem, 2013, vol. 17,

nº 1.

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ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE COM CIRROSE

HEPÁTICA EM CUIDADOS PALIATIVOS: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Felipe Ferreira da Silva1

Renata Ferreira Fagundes2

Luiz Guilherme Lindemann3

Janaina Baptista Machado4

Carina Rabêlo Moscoso5

Rodrigo Verzeletti Ribeiro6

Introdução: o fígado é uma glândula que executa diversas funções importantes

no organismo, e é extremamente vulnerável a uma variedade de insultos metabólicos,

tóxicos, microbianos, circulatórios e cancerosos. Uma das complicações do fígado é

a cirrose, que se caracteriza como a fase final da doença hepática crônica que danifica o

fígado completamente. O tecido cicatricial lentamente substitui o tecido saudável,

impedindo que o órgão funcione corretamente. A cirrose hepática tem diferentes causas,

sendo uma delas o etilismo crônico, que faz com que inicie-se um processo de infiltração

gordurosa, inflamação e fibrose permanente do fígado. A cirrose alcoólica se desenvolve

em cerca de 15 a 20% dos etilistas crônicos. Isto significa que mais ou menos uma em

cada cinco pessoas com consumo pesado de álcool irão desenvolver cirrose hepática.

Objetivo: relatar os cuidados de enfermagem prestados a um paciente com cirrose

hepática em cuidados paliativos. Métodos: trata-se de um relato de experiência

fundamentado no cuidado prestado a um paciente com cirrose hepática alcoólica em

cuidados paliativos em um hospital de ensino do Rio Grande do Sul no mês de março de

2016. Resultados: paciente R.F.S., sexo masculino, 59 anos, diagnosticado com cirrose

hepática alcoólica e hepatite B há 3 anos, estava na fila para transplante de fígado desde

o diagnóstico. Foi internado devido a hemorragia digestiva alta em decorrência de varizes

esofagianas sangrantes, ascite e insuficiência hepática. Após avaliação da equipe

multidisciplinar, optou-se por colocar esse paciente em cuidados paliativos por não haver

mais recurso terapêutico que visasse a cura da doença, restando o investimento em

medidas de conforto durante a fase de terminalidade. Nos quatro primeiros dias de

internação, o paciente apresentava-se lúcido e orientado, comunicando-se com a família

e equipe, fazendo uso de oxigenoterapia por máscara de Venturi, terapia endovenosa com

opióides e inibidores da bomba de prótons, lactulose oral e enteroclisma. Não foi possível

realizar a paracentese devido à plaquetopenia. Foi instalada sonda vesical de demora,

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sonda nasogástrica aberta em frasco para drenagem de conteúdo sanguinolento e acesso

venoso central. Após esse período, iniciou-se um quadro irreversível de encefalopatia

hepática que levou o paciente a períodos de agitação, irritabilidade e confusão mental.

Nesse ponto, vale ressaltar que o paciente estava ciente da sua condição de saúde e optou

por saber tudo o que iria acontecer com o organismo dele com a progressão da piora dos

sinais e sintomas. Desde esse momento, uma equipe multidisciplinar formada por

enfermeiro, médico, nutricionista, fisioterapeuta, psicóloga e acadêmicos, atuou para

sanar todo tipo de dúvidas e questionamentos do paciente e família, oferecendo suporte

psicológico para o enfrentamento da doença, trabalhando na perspectiva da morte e da

vivência do luto. Conclusão: a experiência proporcionou vivenciar a prática dos cuidados

paliativos prestados desde a iminência da morte até os últimos dias de vida do paciente,

ofertando medidas de conforto que proporcionassem qualidade e conforto durante a fase

de terminalidade, abrangendo tanto o paciente quanto a família.

REFERÊNCIAS

1. FBG. Federação Brasileira de Gastroenterologia. Doença Hepática Alcoólica. São

Paulo; 2017. Disponível em:

http://www.fbg.org.br/Conteudo/2231/0/Doen%C3%A7a-Hep%C3%A1tica-

Alco%C3%B3lica (30 abr. 2017).

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CARACTERIZAÇÃO DE ATENDIMENTOS ONCOLÓGICOS

DOMICILIARES A PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS, NO

MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO – RELATO DE EXPERIÊNCIA

Camilla Luiza Stracke Viana¹

Helena Bianchi²

Fernanda Pagliarini³

Introdução: A demanda por Cuidados Paliativos (CP) é um problema atual de saúde

pública, evidenciando-se a importância da reorganização dos serviços de saúde com a

finalidade de assegurar sua oferta. A assistência domiciliar, neste âmbito, faz-se

necessária pelo elevado grau de humanização que pode propiciar, pois reduz

complicações decorrentes das longas internações hospitalares, diminui custos do

tratamento e envolve a família, tanto nos cuidados, como no amparo afetivo ao paciente.¹

Objetivo: Relatar a experiência de atendimentos fisioterapêuticos e psicológicos, de

residentes do programa de residência em atenção ao câncer, integradas à equipe

multiprofissional, em atendimentos realizados para pacientes oncológicos em cuidados

paliativos da rede pública municipal de saúde. Metodologia: Estudo de caráter

qualitativo, abordagem intervencionista multiprofissional, com amostragem intencional,

na qual participaram pacientes oncológicos em cuidados paliativos, no município de

Passo Fundo/RS, no período de março a agosto de 2016. Os critérios de inclusão para o

estudo foram pacientes que estavam em cuidados paliativos neste período, sendo estes

drenados através de um hospital geral do referido município e convidados verbalmente a

participar dos atendimentos. Os atendimentos foram realizados semanalmente, com

duração média de uma hora, sendo realizado atendimento fisioterapêutico, visando

melhora da qualidade de vida e maior independência funcional dentro das limitações de

cada paciente, sendo reavaliados a cada sessão. Os atendimentos psicológicos visaram

auxiliar emocionalmente paciente e familiares frente ao adoecimento, proporcionando

maior qualidade da saúde mental durante o tratamento. Cada paciente teve um Projeto

Terapêutico Singular, que era reavaliado quinzenalmente pelas profissionais.

Resultados: Observou-se nestes atendimentos, melhora gradual da funcionalidade e

qualidade de vida das pacientes, bem como motivação para desempenhar atividades

simples de vida diária. As pacientes apresentaram reações emocionais adequadas durante

o período de atendimento, demonstrando enfrentamento adaptativo do tratamento.

Cuidadores e familiares demonstraram aperfeiçoamento no cuidado e manejo com as

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pacientes. Conclusão: No campo da fisioterapia domiciliar, esta vem se ampliando por

perceber a influência do contexto domiciliar para o cuidado integral dos pacientes. Nesse

ambiente, o fisioterapeuta realiza uma avaliação e elabora um plano de cuidados

continuados, proporcionando maior conforto e praticidade para o paciente, que pode estar

restrito ao leito, ou com dificuldade de mobilidade. O atendimento psicológico domiciliar

segue, também, a perspectiva do cuidado integral ao paciente, visa aliviar o sofrimento

daqueles que necessitam do tratamento psicológico no processo de adoecimento,

exercendo importantes funções terapêuticas e preventivas à pacientes e cuidadores.

REFERÊNCIAS

1. Queiroz AHAB, Pontes RJS, Souza AMA, Rodrigues TB. Percepção de familiares e

profissionais de saúde sobre os cuidados no final da vida no âmbito da atenção

primária à saúde. Ciênc. Saúde Coletiva [Internet]. 2013; 9:2615-2623. Disponível

em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-

81232013000900016&lng=en. (30 abr. 2017)

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ACOMPANHAMENTO MULTIDISCIPLINAR DE PACIENTES

ONCOLÓGICOS EM CUIDADOS PALIATIVOS: UM RELATO DE

EXPERIÊNCIA

Camilla Luiza Stracke Viana¹

Helena Bianchi²

Fernanda Pagliarini³

Introdução: O atendimento multiprofissional a pacientes oncológicos hospitalizados

promove integralidade na assistência, efetividade do tratamento, melhoria das condições

de saúde e troca de informações entre os profissionais para melhoria do serviço prestado.

Ao se tratar de pacientes oncológicos em cuidados paliativos, o cuidado ativo e total

independem de o paciente estar ou não realizando tratamento oncológico, deseja-se a

melhora da qualidade de vida através do controle da dor e de outros sintomas, além dos

problemas psicológicos, sociais e espirituais. Objetivo: relatar a experiência do

acompanhamento multidisciplinar a pacientes oncológicos em cuidados paliativos (CP)

internados em um hospital geral da cidade de Passo Fundo. Método: O acompanhamento

multidisciplinar foi realizado por residentes do Programa de Residência Multiprofissional

em Atenção ao Câncer da Universidade de Passo Fundo. Os atendimentos tiveram como

objetivo identificar as fragilidades dos pacientes durante o tratamento, analisar a

aderência ao mesmo e realizar o cuidado necessário durante a internação na Unidade

Hospitalar. Resultados: O acompanhamento permitiu realizar um atendimento integral e

humanizado por meio da oferta do atendimento multiprofissional para manejo e cuidado,

visando não somente a internação, mas as práticas de assistência após a alta do paciente,

através da construção de elo entre cuidadores e equipe, propiciando melhor manejo dos

sintomas por intermédio das orientações específicas a cada paciente. Conclusão: A

realização do acompanhamento multidisciplinar durante a internação hospitalar

promoveu maior qualidade ao serviço prestado ao paciente, possibilitando a inclusão de

práticas integrativas através de um trabalho cooperativo de responsabilização entre os

sujeitos e interação entre os pacientes e profissionais, fortalecendo a aceitação à

terapêutica aos pacientes em cuidados paliativos.

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CUIDADOS PALIATIVOS A PACIENTES COM FERIDAS ONCOLÓGICAS

NA ATENÇÃO DOMICILIAR

Daniela Marques Herzer1

Fernanda Sant’Ana Tristão2

Jefferson Sales da Silva3

Maria Angélica Silveira Padilha4

Introdução: Feridas oncológicas são formadas pela infiltração de células malignas do

tumor nas estruturas da pele, ocorrendo a quebra de integridade do tegumento, levando

a formação de uma ferida evolutiva em decorrência da proliferação celular

descontrolada que é provocada pelo processo de oncogênese. Em média 5% a 10% dos

pacientes com câncer desenvolvem lesões oncológicas. Esse fato pode ocorrer durante

os seis últimos meses de vida, em consequência do tumor primário ou metastático. Elas

causam dor, prurido, sangramento, secreções, odor e fístulas. Estas lesões de pele

apresentam mau prognóstico, geralmente não cicatrizam e exigem cuidados paliativos

para aliviar os sintomas, diminuir complicações e melhorar a qualidade de vida através

da prevenção e do alívio do sofrimento do paciente e sua família. Objetivo: Descrever

a atuação do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL (HE–UFPEL) nas orientações

das Equipes de Atenção Domiciliar no tratamento de pacientes em cuidado paliativo

que apresentem lesões oncológicas. Método: trata-se de uma pesquisa descritiva, do

tipo relato de experiência, desenvolvida no mês de abril e maio de 2017. O estudo foi

construído a partir da vivência dos membros do Grupo de Pele do Hospital Escola

UFPEL. Resultado: Contextualização do Cenário. O Serviço de Atenção Domiciliar no

HE – UFPEL contempla o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar para

Pacientes Oncológicos, cujas internações são dirigidas a pessoas com diagnóstico de

câncer, contemplando principalmente pacientes em fase de cuidados paliativos. O

1Enfermeira. Especialista em Saúde da Família. Enfermeira do Grupo de Pele do Hospital Escola

UFPel/EBSERH. Membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e tratamento de Lesões Cutâneas

(GEPPTELC). [email protected] 2Enfermeira. Doutura em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas. Docente da Faculdade de

Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Líder do Grupo de Estudos e Pesquisa em

Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC). [email protected] 3Enfermeiro. Técnico em Enfermagem do Grupo de Pele do Hospital Escola UFPEL/EBSERH. Membro

do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC)

[email protected] 4Enfermeira. Mestre em Ciências pela Universidade Federal de Pelotas. Coordenadora do Grupo de Pele

do Hospital Escola UFPEL/EBSERH. Vice-líder do Grupo de Estudo e Pesquisa em Prevenção e

Tratamento de Lesões Cutâneas (GEPPTELC) [email protected]

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programa conta com duas equipes de médicos clínicos, enfermeiros e técnicos de

enfermagem e apoio complementar de assistentes sociais, nutricionistas,

fisioterapeutas, psicólogos, farmacêuticos voluntários e auxiliar administrativo. As

visitas aos pacientes são feitas duas vezes ao dia, resultando em maior conforto e

atenção humanizada. E contempla também o Melhor em Casa que atende pacientes que

possuem problemas de saúde que necessitem de maior frequência e intensidade de

cuidados e acompanhamento contínuo, dificuldade ou impossibilidade física de

locomoção até uma unidade de saúde. O atendimento é feito por três Equipes

Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD), formadas por médicos,

enfermeiros, técnicos em enfermagem e assistentes sociais e uma Equipe

Multiprofissional de Apoio (EMAP), formada por fisioterapeuta, nutricionista e

psicólogo. As EMAD’s são distribuídas em: EMAD SUL – Fragata, Barragem, Centro

Sul e Porto/Várzea; EMAD NORTE - Três Vendas, Areal Norte e Centro Norte e

EMAD LESTE – Areal, Fátima/Balsa e Laranjal. Atuação do Grupo de Pele do HE–

UFPEL: os profissionais das equipes procuram o Grupo de Pele para solicitar

orientações no manejo das lesões cutâneas. Diante da solicitação de acompanhamento

a enfermeira do Grupo, responsável pela atenção domiciliar, acompanha a equipe e

realiza a avaliação do paciente. Durante a visita domiciliar é feita uma minuciosa

avaliação do paciente, e da lesão que inclui: identificação do tipo de lesão, tipo de

tecido no leito, características do exsudato, características da pele perilesional,

mensuração, registro fotográfico, e são fornecidos as primeiras orientações para a

realização do tratamento para equipe de saúde, cuidador e familiares. Os cuidadores

são informados de todas as condutas tomadas. As informações coletadas são levadas

ao conhecimento do Grupo de Pele, sendo analisadas e discutidas e partir delas é

formulado um plano de cuidado. O plano de cuidado é discutido com a Equipe de AD

e são marcadas novas visitas domiciliares, para posteriores reavaliações das ações.

Sempre é solicitado a enfermeira que realize o registro fotográfico e mensuração para

manter o acompanhamento. As lesões oncológicas prevalentes estão relacionadas a

câncer de mama e períneo. Dentre os principais sintomas destaca-se o odor, o exsudato,

a dor, o sangramento e a necrose. Entre as questões psicossociais a mudança de imagem

corporal, o isolamento social, constrangimento e vergonha estão associados com o

viver e cuidar de uma ferida desta natureza. A compreensão das metas dos cuidados

paliativos, como essencial no desenvolvimento de um plano de tratamento com foco

sobre o controle de sintomas das lesões é uma das ações para manutenção da qualidade

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de vida dos usuários atendidos. Conclusão: Os cuidados paliativos em lesões

oncológicas, são uma grande preocupação na assistência à saúde já que os efeitos da

doença interferem diretamente na qualidade de vida. A progressão da doença, o

aumento da lesão, as dificuldades no controle dos sintomas trazem um sentimento de

impotência para o enfermeiro. A atuação do Grupo de Pele e as ações que desenvolve

de avaliação e tratamento de lesões oncológicas tem um papel importante na

minimização do desconforto e alterações psicossociais que podem ser gerados pelas

lesões nos usuários.

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CUIDADOS PALIATIVOS EM ENFERMAGEM:VALORIZANDO O BEM

ESTAR NO PROCESSO DE FINITUDE – REVISÃO INTEGRATIVA

Cáren Igure Noble1

Tamara Rios de Avila2

Daciclei Lopes da Fonseca3

Ismael Moron de Souza Reinhardt 4

Isabel Cristina Rios de Avila5

Susi Lauz 6

Introdução: A humanização na saúde em cuidados paliativos surgiu com a necessidade

de se resgatar e valorizar o outro por meio de uma sensibilidade há muito abandonada

pelos profissionais de saúde1. Vale aprofundar a temática de forma integral e humanística,

respeitando a individualidade do ser, valorizando suas crenças, atentando para a

comunicação e estando presente na relação do cuidado, tornando-se imprescindível que a

humanização seja despertada nos profissionais de saúde2. Em 2003 foi criada a Política

Nacional de Humanização(PNH) pensada em evidenciar a interface entre o cuidado e a

gestão nos serviços de saúde. A educação permanente emergiu recentemente como um

método em saúde indispensável para as práticas de formação, atenção, transformação e

interação dos saberes e práticas, no cenário real do público alvo estabelecendo

integralidade no processo de cuidar3. Para a equipe de enfermagem, a humanização pode

ser definida como ter respeito pelo ser humano e a empatia como um diferencial no

processo de acolhimento de pacientes que estão submetidos aos cuidados paliativos.

Surge, na fase final da vida, um dos possíveis caminhos para a intervenção da

enfermagem e dos demais profissionais de saúde, pois, os mesmos participam de um

processo de assistência e terapêutica que confluem no sentido de auxiliar e proporcionar

uma melhoria na qualidade dos cuidados prestados, bem como no relacionamento que se

estabelece com os seus familiares. Os Cuidados Paliativos (CP), segundo a World Health

Organization (WHO) é uma terapêutica humanizada ao cuidado de pacientes cuja doença

não responde ao tratamento curativo. Quando a doença se encontra em fase avançada e

progressiva os cuidados visam o bem-estar do paciente, buscando fornecer uma melhor

qualidade de vida para os pacientes e suas famílias4. Objetivo: Verificar os cuidados

paliativos desenvolvidos pela enfermagem e averiguar quais são as estratégias utilizadas

por para promover os cuidados paliativos. Metodologia: Trata-se de uma revisão

integrativa da literatura, construída a partir das seguintes etapas: desenvolvimento da

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questão norteadora; a qual envolve a análise de artigos científicos relacionados com a

temática; extração de dados dos estudos; análise e síntese dos resultados. Resultados: CP

é uma abordagem terapêutica que envolve uma equipe multidisciplinar adequadamente

capacitada. É considerado como uma filosofia do cuidar, cujo escopo é o de proporcionar

aos pacientes sem possibilidades terapêuticas de cura e seus familiares uma melhor

qualidade de vida5.O CP busca identificar e reduzir problemas nas esferas física,

psicológica, espiritual e/ou social5-6. Percebe-se que no processo de terminalidade, o

enfermeiro manifesta o cuidado paliativo quando o cuidado curativo deixa de ser o

propósito principal, buscando que o exercício profissional amenize o sofrimento,

confortando o paciente, expresso pela redução da dor/sofrimento com adoção de medidas

que não só asmedicamentosas7. O cuidado incorpora a ideia de atendimento às

necessidades humanas básicas, numa atitude acolhedora do profissional ao ser empático

com esse paciente e promover a resolutividade dessas necessidades. No Brasil, algumas

diretrizes foram subsidiando e estimulando a criação e implementação de serviços no

processo de saúde-doença, que dispõem esse tipo de cuidados. Dentre elas, pode-se citar

o Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos, dispondo na Portaria nº

19, de 03 de janeiro de 2002, que amplia a inserção de Cuidados Paliativos instituindo no

âmbito da saúde. No art.1º, afirma que: “estimular a organização de serviços de saúde

multidisciplinar para a assistência a pacientes com dor e que necessitam de Cuidados

Paliativos, sensibilizar/treinar os profissionais de saúde para a adequada abordagem

destes pacientes”3-6. Verifica-se um aumento da população idosa e, consequentemente,

do aparecimento de doenças crônicas e terminais que inevitavelmente conduzem a pessoa

a confrontar-se com o processo de morte/morrer. Deste modo, torna-se importante, os

cuidados paliativos exercidos pela equipe de saúde, onde é sanado as necessidades do

doente e dos familiares, a promoção e preservação da dignidade humana durante esse

processo de transição9. Um doente em fase terminal possui além da dor física, a dor

psicológica e o desgaste emocional.10-11 Desta forma, as principais necessidades do

doente terminal e a sua família estão direcionadas para a gestão da dor e o sofrimento,

existindo a necessidade de expressarem seus medos, angústias e sofrimentos, para que se

sintam amparados, respeitados e compreendidos pelo enfermeiro e por todos os

profissionais de saúde que lhe prestam cuidados13. Conclusões: Espera-se que este

trabalho, conscientize acadêmicos e profissionais de enfermagem e da saúde, quanto à

importância de reflexão sobre a temática, buscando sensibilizá-los, uma vez que irão

cuidar de seres humanos, principalmente em seu processo de finitude.

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Palavras Chaves: Cuidados Paliativos; Terminalidade; Humanização

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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O;PESSALACIA, J. D. R; SOUZA, R. S. Significados dos cuidados paliativos na ótica

de enfermeiros e gestores da atenção primária à saúde. 2017. Disponível em:

https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/13977/16825.

Acesso em: 30 de abril de 2017.

2. BALIZA, M. F; BOUSSO, R. S; SPINELI, V. M. C. D; SILVA. L; POLES, K.

Cuidados paliativos no domicílio: percepção de enfermeiras da Estratégia Saúde da

Família. 2012. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/ape/v25nspe2/pt_03.pdf.

Acesso em: 30 de abril de 2017.

3. BRAZIL. Portaria nº 19, de 03 de janeiro de 2002. Disponível em:

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Acesso em: 30 de abril de 2017.

4. BRAZIL. Ministério da Saúde Secretaria de Assistência à Saúde - PROGRAMA

NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR - PNHAH

. 2002. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/pnhah01.pdf.

Acesso em: 30 de abril de 2017.

5. BRITO, F. M; COUTINHO, M. J. F; ANDRADE, C. G; COSTA, S. F. G;COSTA, I.

C. P; SANTOS, K. F. O. 2017. Cuidados paliativos e comunicação: estudo com

profissionais de saúde do serviço de atenção domiciliar Palliativecareand

communication: studywithhealthprofessionalsofthe home careservice . Disponível em:

http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/5368. Acesso

em: 30 de abril de 2017.

6. World healthorganization (WHO). Definitionofpalliativecare

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7. BARBOSA, G. C; MENEGUIM, S; LIMA, S. A. M; MORENO, V. 2013. Política

Nacional de Humanização e formação dos profissionais de saúde: revisão integrativa.

Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reben/v66n1/v66n1a19.pdf

8. REIS. F. Humanização na Saúde. Disponível em:

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BR&lr=&id=QXjgDQAAQBAJ&oi=fnd&pg=PT16&dq=humaniza%C3%A7%C3%

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136

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9. SKABA, M. F. Instituto Nacional de Câncer (INCA/MS).Humanização e cuidados

paliativos. EDUNISC-Edições Loyola, São Paulo, 2004, 319 p. Disponível em:

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Acesso em: 30 de abril de 2017.

10. COSTA. I. C. P. Cuidados Paliativosna Atenção Básica: depoimentos de

profissionais daSaúde. 2011. Disponível em:

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11. OLIEVEIRA, F. M. C. S. N; FERREIRA, E. C; RUFINO, N. A; SANTOS, M. S.

S. S. Educação permanentee qualidade da assistência à saúde: aprendizagem

significativa no trabalho da enfermagem. 2011.Disponivel em:

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2017.

12. A Importância de uma unidade de cuidados paliativos nos hospitais privados.

Disponível em: http://repositorio.ipvc.pt/handle/20.500.11960/1823. Acesso em: 03

de maio de 2017.

13. GOMES, H; BORGES, M; BAPTISTA, G; GALVÃO, A. A relação de ajuda ao

doente em fim de vida e família:o enfermeiro e o cuidar em fim de vida. Disponível

em:

http://revistastudere.com/ficheiro/Helena%20Gomes%20Art%20completo%20pagin

as.pdf. Acesso em: 02 de maio de 2017.

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O PAPEL DA PSICOLOGIA EM ÁREAS CRÍTICAS E AS DIRETIVAS

ANTECIPADAS DE VONTADE: POSSIBILIDADES DE COMUNICAÇÃO

Paula Azambuja Gomes1

Rita Gigliola Gomes Prieb2

Simone Medianeira Scremin3

Waleska Jerusa de Souza Mendonça4

Introdução: As diretivas antecipadas de vontade, a partir da Resolução CFM

1955/20121, preconizam que o desejo do paciente deve ser respeitado, sendo ele o

principal norteador do seu tratamento e condutas. Em nossa experiência adquirida com a

Residência Integrada Multiprofissional em Saúde, ênfase Adulto Crítico, em um Hospital

Universitário de Porto Alegre, percebemos que mesmo tal temática tendo respaldo nesta

resolução, ao trabalharmos sobre medidas de tratamento paliativos em diferentes

cenários, nos deparamos com entraves que dificultam a comunicação entre as equipes e

o respeito ao desejo do paciente. Desta forma, se faz necessário uma intermediação da

psicologia a fim de resguardar a vontade expressa pelo paciente com relação aos

procedimentos considerados pertinentes para alívio do sofrimento e aqueles aos quais não

quer ser submetido em caso de final da vida. A equipe da psicologia que atua nos cenários

Emergência e Centro de Terapia Intensiva (CTI) constantemente intervém com vistas a

auxiliar a equipe a lidar com as suas limitações e expectativas frente ao desejo expresso

pelo paciente. Culturalmente, estes dois cenários são ambientes que tem por objetivo o

uso de tecnologias duras e leves-duras, com o intuito de salvar vidas. No entanto, o

trabalho da psicologia tem se pautado na propagação da importância das tecnologias

leves, como recursos terapêuticos de grande valia2,3. Objetivo: Compartilhar a atuação

do psicólogo em unidades críticas, como profissional que favorece a comunicação entre

paciente e equipe. Através de mediação nas discussões clinicas em round médico e

multiprofissional, e por meio do registro da decisão em prontuários, respaldando o que

está preconizado pelas diretrizes antecipadas de vontade do paciente. Metodologia: Será

utilizado método de relato de experiência. Abrangendo período de março de 2016 a maio

de 2017, nas unidades de CTI e Emergência do Hospital de Clinicas e Porto Alegre

(HCPA)-Brasil/RS. Resultado: Um dos grandes problemas percebidos nessa experiência

é a dificuldade de comunicação entre as equipes e a definição de qual equipe é responsável

por determinar como será o desfecho dos atendimentos, priorizando o desejo expresso

pelo paciente. Dentro disto, observou-se dificuldades internas dos profissionais

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envolvidos, tais como sentimentos de impotência e frustração profissional em não

conseguir obter o desfecho esperado. Existem divergências entre a equipe assistente e

equipe da unidade crítica, onde o paciente se encontra, pois, muitas vezes o paciente

expressa seu desejo de não serem realizados procedimentos invasivos durante os

atendimentos de rotina e essa informação não é repassada a equipe da unidade crítica.

Neste momento, em função da dificuldade sobre qual área deve definir as condutas e

respeitar a vontade do paciente no fim de vida, torna-se crucial o psicólogo como

mediador da relação da equipe com o paciente e a família, minimizando possíveis falhas

na comunicação entre os membros das equipes CTI/Emergência/Equipe Assistente e

Paciente/Família. Auxiliar a equipe a tolerar a decisão do paciente e sua família em não

prolongar a vida com tratamentos considerados fúteis e que podem não trazer benefícios

terapêuticos ao paciente é um desafio a ser enfrentado na instituição pelos psicólogos que

atuam em áreas críticas. Além disso, o amparo emocional ao paciente, família e equipe é

essencial, haja vista que todos se beneficiam quando se propicia comunicação efetiva

entre os envolvidos no processo de finitude2. Conclusão: Encorajar a reflexão sobre o

processo natural de finitude, entendendo que o entrave entre a comunicação ocorre pela

dificuldade dos membros da equipe em lidar com sentimentos de impotência e frustração

profissional em não conseguir obter o desfecho esperado. Igualmente, auxiliar na

dificuldade de comunicação entre as equipes e a definição de qual equipe é responsável

por determinar como será o desfecho dos atendimentos é uma das principais missões do

psicólogo atuante nas áreas críticas.

REFERÊNCIAS

1. BRASIL. Resolução Nº 1.999/2012, de 19 de outubro de 2012. A falta de

evidências científicas de benefícios e os riscos e malefícios que trazem à saúde não

permitem o uso de terapias hormonais com o objetivo de retardar, modular ou prevenir

o processo de envelhecimento. Conselho Federal de Medicina. Brasília. 2017.

Disponível em: http://www.portalmedico.org.br/resolucoes/CFM/2012/1999_2012.pdf

2. Carvalho VA, Franco MHP, Kovacs MJ, Liberato RP, Macieira RC, Veit MT,

Gomes MJB, Barros LHC. Temas em Psico-oncologia. 1a Edição. São Paulo: Summus

Editorial; 2008.

3. Simonett A. Manual de Psicologia Hospitalar – o mapa da doença. 5a Edição. São

Paulo: Casa do Psicólogo; 2009.

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DESPEDIDA SILENCIADA: A “CONSPIRAÇÃO DO SILÊNCIO” COMO UM

ENTRAVE NA COMUNICAÇÃO DE UM SERVIÇO DE CUIDADOS

PALIATIVOS EM UM HOSPITAL ESCOLA

Paula Azambuja Gomes1

Amanda Bianchi2

Dalvana Zago3

Mônica Echerrevia de Oliveira4

Suzelmara Mello Craidy5

Introdução: O paciente gravemente enfermo sabe inconscientemente sobre seu processo

de adoecimento e finitude. Uma postura bastante recorrente e paternalista que ocorre é a

evitação de uma conversa franca da equipe com o paciente e seus familiares sobre tal

condição1. Entretanto esta mesma postura pode ocorrer quando apenas uma parte dos

envolvidos têm o conhecimento real dos fatos. Esta condição pode criar uma situação

conhecida como “conspiração do silêncio”, que acaba criando um isolamento emocional,

ficando de um lado o paciente e de outro a família, todos com sentimentos, dúvidas e

anseios semelhantes, mas não compartilhados1,2. Objetivos: Identificar como e de que

forma ocorre a conspiração do silêncio no Núcleo de Cuidados Paliativos no Hospital de

Clínicas de Porto Alegre (HCPA) – Brasil/RS; Identificar em quais contextos e relações

se processa a conspiração do silêncio; Quais as consequências dessa prática.

Metodologia: O método utilizado neste trabalho é o relato da observação e atuação do

profissional de psicologia dentro do Núcleo de Cuidados Paliativos na referida instituição

no período de março de 2016 a maio de 2017. Resultados: Através da prática no Núcleo

de Cuidados Paliativos foi possível perceber por vezes a existência da “conspiração do

silêncio” como uma das formas de comunicação entre equipe- paciente-família. Em sua

maioria, observamos que ocorre entre profissionais e familiares que buscam evitar falar

em terminalidade e morte, com a ideia de poupar o paciente, por achar que poderão

aumentar sua dor, causar sofrimento e deprimí-lo. Identifica-se esta forma de

comunicação quando o paciente é isolado das conversas referentes ao

diagnóstico/prognóstico, ao plano de tratamento, sendo assim impedido de participar das

decisões em relação ao seu tratamento e futuro, influenciando nas suas escolhas referentes

à qualidade do tempo em seu fim de vida. Frente a este entrave na comunicação, há

dificuldade dos envolvidos em elaborar o luto antecipatório, o impedimento da

finalização de assuntos importantes e despedida de entes queridos, dificulta a expressão

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de sentimentos, podendo gerar isolamento e sentimento de abandono. Percebe-se que o

calar ocorre na tentativa não só de poupar o paciente, achando que seria esta a melhor

forma de lidar com o que vem sendo vivenciado, mas também ocorre devido à dificuldade

em lidar com a dor do outro, calar por não suportar perceber e trazer a certeza da iminência

da morte para o presente. Essas características de dinâmica na comunicação são

observadas pela equipe e o psicólogo irá se colocar nessa relação como um facilitador,

respeitando o tempo e as defesas emocionais, proporcionando um espaço onde poderão

ser expressos os conteúdos que deverão ser acolhidos e (re)significados1,3. Conclusão:

Diante das inúmeras formas de expressão e comunicação existente nas relações humanas

o silêncio enuncia o que vai além das palavras, um sofrimento que não é compartilhado.

Frente ao entrave gerado pela “conspiração do silêncio”, o psicólogo intermédia a

comunicação entre equipe-paciente-família, sendo essencial o amparo

psíquico/emocional a todos os envolvidos, visto que todos se beneficiam quando ocorre

comunicação efetiva entre os envolvidos no processo de finitude.

REFERÊNCIAS

1. Maciel MGS. et al. Critérios de qualidade para os cuidados paliativos no Brasil /

documento elaborado pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro:

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2. Porto G, Lustosa MA. Psicologia Hospitalar e Cuidados Paliativos. 2010 Jun

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3. Mota AR; Martins CGDM; Véras RM. Papel Dos Profissionais De Saúde Na

Política De Humanização Hospitalar. 2006 Ago. [citado em 2017 Maio 2] In: Psicologia

em Estudo [Internet]. V. 11 (2): 323-330. Disponível em:

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&tlng=pt

.

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UM ANO DE EXPERIÊNCIA: PERFIL DE ATENDIMENTO DA EQUIPE DE

CONSULTORIA DE CUIDADOS PALIATIVOS – HE/UFPEL/EBSERH

Ana Cristina Fraga da Fonseca1

Julieta Carriconde Fripp2

Marcia Inêz Xavier dos Santos3

Simone da Fonseca Sanghi4

Tais Manjourany Leivas5

Vanessa Pellegrini Fernandes6

Introdução: A transição demográfica proporcionou uma redução da taxa de natalidade e

um aumento da expectativa de vida. Dessa forma, temos aumento significativo das

doenças crônicos não transmissíveis como neoplasia, doenças cerebrovasculares e

pulmonares1. Com esse novo perfil de pacientes crônicos é necessário a instituição de

Cuidados Paliativos o qual tem como objetivo, segundo a Organização Mundial da Saúde,

a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que

ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce,

avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos

e espirituais. A equipe de consultoria em cuidados paliativos do Hospital Escola é

constituída de médico, enfermeiro, psicólogo e assistente social e presta atendimento aos

pacientes e familiares por meio de solicitação da equipe assistente, onde o atendimento é

mantido a partir da primeira avaliação até a saída do paciente. Dentre as atividades

desenvolvidas por esta equipe, destaca-se: avaliação e manejo das necessidades físicas,

emocionais, sociais e espirituais, elaboração de plano de cuidados, comunicação acerca

1 Enfermeira da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em

Enfermagem Médico-Cirúrgica. Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFPEL;

2 Médica Paliativa - Medicina Intensiva AMB/AMIB; Docente Disciplina Cuidados Paliativos -

FAMED/UFPel; Médica TAE do Hospital Escola – UFPEL; Especialista em Gestão Hospitalar - IEP/HSL;

Líder do Grupo de Pesquisa LEP-RCP; Doutora em Ciências UFPEL; Coordenadora Programa Melhor em

Casa Pelotas junto ao MS

3 Assistente Social do Programa Melhor em Casa; Especialista em Gestão Pública e Desenvolvimento

Regional pela UFPEL; 4 Assistente Social da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista

em Saúde Coletiva pela Escola de Saúde Pública do RS; Mestre em Serviço Social pela PUCRS e

Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;

5 Psicóloga da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH e Especializanda

do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;

6 Médica Geriátrica da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH;

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do adoecimento e terminalidade, planejamento e orientação para alta, encaminhamento

ao serviço de atenção domiciliar quando necessário e ações educativas envolvendo

equipe, paciente e familiar ou cuidador. Objetivo: Avaliar o primeiro ano de atendimento

da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do Hospital Escola da Universidade

Federal de Pelotas. Métodos: Estudo prospectivo de pacientes atendidos pela equipe de

consultoria em Cuidados Paliativos do Hospital Escola da Universidade Federal de

Pelotas, no período de 01 de janeiro à 31 dezembro de 2016. Avaliado sexo, idade,

diagnóstico, período entre internação e solicitação da consultoria pela equipe assistente,

tempo de permanência em acompanhamento com a equipe consultora e desfecho clínico.

Resultados: No período analisado foram atendidos um total de 107 pacientes, com

predomínio de 57% do sexo feminino. Com relação a idade dos pacientes atendidos,

houve maior prevalência de pacientes na faixa etária dos 51 aos 60 anos e dos 61 aos 70

anos, respectivamente com 30 e 29%. O diagnóstico principal dos pacientes

encaminhados era neoplasia, 93% dos casos. E ao avaliarmos o sítio primário da

neoplasia encontramos pulmão e intestino como de maior incidência, o primeiro com 22%

e o segundo, 13%. Em relação ao tempo de seguimento até a saída do paciente, 78

pacientes foram acompanhados pela equipe por cerca 20 dias e 4 pacientes por um período

maior de 2 meses, sendo que em média a permanência do acompanhamento foi de 16

dias. Em 12% dos atendimentos (13 pacientes) a equipe foi acionada nas últimas 48h de

vida do paciente ou na fase ativa de morte, e no restante dos atendimentos, a equipe

assistente levou em média 17 dias, após a internação do paciente, para chamar a equipe

de consultoria. Quanto ao desfecho, 60% dos pacientes evoluíram para o óbito, e o

restante tiveram sua saída do hospital através de alta ou transferência para outras unidades

hospitalares. Conclusão: Esta análise inicial, nos permite concluir, que a quase totalidade

dos atendimentos a pacientes oncológicos, se deve ao fato de que, a grande maioria dos

profissionais ainda considera que o cuidado paliativo deve ser instituído principalmente

a pacientes com câncer. E, que a demora em solicitar o atendimento a equipe de

consultoria dificulta a implantação de cuidados que são necessários para aliviar o

sofrimento ocasionado pela doença ameaçadora da vida. Com isso, destaca-se a

relevância de instituir programas de ações educativas a equipe de saúde para o

entendimento do cuidado paliativo como medida para melhorar a qualidade de vida e

aliviar o sofrimento a pacientes que apresentam doenças que ameacem a continuidade da

vida.

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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1. VASCONCELOS, A.M.N.; GOMES, M.M.F. Transição demográfica: a

experiência brasileira. Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, 21(4):539-548, out-dez, 2012.

2. CARVALHO, R. T.; PARSONS, H. A. (Org.) Manual de Cuidados Paliativos

ANCP. 2.ed. São Paulo: s. n., 2012.

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MOMENTOS FINAIS DA VIDA:

O RELATO DE UMA EQUIPE DE CUIDADOS PALIATIVOS

Ana Cristina Fraga da Fonseca1

Julieta Carriconde Fripp2

Marcia Inêz Xavier dos Santos3

Simone Fonseca Sanghi4

Tais Manjourany Leivas5

Vanessa Pellegrini Fernandes6

Introdução: O modo de morrer é apresentado de diversas formas, dependendo do

contexto histórico e cultural5. Um dos princípios dos cuidados paliativos é considerar a

morte como um processo normal da vida, propondo uma aceitação social do processo de

morrer: Morrer com dignidade! Para garantia da morte digna, faz-se necessário uma

atenção dirigida ao controle de sintomas e do sofrimento e promoção do bem-estar e da

qualidade de vida2. Assim, cabe a Equipe de Cuidados Paliativos perceber as fragilidades

do paciente diante da terminalidade, contribuindo com o cuidado humanizado que permita

uma partida serena e digna. O cuidado humanizado consiste na sensibilização da

assistência integral dos pacientes e familiares, sendo que aquele abrange as diversas

dimensões (física, psicológica, social e espiritual) do sofrimento humano para

proporcionar uma sobrevida e um processo de morrer dignos1. Objetivo: Refletir as

expectativas da equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos frente a experiência da

morte. Métodos: Este estudo refere-se a uma abordagem descritiva com dados

1 Enfermeira da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista em

Enfermagem Médico-Cirúrgica. Mestranda do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem da UFPEL;

2 Médica Paliativa - Medicina Intensiva AMB/AMIB; Docente Disciplina Cuidados Paliativos -

FAMED/UFPel; Médica TAE do Hospital Escola – UFPEL; Especialista em Gestão Hospitalar - IEP/HSL;

Líder do Grupo de Pesquisa LEP-RCP; Doutora em Ciências UFPEL; Coordenadora Programa Melhor em

Casa Pelotas junto ao MS

3 Assistente Social do Programa Melhor em Casa; Especialista em Gestão Pública e Desenvolvimento

Regional pela UFPEL; 4 Assistente Social da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH. Especialista

em Saúde Coletiva pela Escola de Saúde Pública do RS; Mestre em Serviço Social pela PUCRS e

Especializanda do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;

5 Psicóloga da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH e Especializanda

do Curso de Preceptoria no SUS pelo Sírio Libanês/ SP;

6 Médica Geriátrica da Equipe de Consultoria em Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBERSH;

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qualitativos, realizado em um Hospital Universitário na cidade de Pelotas pela equipe de

consultoria em Cuidados Paliativos, composta por um médico, enfermeiro, assistente

social e psicólogo. A equipe, durante 20 dias, acompanhou um paciente de 43 anos com

diagnostico de Obstrução Intestinal Maligna, sem possibilidade de tratamento cirúrgico o

qual evoluiu para estratégia paliativa exclusiva. As visitas foram realizadas diariamente

com no mínimo dois componentes da equipe, onde se utilizou a Escala de Edmonton para

avaliação dos sintomas, avaliação psicossocial, observação e entrevista com familiares.

Resultados e Conclusões: Nos momentos finais da vida o Cuidado Paliativo proporciona

amparo e conforto. Desta forma, procura-se promover o controle dos sintomas,

manutenção da qualidade de vida, apoio e segurança, pois sabemos que o abandono e a

insegurança podem ser maiores que o medo da morte. Assim, a partir do acompanhamento

realizado ao paciente citado, evidenciou-se que o mesmo expressava o desejo de abreviar

o processo de morte e mostrava-se pouco comunicativo com a equipe e familiares,

rejeitando as estratégias propostas de comunicação, aproximação da equipe, medidas de

conforto, terapia ocupacional, musicoterapia e abordagem espiritual. Sendo assim,

mesmo entendendo o comportamento do paciente como sendo integrante do processo de

luto da morte, estas condições provocaram dificuldades na abordagem pela equipe

gerando sentimento de rejeição, frustação e impotência, levando-nos a rever nossas

expectativas e ressignificar a abordagem paliativa e o processo de morte. A partir da

experiência vivida com o processo de morte, aprendemos que não existe modo/jeito certo

de morrer, pois a morte pode ter significados diferentes e romper com protocolos

definidos da chamada “boa morte”. Os momentos finais da vida, podem ser cercados de

isolamento, tristeza e recolhimento por parte do paciente, não necessariamente sendo algo

direcionado a equipe ou familiares. Estas percepções levaram a equipe a compreender

que se deve respeitar o silencio e a introspecção profunda do paciente e que paliar também

é permitir o olhar, a presença, o toque e a comunicação não verbal. E, que estes

sentimentos de frustação e desapontamento vivenciados pela equipe de cuidados

paliativos vão além das habilidades técnicas e só serão amenizados com as experiências

futuras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

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146

1. CARDOSO. Daniela Habekost; MUNIZ. Rosani Manfrin; SCHWARTZ. Eda; &

ARRIEIRA. Isabel Cristina de Oliveira. (2013) Cuidados Paliativos na

Assistência Hospitalar: a vivência de uma equipe multiprofissional, Texto

Contexto Enferm., 22(4): 1134-1141.

2. CARVALHO. Ricardo Tavares; PARSONS. Henrique Afonseca (org). Manual

de Cuidados Paliativos ANCP. 2.ed. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados

Paliativos, 2012.

3. SALTZ. Ernani; JUVER. Jeane (org). Cuidados Paliativos em Oncologia. 2.ed.

Rio de Janeiro: Editora Senac Rio de Janeiro, 2014.

4. RODRIGUES. Inês Gimenes; ZAGO. Marcia Maria Fontão. (2012) A morte e o

morrer: maior desafio de uma equipe de cuidados paliativos, Cienc Cuid Saude,

11(suplem.): 31-38.

5. MENEZES. Rachel Aisengart. Em Busca da Boa Morte: antropologia dos

Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro: Garamond: FIOCRUZ, 2004.

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INICIATIVAS DA UTILIZAÇÃO DE HIPODERMÓCLISE E TERAPIA

SUBCUTÂNEA PARA PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS NO

AMBIENTE HOSPITALAR: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Sandy Alves Vasconcellos1

Letícia Valente Dias2

Clarice de Medeiros Carniére3

Luana Amaral Mortolla4

Ana Cristina Fraga da Fonseca5

Vanessa Pellegrini Fernandes6

Introdução: Hipodermóclise e terapia subcutânea tem por definição, a administração de

fluidos isotônicos e/ou medicamentos pela via subcutânea, com a finalidade de reposição

hidroeletrolítica e terapia medicamentosa1. O uso dessa técnica é segura e eficaz, devendo

ser indicada sempre que houver impossibilidade da via oral ou a necessidade de

hidratação por meio de grandes volumes de forma intermitente ou contínua2. A realização

da punção e administração de medicamentos é feita pela equipe de enfermagem, desde

que o profissional seja habilitado e capacitado para realizar o procedimento. O local da

punção deve ser avaliado continuamente, ressaltando que os fluidos a serem

administrados e o tempo de infusão precisam estar especificados em um protocolo

institucional3. A padronização desses procedimentos tem o intuito de sistematizar a práxis

dos profissionais na realização dos cuidados em pacientes em condições paliativas1. Em

2002, a OMS definiu cuidados paliativos (CP) como uma abordagem ou tratamento que

melhora a qualidade de vida de pacientes e de seus familiares, que estão à frente de

doenças que ameacem a vida e sua continuidade. Assim, se faz necessário avaliar e

controlar todos os sintomas de natureza física, psíquica, social e espiritual4. Os pacientes

terminais apresentam, com frequência, condições clínicas que prejudicam a via

intravenosa, necessitando de vias alternativas para o suporte clínico, com isso, a

1 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 2Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 3 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: [email protected] 5 Enfermeira. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH.

Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: [email protected] 6 Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail:

[email protected]

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hipodermóclise e terapia subcutânea pode ser implementada como esta via alternativa

para reposição de fluidos, eletrólitos e medicamentos1. Objetivo: descrever as

experiências vivenciadas por enfermeiras residentes do Programa de Residência

Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica durante a implementação do uso da

hipodermóclise e terapia subcutânea no ambiente hospitalar de um Hospital Escola no Sul

do Rio Grande do Sul. Pretende-se também realizar o levantamento sobre as facilidades

e dificuldades encontradas pelas equipes. Metodologia: Estudo qualitativo, descritivo do

tipo relato de experiência que descreve o uso da hipodermóclise e terapia subcutânea no

meio intrahospitalar. O período compreende os meses de novembro de 2016 a fevereiro

de 2017. Resultados: Primeiramente, por iniciativa das enfermeiras residentes, foi

realizada uma apresentação sobre o tema hipodermóclise e terapia subcutânea em um

round multidisciplinar que compreendia diferentes profissões da área da saúde como:

medicina, odontologia, psicologia, nutrição, terapia ocupacional, fisioterapia e serviço

social. A apresentação teve o intuito de discutir sobre o tema e propor o uso da técnica

para os pacientes em cuidados paliativos que possuem impossibilidade da via oral e rede

venosa prejudicada para fins de hidratação nos casos de desidratação leve ou moderada e

administração medicamentosa. Após a apresentação inicial, foi possível constatar o

desconhecimento por parte dos profissionais sobre a técnica adequada e fármacos

utilizados por essa via. A partir dessa iniciativa, foram observadas na prática algumas

tentativas de implementação da via para pacientes internados, contudo observou-se pouca

adesão e resistência dos profissionais. A fim de colaborar para a disseminação da técnica

no ambiente hospitalar, as residentes construíram o Procedimento Operacional Padrão

(POP) sobre o assunto em conjunto com os profissionais da equipe de Consultoria em

Cuidados Paliativos (CCP), a partir de encontros semanais, de discussão e revisão da

literatura atualizada. O POP em questão encontra-se em fase de avaliação para ser

disseminado no hospital e é constituído pela demonstração da técnica de punção,

indicações, contra-indicações e medicações a serem administradas por essa via. Pretende-

se após sua aprovação realizar a capacitação das equipes através de um projeto de

educação permanente sobre o tema, a fim impulsionar a prescrição e o uso prático da

técnica. Conclusão: Com base no exposto, destaca-se que o uso da técnica no ambiente

hospitalar apresentou diversas dificuldades relacionadas a falta de informação dos

profissionais. Como potencialidade pode-se ressaltar a formação da parceria das

residentes com a equipe CCP que fomentou a construção do POP e iniciativas educativas

dentro do serviço de saúde. Desta forma, é possível concluir que a via de hipodermóclise

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e terapia subcutânea configura-se como um recurso de grande valia para o paciente em

CP que não dispõe de outras vias para receber a terapêutica prescrita, porém, para que a

mesma seja aceita e utilizada é necessária forte mobilização por parte das residentes e

profissionais do serviço com vistas a capacitação dos profissionais envolvidos no

cuidado.

REFERÊNCIAS:

1. Brasil, Ministério da Saúde, Instituto Nacional do Câncer. Terapia Subcutânea no

Câncer Avançado: Série Cuidados Paliativos, Rio de Janeiro, 2009, p.34.

2. Bruno VG. Hipodermóclise: revisão de literatura para auxiliar a prática clínica.

Einstein.2013; p. 2-7. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/eins/2015nahead/pt_1679-4508-eins-

167945082015RW2572.pdf [acesso em 28 abr, 2017]

3. São Paulo. Conselho Regionalde Enfermagem (COREN), Parecer COREN-SP

031/2014 – CT. PRCI n° 102.681/2013. Ementa: Punção e administração de fluidos na

Hipodermóclise. 2014. [Internet]. Disponível em: http://portal.coren-

sp.gov.br/sites/default/files/parecer_coren_sp_2014_031.pdf [acesso em 28 abr. 2017]

4. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos

ANCP, 2012. p. 592.

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A INSERÇÃO DE RESIDENTES DE ENFERMAGEM NA EQUIPE DE

CONSULTORIA EM CUIDADOS PALIATIVOS EM UM HOSPITAL NO SUL

DO BRASIL: RELATO DE EXPERIÊNCIA.

Sandy Alves Vasconcellos1

Clarice de Medeiros Carniére 2

Letícia Valente Dias 3

Luana Amaral Mortolla4

Norlai Alves Azevedo5

Vanessa Pellegrini Fernandes6

Introdução: Os Programas de Residência Multiprofissional em Saúde, reconhecidos

como pós-graduação lato sensu, representam uma oportunidade significativa de

aprendizagem teórico/prática e de integração entre ensino-serviço-comunidade. Estes

programas tem o objetivo de propiciar a formação e a atuação de profissionais de

diferentes áreas, buscando a mudança do modelo assistencial do Sistema Único de Saúde

(SUS) e também colaborar na qualificação dos diferentes níveis de atenção à saúde

oferecidos à comunidade, de forma integral e interdisciplinar1. A nova constituição do

conceito de saúde e de assistência à saúde baseadas nos princípios da universalidade,

integralidade, equidade, intersetorialidade, humanização do atendimento e participação

social propostas pelo SUS têm requerido a reformulação da atuação dos diversos atores

que compõem o quadro da atenção à saúde2. Dentre estas reformulações encontra-se a

proposta da atuação em equipe multiprofissional na assistência ao usuário, como a

consultoria em cuidados paliativos, que consiste em uma equipe multiprofissional que

elabora um projeto terapêutico dirigido não apenas ao doente mas também a sua família.

Cuidados paliativos destinam-se a pessoas com doença progressiva e incurável, que

ameaça a vida e necessitam de controle álgico e de outros possíveis sintomas associados

1 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 2Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 3 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: [email protected] 5 Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da

UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à

Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 6 Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail:

[email protected]

Page 152: ANAIS DE EVENTO - WordPress Institucional · 2019-06-25 · 6 O USO DA PALLIATIVE PERFORMANCE SCALE PARA A AVALIAÇAO FUNCIONAL DE PACIENTES EM CUIDADOS PALIATIVOS Fernanda Hisse

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nas diferentes esferas do ser humano, incluindo o período de luto de sua família3. Nesse

prisma, o enfoque terapêutico baseia-se no alívio dos sintomas que comprometem a

qualidade de vida, integrando ações médicas, de enfermagem, psicológicas, nutricionais,

sociais, espirituais e de reabilitação, podendo também influenciar no tipo de morte que o

paciente terá4. Objetivo: Descrever as experiências vivenciadas pelas profissionais da

área da enfermagem que integram o Programa de Residência Multiprofissional na área de

Oncologia inseridas no cenário de consultoria de cuidados paliativos intra-hospitalar.

Metodologia: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de experiência fundamentado

na vivência das residentes de enfermagem no atendimento ao paciente oncológico em

fase terminal. O período de atuação compreendeu os meses de janeiro a abril de 2017, no

Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPEL EBSEH). Resultados:

Durante a vivencia das residentes no acompanhamento da equipe de consultoria de

cuidados paliativos houve a oportunidade de identificar as necessidades dos pacientes em

fase terminal, bem como de sua família. O trabalho dessa equipe é fundamentado pelas

premissas dos cuidados paliativos, sendo constituída por médico, enfermeiro, psicólogo,

assistente social, capelão e nutrólogo. As visitas são realizadas diariamente, de segunda

à sexta-feira, no turno da manhã. Semanalmente são realizados rounds multidisciplinares

para a discussão dos casos com a equipe e elaboração de um projeto terapêutico singular,

no qual, busca-se a construção conjunta e valorização dos diferentes saberes profissionais.

As residentes desenvolveram dentro da equipe ações relativas à: avaliações diárias com

ações e educação em saúde com pacientes e familiares; aplicação de escalas de avaliação

da dor e de performance funcional; fornecimento de orientações a equipe de enfermagem;

organização dos prontuários; planejamento de alta; discussões a respeito de condutas

terapêuticas de alívio de sintomas. Foi possível dispensar atenção a diferentes faixas-

etárias, perfis-socioeconômicos e diagnósticos, observando-se diferentes desfechos como

a alta hospitalar, encaminhamento para serviços da rede de apoio em oncologia e óbito.

Conclusão: Durante esse período em que se pôde acompanhar tanto a equipe, quanto os

pacientes e seus familiares as residentes foram expostas a um cenário de atuação em que

a abordagem multidisciplinar é valorizada. A exemplo disso destaca-se os rounds

multidisciplinares que corroboram com a perspectiva paliativista favorecendo o processo

de ensino-aprendizagem indispensável para a formação das residentes. Assim pode-se

perceber que o paciente é visto como um todo, e não apenas reduzido ao seu diagnóstico

clínico tendo também consideradas suas crenças, costumes e contexto em que está

inserido. Em suma, mesmo em um período curto foi de grande relevância para o

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aperfeiçoamento profissional e pessoal, pois os saberes contribuíram para associar o

conhecimento teórico com o prático.

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Resolução CNRMS Nº 2, de 13 de abril de 2012. Comissão Nacional de

Residência Multiprofissional em Saúde. 2012. Disponível em:

<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=154

48-resol-cnrms-n2-13abril-2012&Itemid=30192 > [acesso em: 26 abr. 2017]

2. Teixeira C. Texto de apoio elaborado para subsidiar o debate nas Conferências

Municipal e Estadual de Saúde. Salvador: Bahia; 2011. Disponível em:

<http://www.saude.ba.gov.br/pdf/OS_PRINCIPIOS_DO_SUS.pdf > [acesso em 26 abr.

2017]

3. World Health Organization. National cancer control programmes: policies and

managerial guidelines. 2ª edition, Geneve: OMS, 2002. Disponível em:

<http://www.who.int/cancer/media/en/408.pdf> [acesso em 26 abr. 2017]

4. Maciel MGS, Rodrigues LF, Naylor C, Betega R, Barbosa SM, Burlá C, Melo

ITV. Critérios de Qualidade para os Cuidados Paliativos no Brasil/Documento elaborado

pela Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Rio de Janeiro : Diagraphic, 2006.

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A ASSISTÊNCIA MULTIPROFISSIONAL A UMA PACIENTE COM CÂNCER

DE COLO DE ÚTERO EM PROCESSO DE TERMINALIDADE SOB A ÓTICA

DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM

Clarice De Medeiros Carniére1

Letícia Valente Dias2

Sandy Alves Vasconcellos3

Luana Amaral Mortola4

Norlai Alves Azevedo5

Vanessa Pellegrini Fernandes6

Introdução: No cuidado a pessoa com câncer e seus familiares, os profissionais de saúde

podem deparar-se com a cura e a sobrevivência do paciente, mas também com a sua morte

anunciada pela parca resposta da doença ao tratamento curativo e consequente

agravamento da condição clínica do acometido1. O processo de terminalidade configura-

se no esgotamento das possibilidades de resgate curativo e a possibilidade de morte

próxima parece inevitável e previsível, apesar dos esforços despendidos2. A partir disso,

mudanças devem ser empreendidas na assistência ao paciente configurando uma

modalidade de cuidado não mais voltado para a cura, mas sim, à manutenção da qualidade

de vida da pessoa em sua trajetória de terminalidade3. Assim, o cuidado paliativo consiste

numa abordagem que objetiva melhorar a qualidade de vida do paciente e de seus

familiares no enfrentamento de problemas associados à doença potencialmente fatal, por

meio da prevenção e alívio do sofrimento, identificando, avaliando e tratando problemas

de ordem física, psicossocial e espiritual2. Nesse contexto, o trabalho da enfermagem com

pacientes terminais exige capacitação e atualização contínua sobre o assunto, pois a

afinidade com o tema torna os profissionais mais habilitados e confiantes durante a

assistência prestada4. Recentemente foi instituída a equipe de consultoria em cuidados

1 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 3 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: [email protected] 5 Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da

UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à

Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 6 Médica. Membro da Equipe de Consultoria de Cuidados Paliativos do HE/UFPEL/EBSERH. E-mail:

[email protected]

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paliativos (CCP) no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel

EBSERH), que consiste em uma equipe multiprofissional composta por médico,

enfermeiro, psicólogo, assistente social e orientador espiritual. Estão também inseridos

residentes multiprofissionais na área da oncologia (enfermagem e terapia ocupacional),

estudantes da graduação em medicina e serviço social. A equipe de consultoria é

referência em cuidados paliativos para as equipes das diferentes especialidades contidas

no hospital, auxiliando na elaboração de um plano de cuidados dirigido ao doente e sua

família. Objetivo: Descrever o cuidado prestado a uma paciente com câncer do colo do

útero em processo de terminalidade, acompanhada pela equipe CCP sob a ótica das

residentes de enfermagem. Métodos: Estudo qualitativo, descritivo do tipo relato de

experiência realizado em uma unidade de internação do HE UFPel EBSERH.

Resultados: J.L.S., sexo feminino, 36 anos, 5 filhos, ensino fundamental incompleto,

usuária prévia de crack, tabagista em abstinência, portadora de HIV. Recebeu diagnóstico

de câncer do colo do útero metastático em novembro de 2016, e está internada desde

janeiro de 2017, onde recebeu tratamentos de quimioterapia e radioterapia paliativas. O

acompanhamento pela equipe de CCP teve início em fevereiro de 2017, apresentando

como principais sintomas físicos a serem paliados dor intensa e distensão na região

abdominal (entre os escores 9-10), vômitos, edema nos membros inferiores, ansiedade

devido ao avanço da doença. Cabe ressaltar que a mesma também demonstrava alteração

nas dimensões espiritual, psicológica e social, como a questão da guarda dos filhos

menores de idade, o processo de terminalidade, ansiedade relacionada ao avanço da

doença e autoimagem. Durante o acompanhamento diário pôde-se buscar as necessidades

e intervir de forma gradual no controle da dor e nos ajustes de medicação usados para dor

e acrescentar remédios para alivio dos sintomas associados a doença bem como dar apoio

a família e orientar sobre o processo de terminalidade. Foi também trabalhado as

mudanças com relação a autoimagem, como a alopecia, hiperpigmentação cutânea e

edema, por meio de conversas diárias sobre as mudanças corporais esperadas devido ao

avanço da doença e incentivo a auto aceitação. A paciente recebeu orientações a respeito

de como proceder em relação a guarda dos filhos menores de idade em caso de óbito, bem

como visitas programadas das crianças foram organizadas de maneira que o vínculo

familiar fosse mantido apesar da hospitalização. Além disso, paciente e família receberam

apoio espiritual valorizando suas crenças religiosas e seu desejo em conversar sobre a

finitude da vida. Conclusão: A partir da vivência das residentes em enfermagem na CCP

pode-se inferir que esse tipo de atendimento surge como uma modalidade para melhorar

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155

e aliviar os sintomas de pacientes em fase terminal, em que o paciente é visto como um

todo e sua família recebe acompanhamento e apoio da equipe de forma integral, assim

podemos intervir para aliviar o sofrimento. Durante o processo de cuidado voltado a

paciente do estudo foi possível perceber as mudanças no contexto biológico como um

todo, espiritual e social, evidenciando a necessidade de um cuidado holístico e ativo na

atenção voltada a pessoa em cuidados paliativos. Nesse sentido, o residente configura-se

como potencial colaborador nas práticas de saúde, pois sua interação com a CCP favorece

seu aperfeiçoamento profissional e traz novas perspectivas e visões sobre a oncologia.

REFERÊNCIAS:

1. FURTADO MEM, LEITE DMC. Cuidados paliativos sob a ótica de familiares de

pacientes com neoplasia de pulmão. Interface Comnic Saúde Educ. 2016 nov: 1-12.

2. SANTANA JCB, PAULA KF, CAMPOS ACV,REZENDE MAE, BARBOSA

BDG, DUTRA BS, BALDESSARI CEF. Cuidados paliativos aos pacientes terminais:

percepção da equipe de enfermagem. Bio&Thikos. 2009; 3 (1):77-86.

3. PAIVA FCL, JÚNIOR JJA, DAMÁSIO AC. Ética em cuidados paliativos:

concepções sobre o fim da vida. Rev. Bioét. 2014; 22 (3): 550-60.

4. SANTANA JCB, SANTOS AV, SILVA BR, OLIVEIRA DCA, CAMINHA ME,

PERES FS, ANDRADE CCD, VIANA MB. O. Docentes de enfermagem e terminalidade

em condições dignas. Rev. Bioét. 2013; 21 (2): 298-307.

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SENTIMENTOS E VIVENCIAS DAS RESIDENTES DE ENFERMAGEM NO

CUIDADO A PESSOA E A FAMÍLIA EM FASE ATIVA DE MORTE

Clarice De Medeiros Carniére1

Letícia Valente Dias2

Sandy Alves Vasconcellos3

Luana Amaral Mortola4

Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos5

Norlai Alves Azevedo6

Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) modernos estão organizados em graus de

complexidade que se somam em um cuidado integral e ativo1. Os CP gerais referem-se à

abordagem do paciente a partir do diagnóstico de doença em progressão, atuando em

todas as dimensões dos sintomas que vierem a se apresentar1. Os CP específicos são

requeridos ao paciente nas últimas semanas ou nos últimos seis meses de vida, no

momento em que torna-se claro que o paciente encontra-se em estado progressivo de

declínio1. Todo o esforço é feito para que o mesmo permaneça autônomo, com

preservação de seu autocuidado e próximo de seus entes queridos1. Os cuidados ao fim

de vida referem-se, em geral, aos últimos dias ou últimas 72 horas de vida1. O

reconhecimento desta fase pode ser difícil mas é extremamente necessário para o

planejamento do cuidado e preparo do paciente e sua família para perdas e óbito1. Mesmo

após o óbito do paciente, a equipe de cuidados paliativos deve dar atenção ao processo de

morte: como ocorreu, qual o grau de conforto e que impactos trouxe aos familiares e à

própria equipe interdisciplinar1. A assistência familiar pós-morte pode e deve ser iniciada

com intervenções preventivas2. Os cuidados paliativos devem incluir as investigações

necessárias para o melhor entendimento e manejo de complicações e sintomas

estressantes tanto relacionados ao tratamento quanto à evolução da doença2. Apesar da

1 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 2 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 3 Enfermeira Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação da UFPEL. E-mail: [email protected] 5 Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail:

[email protected] 6 Enfermeira. Doutora em Clínica Médica pela PUC – RS. Docente da Faculdade de Enfermagem da

UFPEL. Coordenadora do Curso de Enfermagem no Programa de Residência Multiprofissional Atenção à

Saúde Oncológica do Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected]

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conotação negativa ou passiva do termo paliativo, a abordagem e o tratamento paliativo

devem ser eminentemente ativos, principalmente em pacientes portadores de câncer em

fase avançada, onde algumas modalidades de tratamento cirúrgico e radioterápico são

essenciais para alcance do controle de sintomas2. Considerando a carga devastadora de

sintomas físicos, emocionais e psicológicos que se avolumam no paciente com doença

terminal, faz-se necessário um diagnóstico precoce e condutas terapêuticas antecipadas,

dinâmicas e ativas, respeitando-se os limites do próprio paciente2. Objetivo: Relatar a

vivência das residentes de enfermagem vinculadas ao Programa de Residência

Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica em relação a fase ativa de morte dos

pacientes oncológicos internados em um hospital de ensino, bem como seus familiares.

Metodologia: Relato de experiência das residentes de enfermagem na assistência

prestada aos pacientes oncológicos e suas famílias durante a fase ativa de morte. O estudo

foi realizado em unidades de internação de um hospital de ensino localizado no Sul do

Brasil. Resultados: Durante a atuação das enfermeiras residentes nos cenários de

internação hospitalar, comumente foi vivenciada a fase ativa de morte de pacientes

oncológicos. Dentre as ações desenvolvidas destacam-se a oferta de um sistema de apoio

e ajuda à família e ao paciente, de como lidar com sintomas angustiantes decorrentes do

final de vida, bem como a aceitação da morte como um processo natural. Estar ao lado de

uma pessoa que está sofrendo ou morrendo é um desafio para quem está exercendo o

cuidado de saúde3, por isso, compreender os eventos biológicos de nascer, viver e morrer

é complexo e paradoxal4. O ser humano quer viver e viver bem, porém, precisa pensar e

se preparar para a morte, pois a única certeza da vida é que ela acaba4. Para nós residentes

de enfermagem a possibilidade de trabalhar nesse novo contexto, nos remete ao

aprofundamento das premissas dos cuidados paliativos, algo pouco discutido durante a

graduação. Ressalta-se a complexidade de trabalhar o processo de finitude, visto que em

muitos momentos encontramos dificuldades quanto a comunicação entre a equipe e não

aceitação da perda por parte dos familiares. Acredita-se que isso se dá devido aos

significados atribuídos a morte em nossa sociedade, que tende a fugir de discussões sobre

o tema, criando uma crença negativa sobre o término da vida. Conclusão: Na oncologia

lidar com o processo ativo de morte nos remete a repensar nossos conceitos sobre como

tornar esse momento menos angustiante, minimizando o sofrimento tanto do paciente

como o da família. Deve-se primar pela humanização do cuidado, respeito a autonomia e

manutenção da dignidade humana. Desse modo, favorecemos a desconstrução de um

modelo de cuidados limitado que não percebe o paciente como um todo e protagonista de

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sua vida. Nesse sentido, consideramos que utilizar estratégias paliativas contribuem para

um cuidado mais qualificado que diminui os possíveis sentimentos de impotência que o

residente pode deparar-se em sua prática.

REFERÊNCIAS:

1. BRASIL. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Cuidados

Paliativos. 2014 [acesso em 25 abr. 2017]. Disponível em:

http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/cancer/site/tratamento/cuidados_paliativos

2. Rodrigues IG. Cuidados Paliativos: Análise de conceito [dissertação]. Ribeirão

Preto: Universidade de São Paulo: 2004 [acesso em 25 abr. 2017]. Disponível em:

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/22/22132/tde-17082004-101459/pt-br.php

3. VICENSI MC. Reflexão sobre a morte e o morrer na UTI: a perspectiva do

profissional. Rev. Bioét. 2016; 24 (1): 64-72.

4. COELHO MEM, FERREIRA AC. Cuidados paliativos: narrativas do sofrimento

na escuta do outro. Rev. Bioét. 2015; 23 (2): 340-48.

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DOR COMO SINTOMA DEBILITANTE NO PACIENTE ONCOLÓGICO:

AÇÕES PALIATIVAS NO DOMICÍLIO

Letícia Valente Dias1

Sandy Alves Vasconcellos2

Clarice De Medeiros Carniére3

Luana Amaral Mortola4

Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos5

Norlai Alves Azevedo6

Introdução: A dor pode ser definida como uma experiência única e individual, alterada

pelo conhecimento anterior de um dano que pode ser existente ou presumido, devendo,

portanto, ser considerada de acordo com o expresso pelo paciente em sua descrição1. Para

a pessoa com câncer, a dor simboliza o sintoma mais temido, constituindo um importante

fator na determinação do sofrimento relacionado à doença mesmo quando comparado à

expectativa da morte. Estima-se que a dor acomete 60 a 80% dos pacientes com câncer,

estando presente em 25 a 30% no momento do diagnóstico é classificada como moderada

a grave por 70% a 90% dos pacientes com doença avançada2. Desse modo, torna-se

imprescindível considerar a dor como um sintoma potencialmente debilitante no cuidado

prestado a pessoa com câncer em cuidados paliativos incluindo os diferentes cenários de

atenção. Nesse sentido, a internação domiciliar surge como uma modalidade de atenção

diferenciada por desenvolver-se dentro do contexto familiar e social do indivíduo,

configurando-se como uma proposta ainda pouco visualizada no contexto brasileiro o que

torna pertinente conhecer as potencialidades e fragilidades do tratamento da dor no

domicílio. Objetivo: Descrever a atenção voltada à dor de pacientes oncológicos em

cuidados paliativos em internação domiciliar e identificar as estratégias de manejo no

domicílio. Método: Estudo de abordagem qualitativa, descritivo do tipo relato de

experiência, referente às vivências de quatro residentes vinculadas ao Programa de

Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica do Hospital Escola da

Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel/EBSERH). O período de coleta

compreendeu o período de agosto de 2016 a janeiro de 2017 e utilizou-se como local de

estudo o Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI). Resultados:

Considerando os sintomas apresentados pelos pacientes oncológicos em cuidados

paliativos no domicílio, possivelmente um dos mais frequentes e angustiantes é a dor. O

cuidado da dor no domicílio envolve a primazia de sua identificação, o que no serviço do

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estudo é realizada por meio da observação de expressões faciais, utilização de escala

numérica aplicada diariamente como parte integrante dos sinais vitais e pela Escala de

Edmonton que permite a avaliação conjunta da dor e de outros sintomas a serem paliados.

A presença e gravidade da dor em muitas situações podem comprometer o bem estar

global do paciente, podendo causar prejuízos na funcionalidade, interação social e

aumento da ansiedade. A família, como importante componente do cuidado da equipe de

atenção domiciliar, também tende a ter seu sofrimento potencializado ao conviver com a

dor do seu ente, sendo essencial a orientação sobre a terapêutica utilizada e suporte

emocional. Acredita-se que o sucesso relacionado ao controle da dor baseia-se em

avaliações repetidas com vistas à escolha da terapêutica mais apropriada para cada

paciente, alcançando-se um efeito favorável entre o alívio da dor e os efeitos adversos

apresentados2. Nesse contexto, o PIDI apresenta-se como importante componente da rede

de atenção oncológica na realização de visitas diárias, cinco dias por semana, reduzindo

o índice de hospitalizações relacionadas a essa sintomatologia e favorecendo o acesso a

opioides, identificado como um dos pontos deficitários dos cuidados paliativos em países

como o Brasil3. Merece destaque que o uso da técnica de terapia subcutânea e

hipodermóclise para analgesia contribuem para o conforto do paciente que tem

minimizadas as múltiplas punções venosas, fruto de possíveis desconfortos. Somam-se

ainda como ações da equipe a abordagem multidisciplinar da dor, que é manejada com a

colaboração de diferentes profissionais e integração da família, o que promove o controle

das causas e consequências físicas, emocionais e espirituais. Salienta-se que na equipe é

demonstrado fortemente o papel do profissional como educador em saúde ao

desmistificar possíveis equívocos relacionados às medicações, como o uso da morfina

que ainda é comumente associada à última opção de escolha analgésica e como fármaco

potencialmente fatal. Conclusão: Em cuidados paliativos o manejo da dor ainda

apresenta-se como um desafio, devido às diferentes maneiras como um indivíduo pode

experimentar tal sensação. Nesse sentido, a abordagem do profissional de saúde deve

englobar a atuação multidisciplinar, a valorização das singularidades dos sujeitos e a

avaliação impecável da dor, por isso, o uso de escalas de identificação, bem como a

comunicação são de suma importância. Considera-se que o cuidado oferecido na

modalidade de internação domiciliar pode favorecer a paliação desse sintoma, visto que

o paciente não é deslocado de seu ambiente o que pode possibilitar maior conforto. Assim,

conhecer a experiência da dor vivenciada pelo ser cuidado, valorizando suas crenças e

cultura é um passo bastante significativo e já percebido no cenário do estudo.

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REFERÊNCIAS:

1. Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos

ANCP. São Paulo: ANCP; 2012.

2. Rangel O, Telles C. Tratamento da Dor Oncológica em Cuidados Paliativos.

Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, v.11, n.2, p.32-37, 2012. Disponível

em:http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=324. (01 mai. 2017).

3. Lynch T, Connor S, Clark D. Mapping Levels of Palliative Care Development: A

Global Updat. Journal of Pain and Symptom Management, v.45, n.6, p.1094-1106, 2013.

Disponível em: http://www.jpsmjournal.com/article/S0885-3924(12)00334-X/fulltext.

(01 mai. 2017).

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CUIDADOS PALIATIVOS DOMICILIARES: POTENCIALIDADES PARA A

FORMAÇÃO DOS RESIDENTES MULTIPROFISSIONAIS EM ATENÇÃO A

SAÚDE ONCOLÓGICA

Letícia Valente Dias1

Sandy Alves Vasconcellos2

Clarice De Medeiros Carniére3

Luana Amaral Mortola4

Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos5

Norlai Alves Azevedo6

Introdução: As residências multiprofissionais em saúde são modalidades de pós-

graduação latu-senso, nas quais a formação desenvolve-se por meio do ensino em serviço.

Nesse cenário, o residente é exposto às realidades do serviço de saúde ao qual está

vinculado, desenvolvendo suas atividades no regime de dedicação exclusiva perfazendo

a carga horária de 60h semanais. No município de Pelotas tal possibilidade de

aprimoramento profissional é oferecida para enfermeiros no Hospital Escola da

Universidade Federal de Pelotas (HE UFPel/EBSERH) pela Residência Multiprofissional

em Atenção à Saúde Oncológica. Nessa proposta os enfermeiros residentes são alocados

em cenários que contemplam diferentes ações voltadas a atenção à pessoa com câncer,

destacando-se assistência domiciliar ao paciente em cuidados paliativos como uma

abordagem que destoa da graduação em enfermagem, na qual os temas cuidados

paliativos e morte são ainda discutidos de maneira insípida. Tal percepção corrobora com

os achados na literatura que evidenciam déficits na formação profissional a respeito dos

cuidados paliativos e processo de morte e morrer culminando na má qualificação de

recursos humanos para a atenção de pacientes oncológicos que necessitam dessa

abordagem terapêutica1. Alguns autores discorrem que a atenção domiciliar configura-se

como um braço assistencial imprescindível, ao permitir o acesso a uma assistência

integral ao ser humano, em uma etapa que deve ser vivenciada com a melhor qualidade

de vida possível2. Assim, torna-se pertinente discutir sobre a relevância do foco em

cuidados paliativos para a formação dos futuros profissionais especialistas em oncologia

no âmbito do Sistema Único de Saúde e as particularidades encontradas na prática

assistencial no contexto domiciliar. Objetivos: Relatar a experiência do cuidado

domiciliar destinado ao paciente oncológico em cuidados paliativos apontando suas

contribuições para a formação do residente em oncologia. Método: Abordagem

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qualitativa na modalidade de relato de experiência. É relatada a vivência de quatro

enfermeiras residentes vinculadas ao Programa de Residência Multiprofissional em

Atenção à Saúde Oncológica do HE UFPel/EBSERH. O período de coleta de dados

contemplou os meses de agosto de 2016 a janeiro de 2017 durante a inserção das

residentes no cenário do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar (PIDI),

concentrando-se na observação e atuação das residentes no referido local. Resultados:

Na formação das enfermeiras residentes em Atenção à Saúde Oncológica dentre os

cenários de atuação está o PIDI, que se configura como um serviço que fornece a

experiência da internação domiciliar. O PIDI integra a rede de atenção à saúde oncológica

do município de Pelotas, contando com duas equipes que possuem capacidade para a

internação de até 10 pacientes. As equipes trabalham sob a perspectiva interdisciplinar

contando com profissionais de diferentes áreas, sendo eles: enfermeiro, técnico de

enfermagem, médico, psicólogo, assistente social, cirurgião, nutricionista e capelão. Os

pacientes atendidos possuem diagnóstico de câncer e recebem da equipe cuidados

paliativos direcionados a sua condição física, psicossocial e espiritual, sendo

contempladas abordagens sobre o processo de final de vida, manejo de sintomas

angustiantes e atenção à família. As residentes realizaram atividades em conjunto com a

equipe em visitas diárias, desenvolvendo avaliação de sintomas por meio de anamnese e

aplicação de escalas, administração de fármacos, estímulo ao autocuidado, orientações

sobre medicamentos e dietas por sonda e esclarecimento de dúvidas ao paciente e família.

Também integrou a prática das residentes a participação nos rounds multidisciplinares

semanais, nos quais as discussões dos casos direcionavam a formulação e avaliações de

projetos terapêuticos singulares (PTS). Considera-se que a participação das residentes

nesse cenário possibilitou a imersão em um importante componente da rede de atenção

oncológica, ainda pouco visto no contexto brasileiro e já bem consolidado no HE

UFPel/EBSERH. Acrescenta-se ainda, que o atendimento realizado em domicílio

favorece o entendimento do contexto familiar e social da pessoa com câncer em cuidados

paliativos, muitas vezes difícil no ambiente hospitalar. Conclusão: Acredita-se que o

componente de internação domiciliar na formação das residentes é fundamental para as

futuras práticas das especialistas em oncologia. Isso se deve a compreensão integral dos

diferentes serviços da rede de atenção oncológica e ao aperfeiçoamento em cuidados

paliativos, ainda pouco concebidos no ambiente hospitalar. Soma-se ainda a discussão da

morte como processo natural e a desinstitucionalização do processo de final de vida.

Ressalta-se também como potencialidade do serviço o trabalho multidisciplinar na

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construção dos PTS, consonante as perspectivas da clínica ampliada e valorização dos

saberes na construção do cuidado.

REFERÊNCIAS:

1. Silva MM, Santanda NGM, Santos MC, Cirilo JD, Barrocas DLR, Moreira MC.

Cuidados paliativos na assistência de alta complexidade em oncologia: percepção de

enfermeiros. Esc Anna Nery 2015; 19(3):460-466.

2. Souza JM, Alves ED. Cuidados paliativos de enfermagem na atenção domiciliar.

Rev enferm UFPE online, v.9, n.2, p.669-76, 2015. Disponível em:

https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/10386/11138.

(29 abr. 2017).

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A INTERDISCIPLINARIDADE NO CUIDADO INTEGRAL DO PACIENTE EM

CUIDADOS PALIATIVOS COMO CHAVE PARA PROMOÇÃO DA

QUALIDADE DE VIDA: EXPERIÊNCIAS DE INTEGRANTES DE UMA LIGA

ACADÊMICA INTERDISCIPLINAR

Sylvia Barum1

Morgana Nunes2

Introdução: As ligas acadêmicas possuem como objetivos a formação extracurricular e

aproximação da prática clínica (FILHO, 2011). O aprofundamento de temas específicos

e o amadurecimento acadêmico são apontados como vantagens das mesmas (QUEIROZ

et al., 2014). Nos Cuidados Paliativos, a interdisciplinaridade se apresenta como peça

chave para cuidado integral do paciente visando a promoção de qualidade de vida. Nesse

sentido, há 3 anos foi implementada uma Liga Acadêmica Interdisciplinar de Cuidados

Paliativos na Universidade Federal de Pelotas, atualmente com 22 integrantes dos cursos

de Medicina, Enfermagem, Psicologia, Terapia Ocupacional, Farmácia, Odontologia e

Nutrição, visando promover experiências de interação com pacientes, contemplando a

ideia de Pêgo-Fernandes & Mariani (2011) da importância de agregar diferentes cursos

visto o caráter multidisciplinar do atendimento à saúde. Objetivo: Perceber o impacto da

intervenção interdisciplinar com pacientes em cuidado paliativo no contexto hospitalar e

na formação de acadêmicos da área da saúde. Método: Foi realizada uma pesquisa em

base de dados (Scielo e PubMed) usando os descritores ligas acadêmicas,

interdisciplinaridade e cuidados paliativos para mapear a influência de ligas na

interdisciplinaridade e na formação acadêmica. Além disso, foi elaborado um

questionário semi estruturado em uma plataforma online, contendo questões objetivas e

dissertativas, respondido de forma anônima a respeito da atuação na liga e da importância

da mesma. Resultados: As publicações encontradas sobre ligas acadêmicas pouco

abordavam a interdisciplinaridade. Considerando a realidade de Pelotas/RS, as respostas

do questionário mostraram o seguinte: 42,9% acreditam que a interdisciplinaridade

auxiliou a tratar com os pacientes enquanto o restante, apesar de não se sentir preparado,

considera que as discussões de caso no grupo contribui com seu processo de

1 Pedagoga. Acadêmica de Psicologia. Universidade Federal de Pelotas. [email protected]

2 Acadêmica de Psicologia. Universidade Federal de Pelotas. [email protected]

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aprendizagem. O estado emocional do paciente mobiliza 58% dos entrevistados, que

ressaltaram a importância da atuação de estudantes de Psicologia na liga para o trabalho

com pacientes e cuidadores. Por fim, 93% das respostas consideram que o diferencial da

liga é a interdisciplinaridade e que a troca com outros cursos ao acompanhar pacientes

nos casos clínicos propicia o cuidado integral. Discussão: A abordagem interdisciplinar

é de extrema relevância, pois consiste na integração dos saberes, onde, conceitos e

propostas específicas de cada área irão gerar novos conhecimentos (FURTADO, 2007).

No contexto de cuidados paliativos, ela significa considerar que não existe uma área que

detenha todo o saber no tratamento de um paciente, mas que o trabalho realizado

coletivamente é garante que esse paciente receba cuidado integral (MCCOUGHLAN,

2006). Sendo assim, a possibilidade de criar essa cultura desde a graduação propicia a

melhor formação dos profissionais e uma prática futura mais humanizada e mais

completa. Considerações finais:

A Liga Acadêmica apresentada existe há 3 anos, o que possibilita uma construção diária

de interdisciplinaridade, principalmente na visita aos pacientes e discussão dos casos,

projetando estratégias possíveis para a continuidade do tratamento dos mesmos. Muito

ainda precisa ser pensado, como a integração demais áreas nesse trabalho, mas

consideramos que a atuação da liga até o momento tem proporcionado uma experiência

diferenciada a pacientes em cuidados paliativos e seus cuidadores no contexto hospitalar

de Pelotas/RS.

REFERÊNCIAS:

1. FILHO, P. T. H. Ligas Acadêmicas: Motivações e Críticas a Propósito de um

Repensar Necessário. Revista Brasileira de Educação médica, v.35, n. 4, p. 535 - 543,

2011

2. FURTADO, J. P. Equipes de referência: arranjo institucional para potencializar a

colaboração entre disciplinas e profissões. Interface (Botucatu), Botucatu, v.11, n.22, p.

239-255, Ago. 2007.

3. MCCOUGHLAN, M. A necessidade de cuidados paliativos. In: PESSINI,

L.;BERTACHINI, L. (Org.) Humanização e Cuidados Paliativos. São Paulo: Edições

Loyola, 2006. Cap. 11, p.167-179.

4. PÊGO-FERNANDES, Paulo Manuel & MARIANI, Alessandro Wasum. O

ensino médico além da graduação: ligas acadêmicas. Diagn Tratamento. 2011;16(2):50-

1.

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5. QUEIROZ; S. J. D.; AZEVEDO; R. L. D. O.; LIMA; K. P.; LIMA; M. M. D. D.;

ANDRADE; M. A importância das ligas acadêmicas na formação profissional e

promoção de saúde. Fragmentos de Cultura, Goiânia, v. 24, especial, p. 73-78, dez. 2014.

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AVALIAÇÃO DO PERFORMANCE STATUS EM IDOSOS: UM ESTUDO NA

ÁREA DE ABRANGÊNCIA DE UMA EQUIPE DE ESF URBANA

Maria Elizabeth Urtiaga1

Ari Lemos Junior2

Isaac Lima3

Anderson Silva4

Julieta Fripp5

Cristina Domingues6

Introdução: O processo de envelhecimento humano traz modificações na qualidade de

vida dos idosos, principalmente na capacidade funcional entendida como a habilidade do

indivíduo em desempenhar, de forma independente, as atividades ou tarefas cotidianas,

identificadas como essenciais para a manutenção do seu bem-estar. A habilidade para

realizar as tarefas cotidianas envolve responsabilidade a ser compartilhada entre idosos,

cuidadores e profissionais, por meio de cuidados coordenados e contínuos que

Objetivo: Avaliar a capacidade funcional da população idosa da área de abrangência de

uma equipe de ESF em um bairro de periferia na cidade de Pelotas. Metodologia: Foram

visitadas, pelas Agentes Comunitárias de Saúde, todas as casas da área de abrangência da

Equipe II da UBS estudada, que possui 3 equipes de ESF. Nos moradores com 65 anos

ou mais aplicou-se a Escala de Performance Status (PS) de Karnofsky a fim de identificar

as famílias que possuíam maior potencial de necessitar visitas domiciliares e atenção

cuidativa. Resultados: Os dados coletados evidenciaram que 259 pessoas entre os

moradores da área possuíam 65 anos ou mais. Em dois pacientes não estava registrado o

PS avaliado. Nos 257 moradores avaliados pela escala 71.5% se apresenta apto para

atividades cotidianas e ao trabalho, onde nenhum cuidado especial é necessário. Em

23.34% o PS evidencia um idoso inapto ao trabalho, mas capaz de viver em casa e cuidar

de muitas das suas necessidades, requerendo assistência e suporte muito variáveis. O

restante 5.1% se caracteriza conforme Karnofsky como inapto para cuidar de si mesmo,

necessitando cuidados hospitalares ou equivalentes, onde a doença está em progressão.

Conclusão: A análise mostrou que a grande maioria dos idosos se mantém ativos, aptos

e com capacidade de autocuidado, mesmo com o avanço da idade, entretanto, mais de

23% dos moradores encontra-se inapto ao trabalho e com necessidades de cuidado

1 Médico. 2 Acadêmica de Biotecnologia.

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variáveis, evidenciando a necessidade de acompanhamento das Unidades de Saúde. Em

5.1% da população idosa estudada, a capacidade de autocuidado está muito

comprometida, necessitando de acompanhamento domiciliar intensivo ou hospitalar, o

que evidencia a atenção cuidativa, interdisciplinar e domiciliar como um conhecimento

fundamental na formação dos profissionais em saúde.

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O PAPEL DO PSICÓLOGO EM CUIDADOS PALIATIVOS JUNTO A EQUIPE

MULTIDISCIPLINAR

Geovana Leal Rossales1

Isabel Cristina de Oliveira Arrieira2

Débora Vasconcelos Bonilla3

Introdução: Os Cuidados Paliativos (CP) correspondem ao cuidado ativo e total do

paciente cuja doença não responde mais ao tratamento curativo. O paliativismo preconiza

a aceitação da condição humana frente à morte, tendo como objetivo o alivio dos

sofrimentos físicos, sociais, emocionais e espirituais visando atingir uma melhor

qualidade de vida para o doente e sua família; considerando que as consequências

causadas pelo adoecimento acarretam intenso sofrimento que afetam todos em volta do

paciente1. Objetivo: O Objetivo da presente pesquisa visa conhecer e explorar como se

constitui a função do profissional de Psicologia inserido na equipe de Cuidados Paliativos

junto ao paciente com diagnóstico de câncer, trazendo elementos que contribuam para a

compreensão da prática e a importância do psicólogo neste contexto. Método: Foi

realizado levantamento bibliográfico na base de dados Scielo e Google Acadêmico. Após

a busca dos artigos, utilizando os descritores “Cuidados paliativos; Morte; Psicologia;”

“Cuidado paliativo, Humanização, Equipe interdisciplinar”; “cuidados paliativos,

intervenção psicológica, pacientes terminais” foram encontrados oito artigos referentes

ao assunto, tendo que como resultado desta análise, observou-se uma escassez de

trabalhos que tratem especificamente do papel do psicólogo, enquanto integrante dessa

equipe, bem como suas intervenções junto ao paciente e familiares; e em que tais

intervenções se diferenciam da prática dos demais profissionais2. Resultados: A

promoção da saúde, do bem-estar, da qualidade de vida faz parte dos objetivos a que o

exercício da psicologia se propõe3. O Psicólogo dentro na equipe de Cuidados paliativos

tem como função principal dar apoio psicológico aos doentes e familiares, devendo ter a

seu cargo também a formação da equipe4. A manutenção ou restabelecimento da

autoestima do paciente e a procura de um novo sentido para a vida é outro dos objetivos

da intervenção do psicólogo, que deverá criar uma relação de confiança de forma a

clarificar ou facilitar a comunicação junto daqueles com quem interage no ambiente

terapêutico, no sentido de lhes diminuir a ansiedade, a depressão e o sofrimento5. É o

profissional privilegiado para explorar as dúvidas, as crenças, os mitos e medos do doente,

assim como as suas necessidades específicas1. Conclusão: Por meio da discussão

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estabelecida relacionada aos Cuidados Paliativos, pode-se inferir a importância da

inserção da Psicologia na equipe multidisciplinar que oferece tais cuidados, pois ao

mesmo tempo em que busca aliviar o sofrimento emocional de todos os envolvidos no

processo, trabalha com o paciente em prol de qualidade de vida e melhor aceitação de sua

condição. Mostrando ao paciente que o momento vivido pode ser compartilhado, tendo

sempre cuidado para não ocupar o lugar de mais um elemento invasivo no processo de

tratamento, mas de um facilitador no processo de integração do paciente, da família e da

equipe, mantendo sempre como foco o doente e não a doença. Nesse sentido, a psicologia

mostra-se essencial na redução de agentes estressores que geram sofrimento e angústia

aos pacientes e familiares que estão passando por tal situação.

REFERENCIAS

1. Oliveira, M. F. Luginger S.; Bernado, A.; Brito M.(2004). Morte – intervenção

psicológica junto da família do paciente terminal. Trabalho de Licenciatura.

Acesso em 10 out. 2012:

2. FERREIRA, A.P., LOPES, L. Q., MELO, M, C. O papel do psicólogo na equipe

de cuidados paliativos junto ao paciente com câncer. Rev. SBPH vol.14 no.2, Rio

de Janeiro - Jul/Dez. – 2011.

3. RIBEIRO, J. A importância da qualidade de vida para a psicologia da saúde. In:

J.P.Cruz, S.N. de Jesus, & C Nunes (Coords.). Bem-Estar e Qualidade de Vida

(pp.31-49). Alcochete: Textiverso, 2009.

4. REZENDE, L. GOMES, C. MACHADO, M. A finitude da vida e o papel do

psicólogo: perspectivas em cuidados paliativos. Revista Psicologia e Saúde, v. 6,

n. 1, jan. /jun. 2014.

5. Nunes, L. V. (2009). Papel do psicólogo na equipe de cuidados paliativos. In:

ABCP- Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de cuidados

paliativos (pp. 218220). Rio de Janeiro: Diagraphic.

6. Junqueira MH, Kovacs MJ. Alunos de Psicologia e Educação para a morte.

Revista Psicologia ciência e profissão 2008; 28(3):506-519.

7. HENNEZEL, M. “O Papel do Psicólogo” in Abiven, Maurice (ed.) Para Uma

Morte Mais Humana – Experiência de uma Unidade Hospitalar de Cuidados

Paliativos (2ª edição). Loures: Lusociência, 133-154, 2001.

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172

8. MESQUITA, A.S.L. O psicólogo em cuidados paliativos: intervenção em fim de

vida. Dissertação (Mestrado) – Curso de Cuidados Paliativos, Faculdade de

Medicina da Universidade do Porto, Porto, 2012.

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NUTRIÇÃO EM PACIENTES ONCOLÓGICOS PALIATIVOS - UMA

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Paim, GP1

Paim, MP2

Gouvêa, AP3

Introdução: Sabe-se que as doenças crônicas constituem a principal causa de morte no

mundo, e, para aqueles pacientes considerados terminais, a assistência dos profissionais

de saúde deve sempre visar à melhoria da sua qualidade de visa, ou seja, a prevenção e o

alívio de sintomas que causem sofrimento, para gerar bem estar e autonomia ao doente.

Nesse sentido, ao se tratar de nutrição e hidratação nesse grupo de pacientes surgem

dúvidas sobre como manejá-lo. Objetivo: O objetivo desse trabalho é discutir o manejo

referente à nutrição e hidratação nos pacientes em cuidados paliativos. Método: Esse

trabalho consiste em uma revisão bibliográfica realizada no portal Google Acadêmico

com o uso do descritor "nutrição em pacientes paliativos". Foram obtidos como resultado

da busca 1700 artigos, dos quais foram selecionados cinco pela sua relevância no tema e

por estarem relacionados especialmente com pacientes oncológicos paliativos.

Resultados: Em casos paliativos, a nutrição poderá apresentar diversos papéis, um deles

é prevenir efeitos colaterais dos remédios e da radioterapia, como os enjoos, náuseas,

constipação, xerostomia, entre outros sintomas comumente relatados nesse processo do

tratamento. Além disso, ela retarda o aparecimento da síndrome de anorexia/ caquexia,

que piora o estado emocional do paciente, uma vez que o corpo em estado esquelético se

aproxima muito da morte. A nutrição nesse tipo de paciente também apresenta a função

de ressignificar o alimento e as refeições, já que pode trazer prazer ao paciente e atuar

como um meio de comunicação e interação familiar. Esse último item citado evidencia o

papel social e emocional da alimentação, ou seja, a nutrição no paciente paliativo tem um

papel muito além do fisiológico, devendo sempre priorizar o prazer pela ingesta alimentar

e sua socialização com a família, ao minimizar, assim, o desconforto que a alimentação

pode causar. Dessa forma, é imprescindível a comunicação entre os profissionais de saúde

e o paciente e suas familiares para se avaliar a vontade e comodidade da alimentação, pois

nem sempre essa prática promoverá o conforto e o bem estar dos pacientes,

principalmente, naqueles que utilizam técnicas de nutrição artificial (enteral ou

parenteral). Tanto a alimentação quanto a hidratação devem ser priorizadas por via oral

em pacientes paliativos. Há também casos que o mais adequado é suspender a

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alimentação por falta de benefício para o paciente. Ainda, estudos randomizados não

mostraram ganhos com uma nutrição vigorosa na resposta tumoral e na sobrevida do

paciente. A hidratação é importante, e sua falta pode causar confusão mental e

desconforto, no entanto, em paciente no final de sua vida é difícil determinar o volume

necessário para se obter esse resultado. Um ensaio randomizado de 2013 incluiu 129

pacientes com câncer avançado que receberam cuidados paliativos, eles foram

aleatoriamente designados para receber hidratação parenteral (1 L de solução salina

normal durante quatro horas diárias) ou placebo (100 mL Por dia). Ao final, observou-se

que não houve diferença entre os grupos de tratamento e controle nos escores de delírio

ou sintomas de desidratação (pontuação composta de fadiga, mioclonia, sedação e

alucinações) aos quatro ou sete dias, também não houve diferença estatisticamente

significativa na sobrevida global e que pacientes em ambos os grupos observaram

melhora nos sintomas de desidratação no quarto dia, sugerindo que esses benefícios

podem estar mais relacionados com o aumento da frequência de visitas e avaliações com

enfermeiros pesquisadores ou com um efeito placebo, em vez do fornecimento de fluidos.

Conclusão: Portanto, deve-se encarar a dieta sempre como uma opção, não pressionando

o paciente a se alimentar, e estimular a dieta e a hidratação por via oral sempre que

possível. A nutrição deve ter como objetivo principal auxiliar na diminuição da ansiedade,

trazer prazer, integração com o meio e bem estar ao paciente. É importante lembrar,

porém, que a recusa alimentar pode ser um manifestação de sintomas depressivos,

devendo sempre ser investigada. Famílias que consideram a nutrição e a hidratação como

tendo um valor simbólico que ultrapassa os limites da assistência médica devem ter seu

ponto de vista respeitado, desde que não entre em conflito com os desejos expressos

anteriormente expressos pelo paciente.

REFERÊNCIAS:

1. Silva PB, Lopes M, Trindade LCT, Yamanouchi CN. Controle dos sintomas e

intervenção nutricional. Fatores que interferem na qualidade de vida de pacientes

oncológicos em cuidados paliativos. Rev Dor. São Paulo, 2010 out-dez; 11(4): 282-288.

2. Benarroz MO, Faillace GBD, Barbosa LA. Bioética e nutrição em cuidados

paliativos oncológicos em adultos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2009 set; 25 (9):

1875-1882

3. Corrêa PH, Shibuya E. Administração da Terapia Nutricional em Cuidados

Paliativos. Rev Bras de Cancerologia 2007; 53(3): 317-323.

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175

4. Bruera E, Hui D, Dalal S, et al. Parenteral hydration in patients with advanced

cancer: a multicenter, double-blind, placebo-controlled randomized trial. J Clin Oncol

2013; 31:111.

5. Reiriz A.B., et al. Cuidados paliativos - há benefícios na nutrição do paciente em

fase terminal? Rev Soc Bra Clin Med 2008; 6(4): 150-155.

6. Reis P.C. Suporte Nutricional em Cuidados Paliativos. REVISTA NUTRÍCIAS

15: 24-27, APN, 2012

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RELATO DE CASO: LESÃO MEDULAR ESPINAL EM ATENDIMENTO

MULTIPROFISSIONAL NO CUIDADO PALIATIVO

Fernanda Silveira da Silveira1

Simone Rodrigues dos Santos2

Introdução: Segundo a definição da Organização Mundial de Saúde, revista em 2002,

Cuidado Paliativo é “uma abordagem que promove a qualidade de vida de pacientes e

seus familiares, que enfrentam doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio

da prevenção e do alívio do sofrimento. Requer identificação precoce, avaliação e

tratamento da dor e outros problemas de natureza física, psicossocial e espiritual”1. A

equipe multiprofissional tem como norteador do seu trabalho, a atenção no cuidado físico,

social, psicossocial e espiritual do indivíduo e seus familiares. “A lesão da medula espinal

é um dos mais graves acometimentos que pode afetar o ser humano e com enorme

repercussão física, psíquica e social”. 2 Objetivo: Relatar o cuidado desenvolvido junto

a um paciente com lesão medular em cuidados paliativos. Método: O estudo de caso foi

realizado por duas acadêmicas do sétimo semestre do curso de enfermagem da disciplina

saúde do adulto e idoso II, que em aula prática em uma Unidade Básica de Saúde da

cidade de Pelotas/RS, realizaram visitas domiciliar com a equipe, prestando cuidados

paliativos ao paciente. Resultados: A pessoa acompanhada foi J.Q.V, 35 anos de idade,

vítima de ferimento com arma de fogo, apresentava lesão medular traumática com

consequente paraplegia, ausência de sensibilidade abaixo das cristas ilíacas, lesões

crônicas com risco de infecção, deformações em membros inferiores, bexiga neurogênica,

além de ser portador de hepatite C. A equipe multiprofissional, composta por acadêmicos

de enfermagem e medicina, duas enfermeiras, uma fisioterapeuta e uma psicóloga,

realizaram visita domiciliar, a fim de prestar cuidados paliativos ao paciente que se

encontrava acamado, alimentando-se por via oral, necessitando de ajuda para autocuidado

e apresentando dislalia. A equipe de enfermagem realizou curativo em escara sacral grau

quatro com tecido esfacelar de liquefação, realizando debridamento neste tecido. O

paciente também apresentava lesão por pressão em maléolo esquerdo e calcâneo direito.

Foi orientado aos familiares a alternância de decúbito de duas em duas horas, realização

de curativos em escara sacral quando necessário e hidratação da pele com Dersane. Nas

visitas subsequentes, observou-se escara em região sacral com odor fétido e sinais de

infecção, familiares relataram que paciente apresentava diariamente febre de 38 a 39ºc,

como conduta a equipe encaminhou o paciente para fisioterapia dermato-funcional.

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Embora houvesse déficit de força em membros superiores e tronco, o paciente

apresentava condições de realizar troca posturais sozinho e ser semi–dependente em suas

atividades básicas de vida, se estimulado pela fisioterapia. O paciente foi encaminhado

para o Programa Melhor em Casa. Conclusão: A experiência vivida pelas acadêmicas na

Unidade Básica de Saúde junto à equipe multiprofissional possibilitou a discussão e

reflexão do caso clínico do paciente. Houve gradativa evolução no quadro clínico do

paciente, mesmo esse sendo considerado irreversível por apresentar lesão medular

completa em nível T11 e T12. As visitas visavam promover alívio da dor, conforto

emocional, orientação familiar e a parceria com programas especializados para que

houvesse o melhor entendimento e atendimento ao caso clínico diagnosticado, havendo

também a promoção à espiritualidade por meio de diálogos, a fim de, perceber e sanar as

necessidades globais do paciente e de seus familiares.

REFERÊNCIAS

1. BRASIL, Manual De Cuidados Paliativos/Academia Nacional de Cuidados

Paliativos. – Rio De Janeiro: Diagraphic, 2009.

2. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de

Ações Programáticas Estratégicas. Diretrizes de Atenção à Pessoa com Lesão Medular/

Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações

Programáticas Estratégicas e Departamento de Atenção Especializada – Brasilia:

Ministério da Saúde, 2013.

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O CUIDADO DE ENFERMAGEM A PESSOAS COM CÂNCER EM CABEÇA E

PESCOÇO EM RADIOTERAPIA PALIATIVA: RELATO DE EXPERIÊNCIA

Pâmela Barros de Leon1

Jéssica Luíza Beck2

Silvana Bastos Cogo3

Cintia da Silva Marconato4

Lílian Medianeira Coelho Stekel5

Taís Falcão Gomes6

Introdução: No Brasil, no ano de 2016, estimou-se 11.140 casos novos de câncer em

cavidadeoral homens e 4.350 em mulheres.1 Os cânceres em região de cabeça e pescoço

são tumores malignos localizados na cavidade oral, lábios, língua, faringe, laringe, seios

paranasais e glândulas salivares tendo como principais características o aparecimento de

lesões não cicatrizantes, ulcerações superficiais e indolores e manchas esbranquiçadas ou

avermelhadas.2,3 O tratamento pode ser realizado por meio de cirurgia, quimioterapia,

radioterapia, ambos isolados ou em concomitância. Ainda, quando não existe

possibilidade terapêutica opta-se pelo tratamento paliativo.4 Todas essas modalidades de

tratamento podem provocar efeitos adversos temporários ou permanentes. Tendo em vista

o tipo de tratamento, bem como seu potencial de toxicidade e as condições clínicas da

pessoa é legitimo também oferecer a esta o direito ao adoecimento digno. O qual objetiva

controlar sintomas e preservar a qualidade de vida. Nesse contexto, a radioterapia é um

tratamento realizado por meio de radiações ionizantes para combater agentes neoplásicos

com objetivo de destruir as células malignas, impedindo sua multiplicação por mitose e

determinando a morte celular. Em tumores considerados inoperáveis é indicada para a

remissão de sintomas como, para diminuir o sangramento, obstruções, aliviar a dor e a

1 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar no

Sistema Público de Saúde. E-mail: [email protected] 2 Farmacêutica. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão Hospitalar

no Sistema Público de Saúde. E-mail: [email protected] 3 Enfermeira. Doutora. Professora Adjunta do departamento de enfermagem da Universidade Federal de

Santa Maria. E-mail: [email protected] 4 Enfermeira. Mestre. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail:

[email protected] 5 Enfermeira. Mestre. Enfermeira do Hospital Universitário de Santa Maria. E-mail:

[email protected] 6 Enfermeira. Mestre. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção e Gestão

Hospitalar no Sistema Público de Saúde. E-mail: [email protected]

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compressão neurológica.4 Sendo assim, objetiva-se relatar a vivência de residentes

multiprofissionais em relação aos cuidados de enfermagem a pessoas com câncer

localizados em região de cabeça e pescoço em radioterapia paliativa. Metodologia: Trata-

se de um relato de experiência sobre os cuidados de enfermagem em radioterapia paliativa

em pessoas com câncer localizado na região de cabeça e pescoço. Esse trabalho é

proveniente da inserção de residentes de um Programa de Residência Multiprofissional

em um serviço de radioterapia de um hospital universitário do interior do Rio Grande do

Sul/ Brasil. Essa experiência ocorreu no período de março de 2016 a março de 2017.

Resultados: No serviço de radioterapia são realizadas consultas de enfermagem durante

todo o período que a pessoa se encontra em tratamento. A função da equipe de

enfermagem engloba os cuidados diante da condição clínica, psicológica e social da

pessoa em tratamento radioterápico, com garantia a prevenção das complicações e

minimização da radiotoxicidade, que possui como principais efeitos colaterais: fadiga;

ansiedade; depressão; anorexia; caquexia, reações de pele e especificamente em região

de cabeça e pescoço: eritema; mucosite; esofagites, xerostomia e alterações no paladar.5

As ações e orientações que contribuíram para a diminuição dos sintomas/efeitos adversos

foram: monitoramento das condições nutricionais, sendo avaliado a necessidade quanto

ao uso de sonda nasoenteral, orientações em relação a estimulação da ingesta hídrica de

2 a 3 litro/dia, atenção quanto a deglutição, odinofagia, disfagia, desidratação;

estimulação a higiene oral e escovação dos dentes após cada refeição adaptando as

orientações ao contexto social da pessoa sendo assim a cavidade oral era semanalmente

avaliada bem como, a necessidade de retirar próteses dentárias móveis, se existentes.

Conforme a necessidade de cada pessoa foram realizados encaminhamentos com o

médico assistente, radioterapeuta ou o oncologista sobre a necessidade de indicar o uso

de analgésicos segundo o tipo e nível da dor referida. Outros aspectos observados durante

as consultas de enfermagem foram as alterações no nível de consciência e alterações de

comunicação. Além disso, muitas pessoas apresentavam ulcerações ou mutilações devido

ao adoecimento sendo necessária a realização de curativos, nesses casos, era feito a

avaliação da pele para tomada de decisão em relação as condutas que envolviam a

assepsia (temperatura da solução fisiológica e utilização de outros tipos de soluções para

limpeza de feridas) tipo de cobertura e fixação segura e confortável. Ainda, durante as

consultas de enfermagem eram feitos os encaminhamentos e discussões necessárias a

profissionais como: nutricionista, dentista, fonoaudiólogo, farmacêutico, assistente social

e psicólogo formando um elo importante para a atuação da equipe multidisciplinar no

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cuidado paliativo de pessoas que tratam cânceres localizados em região de cabeça

pescoço. Considerações Finais: A radioterapia paliativa é importante para a diminuição

do sofrimento e melhora da qualidade de vida. Sendo assim, o profissional que atua com

pessoas acometidas por câncer em tratamento radioterápico paliativo, necessita estar

atento e sensível as reações adversas advindas da radioterapia e do desenvolvimento do

percurso da doença. Desse modo, a humanização no cuidado, o trabalho na perspectiva

multidisciplinar e atenção aos aspectos clínicos e psicológicos das pessoas são

fundamentais para a radioterapia como cuidada paliativo.

REFERÊNCIAS

1. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Estimativa 2016: incidência de câncer no

Brasil / Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – Rio de Janeiro:

INCA, 2015.

2. Aquino RCA, Lima MLLT, Menezes CRCX, Rodrigues M. Alterações

fonoaudiológicas e acesso ao fonoaudiólogo nos casos de óbito por câncer de lábio,

cavidade oral e orofaringe: um estudo retrospectivo. Rev. CEFAC v.18, n.3, São Paulo

2016

3. Jemal A, Siegel R, Ward E, Hao Y, Xu J, Thun MJ. Cancer statistics. 2009. CA

Cancer J Clin. 2009;59(4):225-49.

4. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Carcinoma Epidermóide da Cabeça e

Pescoço. Revista Brasileira de Cancerologia, v.47, n.4, p. 361-76, 2001.

5. Brasil. Instituto Nacional de Câncer. Ações de enfermagem para o controle do

câncer: uma proposta de integração ensino-serviço 3. ed. rev. atual. ampl. – Rio de

Janeiro: iNCA, 2008.

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O CUIDADO FRENTE AOS EFEITOS COLATERAIS DECORRENTES DA

QUIMIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA

Luana Amaral Mortola11

Rosani Manfrin Muniz2

Daniela Habekost Cardoso3

Letícia Valente Dias4

Sandy Alves Vasconcellos5

Clarice de Medeiros Carniere6

Introdução: O câncer é a segunda maior causa de mortes no Brasil, sendo responsável

por 15,6% dos óbitos, perdendo apenas para doenças cardiovasculares1. O tratamento

oncológico curativo tem resultado na diminuição da mortalidade e da morbidade, no

entanto, há a preocupação com conforto e alívio de sintomas do paciente no final de vida2.

Em cuidados paliativos é importante amenizar o sofrimento que precede a morte. A

quimioterapia paliativa tem grande importância na melhora da qualidade de vida com

enfoque principalmente no tratamento de metástases3. Porém a modalidade terapêutica

pode trazer inúmeros efeitos colaterais. Nesse sentido, destaca-se a importância do

cuidado de enfermagem integral e individualizado, visando prevenir e minimizar estes

efeitos4. Objetivo: Relatar a vivência de enfermeiras residentes no cuidado a pacientes

com câncer durante o tratamento quimioterápico paliativo. Metodologia: Estudo de

abordagem qualitativa na modalidade de relato de Experiência. Relata-se a vivência de

quatro enfermeiras residentes do Programa de Residência Integrada Multiprofissional de

um Hospital de ensino. O relato concentra-se na atuação de enfermeiras residentes na

realização do cuidado paliativo no serviço de oncologia do hospital em questão. Os

resultados aqui apresentados foram coletados entre o mês de janeiro a março de 2017, por

1 . Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de

Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail: [email protected]

2. Enfermeira Doutora em Enfermagem Fundamental. Professora do Departamento de Enfermagem da

Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail:

[email protected]

3. Enfermeira Mestre em Ciências. Doutoranda pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da

Universidade Federal de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail:[email protected]

4. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da

Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:[email protected]

5. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da

Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:[email protected]

6. Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção à Saúde Oncológica da

Universidade Federal de Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail:[email protected]

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meio de atuação, observação e por relatos verbais da equipe acerca das contribuições,

dificuldades e possibilidades durante o período de atuação. Resultados: O serviço de

oncologia do Hospital Escola é localizado em uma cidade na região sul do Rio Grande do

Sul, e atende pacientes oncológicos exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS),

para realização de quimioterapia e radioterapia. Neste espaço atuam profissionais de

diversas áreas como enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicólogos, médicos,

fisioterapeutas, nutricionistas, dentistas e assistente sociais. Por se tratar de uma

instituição de ensino vinculada a uma universidade federal, existe a presença de

acadêmicos e residentes da área da saúde. O atendimento é realizado de segunda a sábado

das sete da manhã às sete da noite; em média 30 a 50 pacientes por dia, sendo que, de 20

a 30 realizam quimioterapia. Dependendo do protocolo quimioterápico, há pacientes que

realizam o tratamento de uma a cinco vezes por semana. O tempo médio de permanência

dos usuários para a administração do quimioterápico varia entre 30 minutos e seis horas.

Atualmente há um crescente número de pacientes que realizam quimioterapia paliativa,

sendo que o diagnóstico mais comuns é o câncer de mama, além das situações em que

ocorrem metástases pulmonares e hepáticas. Os efeitos colaterais mais comuns são

físicos, como náuseas, vômitos, constipação, alopecia e dor. Os cuidados de enfermagem

são realizados em situações agudas e a longo prazo visando prevenir e minimizar os

efeitos. Nos casos de efeitos concomitantes a aplicação da quimioterapia, como dor

aguda, vômito e anafilaxia, tornam-se imprescindível a administração de medicamentos

e cuidados com estes. Em outras situações de possibilidade de ocorrer alopecia, sintomas

digestivos e dermatológicos, é de extrema importância a realização das orientações com

o objetivo de prevenir tais sintomatologias. Neste caso, o momento da consulta de

enfermagem é propício para explorar as possíveis dúvidas dos pacientes e,

consequentemente, estimular a mudança de postura frente ao tratamento3. Conclusão:

Sendo assim, fazem-se necessárias orientações e estímulo ao autocuidado, pois o

tratamento oncológico causa diversas toxicidades, carecendo de intervenção não apenas

medicamentosa, mas também de cuidados que podem ser tomados pelo próprio paciente.

É errônea a suposição de que “não há mais nada a se fazer” pelo paciente sem

possibilidades de cura, uma vez que enquanto houver vida, sempre existirá a necessidade

do cuidado de enfermagem, que possam garantir melhor qualidade da vida e reduzir

sofrimentos como propõe a filosofia paliativista.

REFERÊNCIAS:

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183

1. Ministério da Saúde (BR). Estimativa 2016: Incidência de câncer no Brasil/

Instituto Nacional do Câncer. Rio de Janeiro: INCA, 2014.

http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2015/esti

mativa_incidencia_cancer_2016

2. Bonassa EMA, Gato MIR. Terapêutica oncológica para enfermeiros e

farmacêuticos. ed. São Paulo ( SP): Atheneu; 2012.

3. Cirilo JD, Silva MM, Fuly Patríci SC, MoreiraMC. A gerência do cuidado de

enfermagem à mulher com câncer de mama em quimioterapia paliativa.Texto contexto –

enferm.2016:25(3);4130015.

4. Rodrigues AB. Estresse em pacientes submetidos a tratamento antineoplásico.

Cuidado é Fundamental. 2016:8(2); 4487-4500.

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O CUIDADO DE ENFERMAGEM FRENTE À RADIODERMITE

CONSEQUENTE DA RADIOTERAPIA PALIATIVA: UM RELATO DE

EXPERIÊNCIA

Luana Amaral Mortola1

Letícia Valente Dias2

Sandy Alves Vasconcellos3

Clarice de Medeiros Carniere4

Jandira Amarilho Silveira5

Caren Laís Seehaber Friedrich dos Santos6

Introdução: A radioterapia é uma das modalidades terapêuticas utilizadas no tratamento

de neoplasias. Constitui-se como um tratamento localizado, que usa radiação ionizante

produzida por aparelhos ou emitida por radioisótopos naturais1. A radioterapia paliativa

atua no momento em que a doença se encontra em estágio avançado, tendo como

propósito aliviar a sua sintomatologia (antálgica, anti-hemorrágica, no tratamento de

compressões neurológicas, etc.)1. No entanto, apesar dos aspectos positivos, o tratamento

radioterápico acarreta efeitos adversos como a radiodermite2.A radiodermite é um

conjunto de lesões cutâneas provocadas por uma exposição excessiva à radiação

ionizante. É considerada uma queimadura complexa levando à desidratação da pele e

complicações secundárias como infecção local que pode promover a interrupção do

tratamento radioterápico em muitos casos3. Estima-se que 60% dos pacientes com câncer

serão submetidos à radioterapia e 95% destes devem desenvolver radiodermites4.

Ressalta-se que a radiodermite é um efeito adverso que pode ser evitado. Destaca-se a

importância do cuidado com intuito de promover o alívio do sofrimento que precede a

morte incluindo efeitos adversos a terapêutica adotada. Nesse sentido os cuidados de

enfermagem devem ser direcionados à realização de orientações com intuito de prevenir

1 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de

Pelotas, Rio grande do Sul, Brasil. E-mail: [email protected]

2 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected]

3 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected]

4 Enfermeira. Residente do Programa de Residência Multiprofissional Atenção à Saúde Oncológica do

Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail: [email protected]

5 Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail:

[email protected]

6 Enfermeira. Ambulatório de Oncologia Hospital Escola da UFPEL/EBSERH. E-mail:

[email protected]

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estes efeitos a proporcionar conforto e segurança para o paciente. Objetivo: Dissertar

sobre a vivência do cuidado de enfermagem frente à radiodermite no paciente submetido

à radioterapia paliativa. Métodos: Estudo de abordagem qualitativa na modalidade de

relato de Experiência. Relata-se a vivência de cinco enfermeiras residentes do Programa

de Residência Integrada Multiprofissional do Hospital Escola da Universidade Federal

Pelotas. O relato concentra-se na atuação das enfermeiras residentes na realização do

cuidado paliativo em uma Unidade de Radioterapia de um Serviço de Oncologia no sul

do Rio Grande do Sul. A atuação sucedeu-se nos meses de agosto a dezembro de 2016.

Resultados: Na unidade de radioterapia o atendimento era realizado de segunda a sábado

das sete da manhã às sete da noite. Em média eram atendidos de 20 a 30 pacientes por

dia, destes, nove realizavam radioterapia paliativa. Ao iniciar o tratamento radioterápico

o paciente era recebido pela equipe de enfermagem, onde o enfermeiro realizava a

consulta de enfermagem, sendo preconizados os cuidados para prevenção de efeitos

colaterais como a radiodermatite, tais cuidados como, incentivo a ingesta hídrica; evitar

expor a área irradiada ao sol, calor e/ou frio; manter a pele do campo de tratamento seca

e livre de irritações; não utilizar qualquer produto no local antes das seções de

radioterapia; evitar coçar, arranhar ou esfregar o local de tratamento; lavar a pele do

campo de tratamento com água em temperatura ambiente; utilizar produtos de higiene

com pH neutro; entre outros. Nesse ambiente destacava-se a qualidade educativa do

enfermeiro e a importância de acolher o paciente de maneira integral e individual,

principalmente aquele que realiza a radioterapia paliativa, pois devido a não possibilidade

de cura atrelada a ocorrência de efeitos colaterais pode indicar a não realização do

tratamento. Mesmo sendo realizado o cuidado direcionado a prevenção da radiodermite,

alguns pacientes que realizaram radioterapia paliativa apresentaram este efeito. Frente a

isso os cuidados também tiveram o enfoque na minimização deste, sendo recomendadas

diversas intervenções, tais como orientação de aplicação de compressas com chá de

camomila ou água filtrada no local da lesão. Outros produtos como a aloe vera e a

sulfadiazina de prata 1% também eram utilizados sob prescrição médica, porém com

cautela devido à insuficiência de evidências científicas que as sustentassem. Os cuidados

foram realizados de maneira educativa com intuito de serem reproduzidos no prisma

domiciliar. O objetivo foi reduzir ou sanar a radiodermite removendo a possibilidade de

interrupção do tratamento devido à possível evolução da lesão. Conclusão: A

radiodermatite é um efeito adverso que pode ser prevenido, ou minimizado, por meio de

orientações prévias ao tratamento radioterápico. Destaca-se a realização da consulta de

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enfermagem desde o início do tratamento até a sua conclusão, sendo a prevenção de

complicações e a qualidade de vida os núcleos do cuidado na realização da radioterapia

paliativa.

REFERÊNCIAS:

1. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Ações de Enfermagem para o

controle do câncer: Uma proposta de integração ensino-serviço. Rio de Janeiro: INCA;

2008.

2. Lorencetti A, Simonetti JP. As estratégias de enfrentamento de pacientes durante

o tratamento de radioterapia. Rev Latinoam Enferm. 2005;13:944-50.

3. Dealey C. Cuidando de feridas: um guia para as enfermeiras. 3ª ed. São Paulo:

Atheneu; 2008.

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CUIDADO TERAPÊUTICO: UM OLHAR EM BUSCA DA HUMANIZAÇÃO

DA ASSISTÊNCIA NOS CUIDADOS PALIATIVOS

Gabriela Nasser Gervini1

Maira Buss Thofehrn2

Helen Nicoletti Fernandes3

Franciele Budziareck das Neves4

Introdução: O aumento da longevidade da população trouxe um crescimento não

somente da incidência e prevalência, como da mortalidade por doenças crônicas não

transmissíveis (DCNT), tais como doenças cardiovasculares e neoplasias.1 Assim,

pessoas com DCNT passam a necessitar de cuidados que priorizem o controle de sintomas

e objetivem melhor qualidade de vida. Os cuidados paliativos são tratamentos ativos e

totais aos pacientes quando a doença não responde à abordagens curativas, assim, o

controle de sintomas torna-se prioridade, objetivando melhor qualidade de vida diante de

doenças que ameaçam a vida, por meio da prevenção e alivio do sofrimento. Por isso,

requer a identificação precoce, avaliação e tratamento da dor e de outros problemas de

ordem física, psicossocial e espiritual.2 O cuidado terapêutico baseia-se na visão singular,

solidária e integradora entre o profissional de enfermagem e ser humano que necessita de

cuidados, buscando a resolução de problemas e/ou necessidades pessoais.3 A atenção

domiciliar têm como objetivo proporcionar ao paciente um cuidado contextualizado à sua

cultura, rotina e dinâmica familiar, evitando hospitalizações desnecessárias e

proporcionando uma assistência holística ao paciente em cuidado paliativo.4 Deste modo,

o estudo visa conhecer o cuidado prestado por enfermeiros da equipe do Programa Melhor

em Casa, do Governo Federal e do Programa de Internação Domiciliar Interdisciplinar

(PIDI) em um município do sul do Brasil. Ao total, os dois programas têm oito equipes

multidisciplinares que assistem diária e concomitantemente cerca de 120 pacientes

financiados totalmente por recursos do Sistema Único de Saúde.5 Objetivos: Conhecer o

cuidado prestado pelos enfermeiros de dois programas de internação domiciliar na

promoção e busca da humanização do cuidado. Método: Estudo qualitativo, descritivo e

exploratório. Desenvolvido com oito enfermeiras das equipes dos programas Melhor em

1Especialista em Estratégia de Saúde da Família Enfermeira. UFPel. [email protected]

Professora Doutora [email protected]

Doutoranda Mestra [email protected]

Mestra [email protected]

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Casa e PIDI, de um hospital de ensino do Rio Grande do Sul. As entrevistas ocorreram

durante o mês de novembro de 2014, por meio de uma entrevista semiestruturada. Foram

mantidos os preceitos éticos, baseados no Código de Ética dos Profissionais de

Enfermagem de 20077, e também, de acordo com a Resolução nº 466 de 12 de Dezembro

de 20128, que aprova as diretrizes e normas regulamentadoras da pesquisa envolvendo

seres humanos. Os dados foram analisados por meio da Proposta Operativa de Minayo.6

Resultados: Foi possível conhecer o trabalho prestado pelos enfermeiros na busca da

humanização dos cuidados, baseado na relação entre a equipe multiprofissional e vínculo

com o paciente e sua família. Evidenciado através de boas habilidades de comunicação,

escuta, empatia e preocupação com o paciente e família, tendo como objetivo principal

um cuidado integral, ético e humanizado. Nos relatos, os enfermeiros mostram-se

comprometidos na promoção e recuperação da saúde ao realizar um cuidado terapêutico,

integral, equânime e humano, importando-se também com a família, no cuidado,

orientação e apoio. As entrevistadas relatam que o vínculo criado com o paciente e sua

família torna-se muito forte devido a inserção no contexto do paciente e família, rotinas

e a própria internação dos mesmos, que muitas vezes torna-se bastante extensa. Algumas

dificuldades encontradas pelas enfermeiras na atuação em cuidados paliativos são

embasadas na literatura: 9 O encaminhamento tardio do paciente; inúmeras tentativas de

tratamento com aumento do sofrimento e estresse; relutância no encaminhamento pela

falta de compreensão do papel dos cuidados paliativos; esperanças não realistas por parte

do paciente e/ou família em relação à evolução da doença; não concordância entre família

e paciente quanto ao tratamento; pobreza extrema; entre outros. Conclusão: Com este

trabalho, foi possível reconhecer o cuidado terapêutico exercido por enfermeiras de dois

programas de internação domiciliar. Espera-se que o estudo permita uma reflexão sobre

o assunto enfatizando a necessidade da humanização dos cuidados e disseminação do

conceito de cuidado terapêutico, ainda pouco utilizado, e das filosofias dos cuidados

paliativos, implantando esse cuidado conjuntamente ao tratamento ativo da doença,

buscando concretizar o que seria um cuidado terapêutico e humanizado. É necessário

ampliar esse olhar para outros serviços, realizar maiores investimentos durante a

formação de profissionais enfermeiros, assim como trabalhar fortemente a humanização

com os acadêmicos. A mudança de comportamento dentro dos hospitais deve partir do

princípio de uma redução da carga horária dos profissionais, demanda de trabalho e

aumento das condições de trabalho para um cuidado de melhor qualidade. Por fim,

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conclui-se que são necessárias mais pesquisas que abordem o cuidado terapêutico dentro

dos serviços de saúde.

REFERÊNCIAS

1. Gottlieb MGV, Schwanke CHA, Gomes I, Cruz IBM. Envelhecimento e longevidade

no Rio Grande do Sul: um perfil histórico, étnico e de morbi-mortalidade dos idosos.

Rev. bras. geriatr. gerontol. 2011 Abr./Jun.,14(2): 365-380.

2. Organização Mundial da Saúde. WHO Definition of Palliative Care [internet]. Acesso

em: [2017 mai 01]. Disponível em:

http://www.who.int/cancer/palliative/definition/en.

3. Amestoy SC, Schwartz E, Thofehrn MB. A humanização do trabalho para os

profissionais de enfermagem. Acta paul. enferm. 2006 out/dez 19 (4): 444-449.

4. Fripp JC, Facchini LA, Silva SM. Caracterização de um programa de internação

domiciliar e cuidados paliativos no Município de Pelotas, Estado do Rio Grande do

Sul, Brasil: uma contribuição à atenção integral aos usuários com câncer no Sistema

Único de Saúde, SUS. Epidemiol. Serv. Saúde. 2012 mar., 21(1): 69-78.

5. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.208, de 18 de junho de 2013. Dispõe sobre

a integração do Programa Melhor em Casa (Atenção Domiciliar no âmbito do SUS)

com o Programa SOS Emergências, ambos inseridos na Rede de Atenção às

Urgências. Diário Oficial da União. nº 116, 2013 jun.19; seção 1 p.37.

6. Minayo, MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 12 ed. São

Paulo: Editora Hucitec/ Rio de Janeiro: BRASCO; 2010.

7. Conselho Federal de Enfermagem Resolução. COFEN nº 311 de 18 de janeiro de

2007. Dispõe sobre o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Acesso em:

[2014 mai 10]. Disponível em: http://novo.portalcofen.gov.br/resoluo-cofen-

3112007_4345.html.

8. Brasil. Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012. Dispõe sobre projetos de

pesquisa envolvendo seres humanos. Acesso em: [2014 mai 13]. Disponível em:

<http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2012/Reso466.pdf>.

9. Guimarães, RM. Filosofia dos cuidados paliativos. In: Saltz, E. Juver, J. Cuidados

paliativos em oncologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Senac; 2013. p. 13-23.