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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM SAÚDE E SOCIEDADE
ACYDÁLIA MADRUGA DE MENDONÇA FLORÊNCIO DE MELO
MORFOFISIOLOGIA DOS NEURÔNIOS DOPAMINÉRGICOS DA SUBSTÂNCIA NEGRA PARS COMPACTA DE RATOS WISTAR
SUBMETIDOS A EXERCÍCIO FÍSICO E SUPLEMENTAÇÃO COM ÁCIDO ALFA LIPÓICO
MOSSORÓ, RN 2018
ACYDÁLIA MADRUGA DE MENDONÇA FLORÊNCIO DE MELO
MORFOFISIOLOGIA DOS NEURÔNIOS DOPAMINÉRGICOS DA SUBSTÂNCIA NEGRA PARS COMPACTA DE RATOS WISTAR
SUBMETIDOS A EXERCÍCIO FÍSICO E SUPLEMENTAÇÃO COM ÁCIDO ALFA LIPÓICO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde e Sociedade da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Mestre em Saúde e Sociedade.
Orientador: Prof. Dr. José Rodolfo Lopes de Paiva Cavalcanti Co-Orientador: Prof. Dr. Marco Aurélio de Moura Freire
MOSSORÓ, RN
2018
ACYDÁLIA MADRUGA DE MENDONÇA FLORÊNCIO DE MELO
MORFOFISIOLOGIA DOS NEURÔNIOS DOPAMINÉRGICOS DA SUBSTÂNCIA NEGRA PARS COMPACTA DE RATOS WISTAR SUBMETIDOS A EXERCÍCIO FÍSICO E SUPLEMENTAÇÃO COM
ÁCIDO LIPÓICO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Saúde e Sociedade da Universidade Estadual do Rio Grande do Norte como requisito para obtenção do grau de Mestre em Saúde e Sociedade.
Aprovada em ____/_____/_____.
COMISSÃO EXAMINADORA:
_________________________________________
Prof. Dr. José Rodolfo Lopes de Paiva Cavalcanti (membro interno)
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte - UERN
__________________________________________
Prof. Dr. Marco Aurélio de Moura Freire (membro interno)
Universidade Estadual do Rio Grande do Norte - UERN
_________________________________________
Prof. Dra. Maria Jocileide de Medeiros Marinho (membro externo).
Faculdade de Ensino do Nordeste - FACENE
AGRADECIMENTOS
A Deus, por permitir mais uma conquista.
Aos meus Pais, Florêncio e Marly, por ser meus maiores incentivadores em todas
as decisões da minha vida, meu eterno amor e gratidão.
A minha irmã, Andrezza por me incentivar e acreditar em mim muitas vezes mais
que eu mesma. Amo-te.
Aos meus filhos, Pietra e João Pedro, eu não conseguiria escrever aqui tudo que
vocês representam na minha vida. Mas de tudo que aprendi, deixo mais aqui
mais uma lição pra vocês: nunca desisitam dos seus sonhos. Amo vocês.
Ao meu esposo, Petrus, pelos “nãos” que me fizeram acreditar no “sim”. Serei
eternamente grata, pois me fez acreditar muito mais em mim do que eu pensava.
Amo-te.
A minha amada vó, Luzia Mendonça, que por ironia do destino a senhora não
está sã pra comemorar comigo mais essa conquista. Suas palavras serão
eternizadas. Sempre me dizia minha filha estude, pois a única coisa que nunca
podem tirar de você é a sua sabedoria. Vó essa conquista é nossa. Muito
obrigada pelos ensinamentos. Te amo pra sempre.
Aos amigos Mara, Marcos e Moab, por terem sido meus maiores torcedores em
mais uma conquista pessoal. Quem tem amigos tem tudo!
Aos meus orientadores:
Professor Rodolfo, meu pequeno grande mestre! Não há palavras pra agradecer
toda minha gratidão. Você tem a mais nobre das profissões na alma. Obrigada
pela paciência, pelos incentivos, pelas críticas (que não foram poucas) que me
instigaram a melhorar cada vez mais meu desempenho acadêmico. Sou grata a
Deus por ter escolhido você nessa jornada. És fonte de admiração e inspiração.
Meu muito obrigada, meu mestre!
Professor Marco, nada nessa vida é por acaso! você apareceu na minha vida de
mestranda como um ser de luz. Com você aprendi além de conhecimentos
científicos, aprendi a ser rocha, e que é preciso persistir mesmo pensando em
desistir. Palavras são poucas para agradecer! Meu muito obrigada!
A todos os professores que tiveram papel essencial na minha formação. Sou
grata por tudo!!
A minha amiga Kalina, ela foi o maior presente que o mestrado me deu, pra vida!
Acho que viemos de outras vidas, e juntas tínhamos uma missão a cumprir
nessa. Isso já valeu a pena termos nos cruzado! Te amo!
Aos meus companheiros de projeto: Karina, Livia e Rodrigo Obrigada por termos
compartilhado não só de angústias mas também de aprendizado mútuo, pois
sabemos que foram nas diferenças que colocamos em prática o respeito com o
próximo. Gratidão!
A Ana Cristina e Lucídio, pela disponibilidade e dedicação nas horas que mais
precisamos. Meu muito obrigada!
A Bianca, minha gratidão por ter repassado todo seu conhecimento de
imunohistoquímica, você é minha musa inspiradora da neurociência.
A Professora Dayanne, por ter me ensinado que com persistência, insistência e
dedicação podemos alcançar o resultado que quisermos. Muito obrigada!!
Aos funcionários da FACS/UERN, obrigado por contribuírem desde as mínimas
ações para que as nossas pesquisas acontecessem.
A parte experimental da presente Dissertação foi desenvolvida no Laboratório de
Neurologia e Farmacologia Experimental (LabNeuro), da Faculdade de Ciências
da Saúde da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, sob orientação
dos Professores Doutores José Rodolfo Lopes Paiva de Cavalcanti e Marco
Aurélio de Moura Freire. O presente trabalho recebeu auxílio financeiro da
CAPES e dos próprios alunos.
RESUMO
O exercício físico promove a neuroplasticidade em diversas estruturas
encefálicas alterando suas propriedades funcionais e estruturais. A prática
regular de exercício aumenta significativamente o número de neurônios em
determinadas áreas do cérebro prevenindo a deterioração cortical, melhora
significativa tanto na morfologia quanto no funcionamento cerebral. Por outro
lado, com a produção maior de oxigênio, durante os exercícios físicos, há
produção de espécies reativas de oxigênio e de radicais livres. A intervenção
nutricional com antioxidantes na dieta baseia-se nas observações de recentes
estudos em minimizar a síntese de compostos antiinflamatórios causados pelo
estresse oxidativo, atuando como antioxidante e neuroprotetor. Estudos com ALA
tem sido cada vez maiores para o tratamento dos distúrbios neurológicos, por
influenciar em inúmeros processos celulares, eliminar os radicais livres,
regenerar os antioxidantes endógeno, melhorar o fluxo sanguíneo e eliminar
metais pesados, responsáveis pelos danos neurodegerativos. No presente
estudo objetivamos analisar a influência dos exercícios físicos e suplementação
do Ácido alfa-lipóico na plasticidade neuronal na substância negra pars
compacta (SNpc) de ratos jovens da linhagem Wistar através da expressão da
Tirosina Hidroxilase (TH). Os resultados obtidos nesse estudo permitem
compreender que as células dopaminérgicas das subdivisão da SNpc são
distribuídas em diferentes quantidades, formas e tamanhos variados. O estresse
oxidativo causado pelo nado forçado, pode ter contribuído para que os neurônios
do grupo com exercício e suplementação (ALEX) alterassem significativamente
sua morfometria, possivelmente pela ação antioxidante e neuroprotetora do ALA.
Contudo pode-se observar que as células neuronais da SNpc do grupo
sedentário e suplementação (ALSE) obteve uma média maior em sua área e
perímetro dentre os demais grupos pesquisados, com alteração significante,
possivelmente pela sua ação antioxidante do ALA além de atuar como agente
neurotrófico, no crescimento celular.
Palavras chaves: exercício físico, neuroplasticidade, ácido alfa lipóico, nado
forçado, tirosina hidroxilase, imunohistoquimica
ABSTRACT Physical exercise promotes neuroplasticity in several brain structures by altering its
functional and structural properties. Regular practice of exercise significantly increases
the number of neurons in certain areas of the brain preventing cortical deterioration, a
significant improvement in both morphology and brain functioning. On the other hand,
with the increased production of oxygen, during physical exercises, there is production
of reactive oxygen species and free radicals. The nutritional intervention with
antioxidants in the diet is based on the observations of recent studies on minimizing the
synthesis of anti-inflammatory compounds caused by oxidative stress, acting as
antioxidant and neuroprotective. Studies with ALA has been increasing for the treatment
of neurological disorders, to influence in many cellular processes, eliminate free radicals,
regenerating endogenous antioxidants, improve blood flow and to eliminate heavy metals,
neurodegerativos responsible for damage. In the present study aimed to assess the
influence of physical exercise and supplementation of alpha lipoic acid in neuronal
plasticity in the substantia nigra pars compacta (SNpc) young rats of Wistar strain by
expression of tyrosine hydroxylase (TH). The results obtained in this study allow us to
understand that the dopaminergic cells of the subdivision of SNPC are distributed in
different quantities, shapes and varied sizes. The oxidative stress caused by forced
swimming may have contributed to the fact that the neurons of the group with exercise
and supplementation (ALEX) significantly altered their morphometry, possibly due to the
antioxidant and neuroprotective action of ALA. However, it can be seen that the neuronal
cells of the SNpc sedentary group and supplementation (ALSE) gave a higher average in
their area and perimeter among the other groups surveyed with significant alteration,
possibly by its antioxidant action of ALA in addition to acting as agent neurotrophic, on
cell growth.
Keywords: physical exercise, neuroplasticity, alpha lipoic acid, forced swimming,
tyrosine hydroxylase, immunohistochemistry
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Estrutura química da dopamina.......................................................... 23
Figura 2 Mecanismo de transducao de sinal da Dopamina .............................. 24
Figura 3 Corte coronal do mesencéfalo de rato wistar (destaque para o núcleo
dopaminérgico na SNpc - A9) .......................................................................... 25
Figura 4 Vias Principais do Sistema Dopaminérgico ........................................ 26
Figura 5 Região do meséncefalo onde está situada a SNpc ............................ 29
Figura 6 Estrutura química do ALA e do DHLA nas formas oxidativas e reduzidas
......................................................................................................................... 35
Figura 7 Efeitos antioxidante, anti-inflamatório e neuroprotetor do ALA no SNC
......................................................................................................................... 40
Figura 8 Posicionamento da carga no animal feitos com faixas elásticas e os
respectivos pesos preso ao dorso do animal. .................................................. 44
Figura 9 Administração suplementar de ácido lipóico pelo método de gavagem
......................................................................................................................... 45
Figura 10 Fotomicrografias em campo claro demonstrando o padrão de
reatividade de TH no aumento de 4x na SNpc a nível rostral, médio e caudal dos
grupos CN (a,b,c), CP (d,e,f), ALEX (g,e,f) e ALSE (j,k,l) nas regiões rostral
(coluna 1), média (coluna 2) e caudal (coluna 3) do mesencéfalo. .................. 50
Figura 11 Fotomicrografias em campo claro demonstrando o padrão de
reatividade de TH no aumento de 10x na SNpc a nível rostral, médio e caudal
dos grupos CN (A, B, C), CP (D, E, F), ALEX (G, H I) e ALSE (J,K,L) nas regiões
rostral (coluna 1), média (coluna 2) e caudal (coluna 3) do mesencéfalo. ....... 51
Figura 12 Análise comparativa da área e perímetro na subunidade da SNCM
entre os grupos Controle negativo, Controle Positivo, com suplementacao e
sedentário e com suplemntaçcao e exercicio físico. ........................................ 52
Figura 13 Análise comparativa da área e perímetro na subunidade da SNCD
entre os grupos Controle negativo, Controle Positivo, com suplementacao e
sedentário e com suplemntaçcao e exercicio físico. ........................................ 54
Figura 14 Análise comparativa da área e perímetro na subunidade da SNCL
entre os grupos Controle negativo, Controle Positivo, com suplementacao e
sedentário e com suplemntaçcao e exercicio físico ......................................... 56
Figura 15 Análise comparativa da área e perímetro na subunidade da SNCV
entre os grupos Controle negativo, Controle Positivo, com suplementacao e
sedentário e com suplemntaçcao e exercicio físico ......................................... 57
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Estatística morfométrica da subunidade da SNCM ........................... 53
Tabela 2 Estatística morfométrica da subunidade da SNCD ............................ 55
Tabela 3 Estatística morfométrica da subunidade da Substância Negra
Compacta Lateral ............................................................................................. 56
Tabela 4 Estatística morfométrica da subunidade da Substância Negra
Compacta Ventral ............................................................................................. 57
Tabela 5 Análise de comparação da área total da Substância Negra pars
compacta dos grupos Controle negativo, Controle Positivo, suplementado com
Ácido Loipóico e exercicio e Suplementado com Ácido lipóico sem exercício . 58
LISTA DE APÊNDICES
Apêndice 1 ........................................................................................... 72
Apêndice 2 ........................................................................................... 74
Apêndice 3 ........................................................................................... 75
LISTA DE ABREVIATURAS
AF: Atividade Física
ALA : Ácido Alfa Lipóico
BDNF : Fator Neurotrófico de Crescimento Derivados do Cérebro
DA: Dopamina
DHLA: Ácido Diihidrolipóico
EF: Exercício Físico
GDNF: Fator Neurotrófico de Crescimento Derivados da Glia
L-DOPA: Dihidroxifenilalanina
OMS: Organização Mundial de Saúde
ROS: Espécie Reativa de Oxigênio
SN: Sistema Nervoso
SNC: Sistema Nervoso Central
SNP: Sistema Nervoso Periférico
SNpc: Substância Negra pars compacta
TF: Treinamento Físico
TH: Tirosina hidroxilase
VEGE: Fator de Crescimento Endotelial Vascular
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 19
1.1. EXERCÍCIO FÍSICO E NEUROPLASTICIDADE .................................... 21
1.2. DOPAMINA ............................................................................................ 22
1.3. SUBSTÂNCIA NEGRA ........................................................................... 27
1.4. TREINAMENTO FÍSICO E SUPLEMENTAÇÃO ANTIOXIDANTE ......... 29
1.5. ÁCIDO ALFA-LIPÓICO (ALA) ................................................................ 32
1.6. EFEITOS DO ALA NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL....................... 35
2. OBJETIVOS .............................................................................................. 41
2.1. Geral ....................................................................................................... 41
2.2. Específicos ............................................................................................. 41
3. Material e métodos................................................................................... 42
3.1. MODELO ANIMAL .................................................................................. 42
3.2. PROGRAMA DE TREINAMENTO FÍSICO (NADO INTERVALADO) ..... 43
3.3. DIETA SUPLEMENTAR: ........................................................................ 44
3.4. ANESTESIA, PERFUSÃO E MICROTOMIA .......................................... 45
3.5. IMUNOHISTOQUÍMICA PARA TIROSINA HIDROLIXASE (TH) ............ 46
3.6. INTENSIFICAÇÃO DA REAÇÃO E MONTAGEM DAS SECÇÕES ....... 47
3.7. ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA SNpc NOS NÚCLEOS
DOPAMINÉRGICOS ........................................................................................ 48
4. RESULTADOS .......................................................................................... 49
4.1. ANÁLISE DO PADRÃO DE REATIVIDADE DE TH DOS NEURÔNIOS NA
SUBSTÂNCIA NEGRA PARS COMPACTA (A9) ............................................. 49
4.2. Análise morfométrica das subunidades da Substância Negra pars
compacta (A9) .................................................................................................. 51
4.3. Análise morfométrica global da Substância Negra pars compacta (A9) . 58
5. DISCUSSÃO .............................................................................................. 59
6. ConclusÂo ................................................................................................ 63
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 64
Apêndices ....................................................................................................... 71
19
1. INTRODUÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) a inatividade é
um dos principais fatores de risco para a mortalidade global e está em
ascensão em muitos países, aumentando o índice das doenças não
transmissíveis afetando a saúde geral, sendo responsável por cerca de
20% a 30% de risco de morte em todo mundo em comparação às
pessoas que praticam atividade física (AF) (OMS, 2018).
A OMS estima que centenas de milhões de pessoas no mundo
apresentam alguma doença neurológica como: epilepsia, dor de
cabeça, doença de Parkinson e demência. Destas, mais de 50 milhões
apresentam epilepsia e cerca de 47 milhões no mundo são afetados
pela demência. Ademais, a expectativa de vida e o envelhecimento da
população em geral dos países em desenvolvimento provavelmente
aumentarão a prevalência de muitas doenças físicas e mentais ,
crônicas e progressivas, principalmente os distúrbios neurológicos.
(OMS, 2018).
O exercício físico (EF) regular promove inúmeros benefícios a
saúde geral do indivíduo, sendo um meio rentável e eficaz quando
comparado a medicação, promovendo alterações tanto na morfologia
quanto no funcionamento cerebral melhorando a capacidade cognitiva
através de estímulos, induzindo a liberação de neurotransmissores
desencadeando uma cascata de eventos neuroquímicos levando a
mudanças na formação ou reorganização das sinapses, sendo um dos
fatores mais relevantes que o sistema nervoso possa mediar , além de,
diminuir o risco de doenças cardiovasculares, metabólicas e
metastáticas, aumentar a autoestima e qualidade de vida (Ablat et al.,
2016; Calomeni et al., 2012; Hamilton and Rhodes, 2015; Hearing et
al., 2016; Hötting e Röder, 2013; Van Praag, 2009).
Atividade Física (AF) é uma contração muscular gerada por
qualquer movimento corporal, gerando um aumento do gasto
energético, enquanto que Exercício Físico (EF) é qualquer atividade
20
física realizada regularmente do mesmo modo, frequência, duração e
intensidade, levando a benefícios a saúde em geral . O treinamento
físico (TF) é um processo repetitivo e sistemático através de exercícios
progressivos, visando um melhor desempenho com melhora nos
aspectos morfológicos e funcionais do indivíduo atuando diretamente
na capacidade de execução da tarefa, envolvendo diretamente a
motricidade ((Physical activity, n.d.; Roschel et al., 2011)
Na sociedade ocidental, o EF só começou a ser levado a sério no
final do século anterior com evidências dos benefícios para a saúde
em geral, como melhora da aptidão muscular e cardiorrespiratória;
melhora a saúde óssea e funcional; redução do risco de hipertensão,
doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral, diabetes,
vários tipos de câncer (incluindo câncer de mama e câncer de có lon) e
depressão. Reduz também risco de quedas (causas de fraturas do
quadril ou vertebral ); favorece o equilíbrio energético e controle de
peso, além de manter os sistemas cardiorrespiratório e mental,
retardando o processo de envelhecimento (Hamilton and Rhodes,
2015; OMS, 2018; Van Praag, 2009).
Para examinar como o exercício pode influenciar de forma única no
cérebro e no corpo, pesquisadores de todo o mundo estudam diversos
espécies de animais, especialmente os roedores, e constatam que o
exercício promove uma infinidade de consequências positivas no SNC
dos ratos de modo semelhante ao que causa aos humanos, tanto nas
funções cognitivas quanto na saúde em geral desses roedores (Albeck
et al., 2006; Hamilton and Rhodes, 2015).
A OMS recomenda que a prática de exercício físico seja realizada
semanalmente cerca de 150 minutos, podendo ser praticado em
qualquer idade, desde que seja estabelecido os parâmetros ideais para
cada idade (OMS,2018).
21
1.1. EXERCÍCIO FÍSICO E NEUROPLASTICIDADE
Em meados de 1890 e 1895 pesquisas empíricas realizadas por
William James e Santiago Ramón y Cajal, respectivamente, já
afirmavam que o Sistema Nervoso Central (SNC) era capaz de
mudança na organização estrutural . Hoje sabe-se que o Sistema
Nervoso (SN) é capaz de se modificar através de estímulos ambientais,
fenômenos denominado de neuroplasticidade, podendo também
adquirir novas habilidades após danos cerebrais (Hötting e Röder,
2013).
Nas últimas décadas as pesquisas cientificas comprovam os
inúmeros benefícios que o EF promove na saúde mental e física dos
indivíduos tornando cada vez mais evidente que a atividade física
regular está associada a saúde e bem estar, melhorando
aprendizagem, memória e alívio da depressão. O EF aumenta a
neurogênese, o metabolismo e a função vascular em várias regiões do
encéfalo, reduz os fatores de riscos como diabetes, hipertensão e
doenças cardiovasculares que levam a disfunção cerebral e depleção
neuronal (Byrne and Byrne, 1993; Cotman et al., 2007) .
O exercício físico aumenta consideravelmente a produção dos
fatores neurotróficos derivado do cérebro (BDNF), favorecendo
aumento da plasticidade neuronal e com isso melhora na memória,
funções executivas e saúde em geral, atuando diretamente no
crescimento, diferenciação e reparo dos neurônios. Por outro lado, uma
diminuição desse fator pode estar relacionado com diferentes
distúrbios do sistema nervoso como Alzheimer e Parkinson e do próprio
processo de senescência, pela grande influência na sobrevivência e
crescimento das células nervosas e sua relação com as funções
cognitivas, incluindo aprendizado e memória (Kim e Kim, 2018; Loprinzi
et al, 2018).
De um modo geral, os fatores de crescimento ajudam a promover
a neurogênese e plasticidade sináptica através da liberação de alguns
neurotransmissores, contribuindo para um bom condicionamento físico
22
dos praticantes de atividade física podendo agir diretamente na
produção de BDNF, de fatores neurotróficos derivados das células
gliais (GDNF) e o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF)
estimulando assim a neuroproteção no SNC relacionados com os
processos de desenvolvimento normal e cognitivo , considerados
essenciais na redução dos danos neuronais, promovendo a
sobrevivência e crescimento das células restantes em diversas
patologias e/ou lesões cerebrais, além de melhorar a plasticidade
neural (de Assis and de Almondes, 2017; Chagas Filho et al., 2016;
Zhao et al., 2017)
No estado senil, o declínio das funções cognitivas, imunológicas
e endócrinas são inevitáveis, sendo uma condição que afeta
profundamente a capacidade cognitiva causando uma perda
subsequente de neurônios de toda a região do encéfalo, interferindo
no controle motor, memória e aprendizado do indivíduo . A prática
regular de exercício físico, nessa fase, pode contribuir, atuando como
neuroprotetor para as funções cerebrais reduzindo o risco de várias
doenças, ativando cascatas celulares e moleculares que aumentam e
mantém a plasticidade cerebral, induzindo a expressão de genes
associados a plasticidade, promovendo sinaptogênese e neurogênese
e aumentando a vascularização e o metabolismo cerebral , reduzindo o
estresse oxidativo e neuro-inflamação (Alkadhi, 2017; Gomez-Pinilla
and Hillman, 2013; Zhao et al., 2017; Matkovics, 2006)
1.2. DOPAMINA
A Dopamina (DA) é um neurotransmissor reconhecido desde a
década de 50, do grupo das catecolaminas. Age junto com
noradrenalina e adrenalina como principal modulador da função
cerebral atuando como importante papel no SNC, nos mecanismos de
recompensa, nas emoções e ainda em funções cognitivas e endócrinas
e Sistema Nervoso Periférico (SNP), responsável pelo controle motor.
É sintetizada pela tirosina hidroxilase (TH), assim como a
23
noradrenalina e adrenalina, encontradas principalmente em níveis
elevados em neurônios do mesencéfalo, substância negra (SN) e
tegmento ventral (de Assis and de Almondes, 2017, p.; Zhao et al.,
2017)
Sua estrutura química é formada por catecol (3,4 –
didroxibenzeno) conectado com um grupo amina com uma ponte etil ,
dão origem a vias de forma única-divergente que regulam a função da
neurotransmissão responsáveis pela regulação do humor, atenção e
emoção (Figura 1) (Standaert e Galanter, 2009).
Figura 1 Estrutura química da dopamina
A dopamina é sintetizada a partir da TH no citoplasma do
neurônio e em seguida é transportada no interior de vesículas
secretoras sinápticas para armazenamento e liberação. É
metabolizada pela catecol–O-metiltransferase (COMT) e pela
monoaminoxidade (MAO), convertidas a O-metilada e eliminadas no
espaço sináptico, sendo captada rapidamente pelos receptores da
membrana sináptica ou recaptada pelo neurônio pré sináptico, como
também ser degradada na fenda sináptica ou no terminal pré sináptico
(Estevinho e Soares-Fortunato, 2003; Standaert e Galanter, 2009).
O mecanismo de transdução do sinal da DA se dá através de sua
ligação com o seu receptor que interage com a proteína G e transforma
a subunidade α na forma ativa aumentando sua afinidade a Guanosina
Trifosfato (GTP) (Figura 2)
Fisiologicamente, existem duas famílias de receptores da DA os
receptores D1 e D5 pertencentes a superfamília D1 e os receptores D2,
D3 e D4 pertencentes a superfamílias dos receptores tipo D2
encontrados nos SNC e periférico e em diversos tecidos não neuronais,
24
sendo D1 predominante nas regiões do núcleo caudado, putamem,
núcleo accumbes, tubérculo olfativo e córtex cerebral e s istema
cardiovascular. Medeiam a vasodilação renal, mesentérica, coronária
e influenciam a função cardiovascular, cognitiva e motora a nível do
SNC. Os receptores D5 possuem dez vezes mais afinidade com a DA,
estando localizados em maior quantidade na região do córtex frontal,
estriado, hipocampo e hipotálamo (de Assis e de Almondes, 2017;
Hearing et al., 2016; Zhao et al., 2017) .
Figura 2 Mecanismo de transdução de sinal da Dopamina
Fonte: https://pt.slideshare.net/j_junninho/mecanismo-das-sinapses acesso em: 20.02.2018
Existem dez núcleos no encéfalo que utilizam a DA como
neurotransmissor denominadas de núcleos dopaminérgicos que
correspondem às áreas A8 - A17. Três desses núcleos, A8, A9 e A10,
estão localizadas no mesencéfalo e estão situadas na Zona Retrorubral
(RRF, A8), na substância negra compacta (SNc, A9) (área desse
estudo) e na área Tegmentar Ventral (VTA, A10) áreas responsáveis
pelo controle motor, movimentos voluntários, aprendizado e regulação
das funções cognitivas, como: emoção, motivação, recompensa e
comportamentos viciantes (Figura 3) (Cavalcanti, 2011; German e
Manaye, 1993; Luo e Huang, 2016).
A disfunção nas áreas A8 e A10 desencadeia vários distúrbios
neuropsiquiátricos como a dependência e a esquizofrenia, enquanto a
degeneração dos neurônios da substância negra (A9) caracteriza a
25
doença de Parkinson, pois são áreas que regulam o movimento
extrapiramidal e as funções cognitivas como motivação, recompensas
e aprendizados (Cavalcanti, 2011; Estevinho e Soares-Fortunato,
2003; German e Manaye, 1993; Luo e Huang, 2016; Standaert e
Galanter, 2009)
Figura 3 Corte coronal do mesencéfalo de rato wistar (destaque para o núcleo dopaminérgico na SNpc - A9)
Nas pesquisas realizadas por (German e Manaye, 1993) foi feito
o mapeamento das áreas A8, A9 e A10 no encéfalo de ratos usando
técnicas de coloração imunohistoquímica e imagens de computador
onde células foram identificadas com um anticorpo contra TH+,
observou-se que em um lado do cérebro existem aproximadamente
1.300 núcleos de células A8, 10.500 núcleos de células A9 e 10.200
núcleos de células A10.
O sistema dopaminérgico possui quatro vias principais que se
originam e projetam-se em diferentes áreas do encéfalo: a
mesolímbica, a mesocortical, a nigroestriatal (o maior trato
dopaminérgico – contendo cerca de 80% da DA do cérebro) e
tuberoinfundibular. A via mesolímbica é formada por projeções que vai
desde a área tegmentar ventral até o sistema límbico, atuando nos
mecanismos de memória, cognição movimento e comportamentos
afetivos; a via mesocortical às estruturas corticais, notoriamente ao
córtex frontal; a via nigroestriatal projeta-se rostralmente dos corpos
celulares na pars compacta da substância negra ao corpo estriatal
26
(núcleo caudado e putâmen), assim denominado pelo aspecto listrado
dos tratos das fibras brancas e a Substância Negra pela pigmentação
negra resultante da decomposição da DA em melanina ; e a via
tuberoinfundibular inerva a glândula pituitária (Estevinho and Soares-
Fortunato, 2003; Luo e Huang, 2016; Standaert e Galanter, 2009)
(Figura 4)
Quaisquer distúrbio em uma dessas vias podem resultar em
doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Esquizofrenia,
resultantes da desregulação da neurotransmissão dopaminérgica.
Figura 4 Vias Principais do Sistema Dopaminérgico
Fonte:https://museudinamicointerdisciplinar.wordpress.com/2014/09/21/neuroanatomia-do-sistema-de-recompensa-cerebral-e-dependencia-quimica/ acesso: 17.10.2018
27
1.3. SUBSTÂNCIA NEGRA
A SN ocupa a parte mais anterior do tegmento do mesencéfalo, e
subdivide-se em: Substância Negra pars compacta (SNpc) (Figura 5),
composta por neurônios dopaminérgicos pigmentados contento
neuromelanina que se projetam ao Núcleo Caudado e ao Putâmen dos
núcleos da base do prosencéfalo. Está subdividida em SNCD
(Substância Negra pars Compacta Dorsal), SNCV (Substância Negra
pars Compacta Ventral), SNCL (Substância Negra pars Compacta
Lateral) e SNCM (Substância Negra pars Compacta Medial) (Medeiros,
2015; Paxinos e Watson, 2006) e Substância Negra Reticular que é
uma subdivisão não pigmentada da SN com as mesmas funções,
presente no segmento medial do globo pálido, e também faz parte dos
núcleos da base (Crosman e Neary, 1997).
Quanto a morfologia dos neurônios encontrados nessa área,
temos os neurônios tipo I, em grande quantidade, com núcleo esférico
e escuro. E em menor quantidade os neuronios tipo II com extensa e
esparsa ramificação de formas e tamanhos variáveis, semelhantes com
as do tipo I, comnúcleo é esférico e relativamente escuro, localizado
na região central da célula (Alho, 1990).
Quanto a morfologia, dos neurônios presente nas subdivisões da
SN pode caracterizar: na SNCM são predominantemente ovóides com
dendritos aleatórios, na SNCD, em sua região rostral os neurônios são
bipolares e fusiforme com dendritos em padrões horizontais; a nível
posterior os neurônios apresentam-se bipolares piriformes e ovóides
com organização dendrítica aleatória. Na SNCL os neurônios
apresentam-se em baixa densidade, multi e bipolares (menor
proporção), de formato ovóide, frequentemente fusiforme, sem padrão
especifico em seus dendritos e na SNCV, formada por neurônios de
baixa densidade, fusiforme e multipolares com orientação dendritica
dorsoventral (Cavalcanti et al., 2014)
A neuromelanina (NM) é uma substância presente nos neurônios
dopaminérgicos do SNC, de coloração escura, complexa e insolúvel .
28
Produzida no início da vida por volta dos dois anos de idade,
aumentando a concentração linearmente com a idade, sendo estável
após a segunda década de vida. Origina-se da oxidação de
catecolaminas e outros componentes da célula como, proteínas,
lipídios e metais. É armazenada dentro das organelas citoplasmáticas
por uma dupla membrana de origem autofágica (Zucca et al., 2014)
Os neurônios dessas regiões não excretam a neuromelanina sob
condições fisiológicas, e não degradam completamente esse pigmento .
Com a morte de neurônios, há liberação de NM no meio extracelular
que pode permanecer por muito tempo agindo como um elemento pró
inflamatório, isolando as células dos efeitos tóxicos dos metais ativos
redox, das toxinas e do excesso das catecolaminas citosólicas. Em
contrapartida, nas condições de estresse oxidativo, essa NM liberada
pelos neurônios que estão se degenerando contribui para ativação da
neuroglia desencadeando uma neuro-inflamação e neurodegeneração,
danificando outros neurônios, caracterizando seu possível
envolvimento na DP (Zucca et al., 2014).
29
Figura 5 Região do meséncefalo onde está situada a SNpc
Fonte: Paxinos e Watson, 2006
1.4. TREINAMENTO FÍSICO E SUPLEMENTAÇÃO ANTIOXIDANTE
Nos últimos 10 anos, estudos indicam que são inúmeras as causas
de vários distúrbios neurológicos que afetam diretamente a função
cognitiva. Além dos fatores genéticos, distúrbios metabólicos, dieta
rica em gordura e açúcar e falta de exercício (sedentarismo)
comprometem diretamente a saúde neural e plasticidade cerebral
(Arroll et al., 2014; Gomez-Pinilla, 2011)
Para desenvolver um melhor programa de TF devemos analisar
alguns aspectos importantes, como: avaliação do treinamento, controle
do treinamento, modelos de organização de carga de treinamento e
desenvolvimento das capacidades motora, pois quando realizado de
forma intensa pode causar acúmulos de metabólitos ou depleção de
substrato levando a fadiga, ou seja, um comprometimento no SNP,
alterando o desempenho físico causado pelo exercício exaustivo,
levando a incapacidade de produzir força ou impotência (Roschel et
al., 2011; Meeusen, 2014).
30
A fadiga não ocorre somente a nível do SNP, uma vez que há
amplas evidências que os neurotransmissores cerebrais (serotonina,
dopamina e noradrenalina) são os responsáveis pela transdução de
sinal entre os neurônios e pela mudança das concentrações dessas
substâncias induzidas durante o exercício físico, especialmente a
serotonina e dopamina (Meeusen, 2014).
Alguns fatores como alterações no mecanismo de liberação de DA
ou um mau funcionamento metabólico podem levar a um processo de
neurotoxicidade nas células neuronais. Tal fenômeno é causado pelo
estresse oxidativo, neuro-inflamação e morte celular por apoptose
(Norrara et al., 2018).
Apesar dos inúmeros benefícios gerados pelos exercícios, o TF
intenso é um dos fatores que induz a maior produção de espécie reativa
de oxigênio (ROS) ativando as vias de sinalização sensíveis ao
estresse gerando o que chamamos de estresse oxidativo, resultando
num desequilíbrio entre os níveis de antioxidante e no nível de oxigênio
reativo, ou seja, na produção e na degradação de ROS causando danos
nas macromoléculas (Pesta e Roden, 2017; Yavari et al., 2015).
O estresse oxidativo é fisiológico e tem importantes funções no
corpo em condições normais, mas a superprodução de ROS e
nitrogênio ou defeito na defesa dos antioxidantes endógenos contribui
para o desenvolvimento de oxidação das macromoléculas celulares
criando um dano neural de curto e longo prazo como as patologias
neurodegenarativas/neurodesenvolvimentais (Alkadhi, 2017).
Há controvérsias com relação aos efeitos antioxidantes do
treinamento físico, que, dependendo do tempo e esforço o exercício
físico pode ter efeito positivo no combate dos radicais livres atuando
como potente antioxidante protegendo os órgãos dos danos oxidativos ,
ou negativo sobre as células causando estresse oxi dativo sistêmico
resultando num desequilíbrio no nível de antioxidante e no nível de
oxigênio reativo. Com a produção maior de oxigênio, durante os
exercícios físicos, há uma maior produção de ROS e de radicais livres
(Wiecek et al., 2017; Yavari et al., 2015) . Dependendo da demanda de
31
energia, frequência, intensidade e duração do exercício físico há um
maior aumento da captação de O2 pelos músculos ativando o
metabolismo oxidativo aumentando portanto, o estresse oxidativo.
Esse desequilíbrio pode levar a diminuição de força, fadiga e maior
probabilidade de lesões musculares (Polotow et al., 2014).
A alteração no metabolismo energético, e disfunção mitocondrial
desencadeia uma série de doenças neurodegenerativas progressivas
e irreversíveis como doença de Alzheimer e doença de Parkinson.
Deficiências alimentares nos seres humanos tem sido associada a um
maior risco de transtornos mentais, incluindo déficit de atenção, dislexia,
demência, depressão, distúrbio bipolar e esquizofrenia. Para que ocorra um
equilíbrio no sistema antioxidante, acredita-se portanto que uma dieta associado
a estilos de vida saudáveis, como exercício físico, possa contribuir para a saúde
física e mental, promovendo a reparação e neutralizando os efeitos do
envelhecimento no SNC. Sugere-se portanto uma intervenção nutricional com
antioxidantes como uma das formas de tratamento complementar para minimizar
a síntese de compostos anti-inflamatorios causados pelo estresse oxidativo, pois
esta atua como neuroprotetor ajudando a prevenir os estados de inflamação
evitando o agravamento dessas e outras doenças neurológicas que atingem o
SNC. (Gomez-Pinilla, 2011; Gómez-Pinilla, 2008; Bagur et al., 2017).
Fatores dietéticos selecionados, combinados com exercício físico
tem um importante papel no metabolismo e plasticidade sináptica,
modulando o BDNF importantes na plasticidade sináptica e
comportamento, considerando um método terapêutico, para a
prevenção e tratamento nas patologias associadas ao p rocesso do
envelhecimento. Portanto uma dieta rica em antioxidante pode
complementar os efeitos de danos celulares, visto que o fornecimento
de antioxidantes endógenos parece não ser suficiente para um efeito
protetor adequado (Gomes et al., 2017; Gomez-Pinilla, 2011;
Matkovics, 2006).
Além da ativação dos neurotransmissores, o consumo de alguns
alimentos como soja, frango, peru, peixe, amendoim, amêndoas,
abacate, leite, queijo, iogurtes e sementes de gergelim aumentam a
32
síntese de Tirosina Hidroxilase (4-hidroxifenilalanina), que tem um
papel importante na redução do estresse (Meeusen, 2014).
Os exercícios físicos e suplementação dietética parecem ter
influência no crescimento axonal, plasticidade sináptica e função
cognitiva do cérebro, pois diminuem a incidência de inúmeras doenças
ou distúrbios neurológicos tais como, esclerose múltipla, doença de
Parkinson, doença de Huntington (Bagur et al., 2017; Chytrova et al.,
2010; Gómez-Pinil la, 2008)
É de grande importância a suplementação com antioxidantes na
dieta, como consumo de frutas, verduras e legumes, pois estão
relacionados com a diminuição do risco em desenvolver doenças
associadas ao acúmulo de radicais livres, atuando em conjunto na
proteção das células e tecidos, por conter agentes antioxidantes como
vitamina C, E e A, clorofilina, flavonóides, carotenoides, curcumina e
outros agentes que combate as reações em cadeia e as lesões
induzidas pelos radicais livres (Bianchi and Antunes, 1999).
Contudo, o uso de antioxidante tem sido uma abordagem
promissora na prevenção, retardo e tratamento dessas doenças por
melhorar a plasticidade neuronal e proteger o cérebro contra declínio
neuromotor (Irwin et al., 2016; Gómez-Pinilla, 2008).
1.5. ÁCIDO ALFA-LIPÓICO (ALA)
O Ácido alfa lipóico (ALA) ou Acido Tioctico (C8H1402S2) é um
ácido graxo natural necessário para o metabolismo mitocondrial da
desidrogenase. De baixo peso molecular (206,3), descoberto em 1950
por Lester Reed e colaboradores, apresenta várias denominações
químicas como 1,2-dithiolane-3-pentanoic acid, 1,2-dithiolane-3-
valeric acid. Atua em sua forma reduzida como ácido dihidrolipoico
(DHLA) (figura 5) agindo como importante antioxidante. Reage com
ROS como, radicais superóxido, radicais hidroxila, ácido hipocloroso,
radicais peroxila e oxigênio simples. É um composto dissulfidico
sintetizado no fígado de humanos e outros animais em pequenas
33
quantidades. Pode ser absorvido na dieta sendo encontrado em
pequenas quantidades em folhas verdes, batatas, cevada, germe de
trigo e carne vermelha e atravessa facilmente a barreira hemato-
encefálica, sendo transportado para os tecidos, incluindo o cérebro.
O ALA junto com DHLA interagem com antioxidante endógeno
como Vitaminas C, E e glutationa, elimina ROS, regenera os
antioxidantes endógenos, possui atividade quelante de metais e
reparam as proteínas que são susceptíveis a oxidação como metionina,
cisteina, tirosina e outras e melhora o fluxo sanguíneo, sendo um
importante composto utilizado na prevenção e ou tratamento das
doenças e distúrbios neuronegenerativos por influenciar diretamente
nos processos celulares, como revelados em inúmeras pesquisa
(Solmonson and De Berardinis, 2018; Evans and Goldfine, 2000; Choi
et al., 2015).
As baixas e moderadas concentrações de ROS atuam
fisiologicamente na defesa contra agentes infecciosos e proteção das
células contra o estresse oxidativo, nas sinalizações celulares de
vários sistemas e na indução da resposta mitogênica, restabelecendo
ou mantendo o “equilíbrio redox”, conhecido também como
“homeostase redox”. No entanto, a produção excessiva altera o
equilíbrio oxidativo e antioxidante no organismo, resultando no
acúmulo de ROS causando estresse oxidativo tóxico, lesão nos lipídios
celulares nas proteínas ou DNA das células implicados em várias
doenças como câncer, diabetes mellitus, lesão por
isquemia/reperfusão, doenças inflamatórias, distúrbios degenerativos
e no processo de envelhecimento (Polotow et al., 2014; Wiecek et al.,
2017).
Os radicais livres por sua vez, são moléculas li beradas pelo
metabolismo do corpo através da transformação do oxigênio em
energia, composta de elétrons com carga negativa, instáveis e
altamente reativos, l igadas em cadeia, onde um desses elétrons se
desprende e se liga a um elétron de carga positiva, podendo reagir ou
oxidar induzindo a formação de espécies reativas de oxigênio, que
34
quando em excesso causa danos às estruturas celulares (Bianchi e
Antunes, 1999; Evans e Goldfine, 2000).
O SNC, possui elevadas taxas de radicais livres derivadas do
metabolismo de neurotransmissores. Por este motivo, o encéfalo é
caracterizado por ser um órgão extremamente sensível e mais
susceptível ao estresse oxidativo por possuir baixos níveis de
antioxidante protetor, elevados níveis de Ferro (Fe) em comparação a
outros tecidos e maior repouso de atividade da micrógl ia, sendo a
razão pela qual os neurônios dopaminérgicos são os mais acometidos
nas doenças neurodegenerativas (Astiz et al., 2012; Choi et al., 2015) .
Para que sejam modulados ou eliminados ROS que causam danos
celulares, é necessário que haja uma maior produção de agentes
antioxidativos. Como descrito em recentes pesquisas, estes
antioxidantes podem ser regulados e/ou aumentados através de
exercícios físicos moderadamente intensos e suplementos nutricionais,
como por exemplo, o ácido alfa lipóico, que demonstra ter ação anti
pró-oxidativa (Lee et al., 2017; Morawin et al., 2014) .
O ALA apresenta um importante papel antioxidante nas
fisiopatologias do distúrbios neurológicos. Além de sua atividade
protetora no citoplasma e aumento da ativação da resposta
antioxidante pelo fator Nuclear Eritroide2 (Nrf2 – regulador principal da
resposta antioxidante do organismo), atua de forma direta e indireta.
Diretamente por possuir ação de eliminar e reduzir espécies reativas
de oxigênio capturando os metais oxidáveis e indiretamente causando
uma resposta mais efetiva induzindo a transdução de enzimas
antioxidantes através do núcleo (Okuyan et al., 2013).
35
Figura 6 Estrutura química do ALA e do DHLA nas formas oxidativas e reduzidas
Nas últimas décadas, o ALA tem sido considerado também, como
um antidepressivo. Em um estudo pré clinico mencionado
recentemente, evidencia que além do efeito antioxidante, há
interferência desse antioxidante com a neurotransmissão
dopaminérgica pela evidencia clínica da eficácia de uso de drogas com
as três monoaminas oxidase(de Sousa et al., 2015)
1.6. EFEITOS DO ALA NO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
O ALA foi inicialmente utilizado para o tratamento de disfunções
hepáticas e como antidoto ao envenenamento causado pelo fungo
Amanita phalloides. Contudo, com a evolução das pesquisas
descobriu-se que o mesmo possui propriedades antioxidantes
potentes, reduzindo significativamente os radicais livres. A dose oral
diária recomendada é de 10 a 30mg como hepatoprotetor,
recomendando a dose de 800mg ao dia para diabetes. Como
antioxidante, ele pode ser usado nas dosagens de 100 a 600mg ao dia.
O ALA pode ser usado para tratamento, prevenção e/ou retardar
o estresse oxidativo nas doenças neurodegerativas . Tem um
importante papel na quelação de metais de transição como Fe e Cu,
catalisando a descarboxilação oxidativa de Alfa cetoácidos, evitando a
36
produção de ROS. Interage também com outros antioxidantes, como
glutationa, ascorbato (Vit. C), ubiquinol, e indiretamente com alfa -
tocoferol (Vit. E), impedindo sua oxidação(Astiz et al., 2012; Choi et
al., 2015; Okuyan et al., 2013).
Por ser um potente antioxidante o ALA apresentou também, um
efeito anticonvulsivante a uma dose de 200 mg/kg, em ratos induzidos
por penicil ina, bem como efeito significativo na epilepsia causada por
Haloperidol, um fármaco neuroléptico amplamente util izado para
psicose aguda e crônica, sendo um importante agente antioxidante
também nas fisiopatologias de distúrbios neurológicos, incluindo
neuropatias diabéticas e esclerose múltipla. (Astiz et al., 2012; Silva et
al., 2016; Thaakur and Himabindhu, 2009).
Erşahin e colaboradores (2010), em seu estudo com ratos pós
hemorragia subaracnóidea confirmou que ALA exerce efeitos
neuroprotetores ativando a atividade enzimática antioxidante
endógena, inibe o acúmulo de neutrófilos e a geração do radicais livres,
sugerindo um potencial terapêutico na redução da lesão secundária
após Hemorragia Subaracnóidea.
Em um experimento foi uti lizado o ALA para estudar os possíveis
efeitos no cérebro para desenvolver várias terapias para Esclerose
Múltipla, patologia causada pela desmielinização, lesão neuronal e
perda axonal do SNC. Nesse estudo foi induzida a encefalomielite em
um modelo de lesão cortical no rato, injetando citoquinas pró -
inflamatórias em camundongos imunizados com glicoproteína de
oligodendrócitos de mielina (MOG). Seções de cérebro foram coradas
com anticorpos contra CD4, CD11b e galectina-3. Em comparação com
o grupo controle, o tratamento com ALA diminuiu significati vamente o
CD4 + e galectina-3 nas células imunes no cérebro. Os animais
tratados com ALA apresentaram menos células de galectina-3 + sem
projeções indicando uma diminuição do número de monócitos
infi ltrantes, chegando à conclusão que o ALA reduz significativamente
a lesão inflamatória cortical em um modelo de lesão focal igual como
acontece na Esclerose Múltipla (Chaudhary et al., 2015).
37
A função neuroprotetora do ALA na lesão cerebral traumática é
confirmada nos estudos de Tokulu et al (2009) e Ozbal et al (2015). A
lesão cerebral traumática causa lesões primárias que ocorrem
imediatamente após o trauma, após horas ou dias, seguidos por danos
cerebrais secundários tendo como consequência uma excitotoxicidade,
sobrecarga de cálcio, geração de radicais l ivres e oxidação lipídica.
Inúmeras alterações histológicas e bioquímicas ocorrem devido ao
aumento das espécies reativas de oxigênio (ROS) incluindo o óxido
nítrico (NOS), aniõs superóxido, peróxido de hidrogênio (H2O2) e
radicais de hidroxilo (OH), resultando em apoptose celular
neuronal(Ozbal et al., 2015; Toklu et al., 2009) (Figura 7)
Estudos revelaram que administração oral de ALA, aumentou o
número de neurônios do grupo com Lesão Cerebral e diminuiu o
estresse oxidativo e a apoptose. Demonstrando os efeitos
neuroprotetores de ALA contra lesão cerebral por propriedades anti -
inflamatórias e antioxidantes em ratos jovens com esse tipo de lesão
(Figura 7)(Sokolowska et al., 2013; de Sousa et al., 2015) .
Outro estudo realizado para comprovar a neuroproteção do ácido
lipóico foi desenvolvido, dessa vez após Metilmecúrio (MeHg), uma
substância de contaminação ambiental, que pode ser absorvido pelos
peixes, consequentemente afetando diretamente os humanos, levando
a alterações do SNC, especialmente no córtex cerebral, causando uma
neurotoxicidade causada pela concentração alterada de Glutamato que
por sua vez afeta diretamente as mitocôndrias, fonte mais importante
de ROS, resultam em estresse oxidativo, inibindo a absorção de
glutamato no fluido extracelular , podendo ser o gatilho para a
neurotoxicidade. Os achados indicaram que MeHg poderia induzir o
estresse oxidativo e transtornos de Glutamato como absorção /
metabolismo no córtex cerebral e o ALA pôde antagonizar esses efeitos
neurotóxico induzidos pelo neurotóxico (Yang et al., 2015) (Figura 7)
Na doença de parkinson (DP), doença crônica neurodegerativa,
progressiva causada por fatores genéticos e/ou ambientais, que
acomete principalmente os neurônios dopaminérgico, cujos
38
tratamentos atuais oferecem apenas alívio sintomático para prevenção
da progressão da doença, foram realizados alguns estudos com
modelo de Parkinson induzido por Lipolissacarídeos, por injeção com
6-hidroxidopamina e com retenona, substâncias tóxicas para o tecido
nervoso. Essa última quando injetada em ratos causa os sintomas da
DP, e comprovou-se que a administração com ALA melhorou a
disfunção motora, pela primeira vez, bem como proteção contra perda
dos neurônios dopaminérgicos e diminuição da acumulação de α -
sinucleína na área da SN do cérebro. Além disso, o ALA inibiu a
ativação do fator nuclear-kB (NF-κ B) e expressão de moléculas pró -
inflamatórias na microglia nos demais estudos e evidenciando a
hipótese de que a disfunção mitocondrial, desempenha um papel crítico
na degeneração dos neurônios dopaminérgicos na DP, o que sugere
que com ALA pode exercer um potente efeito neuroprotetor e, portanto,
constitui-se em um promissor anti-neuroinflamatório e agente
antioxidante para interromper a progressão da DP( Abdin e Sarhan,
2011; Jalali -Nadoushan e Roghani, 2013; Li et al., 2015; Zaitone et al.,
2012) (Figura 7).
Em seu papel a curto e longo prazo, após isquemia cerebral, o
ALA tem um importante efeito neuroprotetor, por apresentar ação
antioxidante, diminuindo o estresse oxidativo, porém a longo prazo o
ALA pode promover um efeito de neuroproliferação, que poderá estar
relacionado com seu efeito anti -inflamatório e de suas propriedades
antioxidantes (Choi et al., 2015; Silva et al., 2016) .
Em pesquisas recentes, realizadas com ratas, induzidas com
depressivos, foram constatados os possíveis efeitos do ALA,
mostrando que o ALA foi capaz de restaurar níveis de glutationa (GSH),
o principal antioxidante do cérebro, diminuir a peroxidação lipídica e
restaurar os níveis de BDNF, confirmando os achados encontrados em
outros estudos em modelos animais com esquizofrenia e com
transtorno Bipolar em ratos induzidos por anfetaminas (Macêdo et al.,
2012; Silva et al., 2016; de Sousa et al., 2015)
39
A suplementação de ALA pode ser usada para prevenir estresses
oxidativos do cérebro induzidos também pela def iciência de metionina
ou colina. Um estudo de Veskovic et al (2015) de constatou que a dieta
com deficiência desse aminoácido induziu um aumento significativo no
malondialdeído (produto da oxidação lipídica - composto citotóxico) e
concentração de espécie reativa de Nitrogênio (NOx) em todas as
regiões do cérebro, como córtex, hipotálamo, estriado e hipocampo,
enquanto ALA restaurou seu conteúdo para valores normais .
A deficiência da aprendizagem e da memória pode resultar na
inativação oxidativa de canais iônicos, receptores e enzimas de
transporte, como NA+, K+ ATPase e Ca+ ATPase causada pelo
estresse oxidativo no cérebro envelhecido que podem afetar o
potencial neuronal da membrana de repouso e de excitabilidade,
sinalização de cálcio e liberação de neurotransmissores e também
podem induzir vias de morte celular como apoptose(Çakatay et al.,
2008; Sokolowska et al., 2013)
O ALA pode também ter ação pró-oxidativa, como foi descrita na
pesquisa feita com Selênio e Manganês nos tecidos pós mitótico de
ratos idosos. Esses metais desempenham um papel fundamental na
manutenção da saúde normal no envelhecimento e são considerados
como elementos essenciais para organismos vivos, incluindo humanos,
porque faz parte de várias enzimas como a glutationa peroxidase,
iodotronona 5-deiodinase e tioredoxina reductase. Como o cérebro é
um dos órgãos que mais consome oxigênio, assim como coração e
músculo esquelético, com o envelhecimento as enzimas antioxidantes
endógenas se tornam mais lentas e portanto ficam mais susceptíveis à
maior liberação de radicais livres e íons metálicos. Os níveis de
manganês cerebral e muscular foram maiores nos ratos idosos com
suplementação ALA comparado com os dos ratos sem suplementação
de ALA (p <0,001). Os níveis de selênio no cérebro e tecido muscular
foram significativamente menor (p <0,0001, p <0,0001 e p <0,05,
respectivamente) em ratos suplementados com ALA quando
comparados com o grupo controle.
40
Diante do exposto supracitado, não há até o momento nenhuma
publicação sobre essa temática com o objetivo de analisar e discutir os
efeitos do ácido alfa lipóico in vivo na SNpc associado a exercicio físico
em roedores de modo geral.
Figura 7 Efeitos antioxidante, anti-inflamatório e neuroprotetor do ALA no SNC
41
2. OBJETIVOS
2.1. GERAL
Analisar a influência do exercício físicos e suplementação com
ALA na plasticidade neuronal na substância negra pars compacta
(SNpc) de ratos da linhagem Wistar (Rattus norvegicus) através da
imunohistoquímica da enzima Tirosina Hidroxilase.
2.2. ESPECÍFICOS
- Descrever a expressão da enzima TH na SNpc de ratos submetidos a
exercícios físicos e grupos na área de interesse;
- Comparar a expressão da enzima TH através da imunohistoquímica
ao longo das regiões rostral, média e caudal da SNpc;
- Caracterizar os parâmetros morfométricos dos neurônios presentes
na SNpc dentre as áreas estudadas.
42
3. MATERIAL E MÉTODOS
Trata-se de um projeto operacionalizado no Laboratório de
Neurologia Experimental da Faculdade de Ciências e Saúde da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte . As amostras
autorizadas nesse protocolo deram sustentação à execução de
diversos estudos, uma vez que as lâminas dos encéfalos ficaram
armazenadas, de modo a permitir que se possam analisar diversas
estruturas em momentos diferentes, sem que haja a necessidade de
solicitar autorização para novos sacrifícios .
3.1. MODELO ANIMAL
A realização da presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de
Ética em Experimentação Animal (CEEA/UERN), mediante protocolo
001/2017e parecer 001 2017 (anexo 1), de acordo com o Guia do NIH
para Cuidados e Uso de Animais de Laboratório (Publicação NIH Nº
80- 23, revisado em 1985).
Foram util izados vinte e quatro ratos da linhagem Wistar, jovens
do sexo masculino, adquiridos no Biotério Central da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Os animais foram dispostos
em quatro grupos de estudo (anexo 3), cada grupo com 6 ratos, com
idade média de três meses, com peso médio de entre 250 e 300g (±
25g), assim distribuídos: grupo I (grupo controle negativo, sedentário
e sem dieta suplementar (CN)); grupo II (grupo controle positivo,
submetido ao programa de atividades físicas sem dieta suplementar
(CP)); grupo III (grupo submetido ao programa de atividades físicas
com dieta suplementar de ácido lipóico (ALEX) e grupo IV (grupo
sedentário com dieta suplementar de ácido lipóico (ALSE)) . Os ratos
foram acomodados em estante ventilada alocada em gaiolas (33cm x
40cm x 17cm) a temperatura média de 22 ± 2°C em ciclos claro escuro
de 12 horas, recebendo agua e ração a vontade. Todas as precauções
foram tomadas de modo a evitar desconforto e angústia dos animais,
43
de acordo com os preceitos de ética em experimentação animal
vigentes.
3.2. PROGRAMA DE TREINAMENTO FÍSICO (NADO INTERVALADO)
A fim de se traçar um perfil comparativo entre os quatro grupos,
os animais foram submetidos a um programa de nado forçado
intervalado, dispostos em seis bombonas (baldes) medindo 40cm x 57
cm) em um circuito fechado de água circulante com aproximadamente
50 cm de profundidade, a uma temperatura média entre 32 ± 1º C, por
um período de 7 dias por semana durante 28 dias consecutivos. Os
animais foram colocados e removidos em cada bombona
individualmente usando uma peneira.
Os animais ativos (n= 18) foram submetidos a um protocolo de
adaptação que consistiu em uma progressão de tempo na primeira
semana. O tempo de treinamento total foi 33 minutos diários realizados
no turno vespertino, seguindo um protocolo de avaliação (anexo 3)
intervalados em 6 ciclos, sendo 4 minutos de nado e 1,5 minuto de
intervalo (descanso). Na primeira semana (1º ao 7º dia), os animais
iniciaram os treinos sem peso seguindo ciclos de 4 min de nado e 1,5
min de descanso repetindo por 3 ciclos aumentando gradativamente os
ciclos até o sétimo dia de treino. Na segunda semana (8º ao 14º dia)
foi adicionado peso de 2,5% da massa corporal preso no corpo com
faixa elástica e na terceira e quarta semana (15º ao 28º dia) foi
adicionado peso de 3,5% da massa corporal (figura 8), concluindo os
6 ciclos de nado (protocolo adaptado de Santos; Santos, 2004) (figura
9). Os ratos foram pesados semanalmente e a carga de peso foi
ajustada de acordo com a massa corpórea de cada rato. Ao final de
cada treino os animais foram enxugados, secados com secador em
temperatura média e recolocados nas gaiolas.
Os testes foram realizados de acordo com os Princípios Éticos de
Experimentação Animal, que não possibilitaram aos animais
experiências desagradáveis de dor e/ou estresse de um modo geral.
44
Figura 8 Posicionamento da carga no animal feitos com faixas elásticas e os respectivos pesos preso ao dorso do animal.
3.3. DIETA SUPLEMENTAR:
A dieta suplementar consistiu na administração de ácido lipóico
através da gavagem (figura 9). Foi util izado como veículo água
destilada e celulose a 5%, com dosagem de 200mg/kg uma vez ao dia
(30 min antes de treinamento físico), por um período de 28 dias, nos
grupos ALEX e ALSE (Kravitz et al., 2010; Tekin et al., 2014) . Nos
grupos CP e CN foi administrado apenas o veículo.
45
Figura 9 Administração suplementar de ácido lipóico pelo método de gavagem
3.4. ANESTESIA, PERFUSÃO E MICROTOMIA
Após o protocolo do treinamento físico os animais foram
anestesiados por via intraperitoneal com cloridrato de ketamina e
xilazina, ambos na dose de 5 (cinco) mg/Kg, como medida pré-
anestésica. A ketamina é um opióide necessário para potencializar o
efeito da analgesia adequada ao procedimento e a x ilazina é um
relaxante muscular (Massone, 1988).
Após a certificação da ausência de reflexo córneo-palpebral, cada
animal foi posicionado em decúbito dorsal sobre uma tela de arame e
sob o ponto de água e submetido a toracotomia, com incisão de pele,
músculo e arco costal, sendo removidos em bloco, para exposição do
coração. Em seguida foi realizada a cardiopunção no ventrículo
esquerdo, utilizando uma agulha de uso veterinário (Servi) (15mm x
18mm), a qual é direcionada ao cone arterioso, seguindo -se uma
incisão no átrio direito. A agulha foi conectada a uma bomba
peristáltica (Cole-Parmer), passando-se 200 ml de solução salina
tamponada a 0,9% em tampão fostato 0,1M, pH 7,4 heparinizada
(Parinex, Hipolabor, 2ml/1000 ml de solução salina) durante um tempo
46
estimado de seis minutos. Em seguida, foram infundidos cerca de 450
ml de solução fixadora composta por paraformaldeido a 4%.
Por meio de técnicas de dissecção, os encéfalos foram removidos e
armazenados, por um período entre 24 e 48 horas, em uma solução
contendo sacarose a 30% em tampão fosfato 0,1M, pH 7,4, a 4 ºC, para
então serem submetidos à microtomia (cortes coronais).
Os encéfalos foram submetidos à microtomia cuja espessura dos
cortes foram padronizados em 30 μm. Os encéfalos foram congelados
em gelo seco e seccionados em micrótomo de deslizamento, obtendo -
se secções coronais. Estas foram coletadas em um meio líquido de
tampão fostato 0,1M, pH 7,4, distribuídas sequencialmente em seis
compartimentos, em seguida transferidos para solução anticongelante
e conservados a -20 ºC para utilização posterior em procedimentos de
imunoistoquímica.
Em seguida, o tecido foi submetido à imunohistoquímica con tra a
enzima tirosina hidroxilase (TH).
3.5. IMUNOHISTOQUÍMICA PARA TIROSINA HIDROLIXASE (TH)
As secções foram submetidas a um pré-tratamento com peróxido
de hidrogênio (H202) a 0,03%, durante 20 minutos para bloqueio da
atividade de peroxidases endógenas. No início, entre as soluções e ao
final desta fase, os cortes foram submetidos a seis lavagens de cinco
minutos cada em tampão fosfato 0,1 M, pH 7,4 em agitador orbital a 70
RPM. Posteriormente, as secções foram incubadas em 0,5 µl de
anticorpo primário mouse α-TH na diluição de 1:10.000 (Sigma-Aldrich
Inc., St. Louis, EUA), 3.800 µl de Triton X-100 a 0,4% e 5% de 200 µl
de albumina de soro bovino (BSA) (Prothemo, Fortaleza, Brasil) no
homogeneizador, overnight e à temperatura ambiente. No dia
seguinte, as secções foram submetidas a 6 lavagens de cinco minutos
cada em tampão fosfato 0,1M, pH 7,4 em agitador orbital e incubados
em 8 µl de anticorpo secundário donkey α -Mouse (1:500; Jackson
ImmunoResearch Laboratories, West Grove, PA, EUA) e 3.880 µl de
47
Triton X-100 a 4% por 90 minutos em homogeneizador. Passado o
tempo necessário, os cortes foram submetidos a seis lavagens de cinco
minutos cada em tampão fosfato 0,1M, pH 7,4 em agitador orbital e
incubados em 40 µl de Complexo Avidina-Biotina-Peroxidase (kit
Vectastain Standard ABC, Vector Laboratories, EUA) e Triton X-100 a
4% contendo 4,6 g de NaCl por 2 horas em homogeneizador. Para
visualização da reação, as secções foram submetidas a seis lavagens
de cinco minutos cada em tampão fosfato 0,1M, pH 7,4 e incubadas
por 10 minutos em meio contendo 300 µl de tampão fosfato 0,1M Ph
7,4 e 3 alíquotas de 25mg de 3,3’,4,4’tetrahidrocloreto -
diaminobenzidina (DAB) (Sigma-Aldrich Inc., St. Louis, EUA) utilizada
como cromógeno. Por fim, 300 µl de peróxido de hidrogênio (H2O2)
contidos em 30 ml de água destilada foram dispensados à solução com
DAB por mais 10 minutos e/ou até a visualização da reação nas
secções. Em seguida, estas foram transferidas para tampão fosfato
0,1M pH 7.4 para interrupção da reação de revelação.
3.6. INTENSIFICAÇÃO DA REAÇÃO E MONTAGEM DAS SECÇÕES
Ao final do procedimento histoquímico, os cortes foram montados
em lâminas silanizadas (StarFrost, Waldemar Knittel Glasbearbeitungs
GmbH, Braunschweig, Alemanha) e deixados para secagem em
temperatura ambiente por 2 semanas, sendo então submetidos à
imersão em soluções de água destilada (1 minuto), 0,05% de tetróxido
de ósmio (30 segundos), álcool 70% (5 minutos), álcool 95%
(5minutos), álcool 100 I (5 minutos), álcool 100 II (5 minutos), xilol I (5
minutos) e xilol II (5 minutos) com o intuito de intensificar a reação,
sendo então cobertas e finalizadas com lamínulas (24x50; Cover
Glass) com o auxílio de meio de inclusão (Ever -Mount Easypath).
48
3.7. ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA SNPC NOS NÚCLEOS
DOPAMINÉRGICOS
A análise qualitativa foi realizada a partir do registro fotográfico
das regiões de interesse – SNpc e suas subdivisões em todos os
grupos estudados - definidas com o auxílio do Atlas de Paxinos e
Watson (2007) usando uma câmera digital (Nikon DS-Ri2, Tóquio,
Japão) acoplada a um microscópio binocular optico (Nikon Eclipse Ni-
U, Tóquio, Japão - objetivas 4x, 10x e 20x). Os ajustes de brilho e
contraste de imagens foram feitos com o auxílio do programa
Photoshop CS6 (Adobe Systems Inc., San José, CA, EUA). Para que o
número de neurônios reativos a TH na SNc dos grupos fosse estimado
comparado, utilizou-se programa ImageJ (http://rsb.info.nih.gov/ij/ ) nas
regiões rostral, média e caudal da SNpc. Para as análises estatísticas
entre os grupos foi uti lizado o método ANOVA, fazendo uso do pós
teste de Bonferroni foram util izados.
Para minimizar qualquer viés durante a quantificação, apenas um
pesquisador realizou as análises (contagem celular e morfométrica).
Os dados obtidos foram então avaliados de forma independente por
dois outros pesquisadores, ambos desconhecendo a origem dos dados
(análise cega). Posteriormente, todas as análises foram comparadas
para buscar variações entre si. A análise quantitativa da imunorreativa
a TH+ na SNpc foi avaliada por morfometria a partir de imagens digitais
capturadas com o microscópio descrito acima, adotando sempre a
mesma configuração de câmera e intensidade de luz para cada seção
de modo a evitar a introdução de qualquer viés.
49
4. RESULTADOS
4.1. ANÁLISE DO PADRÃO DE REATIVIDADE DE TH DOS NEURÔNIOS NA
SUBSTÂNCIA NEGRA PARS COMPACTA (A9)
O padrão de reatividade foi realizada através da análise das
células neuronais com lentes objetivas de 4x e 10x dos grupos CN (a,
b, c/A,B,C), CP (d, e ,f/D,E,F), ALEX (g, h, i/G,H,I) e ALSE (j, k, l/J,K,L)
nas regiões rostral, média e caudal dispostos nas colunas 1, 2 e 3
respectivamente, conforme demonstrado na Figura 10 e Figura 11,
constatando a Imunorreatividade à TH em todos os núcleos da SNpc
indicando a presença claramente de neurônios pigmentados na maior
parte da substância negra, onde se constitui a SNpc, o maior
agrupamento dessas células.
Observou-se que o grupo CP apresentou equivalência na
imunorreatividade para TH+ quando comparado com o grupo ALEX.
Quando comparamdo-se o ALSE com CP e CN pôde-se observar que
o grupo ALSE apresentou uma reatividade maior que os demais grupos.
Comparando-se o grupo CP com o grupo ALSE, os neurônios desse
grupo ALSE apresentaram um padrão de reatividade para TH mais
perceptível.
50
rostral média caudal
Figura 10 Fotomicrografias em campo claro demonstrando o padrão de reatividade de TH no aumento de 4x na SNpc a nível rostral, médio e caudal dos grupos CN (a,b,c), CP (d,e,f), ALEX
(g,e,f) e ALSE (j,k,l) nas regiões rostral (coluna 1), média (coluna 2) e caudal (coluna 3) do mesencéfalo.
51
Figura 11 Fotomicrografias em campo claro demonstrando o padrão de reatividade de TH no aumento de 10x na SNpc a nível rostral, médio e caudal dos grupos CN (A, B, C), CP (D, E, F), ALEX (G, H I) e ALSE (J,K,L) nas regiões rostral (coluna 1), média (coluna 2) e caudal (coluna
3) do mesencéfalo.
4.2. ANÁLISE MORFOMÉTRICA DAS SUBUNIDADES DA SUBSTÂNCIA
NEGRA PARS COMPACTA (A9)
A SNpc subdivide-se em: SNCM (Substância Negra pars
Compacta Medial). SNCD (Substância Negra pars Compacta Dorsal,
SNCL (Substância Negra pars Compacta Lateral) e SNCV (Substância
Negra pars Compacta Ventral) . A análise estatística dos resultados
foram feitas comparando a área e perímetro de cada neurônios
52
presente em cada uma das subunidades da SNpc com os grupos entre
si, em seguida foi realizada uma análise global da morfometria total
entre os grupos estudados através do teste de análise de variância
(ANOVA) e do teste de Bonferroni.
4.2.1. Análise Morfométrica na SNCM
A análise morfométrica da SNCM dos grupos pesquisados (CN,
CP, ALEX e ALSE) está representada nos gráficos abaixo.
Observou-se que tanto em área (Figura 12) quanto em perímetro (Erro!
Fonte de referência não encontrada. ), o grupo ALSE apresentou uma
mediana maior comparados com os neuronios dos demais grupos.
O grupo ALEX apresenta mediana um pouco maior quando
comparado com o grupo CP com relação a área. Porém não
significativo (Figura 12).
A área dos neurônios do grupo ALEX quando comparado ao grupo CN
apresentou uma mediana maior (Figura 12)
Como mostra a Figura 12 o grupo CP apresentou uma área
neuronal com menor mediana quando comparados aos demais grupos.
Figura 12 Análise comparativa da área e perímetro na subunidade da SNCM entre os grupos Controle negativo, Controle Positivo, com suplementacao e sedentário e com suplemntaçcao e
exercicio físico.
Na Tabela 1 (Teste de Bonferroni) pode-se observar um
comparativo entre as áreas dos neurônios dos grupos pesquisados,
onde o resultado obtido foi o seguinte: grupo CP em relação ao grupo
CN apresentou uma diferença significativa em sua área de p<0,01: o
53
grupo CP com relação ao grupo ALSE apresentou uma significância de
p<0,04
Com relação ao perímetro Tabela 1 desses neurônios dessa
mesma subunidade pode-se observar uma significância entre os
grupos CP em relação ao grupo ALSE (p< 0,02), e do grupo CP em
relação ao grupo ALEX (p<0,00)
Tabela 1 Estatística morfométrica da subunidade da SNCM
4.2.2. Análise Morfométrica da SNCD
Nas comparações quantitativas dessa subunidade, pode-se
observar que a área dos neurônios do grupo ALSE apresentou uma
mediana maior com relação aos demais grupos.
Observa-se também que os neurônios do grupo ALEX
apresentaram uma mediana próxima da mediana do grupo CP em sua
área e quando comparada a área dos neurônios dos grupos CN com
CP, observa-se uma mediana menor do grupo CP. Comparando os
grupos CN com ALSE observa-se um aumento na mediana do grupo
ALSE (Figura 133).
54
No perímetro (Erro! Fonte de referência não encontrada.13)
dos neurônios da SNCD, o ALSE apresenta uma mediana maior que os
demais grupos. O grupo CP apresentou-se uma mediana menor que a
mediana dos neuronios do grupo ALEX e do grupo ALSE. Com relação
a mediana dos grupos CN e CP, a mediana do grupo CP foi menor que
o CN.
Figura 13 Análise comparativa da área e perímetro na subunidade da SNCD entre os grupos Controle negativo, Controle Positivo, com suplementacao e sedentário e com suplemntaçcao e
exercicio físico.
Nas comparações estatísticas realizadas através do Teste de
Bonferroni, com relação a área e perímetro dos neuronios analisados
na subunidade da SNCD não foi observada diferença significativa entre
neurônios dos grupos analisados, conforme descrito na Tabela 2.
55
Tabela 2 Estatística morfométrica da subunidade da SNCD
4.2.3. Análise Morfométrica na SNCL
Na análise da área, dispostos na Figura 144 dos neurônios dessa
subunidade, pode-se observar que o grupo ALSE apresentou uma
mediana acima das medianas dos demais grupos; o grupo CP
apresentou a menor mediana dentre os grupos; o grupo ALEX quando
comparado com o grupo CP apresentou uma mediana maior.
Analisado o perímetro observou-se que o ALSE apresentou a
maior mediana diante dos demais grupos; o grupo CP apresentou uma
mediana menor que o grupo CN. Quando comparado o grupo ALEX com
o grupo CP, o grupo ALEX apresentou uma mediana maior que o grupo
CP. Observa-se também que o grupo ALEX apresenta uma mediana
semelhante ao grupo CN (Erro! Fonte de referência não
encontrada.4).
56
Figura 14 Análise comparativa da área e perímetro na subunidade da SNCL entre os grupos Controle negativo, Controle Positivo, com suplementacao e sedentário e com suplemntaçcao e
exercicio físico
Através dos resultados obtidos descritos na
Tabela 3 (Teste de Bonferroni) pôde-se observar diferença significativa nas
áreas dos neurônios dos grupos CN em relação ao grupo ALSE (p<0,02) e do
grupo ALSE com relação ao grupo ALEX (p<0,03).
Analisando o perímetro, pode-se observar que os neurônios do grupo CN
apresentou uma diferença significativa de p<0,02 em relação ao grupo ALSE. O
grupo CP apresentou uma significância de p<0,05 em relação ao grupo ALSE e
este um perímetro significante de p<0,03 em relação ao grupo ALEX como
mostrado na
Tabela 3.
Tabela 3 Estatística morfométrica da subunidade da Substância Negra Compacta Lateral
57
4.2.4. Análise Morfométrica na SNCV
Ao observar a área dessa dos neurônios nessa subunidade
(Figura 1515) pode observar que o grupo ALSE apresentou mediana
maior que o grupo CN e CP. A mediana do grupo CP foi menor que o
grupo ALSE, não sendo possível analisar a área do grupo ALEX por
ausência de dados.
Com relação ao perímetro (Erro! Fonte de referência não
encontrada.15) a mediana dos neurônios do grupo ALSE foi bem maior
que os grupos CN e CP.
Figura 15 Análise comparativa da área e perímetro na subunidade da SNCV entre os grupos
Controle negativo, Controle Positivo, com suplementacao e sedentário e com suplemntaçcao e exercicio físico
. Na análise morfométrica dessa subunidade não foram
encontradas diferenças significativas (p>0,05) na área e perímetro dos
58
neuronios presentes nessa região dos grupos em questão. Conforme
descrito na Tabela 4.
Tabela 4 Estatística morfométrica da subunidade da Substância Negra Compacta Ventral
4.3. ANÁLISE MORFOMÉTRICA GLOBAL DA SN (A9)
A análise morfométrica das áreas e perímetros dos neurônios
presentes na SNpc foram analisadas através do teste de Bonferroni.
Como pode-se observar na , a estatística revela que a área total dos
neurônios presentes nessa área significativamente diferente quando
comparados os grupos CN e ALEX (p<0,05), quando o CN foi
comparado com a área do ALSE a diferença foi observada com p <
0,05. Quando comparados os grupos ALSE com CP e ALEX também
foi bem significativa (p<0,05).
Com relação ao perímetro dos neurônios nessa área os achados
foram os seguintes: quando comparados o grupo ALSE com relação ao
grupo CN e ao grupo ALEX observou-se uma diferença significativa
(p<0,05), bem como observado entre os grupos CP com o grupo ALSE
e ALEX (p<0,05)
A partir dos dados apresentados, pode-se inferir que os neurônios
do grupo ALSE apresentaram uma possível alteração morfométrica
mais significativa que os demais grupos por toda extensão da SNpc.
Quando comparados aos neurônios do grupo CN, CP E ALEX. Os
59
neurônios do CP e ALEX mantiveram sua área semelhante, com
valores bem aproximados conforme descrito na Tabela 5.
Tabela 5 Análise de comparação da área total da Substância Negra pars compacta dos grupos Controle negativo, Controle Positivo, suplementado com Ácido Loipóico e exercicio e Suplementado com Ácido lipóico sem exercício
*Grupo com maior área e perímetro
5. DISCUSSÃO
O EF tem um importante papel na produção de
neurotransmissores, atuando no controle motor voluntário,
mecanismos de recompensa, reforço, humor, atenção e
direcionamento de objetivos e aprendizados habituais, favorecendo a
neuroplasticidade induzida. O exercício produz uma série de efeitos na
função cerebral, plasticidade e expressão genica em circuitos DA que
modulam a valência emocional, recompensa e aversão, o que tem sido
relatado em vários estudos clínicos e em animais seu importante papel
no tratamento e ou prevenção de alguns distúrbios neurológicos, como
a depressão, Parkinson e Alzheimer (Dremencov et al., 2017;
Greenwood, 2018; Hsueh et al., 2018) .
O estado hiperdopaminérgico que ocorre após o exercício físico
voluntário, aumenta a expressão dos fatores envolvidos na plasticidade
sináptica, como BDNF, altera a expressão geni ca dentro dos
neurônios, eleva os níveis de TH, alterando sua morfologia ou eficácia
sináptica, sendo portanto ainda pouco compreendido (Greenwood,
2018; Hsueh et al., 2018).
Grupos Área total Perímetro total
CN 196,79 76,95 CP 180.78 76,03
ALEX 180,27 83,16 ALSE 205,89 * 84,33 *
60
O exercício físico aumenta consideravelmente a produção dos
fatores neurotróficos derivado do cérebro (BDNF), favorecendo
aumento da plasticidade neuronal e com isso melhora na memória,
funções executivas e saúde em geral, atuando diretamente no
crescimento, diferenciação e reparo dos neurônios Kim; Kim, 2018;
Loprinzi et al, 2018).
A prática regular de exercício físico leve a moderado leva ao
indivíduo saúde e bem estar, além de estar associada ao menor risco
de mortalidade e prevenir o surgimento de algumas patologias
neurológicas precocemente. Em contrapartida, seu excesso pode
causar um desequilíbrio no sistema REDOX levando a possíveis efeitos
deletérios para os componentes dos tecidos celulares, o que leva a
uma maior aumento na vulnerabilidade dos neurônios dopaminérgicos,
sendo um dos fatores principais na disfunção celular, e neurotocixidade
dopaminérgica, sendo os produtos de fosforilação e geração de
espécies reativas de oxigênio de (ROS) os agentes causadores das
alterações na função das mitocôndrias e na permeabilidade de
mitocôndrias cerebrais(Lee et al., 2017).
A suplementação com antioxidante pode ajudar a prevenir ou
reduzir o estresse oxidativo relacionada aos exercícios de a lta
intensidade, por provocar o aparecimento do estado de estresse
oxidativo e subsequente neurodegeneracão na parte compacta da SN .
O ALA, uma substância sugerida em muitas pesquisas, possivelmente
poderá auxiliar a reduzir ou prevenir os efe itos maléficos que esses
exercícios podem trazer, pois atuam como um potente antioxidante
e/ou neuroprotetor das células dopaminérgicas, principalmente nessa
área do mesencéfalo onde possui cerca de 80% de toda dopamina do
encéfalo, interferindo tanto a nivel de SNC (de Sousa et al., 2019) como
SNP (Antonioni et al., 2018), corroborando com os resultados
encontrados nessa pesquisa. Onde o grupo que realizou apenas
exercício (CP) quando foi comparado com o grupo que realizou o
exercício intenso de nado intermitente e que foi suplementado com ALA
61
(ALEX) apresentaram medias similares na morfometria dos neuronios,
demostrando o possível efeito antioxidante e/ou neuroprotetor do ALA.
As inúmeras pesquisas com ALA no SNC revelam efeitos anti -
inflamatórios, prevenção de doenças neuronais, causadas por
desequilíbrio das ROS, além de aumentar os níveis de dopamina e
noradrenalina, por motivos ainda não conhecidos . Os estudos recentes
vem mostrando sua possível eficácia na prevenção da progressão nas
doenças neurodegererativas, como Alzheimer (de Sousa et al., 2019).
Em animais jovens que foram expostos a substâncias oxidativas,
como o arsênio, uma substância que gera gliose moderada
(proliferação de células gliais), diminuição de neurônios juntamente
com cromatólise central, edema e vacuolação neuronal leve a
moderada, a suplementação com ALA resultou num efeito protetor
contra o estresse oxidativo induzido pelo arsênio e danos no sistema
colinérgico conforme indicado por variáveis bioquímicas e
histopatológicas, ou seja pode reverter as alterações neurológicas
produzidas pelas aminas biogênicas principalmente pela produção
excessiva de ROS, na região do córtex, hipocampo e cerebelo (Dwivedi
et al., 2014)
Choi et al (2015), em seus estudos utilizando o ALA na
recuperação funcional após acidente vascular encefálico (AVE) ,
constataram um significativo aumento no número de astrócitos , cinco
vezes maior, em comparação com o grupo controle, sendo apresentado
pela primeira vez seu papel neuroprotetor a longo prazo, após uma
isquemia cerebral promovendo recuperação funcional pela ação anti -
inflamatória e antioxidante do ALA (Choi et al., 2015).
Através de reações de imunorreatividade para TH+ Identificaram
doze grupos no cérebro de ratos que contém a catecolamina que foram
denominados de A1 – A12 sendo descoberto mais tarde outras cinco
grupos celulares denominados de A13 - A17. Anatomicamente os
principais grupos de células dopaminérgicos estão localizados no
diencéfalo, mesencéfalo, e bulbo olfatório, sendo mais proeminente as
células na região ventral do mesencéfalo, contendo cerca de 75 a 90%
62
de dopamina de todo o encéfalo, nas regiões representadas pelas
Substância Negra (A9), Área Tegmentar Ventral (A10) e na Zona
Retrorubral (A8), onde pode-se identificar na SN suas subdivisões com
neurônios de tamanhos maiores, com a região reticular contendo
poucos neurônios dopaminérgicos e a região compacta subdividida em
região dorsal contendo número maior de neurônios dopaminérgicos, e
regiões ventral, medial e lateral com níveis menores de dopamina
(Cavalcanti et al., 2014; Fu et al., 2012; Roeper, 2013) .
Cavalcanti et al (2014, 2016), em suas pesquisas em diferentes
espécies de animais, descreve ainda que nas subunidades da SNpc
existem neurônios com variações morfológicas distintas em cada
subunidade, sendo esta uma estrutura cerebral filogeneticamente
estável em todas as espécies, corroborando os resultados encontrados
nessa pesquisa.
Devido as particularidades na morfologia dos neurônios
dopaminérgicos, há probabilidade maior destes serem oxidados no
meio citoplasmático. Deste modo, qualquer processo que impeça a
absorção ou redistribuição da dopamina pode ocasionar uma maior
produção de ROS afetando diretamente os processos celulares
normais (Norrara et al., 2018).
63
6. CONCLUSÂO
Os resultados obtidos nesse estudo permitem compreender que as
células dopaminérgicas das subdivisão da SNpc são distribuídas em diferentes
quantidades, formas e tamanhos variados.
O exercício físico forçado e exaustivo pode ter sido fator contribuinte
para diminuição da área e perímetro dos neurônios dopaminérgicos do grupo CP
em relação ao grupo CN.
O estresse oxidativo causado pelo exercício de nado forçado, exercício
exaustivo, pode ter contribuído para que os neurônios do grupo ALEX não
alterassem significantemente sua área e perímetro em relação ao grupo CP,
possivelmente pela ação antioxidante, neuroprotetora e anti-inflamatória do ALA.
Quando comparou-se o grupo CP com grupo ALEX, pôde-se observar
que o ALA possivelmente contribuiu para a proteção neuronal e favoreceu maior
aumento das células neuronais do grupo ALEX, atuando como antioxidante e
neurotrófico de crescimento.
Contudo pode-se observar que as células neuronais da SNpc do grupo
ALSE obtiveram uma média maior em sua área e perímetro dentre os demais
grupos pesquisados, com alteração significante, corroborando os estudos com
ALA como agente antioxidante. Além disso, parece ter tido efeito no fator de
crescimento, atuando como agente neurotrófico.
64
ALA pode exercer um potente efeito neuroprotetor e, portanto, um
promissor anti-neuroinflamatório e agente antioxidante das células neuronais
presente na SNpc, especialmente na prática do exercício realizado de forma
intensa.
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72
APÊNDICES
Apêndice 1
Ficha de Códigos de Identificação dos Grupos
CONTROLE: NEGATIVO
-Descrição: Animais sedentários com gavagem de veículos (Água destilada +
Tween 80 + Carboximetilcelulose).
-Codificação:
Controle Negativo Número C N 1
CN1 – A3
CN2 – A4
CN3 – A7
CN4
CN5
CN6
73
-CONTROLE: POSITIVO
-Descrição: Animais sob exercício físico com gavagem de veículos (Água
destilada + Tween 80 + Carboximetilcelulose).
-Codificação:
Controle Positivo Número C P 1
CP1
CP2
CP3
CP4
CP5
CP5
CP6
-TRATAMENTO: ÁCIDO ALFA-LIPÓICO SEDENTÁRIO
-Descrição: Animais sem exercício físico com gavagem de ácido alfa-lipóico em
veículo (Água destilada + Carboximetilcelulose).
-Codificação:
Ácido alfa-lipóico Sedentário Número Al Se 1
AlSe1
AlSe2
AlSe3
AlSe4
AlSe5
AlSe6
-TRATAMENTO: ÁCIDO ALFA-LIPÓICO ATIVO
74
-Descrição: Animais sob exercício físico com gavagem de ácido alfa-lipóico em
veículo (Água destilada + Carboximetilcelulose).
-Codificação:
Ácido alfa-lipóico Exercício Número Al Ex 1
AlEx1
AlEx2
AlEx3
AlEx4
AlEx5
AlEx6
76
Apêndice 3
Ficha de Controle do Treinamento Físico
Data: ___/___/___
Responsáveis: _________________________________________
-GAVAGENS:
Substância Início: Término: Ácido alfa-lipóico + Água destilada +
Carboximetilcelulose
Animal
Dose
Substância Início: Término: Água destilada + Carboximetilcelulose
Animal
Dose
- NADO FORÇADO
Ciclo = 4 minutos de natação + 1,5 minutos de pausa total : 33 min
Grupo:
Inicio:_________ Término:________
1° Ciclo: Exercício Pausa
2° Ciclo: Exercício Pausa
3° Ciclo: Exercício Pausa
4° Ciclo: Exercício Pausa
5° Ciclo: Exercício Pausa
6° Ciclo: Exercício Pausa
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