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1 Baseado no conto: The Other Wise Man(1895) de Henry Van Dyke Adaptado para cinema: The Fourth Wise Man” (1985) com realização de Michael R. Rhodes Adaptação e encenação para teatro juvenil: Alberto Correia

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Baseado no conto: “The Other Wise Man” (1895) de Henry Van Dyke

Adaptado para cinema:

“The Fourth Wise Man” (1985) com realização de Michael R. Rhodes

Adaptação e encenação para teatro juvenil: Alberto Correia

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Guião para encenação

I ACTO: Artaban e os Sábios. Personagens: Narrador, Artaban e Sábios (3 ou 4). Material: Carpete; Almofadas (4-5); Telescópio; Três jóias: safira azul, rubi vermelho e pérola branca (p.e. usar três nozes envoltas em papel de embrulho brilhante das cores referidas); Camelo (p.e. feito em cartão); Alforges com roupa e comida (pão e água). Trajes condizentes com figuras de Magos. Sugestão de cenário: Ambiente nocturno: Fundo escuro com estrelas, sendo uma bastante maior que as outras. Carpete c/almofadas para as personagens e telescópio a apontar para a estrela. Enredo: Artaban reúne com os Sábios e decide partir para se encontrar com os três magos e ir com eles adorar o Messias que vai nascer, levando 3 joias valiosas como oferta.

II ACTO: A viagem de Artaban. Personagens: Narrador, Artaban e homem moribundo. Material: Camelo (p.e. feito em cartão); Alforges com roupa e comida (pão e água); Palmeira (usar uma planta parecida ou fazer em cartão); Fogeira apagada (três estacas atadas e pedras à volta); Pergaminho com texto.

Sugestão de cenário: (1 parte) Ambiente nocturno no deserto (efeitos sonoros: brisa suave e/ou grilos) e palmeira; (2 parte) Semelhante ao antreior mas com a fogueira apagada. Enredo: Artaban encontra homem que precisa de ajuda e atrasa-se no encontro com os 3 magos. Tem de voltar para trás e gastar uma jóia na compra de novas provisões.

III ACTO: Chegada a Belém. Personagens: Narrador, Artaban e mulher com bebé, Filho(a) e Soldados (2). Material: Mesa, cadeiras/bancos, lareira, bebé e berço. Soldados armados com lanças e/ou espadas.

Sugestão de cenário: Ambiente de interior de uma cozinha rústica com mesas e cadeiras, lareira, berço. Idealmente haver uma entrada com porta. Enredo: Artaban chega atrasado a Belém pois a sagrada família fugiu para o Egito e salva um bebé que ia morrer às mãos dos soldados de Herodes, subornando um dos soldados com uma jóia.

IV ACTO: 33 Anos depois, em Jerusalém.

Personagens: Narrador, Artaban, Shamir (escrava), Soldados (2) , multidão (4-5 figurantes) e voz de Jesus (covém ser voz de homem adulto)

Material: Cajado e barbas brancas para Artaban; Corrente para a escrava Shamir; Ramo de árvore. Soldados trajados ao estilo romano.

Sugestão de cenário: Ambiente de uma praça ou rua, p.e. com um poço no meio e multidão a conversar e com árvore (ou ramos de árvore). Enredo: Passados 33 anos, Artaban (bastante mais velho) chega a Jerusalém e tenta encontrar Jesus, mas acaba por socorrer uma mulher que ia ser vendida como escrava com a última jóia que possuia. É atigido por uma árvore que cai num terramoto e acaba por encontrar Jesus no fim da sua vida.

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I ACTO:

Artaban e os Sábios. Narrador: Todos conhecemos a história dos três reis magos que viajaram do

Oriente para Belém para adorar o Deus Menino e lhe ofertarem ouro, incenso e mirra. Esta é a história do quarto Mago que também avistou a estrela no céu e que resolveu segui-la, pois também era grande o seu desejo de adorar Aquele que haveria de ser o Salvador dos homens. Ele vivia nas montanhas da Pérsia e o seu nome era Artaban. Era um médico, alto, moreno, de olhos bem escuros: a fisionomia de um sonhador e a mente de um sábio. Um homem de coração manso e espírito indomável. Era um homem de posses. A sua moradia era rodeada de jardins bem tratados com árvores de frutas e flores exóticas. Suas vestes eram de seda fina e o seu manto da mais pura lã. Numa noite reuniu-se em conselho com outros sábios da Pérsia para lhes dar a notícia!

Ação: Corre o pano e Artaban está a olhar a estrela pelo telescópio. Entram os 3 Sábios.

Sábio 1: Então Artaban, para que foi que nos chamaste? Artaban: Sentai-vos meus amigos! Ação: todos se sentam

Estamos perto de ver cumprida a profecia da vinda do Messias, Aquele que dará aos homens a vida eterna!

Sábio 1: Que dizes? Sábio 2: Cá para mim, andas a passar tempo a mais a observar os astros! Sábio 3: Deixai-o falar!

Descobriste alguma coisa importante, Artaban? Artaban: Já há algum tempo que estou a observar uma estrela.

Ação: aponta para a estrela Sábio 1: Ora, ora. O céu tem milhões de estrelas.

Foi só por isso que nos chamaste?

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Artaban: Mas esta é diferente das outras! Estou convencido que ela vai levar-nos ao nascimento d’Aquele que será o Rei dos Reis, o Salvador do homens.

Sábio 2: Não sei onde vais buscar essas ideias malucas... Sábio 1: Tu não achas que se fosse verdade outros estariam também a seguir

essa estrela? Artaban: Pois aí é que está! Também os meus três amigos Gaspar, Baltazar e

Belchior avistaram a mesma estrela e acham o mesmo que eu. Sábio 3: Mas nem sequer sabes onde isso vai acontecer nem quando... Artaban: Pelos meus cálculos será ainda este ano e deverá ser perto de Jerusalém. Sábio 3: Jerusalém? Não te aconselho a ir para lá.

Todos conhecemos a reputação do Rei Herodes e ele é um tirano de primeira ordem...

Sábio 1: É verdade, se ele descobre que está para nascer uma criança que vai ser

Rei, de certeza que lhe vai fazer mal. Sábio 2: É capaz até de mandar matá-la e de matar todos os que souberem dela. Artaban: Sim, sei que ele pode ser muito cruel, mas mesmo assim estou disposto

a aventurar-me naquelas terras. Sábio 1: Olha, quem não vai sou eu!

Meter-me na terra desse sanguinário é que não! Sábio 2: Eu também não!

Gosto muito da minha cabeça coladinha ao pescoço! Sábio 3: Não lhes ligues, Artaban.

Se eu fosse mais novo e tivesse força podes crer que te acompanhava. Mas estás mesmo disposto a ir? Artaban: Claro que sim!

Tenho fé que tudo se resolverá ainda que encontre problemas. Sábio 3: Espero que consigas Artaban. Levas tudo o que precisas? Artaban: Sim! Vendi a minha casa para comprar provisões,

e estas três jóias para oferecer ao novo Rei: - Uma safira, Ação: mostra a safira. Sábios exclamam: Ohhh! - Um rubi, Ação: mostra o rubi. Sábios exclamam: Ohhh! - E uma pérola! Ação: mostra a pérola. Sábios exclamam: Ohhh!

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Tudo da melhor qualidade. Sábio 1: Nunca vi jóias tão lindas! Sábio 2: Devem ter custado uma fortuna! Sábio 3: Sim, mas em nada se comparam à riqueza que é a chegada desta

criança. Artaban: Agora tenho de pôr pés ao caminho se não quiser chegar atrasado ao

encontro com os meus três amigos Magos. Ação: Todos se levantam e Artaban prepara provisões para a viagem

Sábio 3: Tem cuidado Artaban. Há muitos perigos pelo caminho... Artaban: Não se preocupem, terei cuidado.

Levo tudo o que preciso e vou com o meu melhor camelo: Vasda! Ação: Artaban busca o seu camelo. Som: Camelo ronca.

Artaban: Espero depois voltar com as boas novas. Adeus! Sábios: Adeus Artaban e boa viagem! Exclamam todos juntos.

Fim de cena.

II ACTO: A viagem de Artaban.

Narrador: A viagem de Artaban começa agora.

Montado no seu camelo Vasda ele vai ao encontro dos seus três amigos Gaspar, Baltasar e Belchior, para juntos continuarem a seguir a estrela que os guiará ao nascimento do Salvador. A viagem adivinha-se longa e difícil. Conseguirá Artaban chegar a tempo?

Ação: Corre o pano e Artaban vem no seu camelo. Um homem moribundo está encostado junto à ‘palmeira’ Som: Grilos à noite e marcha do camelo.

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Artaban: Continuemos Vasda, meu fiel companheiro, estamos quase a chegar mas não podemos perder tempo. Ação: Camelo ronca

Homem: Meu bom senhor! Pare um pouco pois estou quase a desfalecer.

Ação: O Homen desmaia; Artaban desmonta e vai ter com ele. Artaban: Este homem tem aspeto de já não comer há vários dias e está quase

morto. Se parar agora para o ajudar posso já não chegar a tempo de me encontrar com os meus amigos. Mas se me for embora este homem morre de certeza. Oh meu Deus, que hei-de fazer?

Ação: Artaban vai buscar mantimentos ao seu camelo. Artaban: Descansa um pouco Vasda, porque tenho de ajudar este homem.

Som: Camelo ronca. Ação: Artaban reanima o homem e faz com que beba água

Homem: Obrigado... Mas quem és tu? Artaban: Chamo-me Artaban e estou a caminho de Jerusalém a seguir uma

estrela que me vai levar ao nascimento do Messias, o Príncipe da Paz e Salvador de todos os homens.

Homem: Que o Deus de Abraão, Isaac e Jacob o abençoe!

Nada tenho para lhe pagar, mas ouça-me: Os nossos profetas dizem que o Messias deve nascer, não em Jerusalém mas em Belém de Judá.

Artaban: Eu sabia que havia de ser perto de Jerusalém, mas assim será mais fácil

encontrá-Lo. Darei essa indicação aos meus três amigos. Homem: Espere! Se vai viajar para Jerusalém tenha cuidado com o Rei Herodes.

Ele não é de confiança, pois se souber dessa criança de certeza que a vai mandar matar. Avise também os seus amigos.

Artaban: Farei isso. Conheço as intenções desse Rei e tentarei não chamar

atenções. Ação: Artaban ajuda o homem a levantar-se Mas agora que está melhor, fique com as minhas provisões para chegar à cidade mais próxima. Tem pão, vinho e ervas curativas.

Homem: Mas assim não vai conseguir atravessar o deserto. Artaban: Quando encontrar os meus amigos de certeza que eles têm provisões de

sobra e seguirei viagem com eles. Mas tenho de me ir embora, senão posso não chegar a tempo ao encontro.

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Homem: Então não se demore mais! Vou ficar-lhe para sempre grato por este gesto de bondade. Até breve meu bom amigo.

Artaban: Adeus! Vamos Vasda! Temos de recuperar o tempo perdido! A caminho...

Ação: Homem sai de cena e Artaban continua a viagem e chega ao ponto de encontro com seus amigos mas encontra apenas o lugar de acampamento vazio (apenas a fogueira apagada).

Artaban: Oh não! Parece que cheguei tarde demais ao ponto de encontro e os

meus amigos já partiram... Como é que agora os vou encontrar? Ação: Artaban examina vestígios Espera lá... ali está um pergaminho... o que dirá? Ação: Artaban lê o pergaminho junto à fogueira apagada. “ - Amigo Artaban, não pudemos esperar mais. Não sabíamos se realmente vinhas, mas se chegares a ver esta mensagem tenta alcançar-nos pois vamos atravessar o deserto em direção a Jerusalém.” Assinado: Gaspar, Baltasar e Belchior. Ação: Artaban senta-se e cobre a cabeça em desespero

Como posso atravessar o deserto sem ter o que comer e com um camelo cansado? Tenho que regressar à Babilónia, vender a minha safira e comprar provisões para a viagem. Ação: Artaban mostra a safira Só Deus sabe se vou encontrar os meus amigos e a criança Prometida, porque me demorei na viagem. Ação: Artaban volta para trás no seu camelo

Artaban: Vamos Vasda! Sei que estás cansado, mas temos que voltar para trás

buscar provisões. Som: Camelo ronca e marcha.

Fim de cena

III ACTO:

Chegada a Belém. Narrador: Pois é... Artaban bem tentou chegar a tempo do encontro com os

amigos mas não conseguiu. Agora teve de regressar à Babilónia e vender a safira, uma das jóias preciosas, para arranjar provisões e

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retomar a viagem. O problema é que isso custou-lhe muito tempo precioso. Ele sabia que o seu destino era Belém, mas os seus três amigos já tinham chegado muito antes dele e a estrela que o guiava já havia deixado a linha do horizonte. Como era um homem obstinado, lá conseguiu chegar ao seu destino. Mas será que ainda vai conseguir encontrar a criança Prometida? Como era um estrangeiro em Belém resolver bater à primeira porta que encontrou. Ação: Artaban bate à porta e uma mulher abre-a.

Mulher : Sim? Quem é? Artaban: Desculpe-me minha boa senhora, chamo-me Artaban e venho da

distante região da Pérsia. Acabei de chegar e procuro uma mulher que deve ter dado à luz há alguns dias.

Mulher : Já por cá passaram três estrangeiros de terras longínquas que

procuravam o mesmo. Artaban: Eram meus amigos... Sabe dizer-me se eles encontraram que

procuravam? Mulher : O que sei é que uma mulher chamada Maria teve um bebé numa gruta,

e foi para lá que eles foram, mas entretanto já se foram embora. Artaban: E a família da criança? Mulher : Também já se foram. Artaban: Sabes para onde? Mulher : Não sei. Só sei que partiram com muita pressa.

Som: Começa a ouvir-se agitação e gritos na rua. Ação: O(A) filho(a) mais velho(a) da mulher vem a correr aflito.

Filho(a): Mãe, mãe, mãe. Mulher : Que é? fala! Filho(a): Vêm aí os soldados. Disseram-me que estão a matar todos os bebés

meninos! E vêm para aqui! Mulher : Oh não! Já os estou a ver! Vamos, entrem todos para dentro de casa!

O senhor também! Não é seguro ficar na rua!

Ação: Um soldado de espada em punho bate à porta e exige entrar. A mulher abraça o fiho e o seu bebé.

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Soldado 1: Abram imediatamente ou arrombaremos a porta!

Ação: Artaban abre a porta e entra um soldado. Soldado 1: Queremos saber se há crianças recém-nascidas nesta casa. Artaban: Meu caro soldado, nesta casa ninguém fez mal algum.

Porquê toda esta violência? Soldado 1: Cumpro ordens do meu rei! Artaban: Mas que ordens são essas que espalham terror por todos os lados? Soldado 1: As ordens que temos são para matar todos os recém-nascidos varões de

Belém. Ação: Mãe geme de aflição “Oh não!”

Artaban: Matar crianças? Em todos os anos que vivi nunca ouvi tamanha

crueldade... Som: bebé chora por breves instantes.

Soldado 1: Que barulho foi este?

Ação: Mãe pega no bebé e leva-o para o canto da casa Artaban: Meu jovem soldado, não repare nas pessoas desta casa. Veja antes esta

jóia preciosa que pode ser sua se não fizer nenhum mal. É um rubi da melhor qualidade. Vale mais que o pagamento de cem salários. Ação: Artaban mostra o rubi e o soldado avalia-o e guarda-o. Entra um segundo soldado na sala.

Soldado 2: O quê que se passa aqui? Pareceu-me ter ouvido um bebé a chorar. Soldado 1: Não, aqui não há nada! Soldado 2: Olha que parecia mesmo o som de um recém-nascido... Soldado 1: Deves estar a precisar lavar os ouvidos.

Já fiz a busca a toda a casa e não encontrei nada. Adiante! Soldado 2: De certeza? Talvez seja melhor eu dar uma vista de olhos... Soldado 1: Talvez seja melhor levares uma bordoada nos olhos para ficares a ver

melhor. Não há nada, já disse. Agora toca a mexer... Ação: Soldados saem. Mãe abraça Artaban e mostra-se agradecida pelo gesto.

. Mulher: Meu bom senhor, não sei como lhe agradecer. Não tenho posses para

pagar-lhe o valor daquela jóia.

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Artaban: Ter salvo a vida do seu filhinho é recompensa suficiente. Mulher: Tenho pena das mães que não tiveram a mesma sorte que eu e que

agora choram amargamente. Artaban: Também eu lamento todas estas vidas perdidas.

Só espero que a vida da criança que eu vinha adorar tenha sido poupada.

Mulher: Não se preocupe, Artaban! Uns amigos meus que são pastores disseram-me que a família d’Esse recém-nascido partiu há alguns dias e por esta altura já estará longe.

Artaban: Por um lado estou contente, pois escaparam a este terror, mas por outro

estou triste, porque agora não sei para onde ir procurá-los. Mulher: Lamento que não os tenha encontrado.

Mas quem sabe um dia mais tarde os encontra? Artaban: Sim, quem sabe... Artaban: Adeus pequenote...

Ação: Artaban faz-lhe uma festa na cabeça do bebé Som: Bebé começa a rir-se.

Mulher: Adeus Artaban. Deus o abençoe.

Fim de cena

IV ACTO:

33 Anos depois, em Jerusalém. Narrador: Parece que tudo correu mal a Artaban!

Estaria o nosso mago condendo a nunca mais encontrar Jesus? Sem saber para onde Maria e José O teriam levado, o nosso mago que

era médico foi viajando de terra em terra. Por onde passava ajudava todos quanto podia. Passou por lugares onde a fome era grande. Fez a sua morada em cidades onde os doentes morriam na miséria. Visitou os oprimidos nas prisões subterrâneas, os escravos nos mercados... Em toda a população de um mundo cheio de angústia ele não achou ninguém para adorar, mas muitos para ajudar!

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Ele alimentou os que tinham fome, cuidou dos doentes, e confortou os prisioneiros... E os anos passaram... Na verdade passaram 33 anos sem que tivesse encontrado o Salvador. Os seus cabelos já não eram negros, mas brancos como a neve das montanhas. Era agora um homem mais velho e cansado, mas que continuava um peregrino à procura do Messias. Pela altura da festa da Páscoa do Senhor, Artaban estava em Jerusalém onde ouviu falar de alguma agitação por causa de um homem que iria ser cruxificado. Ação: Artaban mais velho de barbas brancas e bengala aproxima-se de um grupo de pessoas Som: Multidão na rua a falarem ruidosamente.

Artaban: cof cof (tosse) Mas o que é que se está a passar? Pessoa 1: Então não sabe? Um homem chamado Jesus de Nazaré a quem chamam

o Rei dos Judeus foi condenado por Pilatos e vai ser cruxificado junto com uns salteadores.

Artaban: Oh meu Deus! Poderá ser?

Depois deste tempo todo e já no fim da minha vida, conseguirei finalmente encontrar o Salvador?

Pessoa 2: Se fosse a si não tinha muitas esperanças! Ouvimos dizer que os romanos já O estão a levar para ser cruxificado.

Artaban: Talvez se falar com o governador Pilatos consiga comprar a Sua

liberdade com esta pérola valiosíssima que ainda trago comigo! Ação: Há mais barulho e agitação de pessoas a falarem umas com as outras. Uma exclama: “Para o Gólgota!” e multidão sai de cena ao mesmo tempo que entram dois soldados com uma mulher acorrentada que reconhece Artaban e se atira a seus pés.

Shamir: Artaban! Ajude-me por quem é! Não se lembra de mim? Artaban: Não, minha filha. Quem és tu? Shamir: Chamo-me Shamir! O meu pai era mercador na Pérsia e seu amigo. Foi

ele quem lhe vendeu há muitos anos três jóias valiosas. Na altura era uma criança mas lembro-me bem de si.

Soldado 1: Chega de conversa! Vamos para o mercado!

Ação: Soldado puxa as correntes Artaban: Espere um pouco deixe-a dizer o que tem a dizer.

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Soldado 1: Não há mais nada a dizer. O pai desta mulher deixou muitas dívidas e por isso ela vai ser vendida como escrava a quem der mais.

Shamir: Artaban! Tem piedade de mim!

Ação: Artaban fica pensativo enquanto os soldados arrastam a mulher. Artaban: Esperem aí! Soldado 1: Que queres? Artaban: Tenho comigo esta pérola valiosíssima que certamente paga todas as

dívidas desta mulher e do seu pai! Ação: Artaban mostra a pérola ao soldado

Soldado 2: Nunca vi pérola de tão boa qualidade! Soldado 1: Sim! Isto paga todas dívidas! Soltem-na!

Ação: Soldados soltam a mulher e esta agradeçe a Artaban

Shamir: Artaban! Aquela era uma das jóias que o meu pai te vendeu. Valia uma fortuna! Não sei como te agradecer...

Artaban: Sim, mas não podia deixar de te ajudar. Agora tenho que ir. Tenho que

pelo menos tentar convencer o Governador Pilatos a não condenar à morte este homem chamado Jesus de Nazaré.

Soldado 2: Se te referes Àquele que diziam ser o Rei dos Judeus, escusas de perder tempo!

Artaban: Porque dizes isso? Soldado 2: Esse homem foi cruxificado juntamente com dois salteadores há pouco

tempo. A esta hora já devem estar mortos! Som: estrondo de trovão e terramoto e gritos de pânico. Ação: As personagens mostram-se tontas e desequilibram-se.

Soldado 1: Que é isto? Soldado 2: A terra está a tremer! Fujam!

Ação: Soldados saem de cena e entra multidão em movimento caótico. Caem alguns detritos e árvore (ou ramo) atinge Artaban que cai ao chão. O terramoto termina e Shamir vai ter com Artaban que está ferido.

Shamir: Artaban coloque a sua cabeça aqui, porque está muito ferido.

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Artaban: O que tenho eu a temer? ... e para quê viver? Não há mais esperança

de encontrar o Rei, a procura terminou. Eu falhei!

Ação: Tudo fica escuro e uma luz ilumina Artaban. Voz vinda do céu fala a Artaban.

Jesus (voz): Artaban! Artaban! Eu estive sempre perto de ti.

Deste-me de comer e de beber! Assististe-me na doença! Visitaste-me na prisão!

Artaban: Não, meu Senhor! Quando foi que fiz tudo isso? Durante todos estes anos te procurei, mas nunca vi o Teu rosto, nem te servi...

Jesus (voz): Em verdade, em verdade te digo que ao longo da tua vida quando o

fizeste àqueles que mais precisaram, foi a MIM que o fizeste!

Ação: Artaban dá um último suspiro nos braços da Shamir. Fim de cena.

F I M