a prática da psicoterapia infantil na visão de terapeutas nas seguintes abordagens - psicodrama,...
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A Prática Da Psicoterapia Infantil Na Visão de Terapeutas Nas Seguintes Abordagens - Psicodrama, Gestalt Terapia e Centrada Na PessoaTRANSCRIPT
A praacutetica da psicoterapia infantil na visatildeo de terapeutas nas seguintes abordagens psicodrama Gestalt terapia e centrada na pessoa
The child psychotherapy practice according to the following approaches psychodrama Gestalt therapy and person-
centered
Maria Ivone Marchi CostaI 1 Cristina Maria Souza Brito DiasII 2
I Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru II Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco
Endreccedilo para correspondecircncia
RESUMO
Este trabalho objetivou conhecer como psicoterapeutas - de psicodrama Gestalt
terapia e abordagem centrada na pessoa (dois de cada abordagem) - que
trabalham com crianccedilas experienciam sua praacutetica cotidiana A pesquisa qualitativa
utilizou entrevistas semidirigidas para o levantamento dos dados A anaacutelise e a
discussatildeo dos resultados basearam-se na literatura consultada e permitiram
concluir que os sentimentos experimentados satildeo a valorizaccedilatildeo do caraacuteter
preventivo do trabalho com a crianccedila a frustraccedilatildeo a solidatildeo e a impotecircncia quando
natildeo contam com a colaboraccedilatildeo dos pais Em relaccedilatildeo aos obstaacuteculos enfrentados
tecircm-se a dificuldade em obter alianccedila com os pais o pequeno nuacutemero de
profissionais atuantes na especialidade e a escassez de pesquisas e literatura Os
recursos utilizados satildeo a rede social da crianccedila brinquedos (estruturados ou natildeo)
testes e teacutecnicas as necessidades sentidas satildeo a atualizaccedilatildeo constante e a troca de
experiecircncia com outros profissionais Em relaccedilatildeo agrave avaliaccedilatildeo da especialidade
conclui-se que a atuaccedilatildeo na aacuterea requer esforccedilo fiacutesico compreensatildeo da linguagem
infantil e superaccedilatildeo das limitaccedilotildees da proacutepria formaccedilatildeo
Palavras-chave Gestalt terapia Psicodrama Psicoterapeutas Psicoterapia da crianccedila
ABSTRACT
The present study has investigated how is the daily practice of childrens therapists
from Psychodrama Gestalt Therapy and Person-Centered (two of each approach)
Semi guided interviews had been used to the qualitative data research and the
analysis of the results were based on the adequate literature This study has
appraised consequent feelings as the childrens treatment preventive issue and the
frustration loneliness and impotence as feelings related to those cases when
parents dont want to be part of the process Also the difficulties in establishing
parents link or cooperation and lack of specialized professionals literature and
researches was considered the obstacles of these therapy approaches practices
Childrens therapy practice uses resources such as toys childrens social net tests
techniques and requires the professionals good health condition childrens
language comprehension ability and the to overcome the graduation limitations
Key words Gestalt therapy Psychodrama Psychotherapists Child psychotherapy
O psicoterapeuta infantil com orientaccedilatildeo de base humanistaexistencial tem como
meta realizar um trabalho cliacutenico no qual exercer o papel de facilitador do
autoconhecimento possibilitando agrave crianccedila vivenciar e experienciar a liberdade e o
poder de escolha por meio de espaccedilo escuta nominaccedilatildeo de seus desejos e
respeito pela sua singularidade Deve propiciar ainda o reencontro consigo mesmo
e a emergecircncia de outras possibilidades por intermeacutedio das quais possa encontrar
recursos para ressignificar o sofrimento psiacutequico denunciado ou natildeo em forma de
sintomas Essas possivelmente tenham sido as manifestaccedilotildees que motivaram a
busca geralmente dos pais ou responsaacuteveis pelos serviccedilos profissionais de um psicoterapeuta
Para o psicoterapeuta cliacutenico infantil de orientaccedilatildeo de base humanista-existencial
quase sempre satildeo inquietantes a solidatildeo de se atuar nessa especialidade e as
abordagens quando o assunto eacute troca de experiecircncia com outros profissionais da
mesma aacuterea A escassez de congressos e cursos voltados para essa praacutetica eacute
tambeacutem outra dificuldade constante a ser enfrentada Eacute possiacutevel encontrar um
certo nuacutemero de referecircncias bibliograacuteficas sobre o desenvolvimento infantil ou
teorias de personalidade psicopatologia psicomotricidade No entanto quanto a
teorias da praacutetica satildeo poucas as opccedilotildees na literatura Essa carecircncia eacute sentida
especialmente nas abordagens terapecircuticas psicodrama Gestalt terapia e centrada
na pessoa direcionadas agrave praacutetica infantil - que necessitam de atualizaccedilotildees eou
complementaccedilotildees por meio de parceria com outros autores eou busca e traduccedilotildees de textos vindos do exterior
A dificuldade de conseguir estabelecer uma alianccedila com os pais ou responsaacuteveis e
por conseguinte a sua colaboraccedilatildeo no processo terapecircutico da crianccedila tambeacutem
produz no terapeuta um sentimento de impotecircncia e solidatildeo Natildeo que o processo
somente com a crianccedila natildeo possa avanccedilar mas sem duacutevida a colaboraccedilatildeo dos pais ou responsaacuteveis aumenta as chances de aproveitamento
Diante dessas questotildees este trabalho buscou investigar junto a psicoterapeutas
que trabalham com crianccedilas com diferentes abordagens teoacutericas (psicodra-ma
Gestalt terapia e centrada na pessoa) como estaacute sendo experienciada a sua praacutetica
cotidiana sinteti-zando-a nas seguintes dimensotildees sentimentos experimentados
obstaacuteculos vivenciados recursos utilizados necessidades sentidas e avaliaccedilatildeo da
especialidade categorias que emergiram como as mais relevantes por ocasiatildeo da
anaacutelise das entrevistas
Meacutetodo
Esta pesquisa de caraacuteter qualitativo foi realizada com seis psicoterapeutas
humanistas-existenciais (psicodrama Gestalt terapia e centrada na pessoa) do
sexo feminino que trabalham com crianccedilas sendo duas de cada abordagem Com
exceccedilatildeo de uma psicoterapeuta (centrada na pessoa) que tinha 30 anos de
experiecircncia como psicoacuteloga cliacutenica infantil as demais tinham entre 10 e 18 anos de
experiecircncia Trecircs das psicoterapeutas - uma de cada abordagem - eram tambeacutem
professoras do curso de graduaccedilatildeo de psicologia e supervisoras em cliacutenica-escola
em universidades particulares Todas as terapeutas entrevistadas eram da cidade
de Recife Estado de Pernambuco A dificuldade em encontrar psicotera-peutas do
sexo masculino que atuassem na praacutetica infantil determinou que as entrevistas se
realizassem apenas com terapeutas do sexo feminino
Utilizaram-se entrevistas semidirigidas como instrumento de pesquisa por
propiciarem a emergecircncia dos conteuacutedos de forma espontacircnea singular e livre O
iniacutecio da entrevista com cada colaboradora se deu mediante a seguinte questatildeo
estimuladora Me conte sobre a sua experiecircncia de ser uma psicoacuteloga cliacutenica
infantil A pesquisadora fez ainda algumas perguntas visando agrave ampliaccedilatildeo eou agrave
compreensatildeo das respostas As entrevistas foram realizadas individual e
pessoalmente com as colaboradoras sendo gravadas em fita cassete transcritas na
iacutentegra e analisadas qualitativamente A anaacutelise e a discussatildeo dos resultados
tiveram por base a literatura consultada
Resultados e Discussatildeo
Como jaacute referido apoacutes a transcriccedilatildeo das entrevistas observou-se que as respostas
poderiam ser agrupadas em cinco temas comuns sentimentos experimentados
obstaacuteculos ou dificuldades sentidas no exerciacutecio profissional recursos utilizados
necessidades sentidas e avaliaccedilatildeo da especialidade As psicoterapeutas tambeacutem fizeram outras observaccedilotildees que foram relacionadas
Sentimentos experimentados
As psicoterapeutas relataram que trabalhar com crianccedilas eacute algo muito valioso pela
possibilidade de uma accedilatildeo precoce eou preventiva tornando-se gratificante pela
contribuiccedilatildeo que representa junto agrave crianccedila famiacutelia e sociedade A espontaneidade
da crianccedila na sua comu-nicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal normalmente favorece o
viacutenculo entre profissional e cliente e consequumlente-mente a evoluccedilatildeo da crianccedila no
processo terapecircutico tende a ser naturalmente mais raacutepida salvo quando a colaboraccedilatildeo da sua rede social eacute imprescindiacutevel mas inexistente
Tais resultados evidenciaram a necessidade de estabelecer uma comunicaccedilatildeo
efetiva entre terapeuta e crianccedila sendo importante a atenccedilatildeo que o profissional
deve dar agrave sua proacutepria linguagem disponibilizando-se a sair do mundo adulto e
intelectualizado para alcanccedilar o mundo luacutedico da crianccedila com todo o seu
simbolismo Conectar-se com a capacidade cognitiva da crianccedila no seu momento
evolutivo colocando-se aberto agrave gama de conteuacutedos nem sempre verbais que a
crianccedila desenvolve eacute imprescindiacutevel ao terapeuta que apenas dessa forma poderaacute
eliminar o abismo existente entre ambos muitas vezes reforccedilado ateacute pela proacutepria
diferenccedila da estrutura fiacutesica do adulto Assim sendo eacute bem possiacutevel que a crianccedila o compreenda e se sinta compreendida
Para Axline (1980b) o terapeuta deve se apresentar amigavelmente adulto e
digno trazendo agrave sala de terapia algo mais que sua presenccedila laacutepis e papel eacute
necessaacuterio que a crianccedila confie no terapeuta Segundo Oaklander (1980) o
terapeuta deve se mover junto com a crianccedila no sentido de saber quando falar e
quando permanecer em silecircncio Para Bermuacutedez (1997) a tarefa do diretor
(terapeuta) eacute a de acompanhar e seguir o protagonista (cliente) na busca de sua
verdade oferecendo-lhe para que possa encontraacute-la todos os recursos pessoais teacutecnicos e metodoloacutegicos de que dispotildee
De acordo com Grandesso (2000b) trabalhar com crianccedilas exige do terapeuta a
habilidade de aproveitar ou criar oportunidades desde o momento em que se vecirc
frente a frente com a crianccedila desenvolver uma conversaccedilatildeo em torno de seus
interesses habilidades conhecimentos e particularidades de modo que ela possa
emergir como sujeito e possa ser levada a seacuterio mesmo durante a brincadeira
Mais do que isso na visatildeo dessa autora trabalhar com a crianccedila envolve poder
falar de modo luacutedico das dificuldades mas de modo suficientemente seacuterio para
gerar alternativas de mudanccedila A autora complementa que o grande desafio para o
psicoterapeuta assim orientado estaacute em inserir-se no mundo da crianccedila deixar-se
conduzir pela curiosidade genuiacutena permitir-se admirar o material trazido por ela
usando a riqueza da imagina-ccedilatildeo infantil Enfatiza tambeacutem que embora o
psicoterapeuta tenha muitos planos e objetivos natildeo deve haver expectativas cada
sessatildeo eacute uma experiecircncia existencial o que tiver que acontecer aconteceraacute Eacute
importante manter uma atitude que sustente o potencial pleno e saudaacutevel da
crianccedila num ambiente de seguranccedila e de respeito agraves suas capacidades e sentimentos
Nesse sentido Epston (1997) considera como tarefa do psicoterapeuta assistir a
crianccedila na produccedilatildeo de conhecimento gerando suas proacuteprias soluccedilotildees Para o
autor a estranheza que tal afirmaccedilatildeo pode causar decorre do fato de
habitualmente o adulto esperar que a crianccedila o leve a seacuterio tentando trazecirc-la para
o mundo adulto em vez de consideraacute-la seriamente procurando compreender o seu
mundo
Axline (1980) em seu sexto princiacutepio psicote-raacutepico alerta sobre a
responsabilidade do psicotera-peuta quando entra no mundo da crianccedila para que
tenha o cuidado de natildeo ser invasivo de maneira que a crianccedila natildeo seja bloqueada
pela intromissatildeo de sua personalidade no momento de brincar Eacute importante estar
atento agraves suas sinalizaccedilotildees e indicaccedilotildees de caminhos ficando o terapeuta na condiccedilatildeo de acompanhaacute-la
Oaklander (1980) ratifica esse aspecto ao salientar que o psicoterapeuta tem que
ter a habilidade de natildeo ser invasor de ser leve e delicado sem ser demasiadamente passivo
Paradoxalmente a esses aspectos que tornam o trabalho valioso e gratificante
sentimentos como frustraccedilatildeo solidatildeo e impotecircncia tambeacutem acompanham a praacutetica
dessa especialidade no que se refere agrave dependecircncia que o processo psicoteraacutepico
da crianccedila tem em relaccedilatildeo aos pais ou agrave rede social Embora se encontrem pais que
cresccedilam muito com o processo e sejam exiacutemios colaboradores haacute outros que por
razotildees diversas acabam por dificultar o processo de crescimento de seus filhos
Isso deixa o profissional solitaacuterio impotente e frustrado jaacute que a crianccedila tem
pouca autonomia ou seja ela eacute dependente deles ateacute mesmo para iniciar ou
suspender o processo
Acredita-se que muito da resistecircncia principal-mente dos pais eacute decorrente da
crenccedila de que seratildeo apontados como culpados pelos problemas da crianccedila e que o
psicoterapeuta estaraacute ali desempenhando o papel de denunciador dessa culpa
crucificando-os Tais sentimentos que permeiam o imaginaacuterio dos pais
provavelmente satildeo decorrentes de praacuteticas que ainda se apoacuteiam numa visatildeo que
foca mais as deficiecircncias do que as competecircncias e que acabam por desqualificar o
saber dos pais salientando o saber do terapeuta que eacute o especialista jaacute que
estudou para isso Concorda-se com Grandesso (2000a) quando afirma que
posturas terapecircuticas respaldadas num posicionamento em que o terapeuta eacute o
expert do conhecimento contribuem para dificultar a parceria com a rede social da
crianccedila minimizando o trabalho colaborativo tornando vulneraacutevel o processo
despertando sentimentos de solidatildeo impotecircncia e frustraccedilatildeo nos terapeutas
Acredita-se que esse tipo de praacutetica acentue a dificuldade de conseguir um trabalho
colaborativo isente a famiacutelia como co-participante do processo da crianccedila
possibilitando campo feacutertil em predispocirc-la a desenvolver resistecircncias e assim
dificultar o processo de parceria Isso pode ter influecircncia na motivaccedilatildeo do
profissional inclusive desmotivando-o a continuar a se dedicar a essa especialidade Entretanto sugerem-se pesquisas futuras a esse respeito
A maturidade emocional do psicoterapeuta e a experiecircncia profissional na aacuterea satildeo
citadas - tanto pelas colaboradoras como pela literatura - como propulsora do
desenvolvimento de uma habilidade maior na articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica
especialmente no que concerne ao acircmbito familiar Destaque-se que isso propicia
ao profissional uma maior seguranccedila que seraacute refletida numa accedilatildeo mais efetiva na
articulaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo da conquista da alianccedila terapecircutica atenuando as
dificuldades quanto agrave cooperaccedilatildeo da rede social da crianccedila favorecendo uma maior efetividade nos resultados do processo
Nessa dimensatildeo ainda os psicoterapeutas tambeacutem relataram experienciar solidatildeo
profissional visto que haacute poucos terapeutas atuando na aacuterea de psicoterapia
infantil nas abordagens pesquisadas o que inviabiliza trocas de experiecircncia e
encaminhamentos
Obstaacuteculos ou dificuldades no exerciacutecio profissional
Um dos maiores obstaacuteculos apontados na praacutetica da psicoterapia infantil diz
respeito agrave dificuldade de se conseguir o apoio dos pais Aleacutem disso as participantes
acrescentaram que haacute poucos profissionais trabalhando na aacuterea e que a literatura eacute
escassa A dificuldade de se conseguir alianccedila com os pais ou outros membros
significativos da rede social da crianccedila eacute algo que se destaca na praacutetica cliacutenica
infantil Muitas vezes o progresso terapecircutico da crianccedila fica estagnado por questotildees pessoais dos pais especialmente quando natildeo aceitam ajuda
Mesmo diante desses limites quatro das psicoterapeutas afirmaram que continuam
investindo na crianccedila acreditando que de alguma forma ela seraacute beneficiada pela
terapia pois eacute melhor uma ajuda limitada do que nenhuma As demais preferem
natildeo atender a crianccedila quando natildeo tecircm o apoio dos pais principalmente se
perceberem que as dificuldades da crianccedila tecircm relaccedilatildeo direta com o contexto
familiar Acreditam que mesmo que a crianccedila esteja em psicoterapia natildeo
conseguiraacute transferir o crescimento conseguido jaacute que as forccedilas contraacuterias seratildeo
constantes e por parte de pessoas que lhe satildeo significativas Esse posicionamento
ratifica a posiccedilatildeo de Dorfman (1974) que considera que eacute demais pedir a uma
crianccedila pequena que lide sozinha com as relaccedilotildees muitas vezes inflexiacuteveis e
traumatizantes com os pais
Oaklander (1980) a esse respeito relata que eacute importante ajudar a crianccedila a fazer
as escolhas que quiser e a compreender quando elas satildeo impossiacuteveis destacando
que eacute de grande importacircncia auxiliaacute-la na compreensatildeo de que natildeo pode assumir responsabili-dades por aquilo que natildeo pode escolher
Outro obstaacuteculo vivenciado pelas terapeutas refere-se ao pequeno nuacutemero de
profissionais que atuam nessa especialidade dificultando assim uma troca muacutetua e
os encaminhamentos Logo se existem poucas pessoas trabalhando na praacutetica
cliacutenica e considerando que a teoria eacute fruto dela entatildeo satildeo tambeacutem escassas as
pesquisas bem como a literatura a respeito da praacutetica infantil nas abordagens
estudadas Esses obstaacuteculos tecircm toda uma repercussatildeo na motivaccedilatildeo das pessoas para trabalhar com crianccedilas
Recursos utilizados
Atraveacutes das falas pocircde-se distinguir dois tipos de recursos usados pelas
terapeutas a rede social da crianccedila e os recursos teacutecnicos Quanto agrave rede social as
psicoterapeutas acreditam na importacircncia da famiacutelia como recurso fundamental
para auxiliar o processo da crianccedila Entendem tambeacutem que muitas vezes a
crianccedila eacute o paciente identificado o denunciador de toda a disfuncionalidade familiar
Eacute consenso entre as terapeutas que a famiacutelia pode atuar como colaboradora e
mantenedora do sintoma da crianccedila e nesse caso colocam em duacutevida os
resultados da psicoterapia infantil quando natildeo se faz um trabalho conjunto com a
famiacutelia Todas trabalham com a rede social da crianccedila no entanto a forma de
trabalhar eacute que varia de orientaccedilatildeo Para elas a terapia deveria possibilitar aos
familiares serem atores ativos de sua histoacuteria e natildeo apenas a plateacuteia que assistiraacute e
receberaacute todas as informaccedilotildees a respeito de como recuperar as circunstacircncias que
estatildeo produzindo sofrimento O fato de natildeo se colocar como pessoas que
participam como agentes transformadores de sua proacutepria histoacuteria os isenta de uma
maior responsa-bilidade tornando a relaccedilatildeo com o psicoterapeuta e com o
processo psicoteraacutepico superficial e pouco comprometida sendo assim mais difiacutecil conquistar o crescimento
Conveacutem ressaltar que assim como Grandesso (2000b) entende-se como
imprescindiacutevel respeitar os conhecimentos dos pais da crianccedila em relaccedilatildeo ao
problema que vivem Como protagonistas da histoacuteria vivida seu conhecimento
caracteriza-se como uma espeacutecie de conhecimento a partir de dentro Os pais
por viverem com a crianccedila conhecem-na muito melhor que qualquer terapeuta
tomando como referecircncia o seu lugar como pais Comunga-se tambeacutem com tais
ideacuteias pois se entende que os pais tecircm recursos naturais na praacutetica de convivecircncia com a crianccedila que podem ser mobilizados terapeuticamente
Grandesso (2000b) considera importante que o terapeuta esteja atento quanto aos
ganhos perdas apreensotildees medos e aborrecimentos accedilotildees narrativas
organizadoras dos problemas que os membros da famiacutelia vivem que podem favorecer ou dificultar a busca de alternativas de mudanccedila
Em relaccedilatildeo aos recursos teacutecnicos de maneira geral as psicoterapeutas utilizam
brinquedos e outros recursos normais de uma sala de ludoterapia - previstos na
abordagem que tecircm como diretriz - que variam entre estruturados e natildeo estruturados sendo os uacuteltimos priorizados pelas psicoterapeutas psicodramatistas
As terapeutas tambeacutem consideram o valor de se utilizarem como recurso algumas
teacutecnicas de outras abordagens desde que com conhecimento responsa-bilidade e
concordacircncia do cliente Molina-Loza (2002) partilha essa ideacuteia considerando que
se servir de um tipo de abordagem natildeo implica necessariamente abandonar todas
as outras Para o autor uma forma de intervir que fosse igualmente vaacutelida para
todo mundo representaria um empobrecimento pois natildeo se utilizaria essa ou
aquela abordagem segundo os problemas apresentados pelos clientes mas se
adaptariam os clientes aos limites das teorias Infelizmente eacute isso que acaba
acontecendo quando se pertence a um modelo
Assim quanto agrave utilizaccedilatildeo de teacutecnicas concorda-se com os psicodramatistas
Bermuacutedez (1997) e Ferrari (1984) Oaklander (1980 1994 1999 2000) da
Gestalt terapia e Axline (1980a 1980b) da abordagem centrada na pessoa de
que a teacutecnica para a praacutetica infantil eacute necessaacuteria como instrumento mediador de
comunicaccedilatildeo mas natildeo deve ser tomada como um fim
Necessidades sentidas pelas psicoterapeutas
As psicoterapeutas entendem que aleacutem do aperfeiccediloamento permanente eacute
igualmente importan-te estarem atualizados em relaccedilatildeo ao universo infantil de
maneira geral suas brincadeiras linguagem jogos que estatildeo no mercado
literatura programas de TV muacutesicas informaacutetica vida escolar por meio de visitas
agrave escola que a crianccedila frequumlenta enfim conhecer o cotidiano dessa crianccedila no paiacutes no estado na cidade e na sua famiacutelia
Eacute ainda sentido como necessidade estarem atentos ao trabalho pessoal do
profissional por meio de psicoterapias jaacute que a sua crianccedila estaacute constante-mente
sendo acionada Revisar a praacutetica mediante supervisotildees e trocas entre profissionais
eacute tambeacutem uma necessidade Infelizmente em virtude de existirem poucos
profissionais que atuem nessa especialidade haacute dificuldade nesse sentido assim como dificuldade em encaminhamentos e indicaccedilotildees
Essa carecircncia se estende consequumlentemente para a literatura da teoria e praacutetica
dessa especialidade que eacute pouca e desatualizada Os profissionais interessa-dos
tecircm de buscar apoio em outras abordagens e fazer um esforccedilo grande de
articulaccedilatildeo para que natildeo fique fragmentada Nesse sentido Osoacuterio e Valle (2002)
fazem uma ressalva trabalhar com distintos marcos referenciais teoacutericos requer
um niacutevel de habilitaccedilatildeo ao qual soacute tecircm acesso profissionais mais experientes
Tambeacutem foi relatada uma carecircncia muito grande em relaccedilatildeo a congressos palestras e cursos voltados para a praacutetica cliacutenica infantil
Avaliaccedilatildeo da especialidade
As psicoterapeutas acreditam que a praacutetica cliacutenica infantil estaacute restrita por ser mais
difiacutecil trabalhar com a crianccedila e por exigir do profissional a compreen-satildeo da
linguagem simboacutelica manifesta pela crianccedila atraveacutes da fantasia da brincadeira
Tambeacutem foi destacado que essa praacutetica eacute altamente frustrante exigindo grande
limiar do psicoterapeuta para natildeo desistir considerando a dependecircncia que o
processo da crianccedila manteacutem em relaccedilatildeo agrave sua rede social principalmente seus
pais Portanto trabalhar com a crianccedila eacute trabalhar simultaneamente com a famiacutelia
tornandose assim uma praacutetica de grande complexidade
Tambeacutem foram feitas referecircncias agrave demanda fiacutesica que a crianccedila requer do
psicoterapeuta sendo considerado um fator que gera cansaccedilo nos psicotera-peutas
mais velhos que muitas vezes acabam por desistir de trabalhar com ela por natildeo
aguumlentarem mais abaixar levantar sentar-se no chatildeo ou ateacute pular
O sucesso do trabalho do terapeuta depende muitas vezes da
habilidadeconhecimento do profissional nesse acircmbito familiar E natildeo se sabe se os
profissionais estatildeo com formaccedilatildeo eou habilitaccedilatildeo para tais praacuteticas e consequumlentemente quais satildeo os niacuteveis de frustraccedilatildeo que tecircm vivenciado
De maneira geral segundo as participantes o proacuteprio enfoque do curso de
psicologia estaacute mais voltado ao adulto do que agrave crianccedila Num contexto mais amplo
isso repercute na formaccedilatildeo do psicoacutelogo e na escolha dos estudantes ao fazerem
sua opccedilatildeo de atuaccedilatildeo por conseguinte essa aacuterea cada vez mais tem um reduzido
nuacutemero de pessoas
Branco (1998) traz alguns questionamentos agraves universidades indagando sobre o
tipo de profissional que se quer formar no curso de psicologia se comprometido com a mudanccedila ou com a legitimaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais
Webber Botomeacute e Rebelatto (1996 p11) criticaram os curriacuteculos dos cursos de
formaccedilatildeo considerando-os mais voltados ao ensino de teacutecnicas e modelos de
atuaccedilatildeo existentes (e consagrados) do que ao desenvolvimento de atuaccedilotildees profissionais socialmente significativas
Silva (2001) afirma que atualmente se vive em busca de uma psicologia cliacutenica que
levando em conta os saberes dos quais se dispotildee efetue intervenccedilotildees nas vidas
nas relaccedilotildees nas subjetividades das pessoas sem cair em contradiccedilatildeo ou ser
rechaccedilada pelas proacuteprias criacuteticas de quem a pratica Uma cliacutenica que invente praacutexis eacuteticas e politicamente comprometidas
Segundo Bock (1997) a meta do psicoacutelogo deve ser estar sempre em movimento
Um psicoacutelogo aliado da transformaccedilatildeo do movimento da sociedade e dos
interesses da maioria da populaccedilatildeo Um psicoacutelogo inquieto conspirador que saiba
estranhar aquilo que na realidade se tornou tatildeo familiar que chega a ser pensado
como natural Um psicoacutelogo permeaacutevel agraves inovaccedilotildees que aceite o desafio de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional
Outras observaccedilotildees
O trabalho com a crianccedila foi considerado muito importante visto que lidar
precocemente com as questotildees que trazem inquietaccedilotildees e sofrimento eacute muito mais
proveitoso do que lidar com elas quando jaacute estatildeo muito cristalizadas
As participantes avaliaram que ser psicoterapeuta eacute muito gratificante mas
tambeacutem muito difiacutecil porque o profissional eacute o proacuteprio instrumento de trabalho e
isto significa que para se oferecer um trabalho de boa qualidade eacute preciso estar
bem pessoalmente e capacitado com conhecimentos teoacuterico-teacutecnicos mediante
supervisotildees especializa-ccedilotildees e isso tudo eacute muito dispendioso financeiramente Entretanto o desafio natildeo paacutera por aiacute
Colombo (2000) considera estimulante e desafiador o fato de que o psicoterapeuta
escolhe uma atividade profissional na qual eacute chamado a utilizar como instrumento
baacutesico de trabalho o proacuteprio self Para a autora eacute inquietante saber que a maacutegica
que o terapeuta deve oferecer eacute a sua integridade aqui e agora habitar a sua
morada estar em conexatildeo consigo com a proacutepria histoacuteria crenccedilas e preconceitos
com o humano e o sagrado dentro de si Enfim trazer o que somente eacute possiacutevel na
singularidade e integridade Whitaker e Bumberry (1990) destacaram que apenas
quando se luta consigo proacuteprio eacute que se fica livre para trazer a si mesmo para o
consultoacuterio psicoteraacutepico e natildeo apenas o uniforme de terapeuta
Consideraccedilotildees Finais
Quando esta pesquisa foi iniciada uma das inquietaccedilotildees que a pautavam referia-se
agrave necessidade de se buscar recursos natildeo apenas em uma abordagem e tambeacutem
natildeo somente na psicologia Havia inicialmente uma grande convicccedilatildeo da
necessidade e importacircncia de buscar em outras aacutereas o apoio substancial para um
pleno desenvolvimento do processo terapecircutico da crianccedila Entretanto tal
convicccedilatildeo natildeo se estendia agrave busca de apoio em outras abordagens visto a
incompletude de cada teoria diante da amplitude e complexidade do ser humano -
especialmente no que se refere a uma abordagem psicoteraacutepica infantil
Incomodava a possibilidade de que colegas e comunidade cientiacutefica considerassem
tal procedimento como ecleacutetico salada embora a experiecircncia demonstrasse
que uma integraccedilatildeo cuidadosa muito poderia enriquecer a praacutetica cliacutenica
Apoacutes todo o percurso de campo e teoacuterico a necessidade de busca de apoio em
outras abordagens tambeacutem foi encontrada em algumas psicoterapeutas
colaboradoras aleacutem de ter ficado evidente na revisatildeo literaacuteria que alguns autores
compartilham essas ideacuteias A partir de entatildeo tal posicionamento tornou-se mais
confortaacutevel pois se constatou que na verdade a inquietaccedilatildeo suscita mudanccedilas e
natildeo eacute prudente fechar--se em uma soacute verdade quando haacute o comprometi-mento
com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica Hoje a ideacuteia de fixar-se a um soacute modelo jaacute
estaacute sendo superada e vista como possibilidade de ficar amarrado ao dogmatismo
de uma ou outra corrente do pensamento constituiacutedo Ficar preso a um soacute modelo eacute
demais limitante se por um lado isso possa trazer uma certa seguranccedila por
outro fica-se amarrado Essas amarras contradizem o processo de autonomia que
todo terapeuta propotildee possibilitar que o cliente encontre Se houver maior
flexibilidade eacute possiacutevel adaptar os recursos agraves necessidades dos clientes e natildeo os adaptar agrave teoria em que se acredita
No dizer de Fernando Pessoa navegar eacute preciso viver natildeo eacute preciso (precisatildeo)
Portanto diante desse viver tatildeo impreciso como eacute possiacutevel trabalhar com a
subjetividade dos clientes de forma tatildeo precisa Eacute preciso suportar as incertezas
deixar soltas as amarras das teorias que aprisionam para que se possa atuar
realmente numa postura eacutetica e esteacutetica com os clientes Acredita-se que acima da
modalidade psicoteraacutepica estaacute a eacutetica a postura do profissional diante do fazer
terapecircutico
Branco (1998) afirma que o perfil do psicoacutelogo hoje deve ser o de um profissional
criacutetico natildeo necessariamente de um especialista mas sim de um estudioso
permanente das situaccedilotildees nas quais sua praacutetica esteja implicada Um profissional
que se habitue a exercitar-se numa visatildeo complexa e que perceba as contradiccedilotildees
inerentes agrave sua praacutetica e a necessidade de refazecirc-la ajudando os grupos
indiviacuteduos e instituiccedilotildees a eliminarem os processos de desuma-nizaccedilatildeo e alienaccedilatildeo responsaacuteveis pelo sofrimento psiacutequico
A formaccedilatildeo do psicoacutelogo precisa possibilitar o engajamento do futuro profissional
na sociedade aleacutem de reelaborar o conhecimento constituiacutedo Natildeo se deve com
isso eliminar as diferenccedilas teoacutericas e metodo-loacutegicas apesar das finalidades
comuns O trabalho acadecircmico coletivo deve explicitar e aprofundar as
divergecircncias Aleacutem disso a exigecircncia por uma articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica natildeo
poderaacute significar ativismo que diminua o estudo das teorias Eacute preciso pois
abarcar de forma profunda todas as matrizes do pensamento psicoloacutegico em uma
dinacircmica de trabalho que permita o confronto de pontos de vista e projetos que reuacutenam vaacuterios campos do saber
Para isso eacute preciso estar atento agraves poliacuteticas acadecircmicas que priorizam
determinadas abordagens normalmente uma ou outra dentre as mais consa-
gradas fechando o aluno em algumas verdades em termos teoacutericos e praacuteticos
atraveacutes dos estaacutegios e da pesquisa impossibilitando-o de ter acesso a uma visatildeo
mais global e com praacuteticas comprometidas com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica
Para que ratificando o pensamento de Bock (1997) seja possiacutevel formar
profissionais criacuteticos inquietos permeaacuteveis agraves inovaccedilotildees e que aceitem o desafio
de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional tudo isto aliado agrave
transformaccedilatildeo ao movimento da sociedade e aos interesses da maioria da
populaccedilatildeo haacute de se olhar criticamente a proacutepria atuaccedilatildeo como cliacutenicos e docentes
avaliando se a postura estaacute sendo coerente com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica ou de especialista de conhecimento fechado numa soacute verdade
Entende-se que atraveacutes do percurso percorrido na elaboraccedilatildeo desse estudo seja
possiacutevel com base em abordagens tradicionais promover reflexotildees que
possibilitem avaliaacute-las de forma respeitosa pelas valiosas contribuiccedilotildees que
oferecem agrave praacutetica cliacutenica poreacutem sem esquecer que satildeo algumas possibilidades
dentro de um leque de opccedilotildees Natildeo se pode portanto fechar-se nessas verdades e
tambeacutem natildeo se pode deixar de consideraacute-las como uacuteteis e eficazes mesmo diante
do avanccedilo da ciecircncia
Embora este estudo tenha partido das praacuteticas tradicionais natildeo se restringiu a
apenas uma abordagem e tambeacutem possibilitou algumas reflexotildees para aleacutem delas
atraveacutes dos temas emergentes nas entrevistas No entanto fica a contribuiccedilatildeo para
futuras pesquisas e tambeacutem a reflexatildeo de que as praacuteticas tradicionais satildeo muito
importantes mesmo com todo avanccedilo da psicologia Mas como cliacutenicos e docentes
formadores de psicoacutelogos eacute necessaacuteria uma certa permeabilidade que possibilite
criacutetica e flexibilidade para acompanhar a evoluccedilatildeo e exercer uma praacutetica para aleacutem do instituiacutedo a serviccedilo da humanizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem a localidade onde essa pesquisa foi realizada - realidade
Pernambucana ficando tambeacutem a sugestatildeo para futuras pesquisas em outras regiotildees brasileiras
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Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
The present study has investigated how is the daily practice of childrens therapists
from Psychodrama Gestalt Therapy and Person-Centered (two of each approach)
Semi guided interviews had been used to the qualitative data research and the
analysis of the results were based on the adequate literature This study has
appraised consequent feelings as the childrens treatment preventive issue and the
frustration loneliness and impotence as feelings related to those cases when
parents dont want to be part of the process Also the difficulties in establishing
parents link or cooperation and lack of specialized professionals literature and
researches was considered the obstacles of these therapy approaches practices
Childrens therapy practice uses resources such as toys childrens social net tests
techniques and requires the professionals good health condition childrens
language comprehension ability and the to overcome the graduation limitations
Key words Gestalt therapy Psychodrama Psychotherapists Child psychotherapy
O psicoterapeuta infantil com orientaccedilatildeo de base humanistaexistencial tem como
meta realizar um trabalho cliacutenico no qual exercer o papel de facilitador do
autoconhecimento possibilitando agrave crianccedila vivenciar e experienciar a liberdade e o
poder de escolha por meio de espaccedilo escuta nominaccedilatildeo de seus desejos e
respeito pela sua singularidade Deve propiciar ainda o reencontro consigo mesmo
e a emergecircncia de outras possibilidades por intermeacutedio das quais possa encontrar
recursos para ressignificar o sofrimento psiacutequico denunciado ou natildeo em forma de
sintomas Essas possivelmente tenham sido as manifestaccedilotildees que motivaram a
busca geralmente dos pais ou responsaacuteveis pelos serviccedilos profissionais de um psicoterapeuta
Para o psicoterapeuta cliacutenico infantil de orientaccedilatildeo de base humanista-existencial
quase sempre satildeo inquietantes a solidatildeo de se atuar nessa especialidade e as
abordagens quando o assunto eacute troca de experiecircncia com outros profissionais da
mesma aacuterea A escassez de congressos e cursos voltados para essa praacutetica eacute
tambeacutem outra dificuldade constante a ser enfrentada Eacute possiacutevel encontrar um
certo nuacutemero de referecircncias bibliograacuteficas sobre o desenvolvimento infantil ou
teorias de personalidade psicopatologia psicomotricidade No entanto quanto a
teorias da praacutetica satildeo poucas as opccedilotildees na literatura Essa carecircncia eacute sentida
especialmente nas abordagens terapecircuticas psicodrama Gestalt terapia e centrada
na pessoa direcionadas agrave praacutetica infantil - que necessitam de atualizaccedilotildees eou
complementaccedilotildees por meio de parceria com outros autores eou busca e traduccedilotildees de textos vindos do exterior
A dificuldade de conseguir estabelecer uma alianccedila com os pais ou responsaacuteveis e
por conseguinte a sua colaboraccedilatildeo no processo terapecircutico da crianccedila tambeacutem
produz no terapeuta um sentimento de impotecircncia e solidatildeo Natildeo que o processo
somente com a crianccedila natildeo possa avanccedilar mas sem duacutevida a colaboraccedilatildeo dos pais ou responsaacuteveis aumenta as chances de aproveitamento
Diante dessas questotildees este trabalho buscou investigar junto a psicoterapeutas
que trabalham com crianccedilas com diferentes abordagens teoacutericas (psicodra-ma
Gestalt terapia e centrada na pessoa) como estaacute sendo experienciada a sua praacutetica
cotidiana sinteti-zando-a nas seguintes dimensotildees sentimentos experimentados
obstaacuteculos vivenciados recursos utilizados necessidades sentidas e avaliaccedilatildeo da
especialidade categorias que emergiram como as mais relevantes por ocasiatildeo da
anaacutelise das entrevistas
Meacutetodo
Esta pesquisa de caraacuteter qualitativo foi realizada com seis psicoterapeutas
humanistas-existenciais (psicodrama Gestalt terapia e centrada na pessoa) do
sexo feminino que trabalham com crianccedilas sendo duas de cada abordagem Com
exceccedilatildeo de uma psicoterapeuta (centrada na pessoa) que tinha 30 anos de
experiecircncia como psicoacuteloga cliacutenica infantil as demais tinham entre 10 e 18 anos de
experiecircncia Trecircs das psicoterapeutas - uma de cada abordagem - eram tambeacutem
professoras do curso de graduaccedilatildeo de psicologia e supervisoras em cliacutenica-escola
em universidades particulares Todas as terapeutas entrevistadas eram da cidade
de Recife Estado de Pernambuco A dificuldade em encontrar psicotera-peutas do
sexo masculino que atuassem na praacutetica infantil determinou que as entrevistas se
realizassem apenas com terapeutas do sexo feminino
Utilizaram-se entrevistas semidirigidas como instrumento de pesquisa por
propiciarem a emergecircncia dos conteuacutedos de forma espontacircnea singular e livre O
iniacutecio da entrevista com cada colaboradora se deu mediante a seguinte questatildeo
estimuladora Me conte sobre a sua experiecircncia de ser uma psicoacuteloga cliacutenica
infantil A pesquisadora fez ainda algumas perguntas visando agrave ampliaccedilatildeo eou agrave
compreensatildeo das respostas As entrevistas foram realizadas individual e
pessoalmente com as colaboradoras sendo gravadas em fita cassete transcritas na
iacutentegra e analisadas qualitativamente A anaacutelise e a discussatildeo dos resultados
tiveram por base a literatura consultada
Resultados e Discussatildeo
Como jaacute referido apoacutes a transcriccedilatildeo das entrevistas observou-se que as respostas
poderiam ser agrupadas em cinco temas comuns sentimentos experimentados
obstaacuteculos ou dificuldades sentidas no exerciacutecio profissional recursos utilizados
necessidades sentidas e avaliaccedilatildeo da especialidade As psicoterapeutas tambeacutem fizeram outras observaccedilotildees que foram relacionadas
Sentimentos experimentados
As psicoterapeutas relataram que trabalhar com crianccedilas eacute algo muito valioso pela
possibilidade de uma accedilatildeo precoce eou preventiva tornando-se gratificante pela
contribuiccedilatildeo que representa junto agrave crianccedila famiacutelia e sociedade A espontaneidade
da crianccedila na sua comu-nicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal normalmente favorece o
viacutenculo entre profissional e cliente e consequumlente-mente a evoluccedilatildeo da crianccedila no
processo terapecircutico tende a ser naturalmente mais raacutepida salvo quando a colaboraccedilatildeo da sua rede social eacute imprescindiacutevel mas inexistente
Tais resultados evidenciaram a necessidade de estabelecer uma comunicaccedilatildeo
efetiva entre terapeuta e crianccedila sendo importante a atenccedilatildeo que o profissional
deve dar agrave sua proacutepria linguagem disponibilizando-se a sair do mundo adulto e
intelectualizado para alcanccedilar o mundo luacutedico da crianccedila com todo o seu
simbolismo Conectar-se com a capacidade cognitiva da crianccedila no seu momento
evolutivo colocando-se aberto agrave gama de conteuacutedos nem sempre verbais que a
crianccedila desenvolve eacute imprescindiacutevel ao terapeuta que apenas dessa forma poderaacute
eliminar o abismo existente entre ambos muitas vezes reforccedilado ateacute pela proacutepria
diferenccedila da estrutura fiacutesica do adulto Assim sendo eacute bem possiacutevel que a crianccedila o compreenda e se sinta compreendida
Para Axline (1980b) o terapeuta deve se apresentar amigavelmente adulto e
digno trazendo agrave sala de terapia algo mais que sua presenccedila laacutepis e papel eacute
necessaacuterio que a crianccedila confie no terapeuta Segundo Oaklander (1980) o
terapeuta deve se mover junto com a crianccedila no sentido de saber quando falar e
quando permanecer em silecircncio Para Bermuacutedez (1997) a tarefa do diretor
(terapeuta) eacute a de acompanhar e seguir o protagonista (cliente) na busca de sua
verdade oferecendo-lhe para que possa encontraacute-la todos os recursos pessoais teacutecnicos e metodoloacutegicos de que dispotildee
De acordo com Grandesso (2000b) trabalhar com crianccedilas exige do terapeuta a
habilidade de aproveitar ou criar oportunidades desde o momento em que se vecirc
frente a frente com a crianccedila desenvolver uma conversaccedilatildeo em torno de seus
interesses habilidades conhecimentos e particularidades de modo que ela possa
emergir como sujeito e possa ser levada a seacuterio mesmo durante a brincadeira
Mais do que isso na visatildeo dessa autora trabalhar com a crianccedila envolve poder
falar de modo luacutedico das dificuldades mas de modo suficientemente seacuterio para
gerar alternativas de mudanccedila A autora complementa que o grande desafio para o
psicoterapeuta assim orientado estaacute em inserir-se no mundo da crianccedila deixar-se
conduzir pela curiosidade genuiacutena permitir-se admirar o material trazido por ela
usando a riqueza da imagina-ccedilatildeo infantil Enfatiza tambeacutem que embora o
psicoterapeuta tenha muitos planos e objetivos natildeo deve haver expectativas cada
sessatildeo eacute uma experiecircncia existencial o que tiver que acontecer aconteceraacute Eacute
importante manter uma atitude que sustente o potencial pleno e saudaacutevel da
crianccedila num ambiente de seguranccedila e de respeito agraves suas capacidades e sentimentos
Nesse sentido Epston (1997) considera como tarefa do psicoterapeuta assistir a
crianccedila na produccedilatildeo de conhecimento gerando suas proacuteprias soluccedilotildees Para o
autor a estranheza que tal afirmaccedilatildeo pode causar decorre do fato de
habitualmente o adulto esperar que a crianccedila o leve a seacuterio tentando trazecirc-la para
o mundo adulto em vez de consideraacute-la seriamente procurando compreender o seu
mundo
Axline (1980) em seu sexto princiacutepio psicote-raacutepico alerta sobre a
responsabilidade do psicotera-peuta quando entra no mundo da crianccedila para que
tenha o cuidado de natildeo ser invasivo de maneira que a crianccedila natildeo seja bloqueada
pela intromissatildeo de sua personalidade no momento de brincar Eacute importante estar
atento agraves suas sinalizaccedilotildees e indicaccedilotildees de caminhos ficando o terapeuta na condiccedilatildeo de acompanhaacute-la
Oaklander (1980) ratifica esse aspecto ao salientar que o psicoterapeuta tem que
ter a habilidade de natildeo ser invasor de ser leve e delicado sem ser demasiadamente passivo
Paradoxalmente a esses aspectos que tornam o trabalho valioso e gratificante
sentimentos como frustraccedilatildeo solidatildeo e impotecircncia tambeacutem acompanham a praacutetica
dessa especialidade no que se refere agrave dependecircncia que o processo psicoteraacutepico
da crianccedila tem em relaccedilatildeo aos pais ou agrave rede social Embora se encontrem pais que
cresccedilam muito com o processo e sejam exiacutemios colaboradores haacute outros que por
razotildees diversas acabam por dificultar o processo de crescimento de seus filhos
Isso deixa o profissional solitaacuterio impotente e frustrado jaacute que a crianccedila tem
pouca autonomia ou seja ela eacute dependente deles ateacute mesmo para iniciar ou
suspender o processo
Acredita-se que muito da resistecircncia principal-mente dos pais eacute decorrente da
crenccedila de que seratildeo apontados como culpados pelos problemas da crianccedila e que o
psicoterapeuta estaraacute ali desempenhando o papel de denunciador dessa culpa
crucificando-os Tais sentimentos que permeiam o imaginaacuterio dos pais
provavelmente satildeo decorrentes de praacuteticas que ainda se apoacuteiam numa visatildeo que
foca mais as deficiecircncias do que as competecircncias e que acabam por desqualificar o
saber dos pais salientando o saber do terapeuta que eacute o especialista jaacute que
estudou para isso Concorda-se com Grandesso (2000a) quando afirma que
posturas terapecircuticas respaldadas num posicionamento em que o terapeuta eacute o
expert do conhecimento contribuem para dificultar a parceria com a rede social da
crianccedila minimizando o trabalho colaborativo tornando vulneraacutevel o processo
despertando sentimentos de solidatildeo impotecircncia e frustraccedilatildeo nos terapeutas
Acredita-se que esse tipo de praacutetica acentue a dificuldade de conseguir um trabalho
colaborativo isente a famiacutelia como co-participante do processo da crianccedila
possibilitando campo feacutertil em predispocirc-la a desenvolver resistecircncias e assim
dificultar o processo de parceria Isso pode ter influecircncia na motivaccedilatildeo do
profissional inclusive desmotivando-o a continuar a se dedicar a essa especialidade Entretanto sugerem-se pesquisas futuras a esse respeito
A maturidade emocional do psicoterapeuta e a experiecircncia profissional na aacuterea satildeo
citadas - tanto pelas colaboradoras como pela literatura - como propulsora do
desenvolvimento de uma habilidade maior na articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica
especialmente no que concerne ao acircmbito familiar Destaque-se que isso propicia
ao profissional uma maior seguranccedila que seraacute refletida numa accedilatildeo mais efetiva na
articulaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo da conquista da alianccedila terapecircutica atenuando as
dificuldades quanto agrave cooperaccedilatildeo da rede social da crianccedila favorecendo uma maior efetividade nos resultados do processo
Nessa dimensatildeo ainda os psicoterapeutas tambeacutem relataram experienciar solidatildeo
profissional visto que haacute poucos terapeutas atuando na aacuterea de psicoterapia
infantil nas abordagens pesquisadas o que inviabiliza trocas de experiecircncia e
encaminhamentos
Obstaacuteculos ou dificuldades no exerciacutecio profissional
Um dos maiores obstaacuteculos apontados na praacutetica da psicoterapia infantil diz
respeito agrave dificuldade de se conseguir o apoio dos pais Aleacutem disso as participantes
acrescentaram que haacute poucos profissionais trabalhando na aacuterea e que a literatura eacute
escassa A dificuldade de se conseguir alianccedila com os pais ou outros membros
significativos da rede social da crianccedila eacute algo que se destaca na praacutetica cliacutenica
infantil Muitas vezes o progresso terapecircutico da crianccedila fica estagnado por questotildees pessoais dos pais especialmente quando natildeo aceitam ajuda
Mesmo diante desses limites quatro das psicoterapeutas afirmaram que continuam
investindo na crianccedila acreditando que de alguma forma ela seraacute beneficiada pela
terapia pois eacute melhor uma ajuda limitada do que nenhuma As demais preferem
natildeo atender a crianccedila quando natildeo tecircm o apoio dos pais principalmente se
perceberem que as dificuldades da crianccedila tecircm relaccedilatildeo direta com o contexto
familiar Acreditam que mesmo que a crianccedila esteja em psicoterapia natildeo
conseguiraacute transferir o crescimento conseguido jaacute que as forccedilas contraacuterias seratildeo
constantes e por parte de pessoas que lhe satildeo significativas Esse posicionamento
ratifica a posiccedilatildeo de Dorfman (1974) que considera que eacute demais pedir a uma
crianccedila pequena que lide sozinha com as relaccedilotildees muitas vezes inflexiacuteveis e
traumatizantes com os pais
Oaklander (1980) a esse respeito relata que eacute importante ajudar a crianccedila a fazer
as escolhas que quiser e a compreender quando elas satildeo impossiacuteveis destacando
que eacute de grande importacircncia auxiliaacute-la na compreensatildeo de que natildeo pode assumir responsabili-dades por aquilo que natildeo pode escolher
Outro obstaacuteculo vivenciado pelas terapeutas refere-se ao pequeno nuacutemero de
profissionais que atuam nessa especialidade dificultando assim uma troca muacutetua e
os encaminhamentos Logo se existem poucas pessoas trabalhando na praacutetica
cliacutenica e considerando que a teoria eacute fruto dela entatildeo satildeo tambeacutem escassas as
pesquisas bem como a literatura a respeito da praacutetica infantil nas abordagens
estudadas Esses obstaacuteculos tecircm toda uma repercussatildeo na motivaccedilatildeo das pessoas para trabalhar com crianccedilas
Recursos utilizados
Atraveacutes das falas pocircde-se distinguir dois tipos de recursos usados pelas
terapeutas a rede social da crianccedila e os recursos teacutecnicos Quanto agrave rede social as
psicoterapeutas acreditam na importacircncia da famiacutelia como recurso fundamental
para auxiliar o processo da crianccedila Entendem tambeacutem que muitas vezes a
crianccedila eacute o paciente identificado o denunciador de toda a disfuncionalidade familiar
Eacute consenso entre as terapeutas que a famiacutelia pode atuar como colaboradora e
mantenedora do sintoma da crianccedila e nesse caso colocam em duacutevida os
resultados da psicoterapia infantil quando natildeo se faz um trabalho conjunto com a
famiacutelia Todas trabalham com a rede social da crianccedila no entanto a forma de
trabalhar eacute que varia de orientaccedilatildeo Para elas a terapia deveria possibilitar aos
familiares serem atores ativos de sua histoacuteria e natildeo apenas a plateacuteia que assistiraacute e
receberaacute todas as informaccedilotildees a respeito de como recuperar as circunstacircncias que
estatildeo produzindo sofrimento O fato de natildeo se colocar como pessoas que
participam como agentes transformadores de sua proacutepria histoacuteria os isenta de uma
maior responsa-bilidade tornando a relaccedilatildeo com o psicoterapeuta e com o
processo psicoteraacutepico superficial e pouco comprometida sendo assim mais difiacutecil conquistar o crescimento
Conveacutem ressaltar que assim como Grandesso (2000b) entende-se como
imprescindiacutevel respeitar os conhecimentos dos pais da crianccedila em relaccedilatildeo ao
problema que vivem Como protagonistas da histoacuteria vivida seu conhecimento
caracteriza-se como uma espeacutecie de conhecimento a partir de dentro Os pais
por viverem com a crianccedila conhecem-na muito melhor que qualquer terapeuta
tomando como referecircncia o seu lugar como pais Comunga-se tambeacutem com tais
ideacuteias pois se entende que os pais tecircm recursos naturais na praacutetica de convivecircncia com a crianccedila que podem ser mobilizados terapeuticamente
Grandesso (2000b) considera importante que o terapeuta esteja atento quanto aos
ganhos perdas apreensotildees medos e aborrecimentos accedilotildees narrativas
organizadoras dos problemas que os membros da famiacutelia vivem que podem favorecer ou dificultar a busca de alternativas de mudanccedila
Em relaccedilatildeo aos recursos teacutecnicos de maneira geral as psicoterapeutas utilizam
brinquedos e outros recursos normais de uma sala de ludoterapia - previstos na
abordagem que tecircm como diretriz - que variam entre estruturados e natildeo estruturados sendo os uacuteltimos priorizados pelas psicoterapeutas psicodramatistas
As terapeutas tambeacutem consideram o valor de se utilizarem como recurso algumas
teacutecnicas de outras abordagens desde que com conhecimento responsa-bilidade e
concordacircncia do cliente Molina-Loza (2002) partilha essa ideacuteia considerando que
se servir de um tipo de abordagem natildeo implica necessariamente abandonar todas
as outras Para o autor uma forma de intervir que fosse igualmente vaacutelida para
todo mundo representaria um empobrecimento pois natildeo se utilizaria essa ou
aquela abordagem segundo os problemas apresentados pelos clientes mas se
adaptariam os clientes aos limites das teorias Infelizmente eacute isso que acaba
acontecendo quando se pertence a um modelo
Assim quanto agrave utilizaccedilatildeo de teacutecnicas concorda-se com os psicodramatistas
Bermuacutedez (1997) e Ferrari (1984) Oaklander (1980 1994 1999 2000) da
Gestalt terapia e Axline (1980a 1980b) da abordagem centrada na pessoa de
que a teacutecnica para a praacutetica infantil eacute necessaacuteria como instrumento mediador de
comunicaccedilatildeo mas natildeo deve ser tomada como um fim
Necessidades sentidas pelas psicoterapeutas
As psicoterapeutas entendem que aleacutem do aperfeiccediloamento permanente eacute
igualmente importan-te estarem atualizados em relaccedilatildeo ao universo infantil de
maneira geral suas brincadeiras linguagem jogos que estatildeo no mercado
literatura programas de TV muacutesicas informaacutetica vida escolar por meio de visitas
agrave escola que a crianccedila frequumlenta enfim conhecer o cotidiano dessa crianccedila no paiacutes no estado na cidade e na sua famiacutelia
Eacute ainda sentido como necessidade estarem atentos ao trabalho pessoal do
profissional por meio de psicoterapias jaacute que a sua crianccedila estaacute constante-mente
sendo acionada Revisar a praacutetica mediante supervisotildees e trocas entre profissionais
eacute tambeacutem uma necessidade Infelizmente em virtude de existirem poucos
profissionais que atuem nessa especialidade haacute dificuldade nesse sentido assim como dificuldade em encaminhamentos e indicaccedilotildees
Essa carecircncia se estende consequumlentemente para a literatura da teoria e praacutetica
dessa especialidade que eacute pouca e desatualizada Os profissionais interessa-dos
tecircm de buscar apoio em outras abordagens e fazer um esforccedilo grande de
articulaccedilatildeo para que natildeo fique fragmentada Nesse sentido Osoacuterio e Valle (2002)
fazem uma ressalva trabalhar com distintos marcos referenciais teoacutericos requer
um niacutevel de habilitaccedilatildeo ao qual soacute tecircm acesso profissionais mais experientes
Tambeacutem foi relatada uma carecircncia muito grande em relaccedilatildeo a congressos palestras e cursos voltados para a praacutetica cliacutenica infantil
Avaliaccedilatildeo da especialidade
As psicoterapeutas acreditam que a praacutetica cliacutenica infantil estaacute restrita por ser mais
difiacutecil trabalhar com a crianccedila e por exigir do profissional a compreen-satildeo da
linguagem simboacutelica manifesta pela crianccedila atraveacutes da fantasia da brincadeira
Tambeacutem foi destacado que essa praacutetica eacute altamente frustrante exigindo grande
limiar do psicoterapeuta para natildeo desistir considerando a dependecircncia que o
processo da crianccedila manteacutem em relaccedilatildeo agrave sua rede social principalmente seus
pais Portanto trabalhar com a crianccedila eacute trabalhar simultaneamente com a famiacutelia
tornandose assim uma praacutetica de grande complexidade
Tambeacutem foram feitas referecircncias agrave demanda fiacutesica que a crianccedila requer do
psicoterapeuta sendo considerado um fator que gera cansaccedilo nos psicotera-peutas
mais velhos que muitas vezes acabam por desistir de trabalhar com ela por natildeo
aguumlentarem mais abaixar levantar sentar-se no chatildeo ou ateacute pular
O sucesso do trabalho do terapeuta depende muitas vezes da
habilidadeconhecimento do profissional nesse acircmbito familiar E natildeo se sabe se os
profissionais estatildeo com formaccedilatildeo eou habilitaccedilatildeo para tais praacuteticas e consequumlentemente quais satildeo os niacuteveis de frustraccedilatildeo que tecircm vivenciado
De maneira geral segundo as participantes o proacuteprio enfoque do curso de
psicologia estaacute mais voltado ao adulto do que agrave crianccedila Num contexto mais amplo
isso repercute na formaccedilatildeo do psicoacutelogo e na escolha dos estudantes ao fazerem
sua opccedilatildeo de atuaccedilatildeo por conseguinte essa aacuterea cada vez mais tem um reduzido
nuacutemero de pessoas
Branco (1998) traz alguns questionamentos agraves universidades indagando sobre o
tipo de profissional que se quer formar no curso de psicologia se comprometido com a mudanccedila ou com a legitimaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais
Webber Botomeacute e Rebelatto (1996 p11) criticaram os curriacuteculos dos cursos de
formaccedilatildeo considerando-os mais voltados ao ensino de teacutecnicas e modelos de
atuaccedilatildeo existentes (e consagrados) do que ao desenvolvimento de atuaccedilotildees profissionais socialmente significativas
Silva (2001) afirma que atualmente se vive em busca de uma psicologia cliacutenica que
levando em conta os saberes dos quais se dispotildee efetue intervenccedilotildees nas vidas
nas relaccedilotildees nas subjetividades das pessoas sem cair em contradiccedilatildeo ou ser
rechaccedilada pelas proacuteprias criacuteticas de quem a pratica Uma cliacutenica que invente praacutexis eacuteticas e politicamente comprometidas
Segundo Bock (1997) a meta do psicoacutelogo deve ser estar sempre em movimento
Um psicoacutelogo aliado da transformaccedilatildeo do movimento da sociedade e dos
interesses da maioria da populaccedilatildeo Um psicoacutelogo inquieto conspirador que saiba
estranhar aquilo que na realidade se tornou tatildeo familiar que chega a ser pensado
como natural Um psicoacutelogo permeaacutevel agraves inovaccedilotildees que aceite o desafio de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional
Outras observaccedilotildees
O trabalho com a crianccedila foi considerado muito importante visto que lidar
precocemente com as questotildees que trazem inquietaccedilotildees e sofrimento eacute muito mais
proveitoso do que lidar com elas quando jaacute estatildeo muito cristalizadas
As participantes avaliaram que ser psicoterapeuta eacute muito gratificante mas
tambeacutem muito difiacutecil porque o profissional eacute o proacuteprio instrumento de trabalho e
isto significa que para se oferecer um trabalho de boa qualidade eacute preciso estar
bem pessoalmente e capacitado com conhecimentos teoacuterico-teacutecnicos mediante
supervisotildees especializa-ccedilotildees e isso tudo eacute muito dispendioso financeiramente Entretanto o desafio natildeo paacutera por aiacute
Colombo (2000) considera estimulante e desafiador o fato de que o psicoterapeuta
escolhe uma atividade profissional na qual eacute chamado a utilizar como instrumento
baacutesico de trabalho o proacuteprio self Para a autora eacute inquietante saber que a maacutegica
que o terapeuta deve oferecer eacute a sua integridade aqui e agora habitar a sua
morada estar em conexatildeo consigo com a proacutepria histoacuteria crenccedilas e preconceitos
com o humano e o sagrado dentro de si Enfim trazer o que somente eacute possiacutevel na
singularidade e integridade Whitaker e Bumberry (1990) destacaram que apenas
quando se luta consigo proacuteprio eacute que se fica livre para trazer a si mesmo para o
consultoacuterio psicoteraacutepico e natildeo apenas o uniforme de terapeuta
Consideraccedilotildees Finais
Quando esta pesquisa foi iniciada uma das inquietaccedilotildees que a pautavam referia-se
agrave necessidade de se buscar recursos natildeo apenas em uma abordagem e tambeacutem
natildeo somente na psicologia Havia inicialmente uma grande convicccedilatildeo da
necessidade e importacircncia de buscar em outras aacutereas o apoio substancial para um
pleno desenvolvimento do processo terapecircutico da crianccedila Entretanto tal
convicccedilatildeo natildeo se estendia agrave busca de apoio em outras abordagens visto a
incompletude de cada teoria diante da amplitude e complexidade do ser humano -
especialmente no que se refere a uma abordagem psicoteraacutepica infantil
Incomodava a possibilidade de que colegas e comunidade cientiacutefica considerassem
tal procedimento como ecleacutetico salada embora a experiecircncia demonstrasse
que uma integraccedilatildeo cuidadosa muito poderia enriquecer a praacutetica cliacutenica
Apoacutes todo o percurso de campo e teoacuterico a necessidade de busca de apoio em
outras abordagens tambeacutem foi encontrada em algumas psicoterapeutas
colaboradoras aleacutem de ter ficado evidente na revisatildeo literaacuteria que alguns autores
compartilham essas ideacuteias A partir de entatildeo tal posicionamento tornou-se mais
confortaacutevel pois se constatou que na verdade a inquietaccedilatildeo suscita mudanccedilas e
natildeo eacute prudente fechar--se em uma soacute verdade quando haacute o comprometi-mento
com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica Hoje a ideacuteia de fixar-se a um soacute modelo jaacute
estaacute sendo superada e vista como possibilidade de ficar amarrado ao dogmatismo
de uma ou outra corrente do pensamento constituiacutedo Ficar preso a um soacute modelo eacute
demais limitante se por um lado isso possa trazer uma certa seguranccedila por
outro fica-se amarrado Essas amarras contradizem o processo de autonomia que
todo terapeuta propotildee possibilitar que o cliente encontre Se houver maior
flexibilidade eacute possiacutevel adaptar os recursos agraves necessidades dos clientes e natildeo os adaptar agrave teoria em que se acredita
No dizer de Fernando Pessoa navegar eacute preciso viver natildeo eacute preciso (precisatildeo)
Portanto diante desse viver tatildeo impreciso como eacute possiacutevel trabalhar com a
subjetividade dos clientes de forma tatildeo precisa Eacute preciso suportar as incertezas
deixar soltas as amarras das teorias que aprisionam para que se possa atuar
realmente numa postura eacutetica e esteacutetica com os clientes Acredita-se que acima da
modalidade psicoteraacutepica estaacute a eacutetica a postura do profissional diante do fazer
terapecircutico
Branco (1998) afirma que o perfil do psicoacutelogo hoje deve ser o de um profissional
criacutetico natildeo necessariamente de um especialista mas sim de um estudioso
permanente das situaccedilotildees nas quais sua praacutetica esteja implicada Um profissional
que se habitue a exercitar-se numa visatildeo complexa e que perceba as contradiccedilotildees
inerentes agrave sua praacutetica e a necessidade de refazecirc-la ajudando os grupos
indiviacuteduos e instituiccedilotildees a eliminarem os processos de desuma-nizaccedilatildeo e alienaccedilatildeo responsaacuteveis pelo sofrimento psiacutequico
A formaccedilatildeo do psicoacutelogo precisa possibilitar o engajamento do futuro profissional
na sociedade aleacutem de reelaborar o conhecimento constituiacutedo Natildeo se deve com
isso eliminar as diferenccedilas teoacutericas e metodo-loacutegicas apesar das finalidades
comuns O trabalho acadecircmico coletivo deve explicitar e aprofundar as
divergecircncias Aleacutem disso a exigecircncia por uma articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica natildeo
poderaacute significar ativismo que diminua o estudo das teorias Eacute preciso pois
abarcar de forma profunda todas as matrizes do pensamento psicoloacutegico em uma
dinacircmica de trabalho que permita o confronto de pontos de vista e projetos que reuacutenam vaacuterios campos do saber
Para isso eacute preciso estar atento agraves poliacuteticas acadecircmicas que priorizam
determinadas abordagens normalmente uma ou outra dentre as mais consa-
gradas fechando o aluno em algumas verdades em termos teoacutericos e praacuteticos
atraveacutes dos estaacutegios e da pesquisa impossibilitando-o de ter acesso a uma visatildeo
mais global e com praacuteticas comprometidas com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica
Para que ratificando o pensamento de Bock (1997) seja possiacutevel formar
profissionais criacuteticos inquietos permeaacuteveis agraves inovaccedilotildees e que aceitem o desafio
de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional tudo isto aliado agrave
transformaccedilatildeo ao movimento da sociedade e aos interesses da maioria da
populaccedilatildeo haacute de se olhar criticamente a proacutepria atuaccedilatildeo como cliacutenicos e docentes
avaliando se a postura estaacute sendo coerente com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica ou de especialista de conhecimento fechado numa soacute verdade
Entende-se que atraveacutes do percurso percorrido na elaboraccedilatildeo desse estudo seja
possiacutevel com base em abordagens tradicionais promover reflexotildees que
possibilitem avaliaacute-las de forma respeitosa pelas valiosas contribuiccedilotildees que
oferecem agrave praacutetica cliacutenica poreacutem sem esquecer que satildeo algumas possibilidades
dentro de um leque de opccedilotildees Natildeo se pode portanto fechar-se nessas verdades e
tambeacutem natildeo se pode deixar de consideraacute-las como uacuteteis e eficazes mesmo diante
do avanccedilo da ciecircncia
Embora este estudo tenha partido das praacuteticas tradicionais natildeo se restringiu a
apenas uma abordagem e tambeacutem possibilitou algumas reflexotildees para aleacutem delas
atraveacutes dos temas emergentes nas entrevistas No entanto fica a contribuiccedilatildeo para
futuras pesquisas e tambeacutem a reflexatildeo de que as praacuteticas tradicionais satildeo muito
importantes mesmo com todo avanccedilo da psicologia Mas como cliacutenicos e docentes
formadores de psicoacutelogos eacute necessaacuteria uma certa permeabilidade que possibilite
criacutetica e flexibilidade para acompanhar a evoluccedilatildeo e exercer uma praacutetica para aleacutem do instituiacutedo a serviccedilo da humanizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem a localidade onde essa pesquisa foi realizada - realidade
Pernambucana ficando tambeacutem a sugestatildeo para futuras pesquisas em outras regiotildees brasileiras
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Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
especialidade categorias que emergiram como as mais relevantes por ocasiatildeo da
anaacutelise das entrevistas
Meacutetodo
Esta pesquisa de caraacuteter qualitativo foi realizada com seis psicoterapeutas
humanistas-existenciais (psicodrama Gestalt terapia e centrada na pessoa) do
sexo feminino que trabalham com crianccedilas sendo duas de cada abordagem Com
exceccedilatildeo de uma psicoterapeuta (centrada na pessoa) que tinha 30 anos de
experiecircncia como psicoacuteloga cliacutenica infantil as demais tinham entre 10 e 18 anos de
experiecircncia Trecircs das psicoterapeutas - uma de cada abordagem - eram tambeacutem
professoras do curso de graduaccedilatildeo de psicologia e supervisoras em cliacutenica-escola
em universidades particulares Todas as terapeutas entrevistadas eram da cidade
de Recife Estado de Pernambuco A dificuldade em encontrar psicotera-peutas do
sexo masculino que atuassem na praacutetica infantil determinou que as entrevistas se
realizassem apenas com terapeutas do sexo feminino
Utilizaram-se entrevistas semidirigidas como instrumento de pesquisa por
propiciarem a emergecircncia dos conteuacutedos de forma espontacircnea singular e livre O
iniacutecio da entrevista com cada colaboradora se deu mediante a seguinte questatildeo
estimuladora Me conte sobre a sua experiecircncia de ser uma psicoacuteloga cliacutenica
infantil A pesquisadora fez ainda algumas perguntas visando agrave ampliaccedilatildeo eou agrave
compreensatildeo das respostas As entrevistas foram realizadas individual e
pessoalmente com as colaboradoras sendo gravadas em fita cassete transcritas na
iacutentegra e analisadas qualitativamente A anaacutelise e a discussatildeo dos resultados
tiveram por base a literatura consultada
Resultados e Discussatildeo
Como jaacute referido apoacutes a transcriccedilatildeo das entrevistas observou-se que as respostas
poderiam ser agrupadas em cinco temas comuns sentimentos experimentados
obstaacuteculos ou dificuldades sentidas no exerciacutecio profissional recursos utilizados
necessidades sentidas e avaliaccedilatildeo da especialidade As psicoterapeutas tambeacutem fizeram outras observaccedilotildees que foram relacionadas
Sentimentos experimentados
As psicoterapeutas relataram que trabalhar com crianccedilas eacute algo muito valioso pela
possibilidade de uma accedilatildeo precoce eou preventiva tornando-se gratificante pela
contribuiccedilatildeo que representa junto agrave crianccedila famiacutelia e sociedade A espontaneidade
da crianccedila na sua comu-nicaccedilatildeo verbal e natildeo-verbal normalmente favorece o
viacutenculo entre profissional e cliente e consequumlente-mente a evoluccedilatildeo da crianccedila no
processo terapecircutico tende a ser naturalmente mais raacutepida salvo quando a colaboraccedilatildeo da sua rede social eacute imprescindiacutevel mas inexistente
Tais resultados evidenciaram a necessidade de estabelecer uma comunicaccedilatildeo
efetiva entre terapeuta e crianccedila sendo importante a atenccedilatildeo que o profissional
deve dar agrave sua proacutepria linguagem disponibilizando-se a sair do mundo adulto e
intelectualizado para alcanccedilar o mundo luacutedico da crianccedila com todo o seu
simbolismo Conectar-se com a capacidade cognitiva da crianccedila no seu momento
evolutivo colocando-se aberto agrave gama de conteuacutedos nem sempre verbais que a
crianccedila desenvolve eacute imprescindiacutevel ao terapeuta que apenas dessa forma poderaacute
eliminar o abismo existente entre ambos muitas vezes reforccedilado ateacute pela proacutepria
diferenccedila da estrutura fiacutesica do adulto Assim sendo eacute bem possiacutevel que a crianccedila o compreenda e se sinta compreendida
Para Axline (1980b) o terapeuta deve se apresentar amigavelmente adulto e
digno trazendo agrave sala de terapia algo mais que sua presenccedila laacutepis e papel eacute
necessaacuterio que a crianccedila confie no terapeuta Segundo Oaklander (1980) o
terapeuta deve se mover junto com a crianccedila no sentido de saber quando falar e
quando permanecer em silecircncio Para Bermuacutedez (1997) a tarefa do diretor
(terapeuta) eacute a de acompanhar e seguir o protagonista (cliente) na busca de sua
verdade oferecendo-lhe para que possa encontraacute-la todos os recursos pessoais teacutecnicos e metodoloacutegicos de que dispotildee
De acordo com Grandesso (2000b) trabalhar com crianccedilas exige do terapeuta a
habilidade de aproveitar ou criar oportunidades desde o momento em que se vecirc
frente a frente com a crianccedila desenvolver uma conversaccedilatildeo em torno de seus
interesses habilidades conhecimentos e particularidades de modo que ela possa
emergir como sujeito e possa ser levada a seacuterio mesmo durante a brincadeira
Mais do que isso na visatildeo dessa autora trabalhar com a crianccedila envolve poder
falar de modo luacutedico das dificuldades mas de modo suficientemente seacuterio para
gerar alternativas de mudanccedila A autora complementa que o grande desafio para o
psicoterapeuta assim orientado estaacute em inserir-se no mundo da crianccedila deixar-se
conduzir pela curiosidade genuiacutena permitir-se admirar o material trazido por ela
usando a riqueza da imagina-ccedilatildeo infantil Enfatiza tambeacutem que embora o
psicoterapeuta tenha muitos planos e objetivos natildeo deve haver expectativas cada
sessatildeo eacute uma experiecircncia existencial o que tiver que acontecer aconteceraacute Eacute
importante manter uma atitude que sustente o potencial pleno e saudaacutevel da
crianccedila num ambiente de seguranccedila e de respeito agraves suas capacidades e sentimentos
Nesse sentido Epston (1997) considera como tarefa do psicoterapeuta assistir a
crianccedila na produccedilatildeo de conhecimento gerando suas proacuteprias soluccedilotildees Para o
autor a estranheza que tal afirmaccedilatildeo pode causar decorre do fato de
habitualmente o adulto esperar que a crianccedila o leve a seacuterio tentando trazecirc-la para
o mundo adulto em vez de consideraacute-la seriamente procurando compreender o seu
mundo
Axline (1980) em seu sexto princiacutepio psicote-raacutepico alerta sobre a
responsabilidade do psicotera-peuta quando entra no mundo da crianccedila para que
tenha o cuidado de natildeo ser invasivo de maneira que a crianccedila natildeo seja bloqueada
pela intromissatildeo de sua personalidade no momento de brincar Eacute importante estar
atento agraves suas sinalizaccedilotildees e indicaccedilotildees de caminhos ficando o terapeuta na condiccedilatildeo de acompanhaacute-la
Oaklander (1980) ratifica esse aspecto ao salientar que o psicoterapeuta tem que
ter a habilidade de natildeo ser invasor de ser leve e delicado sem ser demasiadamente passivo
Paradoxalmente a esses aspectos que tornam o trabalho valioso e gratificante
sentimentos como frustraccedilatildeo solidatildeo e impotecircncia tambeacutem acompanham a praacutetica
dessa especialidade no que se refere agrave dependecircncia que o processo psicoteraacutepico
da crianccedila tem em relaccedilatildeo aos pais ou agrave rede social Embora se encontrem pais que
cresccedilam muito com o processo e sejam exiacutemios colaboradores haacute outros que por
razotildees diversas acabam por dificultar o processo de crescimento de seus filhos
Isso deixa o profissional solitaacuterio impotente e frustrado jaacute que a crianccedila tem
pouca autonomia ou seja ela eacute dependente deles ateacute mesmo para iniciar ou
suspender o processo
Acredita-se que muito da resistecircncia principal-mente dos pais eacute decorrente da
crenccedila de que seratildeo apontados como culpados pelos problemas da crianccedila e que o
psicoterapeuta estaraacute ali desempenhando o papel de denunciador dessa culpa
crucificando-os Tais sentimentos que permeiam o imaginaacuterio dos pais
provavelmente satildeo decorrentes de praacuteticas que ainda se apoacuteiam numa visatildeo que
foca mais as deficiecircncias do que as competecircncias e que acabam por desqualificar o
saber dos pais salientando o saber do terapeuta que eacute o especialista jaacute que
estudou para isso Concorda-se com Grandesso (2000a) quando afirma que
posturas terapecircuticas respaldadas num posicionamento em que o terapeuta eacute o
expert do conhecimento contribuem para dificultar a parceria com a rede social da
crianccedila minimizando o trabalho colaborativo tornando vulneraacutevel o processo
despertando sentimentos de solidatildeo impotecircncia e frustraccedilatildeo nos terapeutas
Acredita-se que esse tipo de praacutetica acentue a dificuldade de conseguir um trabalho
colaborativo isente a famiacutelia como co-participante do processo da crianccedila
possibilitando campo feacutertil em predispocirc-la a desenvolver resistecircncias e assim
dificultar o processo de parceria Isso pode ter influecircncia na motivaccedilatildeo do
profissional inclusive desmotivando-o a continuar a se dedicar a essa especialidade Entretanto sugerem-se pesquisas futuras a esse respeito
A maturidade emocional do psicoterapeuta e a experiecircncia profissional na aacuterea satildeo
citadas - tanto pelas colaboradoras como pela literatura - como propulsora do
desenvolvimento de uma habilidade maior na articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica
especialmente no que concerne ao acircmbito familiar Destaque-se que isso propicia
ao profissional uma maior seguranccedila que seraacute refletida numa accedilatildeo mais efetiva na
articulaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo da conquista da alianccedila terapecircutica atenuando as
dificuldades quanto agrave cooperaccedilatildeo da rede social da crianccedila favorecendo uma maior efetividade nos resultados do processo
Nessa dimensatildeo ainda os psicoterapeutas tambeacutem relataram experienciar solidatildeo
profissional visto que haacute poucos terapeutas atuando na aacuterea de psicoterapia
infantil nas abordagens pesquisadas o que inviabiliza trocas de experiecircncia e
encaminhamentos
Obstaacuteculos ou dificuldades no exerciacutecio profissional
Um dos maiores obstaacuteculos apontados na praacutetica da psicoterapia infantil diz
respeito agrave dificuldade de se conseguir o apoio dos pais Aleacutem disso as participantes
acrescentaram que haacute poucos profissionais trabalhando na aacuterea e que a literatura eacute
escassa A dificuldade de se conseguir alianccedila com os pais ou outros membros
significativos da rede social da crianccedila eacute algo que se destaca na praacutetica cliacutenica
infantil Muitas vezes o progresso terapecircutico da crianccedila fica estagnado por questotildees pessoais dos pais especialmente quando natildeo aceitam ajuda
Mesmo diante desses limites quatro das psicoterapeutas afirmaram que continuam
investindo na crianccedila acreditando que de alguma forma ela seraacute beneficiada pela
terapia pois eacute melhor uma ajuda limitada do que nenhuma As demais preferem
natildeo atender a crianccedila quando natildeo tecircm o apoio dos pais principalmente se
perceberem que as dificuldades da crianccedila tecircm relaccedilatildeo direta com o contexto
familiar Acreditam que mesmo que a crianccedila esteja em psicoterapia natildeo
conseguiraacute transferir o crescimento conseguido jaacute que as forccedilas contraacuterias seratildeo
constantes e por parte de pessoas que lhe satildeo significativas Esse posicionamento
ratifica a posiccedilatildeo de Dorfman (1974) que considera que eacute demais pedir a uma
crianccedila pequena que lide sozinha com as relaccedilotildees muitas vezes inflexiacuteveis e
traumatizantes com os pais
Oaklander (1980) a esse respeito relata que eacute importante ajudar a crianccedila a fazer
as escolhas que quiser e a compreender quando elas satildeo impossiacuteveis destacando
que eacute de grande importacircncia auxiliaacute-la na compreensatildeo de que natildeo pode assumir responsabili-dades por aquilo que natildeo pode escolher
Outro obstaacuteculo vivenciado pelas terapeutas refere-se ao pequeno nuacutemero de
profissionais que atuam nessa especialidade dificultando assim uma troca muacutetua e
os encaminhamentos Logo se existem poucas pessoas trabalhando na praacutetica
cliacutenica e considerando que a teoria eacute fruto dela entatildeo satildeo tambeacutem escassas as
pesquisas bem como a literatura a respeito da praacutetica infantil nas abordagens
estudadas Esses obstaacuteculos tecircm toda uma repercussatildeo na motivaccedilatildeo das pessoas para trabalhar com crianccedilas
Recursos utilizados
Atraveacutes das falas pocircde-se distinguir dois tipos de recursos usados pelas
terapeutas a rede social da crianccedila e os recursos teacutecnicos Quanto agrave rede social as
psicoterapeutas acreditam na importacircncia da famiacutelia como recurso fundamental
para auxiliar o processo da crianccedila Entendem tambeacutem que muitas vezes a
crianccedila eacute o paciente identificado o denunciador de toda a disfuncionalidade familiar
Eacute consenso entre as terapeutas que a famiacutelia pode atuar como colaboradora e
mantenedora do sintoma da crianccedila e nesse caso colocam em duacutevida os
resultados da psicoterapia infantil quando natildeo se faz um trabalho conjunto com a
famiacutelia Todas trabalham com a rede social da crianccedila no entanto a forma de
trabalhar eacute que varia de orientaccedilatildeo Para elas a terapia deveria possibilitar aos
familiares serem atores ativos de sua histoacuteria e natildeo apenas a plateacuteia que assistiraacute e
receberaacute todas as informaccedilotildees a respeito de como recuperar as circunstacircncias que
estatildeo produzindo sofrimento O fato de natildeo se colocar como pessoas que
participam como agentes transformadores de sua proacutepria histoacuteria os isenta de uma
maior responsa-bilidade tornando a relaccedilatildeo com o psicoterapeuta e com o
processo psicoteraacutepico superficial e pouco comprometida sendo assim mais difiacutecil conquistar o crescimento
Conveacutem ressaltar que assim como Grandesso (2000b) entende-se como
imprescindiacutevel respeitar os conhecimentos dos pais da crianccedila em relaccedilatildeo ao
problema que vivem Como protagonistas da histoacuteria vivida seu conhecimento
caracteriza-se como uma espeacutecie de conhecimento a partir de dentro Os pais
por viverem com a crianccedila conhecem-na muito melhor que qualquer terapeuta
tomando como referecircncia o seu lugar como pais Comunga-se tambeacutem com tais
ideacuteias pois se entende que os pais tecircm recursos naturais na praacutetica de convivecircncia com a crianccedila que podem ser mobilizados terapeuticamente
Grandesso (2000b) considera importante que o terapeuta esteja atento quanto aos
ganhos perdas apreensotildees medos e aborrecimentos accedilotildees narrativas
organizadoras dos problemas que os membros da famiacutelia vivem que podem favorecer ou dificultar a busca de alternativas de mudanccedila
Em relaccedilatildeo aos recursos teacutecnicos de maneira geral as psicoterapeutas utilizam
brinquedos e outros recursos normais de uma sala de ludoterapia - previstos na
abordagem que tecircm como diretriz - que variam entre estruturados e natildeo estruturados sendo os uacuteltimos priorizados pelas psicoterapeutas psicodramatistas
As terapeutas tambeacutem consideram o valor de se utilizarem como recurso algumas
teacutecnicas de outras abordagens desde que com conhecimento responsa-bilidade e
concordacircncia do cliente Molina-Loza (2002) partilha essa ideacuteia considerando que
se servir de um tipo de abordagem natildeo implica necessariamente abandonar todas
as outras Para o autor uma forma de intervir que fosse igualmente vaacutelida para
todo mundo representaria um empobrecimento pois natildeo se utilizaria essa ou
aquela abordagem segundo os problemas apresentados pelos clientes mas se
adaptariam os clientes aos limites das teorias Infelizmente eacute isso que acaba
acontecendo quando se pertence a um modelo
Assim quanto agrave utilizaccedilatildeo de teacutecnicas concorda-se com os psicodramatistas
Bermuacutedez (1997) e Ferrari (1984) Oaklander (1980 1994 1999 2000) da
Gestalt terapia e Axline (1980a 1980b) da abordagem centrada na pessoa de
que a teacutecnica para a praacutetica infantil eacute necessaacuteria como instrumento mediador de
comunicaccedilatildeo mas natildeo deve ser tomada como um fim
Necessidades sentidas pelas psicoterapeutas
As psicoterapeutas entendem que aleacutem do aperfeiccediloamento permanente eacute
igualmente importan-te estarem atualizados em relaccedilatildeo ao universo infantil de
maneira geral suas brincadeiras linguagem jogos que estatildeo no mercado
literatura programas de TV muacutesicas informaacutetica vida escolar por meio de visitas
agrave escola que a crianccedila frequumlenta enfim conhecer o cotidiano dessa crianccedila no paiacutes no estado na cidade e na sua famiacutelia
Eacute ainda sentido como necessidade estarem atentos ao trabalho pessoal do
profissional por meio de psicoterapias jaacute que a sua crianccedila estaacute constante-mente
sendo acionada Revisar a praacutetica mediante supervisotildees e trocas entre profissionais
eacute tambeacutem uma necessidade Infelizmente em virtude de existirem poucos
profissionais que atuem nessa especialidade haacute dificuldade nesse sentido assim como dificuldade em encaminhamentos e indicaccedilotildees
Essa carecircncia se estende consequumlentemente para a literatura da teoria e praacutetica
dessa especialidade que eacute pouca e desatualizada Os profissionais interessa-dos
tecircm de buscar apoio em outras abordagens e fazer um esforccedilo grande de
articulaccedilatildeo para que natildeo fique fragmentada Nesse sentido Osoacuterio e Valle (2002)
fazem uma ressalva trabalhar com distintos marcos referenciais teoacutericos requer
um niacutevel de habilitaccedilatildeo ao qual soacute tecircm acesso profissionais mais experientes
Tambeacutem foi relatada uma carecircncia muito grande em relaccedilatildeo a congressos palestras e cursos voltados para a praacutetica cliacutenica infantil
Avaliaccedilatildeo da especialidade
As psicoterapeutas acreditam que a praacutetica cliacutenica infantil estaacute restrita por ser mais
difiacutecil trabalhar com a crianccedila e por exigir do profissional a compreen-satildeo da
linguagem simboacutelica manifesta pela crianccedila atraveacutes da fantasia da brincadeira
Tambeacutem foi destacado que essa praacutetica eacute altamente frustrante exigindo grande
limiar do psicoterapeuta para natildeo desistir considerando a dependecircncia que o
processo da crianccedila manteacutem em relaccedilatildeo agrave sua rede social principalmente seus
pais Portanto trabalhar com a crianccedila eacute trabalhar simultaneamente com a famiacutelia
tornandose assim uma praacutetica de grande complexidade
Tambeacutem foram feitas referecircncias agrave demanda fiacutesica que a crianccedila requer do
psicoterapeuta sendo considerado um fator que gera cansaccedilo nos psicotera-peutas
mais velhos que muitas vezes acabam por desistir de trabalhar com ela por natildeo
aguumlentarem mais abaixar levantar sentar-se no chatildeo ou ateacute pular
O sucesso do trabalho do terapeuta depende muitas vezes da
habilidadeconhecimento do profissional nesse acircmbito familiar E natildeo se sabe se os
profissionais estatildeo com formaccedilatildeo eou habilitaccedilatildeo para tais praacuteticas e consequumlentemente quais satildeo os niacuteveis de frustraccedilatildeo que tecircm vivenciado
De maneira geral segundo as participantes o proacuteprio enfoque do curso de
psicologia estaacute mais voltado ao adulto do que agrave crianccedila Num contexto mais amplo
isso repercute na formaccedilatildeo do psicoacutelogo e na escolha dos estudantes ao fazerem
sua opccedilatildeo de atuaccedilatildeo por conseguinte essa aacuterea cada vez mais tem um reduzido
nuacutemero de pessoas
Branco (1998) traz alguns questionamentos agraves universidades indagando sobre o
tipo de profissional que se quer formar no curso de psicologia se comprometido com a mudanccedila ou com a legitimaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais
Webber Botomeacute e Rebelatto (1996 p11) criticaram os curriacuteculos dos cursos de
formaccedilatildeo considerando-os mais voltados ao ensino de teacutecnicas e modelos de
atuaccedilatildeo existentes (e consagrados) do que ao desenvolvimento de atuaccedilotildees profissionais socialmente significativas
Silva (2001) afirma que atualmente se vive em busca de uma psicologia cliacutenica que
levando em conta os saberes dos quais se dispotildee efetue intervenccedilotildees nas vidas
nas relaccedilotildees nas subjetividades das pessoas sem cair em contradiccedilatildeo ou ser
rechaccedilada pelas proacuteprias criacuteticas de quem a pratica Uma cliacutenica que invente praacutexis eacuteticas e politicamente comprometidas
Segundo Bock (1997) a meta do psicoacutelogo deve ser estar sempre em movimento
Um psicoacutelogo aliado da transformaccedilatildeo do movimento da sociedade e dos
interesses da maioria da populaccedilatildeo Um psicoacutelogo inquieto conspirador que saiba
estranhar aquilo que na realidade se tornou tatildeo familiar que chega a ser pensado
como natural Um psicoacutelogo permeaacutevel agraves inovaccedilotildees que aceite o desafio de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional
Outras observaccedilotildees
O trabalho com a crianccedila foi considerado muito importante visto que lidar
precocemente com as questotildees que trazem inquietaccedilotildees e sofrimento eacute muito mais
proveitoso do que lidar com elas quando jaacute estatildeo muito cristalizadas
As participantes avaliaram que ser psicoterapeuta eacute muito gratificante mas
tambeacutem muito difiacutecil porque o profissional eacute o proacuteprio instrumento de trabalho e
isto significa que para se oferecer um trabalho de boa qualidade eacute preciso estar
bem pessoalmente e capacitado com conhecimentos teoacuterico-teacutecnicos mediante
supervisotildees especializa-ccedilotildees e isso tudo eacute muito dispendioso financeiramente Entretanto o desafio natildeo paacutera por aiacute
Colombo (2000) considera estimulante e desafiador o fato de que o psicoterapeuta
escolhe uma atividade profissional na qual eacute chamado a utilizar como instrumento
baacutesico de trabalho o proacuteprio self Para a autora eacute inquietante saber que a maacutegica
que o terapeuta deve oferecer eacute a sua integridade aqui e agora habitar a sua
morada estar em conexatildeo consigo com a proacutepria histoacuteria crenccedilas e preconceitos
com o humano e o sagrado dentro de si Enfim trazer o que somente eacute possiacutevel na
singularidade e integridade Whitaker e Bumberry (1990) destacaram que apenas
quando se luta consigo proacuteprio eacute que se fica livre para trazer a si mesmo para o
consultoacuterio psicoteraacutepico e natildeo apenas o uniforme de terapeuta
Consideraccedilotildees Finais
Quando esta pesquisa foi iniciada uma das inquietaccedilotildees que a pautavam referia-se
agrave necessidade de se buscar recursos natildeo apenas em uma abordagem e tambeacutem
natildeo somente na psicologia Havia inicialmente uma grande convicccedilatildeo da
necessidade e importacircncia de buscar em outras aacutereas o apoio substancial para um
pleno desenvolvimento do processo terapecircutico da crianccedila Entretanto tal
convicccedilatildeo natildeo se estendia agrave busca de apoio em outras abordagens visto a
incompletude de cada teoria diante da amplitude e complexidade do ser humano -
especialmente no que se refere a uma abordagem psicoteraacutepica infantil
Incomodava a possibilidade de que colegas e comunidade cientiacutefica considerassem
tal procedimento como ecleacutetico salada embora a experiecircncia demonstrasse
que uma integraccedilatildeo cuidadosa muito poderia enriquecer a praacutetica cliacutenica
Apoacutes todo o percurso de campo e teoacuterico a necessidade de busca de apoio em
outras abordagens tambeacutem foi encontrada em algumas psicoterapeutas
colaboradoras aleacutem de ter ficado evidente na revisatildeo literaacuteria que alguns autores
compartilham essas ideacuteias A partir de entatildeo tal posicionamento tornou-se mais
confortaacutevel pois se constatou que na verdade a inquietaccedilatildeo suscita mudanccedilas e
natildeo eacute prudente fechar--se em uma soacute verdade quando haacute o comprometi-mento
com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica Hoje a ideacuteia de fixar-se a um soacute modelo jaacute
estaacute sendo superada e vista como possibilidade de ficar amarrado ao dogmatismo
de uma ou outra corrente do pensamento constituiacutedo Ficar preso a um soacute modelo eacute
demais limitante se por um lado isso possa trazer uma certa seguranccedila por
outro fica-se amarrado Essas amarras contradizem o processo de autonomia que
todo terapeuta propotildee possibilitar que o cliente encontre Se houver maior
flexibilidade eacute possiacutevel adaptar os recursos agraves necessidades dos clientes e natildeo os adaptar agrave teoria em que se acredita
No dizer de Fernando Pessoa navegar eacute preciso viver natildeo eacute preciso (precisatildeo)
Portanto diante desse viver tatildeo impreciso como eacute possiacutevel trabalhar com a
subjetividade dos clientes de forma tatildeo precisa Eacute preciso suportar as incertezas
deixar soltas as amarras das teorias que aprisionam para que se possa atuar
realmente numa postura eacutetica e esteacutetica com os clientes Acredita-se que acima da
modalidade psicoteraacutepica estaacute a eacutetica a postura do profissional diante do fazer
terapecircutico
Branco (1998) afirma que o perfil do psicoacutelogo hoje deve ser o de um profissional
criacutetico natildeo necessariamente de um especialista mas sim de um estudioso
permanente das situaccedilotildees nas quais sua praacutetica esteja implicada Um profissional
que se habitue a exercitar-se numa visatildeo complexa e que perceba as contradiccedilotildees
inerentes agrave sua praacutetica e a necessidade de refazecirc-la ajudando os grupos
indiviacuteduos e instituiccedilotildees a eliminarem os processos de desuma-nizaccedilatildeo e alienaccedilatildeo responsaacuteveis pelo sofrimento psiacutequico
A formaccedilatildeo do psicoacutelogo precisa possibilitar o engajamento do futuro profissional
na sociedade aleacutem de reelaborar o conhecimento constituiacutedo Natildeo se deve com
isso eliminar as diferenccedilas teoacutericas e metodo-loacutegicas apesar das finalidades
comuns O trabalho acadecircmico coletivo deve explicitar e aprofundar as
divergecircncias Aleacutem disso a exigecircncia por uma articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica natildeo
poderaacute significar ativismo que diminua o estudo das teorias Eacute preciso pois
abarcar de forma profunda todas as matrizes do pensamento psicoloacutegico em uma
dinacircmica de trabalho que permita o confronto de pontos de vista e projetos que reuacutenam vaacuterios campos do saber
Para isso eacute preciso estar atento agraves poliacuteticas acadecircmicas que priorizam
determinadas abordagens normalmente uma ou outra dentre as mais consa-
gradas fechando o aluno em algumas verdades em termos teoacutericos e praacuteticos
atraveacutes dos estaacutegios e da pesquisa impossibilitando-o de ter acesso a uma visatildeo
mais global e com praacuteticas comprometidas com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica
Para que ratificando o pensamento de Bock (1997) seja possiacutevel formar
profissionais criacuteticos inquietos permeaacuteveis agraves inovaccedilotildees e que aceitem o desafio
de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional tudo isto aliado agrave
transformaccedilatildeo ao movimento da sociedade e aos interesses da maioria da
populaccedilatildeo haacute de se olhar criticamente a proacutepria atuaccedilatildeo como cliacutenicos e docentes
avaliando se a postura estaacute sendo coerente com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica ou de especialista de conhecimento fechado numa soacute verdade
Entende-se que atraveacutes do percurso percorrido na elaboraccedilatildeo desse estudo seja
possiacutevel com base em abordagens tradicionais promover reflexotildees que
possibilitem avaliaacute-las de forma respeitosa pelas valiosas contribuiccedilotildees que
oferecem agrave praacutetica cliacutenica poreacutem sem esquecer que satildeo algumas possibilidades
dentro de um leque de opccedilotildees Natildeo se pode portanto fechar-se nessas verdades e
tambeacutem natildeo se pode deixar de consideraacute-las como uacuteteis e eficazes mesmo diante
do avanccedilo da ciecircncia
Embora este estudo tenha partido das praacuteticas tradicionais natildeo se restringiu a
apenas uma abordagem e tambeacutem possibilitou algumas reflexotildees para aleacutem delas
atraveacutes dos temas emergentes nas entrevistas No entanto fica a contribuiccedilatildeo para
futuras pesquisas e tambeacutem a reflexatildeo de que as praacuteticas tradicionais satildeo muito
importantes mesmo com todo avanccedilo da psicologia Mas como cliacutenicos e docentes
formadores de psicoacutelogos eacute necessaacuteria uma certa permeabilidade que possibilite
criacutetica e flexibilidade para acompanhar a evoluccedilatildeo e exercer uma praacutetica para aleacutem do instituiacutedo a serviccedilo da humanizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem a localidade onde essa pesquisa foi realizada - realidade
Pernambucana ficando tambeacutem a sugestatildeo para futuras pesquisas em outras regiotildees brasileiras
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Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
crianccedila desenvolve eacute imprescindiacutevel ao terapeuta que apenas dessa forma poderaacute
eliminar o abismo existente entre ambos muitas vezes reforccedilado ateacute pela proacutepria
diferenccedila da estrutura fiacutesica do adulto Assim sendo eacute bem possiacutevel que a crianccedila o compreenda e se sinta compreendida
Para Axline (1980b) o terapeuta deve se apresentar amigavelmente adulto e
digno trazendo agrave sala de terapia algo mais que sua presenccedila laacutepis e papel eacute
necessaacuterio que a crianccedila confie no terapeuta Segundo Oaklander (1980) o
terapeuta deve se mover junto com a crianccedila no sentido de saber quando falar e
quando permanecer em silecircncio Para Bermuacutedez (1997) a tarefa do diretor
(terapeuta) eacute a de acompanhar e seguir o protagonista (cliente) na busca de sua
verdade oferecendo-lhe para que possa encontraacute-la todos os recursos pessoais teacutecnicos e metodoloacutegicos de que dispotildee
De acordo com Grandesso (2000b) trabalhar com crianccedilas exige do terapeuta a
habilidade de aproveitar ou criar oportunidades desde o momento em que se vecirc
frente a frente com a crianccedila desenvolver uma conversaccedilatildeo em torno de seus
interesses habilidades conhecimentos e particularidades de modo que ela possa
emergir como sujeito e possa ser levada a seacuterio mesmo durante a brincadeira
Mais do que isso na visatildeo dessa autora trabalhar com a crianccedila envolve poder
falar de modo luacutedico das dificuldades mas de modo suficientemente seacuterio para
gerar alternativas de mudanccedila A autora complementa que o grande desafio para o
psicoterapeuta assim orientado estaacute em inserir-se no mundo da crianccedila deixar-se
conduzir pela curiosidade genuiacutena permitir-se admirar o material trazido por ela
usando a riqueza da imagina-ccedilatildeo infantil Enfatiza tambeacutem que embora o
psicoterapeuta tenha muitos planos e objetivos natildeo deve haver expectativas cada
sessatildeo eacute uma experiecircncia existencial o que tiver que acontecer aconteceraacute Eacute
importante manter uma atitude que sustente o potencial pleno e saudaacutevel da
crianccedila num ambiente de seguranccedila e de respeito agraves suas capacidades e sentimentos
Nesse sentido Epston (1997) considera como tarefa do psicoterapeuta assistir a
crianccedila na produccedilatildeo de conhecimento gerando suas proacuteprias soluccedilotildees Para o
autor a estranheza que tal afirmaccedilatildeo pode causar decorre do fato de
habitualmente o adulto esperar que a crianccedila o leve a seacuterio tentando trazecirc-la para
o mundo adulto em vez de consideraacute-la seriamente procurando compreender o seu
mundo
Axline (1980) em seu sexto princiacutepio psicote-raacutepico alerta sobre a
responsabilidade do psicotera-peuta quando entra no mundo da crianccedila para que
tenha o cuidado de natildeo ser invasivo de maneira que a crianccedila natildeo seja bloqueada
pela intromissatildeo de sua personalidade no momento de brincar Eacute importante estar
atento agraves suas sinalizaccedilotildees e indicaccedilotildees de caminhos ficando o terapeuta na condiccedilatildeo de acompanhaacute-la
Oaklander (1980) ratifica esse aspecto ao salientar que o psicoterapeuta tem que
ter a habilidade de natildeo ser invasor de ser leve e delicado sem ser demasiadamente passivo
Paradoxalmente a esses aspectos que tornam o trabalho valioso e gratificante
sentimentos como frustraccedilatildeo solidatildeo e impotecircncia tambeacutem acompanham a praacutetica
dessa especialidade no que se refere agrave dependecircncia que o processo psicoteraacutepico
da crianccedila tem em relaccedilatildeo aos pais ou agrave rede social Embora se encontrem pais que
cresccedilam muito com o processo e sejam exiacutemios colaboradores haacute outros que por
razotildees diversas acabam por dificultar o processo de crescimento de seus filhos
Isso deixa o profissional solitaacuterio impotente e frustrado jaacute que a crianccedila tem
pouca autonomia ou seja ela eacute dependente deles ateacute mesmo para iniciar ou
suspender o processo
Acredita-se que muito da resistecircncia principal-mente dos pais eacute decorrente da
crenccedila de que seratildeo apontados como culpados pelos problemas da crianccedila e que o
psicoterapeuta estaraacute ali desempenhando o papel de denunciador dessa culpa
crucificando-os Tais sentimentos que permeiam o imaginaacuterio dos pais
provavelmente satildeo decorrentes de praacuteticas que ainda se apoacuteiam numa visatildeo que
foca mais as deficiecircncias do que as competecircncias e que acabam por desqualificar o
saber dos pais salientando o saber do terapeuta que eacute o especialista jaacute que
estudou para isso Concorda-se com Grandesso (2000a) quando afirma que
posturas terapecircuticas respaldadas num posicionamento em que o terapeuta eacute o
expert do conhecimento contribuem para dificultar a parceria com a rede social da
crianccedila minimizando o trabalho colaborativo tornando vulneraacutevel o processo
despertando sentimentos de solidatildeo impotecircncia e frustraccedilatildeo nos terapeutas
Acredita-se que esse tipo de praacutetica acentue a dificuldade de conseguir um trabalho
colaborativo isente a famiacutelia como co-participante do processo da crianccedila
possibilitando campo feacutertil em predispocirc-la a desenvolver resistecircncias e assim
dificultar o processo de parceria Isso pode ter influecircncia na motivaccedilatildeo do
profissional inclusive desmotivando-o a continuar a se dedicar a essa especialidade Entretanto sugerem-se pesquisas futuras a esse respeito
A maturidade emocional do psicoterapeuta e a experiecircncia profissional na aacuterea satildeo
citadas - tanto pelas colaboradoras como pela literatura - como propulsora do
desenvolvimento de uma habilidade maior na articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica
especialmente no que concerne ao acircmbito familiar Destaque-se que isso propicia
ao profissional uma maior seguranccedila que seraacute refletida numa accedilatildeo mais efetiva na
articulaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo da conquista da alianccedila terapecircutica atenuando as
dificuldades quanto agrave cooperaccedilatildeo da rede social da crianccedila favorecendo uma maior efetividade nos resultados do processo
Nessa dimensatildeo ainda os psicoterapeutas tambeacutem relataram experienciar solidatildeo
profissional visto que haacute poucos terapeutas atuando na aacuterea de psicoterapia
infantil nas abordagens pesquisadas o que inviabiliza trocas de experiecircncia e
encaminhamentos
Obstaacuteculos ou dificuldades no exerciacutecio profissional
Um dos maiores obstaacuteculos apontados na praacutetica da psicoterapia infantil diz
respeito agrave dificuldade de se conseguir o apoio dos pais Aleacutem disso as participantes
acrescentaram que haacute poucos profissionais trabalhando na aacuterea e que a literatura eacute
escassa A dificuldade de se conseguir alianccedila com os pais ou outros membros
significativos da rede social da crianccedila eacute algo que se destaca na praacutetica cliacutenica
infantil Muitas vezes o progresso terapecircutico da crianccedila fica estagnado por questotildees pessoais dos pais especialmente quando natildeo aceitam ajuda
Mesmo diante desses limites quatro das psicoterapeutas afirmaram que continuam
investindo na crianccedila acreditando que de alguma forma ela seraacute beneficiada pela
terapia pois eacute melhor uma ajuda limitada do que nenhuma As demais preferem
natildeo atender a crianccedila quando natildeo tecircm o apoio dos pais principalmente se
perceberem que as dificuldades da crianccedila tecircm relaccedilatildeo direta com o contexto
familiar Acreditam que mesmo que a crianccedila esteja em psicoterapia natildeo
conseguiraacute transferir o crescimento conseguido jaacute que as forccedilas contraacuterias seratildeo
constantes e por parte de pessoas que lhe satildeo significativas Esse posicionamento
ratifica a posiccedilatildeo de Dorfman (1974) que considera que eacute demais pedir a uma
crianccedila pequena que lide sozinha com as relaccedilotildees muitas vezes inflexiacuteveis e
traumatizantes com os pais
Oaklander (1980) a esse respeito relata que eacute importante ajudar a crianccedila a fazer
as escolhas que quiser e a compreender quando elas satildeo impossiacuteveis destacando
que eacute de grande importacircncia auxiliaacute-la na compreensatildeo de que natildeo pode assumir responsabili-dades por aquilo que natildeo pode escolher
Outro obstaacuteculo vivenciado pelas terapeutas refere-se ao pequeno nuacutemero de
profissionais que atuam nessa especialidade dificultando assim uma troca muacutetua e
os encaminhamentos Logo se existem poucas pessoas trabalhando na praacutetica
cliacutenica e considerando que a teoria eacute fruto dela entatildeo satildeo tambeacutem escassas as
pesquisas bem como a literatura a respeito da praacutetica infantil nas abordagens
estudadas Esses obstaacuteculos tecircm toda uma repercussatildeo na motivaccedilatildeo das pessoas para trabalhar com crianccedilas
Recursos utilizados
Atraveacutes das falas pocircde-se distinguir dois tipos de recursos usados pelas
terapeutas a rede social da crianccedila e os recursos teacutecnicos Quanto agrave rede social as
psicoterapeutas acreditam na importacircncia da famiacutelia como recurso fundamental
para auxiliar o processo da crianccedila Entendem tambeacutem que muitas vezes a
crianccedila eacute o paciente identificado o denunciador de toda a disfuncionalidade familiar
Eacute consenso entre as terapeutas que a famiacutelia pode atuar como colaboradora e
mantenedora do sintoma da crianccedila e nesse caso colocam em duacutevida os
resultados da psicoterapia infantil quando natildeo se faz um trabalho conjunto com a
famiacutelia Todas trabalham com a rede social da crianccedila no entanto a forma de
trabalhar eacute que varia de orientaccedilatildeo Para elas a terapia deveria possibilitar aos
familiares serem atores ativos de sua histoacuteria e natildeo apenas a plateacuteia que assistiraacute e
receberaacute todas as informaccedilotildees a respeito de como recuperar as circunstacircncias que
estatildeo produzindo sofrimento O fato de natildeo se colocar como pessoas que
participam como agentes transformadores de sua proacutepria histoacuteria os isenta de uma
maior responsa-bilidade tornando a relaccedilatildeo com o psicoterapeuta e com o
processo psicoteraacutepico superficial e pouco comprometida sendo assim mais difiacutecil conquistar o crescimento
Conveacutem ressaltar que assim como Grandesso (2000b) entende-se como
imprescindiacutevel respeitar os conhecimentos dos pais da crianccedila em relaccedilatildeo ao
problema que vivem Como protagonistas da histoacuteria vivida seu conhecimento
caracteriza-se como uma espeacutecie de conhecimento a partir de dentro Os pais
por viverem com a crianccedila conhecem-na muito melhor que qualquer terapeuta
tomando como referecircncia o seu lugar como pais Comunga-se tambeacutem com tais
ideacuteias pois se entende que os pais tecircm recursos naturais na praacutetica de convivecircncia com a crianccedila que podem ser mobilizados terapeuticamente
Grandesso (2000b) considera importante que o terapeuta esteja atento quanto aos
ganhos perdas apreensotildees medos e aborrecimentos accedilotildees narrativas
organizadoras dos problemas que os membros da famiacutelia vivem que podem favorecer ou dificultar a busca de alternativas de mudanccedila
Em relaccedilatildeo aos recursos teacutecnicos de maneira geral as psicoterapeutas utilizam
brinquedos e outros recursos normais de uma sala de ludoterapia - previstos na
abordagem que tecircm como diretriz - que variam entre estruturados e natildeo estruturados sendo os uacuteltimos priorizados pelas psicoterapeutas psicodramatistas
As terapeutas tambeacutem consideram o valor de se utilizarem como recurso algumas
teacutecnicas de outras abordagens desde que com conhecimento responsa-bilidade e
concordacircncia do cliente Molina-Loza (2002) partilha essa ideacuteia considerando que
se servir de um tipo de abordagem natildeo implica necessariamente abandonar todas
as outras Para o autor uma forma de intervir que fosse igualmente vaacutelida para
todo mundo representaria um empobrecimento pois natildeo se utilizaria essa ou
aquela abordagem segundo os problemas apresentados pelos clientes mas se
adaptariam os clientes aos limites das teorias Infelizmente eacute isso que acaba
acontecendo quando se pertence a um modelo
Assim quanto agrave utilizaccedilatildeo de teacutecnicas concorda-se com os psicodramatistas
Bermuacutedez (1997) e Ferrari (1984) Oaklander (1980 1994 1999 2000) da
Gestalt terapia e Axline (1980a 1980b) da abordagem centrada na pessoa de
que a teacutecnica para a praacutetica infantil eacute necessaacuteria como instrumento mediador de
comunicaccedilatildeo mas natildeo deve ser tomada como um fim
Necessidades sentidas pelas psicoterapeutas
As psicoterapeutas entendem que aleacutem do aperfeiccediloamento permanente eacute
igualmente importan-te estarem atualizados em relaccedilatildeo ao universo infantil de
maneira geral suas brincadeiras linguagem jogos que estatildeo no mercado
literatura programas de TV muacutesicas informaacutetica vida escolar por meio de visitas
agrave escola que a crianccedila frequumlenta enfim conhecer o cotidiano dessa crianccedila no paiacutes no estado na cidade e na sua famiacutelia
Eacute ainda sentido como necessidade estarem atentos ao trabalho pessoal do
profissional por meio de psicoterapias jaacute que a sua crianccedila estaacute constante-mente
sendo acionada Revisar a praacutetica mediante supervisotildees e trocas entre profissionais
eacute tambeacutem uma necessidade Infelizmente em virtude de existirem poucos
profissionais que atuem nessa especialidade haacute dificuldade nesse sentido assim como dificuldade em encaminhamentos e indicaccedilotildees
Essa carecircncia se estende consequumlentemente para a literatura da teoria e praacutetica
dessa especialidade que eacute pouca e desatualizada Os profissionais interessa-dos
tecircm de buscar apoio em outras abordagens e fazer um esforccedilo grande de
articulaccedilatildeo para que natildeo fique fragmentada Nesse sentido Osoacuterio e Valle (2002)
fazem uma ressalva trabalhar com distintos marcos referenciais teoacutericos requer
um niacutevel de habilitaccedilatildeo ao qual soacute tecircm acesso profissionais mais experientes
Tambeacutem foi relatada uma carecircncia muito grande em relaccedilatildeo a congressos palestras e cursos voltados para a praacutetica cliacutenica infantil
Avaliaccedilatildeo da especialidade
As psicoterapeutas acreditam que a praacutetica cliacutenica infantil estaacute restrita por ser mais
difiacutecil trabalhar com a crianccedila e por exigir do profissional a compreen-satildeo da
linguagem simboacutelica manifesta pela crianccedila atraveacutes da fantasia da brincadeira
Tambeacutem foi destacado que essa praacutetica eacute altamente frustrante exigindo grande
limiar do psicoterapeuta para natildeo desistir considerando a dependecircncia que o
processo da crianccedila manteacutem em relaccedilatildeo agrave sua rede social principalmente seus
pais Portanto trabalhar com a crianccedila eacute trabalhar simultaneamente com a famiacutelia
tornandose assim uma praacutetica de grande complexidade
Tambeacutem foram feitas referecircncias agrave demanda fiacutesica que a crianccedila requer do
psicoterapeuta sendo considerado um fator que gera cansaccedilo nos psicotera-peutas
mais velhos que muitas vezes acabam por desistir de trabalhar com ela por natildeo
aguumlentarem mais abaixar levantar sentar-se no chatildeo ou ateacute pular
O sucesso do trabalho do terapeuta depende muitas vezes da
habilidadeconhecimento do profissional nesse acircmbito familiar E natildeo se sabe se os
profissionais estatildeo com formaccedilatildeo eou habilitaccedilatildeo para tais praacuteticas e consequumlentemente quais satildeo os niacuteveis de frustraccedilatildeo que tecircm vivenciado
De maneira geral segundo as participantes o proacuteprio enfoque do curso de
psicologia estaacute mais voltado ao adulto do que agrave crianccedila Num contexto mais amplo
isso repercute na formaccedilatildeo do psicoacutelogo e na escolha dos estudantes ao fazerem
sua opccedilatildeo de atuaccedilatildeo por conseguinte essa aacuterea cada vez mais tem um reduzido
nuacutemero de pessoas
Branco (1998) traz alguns questionamentos agraves universidades indagando sobre o
tipo de profissional que se quer formar no curso de psicologia se comprometido com a mudanccedila ou com a legitimaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais
Webber Botomeacute e Rebelatto (1996 p11) criticaram os curriacuteculos dos cursos de
formaccedilatildeo considerando-os mais voltados ao ensino de teacutecnicas e modelos de
atuaccedilatildeo existentes (e consagrados) do que ao desenvolvimento de atuaccedilotildees profissionais socialmente significativas
Silva (2001) afirma que atualmente se vive em busca de uma psicologia cliacutenica que
levando em conta os saberes dos quais se dispotildee efetue intervenccedilotildees nas vidas
nas relaccedilotildees nas subjetividades das pessoas sem cair em contradiccedilatildeo ou ser
rechaccedilada pelas proacuteprias criacuteticas de quem a pratica Uma cliacutenica que invente praacutexis eacuteticas e politicamente comprometidas
Segundo Bock (1997) a meta do psicoacutelogo deve ser estar sempre em movimento
Um psicoacutelogo aliado da transformaccedilatildeo do movimento da sociedade e dos
interesses da maioria da populaccedilatildeo Um psicoacutelogo inquieto conspirador que saiba
estranhar aquilo que na realidade se tornou tatildeo familiar que chega a ser pensado
como natural Um psicoacutelogo permeaacutevel agraves inovaccedilotildees que aceite o desafio de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional
Outras observaccedilotildees
O trabalho com a crianccedila foi considerado muito importante visto que lidar
precocemente com as questotildees que trazem inquietaccedilotildees e sofrimento eacute muito mais
proveitoso do que lidar com elas quando jaacute estatildeo muito cristalizadas
As participantes avaliaram que ser psicoterapeuta eacute muito gratificante mas
tambeacutem muito difiacutecil porque o profissional eacute o proacuteprio instrumento de trabalho e
isto significa que para se oferecer um trabalho de boa qualidade eacute preciso estar
bem pessoalmente e capacitado com conhecimentos teoacuterico-teacutecnicos mediante
supervisotildees especializa-ccedilotildees e isso tudo eacute muito dispendioso financeiramente Entretanto o desafio natildeo paacutera por aiacute
Colombo (2000) considera estimulante e desafiador o fato de que o psicoterapeuta
escolhe uma atividade profissional na qual eacute chamado a utilizar como instrumento
baacutesico de trabalho o proacuteprio self Para a autora eacute inquietante saber que a maacutegica
que o terapeuta deve oferecer eacute a sua integridade aqui e agora habitar a sua
morada estar em conexatildeo consigo com a proacutepria histoacuteria crenccedilas e preconceitos
com o humano e o sagrado dentro de si Enfim trazer o que somente eacute possiacutevel na
singularidade e integridade Whitaker e Bumberry (1990) destacaram que apenas
quando se luta consigo proacuteprio eacute que se fica livre para trazer a si mesmo para o
consultoacuterio psicoteraacutepico e natildeo apenas o uniforme de terapeuta
Consideraccedilotildees Finais
Quando esta pesquisa foi iniciada uma das inquietaccedilotildees que a pautavam referia-se
agrave necessidade de se buscar recursos natildeo apenas em uma abordagem e tambeacutem
natildeo somente na psicologia Havia inicialmente uma grande convicccedilatildeo da
necessidade e importacircncia de buscar em outras aacutereas o apoio substancial para um
pleno desenvolvimento do processo terapecircutico da crianccedila Entretanto tal
convicccedilatildeo natildeo se estendia agrave busca de apoio em outras abordagens visto a
incompletude de cada teoria diante da amplitude e complexidade do ser humano -
especialmente no que se refere a uma abordagem psicoteraacutepica infantil
Incomodava a possibilidade de que colegas e comunidade cientiacutefica considerassem
tal procedimento como ecleacutetico salada embora a experiecircncia demonstrasse
que uma integraccedilatildeo cuidadosa muito poderia enriquecer a praacutetica cliacutenica
Apoacutes todo o percurso de campo e teoacuterico a necessidade de busca de apoio em
outras abordagens tambeacutem foi encontrada em algumas psicoterapeutas
colaboradoras aleacutem de ter ficado evidente na revisatildeo literaacuteria que alguns autores
compartilham essas ideacuteias A partir de entatildeo tal posicionamento tornou-se mais
confortaacutevel pois se constatou que na verdade a inquietaccedilatildeo suscita mudanccedilas e
natildeo eacute prudente fechar--se em uma soacute verdade quando haacute o comprometi-mento
com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica Hoje a ideacuteia de fixar-se a um soacute modelo jaacute
estaacute sendo superada e vista como possibilidade de ficar amarrado ao dogmatismo
de uma ou outra corrente do pensamento constituiacutedo Ficar preso a um soacute modelo eacute
demais limitante se por um lado isso possa trazer uma certa seguranccedila por
outro fica-se amarrado Essas amarras contradizem o processo de autonomia que
todo terapeuta propotildee possibilitar que o cliente encontre Se houver maior
flexibilidade eacute possiacutevel adaptar os recursos agraves necessidades dos clientes e natildeo os adaptar agrave teoria em que se acredita
No dizer de Fernando Pessoa navegar eacute preciso viver natildeo eacute preciso (precisatildeo)
Portanto diante desse viver tatildeo impreciso como eacute possiacutevel trabalhar com a
subjetividade dos clientes de forma tatildeo precisa Eacute preciso suportar as incertezas
deixar soltas as amarras das teorias que aprisionam para que se possa atuar
realmente numa postura eacutetica e esteacutetica com os clientes Acredita-se que acima da
modalidade psicoteraacutepica estaacute a eacutetica a postura do profissional diante do fazer
terapecircutico
Branco (1998) afirma que o perfil do psicoacutelogo hoje deve ser o de um profissional
criacutetico natildeo necessariamente de um especialista mas sim de um estudioso
permanente das situaccedilotildees nas quais sua praacutetica esteja implicada Um profissional
que se habitue a exercitar-se numa visatildeo complexa e que perceba as contradiccedilotildees
inerentes agrave sua praacutetica e a necessidade de refazecirc-la ajudando os grupos
indiviacuteduos e instituiccedilotildees a eliminarem os processos de desuma-nizaccedilatildeo e alienaccedilatildeo responsaacuteveis pelo sofrimento psiacutequico
A formaccedilatildeo do psicoacutelogo precisa possibilitar o engajamento do futuro profissional
na sociedade aleacutem de reelaborar o conhecimento constituiacutedo Natildeo se deve com
isso eliminar as diferenccedilas teoacutericas e metodo-loacutegicas apesar das finalidades
comuns O trabalho acadecircmico coletivo deve explicitar e aprofundar as
divergecircncias Aleacutem disso a exigecircncia por uma articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica natildeo
poderaacute significar ativismo que diminua o estudo das teorias Eacute preciso pois
abarcar de forma profunda todas as matrizes do pensamento psicoloacutegico em uma
dinacircmica de trabalho que permita o confronto de pontos de vista e projetos que reuacutenam vaacuterios campos do saber
Para isso eacute preciso estar atento agraves poliacuteticas acadecircmicas que priorizam
determinadas abordagens normalmente uma ou outra dentre as mais consa-
gradas fechando o aluno em algumas verdades em termos teoacutericos e praacuteticos
atraveacutes dos estaacutegios e da pesquisa impossibilitando-o de ter acesso a uma visatildeo
mais global e com praacuteticas comprometidas com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica
Para que ratificando o pensamento de Bock (1997) seja possiacutevel formar
profissionais criacuteticos inquietos permeaacuteveis agraves inovaccedilotildees e que aceitem o desafio
de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional tudo isto aliado agrave
transformaccedilatildeo ao movimento da sociedade e aos interesses da maioria da
populaccedilatildeo haacute de se olhar criticamente a proacutepria atuaccedilatildeo como cliacutenicos e docentes
avaliando se a postura estaacute sendo coerente com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica ou de especialista de conhecimento fechado numa soacute verdade
Entende-se que atraveacutes do percurso percorrido na elaboraccedilatildeo desse estudo seja
possiacutevel com base em abordagens tradicionais promover reflexotildees que
possibilitem avaliaacute-las de forma respeitosa pelas valiosas contribuiccedilotildees que
oferecem agrave praacutetica cliacutenica poreacutem sem esquecer que satildeo algumas possibilidades
dentro de um leque de opccedilotildees Natildeo se pode portanto fechar-se nessas verdades e
tambeacutem natildeo se pode deixar de consideraacute-las como uacuteteis e eficazes mesmo diante
do avanccedilo da ciecircncia
Embora este estudo tenha partido das praacuteticas tradicionais natildeo se restringiu a
apenas uma abordagem e tambeacutem possibilitou algumas reflexotildees para aleacutem delas
atraveacutes dos temas emergentes nas entrevistas No entanto fica a contribuiccedilatildeo para
futuras pesquisas e tambeacutem a reflexatildeo de que as praacuteticas tradicionais satildeo muito
importantes mesmo com todo avanccedilo da psicologia Mas como cliacutenicos e docentes
formadores de psicoacutelogos eacute necessaacuteria uma certa permeabilidade que possibilite
criacutetica e flexibilidade para acompanhar a evoluccedilatildeo e exercer uma praacutetica para aleacutem do instituiacutedo a serviccedilo da humanizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem a localidade onde essa pesquisa foi realizada - realidade
Pernambucana ficando tambeacutem a sugestatildeo para futuras pesquisas em outras regiotildees brasileiras
Referecircncias
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Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
pouca autonomia ou seja ela eacute dependente deles ateacute mesmo para iniciar ou
suspender o processo
Acredita-se que muito da resistecircncia principal-mente dos pais eacute decorrente da
crenccedila de que seratildeo apontados como culpados pelos problemas da crianccedila e que o
psicoterapeuta estaraacute ali desempenhando o papel de denunciador dessa culpa
crucificando-os Tais sentimentos que permeiam o imaginaacuterio dos pais
provavelmente satildeo decorrentes de praacuteticas que ainda se apoacuteiam numa visatildeo que
foca mais as deficiecircncias do que as competecircncias e que acabam por desqualificar o
saber dos pais salientando o saber do terapeuta que eacute o especialista jaacute que
estudou para isso Concorda-se com Grandesso (2000a) quando afirma que
posturas terapecircuticas respaldadas num posicionamento em que o terapeuta eacute o
expert do conhecimento contribuem para dificultar a parceria com a rede social da
crianccedila minimizando o trabalho colaborativo tornando vulneraacutevel o processo
despertando sentimentos de solidatildeo impotecircncia e frustraccedilatildeo nos terapeutas
Acredita-se que esse tipo de praacutetica acentue a dificuldade de conseguir um trabalho
colaborativo isente a famiacutelia como co-participante do processo da crianccedila
possibilitando campo feacutertil em predispocirc-la a desenvolver resistecircncias e assim
dificultar o processo de parceria Isso pode ter influecircncia na motivaccedilatildeo do
profissional inclusive desmotivando-o a continuar a se dedicar a essa especialidade Entretanto sugerem-se pesquisas futuras a esse respeito
A maturidade emocional do psicoterapeuta e a experiecircncia profissional na aacuterea satildeo
citadas - tanto pelas colaboradoras como pela literatura - como propulsora do
desenvolvimento de uma habilidade maior na articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica
especialmente no que concerne ao acircmbito familiar Destaque-se que isso propicia
ao profissional uma maior seguranccedila que seraacute refletida numa accedilatildeo mais efetiva na
articulaccedilatildeo e viabilizaccedilatildeo da conquista da alianccedila terapecircutica atenuando as
dificuldades quanto agrave cooperaccedilatildeo da rede social da crianccedila favorecendo uma maior efetividade nos resultados do processo
Nessa dimensatildeo ainda os psicoterapeutas tambeacutem relataram experienciar solidatildeo
profissional visto que haacute poucos terapeutas atuando na aacuterea de psicoterapia
infantil nas abordagens pesquisadas o que inviabiliza trocas de experiecircncia e
encaminhamentos
Obstaacuteculos ou dificuldades no exerciacutecio profissional
Um dos maiores obstaacuteculos apontados na praacutetica da psicoterapia infantil diz
respeito agrave dificuldade de se conseguir o apoio dos pais Aleacutem disso as participantes
acrescentaram que haacute poucos profissionais trabalhando na aacuterea e que a literatura eacute
escassa A dificuldade de se conseguir alianccedila com os pais ou outros membros
significativos da rede social da crianccedila eacute algo que se destaca na praacutetica cliacutenica
infantil Muitas vezes o progresso terapecircutico da crianccedila fica estagnado por questotildees pessoais dos pais especialmente quando natildeo aceitam ajuda
Mesmo diante desses limites quatro das psicoterapeutas afirmaram que continuam
investindo na crianccedila acreditando que de alguma forma ela seraacute beneficiada pela
terapia pois eacute melhor uma ajuda limitada do que nenhuma As demais preferem
natildeo atender a crianccedila quando natildeo tecircm o apoio dos pais principalmente se
perceberem que as dificuldades da crianccedila tecircm relaccedilatildeo direta com o contexto
familiar Acreditam que mesmo que a crianccedila esteja em psicoterapia natildeo
conseguiraacute transferir o crescimento conseguido jaacute que as forccedilas contraacuterias seratildeo
constantes e por parte de pessoas que lhe satildeo significativas Esse posicionamento
ratifica a posiccedilatildeo de Dorfman (1974) que considera que eacute demais pedir a uma
crianccedila pequena que lide sozinha com as relaccedilotildees muitas vezes inflexiacuteveis e
traumatizantes com os pais
Oaklander (1980) a esse respeito relata que eacute importante ajudar a crianccedila a fazer
as escolhas que quiser e a compreender quando elas satildeo impossiacuteveis destacando
que eacute de grande importacircncia auxiliaacute-la na compreensatildeo de que natildeo pode assumir responsabili-dades por aquilo que natildeo pode escolher
Outro obstaacuteculo vivenciado pelas terapeutas refere-se ao pequeno nuacutemero de
profissionais que atuam nessa especialidade dificultando assim uma troca muacutetua e
os encaminhamentos Logo se existem poucas pessoas trabalhando na praacutetica
cliacutenica e considerando que a teoria eacute fruto dela entatildeo satildeo tambeacutem escassas as
pesquisas bem como a literatura a respeito da praacutetica infantil nas abordagens
estudadas Esses obstaacuteculos tecircm toda uma repercussatildeo na motivaccedilatildeo das pessoas para trabalhar com crianccedilas
Recursos utilizados
Atraveacutes das falas pocircde-se distinguir dois tipos de recursos usados pelas
terapeutas a rede social da crianccedila e os recursos teacutecnicos Quanto agrave rede social as
psicoterapeutas acreditam na importacircncia da famiacutelia como recurso fundamental
para auxiliar o processo da crianccedila Entendem tambeacutem que muitas vezes a
crianccedila eacute o paciente identificado o denunciador de toda a disfuncionalidade familiar
Eacute consenso entre as terapeutas que a famiacutelia pode atuar como colaboradora e
mantenedora do sintoma da crianccedila e nesse caso colocam em duacutevida os
resultados da psicoterapia infantil quando natildeo se faz um trabalho conjunto com a
famiacutelia Todas trabalham com a rede social da crianccedila no entanto a forma de
trabalhar eacute que varia de orientaccedilatildeo Para elas a terapia deveria possibilitar aos
familiares serem atores ativos de sua histoacuteria e natildeo apenas a plateacuteia que assistiraacute e
receberaacute todas as informaccedilotildees a respeito de como recuperar as circunstacircncias que
estatildeo produzindo sofrimento O fato de natildeo se colocar como pessoas que
participam como agentes transformadores de sua proacutepria histoacuteria os isenta de uma
maior responsa-bilidade tornando a relaccedilatildeo com o psicoterapeuta e com o
processo psicoteraacutepico superficial e pouco comprometida sendo assim mais difiacutecil conquistar o crescimento
Conveacutem ressaltar que assim como Grandesso (2000b) entende-se como
imprescindiacutevel respeitar os conhecimentos dos pais da crianccedila em relaccedilatildeo ao
problema que vivem Como protagonistas da histoacuteria vivida seu conhecimento
caracteriza-se como uma espeacutecie de conhecimento a partir de dentro Os pais
por viverem com a crianccedila conhecem-na muito melhor que qualquer terapeuta
tomando como referecircncia o seu lugar como pais Comunga-se tambeacutem com tais
ideacuteias pois se entende que os pais tecircm recursos naturais na praacutetica de convivecircncia com a crianccedila que podem ser mobilizados terapeuticamente
Grandesso (2000b) considera importante que o terapeuta esteja atento quanto aos
ganhos perdas apreensotildees medos e aborrecimentos accedilotildees narrativas
organizadoras dos problemas que os membros da famiacutelia vivem que podem favorecer ou dificultar a busca de alternativas de mudanccedila
Em relaccedilatildeo aos recursos teacutecnicos de maneira geral as psicoterapeutas utilizam
brinquedos e outros recursos normais de uma sala de ludoterapia - previstos na
abordagem que tecircm como diretriz - que variam entre estruturados e natildeo estruturados sendo os uacuteltimos priorizados pelas psicoterapeutas psicodramatistas
As terapeutas tambeacutem consideram o valor de se utilizarem como recurso algumas
teacutecnicas de outras abordagens desde que com conhecimento responsa-bilidade e
concordacircncia do cliente Molina-Loza (2002) partilha essa ideacuteia considerando que
se servir de um tipo de abordagem natildeo implica necessariamente abandonar todas
as outras Para o autor uma forma de intervir que fosse igualmente vaacutelida para
todo mundo representaria um empobrecimento pois natildeo se utilizaria essa ou
aquela abordagem segundo os problemas apresentados pelos clientes mas se
adaptariam os clientes aos limites das teorias Infelizmente eacute isso que acaba
acontecendo quando se pertence a um modelo
Assim quanto agrave utilizaccedilatildeo de teacutecnicas concorda-se com os psicodramatistas
Bermuacutedez (1997) e Ferrari (1984) Oaklander (1980 1994 1999 2000) da
Gestalt terapia e Axline (1980a 1980b) da abordagem centrada na pessoa de
que a teacutecnica para a praacutetica infantil eacute necessaacuteria como instrumento mediador de
comunicaccedilatildeo mas natildeo deve ser tomada como um fim
Necessidades sentidas pelas psicoterapeutas
As psicoterapeutas entendem que aleacutem do aperfeiccediloamento permanente eacute
igualmente importan-te estarem atualizados em relaccedilatildeo ao universo infantil de
maneira geral suas brincadeiras linguagem jogos que estatildeo no mercado
literatura programas de TV muacutesicas informaacutetica vida escolar por meio de visitas
agrave escola que a crianccedila frequumlenta enfim conhecer o cotidiano dessa crianccedila no paiacutes no estado na cidade e na sua famiacutelia
Eacute ainda sentido como necessidade estarem atentos ao trabalho pessoal do
profissional por meio de psicoterapias jaacute que a sua crianccedila estaacute constante-mente
sendo acionada Revisar a praacutetica mediante supervisotildees e trocas entre profissionais
eacute tambeacutem uma necessidade Infelizmente em virtude de existirem poucos
profissionais que atuem nessa especialidade haacute dificuldade nesse sentido assim como dificuldade em encaminhamentos e indicaccedilotildees
Essa carecircncia se estende consequumlentemente para a literatura da teoria e praacutetica
dessa especialidade que eacute pouca e desatualizada Os profissionais interessa-dos
tecircm de buscar apoio em outras abordagens e fazer um esforccedilo grande de
articulaccedilatildeo para que natildeo fique fragmentada Nesse sentido Osoacuterio e Valle (2002)
fazem uma ressalva trabalhar com distintos marcos referenciais teoacutericos requer
um niacutevel de habilitaccedilatildeo ao qual soacute tecircm acesso profissionais mais experientes
Tambeacutem foi relatada uma carecircncia muito grande em relaccedilatildeo a congressos palestras e cursos voltados para a praacutetica cliacutenica infantil
Avaliaccedilatildeo da especialidade
As psicoterapeutas acreditam que a praacutetica cliacutenica infantil estaacute restrita por ser mais
difiacutecil trabalhar com a crianccedila e por exigir do profissional a compreen-satildeo da
linguagem simboacutelica manifesta pela crianccedila atraveacutes da fantasia da brincadeira
Tambeacutem foi destacado que essa praacutetica eacute altamente frustrante exigindo grande
limiar do psicoterapeuta para natildeo desistir considerando a dependecircncia que o
processo da crianccedila manteacutem em relaccedilatildeo agrave sua rede social principalmente seus
pais Portanto trabalhar com a crianccedila eacute trabalhar simultaneamente com a famiacutelia
tornandose assim uma praacutetica de grande complexidade
Tambeacutem foram feitas referecircncias agrave demanda fiacutesica que a crianccedila requer do
psicoterapeuta sendo considerado um fator que gera cansaccedilo nos psicotera-peutas
mais velhos que muitas vezes acabam por desistir de trabalhar com ela por natildeo
aguumlentarem mais abaixar levantar sentar-se no chatildeo ou ateacute pular
O sucesso do trabalho do terapeuta depende muitas vezes da
habilidadeconhecimento do profissional nesse acircmbito familiar E natildeo se sabe se os
profissionais estatildeo com formaccedilatildeo eou habilitaccedilatildeo para tais praacuteticas e consequumlentemente quais satildeo os niacuteveis de frustraccedilatildeo que tecircm vivenciado
De maneira geral segundo as participantes o proacuteprio enfoque do curso de
psicologia estaacute mais voltado ao adulto do que agrave crianccedila Num contexto mais amplo
isso repercute na formaccedilatildeo do psicoacutelogo e na escolha dos estudantes ao fazerem
sua opccedilatildeo de atuaccedilatildeo por conseguinte essa aacuterea cada vez mais tem um reduzido
nuacutemero de pessoas
Branco (1998) traz alguns questionamentos agraves universidades indagando sobre o
tipo de profissional que se quer formar no curso de psicologia se comprometido com a mudanccedila ou com a legitimaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais
Webber Botomeacute e Rebelatto (1996 p11) criticaram os curriacuteculos dos cursos de
formaccedilatildeo considerando-os mais voltados ao ensino de teacutecnicas e modelos de
atuaccedilatildeo existentes (e consagrados) do que ao desenvolvimento de atuaccedilotildees profissionais socialmente significativas
Silva (2001) afirma que atualmente se vive em busca de uma psicologia cliacutenica que
levando em conta os saberes dos quais se dispotildee efetue intervenccedilotildees nas vidas
nas relaccedilotildees nas subjetividades das pessoas sem cair em contradiccedilatildeo ou ser
rechaccedilada pelas proacuteprias criacuteticas de quem a pratica Uma cliacutenica que invente praacutexis eacuteticas e politicamente comprometidas
Segundo Bock (1997) a meta do psicoacutelogo deve ser estar sempre em movimento
Um psicoacutelogo aliado da transformaccedilatildeo do movimento da sociedade e dos
interesses da maioria da populaccedilatildeo Um psicoacutelogo inquieto conspirador que saiba
estranhar aquilo que na realidade se tornou tatildeo familiar que chega a ser pensado
como natural Um psicoacutelogo permeaacutevel agraves inovaccedilotildees que aceite o desafio de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional
Outras observaccedilotildees
O trabalho com a crianccedila foi considerado muito importante visto que lidar
precocemente com as questotildees que trazem inquietaccedilotildees e sofrimento eacute muito mais
proveitoso do que lidar com elas quando jaacute estatildeo muito cristalizadas
As participantes avaliaram que ser psicoterapeuta eacute muito gratificante mas
tambeacutem muito difiacutecil porque o profissional eacute o proacuteprio instrumento de trabalho e
isto significa que para se oferecer um trabalho de boa qualidade eacute preciso estar
bem pessoalmente e capacitado com conhecimentos teoacuterico-teacutecnicos mediante
supervisotildees especializa-ccedilotildees e isso tudo eacute muito dispendioso financeiramente Entretanto o desafio natildeo paacutera por aiacute
Colombo (2000) considera estimulante e desafiador o fato de que o psicoterapeuta
escolhe uma atividade profissional na qual eacute chamado a utilizar como instrumento
baacutesico de trabalho o proacuteprio self Para a autora eacute inquietante saber que a maacutegica
que o terapeuta deve oferecer eacute a sua integridade aqui e agora habitar a sua
morada estar em conexatildeo consigo com a proacutepria histoacuteria crenccedilas e preconceitos
com o humano e o sagrado dentro de si Enfim trazer o que somente eacute possiacutevel na
singularidade e integridade Whitaker e Bumberry (1990) destacaram que apenas
quando se luta consigo proacuteprio eacute que se fica livre para trazer a si mesmo para o
consultoacuterio psicoteraacutepico e natildeo apenas o uniforme de terapeuta
Consideraccedilotildees Finais
Quando esta pesquisa foi iniciada uma das inquietaccedilotildees que a pautavam referia-se
agrave necessidade de se buscar recursos natildeo apenas em uma abordagem e tambeacutem
natildeo somente na psicologia Havia inicialmente uma grande convicccedilatildeo da
necessidade e importacircncia de buscar em outras aacutereas o apoio substancial para um
pleno desenvolvimento do processo terapecircutico da crianccedila Entretanto tal
convicccedilatildeo natildeo se estendia agrave busca de apoio em outras abordagens visto a
incompletude de cada teoria diante da amplitude e complexidade do ser humano -
especialmente no que se refere a uma abordagem psicoteraacutepica infantil
Incomodava a possibilidade de que colegas e comunidade cientiacutefica considerassem
tal procedimento como ecleacutetico salada embora a experiecircncia demonstrasse
que uma integraccedilatildeo cuidadosa muito poderia enriquecer a praacutetica cliacutenica
Apoacutes todo o percurso de campo e teoacuterico a necessidade de busca de apoio em
outras abordagens tambeacutem foi encontrada em algumas psicoterapeutas
colaboradoras aleacutem de ter ficado evidente na revisatildeo literaacuteria que alguns autores
compartilham essas ideacuteias A partir de entatildeo tal posicionamento tornou-se mais
confortaacutevel pois se constatou que na verdade a inquietaccedilatildeo suscita mudanccedilas e
natildeo eacute prudente fechar--se em uma soacute verdade quando haacute o comprometi-mento
com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica Hoje a ideacuteia de fixar-se a um soacute modelo jaacute
estaacute sendo superada e vista como possibilidade de ficar amarrado ao dogmatismo
de uma ou outra corrente do pensamento constituiacutedo Ficar preso a um soacute modelo eacute
demais limitante se por um lado isso possa trazer uma certa seguranccedila por
outro fica-se amarrado Essas amarras contradizem o processo de autonomia que
todo terapeuta propotildee possibilitar que o cliente encontre Se houver maior
flexibilidade eacute possiacutevel adaptar os recursos agraves necessidades dos clientes e natildeo os adaptar agrave teoria em que se acredita
No dizer de Fernando Pessoa navegar eacute preciso viver natildeo eacute preciso (precisatildeo)
Portanto diante desse viver tatildeo impreciso como eacute possiacutevel trabalhar com a
subjetividade dos clientes de forma tatildeo precisa Eacute preciso suportar as incertezas
deixar soltas as amarras das teorias que aprisionam para que se possa atuar
realmente numa postura eacutetica e esteacutetica com os clientes Acredita-se que acima da
modalidade psicoteraacutepica estaacute a eacutetica a postura do profissional diante do fazer
terapecircutico
Branco (1998) afirma que o perfil do psicoacutelogo hoje deve ser o de um profissional
criacutetico natildeo necessariamente de um especialista mas sim de um estudioso
permanente das situaccedilotildees nas quais sua praacutetica esteja implicada Um profissional
que se habitue a exercitar-se numa visatildeo complexa e que perceba as contradiccedilotildees
inerentes agrave sua praacutetica e a necessidade de refazecirc-la ajudando os grupos
indiviacuteduos e instituiccedilotildees a eliminarem os processos de desuma-nizaccedilatildeo e alienaccedilatildeo responsaacuteveis pelo sofrimento psiacutequico
A formaccedilatildeo do psicoacutelogo precisa possibilitar o engajamento do futuro profissional
na sociedade aleacutem de reelaborar o conhecimento constituiacutedo Natildeo se deve com
isso eliminar as diferenccedilas teoacutericas e metodo-loacutegicas apesar das finalidades
comuns O trabalho acadecircmico coletivo deve explicitar e aprofundar as
divergecircncias Aleacutem disso a exigecircncia por uma articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica natildeo
poderaacute significar ativismo que diminua o estudo das teorias Eacute preciso pois
abarcar de forma profunda todas as matrizes do pensamento psicoloacutegico em uma
dinacircmica de trabalho que permita o confronto de pontos de vista e projetos que reuacutenam vaacuterios campos do saber
Para isso eacute preciso estar atento agraves poliacuteticas acadecircmicas que priorizam
determinadas abordagens normalmente uma ou outra dentre as mais consa-
gradas fechando o aluno em algumas verdades em termos teoacutericos e praacuteticos
atraveacutes dos estaacutegios e da pesquisa impossibilitando-o de ter acesso a uma visatildeo
mais global e com praacuteticas comprometidas com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica
Para que ratificando o pensamento de Bock (1997) seja possiacutevel formar
profissionais criacuteticos inquietos permeaacuteveis agraves inovaccedilotildees e que aceitem o desafio
de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional tudo isto aliado agrave
transformaccedilatildeo ao movimento da sociedade e aos interesses da maioria da
populaccedilatildeo haacute de se olhar criticamente a proacutepria atuaccedilatildeo como cliacutenicos e docentes
avaliando se a postura estaacute sendo coerente com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica ou de especialista de conhecimento fechado numa soacute verdade
Entende-se que atraveacutes do percurso percorrido na elaboraccedilatildeo desse estudo seja
possiacutevel com base em abordagens tradicionais promover reflexotildees que
possibilitem avaliaacute-las de forma respeitosa pelas valiosas contribuiccedilotildees que
oferecem agrave praacutetica cliacutenica poreacutem sem esquecer que satildeo algumas possibilidades
dentro de um leque de opccedilotildees Natildeo se pode portanto fechar-se nessas verdades e
tambeacutem natildeo se pode deixar de consideraacute-las como uacuteteis e eficazes mesmo diante
do avanccedilo da ciecircncia
Embora este estudo tenha partido das praacuteticas tradicionais natildeo se restringiu a
apenas uma abordagem e tambeacutem possibilitou algumas reflexotildees para aleacutem delas
atraveacutes dos temas emergentes nas entrevistas No entanto fica a contribuiccedilatildeo para
futuras pesquisas e tambeacutem a reflexatildeo de que as praacuteticas tradicionais satildeo muito
importantes mesmo com todo avanccedilo da psicologia Mas como cliacutenicos e docentes
formadores de psicoacutelogos eacute necessaacuteria uma certa permeabilidade que possibilite
criacutetica e flexibilidade para acompanhar a evoluccedilatildeo e exercer uma praacutetica para aleacutem do instituiacutedo a serviccedilo da humanizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem a localidade onde essa pesquisa foi realizada - realidade
Pernambucana ficando tambeacutem a sugestatildeo para futuras pesquisas em outras regiotildees brasileiras
Referecircncias
Axline VM (1980a) Dibs em busca de si mesmo Rio de Janeiro Agir
Axline VM (1980b) Ludoterapia a dinacircmica interior da crianccedila Belo Horizonte Interlivros
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Bock AMB (1997) Formaccedilatildeo do psicoacutelogo um debate a partir do significado do fenocircmeno psicoloacutegico Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 17 (2) 37-42
Branco MTC (1998) Que profissional queremos formar Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 18(3) 28-35
Colombo SF (2000) Em busca do sagrado In HM Cruz Papai mamatildee vocecirc E
eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp168-88) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Dorfman E (1974) Ludoterapia In C Rogers Terapia centrada no paciente (pp269-317) Satildeo Paulo Martins Fontes
Epston D (1997) I am a bear discovering discoveries In C Smith amp D Nylund Narrative therapies with children and adolescents New York Guilford Press
Ferrari DCA (1984) A postura do psicodramatista no Psicodrama de crianccedila
Revista da Febrap (2) 55-60
Grandesso MA (2000a) Sobre a reconstruccedilatildeo do significado uma anaacutelise epistemoloacutegica e hermenecircutica da praacutetica cliacutenica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Grandesso MA (2000b) Quem eacute a dona da histoacuteria In HM CruzPapai mamatildee
vocecirc E eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp101-22) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Molina-Loza CA (2002 maio) Os canaacuterios da minha avoacute as asas da imaginaccedilatildeo
ou conta para o cliente que ele proacuteprio se reconta[on-line] Disponiacutevel em httpwwwabrateforgbrmeioartigoshtm
Oaklander V (1980) Descobrindo crianccedilas abordagem gestaacuteltica com crianccedilas e adolescentes Satildeo Paulo Summus
Oaklander V (1994) Gestalt Play Therapy In KJ OConnor Handbook of play
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DS Sweeney (Ed)The Handbook of group play therapy (pp162-75) New York The Guilford Press
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HG Kaduson amp C E Schaefer (Ed) Short-Term play therapy for children (pp28-
52) New York The Guilford Press
Osoacuterio LC amp Valle ME (2002) Terapia de famiacutelias novas tendecircncias Porto Alegre Artmed
Silva ER Psicologia Cliacutenica um novo espetaacuteculo dimensotildees eacuteticas e poliacuteticas Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 21 (4)78-87
Weber LND Botomeacute SP amp Rebelatto JR(1996) Psicologia definiccedilotildees perspectivas e desenvolvimento Psicologia Argumento 29 9-28
Whitaker CA amp Bumberry WM (1990) Danccedilando com a famiacutelia uma abordagem simboacutelico-experiencial Porto Alegre Artes Meacutedicas
Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
crianccedila pequena que lide sozinha com as relaccedilotildees muitas vezes inflexiacuteveis e
traumatizantes com os pais
Oaklander (1980) a esse respeito relata que eacute importante ajudar a crianccedila a fazer
as escolhas que quiser e a compreender quando elas satildeo impossiacuteveis destacando
que eacute de grande importacircncia auxiliaacute-la na compreensatildeo de que natildeo pode assumir responsabili-dades por aquilo que natildeo pode escolher
Outro obstaacuteculo vivenciado pelas terapeutas refere-se ao pequeno nuacutemero de
profissionais que atuam nessa especialidade dificultando assim uma troca muacutetua e
os encaminhamentos Logo se existem poucas pessoas trabalhando na praacutetica
cliacutenica e considerando que a teoria eacute fruto dela entatildeo satildeo tambeacutem escassas as
pesquisas bem como a literatura a respeito da praacutetica infantil nas abordagens
estudadas Esses obstaacuteculos tecircm toda uma repercussatildeo na motivaccedilatildeo das pessoas para trabalhar com crianccedilas
Recursos utilizados
Atraveacutes das falas pocircde-se distinguir dois tipos de recursos usados pelas
terapeutas a rede social da crianccedila e os recursos teacutecnicos Quanto agrave rede social as
psicoterapeutas acreditam na importacircncia da famiacutelia como recurso fundamental
para auxiliar o processo da crianccedila Entendem tambeacutem que muitas vezes a
crianccedila eacute o paciente identificado o denunciador de toda a disfuncionalidade familiar
Eacute consenso entre as terapeutas que a famiacutelia pode atuar como colaboradora e
mantenedora do sintoma da crianccedila e nesse caso colocam em duacutevida os
resultados da psicoterapia infantil quando natildeo se faz um trabalho conjunto com a
famiacutelia Todas trabalham com a rede social da crianccedila no entanto a forma de
trabalhar eacute que varia de orientaccedilatildeo Para elas a terapia deveria possibilitar aos
familiares serem atores ativos de sua histoacuteria e natildeo apenas a plateacuteia que assistiraacute e
receberaacute todas as informaccedilotildees a respeito de como recuperar as circunstacircncias que
estatildeo produzindo sofrimento O fato de natildeo se colocar como pessoas que
participam como agentes transformadores de sua proacutepria histoacuteria os isenta de uma
maior responsa-bilidade tornando a relaccedilatildeo com o psicoterapeuta e com o
processo psicoteraacutepico superficial e pouco comprometida sendo assim mais difiacutecil conquistar o crescimento
Conveacutem ressaltar que assim como Grandesso (2000b) entende-se como
imprescindiacutevel respeitar os conhecimentos dos pais da crianccedila em relaccedilatildeo ao
problema que vivem Como protagonistas da histoacuteria vivida seu conhecimento
caracteriza-se como uma espeacutecie de conhecimento a partir de dentro Os pais
por viverem com a crianccedila conhecem-na muito melhor que qualquer terapeuta
tomando como referecircncia o seu lugar como pais Comunga-se tambeacutem com tais
ideacuteias pois se entende que os pais tecircm recursos naturais na praacutetica de convivecircncia com a crianccedila que podem ser mobilizados terapeuticamente
Grandesso (2000b) considera importante que o terapeuta esteja atento quanto aos
ganhos perdas apreensotildees medos e aborrecimentos accedilotildees narrativas
organizadoras dos problemas que os membros da famiacutelia vivem que podem favorecer ou dificultar a busca de alternativas de mudanccedila
Em relaccedilatildeo aos recursos teacutecnicos de maneira geral as psicoterapeutas utilizam
brinquedos e outros recursos normais de uma sala de ludoterapia - previstos na
abordagem que tecircm como diretriz - que variam entre estruturados e natildeo estruturados sendo os uacuteltimos priorizados pelas psicoterapeutas psicodramatistas
As terapeutas tambeacutem consideram o valor de se utilizarem como recurso algumas
teacutecnicas de outras abordagens desde que com conhecimento responsa-bilidade e
concordacircncia do cliente Molina-Loza (2002) partilha essa ideacuteia considerando que
se servir de um tipo de abordagem natildeo implica necessariamente abandonar todas
as outras Para o autor uma forma de intervir que fosse igualmente vaacutelida para
todo mundo representaria um empobrecimento pois natildeo se utilizaria essa ou
aquela abordagem segundo os problemas apresentados pelos clientes mas se
adaptariam os clientes aos limites das teorias Infelizmente eacute isso que acaba
acontecendo quando se pertence a um modelo
Assim quanto agrave utilizaccedilatildeo de teacutecnicas concorda-se com os psicodramatistas
Bermuacutedez (1997) e Ferrari (1984) Oaklander (1980 1994 1999 2000) da
Gestalt terapia e Axline (1980a 1980b) da abordagem centrada na pessoa de
que a teacutecnica para a praacutetica infantil eacute necessaacuteria como instrumento mediador de
comunicaccedilatildeo mas natildeo deve ser tomada como um fim
Necessidades sentidas pelas psicoterapeutas
As psicoterapeutas entendem que aleacutem do aperfeiccediloamento permanente eacute
igualmente importan-te estarem atualizados em relaccedilatildeo ao universo infantil de
maneira geral suas brincadeiras linguagem jogos que estatildeo no mercado
literatura programas de TV muacutesicas informaacutetica vida escolar por meio de visitas
agrave escola que a crianccedila frequumlenta enfim conhecer o cotidiano dessa crianccedila no paiacutes no estado na cidade e na sua famiacutelia
Eacute ainda sentido como necessidade estarem atentos ao trabalho pessoal do
profissional por meio de psicoterapias jaacute que a sua crianccedila estaacute constante-mente
sendo acionada Revisar a praacutetica mediante supervisotildees e trocas entre profissionais
eacute tambeacutem uma necessidade Infelizmente em virtude de existirem poucos
profissionais que atuem nessa especialidade haacute dificuldade nesse sentido assim como dificuldade em encaminhamentos e indicaccedilotildees
Essa carecircncia se estende consequumlentemente para a literatura da teoria e praacutetica
dessa especialidade que eacute pouca e desatualizada Os profissionais interessa-dos
tecircm de buscar apoio em outras abordagens e fazer um esforccedilo grande de
articulaccedilatildeo para que natildeo fique fragmentada Nesse sentido Osoacuterio e Valle (2002)
fazem uma ressalva trabalhar com distintos marcos referenciais teoacutericos requer
um niacutevel de habilitaccedilatildeo ao qual soacute tecircm acesso profissionais mais experientes
Tambeacutem foi relatada uma carecircncia muito grande em relaccedilatildeo a congressos palestras e cursos voltados para a praacutetica cliacutenica infantil
Avaliaccedilatildeo da especialidade
As psicoterapeutas acreditam que a praacutetica cliacutenica infantil estaacute restrita por ser mais
difiacutecil trabalhar com a crianccedila e por exigir do profissional a compreen-satildeo da
linguagem simboacutelica manifesta pela crianccedila atraveacutes da fantasia da brincadeira
Tambeacutem foi destacado que essa praacutetica eacute altamente frustrante exigindo grande
limiar do psicoterapeuta para natildeo desistir considerando a dependecircncia que o
processo da crianccedila manteacutem em relaccedilatildeo agrave sua rede social principalmente seus
pais Portanto trabalhar com a crianccedila eacute trabalhar simultaneamente com a famiacutelia
tornandose assim uma praacutetica de grande complexidade
Tambeacutem foram feitas referecircncias agrave demanda fiacutesica que a crianccedila requer do
psicoterapeuta sendo considerado um fator que gera cansaccedilo nos psicotera-peutas
mais velhos que muitas vezes acabam por desistir de trabalhar com ela por natildeo
aguumlentarem mais abaixar levantar sentar-se no chatildeo ou ateacute pular
O sucesso do trabalho do terapeuta depende muitas vezes da
habilidadeconhecimento do profissional nesse acircmbito familiar E natildeo se sabe se os
profissionais estatildeo com formaccedilatildeo eou habilitaccedilatildeo para tais praacuteticas e consequumlentemente quais satildeo os niacuteveis de frustraccedilatildeo que tecircm vivenciado
De maneira geral segundo as participantes o proacuteprio enfoque do curso de
psicologia estaacute mais voltado ao adulto do que agrave crianccedila Num contexto mais amplo
isso repercute na formaccedilatildeo do psicoacutelogo e na escolha dos estudantes ao fazerem
sua opccedilatildeo de atuaccedilatildeo por conseguinte essa aacuterea cada vez mais tem um reduzido
nuacutemero de pessoas
Branco (1998) traz alguns questionamentos agraves universidades indagando sobre o
tipo de profissional que se quer formar no curso de psicologia se comprometido com a mudanccedila ou com a legitimaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais
Webber Botomeacute e Rebelatto (1996 p11) criticaram os curriacuteculos dos cursos de
formaccedilatildeo considerando-os mais voltados ao ensino de teacutecnicas e modelos de
atuaccedilatildeo existentes (e consagrados) do que ao desenvolvimento de atuaccedilotildees profissionais socialmente significativas
Silva (2001) afirma que atualmente se vive em busca de uma psicologia cliacutenica que
levando em conta os saberes dos quais se dispotildee efetue intervenccedilotildees nas vidas
nas relaccedilotildees nas subjetividades das pessoas sem cair em contradiccedilatildeo ou ser
rechaccedilada pelas proacuteprias criacuteticas de quem a pratica Uma cliacutenica que invente praacutexis eacuteticas e politicamente comprometidas
Segundo Bock (1997) a meta do psicoacutelogo deve ser estar sempre em movimento
Um psicoacutelogo aliado da transformaccedilatildeo do movimento da sociedade e dos
interesses da maioria da populaccedilatildeo Um psicoacutelogo inquieto conspirador que saiba
estranhar aquilo que na realidade se tornou tatildeo familiar que chega a ser pensado
como natural Um psicoacutelogo permeaacutevel agraves inovaccedilotildees que aceite o desafio de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional
Outras observaccedilotildees
O trabalho com a crianccedila foi considerado muito importante visto que lidar
precocemente com as questotildees que trazem inquietaccedilotildees e sofrimento eacute muito mais
proveitoso do que lidar com elas quando jaacute estatildeo muito cristalizadas
As participantes avaliaram que ser psicoterapeuta eacute muito gratificante mas
tambeacutem muito difiacutecil porque o profissional eacute o proacuteprio instrumento de trabalho e
isto significa que para se oferecer um trabalho de boa qualidade eacute preciso estar
bem pessoalmente e capacitado com conhecimentos teoacuterico-teacutecnicos mediante
supervisotildees especializa-ccedilotildees e isso tudo eacute muito dispendioso financeiramente Entretanto o desafio natildeo paacutera por aiacute
Colombo (2000) considera estimulante e desafiador o fato de que o psicoterapeuta
escolhe uma atividade profissional na qual eacute chamado a utilizar como instrumento
baacutesico de trabalho o proacuteprio self Para a autora eacute inquietante saber que a maacutegica
que o terapeuta deve oferecer eacute a sua integridade aqui e agora habitar a sua
morada estar em conexatildeo consigo com a proacutepria histoacuteria crenccedilas e preconceitos
com o humano e o sagrado dentro de si Enfim trazer o que somente eacute possiacutevel na
singularidade e integridade Whitaker e Bumberry (1990) destacaram que apenas
quando se luta consigo proacuteprio eacute que se fica livre para trazer a si mesmo para o
consultoacuterio psicoteraacutepico e natildeo apenas o uniforme de terapeuta
Consideraccedilotildees Finais
Quando esta pesquisa foi iniciada uma das inquietaccedilotildees que a pautavam referia-se
agrave necessidade de se buscar recursos natildeo apenas em uma abordagem e tambeacutem
natildeo somente na psicologia Havia inicialmente uma grande convicccedilatildeo da
necessidade e importacircncia de buscar em outras aacutereas o apoio substancial para um
pleno desenvolvimento do processo terapecircutico da crianccedila Entretanto tal
convicccedilatildeo natildeo se estendia agrave busca de apoio em outras abordagens visto a
incompletude de cada teoria diante da amplitude e complexidade do ser humano -
especialmente no que se refere a uma abordagem psicoteraacutepica infantil
Incomodava a possibilidade de que colegas e comunidade cientiacutefica considerassem
tal procedimento como ecleacutetico salada embora a experiecircncia demonstrasse
que uma integraccedilatildeo cuidadosa muito poderia enriquecer a praacutetica cliacutenica
Apoacutes todo o percurso de campo e teoacuterico a necessidade de busca de apoio em
outras abordagens tambeacutem foi encontrada em algumas psicoterapeutas
colaboradoras aleacutem de ter ficado evidente na revisatildeo literaacuteria que alguns autores
compartilham essas ideacuteias A partir de entatildeo tal posicionamento tornou-se mais
confortaacutevel pois se constatou que na verdade a inquietaccedilatildeo suscita mudanccedilas e
natildeo eacute prudente fechar--se em uma soacute verdade quando haacute o comprometi-mento
com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica Hoje a ideacuteia de fixar-se a um soacute modelo jaacute
estaacute sendo superada e vista como possibilidade de ficar amarrado ao dogmatismo
de uma ou outra corrente do pensamento constituiacutedo Ficar preso a um soacute modelo eacute
demais limitante se por um lado isso possa trazer uma certa seguranccedila por
outro fica-se amarrado Essas amarras contradizem o processo de autonomia que
todo terapeuta propotildee possibilitar que o cliente encontre Se houver maior
flexibilidade eacute possiacutevel adaptar os recursos agraves necessidades dos clientes e natildeo os adaptar agrave teoria em que se acredita
No dizer de Fernando Pessoa navegar eacute preciso viver natildeo eacute preciso (precisatildeo)
Portanto diante desse viver tatildeo impreciso como eacute possiacutevel trabalhar com a
subjetividade dos clientes de forma tatildeo precisa Eacute preciso suportar as incertezas
deixar soltas as amarras das teorias que aprisionam para que se possa atuar
realmente numa postura eacutetica e esteacutetica com os clientes Acredita-se que acima da
modalidade psicoteraacutepica estaacute a eacutetica a postura do profissional diante do fazer
terapecircutico
Branco (1998) afirma que o perfil do psicoacutelogo hoje deve ser o de um profissional
criacutetico natildeo necessariamente de um especialista mas sim de um estudioso
permanente das situaccedilotildees nas quais sua praacutetica esteja implicada Um profissional
que se habitue a exercitar-se numa visatildeo complexa e que perceba as contradiccedilotildees
inerentes agrave sua praacutetica e a necessidade de refazecirc-la ajudando os grupos
indiviacuteduos e instituiccedilotildees a eliminarem os processos de desuma-nizaccedilatildeo e alienaccedilatildeo responsaacuteveis pelo sofrimento psiacutequico
A formaccedilatildeo do psicoacutelogo precisa possibilitar o engajamento do futuro profissional
na sociedade aleacutem de reelaborar o conhecimento constituiacutedo Natildeo se deve com
isso eliminar as diferenccedilas teoacutericas e metodo-loacutegicas apesar das finalidades
comuns O trabalho acadecircmico coletivo deve explicitar e aprofundar as
divergecircncias Aleacutem disso a exigecircncia por uma articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica natildeo
poderaacute significar ativismo que diminua o estudo das teorias Eacute preciso pois
abarcar de forma profunda todas as matrizes do pensamento psicoloacutegico em uma
dinacircmica de trabalho que permita o confronto de pontos de vista e projetos que reuacutenam vaacuterios campos do saber
Para isso eacute preciso estar atento agraves poliacuteticas acadecircmicas que priorizam
determinadas abordagens normalmente uma ou outra dentre as mais consa-
gradas fechando o aluno em algumas verdades em termos teoacutericos e praacuteticos
atraveacutes dos estaacutegios e da pesquisa impossibilitando-o de ter acesso a uma visatildeo
mais global e com praacuteticas comprometidas com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica
Para que ratificando o pensamento de Bock (1997) seja possiacutevel formar
profissionais criacuteticos inquietos permeaacuteveis agraves inovaccedilotildees e que aceitem o desafio
de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional tudo isto aliado agrave
transformaccedilatildeo ao movimento da sociedade e aos interesses da maioria da
populaccedilatildeo haacute de se olhar criticamente a proacutepria atuaccedilatildeo como cliacutenicos e docentes
avaliando se a postura estaacute sendo coerente com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica ou de especialista de conhecimento fechado numa soacute verdade
Entende-se que atraveacutes do percurso percorrido na elaboraccedilatildeo desse estudo seja
possiacutevel com base em abordagens tradicionais promover reflexotildees que
possibilitem avaliaacute-las de forma respeitosa pelas valiosas contribuiccedilotildees que
oferecem agrave praacutetica cliacutenica poreacutem sem esquecer que satildeo algumas possibilidades
dentro de um leque de opccedilotildees Natildeo se pode portanto fechar-se nessas verdades e
tambeacutem natildeo se pode deixar de consideraacute-las como uacuteteis e eficazes mesmo diante
do avanccedilo da ciecircncia
Embora este estudo tenha partido das praacuteticas tradicionais natildeo se restringiu a
apenas uma abordagem e tambeacutem possibilitou algumas reflexotildees para aleacutem delas
atraveacutes dos temas emergentes nas entrevistas No entanto fica a contribuiccedilatildeo para
futuras pesquisas e tambeacutem a reflexatildeo de que as praacuteticas tradicionais satildeo muito
importantes mesmo com todo avanccedilo da psicologia Mas como cliacutenicos e docentes
formadores de psicoacutelogos eacute necessaacuteria uma certa permeabilidade que possibilite
criacutetica e flexibilidade para acompanhar a evoluccedilatildeo e exercer uma praacutetica para aleacutem do instituiacutedo a serviccedilo da humanizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem a localidade onde essa pesquisa foi realizada - realidade
Pernambucana ficando tambeacutem a sugestatildeo para futuras pesquisas em outras regiotildees brasileiras
Referecircncias
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eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp168-88) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Dorfman E (1974) Ludoterapia In C Rogers Terapia centrada no paciente (pp269-317) Satildeo Paulo Martins Fontes
Epston D (1997) I am a bear discovering discoveries In C Smith amp D Nylund Narrative therapies with children and adolescents New York Guilford Press
Ferrari DCA (1984) A postura do psicodramatista no Psicodrama de crianccedila
Revista da Febrap (2) 55-60
Grandesso MA (2000a) Sobre a reconstruccedilatildeo do significado uma anaacutelise epistemoloacutegica e hermenecircutica da praacutetica cliacutenica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Grandesso MA (2000b) Quem eacute a dona da histoacuteria In HM CruzPapai mamatildee
vocecirc E eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp101-22) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
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ou conta para o cliente que ele proacuteprio se reconta[on-line] Disponiacutevel em httpwwwabrateforgbrmeioartigoshtm
Oaklander V (1980) Descobrindo crianccedilas abordagem gestaacuteltica com crianccedilas e adolescentes Satildeo Paulo Summus
Oaklander V (1994) Gestalt Play Therapy In KJ OConnor Handbook of play
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52) New York The Guilford Press
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Weber LND Botomeacute SP amp Rebelatto JR(1996) Psicologia definiccedilotildees perspectivas e desenvolvimento Psicologia Argumento 29 9-28
Whitaker CA amp Bumberry WM (1990) Danccedilando com a famiacutelia uma abordagem simboacutelico-experiencial Porto Alegre Artes Meacutedicas
Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
As terapeutas tambeacutem consideram o valor de se utilizarem como recurso algumas
teacutecnicas de outras abordagens desde que com conhecimento responsa-bilidade e
concordacircncia do cliente Molina-Loza (2002) partilha essa ideacuteia considerando que
se servir de um tipo de abordagem natildeo implica necessariamente abandonar todas
as outras Para o autor uma forma de intervir que fosse igualmente vaacutelida para
todo mundo representaria um empobrecimento pois natildeo se utilizaria essa ou
aquela abordagem segundo os problemas apresentados pelos clientes mas se
adaptariam os clientes aos limites das teorias Infelizmente eacute isso que acaba
acontecendo quando se pertence a um modelo
Assim quanto agrave utilizaccedilatildeo de teacutecnicas concorda-se com os psicodramatistas
Bermuacutedez (1997) e Ferrari (1984) Oaklander (1980 1994 1999 2000) da
Gestalt terapia e Axline (1980a 1980b) da abordagem centrada na pessoa de
que a teacutecnica para a praacutetica infantil eacute necessaacuteria como instrumento mediador de
comunicaccedilatildeo mas natildeo deve ser tomada como um fim
Necessidades sentidas pelas psicoterapeutas
As psicoterapeutas entendem que aleacutem do aperfeiccediloamento permanente eacute
igualmente importan-te estarem atualizados em relaccedilatildeo ao universo infantil de
maneira geral suas brincadeiras linguagem jogos que estatildeo no mercado
literatura programas de TV muacutesicas informaacutetica vida escolar por meio de visitas
agrave escola que a crianccedila frequumlenta enfim conhecer o cotidiano dessa crianccedila no paiacutes no estado na cidade e na sua famiacutelia
Eacute ainda sentido como necessidade estarem atentos ao trabalho pessoal do
profissional por meio de psicoterapias jaacute que a sua crianccedila estaacute constante-mente
sendo acionada Revisar a praacutetica mediante supervisotildees e trocas entre profissionais
eacute tambeacutem uma necessidade Infelizmente em virtude de existirem poucos
profissionais que atuem nessa especialidade haacute dificuldade nesse sentido assim como dificuldade em encaminhamentos e indicaccedilotildees
Essa carecircncia se estende consequumlentemente para a literatura da teoria e praacutetica
dessa especialidade que eacute pouca e desatualizada Os profissionais interessa-dos
tecircm de buscar apoio em outras abordagens e fazer um esforccedilo grande de
articulaccedilatildeo para que natildeo fique fragmentada Nesse sentido Osoacuterio e Valle (2002)
fazem uma ressalva trabalhar com distintos marcos referenciais teoacutericos requer
um niacutevel de habilitaccedilatildeo ao qual soacute tecircm acesso profissionais mais experientes
Tambeacutem foi relatada uma carecircncia muito grande em relaccedilatildeo a congressos palestras e cursos voltados para a praacutetica cliacutenica infantil
Avaliaccedilatildeo da especialidade
As psicoterapeutas acreditam que a praacutetica cliacutenica infantil estaacute restrita por ser mais
difiacutecil trabalhar com a crianccedila e por exigir do profissional a compreen-satildeo da
linguagem simboacutelica manifesta pela crianccedila atraveacutes da fantasia da brincadeira
Tambeacutem foi destacado que essa praacutetica eacute altamente frustrante exigindo grande
limiar do psicoterapeuta para natildeo desistir considerando a dependecircncia que o
processo da crianccedila manteacutem em relaccedilatildeo agrave sua rede social principalmente seus
pais Portanto trabalhar com a crianccedila eacute trabalhar simultaneamente com a famiacutelia
tornandose assim uma praacutetica de grande complexidade
Tambeacutem foram feitas referecircncias agrave demanda fiacutesica que a crianccedila requer do
psicoterapeuta sendo considerado um fator que gera cansaccedilo nos psicotera-peutas
mais velhos que muitas vezes acabam por desistir de trabalhar com ela por natildeo
aguumlentarem mais abaixar levantar sentar-se no chatildeo ou ateacute pular
O sucesso do trabalho do terapeuta depende muitas vezes da
habilidadeconhecimento do profissional nesse acircmbito familiar E natildeo se sabe se os
profissionais estatildeo com formaccedilatildeo eou habilitaccedilatildeo para tais praacuteticas e consequumlentemente quais satildeo os niacuteveis de frustraccedilatildeo que tecircm vivenciado
De maneira geral segundo as participantes o proacuteprio enfoque do curso de
psicologia estaacute mais voltado ao adulto do que agrave crianccedila Num contexto mais amplo
isso repercute na formaccedilatildeo do psicoacutelogo e na escolha dos estudantes ao fazerem
sua opccedilatildeo de atuaccedilatildeo por conseguinte essa aacuterea cada vez mais tem um reduzido
nuacutemero de pessoas
Branco (1998) traz alguns questionamentos agraves universidades indagando sobre o
tipo de profissional que se quer formar no curso de psicologia se comprometido com a mudanccedila ou com a legitimaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais
Webber Botomeacute e Rebelatto (1996 p11) criticaram os curriacuteculos dos cursos de
formaccedilatildeo considerando-os mais voltados ao ensino de teacutecnicas e modelos de
atuaccedilatildeo existentes (e consagrados) do que ao desenvolvimento de atuaccedilotildees profissionais socialmente significativas
Silva (2001) afirma que atualmente se vive em busca de uma psicologia cliacutenica que
levando em conta os saberes dos quais se dispotildee efetue intervenccedilotildees nas vidas
nas relaccedilotildees nas subjetividades das pessoas sem cair em contradiccedilatildeo ou ser
rechaccedilada pelas proacuteprias criacuteticas de quem a pratica Uma cliacutenica que invente praacutexis eacuteticas e politicamente comprometidas
Segundo Bock (1997) a meta do psicoacutelogo deve ser estar sempre em movimento
Um psicoacutelogo aliado da transformaccedilatildeo do movimento da sociedade e dos
interesses da maioria da populaccedilatildeo Um psicoacutelogo inquieto conspirador que saiba
estranhar aquilo que na realidade se tornou tatildeo familiar que chega a ser pensado
como natural Um psicoacutelogo permeaacutevel agraves inovaccedilotildees que aceite o desafio de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional
Outras observaccedilotildees
O trabalho com a crianccedila foi considerado muito importante visto que lidar
precocemente com as questotildees que trazem inquietaccedilotildees e sofrimento eacute muito mais
proveitoso do que lidar com elas quando jaacute estatildeo muito cristalizadas
As participantes avaliaram que ser psicoterapeuta eacute muito gratificante mas
tambeacutem muito difiacutecil porque o profissional eacute o proacuteprio instrumento de trabalho e
isto significa que para se oferecer um trabalho de boa qualidade eacute preciso estar
bem pessoalmente e capacitado com conhecimentos teoacuterico-teacutecnicos mediante
supervisotildees especializa-ccedilotildees e isso tudo eacute muito dispendioso financeiramente Entretanto o desafio natildeo paacutera por aiacute
Colombo (2000) considera estimulante e desafiador o fato de que o psicoterapeuta
escolhe uma atividade profissional na qual eacute chamado a utilizar como instrumento
baacutesico de trabalho o proacuteprio self Para a autora eacute inquietante saber que a maacutegica
que o terapeuta deve oferecer eacute a sua integridade aqui e agora habitar a sua
morada estar em conexatildeo consigo com a proacutepria histoacuteria crenccedilas e preconceitos
com o humano e o sagrado dentro de si Enfim trazer o que somente eacute possiacutevel na
singularidade e integridade Whitaker e Bumberry (1990) destacaram que apenas
quando se luta consigo proacuteprio eacute que se fica livre para trazer a si mesmo para o
consultoacuterio psicoteraacutepico e natildeo apenas o uniforme de terapeuta
Consideraccedilotildees Finais
Quando esta pesquisa foi iniciada uma das inquietaccedilotildees que a pautavam referia-se
agrave necessidade de se buscar recursos natildeo apenas em uma abordagem e tambeacutem
natildeo somente na psicologia Havia inicialmente uma grande convicccedilatildeo da
necessidade e importacircncia de buscar em outras aacutereas o apoio substancial para um
pleno desenvolvimento do processo terapecircutico da crianccedila Entretanto tal
convicccedilatildeo natildeo se estendia agrave busca de apoio em outras abordagens visto a
incompletude de cada teoria diante da amplitude e complexidade do ser humano -
especialmente no que se refere a uma abordagem psicoteraacutepica infantil
Incomodava a possibilidade de que colegas e comunidade cientiacutefica considerassem
tal procedimento como ecleacutetico salada embora a experiecircncia demonstrasse
que uma integraccedilatildeo cuidadosa muito poderia enriquecer a praacutetica cliacutenica
Apoacutes todo o percurso de campo e teoacuterico a necessidade de busca de apoio em
outras abordagens tambeacutem foi encontrada em algumas psicoterapeutas
colaboradoras aleacutem de ter ficado evidente na revisatildeo literaacuteria que alguns autores
compartilham essas ideacuteias A partir de entatildeo tal posicionamento tornou-se mais
confortaacutevel pois se constatou que na verdade a inquietaccedilatildeo suscita mudanccedilas e
natildeo eacute prudente fechar--se em uma soacute verdade quando haacute o comprometi-mento
com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica Hoje a ideacuteia de fixar-se a um soacute modelo jaacute
estaacute sendo superada e vista como possibilidade de ficar amarrado ao dogmatismo
de uma ou outra corrente do pensamento constituiacutedo Ficar preso a um soacute modelo eacute
demais limitante se por um lado isso possa trazer uma certa seguranccedila por
outro fica-se amarrado Essas amarras contradizem o processo de autonomia que
todo terapeuta propotildee possibilitar que o cliente encontre Se houver maior
flexibilidade eacute possiacutevel adaptar os recursos agraves necessidades dos clientes e natildeo os adaptar agrave teoria em que se acredita
No dizer de Fernando Pessoa navegar eacute preciso viver natildeo eacute preciso (precisatildeo)
Portanto diante desse viver tatildeo impreciso como eacute possiacutevel trabalhar com a
subjetividade dos clientes de forma tatildeo precisa Eacute preciso suportar as incertezas
deixar soltas as amarras das teorias que aprisionam para que se possa atuar
realmente numa postura eacutetica e esteacutetica com os clientes Acredita-se que acima da
modalidade psicoteraacutepica estaacute a eacutetica a postura do profissional diante do fazer
terapecircutico
Branco (1998) afirma que o perfil do psicoacutelogo hoje deve ser o de um profissional
criacutetico natildeo necessariamente de um especialista mas sim de um estudioso
permanente das situaccedilotildees nas quais sua praacutetica esteja implicada Um profissional
que se habitue a exercitar-se numa visatildeo complexa e que perceba as contradiccedilotildees
inerentes agrave sua praacutetica e a necessidade de refazecirc-la ajudando os grupos
indiviacuteduos e instituiccedilotildees a eliminarem os processos de desuma-nizaccedilatildeo e alienaccedilatildeo responsaacuteveis pelo sofrimento psiacutequico
A formaccedilatildeo do psicoacutelogo precisa possibilitar o engajamento do futuro profissional
na sociedade aleacutem de reelaborar o conhecimento constituiacutedo Natildeo se deve com
isso eliminar as diferenccedilas teoacutericas e metodo-loacutegicas apesar das finalidades
comuns O trabalho acadecircmico coletivo deve explicitar e aprofundar as
divergecircncias Aleacutem disso a exigecircncia por uma articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica natildeo
poderaacute significar ativismo que diminua o estudo das teorias Eacute preciso pois
abarcar de forma profunda todas as matrizes do pensamento psicoloacutegico em uma
dinacircmica de trabalho que permita o confronto de pontos de vista e projetos que reuacutenam vaacuterios campos do saber
Para isso eacute preciso estar atento agraves poliacuteticas acadecircmicas que priorizam
determinadas abordagens normalmente uma ou outra dentre as mais consa-
gradas fechando o aluno em algumas verdades em termos teoacutericos e praacuteticos
atraveacutes dos estaacutegios e da pesquisa impossibilitando-o de ter acesso a uma visatildeo
mais global e com praacuteticas comprometidas com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica
Para que ratificando o pensamento de Bock (1997) seja possiacutevel formar
profissionais criacuteticos inquietos permeaacuteveis agraves inovaccedilotildees e que aceitem o desafio
de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional tudo isto aliado agrave
transformaccedilatildeo ao movimento da sociedade e aos interesses da maioria da
populaccedilatildeo haacute de se olhar criticamente a proacutepria atuaccedilatildeo como cliacutenicos e docentes
avaliando se a postura estaacute sendo coerente com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica ou de especialista de conhecimento fechado numa soacute verdade
Entende-se que atraveacutes do percurso percorrido na elaboraccedilatildeo desse estudo seja
possiacutevel com base em abordagens tradicionais promover reflexotildees que
possibilitem avaliaacute-las de forma respeitosa pelas valiosas contribuiccedilotildees que
oferecem agrave praacutetica cliacutenica poreacutem sem esquecer que satildeo algumas possibilidades
dentro de um leque de opccedilotildees Natildeo se pode portanto fechar-se nessas verdades e
tambeacutem natildeo se pode deixar de consideraacute-las como uacuteteis e eficazes mesmo diante
do avanccedilo da ciecircncia
Embora este estudo tenha partido das praacuteticas tradicionais natildeo se restringiu a
apenas uma abordagem e tambeacutem possibilitou algumas reflexotildees para aleacutem delas
atraveacutes dos temas emergentes nas entrevistas No entanto fica a contribuiccedilatildeo para
futuras pesquisas e tambeacutem a reflexatildeo de que as praacuteticas tradicionais satildeo muito
importantes mesmo com todo avanccedilo da psicologia Mas como cliacutenicos e docentes
formadores de psicoacutelogos eacute necessaacuteria uma certa permeabilidade que possibilite
criacutetica e flexibilidade para acompanhar a evoluccedilatildeo e exercer uma praacutetica para aleacutem do instituiacutedo a serviccedilo da humanizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem a localidade onde essa pesquisa foi realizada - realidade
Pernambucana ficando tambeacutem a sugestatildeo para futuras pesquisas em outras regiotildees brasileiras
Referecircncias
Axline VM (1980a) Dibs em busca de si mesmo Rio de Janeiro Agir
Axline VM (1980b) Ludoterapia a dinacircmica interior da crianccedila Belo Horizonte Interlivros
Bermuacutedez JGR (1997) Teoriacutea y teacutecnica psicodramatica Buenos Aires Paidoacutes
Bock AMB (1997) Formaccedilatildeo do psicoacutelogo um debate a partir do significado do fenocircmeno psicoloacutegico Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 17 (2) 37-42
Branco MTC (1998) Que profissional queremos formar Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 18(3) 28-35
Colombo SF (2000) Em busca do sagrado In HM Cruz Papai mamatildee vocecirc E
eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp168-88) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Dorfman E (1974) Ludoterapia In C Rogers Terapia centrada no paciente (pp269-317) Satildeo Paulo Martins Fontes
Epston D (1997) I am a bear discovering discoveries In C Smith amp D Nylund Narrative therapies with children and adolescents New York Guilford Press
Ferrari DCA (1984) A postura do psicodramatista no Psicodrama de crianccedila
Revista da Febrap (2) 55-60
Grandesso MA (2000a) Sobre a reconstruccedilatildeo do significado uma anaacutelise epistemoloacutegica e hermenecircutica da praacutetica cliacutenica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Grandesso MA (2000b) Quem eacute a dona da histoacuteria In HM CruzPapai mamatildee
vocecirc E eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp101-22) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Molina-Loza CA (2002 maio) Os canaacuterios da minha avoacute as asas da imaginaccedilatildeo
ou conta para o cliente que ele proacuteprio se reconta[on-line] Disponiacutevel em httpwwwabrateforgbrmeioartigoshtm
Oaklander V (1980) Descobrindo crianccedilas abordagem gestaacuteltica com crianccedilas e adolescentes Satildeo Paulo Summus
Oaklander V (1994) Gestalt Play Therapy In KJ OConnor Handbook of play
therapy v2 advances and innovations Willy Series on personality processes
(pp143-56) New York The Guilford Press
Oaklander V (1999) Group play therapy from a Gestalt therapy perspective In
DS Sweeney (Ed)The Handbook of group play therapy (pp162-75) New York The Guilford Press
Oaklander V (2000) Short-Term Gestalt play therapy for grieving children In
HG Kaduson amp C E Schaefer (Ed) Short-Term play therapy for children (pp28-
52) New York The Guilford Press
Osoacuterio LC amp Valle ME (2002) Terapia de famiacutelias novas tendecircncias Porto Alegre Artmed
Silva ER Psicologia Cliacutenica um novo espetaacuteculo dimensotildees eacuteticas e poliacuteticas Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 21 (4)78-87
Weber LND Botomeacute SP amp Rebelatto JR(1996) Psicologia definiccedilotildees perspectivas e desenvolvimento Psicologia Argumento 29 9-28
Whitaker CA amp Bumberry WM (1990) Danccedilando com a famiacutelia uma abordagem simboacutelico-experiencial Porto Alegre Artes Meacutedicas
Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
mais velhos que muitas vezes acabam por desistir de trabalhar com ela por natildeo
aguumlentarem mais abaixar levantar sentar-se no chatildeo ou ateacute pular
O sucesso do trabalho do terapeuta depende muitas vezes da
habilidadeconhecimento do profissional nesse acircmbito familiar E natildeo se sabe se os
profissionais estatildeo com formaccedilatildeo eou habilitaccedilatildeo para tais praacuteticas e consequumlentemente quais satildeo os niacuteveis de frustraccedilatildeo que tecircm vivenciado
De maneira geral segundo as participantes o proacuteprio enfoque do curso de
psicologia estaacute mais voltado ao adulto do que agrave crianccedila Num contexto mais amplo
isso repercute na formaccedilatildeo do psicoacutelogo e na escolha dos estudantes ao fazerem
sua opccedilatildeo de atuaccedilatildeo por conseguinte essa aacuterea cada vez mais tem um reduzido
nuacutemero de pessoas
Branco (1998) traz alguns questionamentos agraves universidades indagando sobre o
tipo de profissional que se quer formar no curso de psicologia se comprometido com a mudanccedila ou com a legitimaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais
Webber Botomeacute e Rebelatto (1996 p11) criticaram os curriacuteculos dos cursos de
formaccedilatildeo considerando-os mais voltados ao ensino de teacutecnicas e modelos de
atuaccedilatildeo existentes (e consagrados) do que ao desenvolvimento de atuaccedilotildees profissionais socialmente significativas
Silva (2001) afirma que atualmente se vive em busca de uma psicologia cliacutenica que
levando em conta os saberes dos quais se dispotildee efetue intervenccedilotildees nas vidas
nas relaccedilotildees nas subjetividades das pessoas sem cair em contradiccedilatildeo ou ser
rechaccedilada pelas proacuteprias criacuteticas de quem a pratica Uma cliacutenica que invente praacutexis eacuteticas e politicamente comprometidas
Segundo Bock (1997) a meta do psicoacutelogo deve ser estar sempre em movimento
Um psicoacutelogo aliado da transformaccedilatildeo do movimento da sociedade e dos
interesses da maioria da populaccedilatildeo Um psicoacutelogo inquieto conspirador que saiba
estranhar aquilo que na realidade se tornou tatildeo familiar que chega a ser pensado
como natural Um psicoacutelogo permeaacutevel agraves inovaccedilotildees que aceite o desafio de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional
Outras observaccedilotildees
O trabalho com a crianccedila foi considerado muito importante visto que lidar
precocemente com as questotildees que trazem inquietaccedilotildees e sofrimento eacute muito mais
proveitoso do que lidar com elas quando jaacute estatildeo muito cristalizadas
As participantes avaliaram que ser psicoterapeuta eacute muito gratificante mas
tambeacutem muito difiacutecil porque o profissional eacute o proacuteprio instrumento de trabalho e
isto significa que para se oferecer um trabalho de boa qualidade eacute preciso estar
bem pessoalmente e capacitado com conhecimentos teoacuterico-teacutecnicos mediante
supervisotildees especializa-ccedilotildees e isso tudo eacute muito dispendioso financeiramente Entretanto o desafio natildeo paacutera por aiacute
Colombo (2000) considera estimulante e desafiador o fato de que o psicoterapeuta
escolhe uma atividade profissional na qual eacute chamado a utilizar como instrumento
baacutesico de trabalho o proacuteprio self Para a autora eacute inquietante saber que a maacutegica
que o terapeuta deve oferecer eacute a sua integridade aqui e agora habitar a sua
morada estar em conexatildeo consigo com a proacutepria histoacuteria crenccedilas e preconceitos
com o humano e o sagrado dentro de si Enfim trazer o que somente eacute possiacutevel na
singularidade e integridade Whitaker e Bumberry (1990) destacaram que apenas
quando se luta consigo proacuteprio eacute que se fica livre para trazer a si mesmo para o
consultoacuterio psicoteraacutepico e natildeo apenas o uniforme de terapeuta
Consideraccedilotildees Finais
Quando esta pesquisa foi iniciada uma das inquietaccedilotildees que a pautavam referia-se
agrave necessidade de se buscar recursos natildeo apenas em uma abordagem e tambeacutem
natildeo somente na psicologia Havia inicialmente uma grande convicccedilatildeo da
necessidade e importacircncia de buscar em outras aacutereas o apoio substancial para um
pleno desenvolvimento do processo terapecircutico da crianccedila Entretanto tal
convicccedilatildeo natildeo se estendia agrave busca de apoio em outras abordagens visto a
incompletude de cada teoria diante da amplitude e complexidade do ser humano -
especialmente no que se refere a uma abordagem psicoteraacutepica infantil
Incomodava a possibilidade de que colegas e comunidade cientiacutefica considerassem
tal procedimento como ecleacutetico salada embora a experiecircncia demonstrasse
que uma integraccedilatildeo cuidadosa muito poderia enriquecer a praacutetica cliacutenica
Apoacutes todo o percurso de campo e teoacuterico a necessidade de busca de apoio em
outras abordagens tambeacutem foi encontrada em algumas psicoterapeutas
colaboradoras aleacutem de ter ficado evidente na revisatildeo literaacuteria que alguns autores
compartilham essas ideacuteias A partir de entatildeo tal posicionamento tornou-se mais
confortaacutevel pois se constatou que na verdade a inquietaccedilatildeo suscita mudanccedilas e
natildeo eacute prudente fechar--se em uma soacute verdade quando haacute o comprometi-mento
com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica Hoje a ideacuteia de fixar-se a um soacute modelo jaacute
estaacute sendo superada e vista como possibilidade de ficar amarrado ao dogmatismo
de uma ou outra corrente do pensamento constituiacutedo Ficar preso a um soacute modelo eacute
demais limitante se por um lado isso possa trazer uma certa seguranccedila por
outro fica-se amarrado Essas amarras contradizem o processo de autonomia que
todo terapeuta propotildee possibilitar que o cliente encontre Se houver maior
flexibilidade eacute possiacutevel adaptar os recursos agraves necessidades dos clientes e natildeo os adaptar agrave teoria em que se acredita
No dizer de Fernando Pessoa navegar eacute preciso viver natildeo eacute preciso (precisatildeo)
Portanto diante desse viver tatildeo impreciso como eacute possiacutevel trabalhar com a
subjetividade dos clientes de forma tatildeo precisa Eacute preciso suportar as incertezas
deixar soltas as amarras das teorias que aprisionam para que se possa atuar
realmente numa postura eacutetica e esteacutetica com os clientes Acredita-se que acima da
modalidade psicoteraacutepica estaacute a eacutetica a postura do profissional diante do fazer
terapecircutico
Branco (1998) afirma que o perfil do psicoacutelogo hoje deve ser o de um profissional
criacutetico natildeo necessariamente de um especialista mas sim de um estudioso
permanente das situaccedilotildees nas quais sua praacutetica esteja implicada Um profissional
que se habitue a exercitar-se numa visatildeo complexa e que perceba as contradiccedilotildees
inerentes agrave sua praacutetica e a necessidade de refazecirc-la ajudando os grupos
indiviacuteduos e instituiccedilotildees a eliminarem os processos de desuma-nizaccedilatildeo e alienaccedilatildeo responsaacuteveis pelo sofrimento psiacutequico
A formaccedilatildeo do psicoacutelogo precisa possibilitar o engajamento do futuro profissional
na sociedade aleacutem de reelaborar o conhecimento constituiacutedo Natildeo se deve com
isso eliminar as diferenccedilas teoacutericas e metodo-loacutegicas apesar das finalidades
comuns O trabalho acadecircmico coletivo deve explicitar e aprofundar as
divergecircncias Aleacutem disso a exigecircncia por uma articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica natildeo
poderaacute significar ativismo que diminua o estudo das teorias Eacute preciso pois
abarcar de forma profunda todas as matrizes do pensamento psicoloacutegico em uma
dinacircmica de trabalho que permita o confronto de pontos de vista e projetos que reuacutenam vaacuterios campos do saber
Para isso eacute preciso estar atento agraves poliacuteticas acadecircmicas que priorizam
determinadas abordagens normalmente uma ou outra dentre as mais consa-
gradas fechando o aluno em algumas verdades em termos teoacutericos e praacuteticos
atraveacutes dos estaacutegios e da pesquisa impossibilitando-o de ter acesso a uma visatildeo
mais global e com praacuteticas comprometidas com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica
Para que ratificando o pensamento de Bock (1997) seja possiacutevel formar
profissionais criacuteticos inquietos permeaacuteveis agraves inovaccedilotildees e que aceitem o desafio
de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional tudo isto aliado agrave
transformaccedilatildeo ao movimento da sociedade e aos interesses da maioria da
populaccedilatildeo haacute de se olhar criticamente a proacutepria atuaccedilatildeo como cliacutenicos e docentes
avaliando se a postura estaacute sendo coerente com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica ou de especialista de conhecimento fechado numa soacute verdade
Entende-se que atraveacutes do percurso percorrido na elaboraccedilatildeo desse estudo seja
possiacutevel com base em abordagens tradicionais promover reflexotildees que
possibilitem avaliaacute-las de forma respeitosa pelas valiosas contribuiccedilotildees que
oferecem agrave praacutetica cliacutenica poreacutem sem esquecer que satildeo algumas possibilidades
dentro de um leque de opccedilotildees Natildeo se pode portanto fechar-se nessas verdades e
tambeacutem natildeo se pode deixar de consideraacute-las como uacuteteis e eficazes mesmo diante
do avanccedilo da ciecircncia
Embora este estudo tenha partido das praacuteticas tradicionais natildeo se restringiu a
apenas uma abordagem e tambeacutem possibilitou algumas reflexotildees para aleacutem delas
atraveacutes dos temas emergentes nas entrevistas No entanto fica a contribuiccedilatildeo para
futuras pesquisas e tambeacutem a reflexatildeo de que as praacuteticas tradicionais satildeo muito
importantes mesmo com todo avanccedilo da psicologia Mas como cliacutenicos e docentes
formadores de psicoacutelogos eacute necessaacuteria uma certa permeabilidade que possibilite
criacutetica e flexibilidade para acompanhar a evoluccedilatildeo e exercer uma praacutetica para aleacutem do instituiacutedo a serviccedilo da humanizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem a localidade onde essa pesquisa foi realizada - realidade
Pernambucana ficando tambeacutem a sugestatildeo para futuras pesquisas em outras regiotildees brasileiras
Referecircncias
Axline VM (1980a) Dibs em busca de si mesmo Rio de Janeiro Agir
Axline VM (1980b) Ludoterapia a dinacircmica interior da crianccedila Belo Horizonte Interlivros
Bermuacutedez JGR (1997) Teoriacutea y teacutecnica psicodramatica Buenos Aires Paidoacutes
Bock AMB (1997) Formaccedilatildeo do psicoacutelogo um debate a partir do significado do fenocircmeno psicoloacutegico Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 17 (2) 37-42
Branco MTC (1998) Que profissional queremos formar Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 18(3) 28-35
Colombo SF (2000) Em busca do sagrado In HM Cruz Papai mamatildee vocecirc E
eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp168-88) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Dorfman E (1974) Ludoterapia In C Rogers Terapia centrada no paciente (pp269-317) Satildeo Paulo Martins Fontes
Epston D (1997) I am a bear discovering discoveries In C Smith amp D Nylund Narrative therapies with children and adolescents New York Guilford Press
Ferrari DCA (1984) A postura do psicodramatista no Psicodrama de crianccedila
Revista da Febrap (2) 55-60
Grandesso MA (2000a) Sobre a reconstruccedilatildeo do significado uma anaacutelise epistemoloacutegica e hermenecircutica da praacutetica cliacutenica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Grandesso MA (2000b) Quem eacute a dona da histoacuteria In HM CruzPapai mamatildee
vocecirc E eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp101-22) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Molina-Loza CA (2002 maio) Os canaacuterios da minha avoacute as asas da imaginaccedilatildeo
ou conta para o cliente que ele proacuteprio se reconta[on-line] Disponiacutevel em httpwwwabrateforgbrmeioartigoshtm
Oaklander V (1980) Descobrindo crianccedilas abordagem gestaacuteltica com crianccedilas e adolescentes Satildeo Paulo Summus
Oaklander V (1994) Gestalt Play Therapy In KJ OConnor Handbook of play
therapy v2 advances and innovations Willy Series on personality processes
(pp143-56) New York The Guilford Press
Oaklander V (1999) Group play therapy from a Gestalt therapy perspective In
DS Sweeney (Ed)The Handbook of group play therapy (pp162-75) New York The Guilford Press
Oaklander V (2000) Short-Term Gestalt play therapy for grieving children In
HG Kaduson amp C E Schaefer (Ed) Short-Term play therapy for children (pp28-
52) New York The Guilford Press
Osoacuterio LC amp Valle ME (2002) Terapia de famiacutelias novas tendecircncias Porto Alegre Artmed
Silva ER Psicologia Cliacutenica um novo espetaacuteculo dimensotildees eacuteticas e poliacuteticas Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 21 (4)78-87
Weber LND Botomeacute SP amp Rebelatto JR(1996) Psicologia definiccedilotildees perspectivas e desenvolvimento Psicologia Argumento 29 9-28
Whitaker CA amp Bumberry WM (1990) Danccedilando com a famiacutelia uma abordagem simboacutelico-experiencial Porto Alegre Artes Meacutedicas
Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
quando se luta consigo proacuteprio eacute que se fica livre para trazer a si mesmo para o
consultoacuterio psicoteraacutepico e natildeo apenas o uniforme de terapeuta
Consideraccedilotildees Finais
Quando esta pesquisa foi iniciada uma das inquietaccedilotildees que a pautavam referia-se
agrave necessidade de se buscar recursos natildeo apenas em uma abordagem e tambeacutem
natildeo somente na psicologia Havia inicialmente uma grande convicccedilatildeo da
necessidade e importacircncia de buscar em outras aacutereas o apoio substancial para um
pleno desenvolvimento do processo terapecircutico da crianccedila Entretanto tal
convicccedilatildeo natildeo se estendia agrave busca de apoio em outras abordagens visto a
incompletude de cada teoria diante da amplitude e complexidade do ser humano -
especialmente no que se refere a uma abordagem psicoteraacutepica infantil
Incomodava a possibilidade de que colegas e comunidade cientiacutefica considerassem
tal procedimento como ecleacutetico salada embora a experiecircncia demonstrasse
que uma integraccedilatildeo cuidadosa muito poderia enriquecer a praacutetica cliacutenica
Apoacutes todo o percurso de campo e teoacuterico a necessidade de busca de apoio em
outras abordagens tambeacutem foi encontrada em algumas psicoterapeutas
colaboradoras aleacutem de ter ficado evidente na revisatildeo literaacuteria que alguns autores
compartilham essas ideacuteias A partir de entatildeo tal posicionamento tornou-se mais
confortaacutevel pois se constatou que na verdade a inquietaccedilatildeo suscita mudanccedilas e
natildeo eacute prudente fechar--se em uma soacute verdade quando haacute o comprometi-mento
com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica Hoje a ideacuteia de fixar-se a um soacute modelo jaacute
estaacute sendo superada e vista como possibilidade de ficar amarrado ao dogmatismo
de uma ou outra corrente do pensamento constituiacutedo Ficar preso a um soacute modelo eacute
demais limitante se por um lado isso possa trazer uma certa seguranccedila por
outro fica-se amarrado Essas amarras contradizem o processo de autonomia que
todo terapeuta propotildee possibilitar que o cliente encontre Se houver maior
flexibilidade eacute possiacutevel adaptar os recursos agraves necessidades dos clientes e natildeo os adaptar agrave teoria em que se acredita
No dizer de Fernando Pessoa navegar eacute preciso viver natildeo eacute preciso (precisatildeo)
Portanto diante desse viver tatildeo impreciso como eacute possiacutevel trabalhar com a
subjetividade dos clientes de forma tatildeo precisa Eacute preciso suportar as incertezas
deixar soltas as amarras das teorias que aprisionam para que se possa atuar
realmente numa postura eacutetica e esteacutetica com os clientes Acredita-se que acima da
modalidade psicoteraacutepica estaacute a eacutetica a postura do profissional diante do fazer
terapecircutico
Branco (1998) afirma que o perfil do psicoacutelogo hoje deve ser o de um profissional
criacutetico natildeo necessariamente de um especialista mas sim de um estudioso
permanente das situaccedilotildees nas quais sua praacutetica esteja implicada Um profissional
que se habitue a exercitar-se numa visatildeo complexa e que perceba as contradiccedilotildees
inerentes agrave sua praacutetica e a necessidade de refazecirc-la ajudando os grupos
indiviacuteduos e instituiccedilotildees a eliminarem os processos de desuma-nizaccedilatildeo e alienaccedilatildeo responsaacuteveis pelo sofrimento psiacutequico
A formaccedilatildeo do psicoacutelogo precisa possibilitar o engajamento do futuro profissional
na sociedade aleacutem de reelaborar o conhecimento constituiacutedo Natildeo se deve com
isso eliminar as diferenccedilas teoacutericas e metodo-loacutegicas apesar das finalidades
comuns O trabalho acadecircmico coletivo deve explicitar e aprofundar as
divergecircncias Aleacutem disso a exigecircncia por uma articulaccedilatildeo entre teoria e praacutetica natildeo
poderaacute significar ativismo que diminua o estudo das teorias Eacute preciso pois
abarcar de forma profunda todas as matrizes do pensamento psicoloacutegico em uma
dinacircmica de trabalho que permita o confronto de pontos de vista e projetos que reuacutenam vaacuterios campos do saber
Para isso eacute preciso estar atento agraves poliacuteticas acadecircmicas que priorizam
determinadas abordagens normalmente uma ou outra dentre as mais consa-
gradas fechando o aluno em algumas verdades em termos teoacutericos e praacuteticos
atraveacutes dos estaacutegios e da pesquisa impossibilitando-o de ter acesso a uma visatildeo
mais global e com praacuteticas comprometidas com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica
Para que ratificando o pensamento de Bock (1997) seja possiacutevel formar
profissionais criacuteticos inquietos permeaacuteveis agraves inovaccedilotildees e que aceitem o desafio
de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional tudo isto aliado agrave
transformaccedilatildeo ao movimento da sociedade e aos interesses da maioria da
populaccedilatildeo haacute de se olhar criticamente a proacutepria atuaccedilatildeo como cliacutenicos e docentes
avaliando se a postura estaacute sendo coerente com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica ou de especialista de conhecimento fechado numa soacute verdade
Entende-se que atraveacutes do percurso percorrido na elaboraccedilatildeo desse estudo seja
possiacutevel com base em abordagens tradicionais promover reflexotildees que
possibilitem avaliaacute-las de forma respeitosa pelas valiosas contribuiccedilotildees que
oferecem agrave praacutetica cliacutenica poreacutem sem esquecer que satildeo algumas possibilidades
dentro de um leque de opccedilotildees Natildeo se pode portanto fechar-se nessas verdades e
tambeacutem natildeo se pode deixar de consideraacute-las como uacuteteis e eficazes mesmo diante
do avanccedilo da ciecircncia
Embora este estudo tenha partido das praacuteticas tradicionais natildeo se restringiu a
apenas uma abordagem e tambeacutem possibilitou algumas reflexotildees para aleacutem delas
atraveacutes dos temas emergentes nas entrevistas No entanto fica a contribuiccedilatildeo para
futuras pesquisas e tambeacutem a reflexatildeo de que as praacuteticas tradicionais satildeo muito
importantes mesmo com todo avanccedilo da psicologia Mas como cliacutenicos e docentes
formadores de psicoacutelogos eacute necessaacuteria uma certa permeabilidade que possibilite
criacutetica e flexibilidade para acompanhar a evoluccedilatildeo e exercer uma praacutetica para aleacutem do instituiacutedo a serviccedilo da humanizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem a localidade onde essa pesquisa foi realizada - realidade
Pernambucana ficando tambeacutem a sugestatildeo para futuras pesquisas em outras regiotildees brasileiras
Referecircncias
Axline VM (1980a) Dibs em busca de si mesmo Rio de Janeiro Agir
Axline VM (1980b) Ludoterapia a dinacircmica interior da crianccedila Belo Horizonte Interlivros
Bermuacutedez JGR (1997) Teoriacutea y teacutecnica psicodramatica Buenos Aires Paidoacutes
Bock AMB (1997) Formaccedilatildeo do psicoacutelogo um debate a partir do significado do fenocircmeno psicoloacutegico Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 17 (2) 37-42
Branco MTC (1998) Que profissional queremos formar Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 18(3) 28-35
Colombo SF (2000) Em busca do sagrado In HM Cruz Papai mamatildee vocecirc E
eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp168-88) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Dorfman E (1974) Ludoterapia In C Rogers Terapia centrada no paciente (pp269-317) Satildeo Paulo Martins Fontes
Epston D (1997) I am a bear discovering discoveries In C Smith amp D Nylund Narrative therapies with children and adolescents New York Guilford Press
Ferrari DCA (1984) A postura do psicodramatista no Psicodrama de crianccedila
Revista da Febrap (2) 55-60
Grandesso MA (2000a) Sobre a reconstruccedilatildeo do significado uma anaacutelise epistemoloacutegica e hermenecircutica da praacutetica cliacutenica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Grandesso MA (2000b) Quem eacute a dona da histoacuteria In HM CruzPapai mamatildee
vocecirc E eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp101-22) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Molina-Loza CA (2002 maio) Os canaacuterios da minha avoacute as asas da imaginaccedilatildeo
ou conta para o cliente que ele proacuteprio se reconta[on-line] Disponiacutevel em httpwwwabrateforgbrmeioartigoshtm
Oaklander V (1980) Descobrindo crianccedilas abordagem gestaacuteltica com crianccedilas e adolescentes Satildeo Paulo Summus
Oaklander V (1994) Gestalt Play Therapy In KJ OConnor Handbook of play
therapy v2 advances and innovations Willy Series on personality processes
(pp143-56) New York The Guilford Press
Oaklander V (1999) Group play therapy from a Gestalt therapy perspective In
DS Sweeney (Ed)The Handbook of group play therapy (pp162-75) New York The Guilford Press
Oaklander V (2000) Short-Term Gestalt play therapy for grieving children In
HG Kaduson amp C E Schaefer (Ed) Short-Term play therapy for children (pp28-
52) New York The Guilford Press
Osoacuterio LC amp Valle ME (2002) Terapia de famiacutelias novas tendecircncias Porto Alegre Artmed
Silva ER Psicologia Cliacutenica um novo espetaacuteculo dimensotildees eacuteticas e poliacuteticas Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 21 (4)78-87
Weber LND Botomeacute SP amp Rebelatto JR(1996) Psicologia definiccedilotildees perspectivas e desenvolvimento Psicologia Argumento 29 9-28
Whitaker CA amp Bumberry WM (1990) Danccedilando com a famiacutelia uma abordagem simboacutelico-experiencial Porto Alegre Artes Meacutedicas
Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
abarcar de forma profunda todas as matrizes do pensamento psicoloacutegico em uma
dinacircmica de trabalho que permita o confronto de pontos de vista e projetos que reuacutenam vaacuterios campos do saber
Para isso eacute preciso estar atento agraves poliacuteticas acadecircmicas que priorizam
determinadas abordagens normalmente uma ou outra dentre as mais consa-
gradas fechando o aluno em algumas verdades em termos teoacutericos e praacuteticos
atraveacutes dos estaacutegios e da pesquisa impossibilitando-o de ter acesso a uma visatildeo
mais global e com praacuteticas comprometidas com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica
Para que ratificando o pensamento de Bock (1997) seja possiacutevel formar
profissionais criacuteticos inquietos permeaacuteveis agraves inovaccedilotildees e que aceitem o desafio
de coletivamente produzir alternativas agrave psicologia tradicional tudo isto aliado agrave
transformaccedilatildeo ao movimento da sociedade e aos interesses da maioria da
populaccedilatildeo haacute de se olhar criticamente a proacutepria atuaccedilatildeo como cliacutenicos e docentes
avaliando se a postura estaacute sendo coerente com o avanccedilo da ciecircncia psicoloacutegica ou de especialista de conhecimento fechado numa soacute verdade
Entende-se que atraveacutes do percurso percorrido na elaboraccedilatildeo desse estudo seja
possiacutevel com base em abordagens tradicionais promover reflexotildees que
possibilitem avaliaacute-las de forma respeitosa pelas valiosas contribuiccedilotildees que
oferecem agrave praacutetica cliacutenica poreacutem sem esquecer que satildeo algumas possibilidades
dentro de um leque de opccedilotildees Natildeo se pode portanto fechar-se nessas verdades e
tambeacutem natildeo se pode deixar de consideraacute-las como uacuteteis e eficazes mesmo diante
do avanccedilo da ciecircncia
Embora este estudo tenha partido das praacuteticas tradicionais natildeo se restringiu a
apenas uma abordagem e tambeacutem possibilitou algumas reflexotildees para aleacutem delas
atraveacutes dos temas emergentes nas entrevistas No entanto fica a contribuiccedilatildeo para
futuras pesquisas e tambeacutem a reflexatildeo de que as praacuteticas tradicionais satildeo muito
importantes mesmo com todo avanccedilo da psicologia Mas como cliacutenicos e docentes
formadores de psicoacutelogos eacute necessaacuteria uma certa permeabilidade que possibilite
criacutetica e flexibilidade para acompanhar a evoluccedilatildeo e exercer uma praacutetica para aleacutem do instituiacutedo a serviccedilo da humanizaccedilatildeo e desalienaccedilatildeo
Vale ressaltar tambeacutem a localidade onde essa pesquisa foi realizada - realidade
Pernambucana ficando tambeacutem a sugestatildeo para futuras pesquisas em outras regiotildees brasileiras
Referecircncias
Axline VM (1980a) Dibs em busca de si mesmo Rio de Janeiro Agir
Axline VM (1980b) Ludoterapia a dinacircmica interior da crianccedila Belo Horizonte Interlivros
Bermuacutedez JGR (1997) Teoriacutea y teacutecnica psicodramatica Buenos Aires Paidoacutes
Bock AMB (1997) Formaccedilatildeo do psicoacutelogo um debate a partir do significado do fenocircmeno psicoloacutegico Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 17 (2) 37-42
Branco MTC (1998) Que profissional queremos formar Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 18(3) 28-35
Colombo SF (2000) Em busca do sagrado In HM Cruz Papai mamatildee vocecirc E
eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp168-88) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Dorfman E (1974) Ludoterapia In C Rogers Terapia centrada no paciente (pp269-317) Satildeo Paulo Martins Fontes
Epston D (1997) I am a bear discovering discoveries In C Smith amp D Nylund Narrative therapies with children and adolescents New York Guilford Press
Ferrari DCA (1984) A postura do psicodramatista no Psicodrama de crianccedila
Revista da Febrap (2) 55-60
Grandesso MA (2000a) Sobre a reconstruccedilatildeo do significado uma anaacutelise epistemoloacutegica e hermenecircutica da praacutetica cliacutenica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Grandesso MA (2000b) Quem eacute a dona da histoacuteria In HM CruzPapai mamatildee
vocecirc E eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp101-22) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Molina-Loza CA (2002 maio) Os canaacuterios da minha avoacute as asas da imaginaccedilatildeo
ou conta para o cliente que ele proacuteprio se reconta[on-line] Disponiacutevel em httpwwwabrateforgbrmeioartigoshtm
Oaklander V (1980) Descobrindo crianccedilas abordagem gestaacuteltica com crianccedilas e adolescentes Satildeo Paulo Summus
Oaklander V (1994) Gestalt Play Therapy In KJ OConnor Handbook of play
therapy v2 advances and innovations Willy Series on personality processes
(pp143-56) New York The Guilford Press
Oaklander V (1999) Group play therapy from a Gestalt therapy perspective In
DS Sweeney (Ed)The Handbook of group play therapy (pp162-75) New York The Guilford Press
Oaklander V (2000) Short-Term Gestalt play therapy for grieving children In
HG Kaduson amp C E Schaefer (Ed) Short-Term play therapy for children (pp28-
52) New York The Guilford Press
Osoacuterio LC amp Valle ME (2002) Terapia de famiacutelias novas tendecircncias Porto Alegre Artmed
Silva ER Psicologia Cliacutenica um novo espetaacuteculo dimensotildees eacuteticas e poliacuteticas Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 21 (4)78-87
Weber LND Botomeacute SP amp Rebelatto JR(1996) Psicologia definiccedilotildees perspectivas e desenvolvimento Psicologia Argumento 29 9-28
Whitaker CA amp Bumberry WM (1990) Danccedilando com a famiacutelia uma abordagem simboacutelico-experiencial Porto Alegre Artes Meacutedicas
Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
Colombo SF (2000) Em busca do sagrado In HM Cruz Papai mamatildee vocecirc E
eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp168-88) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Dorfman E (1974) Ludoterapia In C Rogers Terapia centrada no paciente (pp269-317) Satildeo Paulo Martins Fontes
Epston D (1997) I am a bear discovering discoveries In C Smith amp D Nylund Narrative therapies with children and adolescents New York Guilford Press
Ferrari DCA (1984) A postura do psicodramatista no Psicodrama de crianccedila
Revista da Febrap (2) 55-60
Grandesso MA (2000a) Sobre a reconstruccedilatildeo do significado uma anaacutelise epistemoloacutegica e hermenecircutica da praacutetica cliacutenica Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Grandesso MA (2000b) Quem eacute a dona da histoacuteria In HM CruzPapai mamatildee
vocecirc E eu Conversaccedilotildees terapecircuticas em famiacutelias com crianccedilas (pp101-22) Satildeo Paulo Casa do Psicoacutelogo
Molina-Loza CA (2002 maio) Os canaacuterios da minha avoacute as asas da imaginaccedilatildeo
ou conta para o cliente que ele proacuteprio se reconta[on-line] Disponiacutevel em httpwwwabrateforgbrmeioartigoshtm
Oaklander V (1980) Descobrindo crianccedilas abordagem gestaacuteltica com crianccedilas e adolescentes Satildeo Paulo Summus
Oaklander V (1994) Gestalt Play Therapy In KJ OConnor Handbook of play
therapy v2 advances and innovations Willy Series on personality processes
(pp143-56) New York The Guilford Press
Oaklander V (1999) Group play therapy from a Gestalt therapy perspective In
DS Sweeney (Ed)The Handbook of group play therapy (pp162-75) New York The Guilford Press
Oaklander V (2000) Short-Term Gestalt play therapy for grieving children In
HG Kaduson amp C E Schaefer (Ed) Short-Term play therapy for children (pp28-
52) New York The Guilford Press
Osoacuterio LC amp Valle ME (2002) Terapia de famiacutelias novas tendecircncias Porto Alegre Artmed
Silva ER Psicologia Cliacutenica um novo espetaacuteculo dimensotildees eacuteticas e poliacuteticas Revista Psicologia Ciecircncia e Profissatildeo 21 (4)78-87
Weber LND Botomeacute SP amp Rebelatto JR(1996) Psicologia definiccedilotildees perspectivas e desenvolvimento Psicologia Argumento 29 9-28
Whitaker CA amp Bumberry WM (1990) Danccedilando com a famiacutelia uma abordagem simboacutelico-experiencial Porto Alegre Artes Meacutedicas
Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil
Endereccedilo para correspondecircncia
Maria Ivone Marchi Costa
Rua Irmatilde Arminda 10-50
7044-160 Bauru SP Brasil E-mailmarchicostatravelnetcombr
Recebido para publicaccedilatildeo em 23 marccedilo de 2004 Aceito em 21 de junho de 2004
1 Departamento de Psicologia Universidade do Sagrado Coraccedilatildeo de Bauru Bauru
SP Brasil 2 Poacutes-Graduaccedilatildeo em Psicologia Cliacutenica Universidade Catoacutelica de Pernambuco Recife PE Brasil