a intrusa maeterlinck

5/13/2018 A Intrusa Maeterlinck

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.' : J .'~.';~

MAURI CE lV lAE I'ERLINCK

A I N T R USA

Tradu~aode

SONIA PRAl;A '0.e

NJNA FORTES

1988RiD de 'Janei:w/Brasil


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A

' ' \0"

I R uT

02

s A


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03

Pela p r i m e i r a v ez . ..

.-~,.

. .. aos nossos amigos.

. .,


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PER SON AGE N S

o AVO' (cego)OPAlo TIO

-,~ A I R M A DE' CARIDADEA CRIADA

':'I

( A a9ao passa-se em tempos modernos)

-,"

,


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'0

' " 05Sala sombria de umvelho caate Io, Porta a direita, porta a esquerda e umapeguenapor ta , disfar~ada, num dos EUlgulos. AD fundo I janelas de vitrais emque domina acor verde, e umaport;a envf.dracada que se abre para umtarreco, U rn grande relOgiof.l.arrcnqo , Urr.: l 13rrp,xl':1 accsa.As tres rrocasA v OPai'rio

A m : x ; ,: a mais veJha'1'ioA v OPai

A v oPaiA v OPai'l~o

' - AvoTio

'.I.'io

Pa i

'1'io

,

A v aTioA v o'lioA v OPa i

r . rmIhor que se sente aqui, v o v o , perto da Luz,Pa.r.ece que nao esta bern claro aqui.Varros para 0 terra90, ou ficarros aqui na sala ?Nao seria rrelhor ficarrros aqui ? Choveu toda a semana e asnoites estao limidas e frias.Entretcmto, h a estrelas !Ah! as estrelas. Isso nao prova nada.t: melhor ficamos aqui , Nao se sabe 0que pode acontecer.Naoprecisamos nos preocupar. Nao h a mais perigo; ela estasalva ...Eu creio que ela nao esta passando bern.Por que diz isso ?Escutei sua voz.Mas se os rrec1icos nos afirrram que poderros fLcar t.ranqtli.Ios Voce sabe bern que 0seu sogro gosta de nos preocupar inutil-mente.Eu nao vejo cerro voces.Entao deve acreditar no que dizem as pessoas que enxergam. Elat.i.nha tim OUIiO aspecto est.a m:mha. l\gorLl, dorrre profundarrentee nao devemos estragar a primeira noite despreocupada que 0des t.i.no nos concede, Me parecc que tenDS 0 d.i.red, to de dcsca!:!_sar e rresmode rir urnpouco, sem ter msdo, esta noite.r : vcrdade, f: a prineira vez quo me sf.nto a vontacle, entre osffieUS, depois daquele p a r t o terrivel.Quandoa doenca entra numacasa, parece que ha UIl1estranho nafamilia. ; nessas ocasiOes que se ve cono, fora da farn!lia, nao se pedecontar commais ni.nquem.'.rem razao.Por que hoje nao pude ver mi.nhapobre filha ?Sabe bern que 0rredico proibiu.Ell na.o sei 0 que devo pensar ..f: inubl se preocupar ...(Lndi.candoa por ta a esquerda) CUidado, ela pode nos ouvir.N o S n a o falamos tao alto; alern do mais a porta e muito grossa,e a ImB de caridade que esta junto deJa nos avisaria se cstivessemos fazendo muito barulho.


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,A v O

e i Pa iA v OPaiAvoTio

06(Lndi.cando a porta a clireita) E ele ? Nao nos escuta ?Nao, nao.Ele dome ?Suponho que sim,t ': IfeIhor ver.o rreru.no roe preocupa mais Cb que sua muTher. H.3.algumas s~nns que o Ie n.;ISCCU I C apcnas so Irexe no bcrco: nao chorou sequer lunavez, ate agora; pa.rece luna cr i.anca de cera.Creio que ele sera strrdo, e talvez mudo. E esse 0resultadodos casamentos consangtlineos.

(Silencio de .reprovacao)Pai Eu desejo a ele 0 rresmomal,que fez a sua m a e .

Avo

I

Seja razoavel. 0 menino nao tern culpa. Ele esta s o no quarto?Sim, 0 rredico n a o quer que 0 rrenino fique no quarto da m a e .E a ama, I1clO es t a comele ?Nao, eLa foi descansar urnpouoo, e bern 0rrerece , depoi.s destesult.irros elias! V a v o c e , Orsula, veja se ele donne sossegado.

A IT'09amais ve lha Sim.(A.sues nocas Ievantam-se e, de ITBOS dadas, penetram no quarto, a direita)

A que horas chega sua i r m a ?Creio que eia vir a p or volta das nove.

Pa i'I'io

'l'LoPai

Pa i'rioPoi

' . 1 . ' . 1 _ 0Pai'1'10Pa i'I'Lo

Pa iTioAvoTioAvo. .'rioAvO

TioAvO

J5 passa dDS nove. Ell gostJ.ria que c1.:1vlcssc esta noi te; nunhamalhar .ins.ist.e muito emve-la.f: certo que vira. r! : a prin-eira vez Cjll2 eIa vernaqui ?Bla jamais enuou nesta caSa.r : Illuitodificil sair do c'Onvento.V i r a s o ?Ell pcnso que umadas f retras a L!exmq.x"lnhara. El.as nao podem sairsoai.nhas ,robs eLa c a superiora.,A reqra c a rreSITB para toclas.Na o estao preocupados ?Por que nos preocuparmos ? J a nao 115nada a terrer ,Sua i r m a e mais velha que voces ?Simi e a mais velha de t.cdos nos.Nao sci 0que tenho mas nao rre sinto sosseqado , Gostaria que asua iIlrB ja cstivesse agui.Ela vj_ra,ela prorreteu.Gos~~ria que esta noi te ja tivesse passado.

(E:ntt:"am as tres Il 'CX;?2IS)Pai Ele dome ?


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. ' A IfOCj,:a rraf.s ve lhaTioAv oTioPa iA~a mais velhaPai,A IT lO9aAvoA n"Cl9aTioA nocaT i oA m ::x;:aI\voA m:x;a'I'10AvoA~aA v O. .A r r o ; . : aTj.oA m : :x s : aAvoA mcx;aPail\ n..::x;aPa i1\ r r o c ; aTio

rcd1\ rnc)(;;:a. .Tio

A [lo;:a'rioA v OA [ro:;a

07Sim, profunc1alllente.Que farerros enquanto se espera ?~Esperar 0 que ?Esperar nossa i r m a .Nao ve ninguern chegar, Orsula ?( a janela) Nao.E na estrada " ? V o c e v e a es tra cla ?Sim. 0 luar ilwnina a estrada ate 0 bosque de ci.pres tes ,E nao v e ninguem ?Ninguem, vovo.Carro esta 0 telTpo ?Faz una noite rnaravi.Ihosa, Nao ouve 0canto dos rouxinof,s ?51rn , aim,I.evanta wn pouco de vento na estrac1a.Urnpouco de vento na csurada ?Sim, e as arvores bal.ancam uml)()UCO.~ estranho que minha i n n a nao esteja ai.nda aqui,Ell nao escuto mais os rouxinois.Creio que alguem entrou no jarc1:i.m,vovo.Queme ?Nao sei, nao vejo ni.nquem.Entao e porque nao h o 3 ni.nquem,Deve haver algu&n no jardim, os rouxinoi s emudecerarn de repe!!,teoEntretanto, nao ouco passo algum.A.l~fllemassou perto do lago, porgue os cisnes estao com medo.Nao v e ninguem ?Ninguem.Ma s 0 lago c o m este luar ...Sim; mas s o vejo que os ci.snes b~m rredo.'lenho certeza de que foi mi.nha 1m que os assustou. Ela entrar a pel.a por ta do lado.Por que soI~,],entao, que os caes nao ladram ?Ell vejo 0cao de guarcla no fundo de sua casinhola. Os cisnesvao para a Dutra marqem! ...Eles tern rredo de minha i rma . Eu vou ver. (Chama) Mana Manar : voce'? NDO h5 ni.ngu(fun.'l'enho ccr tczn que alguem entrou no jarc1im. V o c e s vao ver.rot,s cLa Ire rnspondcrLa!O s rouxinois nao voltaram a cantar, Orsula ?Nao oUC;;oSEXIucr urn, neste nonento.


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08

.1

NZto hE. ncnhum rufdo ,Ha.UITl siIcnc i.o de norte.Com certeza e urn desconhecido que os espantou. 5e fosse alguemde casa, as rouxinois nao se teriam calado ?o senhor pretende dedicar-se ao estudo dos rouxinoi.s ?Orsula, as portas envidra9adas estao abertas ?Sim. Estao aber tas , vovO.Parece crue 0frio entra na sala.vcnca UHl pouco no jard.irn, c as r.et.Jlas das rasas tombam nochao.

Pai ConvE!m fechar as partas. J a e tarde.A rroca Sim. Eu nao consigo fecha-la.

Pai. ' A v O

A v O

TioA v OA n x : : x ; aAvO

l\s duas outras lll:Ias Nao poc1errosfechar a port;a.AvO Que aconteceu, rreninas ?'rio Nao e preciso se preocopar , &1 VOLI ajud5-1as.A noca Nao consequi.mos fechji- La di.re.i to.rto C por causa da umi.dade, Facarros forca juntas, todas de UITla vez ,

Deve haver alguma coisa entre os batentes.Pai 0 marccneiroconsertazaamanha.Avo o marceneiro vira a m a n h a ?

Sim, vovo, ele verntrabalhar na adega.Vai fazer mui to barulho! ..Pedir-lhe-ei que trabalhe comcuidado.

A r o c : x ; : aAvoA r roca(Ouve-se, de repente, urnruido que vernde fora, COITO 0 de 1..IIM foice ao ser afiada)Avo (cstrenccendo) Oh !Tio o q u e e isto ?

Nao sci bern. Creio que e 0 jardineiro. Nao 0 vejo bern, ele estarnui,o junto da casa.f: 0 janli.nciro que correca a ceifar.El.e Lraba lha a noi te ?Amanhanao e domingo? Sim. Ell notei que a erva dos canteirosescii muito alta, emtorno c ia casa.M2parece que sua fOice esta fazendo multo rufdo,Ele est5. podando as plantas ernvolta da casa.V e b em , Or sula ?N a O , ele trabalha na sambra.'Ierro que ele acarde minha filha.

A ncca

Pai'1'ioPai

. .A v OA m : :: x ; aAvoA mcx;:aAvo'1'ioAvO

Tio

POllCO OUV:iJ10S.Eu escuto urnforte rufdo, cerro se 0 jardineiro estivesse eeifando agui dentro.A dc::ente nao escutara nada, nao h a perigo.


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09

.1

Pai'110Pill

Parece-rre que 0 lampiao nao ihunina bern, esta noite.Falta-Ihe oleo.Hoje de I T \ : : ' " U 1 h a , a empregada encheu-o bern. Cer:ois que fecharama p:>rta a luz se tornou nenos clara.Creio que a manga esta embaciada.Oaqui a lXlUCO eIa f.Lumi.narf rrelhor ,Voveradorneccu. 1la tres noites que nao preqava olho,EsIii rnui to preocupado,Exagera urn [X)llCO as SLUtS preocupacoes , an certos morrentos, naoouve ninguem.E natural, na sua idade.s O Deua sabe COlTO es+arerros nos, nessa idadeVai fazer oitenta anos.Entao tern0direito de ser extravagante.Ele e como bodos os cegos do mundo.O s O8gos reflctem d e m a i s .Terntempo de sobra para perder.Nao tern outra o o i s a a fazer.E, alero disso, nao tern nenhuma clistrac;ao.Deve ser terri vel .

rioPaiPa i'1'io

Pa iT:LoPa i'rioPaiTJ.oPaiTioP r o

l. rtoPaiTioPaiTio

Parece que se habi tuam.Nao posso me imaginar assim.sao dignos de pena!Nao saber onde se esta, donde se vern, nao saber para onde sevai, nao distingtlir 0ne.io-di.a da rreia-noi te, nem0Verao doInverno ... e sempre aquela escurtdao ... se fossa comigo, euprefcr.irl.a nEioviver r11.:t15. f; o o n p l e t . a I r e n t c LncurfiveI ?Parece que s.im,Nas, ele nao c absolutamente ceqo " ?Ele distingUe as grandes claridac1es.Devemoscuidar dos nossos pobres oThos.1 : : 1 e tern Ercquenterrente iclc:i.as cst.ranhas ..H a norrentos emque ele nao e agradavel.E1e di.z absol.ucarmrrte tudo 0 (]I.lC pensa ,Er a tamtem assim, antigamente ?Em absoluto; emoutros tenpos ele era tao razoave.L cerro nos;nao clizia nada de mais. Na verdade , Orsula 0encoraja rnuito;eLa responde a todas as suas perguntas ...Scria melhor que ningueIn ]J1e r'espondesse , para 0 seu prOpriobem.

Pal.TioPai'rioJ"lai'1'ioP.:d.. . TioPai

;

Tio


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10.' (Soamonze horas)Ava(acordando)A no:;_;aA v O

Estou de costas para as portas envidra9adas ?V o c e dormiu bern, vovO.Estou de costas para as portas envi.dracadas ?Sim, vovO.Nao h a ni.nquem nas portas envi.dracadas ?Nao, vovo. Nao vejo ni.nquem,Pois eu seria capaz de jurar que bateram a porta. Tive a Irnpressao que al~n esperava. Nao viu ninguem ?Ningucm, vovo.

A rrq;aAvaAnq:aAvO

A m : : :x , i lA v OTio

(ao '1'io e ao Pai) E sua iuna, ainda nao ve.io ?Ja e muito tarde; ela nao vira mai.s; isso nao foi genUl desua parte.

Pai, Concyo a Ire preocupar ,(OUve-se urn rufdo, corro de alguem que entrasse no castelo)'rio J5 chegou! Voc :es O l l v i r a l l l ?

ouvi sim; aIquementrou no andar terrco.f; nossa irnD. neconhccl.-lhc as passos ,Eu a escutei andar lentamente.

Pill.Ti oA v OP.:1i F:ntrou scm fazer baru lho,

Pa i

Ela sate que h a uma doente em easa.Agora nao ouc;o mais nada.Di.r+Ihe-eo que estarros aqui. Subira Inedi.atarnerrte.Alegra-tre que tenha vindo.Eu s a b i a que ela viria esta noite.Esta dermrando a subir,r-1asnao pede ser outra pessoa.NiloeSFc r a H o s outra visita.Nao escuto nenhumrufdo no andar b~rrE_,().

TioA v OTio

TioAvoT:Lo

A v OPa:L Vou charnar a cr i.ada: sabererros 0que se passa.AvoPaiAvo. . . P a iAvoPa iAvo

(Puxa 0 cordao da campainha)E,'u escuto LUll l:Dru.U10 na escada ,~ a criada c f sobe.Me p arece que nao esta so.El.a sobe len tamente .Eu ow;o os passos de sua irma!P o i s e u nao O l l C ; O senao os da c r ia da .r : : s u a imB ! f : sua i . r r n a !(Ouvem-sebatidas na portinha)

Tio Eia bate a porta do al~apao.


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Pai11

Ell rresno vou a brir, porque esta porta faz rnuito b arulh o;naoserve senao para se entrar no aposen to as escondi.das. (Ent:E.eabre a portinha; a criada fica do lado de fora, bocejando )Onde est.a voce ?Aqui, senhor.Su a i r m a esta n a porta ?sO vejo a cr'Lada,E apenas a eriac1a. ( 1 \ criada) Quem foi que entrou na easa ?Entrou na casa ?Sim, nao en trou alguem agora rresmo ?Ninguem en tr ou , s en ho r.Quemest.:=isuspi.rando dasse jel to .?f ': a criada que a.rqueja, devido ao esforco da subida.Ela cst5 chorando ?Nao. Por que choraria ?( 1 \ eriada) Ninguenl entrou ?Nao,senhor, ru.nquem.Mas nos ouvuros , daqui, abrirem a porta.'Fui eu quem fechou a porta.Estava aberta ?Sim, senhor. \

. '

Criac1aAvOTioP r oCriadaPaiCriadaA v OTioTwo1'ioPa iCriadaFa iCriada. PaiCriadaPaiCriadnPaiCri.:ld.:,

P;li

Cr i.adaPa iCri.adaPel i.A v OA ! T O \ = . : iAvoPalCri.adaPai

'1'ioAvo

Por que ela estava aberta a esta hora ?Nao sei, senhor. E u h avia f ec ha do .t1as, entjio, quem foi que abriu ?Eu n.:1osci, scnhor: talvez a . l g l l e m que t c n h a saido depois demime..f . ' : proc i::;o tamar cutdado , Mas nilo force c J port.ar v o c e sabe colID el.a faz barulholMas, senhor , ell nem esrou tocando na porta,Ora essa ! V o c e esta for9ando a porta, como se quisesse entrar.Mas, scnhor, se eu estou a muitos passes da por+a!Fale urnr.lOUCO mods baixo.Apaqar am0 lampiao ?D2 rrodo a Iqurn.Pareoe-rre que escureceu de repente.(A cr.i.ada) i);!s


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12

TioA reo ser par a minha i r m a e 0rredico.A que horas 0n?clico vira ?Nao podera chegar antes da rreia-noite.

.' Pa i

Pa i(Pecha a porta. Ouve-se bater rreia-hora)A v O Ela entrou ?Pai Quem ?

A eriada ?Nao, ela desceu.Pensei que estivesse sentada a mesa.A criada ?

A v OPa iAvo' 1 ' : L oA v OTioA v OPa i

Sim.Era so 0que faltava !Has ninguern entrou na sala ?Ora essa, ningLJt8mntrou.E sua i r m a n a o esta aqui?Nossa irma nao veio.Voces estao querendo Ire enganarEngana-lo ?Diga-HE a verdade, O r s u l a , palo a r r o r de ceus!Vovo I vovo, que e que 0 senhor tern ?Acontcceu algurna coisa! Cararrco que mi.nha filha piorou! ..o senhor esta sonhando !Voces nao querem Ire dizer a verdade! .. CU vejo que h a algumacoisa! ..

AvOTioA v OTioA v OA rrocaA v OTioA v O

')'.i.o Ncssc caSO, 0 scnhor cnxcrqa rmlhor do que n o s .O r s u l a , c l i g a - r r e a verdade!f\1as nos lhe disserros a verdade, vovo;A sua voz mudoude tomo senhor a anedrontou.A slIa voz t a m b C m esta mudadao s e n h o r esta ficando l o u e o !

Avol\ Il~aA v OP


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" A v O

Pa iA v OPaiA v oPaiA v O

A r r o c ; aA v OA I l lJtaA v OPa iA v o'1'io

A v OUm a das Il"'09asA v OU ITB . outra I " I " C l 9 aA v OA ncca rrais veIhal \vO

A v OTioA v O1~LoA v O

Tio

13M:;us 01h05 nao vcem. 'l.bnho ass tm corm duas pedras CHI cdmadeIcs ' Hinhas fiThas, vcnham ca: di.qam-rre 0 que S8 passa aqui!D.igam-rre pelo arror de D.:!us, v o c e s que pcx: lem ver! Estou s o aqui,dcntro c1estas trevas scmUrn! Nao sei quem se senta ao rreu l~do! Nao sei 0 que se passa a dois passos de m im !...Por quee que falam emvoz baixa ?Ninguem falou emvoz baixa,Voces falaram emvoz baixa, perto da porta.o senhor escutou tudo que faleLFizeram entrar uma pessoa na sala! ...Mas eu ja The digo que ningu6n entrouFoi sua iDla ou urnpadre ? f: Lniit i.L rre enganar. Orsula, quemfoi que entrou ?Ninguem, vovo.l : : inutil Ire enganar; eu sei 0que sei! Quantos somosaqui ?SOITDS seis em tome da nesa, vovo.Vores estao todos erntome da rresa ?Sim, vovo.v o c e esta ai, Paulo?Sim.V~s esta ai, Oliverio?Sim; s.irni es tou aqu:i, no Iugar de cos ttUle. E 0 senhor es t . 5 .brincundo, n50 ?Voce cs ta af , Genoveva ?Sim, vovo.

Sim, vovO.Voce cst5 ai, Orsula"?Sim, vovo, ao seu lado.E quell I C que esta sentado ali ?Ali onde, vovo? Nao m runquam.Al i, a li, no meio de nos?M"Jsnao h a ni.nquem, vovoJ a . the diSSelTDS que nao h a ninguem!~s voces nao v e a n , voces outros !Varros, est.~ brincando ?Ell nao tenho vontade de brincar, eu The asseguro.l:J1tao, acredi te nos que enxergam.(indeciso) Eu pensei que houvesse alguem. Penso que nao viverei muito tempo, .Por que Lrf arros enqana-Lo ? c e que serviria isso ?


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14

"PmTioPaiA v OPatAvOPaiTioAvoPaiAvoA~aAvoAs tres nocasAvOA rrocaA v OA I T ' i 0 9 aPai

A v O'I'ioAvO'1'ioAvoTioA v OPat

'1'ioAvo'1'ioAvo

Nao prec.i.sarros esconder a verdade.Que adiantaria nos enganarrros ?o senhor nao poderaa viver multo terrp:> neste erro .(tentando se levantar) Ell gostaria de rorrper estas trevas! ..Aonc1e quer ir ?Para 0lado de la..Nao 5e perturbe desse jei to...o senhor esta estranho esta noite.Voces e que Ire parecem estranhos!Que c . q lie procure ?Eu nZ lo sci 0que tenhoVo vo, vo vo , 0que voce precisa, vovo ?Dem-rre suas maozinhas, minhas fiIhas Sim, v o v o .Por que e que trerrern, voces b:-es?NOs nao eatzums tzerrendo I vovo.Creio que devem estar palidas.r; tarde, vovo I enos estamos cansadas.Cbnvem que voces se recoJham, 0senhor taIlll:lem deveria repousar

"

~.

. .

urn pouco ,Eu nao pex1erei dormir esta noi te.Nos ficaremos esperando 0rredico.r v E preparem para a verdade!M-.:1S nao h a verdads !Entao, nao sei 0que h a !Eu the digo que nao h a nadaEu gostaria de ver minha pobre fiTha!Nas 0 senhor sabe que m o e possfve l : n a o hli necessidade deacord.3.-la inutilmente.o senhor a vera a m a n h a .Nao se escuta nenhumbarulho no quarto.Eu Ire preocuparia se escutasse barulho,l o r a muito tempo nao vejo minha filha!.,. O n t e m a noite eu ~guei suas maos, nBS nao a vi!.. Nao sea mais se ela esta bern Nao sei mai s cerro ela e... Ela Cleve ter mudado depof.s destasserranas! Eu senti os pequenos ossos de seu rosto sob minhasmaos... Apenas trevas existe entre mim e ela, e voces todos!Nao posse mais viver ass im isto nao e viver! .. Voces estaoai, todos, comos 011105 bern abertos a o.lhar rreus olhos rrortos,e nenhumde voces tern pena de rnirn! Nao sei 0 que tenho ..nunca 58 diz 0 que se qostiar.i,a de di.zer ... e tudo isso e tcrrivel quando se pensa ... f"as par ql. e que v o c e s n a o falamITBis ?


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6.>

. ';... Tio

l';' AvoPaiA v O

15Quepodenos clizer, se 0senhor nao acredi ta emnos ?Voces t e r n rredo de se trairc dPela ultina vez, seja raz06velNao e de hoje que se esconde a l g u m a coisa I.... Aconteceu 2 1 1quma coisa aqui em casa .. Agora e que comeco a compreender ..VOCesm e enganam h . 3 . millto t .eInp: : l !Pensavam que eu nao saberiajanBis ? I - J . . rroroentos , onde sou menos cego do que voces, vocessabern? Ell nao escuto voces falarem baixo, elias apOs elias ICOIlD se estivessem na casa de urn enforcado ? Naoouso di.zor 0

l\s tres rrocasAvo

que sei esta noi te. .. Mas eu sabia a verdade... Eu esperei quevoces dissessem; mas h a mui.to tenpo que eu sci, apesar de voces! . . E, agora, eu sinto que voces estao mais palidos doos rror tos !Vovo, vovo, que e que 0 senhor tern, vovo ?Nao e de voces que falo, minhas fiThas, nao, nao e de vocesque 211 0 . Sei bern que voces me contariam a verdade, se elesnao estivessem emvolta de voces AlL3.s, tenho certeza de' queeles as enqanam, t . a r n J :e m .. E voces verao, minhas filhas, vocesverao! ... Pensamque nao eseuto voces tres sol.ucarem ?Pensa verdadeirarnente que miru1a mulher corre perigo de Vida,?E inutil querer ne enganar! Agora e tarde demais, e eu sei averda de melhor que voces !Has nos nao SOITDS cegos !o senhor quer entrar no quarto de sua fiIha ? H a urnmal-entendido que deve aeabar. Quer entrar ?(subitcurente indeciso) Nao, roo, agora nao... nunea mai.s,Ve-se b e r n que 0senhor nao esta sendo razoavel!Nao se sabe jamais tudo que un hormm nao pede dizer durante aida! f 1...".,1,./1 ?Vl Ouem az esse ~ .

~;{o-~ d ' larnpiao que se agita, vovO.Creio que ele se agita, que se agita demais ...f : 0vento frio que 0 faz oscf.Lar .Nao h a vento frio; as p:>rtas estao fechadas.Parecc que a Luz vai apagar-se.Nao h a mais oleo.

' . PaiAvo

TioPai

AvOTioAvo

Am::)(;?aAvo1\ I'r : : l 9 < . 1~l\ n~Ll.

," ' Pai.1\ rn::x;a PaiTioPai'rioPai

Apagou-se.Naopodemos ficar assj~, no eseuro.E par que nao ? ELlja estou habi tuado.H a Luz no quarto de mi.nhamulher.Peqarerros 0 lampiao do quarto para ea, quando 0 rreclico cheqar ,t verdade que se ve b e r n ; h a a elaridade de fora.


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. .,.. , Ava~. Pai

T i oPai(Si1encio)AvaA r n c : x ; ; : aAvOTio

AvoT . i o(Silencio)AvaPai

.,"

(A mc:x;:aabre a par ta)TioAvoA l T t c : : : w ; : aA v OA r n : x ; ; : aPa iA I T O < ; : aTioAva1\ noca

16Esta claro l a fora ?M::lis cIaro que aqui.Bu qosto mui to de conversar no escuro.E l l tzunb0n.

Me parece que 0relOgio esta fazendo muito barulhoPorgue nao falamos mais, vow.Mas por que voces se calaram ?Mas do que 0 senhor quer que falerros ? 0 senhor nao esta serio

I....esta noite.Sera que es ta m u i t o escUDOno quarto ?Nao esta muito claro.

Orsula, abra urn )Xll1CO a por toi ell n50 rro sinto bern.Ande, Orsula, abr.a urnpouco a porta; eu comeco a sentir faltade ar.

Eu cre io que estiverros fechaclos aqui durante muito tempo.A port.a esta aberta ?Sim , vovo, esta aberta.E l l diria que n a o est5 aberta; n a o vern0menor r u i d o de fora.Nao, v o v o , n a o h a n e n h u r n r u i d o .H~ um silencio ext.racrdinjirt.o:Pcx:1e-se ouvir u r n anjo voar ,f. por isso que eu nao gosto da vi.da do campo.Eu gostaria d e o u v i r algum ruido. Q u e horas s a o , Orsula ?Quase !Tei a-noi te, v ovo.

(0 tio pee-se a c a m i n h a r d e u r n lado para outro)A v OTio

(Si1encio)A v OA r n : x ; ; : aAvaPaiTio

Quem e que anda, em nossa volta ?Sou eu, sou eu, nao tenha medo, Sinta necessidade de caminharurn pOLlCO. (Silencio) Quero me acalmar, mas n ao c on sig o.

CDstaria de sair daquiPara onde, vov6 ?Nao sei onde - para urnoutro l u g a r , nao importa ondePara onde iremos ?E muito tarde para sairrros.

(Silencio. sentam-aa, imovc.i.s, em t o m e da mesa)Avo Q u e e que es to u o lw in do , O r s u l a ?A m:x;a Nada, vovo, sa o as f01h as que c aem das a rvo resi sim, s ao as

f olhas q u e caem l a fora, no t e r r a < ; : o .


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J .7. , A v OA r roca V a fechilr a J:X>rta,Orsula.Sim, vovo.

(Ela fecha a porta e volta a sentar-se)Avo 'l'c:nhofrio. (SJJ.encio. l V . 3 tr.C8 trm]5 se abracam) E aqorn, 0

que estou ouvindo ?Sao as rreninas que se abracam.a i

Tic(Silencio)

I\VO

M e parece que estao muito pBJ.idas, esta noite.

A r n o c ; a(Silcncio)AvoA mocaAvo

E agora, 0que eu ouyo ?Nada, vow i fu.i, eu que apertei as maos.

Que e isto ?Nao sei, vovo... Nao serao minhas irmas que tremem ?Ell tarnl:m estou commedo,

a

(Umraio de lua penetra por um canto dos vitrais e esparze, aqui e ali, reflexos estranhos no quarto. sea rrefa-noi.te e, na ultima badalada, parece a alguns,que se ouve, muito vagarrente, urnruIdo COITO de algusn que se Ievantasse precipitadarnente)A v O (aterrorizado) Quem se levantou ai ?'rio Ninguemse levantou !

Eu n a o rre levantei !aiAs tres rro

a intrusa maeterlinck

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e nao v e ninguem

v o c e v e

que dizem

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que fez

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