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A HISTÓRIA DE PARANGUÁ: a memória do local e a formação da identidade
histórica dos alunos, professores e funcionários do Colégio Estadual “Helena
Viana Sundin”
Prof. Esp. Florindo Wistuba Junior
Orientador: Prof. Dr. Luiz Rogério Oliveira da Silva
RESUMO
O presente trabalho teve como finalidade verificar o conhecimento histórico dos
alunos, funcionários e professores do Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”, das
séries iniciais do Ensino Médio, feito através de questionários de pesquisas sobre a
realidade do conhecimento, por parte dos pesquisados, tendo como ponto principal a
cidade de Paranaguá e sua história, bem como a aplicação de uma série de ações
colaborativas na formação e repasse de dados necessários para complementar as
possíveis carências e curiosidades dos pesquisados, feita através de palestras com
multimídias, passeios e visitas pelos locais históricos de Paranaguá.
Palavras-chave: Memória; História; Identidade e Paranaguá.
1. INTRODUÇÃO
A cidade de Paranaguá, uma das mais antigas do Estado do Paraná, com 364
anos, elevada à categoria de Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá em
29 de Julho de 1648, mas existente enquanto povoado desde o século XVI, tem
grande importância histórica para a formação do Estado do Paraná e com muitas
participações na História do Brasil.
É um município que possui, atualmente, próximo de 140 mil habitantes, mas que
até a década de 70, do século XX, ficava em torno de 40 a 50 mil habitantes.
Esse grande e assustador crescimento demográfico ocorreu em razão de vários
fatores, desde o crescimento natural até, principalmente, em razão de milhares de
famílias que se deslocaram de diversas regiões do Paraná do Brasil em razão das
possibilidades e oportunidades profissionais causadas pelas atividades portuárias
ofertadas pelo Porto de Paranaguá, o que acabou provocando um exagerado
crescimento desigual na cidade com sérios problemas estruturais para o Município
que não soube se preparar para tão grande crescimento.
As famílias que se deslocaram para Paranaguá vieram de várias regiões do
Paraná, do Nordeste brasileiro, de São Paulo e de outros Municípios do Paraná,
dentre outras, com seus valores, conhecimentos e memórias históricas diferentes do
lugar (local/município) para onde se fixaram, ou seja, diferentes de uma Paranaguá
tradicional, basicamente formada por famílias antigas que, com o passar do tempo,
essas memórias de fora, com o grande crescimento populacional foi dando início na
formação de um esquecimento ou menosprezo natural pela História do lugar
(local/município), pois não havia, num primeiro momento, uma identificação com ela
e, com o passar do tempo provocou seu esquecimento ou isolamento pelo seu valor
e, de repente, por preconceito passou a existir uma divisão entre elas, com uma elite
valorizando a História de Paranaguá e os das famílias que se fixaram em Paranaguá
sem qualquer conhecimento local e nem mesmo com a preservação das histórias
que trouxeram, pois não foram preservadas pelos primeiros que vieram, por, quem
sabe, não serem importantes, ou porque passaram também a não se identificar com
elas, ficando sem identificação de onde vieram e muito menos com do lugar (a
local/do município).
Outro fator importante foi a produção sobre a história do lugar (local/do
município) ter sido desenvolvida por uma elite local que era a dominante, como o do
Centro de Letras de Paranaguá “Leôncio Correia” e do Instituto Histórico e
Geográfico de Paranaguá, duas instituições compostas na sua formação,
basicamente por integrantes das tradicionais famílias de Paranaguá, muitos desde a
sua formação, criando uma historiografia altamente positivista e romanceada, com
obras que tratavam não somente da formação da história da cidade, mas de também
de suas famílias que, de certa forma, foram instituições formadas pelas classes
sociais mais privilegiadas preservaram o conhecimento da história da cidade, só que
entre eles, sem a socialização do conhecimento entre as camadas mais populares.
Hoje, após quatro décadas, aproximadamente, encontramos essas instituições
com novas estratégias, tentando divulgar e ou recuperar um trabalho de divulgação
da história do lugar (local/do município) entre os habitantes da cidade, ainda com
grandes dificuldades por ainda não se ter discutido os devidos encaminhamentos,
principalmente das formas contemporâneas de divulgação do conhecimento que
poderá ser através de uma mídia que não compreenda mais a simples utilização de
publicação dos tradicionais livros e linguagens passadas, mas sim da televisão,
internet etc. que atinjam mais rapidamente e amplamente a população deficitária.
O complicador da situação passa pelo princípio que a falta do conhecimento da
história de sua cidade, por uma grande parte da população, deixa-se de ter o
conhecimento da sua própria história, da sua memória, principalmente por jovens de
famílias oriundas de outras regiões que não se identificam, o que provoca uma falta
de respeito não apenas pela história, mas sim pelos locais históricos da cidade,
ocorrendo um grande depredamento de monumentos, prédios, praças e locais onde
os fatos históricos ocorreram, pois como não possuem nenhuma identificação com o
que vivem e moram e sem valores, passam a destruí-los.
A história regional tem sido implantado enquanto disciplina e ou, seu conteúdo
contemplado em História na rede pública estadual do Paraná desde a década de 80,
do século XX, forma lenta e gradativa, que tem sofrido interferência no trabalho em
sala de aula em razão da falta de espaço para sua aplicação em contraste com o
grande conteúdo a ser ensinado da História Geral e a do Brasil, o que piora em
virtude da pequena carga horária destinada de apenas duas (02) horas aula de
História semanal.
Com relação à História do Paraná, a partir da lei 13.381/01, passou a ser
obrigatório o seu estudo, enquanto disciplina ou conteúdo contemplado em História,
possibilitou a necessidade de se levantar e registrar a história do lugar (ou
local/município) construído pelo Projeto Folhas e colocado e publicado pelo Governo
do Estado do Paraná, em sua primeira edição, no livro didático público de História
(História/ vários autores – Curitiba: SEED-PR,2006.).
No que se refere à história de Paranaguá, o livro didático em questão, faz boas
referências à história do lugar (local/município), mas não suficientes em razão da
falta de contribuições de autores e professores de Paranaguá que não acreditaram
no Projeto Folhas, num primeiro momento, e, nem reconheceram oportunidades
positivas, muito menos, por causa da enorme carga horária de aulas, não acharam
ser tal oportunidade de pesquisa atrativa para sua carreira profissional.
Em razão disso, a contribuição foi pouca e, até mesmo nula, o que provocou
erros ou falhas, por ter sido escrito, a história de Paranaguá, por professores sem,
ou com pouco, conhecimento da história da cidade, como se pode verifica nas
páginas 231, da primeira edição) e, página 183 (da segunda edição) que
erroneamente coloca a data de 1660, como ano de elevação à categoria de Vila de
Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, que na verdade ocorreu em 1648 (29 de
julho), que é compensadas pela pesquisa dos professores da própria cidade, no
entanto, não sendo possível aos professores de outras localidades do Estado do
Paraná.
Compreende-se a importância da história regional como parte da formação do
conhecimento de um todo, como é o caso da História do Brasil que se forma a partir
das histórias regionais, as histórias dos Estados, como uma colcha de retalhos
(Machado,1987), o que se torna importante é que a História do Paraná vem a ser a
formação de um território e da consciência do povo paranaense que sempre será
formado partindo-se, também, da formação da história do lugar (do local/município),
com várias identidades iguais e ou diferentes que vai se formando aos poucos, por
diversos acontecimentos e motivos e, desta, formando a grande História do Brasil,
ou seja, a História Nacional (Machado, 1987).
O reconhecimento dessa história e dessa evolução possibilita ao paranaense e
ao “parnanguara” compreender a sua própria formação, partindo da formação do
lugar (local), do seu município, a formação estadual e da nacional, pois torna-se
difícil compreender a formação, a construção da História do Brasil se não
compreender a História Regional e, não existe a História do Paraná sem que se
possa ter o conhecimento da história do lugar (do local, do município), neste caso, a
História de Paranaguá que é a intenção do presente projeto de intervenção no
Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”.
O presente trabalho tem como finalidade preocupações que iniciam com
preocupações pessoais que extrapolam para as públicas, pois o levantamento da
memória pública do passado serve como ponto de partida para a realidade do
conhecimento coletivo sobre a cidade de Paranaguá que me servira como ponto de
partida para tentar estabelecer orientações para o trabalho.
Partindo do ponto de que a opinião de que aquilo que os historiadores investigam
é real (Hobsbawm, 1998), o levantamento será realizado através de questionários de
amostragem com alunos, funcionários e professores podem orientar o presente
trabalho, no primeiro semestre do ano escolar de 2011.
Partindo do ponto de que as mudanças sociais, ou transformações da sociedade
interferem e agem sobre a história e a memória individual ou coletiva (Hobsbawm,
1998), deve-se voltar aos caminhos dos antepassados para verificar as mudanças
ocorridas e o quanto essas mudanças interferem no meio em que agem.
Verificando a real situação do conhecimento histórico, tendo sempre a visão de
que o povo tem história (Hobsbawm, 1998) torna-se importante verificar a situação
do conhecimento histórico atual sobre a História de Paranaguá e deste
conhecimento procurar formas diferenciadas de se preencher as lacunas, pelos
interesses locais.
As lacunas, ou falhas ocorridas sobre o conhecimento da história do lugar
(local/do município) podem ter partido da dinâmica das diversas camadas sociais
que compõem a sociedade parnanguara em razão das grandes levas de populações
que se deslocaram para Paranaguá a procura de melhores condições de vidas e de
trabalhos, o que, provavelmente, acabou provocando o esquecimento da história
local (Ricceur, 2007).
Conhecer essas lacunas e acontecimentos que provocaram o desconhecimento
da História Local, bem como trabalhos para recuperar o conhecimento que são os
princípios básicos deste projeto.
2. DESENVOLVIMENTO
No primeiro momento, o presente projeto foi apresentado aos quatro (04) dias
do mês de fevereiro de 2011, às 09horas, a direção do Colégio Estadual “Helena
Viana Sundin”, quando da reunião com a Equipe Pedagógica, Direção, Professores
e Funcionários Técnicos e de Agentes de Apoio, conforme contido na Instrução nº
001/2011 PDE/SEED que regulamentou a Implementação de Intervenção
Pedagógica na Escola a ser realizada pelos professores participantes do Programa
de Desenvolvimento Educacional (PDE) que após apresentado foi aprovado por
todos, para poder ser aplicada.
Para a aplicação do Projeto foram realizadas três (05) ações com
questionários de pesquisas com Professores, Funcionários e Alunos e, quatro (04)
intervenções diretas com os Alunos do Curso do Ensino Médio durante o ano de
2011.
Na data de 04 de Abril de 2011, no início do período letivo, foi aplicado um
questionário de amostragem entre os alunos das Primeiras Séries do Ensino Médio,
num total de 46 alunos, questionário I.
Na data de 20 de Maio de 2011, foram aplicados os questionários (questionário I)
para quatro (04) Professores do Ensino Médio, dois (02) Funcionários Técnicos,
duas (02) Pedagogas e um (01) Agente de Apoio, totalizando em nove (09)
pesquisados.
Na data de 07 de Julho de 2011, foi realizada a primeira parte de intervenção
com a apresentação de uma palestra com uso de slides com fotos antigas,
discorrendo sobre a História de Paranaguá, onde compareceram alunos e foi
aplicado um questionário onde 20 alunos responderam (questionário II).
Na data de 11 de Julho de 2011 foi realizada a segunda parte de intervenção
com a apresentação da palestra com uso de slides com fotos antigas, discorrendo
sobre a História de Paranaguá contemporânea, onde compareceram e foi aplicado
um questionário onde 20 alunos responderam (questionário III).
Na data de 10 de Dezembro de 2011 foi realizada a primeira parte da última
intervenção, a partir da Fonte da Camboa, fizeram um passeio pelas ruas, casarios,
monumento, praças e igrejas históricas de Paranaguá, até o Museu do Instituto
Histórico e Geográfico de Paranaguá, sendo realizada a segunda parte da última
intervenção, que após a visita foi aplicado um questionário para 22 alunos
(questionário IV).
Os questionários tiveram como intenções a de se realizar coletas de dados e
tentativas de se levantar o conhecimento histórico dos entrevistados sobre a cidade
de Paranaguá e também quais seriam os interesses de conhecimentos dos
pesquisados, deixando também questões abertas para que o entrevistado pudesse
opinar sobre a importância do conhecimento da História da cidade de Paranaguá,
como ocorreu com o Primeiro Questionário, em que o entrevistado pode opinar
sobre um assunto que gostaria de conhecer, além dos 17 (dezessete) apresentados.
As atividades quando elaboradas, sempre tiveram como meta serem realizadas
com os mesmos alunos, professores e funcionários que responderiam os
questionários com atividades no contra turno ou aos sábados, sempre aberta a toda
comunidade escolar do Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”, no entanto, em
razão das fortes chuvas do mês de março de 2011 que assolou a Cidade de
Paranaguá as aulas foram suspensas por um longo período, o que impossibilitou o
início dos trabalhos.
Outro ponto importante foi a questão da participação dos Professores e
Funcionários, tanto de apoio quanto técnico, pois como algumas delas foram feiras
aos sábados, aproveitando as reposições dos dias letivos relativos às chuvas de
março, não foi possível contar com a participação dos Professores e Funcionários,
bem como não foi possível contar com os mesmos alunos que iniciaram os trabalhos
até o final, principalmente em razão de transferências, outras aulas, avaliações etc.
Quanto ao proposto inicialmente de se iniciar o ano letivo de 2012, no mês de
fevereiro, com a aplicação de atividade avaliativa ou questionário final mais aberto
para se verificar e analisar os resultados obtidos após as estratégias aplicadas o que
não foi possível por algumas razões, mas a principal em razão do retorno à sala de
aula exigir uma maior dedicação, mas que sabendo de tais transtornos, o início das
atividades foram no primeiro semestre de 2011, bem como na atividade realizada
em 10 de dezembro de 2011, o questionário aplicado final já contemplava a
verificação de análise final.
2.1 AS INTERVENÇÕES
A segunda intervenção feita junto aos alunos foi realizada na data de 04 de abril
de 2011, com alunos, professores e funcionários e, em 20 de maio de 2011, a
terceira intervenção, com a finalidade de se coletar dados de interesses dos
entrevistados e levantamentos diversos para se poder ter dados sobre o
conhecimento e de interesses sobre assuntos que gostariam de saber sobre a
História de Paranaguá.
Para obtenção de tais dados foi utilizado questionário fechado e aberto, onde o
entrevistado poderia incluir um ponto dos interesses sobre Paranaguá, além de
poder dizer a importância de se conhecer a História da Cidade de Paranaguá.
Foram entrevistados 46 alunos, 04 professores, 02 funcionários administrativos e
01 do pessoal de apoio, totalizando 56 pessoas (questionário I).
Entre os alunos entrevistados, na primeira questão, 21 eram do sexo masculino e
25 feminino e, na segunda questão (idade), sendo que do sexo masculino 14 com 14
anos de idade, 03 com 15 anos, 03 com 16 anos e 01 com 18 anos. Do sexo
feminino 12 alunas com 14 anos, 11 com 15 anos, 01 com 16 anos e 01 com 17
anos.
Com relação a naturalidade, terceira questão, com grande maioria, 35 são
naturais de Paranaguá e 11 nascidos em outras localidades como do Paraná 05, e
06 de outros Estados como São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Com relação ao tempo de residência, a quarta questão, em Paranaguá, aqueles
naturais de outras cidades, residem entre, no mínimo 01 e no máximo 09 anos.
Quando perguntados, quinta questão, sobre o conhecimento da História de
Paranaguá, 39 responderam que conhecem muito pouco, 03 conhecem nada, 01
conhece tudo e 03 não desejavam conhecer nada.
Para os entrevistados, a sexta questão, relacionada ao maior interesse sobre a
História de Paranaguá, os cinco itens maior interesse, entre os alunos, foram, em
primeiro lugar o Porto Dom Pedro II, com 31 escolhas; em segundo lugar a Ilha do
Mel com 30 escolhas; em terceiro lugar as origens da cidade de Paranaguá com 26
escolhas; em quarto lugar a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba com 26 escolhas
e, em quinto lugar as histórias do clubes sociais, com 14 escolhas.
2.1.1 Questionário I
Secretaria de Estado da Educação do Paranaguá
Universidade Federal do Paraná
Núcleo Regional de Educação de Paranaguá
Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”
Programa de Desenvolvimento Educacional
Nome do estabelecimento de Ensino: Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”
Professor PDE: Florindo Wistuba Júnior
Data da Pesquisa: 04/4/2011 e 20/5/2011
CATEGORIA: ( ) Estudante ( ) Professor ( ) Funcionário
Nome do Pesquisado:_____________________________________________
Data de nascimento: _____/______/______
I) Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
II) Idade:_____ anos
III) Natural de : _______________________________________________
IV) Reside em Paranaguá há quantos anos? _________
V) Com relação a História de Paranaguá você acha que:
a) Conheço muito pouco;
b) Conheço nada;
c) Conheço tudo;
d) Não quero conhecer nada.
VI) Dos pontos abaixo escolha cinco (5) que você gostaria de saber sobre Paranaguá:
1) As origens da cidade;
2) Os nomes das ruas;
3) Os nomes das praças;
4) As igrejas;
5) Os Clubes Sociais;
6) Os Clubes de Futebol;
7) Os bairros;
8) O Porto;
9) A estrada de ferro Paranaguá – Curitiba;
10) As escolas e professores;
11) O Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”;
12) Os jovens de outras épocas;
13) O cemitério Nossa Senhora do Carmo;
14) A Ilha do Mel;
15) A Ilha da Cotinga;
16) A Ilha dos Valadares;
VII) Outra (escreva qual):_______________________________________
VIII) Do seu ponto de vista qual é a importância de se conhecer a história da
cidade de Paranaguá?
A terceira intervenção foi feita com relação aos professores, pedagogos e
funcionários administrativos e de apoio do Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”,
em 20 de maio de 2011, com o mesmo questionário aplicado aos alunos.
Com relação aos dois pedagogos entrevistados, eram ambos do sexo feminino,
com idade entre 51 e 61 anos, sendo 01 natural de Ponta Grossa e residente em
Paranaguá há 06 anos e a outra natural de Paranaguá. Quando perguntadas sobre
o conhecimento da História de Paranaguá, as entrevistadas disseram que conhecem
muito pouco. Na escolha dos cinco pontos que gostariam de escolher optaram por:
os jovens de outras épocas; a origem da cidade de Paranaguá; os nomes das ruas;
as igrejas e o Porto de Paranaguá (Porto Dom Pedro II).
Foi entrevistado somente um funcionário do pessoal de apoio de apoio, do sexo
feminino, com 49 anos, natural da cidade de Morretes e que reside há 46 anos em
Paranaguá, que diz ter muito pouco conhecimento sobre a História de Paranaguá e
que gostaria de saber sobre: as origens da cidade de Paranaguá; as igrejas; o Porto
de Paranaguá (Dom Pedro II); os jovens de outras épocas e, a Ilha do Mel.
Foram também entrevistados 04 professores, 02 do sexo masculino e 02 do sexo
feminino, entre 25 a 56 anos, todos naturais de outras cidades como 01 do Guarujá
(SP), 01 de Curitiba (PR), 01 de Santa Maria (RGS) e 01 de Guaraqueçaba (PR) que
residem em Paranaguá de 37 a 50 anos. Com relação a História de Paranaguá
todos dizem conhecer muito pouco e com relação aos pontos históricos que
desejariam escolher e saber foram: as origens de Paranaguá; as igrejas; o Porto de
Paranaguá (Dom Pedro II); a Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba e, a Ilha da
Cotinga.
Com relação aos Funcionários Administrativos, da Secretaria da Escola, foram
entrevistados duas funcionárias, do sexo feminino, com idade entre 40 e 66 anos,
ambas naturais de Paranaguá que possuem pouco conhecimento sobre a História
de Paranaguá e que optaram pelos cinco pontos, sendo: as origens de Paranaguá;
os jovens de outras épocas; os nomes das ruas; as igrejas e os bairros de
Paranaguá.
A principal finalidade, além de se tentar reconhecer o sujeito do trabalho, sexo,
idade, naturalidade, tempo de residência e base de conhecimento, a principal função
desse questionário foi o de se fazer um levantamento de cinco pontos históricos de
maior interesse entre os entrevistados da cidade de Paranaguá para as outras
intervenções e, como resultado obteu-se, como resultado final, depois da análise
dos questionários aplicados para os alunos, professores, funcionários
administrativos, pedagogos e pessoal de apoio, o maior interesse pela: I) A História
do Porto de Paranaguá (Dom Pedro II, com 34 votos; II) A Ilha do Mel, com 34 votos;
III) Origens de Paranaguá, com 33 votos; IV) Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba,
com 29 votos e, V) Clubes Sociais, com 16 votos.
Com base nos dados levantados, passou-se a quarta intervenção realizada em
07 de junho de 2011, a quinta intervenção realizada em 11 de junho de 2011 que
foram ações realizadas através de palestras utilizando-se slides com fotos antigas
de Paranaguá, em salas de aulas, contando-se a História de Paranaguá, desde suas
origens até a Paranaguá contemporânea, atual.
Em cada uma das intervenções colocou-se um questionário que não contou com
a participação dos professores e nem dos funcionários por questões técnicas da
Escola.
Na primeira ação, do dia 07 de junho de 2011, 20 alunos eram a do sexo
masculino e 08 do sexo feminino que após a apresentação da primeira parte da
palestras responderam um questionário onde a primeira questão, com relação a
origem do pai do entrevistado 10 eram naturais de Paranaguá e 10 de outras
cidades, a segunda questão com relação a mãe, 13 eram naturais de Paranaguá e
07 não.
A terceira questão foi com relação se, alguma vez, os pais dos alunos
repassaram algo sobre a cidade de Paranaguá, sendo que 08 responderam que sim
e 12 que não.
A quarta questão foi, se o pai do entrevistado, tem algum conhecimento sobre a
História de Paranaguá, 08 responderam que sim e 12 que não. Na quinta questão a
mesma pergunta só que relacionada com a mãe do entrevistado, 08 responderam
que sim e 12 que não.
A sexta questão, a pergunta foi com relação a atividades praticada ter sido
colaborativa para o conhecimento do entrevistado, onde os 20 responderam que
sim.
A sétima questão foi aberta, onde o entrevistado optaria em responder ou não
sobre o que havia aprendido naquela atividades, 14 responderam e 06 não.
2.1.2 Questionário II
Secretaria de Estado da Educação do Paranaguá
Universidade Federal do Paraná
Núcleo Regional de Educação de Paranaguá
Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”
Programa de Desenvolvimento Educacional
Paranaguá, 07 de junho de 2011
Nome:__________________________________________________________
( ) Aluno ( ) Professor ( ) funcionário
01) O seu pai nasceu em: ( ) Paranaguá ( ) outra: ________________________
02) A sua mãe nasceu em: ( ) Paranaguá ( ) outra: ______________________
03) Alguma vez seus pais repassaram algo sobre a cidade de Paranaguá, como
mostrado hoje? ( ) sim ( ) não
04) Você acha que seu pai conhece a História de Paranaguá? ( ) Sim ( ) Não
05) Você acha que sua mãe conhece a História de Paranaguá? ( ) Sim ( ) Nâo
06) Para você, a presente atividade ajudou/colaborou para, melhorar o seu
conhecimento sobre as origens de Paranaguá? ( ) Sim ( ) Não
07) Se quiser comente sobre o que você aprendeu hoje:
___________________________________________________________________
A quinta intervenção, que vem a ser a segunda parte da ação de palestra com
slides sobre a História de Paranaguá, que foi realizada na data de 11 de junho de
2011, realizada numa das salas do Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”,
também contou com a participação de cerca de 60 alunos, onde 20 pessoas, sendo
17 alunos, 03 professores e nenhum funcionário administrativo, nem pedagogo e
nem pessoal de apoio por questões técnicas da Escola, totalizando em 20
entrevistados que responderam a um questionário.
A primeira questão, respondida pelos professores que perguntava sobre as
origens dos avôs, dos 03 entrevistados responderam que 01 era naturais de
Paranaguá e 02 não; na segunda questão com relação as avós também que 02
eram de fora e 01 de Paranaguá.
Na terceira pergunta, se alguma vez seus avós teriam repassado algo sobre
Paranaguá, os 03 entrevistados responderam que não. Na quarta e quinta perguntas
sobre se os avós teriam algum conhecimento sobre a História de Paranaguá, os 03
entrevistados responderam que não. Na sexta questão, se a presente ação ajudou
para melhor o conhecimento de Paranaguá, os 03 entrevistado responderam que
sim. Na sétima questão aberta, deixada para comentar o que aprenderam, só 02
responderam.
2.1.3 Questionário III
Secretaria de Estado da Educação do Paranaguá
Universidade Federal do Paraná
Núcleo Regional de Educação de Paranaguá
Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”
Programa de Desenvolvimento Educacional
Paranaguá,11 de junho de 2011
Nome: _________________________________________________________
( ) Aluno ( ) Professor ( ) funcionário
01) Os seus avôs nasceram em: ( ) Paranaguá ( ) outra: ___________________
02) As suas avós nasceram em: ( ) Paranaguá ( ) outra: __________________
03) Alguma vez seus avós repassaram algo sobre a cidade de Paranaguá, como
mostrado hoje? ( ) sim ( ) não
04) Você acha que seus avôs conhecem a História de Paranaguá?
( ) Sim ( ) Não
05) Você acha que suas avós conhecem a História de Paranaguá?
( ) Sim ( ) Nâo
06) Para você, a presente atividade ajudou/colaborou para melhorar o seu
conhecimento sobre as origens de Paranaguá? ( ) Sim ( ) Não
07) Se quiser comente sobre o que você aprendeu hoje:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
O mesmo questionário respondido pelos 17 alunos, com relação a primeira
questão, onde seria a origem do avô, 09 responderam Paranaguá e 08 em outra
localidade. Na segunda questão com relação as avós e suas naturalidades, a
resposta foi que 10 em Paranaguá e 07 em outra cidade. Na sétima questão, aberta,
para comentar o que havia aprendido, 12 responderam e 05 não.
A sexta intervenção foi uma ação realizada em 10 de dezembro de 2011, com um
passeio a pé pelo setor histórico de Paranaguá , partindo da Fonte da Camboa,
passando pela Igreja de São Benedito, passando pela Rua Conselheiro Sinimbu, a
Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Catedral de Paranaguá), pelo marco zero,
pelos casarios do Largo Monsenhor Celso, quando foram realizadas diversas
paradas para explicação e histórias sobre os locais, a presente atividade contou com
cerca de 65 alunos, finalizando na sede do Instituto Histórico e Geográfico de
Paranaguá.
A sétima intervenção, também realizada em 10 de dezembro de 2011, foi
realizada uma visita ao Museu do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá,
quando os 65 alunos fizeram a visita ao Museu e, após visita e explicações, 22
alunos responderam a um questionário.
A sexta e sétima intervenções não contaram com a presença dos professores,
pedagogos, funcionários administrativos e nem de apoio em razão de problemas
técnicos da Escola.
2.1.4 Questionário IV
Secretaria de Estado da Educação do Paranaguá
Universidade Federal do Paraná
Núcleo Regional de Educação de Paranaguá
Colégio Estadual “Helena Viana Sundin”
Programa de Desenvolvimento Educacional
Paranaguá, 10 de dezembro de 2011
Nome:__________________________________________________________
( ) Aluno ( ) Professor ( ) funcionário
01) Em qual bairro você reside atualmente: _____________________________
02) Quanto tempo você reside neste bairro: _______anos
03) Você já havia visitado algum museu de Paranaguá antes?
( ) Sim (qual? __________________________________________) ( ) Não
04) Quando algum parente ou amigo de fora chega em Paranaguá você costuma
mostrar o que da cidade?___________________________________
05) Para você, a presente atividade ajudou/colaborou para melhorar o seu
conhecimento sobre as origens de Paranaguá? ( ) Sim ( ) Não
06) Se quiser comente sobre o que você aprendeu hoje:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Deste último questionário respondido por 22 alunos, a primeira questão foi com
relação ao bairro que o entrevistado residia e a segunda questão com relação ao
tempo de residência. Na terceira questão a pergunta passava se o entrevistado já
havia visitado algum museu em Paranaguá, 10 responderam não e 12 que sim,
sendo os museus mais visitados seriam o Museu de Arqueologia da UFPR (Colégio
dos Jesuítas) e o do Instituto Histórico e Geográfico de Paranaguá.
A quarta questão foi relacionada quando da visita de parentes e amigos a
Paranaguá quais seriam os locais que os entrevistados mostram, as respostas mais
encontradas foram museus, centro da cidade, o Bairro do Rocio, praças importantes,
o Mercado Municipal, as igrejas, a Rua da Praia, pontos históricos e turísticos. Na
quinta questão, perguntava se a atividade ajudou a colaborar para o conhecimento
do entrevistado, os 22 entrevistados responderam que sim! A sexta questão, livre
aberta, onde o entrevistado poderia responder se aprendeu com a atividade, onde
somente 15 responderam e 07 não responderam nada.
Fato importante se deu, quando do primeiro bimestre do ano de 2012, que veio a
colaborar com o processo em questão, mesmo não tendo sido planejado foi que
durante o mês de maio, dia 21, 22, 23 e 24 quando o Colégio Estadual “Helena
Viana Sundin” serviu como alojamento para os Jogos Escolares Regional (do Lirotal)
e para se garantir os dias letivos foram realizadas diversas atividades culturais e
esportivas nas datas relacionadas, com todos os alunos e professores, de todas as
turmas do Ensino Médio, extra salas.
Na data de 21 de maio a atividade foi de uma caminhada pelo setor histórico de
Paranaguá, fotografando os prédios, as praças, as igrejas, os monumentos, pelo
horário da manhã, parando o trânsito e chamando muita atenção das pessoas e dos
alunos que compareceram em grande número, mesmo porque era dia letivo e valia
comparecimento, o que aconteceu todos os dias das atividades.
Na data de 22 de maio, no auditório da Fac. Est. De Filosofia, Ciências e Letras
de Paranaguá aconteceu uma palestra sobre os “100 Anos de Helena Kolody”.
Na data de 23 de maio aconteceu a visita ao Porto Dom Pedro II, Porto de
Paranaguá, com uma palestra seguida com uma visitação na faixa portuária com a
utilização de ônibus e guias.
Na data de 24 de maio ocorreu uma visitação ao Museu de Arqueologia e
Etnologia da Universidade Federal do Paraná, Colégio dos Jesuítas, também
iniciada com uma palestra explicativa e depois uma visitação guiada.
Estas atividades contaram com a participação do autor do presente trabalho, não
só enquanto professor da Escola, mas também como palestrante e coordenador
que, ao levar aos alunos aos locais que anteriormente haviam visto somente por
slides, complementou-se o trabalho com atividades concretas nos locais históricos
explicados anteriormente e que, durante as atividades, pode-se presenciar, de forma
oral, vários relatos sobre os locais que eles haviam visto e ouvido quando das
intervenções realizadas anteriormente quando da aplicação das intervenções na
Escola, onde os alunos participaram e, principalmente passaram a socializar,
repassar informações aos demais colegas, demonstrando assim que a memória,
além de ser acumulativa é também criativa pela forma de repassar, o que fez com
que se sentissem importantes por terem conhecimentos transformadores e
diferenciados dos demais colegas, modificando ao redor, de forma empírica, pois a
aprendizagem da história passou a ser considerada, pelos jovens, naquele
momento, como significativa (utilitária) em termos pessoais (Rüsen, 2010) e que
proporcionou um resultado inesperado que após as intervenções houve uma certa
recuperação que infelizmente não pode ser comprovada, documentalmente, pois
não havia previsão de tal acontecimento.
3. CONCLUSÃO
As questões da identidade e da memória, que num primeiro momento encontram-
se condicionadas ao campo da Psicologia, são questões mais amplas e
interdisciplinares que atingem também o campo educacional, pois não são assuntos
isolados, restritos em si, pois o homem é um ser condicionado e que tudo aquilo com
o qual ele entra em contato torna-se um fator, uma condição importante de e para
sua existência (ARENDT – 1987).
Partindo-se do princípio que as obras, as casas, os museus, as igrejas, as ruas
passam a ser elementos de transmissão de conhecimentos, de memórias, de
histórias de formas coletivas, como imagens que transmitem acontecimentos,
mudanças e progressos são importantes meios na formação da identidade, pois são
importantes elementos do passado vivido dos diversos grupos que fizeram os
acontecimentos da história (Le Goff, 2003)
O problema maior vem a ser quando os moradores do local (do lugar)
desconhecem essa história, deixando de se fazer parte dela, ignorando-a em suas
memórias, como passado deles, deixando de fazer parte dela e, sendo assim, não a
identifica como também sendo sua e, em razão disso, deixa de valorizá-la enquanto
parte integrante da sua própria história e de sujeito participativo dela em sua vida,
em suas ações, em sua memória, pois é também na memória na qual cresce a
história, que também a alimenta, deixa de salvar o passado, deixa de ter valor no
presente e futuro, sem nenhum valor individual e muito menos coletivo, deixando-o
na ignorância, na escravidão do conhecimento alheio, da memória alheia que não o
libertará, mas sim o tornará servo da memória elitizada, manipuladora (Le Goff,
2003).
O crescimento demográfico ocorrido em Paranaguá, pós anos 70, do século XX,
por causa das atividades portuárias do Porto Dom Pedro II, sem nenhum
planejamento sério para a cidade de Paranaguá, não só provocou problemas sociais
sérios de estrutura urbana, mas também um grande distanciamento entre a História
de Paranaguá e os diversos migrantes que para lá se locomoveram e se fixaram, por
motivos diversos, sem se anexarem a história local (do lugar) que acabou criando
um grande número de jovens que passaram a também não se identificarem com a
História de Paranaguá, mesmo tendo nascidos nela, pois, se não há identificação
com a história local (do lugar), passaram a não ter comportamento de valorização,
como se fossem estrangeiros, na sua própria cidade, ou seja, um estranho no seu
próprio lugar.
Foram usados diversos métodos para se obter tais informações, como atividades
de palestras, apresentações de slides com fotos antigas de Paranaguá,
questionários fechados, estruturados e semiestruturados, abertos que permitiram a
opinião dos entrevistados, permitindo uma melhor análise do sujeito de estudo e seu
conhecimento do objeto de estudo, além do próprio comportamento e conversas
diversas com os participantes durante as diversas ações e atividades.
Após a análise e leitura dos questionários respondidos pelos entrevistados,
chegou-se a realidade de que há um grande distanciamento no que tange ao
conhecimento entre os sujeitos de estudo e o objeto de estudo, ou seja, entre os
alunos e a História de Paranaguá que, provavelmente não foram apenas, mas
também utilizada, a História Local (do lugar), como um jogo de poder na luta de
forças socais, meramente, mas sim a História Local (do Lugar) também se tornou um
objeto de poder entre os “senhores da memória”, a pequena elite local, originária do
lugar e tradicional dominadora contra o grupo de migrantes que chegaram a cidade,
em grande número para o trabalho portuário como mão de obra barata à serviço de
privilegiados que dominaram e dominam as sociedades históricas (Le Goff, 2003),
permitindo o esquecimento, mas produzindo conhecimento da História Local (do
Lugar), através de centenas de livros que não chegaram aos recém chegados
migrantes, por ser um objeto de luxo não só pelo valor, mas também pelo
desinteresse de socializar tais obras e, principalmente em razão do grande número
ser de analfabetos, de pouco trato com as letras e de também não se identificarem
com a História Local (do lugar), criando assim, durante quase 40 anos, gerações que
não foram incentivadas ao gosto da leitura, ao gosto da história e de muito menos o
de se contar histórias passadas na cidade, de suas famílias, de suas origens, ou
seja, o princípio básico da formação da sua própria história e do local que se vive,
que basicamente ocorre dentro de casa, para muitos, não aconteceu, não teve
origem.
Sendo assim, provavelmente não houve identidade histórica com Paranaguá
porque não se criou a memória, principalmente pelo grupo familiar, que também
desconhecia e não teve acesso por vários possíveis fatores já relacionados e,
finalmente, por questões culturais que não existiram, e sociais por não se ter feito a
ligação da história com a memória, nem se quer deu-se início a conservação de
informações, não se permitindo a atualização de impressões e nem de informações
passadas para representações presentes (Le Goff, 2003)
No presente caso de estudo não há uma formação concreta de uma memória
social coletiva, uma, que seria uma grande possibilidade de se abordar se há
retraimento ou nível de expansão, transbordamento em Paranaguá, pois a
identidade histórica está em retalhos, em fragmentos, principalmente pela carência,
ou ausência de um elo de ligação que unifique, que recupere, unido a história com a
“criação” de uma memória para que se possa unir à identidade do povo
parnanguara.
Ao se conhecer a história, busca-se também entender como chegou-se à
situação em que se está vivendo hoje, o que não ocorreu com os participantes deste
trabalho com Paranaguá, os entrevistados não sabem explicar, ou imaginar os
atuais comportamentos sociais, não porque não saibam raciocinar, mas sim porque
não possuem elementos em suas memórias elementos suficientes para exercerem
ou para realizarem tais raciocínios e, como não possuem, deixam de se sentirem
(co)responsáveis pelos acontecimentos, pois como não conseguem entender como
ou de que forma chegou-se a tal situação em que estão hoje, de conviver hoje, em
razão de que aquilo não está em suas lembranças, então não lhes pertence e nem
são responsáveis pelos acontecimentos, como não participantes da História.
Ou seja, por não possuírem em suas lembranças repassadas, ou memórias
reproduzidas por seus antepassados, não se reconhecem como participantes dela,
ou melhor, não possuem nenhuma identificação, nenhuma ligação que possa
comprometer ou participar em sua vida, sendo assim, pouco se importa, sem
nenhuma valorização pelo lugar em que vive, muito menos pelo presente em que
vive, o que acaba gerando em alguns a solidão, a melancolia como reflexo de sua
não importância no mundo em que “participa”, comportamento que pode ser passivo
ou ativo, que não é o objeto do presente trabalho, apesar de fazer parte do sujeito
deste trabalho, pois saber-se quem se é tem sido uma constante preocupação
humana, mas os resultados negativos e por consequência seus resultados
comportamentais também não serem partes deste trabalho.
Segundo Hanna Arendt (2003) se “os homens são seres condicionados: tudo
aquilo com o qual eles entram em contato torna-se imediatamente uma condição de
sua existência (...)” torna-se difícil para toda uma geração que não teve este contato
em suas famílias, pois a questão de uma identificação exige diversas relações para
a sua formação que pode se apoiar numa relação para poder formar o indivíduo na
sociedade de interações com outros, sejam iguais ou diferentes.
Se a história é feita, também, pela construção de relações da permanência e
mudança, onde o presente se faz pela comparação do passado, o problema passa
pela falta de informações sobre o passado inexistente na memória, sendo que se
deixa de se ter conhecimento de si mesmo e, certamente de sua identidade,
justamente por não se ter ou se sentir como parte do lugar em que se vive, pois a
identidade é algo que se constrói e não hereditário biologicamente, não é dado, é
construído e também pode ser modificado, são fatores importantes para o presente
problema de falta de conhecimento sobre a História de Paranaguá, da constituição
da memória e para a formação de uma identidade parnanguara.
Desta forma, pode-se chegar a uma conclusão primária de que os entrevistados,
alunos, professores e funcionários do Colégio Estadual “Helena Viana Sundin” não
possuem uma identificação com a cidade em que moram e vivem em razão de não
possuírem uma memória que não lhes foi repassada pelos seus antepassados, que
em muitos, vieram de outras localidades e que não lhes foi repassada pelos seus
antepassados e muito menos pelas elites que administravam a cidade, no entanto,
nem tudo está perdido, pois como a situação humana é de uma constante
construção e formação, há, ainda, possibilidades de se fazer ações de recuperação
para a construção dessa identidade não só para os entrevistados, mas também para
todos os moradores da cidade de Paranaguá que se tem como meio mediador as
atividades realizadas no mês de maio de 2012, onde alguns alunos, quando da
participação das atividades feitas, em vários momentos, faziam intervenções
explicando, falando, perguntando sobre os locais históricos que anteriormente, um
ano antes, lhes foram apresentados através de slides com fotos antigas dos locais
ora visitados, demonstrando que a memória foi construída com dados que
construíram uma identidade com os locais em que se encontravam, contribuindo
para o conhecimento da História Local (do Lugar) de Paranaguá.
Referências
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Campinas, SP : Ed. Unicamp, 2007.
Apologia da História / Marc Bloch - Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2001.
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(Coleção educação contemporânea)
Esboço de uma sinopse da História Regional do Paraná / Brasil Pinheiro Machado,
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História/ vários autores – Curitiba: SEED-PR,2006.
História / Vários autores. – Curitiba : SEED-PR, 2006.
Jörn Rüsen e o ensino de história / organizadores : Maria Auxiliadora Schmidt, Isabel
Barca, Estevão de Rezende Martins – Curitiba: Ed. UFPR, 2010.
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Sobre história / Eric Hobsbawn ; tradução Cid Knipel Moreira. – São Paulo :
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Uma vida para a história: conversações com Marc Hergun / Jacques Le Goff;
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