a ciência da almaguardioes.com/jaiva-dharma.pdf · a ciência da alma ®r…la bhaktivinoda...

1296

Upload: duongcong

Post on 30-Nov-2018

245 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • A Cincia da Alma

  • r r Guru Gaurgau Jayata

    A Cincia da Alma

    rla Bhaktivinoda hkura

    Traduzido sob a guia de r Srimad Bhaktivednta Gosvm Nryaa Mahrja

  • Copyright 2010 Gaudiya Vedanta Publications/India Titulo originalJaiva-Dharma - The eternal function of the soulTraduzido da segunda edio por:Atula Krishna dasGovinda dasiCapaMayswara dasPreparao e designerEditora Vale dos Livros e Atul Krishna DasProof -readingAtula Krishna dasMahavishnu dasReviso e SidhantaAtul Krishna dasOrtografiaMurali dasColaboraoVaisnava das

    Publicado por: r r Gournga Rdh Govinda Gaudiya Math So PauloCNPJ:- n 145.406/0001.01 Tel. (011) 3097.0558

    Primeira Edio em portugus: 2000 exempalresPatrocinado por: Sundarananda DasDados internacionais de Catalogao na Publicao(CIP)Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil

    Thakur, Bhaktivinoda Jaiva-Dharma : a cincia da alma / Srila Bhaktivedanta Narayana Maharaja ; [escrito por] Srila Bhaktivinoda Thakura ; comentrios de Srila Bhaktivedanta Narayana ; [traduzido por Everaldo Alves Portugal(Atul Krihna Das]. -- So Paulo : Ed. Gouranga Publicaes , [2010] 1. Hindusmo 2. Hindusmo - Livros sagrados 3. Ioga 4. Mantras hindus 5. Misticismo - Hindusmo 6. Vaisnavismo 7. Vida espiritual (Hindusmo) I. Thakura, Bhaktivinoda Srila, 1838-1914. II. Maharaja, Bhaktivedanta Narayana. III. Ttulo. ISBN: 81-86737-39-1 10-07884 CDD-294.5924045

    ndices para catlogo sistemtico: 1. Jaiva-Dharma : Livros sagrados : Tradues 294.5924045

    Todos os direitos desta edio Reservados Gouranga Publicaes

    GouranGa PubliCaesRua Mourato Coelho, 981- Vila Madalena | Pinheirosso Paulo/sP - CeP- 05847-510Para maiores informaes visite o site: www.purebhakti.come-mail: [email protected]: (11) 3892-0340site: www.purebhakti.com

  • Esta edio do Jaiva-Dharma dedicada a r Guru-pda-padma

    Fundador da r Gauya Vednta Samiticrya Kesar

    Nitya-ll Pravia O ViupdaAottara-ata

    r rmad Bhakti Prajna Keava Gosvm Mahrja

    O protetor da Brahm-Mdhva-Gauya Sampradya,Que realizou os desejos de rla Bhaktivinoda hkura

    rla Gaura-Kora Dsa Bbj Mahrja erla Prabhupda Bhaktisiddhnta Sarasvat

  • Sumrio

    Nota a edio BrasileiraXIII

    Prefcior Srimad Bhaktivednta Nryaa Mahrja

    XVIIntroduo

    r rmad Bhakti Prajna Keava Gosvm MahrjaXXIII

    Comentrios na forma de rodapr Srimad Bhaktivednta Nryaa Mahrja

    (No final de cada respectivo captulo)Captulo Um

    Os Dharmas Eternos e Temporarios da Jva 37

    Captulo DoisO Nitya-Dharma da Jva Puro e Eterno

    57Captulo Trs

    Naimittika-Dharma deve ser abandonado 75

    Captulo QuatroVaiava-Dharma Nitya-Dharma

    107 Captulo Cinco

    Vaidh-Bhakti Nitya e No Naimittika-Dharma 131

    JAIVA-DHARMA

  • Captulo SeisNitya-Dharma, Raa e Casta

    159Captulo Sete

    Nitya-Dharma e Existncia Material201

    Captulo OitoNitya-Dharma e Comportamento Vaiava

    251Captulo Nove

    Nitya-Dharma , Cincia Material e Civilizao289

    Captulo Dez Nitya-Dharma e Histria

    319Captulo Onze

    Nitya-Dharma e Idolatria347

    Captulo DozeNitya-Dharma, Sdhana e Sdhya

    367Captulo Treze

    Prama e o Princpio de Prameya 395

    Captulo QuatorzePrameya: akti-Tattva

    431 Captulo QuinzePrameya: Jva-Tattva

    463

    JAIVA-DHARMA

  • Captulo DezesseisPrameya: As Jvas Dominadas por My

    491

    Captulo DezessetePrameya: As Jvas Livres de My

    515

    Captulo DezoitoPrameya: Bhedbheda-Tattva

    545

    Captulo DezenovePrameya: Abhidheya-Tattva

    579

    Captulo VintePrameya: Abhidheya-Vaidh-Sdhana-Bhakti

    611

    Captulo Vinte e UmPrameya: Abhidheya-Ragnug-Sdhana-Bhakti

    645

    Captulo Vinte e DoisPrameya: O Princpio de Prayojana-Tattva

    671

    Captulo Vinte e TrsPrameya: r-Nma-Tattva

    693

    JAIVA-DHARMA

  • Captulo Vinte e QuatroPrameya: Nma-Apardha

    715 Captulo Vinte e Cinco

    Prameya: Nmbhsa735

    Captulo Vinte e SeisIntroduo Rasa-Tattva

    757Captulo Vinte e Sete

    Rasa-Tattva: Sttvika-Bhva, Vyabhicri-Bhava e Raty-bhsa

    775Captulo Vinte e Oito

    Rasa-Tattva: Mukhya-Rati789

    Captulo Vinte e NoveRasa-Tattva: Anubhvas em nta, Dsya e Sakhya Rasas

    807Captulo Trinta

    Rasa-tattva: Anubhvas de Vtsalya e de Madhura Rasas

    825Captulo Trinta e Um

    Madhura-rasa: a Svarpa de Ka, o Nyaka e as Svakya-Nyiks

    843Captulo Trinta e Dois

    Madhura-rasa: Parakya-Nyiks867

    JAIVA-DHARMA

  • Captulo Trinta e TrsMadhura-rasa: A Svarpa de r Radha, os Cinco Tipos de

    Sakhs e as Mensageiras891

    Captulo Trinta e QuatroMadhura-Rasa: As Diferentes Categorias de Sakhs

    917Captulo Trinta e Cinco

    Rasa-Tattva: Uddpana939

    Captulo Trinta e Seis Madhura-Rasa: Sthybhva e Estgios de Rati

    959Captulo Trinta e Sete

    gra-rasa: gra Svarpa e Vipralambha993

    Captulo Trinta e Oitogra-rasa: Mukhya-Sambhoga e Aa-Klya-Ll

    1013Captulo Trinta e Nove

    Rasa-Tattva: Entrando em LL1049

    Captulo QuarentaAlcanando Prema, A Riqueza Suprema

    1067

    JAIVA-DHARMA

  • Apndice

    Phala ruti1090

    Glossrio de Termos1095

    Glossrio de Nomes 1205

    Glossrio de Lugares1247

    Contatos no Brasil e no mundo 1269

    JAIVA-DHARMA

  • NOTA A EDIO BRASILEIRA

    A edio deste importante livro Jaiva Dharma em portugus muito bem-vinda. uma grande ddiva para os leitores brasileiros. Ele traz a luz da sabedoria dos vedas sintetizada pelo grande mestre rla Bhakti-vinoda hkura e ir espalhar os raios da lua da beno para todos ns. O Jaiva Dharma abre as portas da percepo e leva o ser humano a contemplar o seu prprio eu e experi-mentar o nctar da imortalidade mesmo nesta vida. Ao entendermos nossa natureza original, estaremos aptos a reivindicar a to sonhada felicidade pela qual sempre ansiamos. A existncia s tem sentido se houver xta-se, bem aventurana. Visto que nascemos para sermos felizes, esse o sentido da vida. rla Bhaktivinoda hkura idealizou uma socie-dade em que todos os seres vivos podem ser felizes para sempre, adorando o casal divino r r Radha-Krshna os senhores de nossos coraes. Se a pessoa afortunada o bastante, ela pode alcanar a quinta meta da vida, amor puro por Deus (prema), alm da libera-o impessoal (moksha) propagada pela escola Maya-vada impersonalista.

    O Jaiva Dharma prope a religio universal e a liberao coletiva da humanidade. Por meio da reali-zao de Deus, a satisfao do ser, a elevao da cons-cincia e a transformao da nossa natureza interior pelo processo da bhakti-yoga. Sujeita a cair sob o controle da energia ilusria

    JAIVA-DHARMA

  • (maya) devido a sua natureza diminuta e imperfeita a alma carece de perfeio, ela s vezes abusa de sua pequenina independncia e cai sob a influncia da energia externa, sendo ela mesma superior a essa energia. Nesta dimenso material estamos todos sofrendo devido ao condicionamen-to a matria e, urge buscar uma soluo para esse mal que aflige a humanidade inteira. r Caitanya Mahprabhu que o prprio ka, viajou por toda a ndia e distribuiu o amor divino a todos, sem nenhuma distino de castas, crenas, ricos ou pobres. Ele tambm estabeleceu a concluso suprema de todas as fi-losofias e religies do mundo, num nico axioma chamado: acintya-bhedbheda-tattva, a inconcebvel diferena e uni-dade simultnea da alma e Deus. Toda alma igual a Deus em qualidade, porm em quantidade ela diminuta. Ele apareceu aproximadamente h cinco sculos em r Navadvipa, ndia e, propagou o cantar dos Santos Nomes de Deus, o maha mantra Hare ka. E abriu as compor-tas do oceano de amor a Deus inundando assim o mundo inteiro. O Jaiva Dharma como uma panacia que pode curar-nos de todos os males (kleas) da existncia materi-al e o remdio perfeito da prtica de bhakti-yoga. Como proposta no Jaiva Dharma, outorga o elixir da imortalidade que vai curar o mal da ignorncia de nosso verdadeiro ser e nos elevar a plataforma de amor divino, capacitando-nos a saborear o nctar para sempre desejado.

    Aspirantes ao servio de r Guru e Vaiavas Os editores.

    No auspicioso guru purnima de 2010.

    JAIVA-DHARMA

  • Prefcio

    (Escrito para a terceira edio em Hindi) Por r rmad Bhaktivednta Nryaa Mahrja

    Estou muito satisfeito que a Gauya Vednta Sami-ti apresente ao pblico a terceira edio em Hindi do Jaiva-Dharma. Esta publicao realiza meu antigo desejo, visto que me precocupava muito, o fato de que este livro no estivesse disponvel em Hindi, o idioma nacional da ndia.

    O original Jaiva-Dharma, escrito em Bengali, um inestimvel tesouro para todos os Vaiavas que falam este idioma. Seu autor, rla Bhaktivinoda hkura, um asso-ciado confidencial de r Caitanya Mahprabhu e tam-bm conhecido como o Stimo Gosvm. Ele reiniciou o servio devocional puro (bhakti) revelado por Svaya r Caitanya Mahprabhu para a comunidade Vaiava moder-na, como a poderosa corrente do sagrado Ganges. hkura Bhaktivinoda escreveu mais de cem livros sobre bhakti em vrios idiomas. Este livro, o Jaiva-Dharma, introduziu uma nova era no mundo da filosofia e religio.

    Esta terceira edio foi produzida sob a direo de meu venerado e sagrado mestre, r Gurupda-padma O Viupda 108 r rmad Bhakti Prajna Keava Gosvm Mahrja, guardio da linha de sucesso dis-cipular r Brahma-Madhva-Gauya Sampradya, que

    JAIVA-DHARMA

  • realizou o desejo ntimo do corao de rla Bhaktivinoda hkura, rla Gaura-kiora dsa Bbj Mahrja e rla Bhaktisiddhnta Sarasvat hkura. Ele um mestre pre-ceptor crya na linha de sucesso discipular de r Caitanya Mahprabhu e o Fundador-crya da r Gauya Vednta Samiti e de suas ramificaes que esto espa-lhadas em vrias partes da ndia. Por sua ilimitada mise-ricrdia sem causa, inspirao e ordem direta, embora eu no tenha nenhuma qualificao, fui capaz de traduzir este livro que repleto de filosofia detalhada, bem como ver-dades profundas e confidenciais relacionadas a adorao de Bhagavn.

    Nesta traduo, tentei na medida do possvel, preser-var a eleveada filosofia e os humores altamente complexos e sutis concernentes a anlise de rasa (as emoes que sur-gem da prtica da devoo). Esforcei ao mximo para ex-pressar-me numa linguagem clara e de fcil entendimento. Espero que os leitores considerem que esse intento valeu a pena. Qualquer mrito que haja neste esforo exclusiva-mente devido ao crdito dos ps de ltus de r Guru.

    A traduo em hindi do Jaiva-Dharma foi publicada pela primeira vez ao longo de seis anos em uma srie de artigos na revista mensal r Bhgavat-patrik. Entusi-asmados com a obra, os leitores fiis pediram in-sistente-mente para public-la como um livro independente. Nossa segunda edio do Jaiva-Dharma foi publicada em formato de livro para o benefcio do pblico de idioma hindi e para a satisfao dos devotos puros. A edio foi apresentada para satisfazer o profundo interesse e a demanda dos leitores.

    Meu mais venerado e sagrado mestre, r cryadeva, deu uma elaborada introduo no prefcio editorial das ca-ractersticas inigualveis do livro, seu autor, e outros im-

    JAIVA-DHARMA

  • portantes tpicos. Entretanto, no posso conter meu prprio entusiasmo ao adicionar algumas palavras sobre este tema. Encareo aos leitores para estudarem a introduo minucio-samente antes de ler esse livro. Tenho a convico de que ao faz-lo obtero diretrizes claras de como se aprofundar na verdade da realidade suprema.

    A palavra Jaiva-Dharma refere-se ao dharma da jva ou a funo constitucional da entidade viva. Se nos dei-xarmos guiar pelas aparncias externas, percebemos que os seres humanos tem diferentes religies de acordo com a classificao de pas, casta, raa e assim por diante. A na-tureza constitucional dos seres humanos, animais, pssaros, vermes, insetos e outras entidades vivas tambm observa-da em diferentes variedades.

    Mas, na realidade, toda entidade viva atravs do universo tem somente um eterno e imutvel dharma. O Jaiva-Dharma oferece uma convincente descrio deste dharma, o qual eterno e que aplica-se em toda par-te, a todo momento e para todas as entidades vivas. De forma muito concisa, este livro nos revela a essncia dos mais profundos e confidenciais temas dos Vedas, Vednta, Upaniads, rmad-Bhgavatam, Puras, Brahma-stra, Mahbhrata, Itihsas, Pacartra, Sa-sandarbhas, r Caitanya-caritmta, Bhakti-rasmta-sindhu, Ujjvala-nilamai e outros stras sublimes. Alm disso, ele escrito na forma de um romance agradvel, divertido e facilmente compreensvel.

    O Jaiva-Dharma d uma anlise precisa e inigualvel de muitos tpicos fundamentais de como so as verdades relativas a Suprema Personalidade de Deus (bhagavata-tattva); s entidades vivas (jva-tattva); as potncias de Bhagavn (akti-tattva); os estados condicionados e libera-

    JAIVA-DHARMA

  • dos das jvas; um estudo comparativo da natureza de karma, jna e bhakti; uma conclusiva e significante discusso de caractersticas distintivas do servio devocio-nal regulado e espontneo (vaidh e rgnug-bhakti); e a excelncia suprema do santo nome - r-nma-bhajana. Todos estes tpicos so discutidos em termos de samband-ha, abhidheya e prayojana.

    A edio anterior do Jaiva-Dharma em bengali pu-blicada pela Gauya Vednta Samiti, todas as edies do Jaiva-Dharma publicadas por rla Bhaktivinoda hkura, rla Bhaktisiddhnta Sarasvat Prabhupda e os cryas subsequentes da Gauya Vaiava em nossa linha incluram a seo sobre rasa-vicra. Porm, por razes especficas, nosso mais venerado sagrado mestre, rla Gurupda-pad-ma, publicou uma edio contendo somente as primeiras duas sees do livro, as quais tratam respectivamente de nitya-naimittika-dharma e sambandha, abhidheya e prayo-jana. Ele no publicou a terceira parte do livro, que trata de rasa-vicra (uma detalhada considerao da confidencial e transcendental doura de bhakti).

    No entanto, mais tarde, quando a r Keava Gauya Maha estava no processo de publicar esta edio em Hindi em Mathur, rla Gurupda-padma pessoalmente revisou o livro inteiro.

    Em sua introduo para esta edio, ele muito cla-ramente instruu os leitores para primeiro examinarem sua qualificao ou falta de habilidade e, ento cautelosamen-te proceder com seus estudos da terceira seo tratando derasa-vicra. Assim, quando todas as trs partes do livro foram publicadas juntas na segunda edio, no senti neces-sidade de qualquer outra clarificao.

    No momento de escrever o r Caitanya-caritmta,

    JAIVA-DHARMA

  • uma dvida surgiu no corao de r Ka dsa Kavirja Gosvm concernente a se ele deveria apresentar a discus-so sobre rasa-vicra. Ele questionou se deveria ou no incluir este tpico no livro, com receio de que pessoas inca-pacitadas pudessem l-lo para seu prprio dano. Finalmente ele resolveu incluir rasa-vicra no livro, expressando isto com suas prprias palavras no Caitanya-caritmta, di-ll (4.231-235):

    e saba siddhnta gha, kahite n yuyyan kahile, keha ihra anta nhi pya

    As esotricas e confidenciais concluses relativas aos passatempos amorosos de Rasarja r Ka e as gops, que so a personificao de mahbhva, no devem ser reveladas para o homem comum. ataeva

    ataeva kahi kichu kari nigha bhujite rasika bhakta, n bhjhibe mha

    Mas, se elas no forem reveladas, ningum poder entrar nestes tpicos. Devo ento, descrever estes tpicos de uma maneira velada, deste modo s rasi-ka-bhaktas sero capazes de entend-los, porem os tolos

    hdaye dharaye ye caitanya-nitynandae saba siddhnte sei pibe nanda

    Qualquer pessoa que tenha estabelecido r Caitanya Mahprabhu e r Nitynanda Prabhu em seus cora-es, iro alcanar bem-aventurana transcendental

    JAIVA-DHARMA

  • ao ouvirem estas concluses.e saba siddhnta haya mrera pallavabhakta-gaa kokilera sarvad vallabha

    Esta doutrina to doce quanto um broto recm-cres-cido numa mangueira, o qual pode somente ser apre-ciado pelos devotos, que so comparados aos cucos.

    abhakta-urera ithe n haya praveatabe citte haya more nanda viea

    Para os no-devotos, comparados a camelos, no h possibilidade de serem admitidos nestes tpicos. Portanto, h um especial jbilo em meu corao.

    sempre inapropriado revelar tpicos confidenciais de vraja-rasa diante das pessoas em geral. Todavia, h toda possibilidade de que este mistrio sagrado desaparecer se ele no for completamente explicado. Embora as rvores de neem e de manga possam estar presentes no mesmo jardim, um corvo ir pousar na rvore de neem e saborear seu fruto amargo, enquanto que o cuco, que tem o paladar mais refi-nado, pousar na mangueira e ir saborear seu doce broto e florescncias. Consequentemente, apropriado apresentar rasa-vicra.At o presente momento, o mundo literrio hindu no tin-ha conhecimento de um livro admirvel, extraordinrio e compreensivo que informasse atravs da anlise com-parativa com as mais elevadas concluses filosficas e os super-excelentes mtodos de adorao do vaiava-dhar-ma. O Jaiva-Dharma preenche esta necessidade. E ir anunciar uma nova era nos mundos filosficos e religiosos,

    JAIVA-DHARMA

  • e em particular no mundo do Vaiavismo.

    r Keavaj Gauya MahaMathur, U.P., 1989

    Um aspirante a partcula da misericrdiade r-r Guru e Vaiavas

    Tridai Bhiku r Bhaktivednta Nryaa

    JAIVA-DHARMA

  • JAIVA-DHARMA

  • Introduo(escrito para a segunda edio em hindi)

    por r rmad Bhakti Prajna Keava Gosvm Mahrja)

    Das muitas tradies religiosas no mundo, a maioria delas adotam mtodos variados para propagar seus respec-tivos ideais. Pensando assim, elas recorrem a publicao de literatura em diferentes idiomas. auto-evidente que no campo da educao secular hajam niveis elementares, in-termedirios e avanados,tanto elevados quanto em baixos ramos de aprendizados. Similarmente, tambm auto-evi-dente que aqueles que possuem uma vasta leitura e um pro-fundo entendimento no estudo das religies comparadas, admitirem de forma unnime, que existem diferentes nveis de conhecimento dos ensinamentos metafsicos nas difer-entes tradies religiosas. Entre todas estas ideologias re-ligiosas, as instrues dadas por r Caitanya Mahprabhu sobre a religio do amor puro (prema) so as revelaes mais elevadas sob todos os pontos de vista. Seguramente, uma vez que os pensadores imparciais deste mundo sejam ex-postos para tal sublime entendimento, este fato ser aceito por unanimidade.

    Todos querem ser inspirados pelos ideais mais elevados e ensinamentos, mas como pode este desejo aus-picioso vir a dar frutos? Foi com este pensamento que a grande personalidade liberada e a jia mais preciosa da elite educada, rla Bhaktivinoda hkura, estabeleceu

    JAIVA-DHARMA

  • pelo seu exemplo pessoal o mais elevado ideal de vida espiritual, e compos muitos livros sobre o vaiava-dharma em diferentes idiomas. As instrues de r Caitanya Mahprabhu podem ser encontrada nestes li-vros numa linguagem simples e detalhada. Entre todos os livros do autor, este Jaiva-Dharma considerado a quintessncia pelos pensadores religiosos do mundo.

    Os Vedas so os escritos mais antigos deste mundo. Seus corolrios, que incluem as Upaniads e outras litera-turas compiladas por r Vedavysa (tais como o Vednta-stra, o Mahbhrata e o rmad Bhgavatam), so todas literaturas perfeitas. Com o passar do tempo, variedades de livros foram escritos, inspirados por ideais enunciados no corpo desta literatura. Eles foram amplamente circu-lados e deste modo ganharam vasta popularidade. Nestes livros, no somente encontramos diferentes gradaes de pensamentos, caractersticas distintivas e pontos de vista contrastantes, porm podemos observar tambm uma ex-clusividade mtua, polarizao de doutrina e especulao filosfica. Como resultado, houveram revoltas e calamida-des no domnio religioso, e isto continua at os dias de hoje.

    Sob tais circunstncias precrias, o Senhor Supre-mo original, Svaya Bhagavn, que a Verdade Abso-luta, apareceu aproximadamente 500 anos atrs, no local principal dos sete locais sagrados, rdhma-Mypura em Navadvpa-dhma, para liberar as entidades vivas condicionadas. Naquela poca o Senhor especificamente dotou de poder alguns de seus queridos associados para compilar volumosos livros, que contm o significado verdadeiro e a essncia de todas as escrituras stras. Por meio desta literatura, o Senhor desejou investir

    JAIVA-DHARMA

  • bhakti, que a raiz de divya-jana (conhecimento trans-cendental), nos coraes de todas as pessoas. Todos estes livros, com a exceo de trs ou quatro, foram escritos em idioma snscrito.

    Os Gosvms r Rpa e r Santana estavam entre os mais elevados e confidenciais associados de r Caitanya Mahprabhu. rla Jva Gosvm era to querido por r Rpa e Santana que era praticamente uma manifestao idntica a deles. Extraindo a essncia de todos os stras rla Jva Gosvm comps os a-sandarbhas e outros livros em sn-scrito. Com este esforo, Svaya Bhagavn manifestou Seu desejo mais confidencial de desempenhar Suas atividades transcendentais (ll), para liberar as entidades vivas jvas.

    Algumas pessoas, incapazes de averiguar o verdadei-ro significado dos stras, so levadas a interpret-los de acordo com seu relativo entendimento. Em alguns casos, tais pessoas adotam somente um significado parcial do stra em outros casos suas interpretaes obscurecem o verdadeiro significado, e em outros casos elas adotam uma viso que completamente oposta a inteno original. rla Jva Gosvm no est em qualquer uma destas categorias e as instrues que fluram de sua caneta so as instrues absolutas e conclusivas de rman Mahprabhu, as quais so delineadas nos Vedas, nas Upaniads, no Mahbhrata e no rmad-Bhgavatam. O Jaiva-Dharma foi compila-do em uma maravilhosa forma baseando-se no significa-do perfeito e completo destas instrues. Para que assim os leitores possam compreender facilmente a utilidade e o sentido do livro, iremos fazer uma anlise do significado do ttulo. O autor chamou este livro de Jaiva-Dharma. Visto

    JAIVA-DHARMA

  • que todos mantemos alguma concepo particular de dharma (ocupao essencial ou religio), por enquanto no necessrio elaborar algo mais alm disso devido tambm a escassez de espao. Em snscrito, quando o sufixo auxili-ar an adicionado a palavra jva (entidade viva), isto po-tencializa a vogal mdia e o n no sufixo an declina, deste modo obtemos a palavra jaiva. A palavra jaiva significa de ou relacionado a jva. Portanto, Jaiva-Dharma significa o dharma da jva, ou a funo caracterstica em relao a jva. Mas, qual o significado da palavra jva neste contexto? O autor responde esta pergunta exaustivamente neste livro, mas ainda penso que essencial submeter um ou dois co-mentrios breves.

    A palavra jvana (vida) procede da palavra jva, que significa algo que tem vida. Em outras palavras, todas entidades vivas so conhecidas como jvas. Assim, o autor usou o termo jaiva-dharma para indicar a funo consti-tucional da jva. r Caitanya Mahprabhu instruiu as jvas atravs de seus devotos e seguidores incondicionais, os seis Gosvms liderados por r Rpa, Sanatana e Jva Gosvm sobre o tipo de dharma que deviam aceitar e seguir. Aproximadamente, quatrocentos anos mais tarde, o autor deste livro, rla hkura Bhaktivinoda, que re-conhecido como o Stimo Gosvm, apareceu no distan-te de rdhma-Mypura, o lugar de nascimento de r Gaurga. Por empatia e generosidade com a condio das jvas, ele escreveu o Jaiva-Dharma no idioma bengali.

    Pelo desejo de Bhagavn, r Ka dsa KavirjaGosvm, um querido associado de r Gaurga, assimilou a essncia das instrues de Bhagavn r Gau-racandra no r Caitanya-caritmta. Isto est expresso no

    JAIVA-DHARMA

  • seguinte verso:

    jvera svarpa haya kera nitya dsakera taasth-akti bhedbheda praka r Caitanya-caritmta, Madhya

    (20.108)

    A condio natural da jva a de ser uma serva de Ka. A jva a potncia marginal de Ka, e uma manifestao simultaneamente igual e diferente dEle.

    O autor baseou o Jaiva-Dharma neste verso, que o bja-mantra (aforismo fundamental) de todas as instrues para os Gauya Vaiavas. Portanto, este livro benfico e aceitvel para todos os seres humanos, sem distino de raa, casta, condio de vida, tempo, lugar ou pessoa. No somente isto, ele benfico igualmente para as jvas que nascem em outras espcies como pedras, animais, pssa-ros, insetos, seres aquticos ou outras entidades mveis ou imveis.

    H muitos exemplos equivalentes mencionados de outros seres alm de humanos que aceitaram o jaiva-dharma. Ahaly no corpo de uma pedra; os gmeos Yamalrjunas e os sete tlas nos corpos de rvores; o rei Nga no corpo de lagarto; Bharata Mahrja no corpo de cervo; Surabh no corpo de vaca; Gajendra no corpo de elefante; Jmavanta no corpo de urso; e Agada e Sugrva nos corpos de macacos. O instrutor do universo inteiro, Brahm, orou para Svaya Bhagavn r Ka para obter servio aos Seus ps de ltus, mesmo que para isto tives-

    JAIVA-DHARMA

  • se que nascer entre espcies de grama, arbustos, animais ou pssaros. Isto est declarado no rmad-Bhgavatam (10.14.30):

    tad astu me ntha sa bhri-bhgobhavetra vnyatra tu v tiracmyenham eko pi bhavaj jannbhtv nieve tava pda-pallavam

    Meu querido Senhor, oro para que voc me confira tal boa fortuna para que eu possa ser includo como um dos Seus bhaktas e completamente ocupado no servio de Seus ps de ltus, quer nesta vida como Brahm, ou na prxima, mesmo se eu nascer entre outras espcies animais.

    Prahlda Mahrja, o imperador dos bhaktas, expres-sou ainda mais claramente a aspirao de obter o jaiva-dharma na forma do servio a Bhagavn, at mesmo se isto significasse nascer como um animal, ou em qualquer forma entre as milhares de espcies:

    ntha yoni-sahasreu yeu yeu vrajmy ahamteu teu acal bhaktir acyutstu sad tvayi

    Acyuta, em qualquer uma das milhares de espcies que eu possa ser forado a vagar, permita-me sempre ter devoo inabalvel por Voc.

    O autor, rla Bhaktivinoda hkura, tambm orou de uma maneira similar em seu livro intitulado aragati:

    JAIVA-DHARMA

  • ka janma hau yath tuy dsabahir-mukha brahm-janme nhi a

    aragati, tma-nivedana (cano 3)

    Permita-me nascer at mesmo como um inseto, onde quer que Seus bhaktas sejam encontrados. No gos-taria de nascer como um Brahm indiferente a Voc.

    As instrues do Jaiva-Dharma, portanto, so re-comendveis e aceitveis para todas as jvas. Por aceitar estas instrues profundamente em seus coraes, todas as entidades vivas podem facilmente obter libertao per-manente de tormentos terrveis causados pelas invencveis correntes da iluso, e das fantasmagorias do prazer falso e trivial. Alm disso, tais almas ficaro imersas na bem-aven-turana do servio a Bhagavn e, assim, estaro aptas para experimentar a paz suprema e o prazer transcendental mais elevado.

    Anteriormente foi indicado que existem graus ele-vados e elementares de instrues no campo do conheci-mento secular. Similarmente, aceito que h graus ele-vados e elementares de instrues no campo da verdade religiosa. Somente pessoas de eminente qualificao podem aceitar o ideal que est contido nos ensinamen-tos avanados. O significado que os seres humanos so superiores a todas as outras espcies de vida. H muitos diferentes tipos de entidades alm dos seres humanos. A palavra pr (o qual tem vida), ou jva, refere-se a uma entidade consciente. Ns no estamos aqui interessados em objetos inconscientes ou matria inerte. A funo na-tural de uma entidade consciente chamada dharma, a qual prope a funo da conscincia ou a natureza que

    JAIVA-DHARMA

  • origina da verdadeira identidade de algum. A concepo de dharma inseparvel de cetana (conscincia).

    No dcimo sexto captulo deste livro h uma minucio-sa anlise, de acordo com a cincia moderna, do desenvol-vimento sistemtico da conscincia. As vidas conscientes que so compelidas pela iluso so encontradas em cinco condies: 1) cchdita-cetana (conscincia coberta), 2) sakucita-cetana (conscincia atrofiada), 3) mukulita-ceta-na (conscincia em broto), 4) vikasita-cetana (despertar da conscincia), 5) pra-vikasita-cetana (conscincia com-pletamente desperta). Tais seres conscientes so conhecidos como jvas ou pr. Estes cinco estgios das entidades vi-vas so divididos em duas categorias de entidades imveis (sthvara); e entidades mveis (jagama).

    rvores, trepadeiras, arbustos, pedras e outras entida-des imveis tm a conscincia coberta (cchdita-cetana). Os outros quatro tipos de seres conscientes so mveis, en-quanto que estas entidades no so, porque suas conscin-cias esto completamente cobertas.

    Animais, pssaros, insetos e seres aquticos tm conscincia atrofiada (sakucita-cetana). As jvas nas-cidas em outras espcies que no a humana so encon-tradas em estados de conscincia coberta ou atrofiada. As jvas em espcies humanas so encontradas em est-gios de conscincia germinada, desperta e completamen-te desperta. Embora, os seres sencientes nestes ltimos trs estados de conscincia, sejam todos humanos pela aparncia fsica, eles so avaliados de acordo com o grau de desenvolvimento de suas conscincias. Se levarmos isto em conta, considera-se que a conscincia dos seres

    JAIVA-DHARMA

  • humanos esto no estgio preliminar, intermedirio ou avanado de desenvolvimento. No obstante, rvores, tre-padeiras, arbustos, animais, pssaros e seres humanos so todos jvas e seu dharma somente a adorao a Bhagavn. Alm de todos estes, os seres humanos so superiores por terem uma conscincia desenvolvida, e seu dharma espe-cial conhecido como jaiva-dharma, que consiste na a-dorao a Bhagavn.

    A funo da conscincia dimensionada de acordo com o grau em que o conhecimento ou a conscincia este-jam cobertos. No h dvida que o ser humano superior a todas as formas de vida na terra, ainda assim essencial entender de onde esta superioridade originada. No se pode dizer que os seres humanos sejam superiores as r-vores, trepadeiras, insetos, animais, pssaros e seres aquti-cos do ponto de vista da forma e aparncia, fora e proezas, beleza e encanto. Porm, os seres humanos so superiores sob todos os aspectos a todas as outras espcies com rela-o a faculdade mental, o desenvolvimento do intelecto e a expanso da conscincia. Este o dharma especial que analisado no Jaiva-Dharma. Embora num sentido geral, jaiva-dharma seja o dharma de todas as entidades vivas, ele deve ser entendido como o dharma especfico da espcie humana, porque a qualificao especial para o mais elevado dharma encontrado somente entre aquelas jvas com ele-vado desenvolvimento de conscincia.

    Uma questo pode ento ser levantada porque este livro foi intitulado Jaiva-dharma e no Mnava-Dhar-ma ou Manuya-Dharma (a religio dos seres huma-nos). Quando investigamos, aprendemos que a verdadei-ra funo dos seres humanos encontrada somente em dharma; dharma ou religio no encontrada em outras

    JAIVA-DHARMA

  • espcies. Esta a regra geral. rvores, trepadeiras, pe-dras, vermes, insetos, peixes, tartarugas, animais, pssaros, cobras e outras entidades vivas so contadas entre as jvas, porm elas no apresentam tendncia religiosa que carac-terizada pela aspirao a moka (liberao) ou a adorao a Bhagavn.

    Alguns filsofos so da opinio que as entidades vi-vas que demonstram somente atributos animalescos, tais como tolice e ausncia de misericrdia, so de fato animais. observado que algumas jvas desta classe animalesca pos-suem intuio natural em virtude do nascimento. At um certo ponto, esta intuio natural semelhante a da natu-reza humana. Embora parea, ela no natureza humana, a disposio humana unicamente observada quando se combinam a tendncia animal com o conhecimento e racio-nalidade. Aqueles que possuem esta disposio humana so conhecidos como seres humanos.

    O comportamento animalesco descrito por nossos sbios Arianos, como tendo quatro propenses instintivas: hra (comer), nidr (dormir), bhaya (temer) e maithuna (acasalar-se). A disposio humana manifesta unicamente quando algum supera estas propenses animalescas e de-senvolve a racionalidade (dharma-vtti). Filsofos ociden-tais tambm declaram que os homens so seres racionais. No entanto, essencial notar que o significado da racionali-dade na filosofia ocidental consideravelmente limitada.

    Na filosofia Ariana, a palavra dharma extrema-mente abrangente. Somente num aspecto de seu signi-ficado, ela encerra o conceito filosfico ocidental de racionalidade e vai muito alm e inclui a tendncia de adorar a Deus. O dharma a verdadeira caracterstica que

    JAIVA-DHARMA

  • identifica a natureza humana, e as entidades vivas que so desprovidas de dharma so designadas como animais. Esta dito no Hitopadea (25):

    hra-nidr-bhaya-maithuna casmnyam etat paubhir narm

    dharmo hi tem adhiko vieodharmea hn paubhi samn

    Os seres humanos so iguais aos animais na questo de comer, dormir, temer e acasalar. Ainda que, a qua-lidade da religio seja unicamente para os seres hu-manos. Sem religio, eles no so melhores do que os animais.

    O significado deste verso que a propenso natural dos seres humanos de satisfazer os sentidos atravs das atividades de comer, dormir, defender-se e acasalar. Estas propenses so observadas nos seres humanos e em todas as outras espcies; no h uma segunda opinio sobre isto. Os seres humanos, no entanto, podem nica e verdadeira-mente alcanar o status de humanos somente quando a dis-posio religiosa encontrada neles. As palavras dharmo hi tem adhiko viea significam que o dharma a especial qualidade que distingue seres humanos dos animais e outras espcies. Naqueles em que o dharma est completamente ausente no apropriado de serem chamados seres huma-nos. As palavras dharmea hn paubhi samn signi-ficam que aquelas pessoas que so desprovidas de dharma so como animais. Isto porque em nosso pas, seres hu-manos que so desprovidos de dharma so chamados nara-pau (homens animalescos).

    JAIVA-DHARMA

  • Isto especialmente notvel nas pessoas, de hoje em dia, que abandonaram o dharma e permanecem absortas em comer e em vrias formas de desfrute sensual. Esta indul-gncia dos sentidos a tendncia dos animais, ou de outras espcies que no sejam humanas. Atualmente, devido a in-fluncia de Kali-yuga, a humanidade est gradualmente se degradando e regredindo a condio de animalismo. Assim, de acordo com o stra, no presente, poucas pessoas po-dem at mesmo serem classificadas como seres humanos. Se o autor tivesse chamado este livro de Manuya-Dharma, ento pela definio da escritura sagrada de humanidade, a maior parte no deveria estar qualificada para esta prtica. por esta razo que rla Bhaktivinoda hkura, desejan-do o bem-estar de todos, deu a este livro o amplo ttulo de Jaiva-Dharma e, assim preservou completamente as con-venes do stra. O dharma ou a adorao a Bhagavn, encontrada somente em seres humanos, e no nos animais, pssaros e outras espcies. Seres humanos, como a esp-cie mais avanada, so particularmente qualificados para os mais elevados ensinamentos ou dharma. O Jaiva-Dharma especialmente destinado a ser estudado por eles.

    A qualidade nica de r Caitanya Mahprabhu que Ele misericordioso at com as pessoas mais cadas, fazen-do-as aptas para Seus mais elevados ensinamentos. Tal mi-sericrdia no foi outorgada por nenhum outro avatra. Por isso, rla Rpa Gosvm glorificou rman Mahprabhu em muitas eloquentes palavras em seu drama, Vidagdha-mdhava (1.2):

    anarpita-car cirt karuayvatra kalau samarpayitum unnatojjvala-ras sva-bhakti-riyam

    JAIVA-DHARMA

  • sad hdaya-kandare sphuratu va ac-nandana

    Possa este r acnandana Gaurahari que resplan-decente com uma refulgncia mais gloriosa do que a do ouro, que Ele esteja sempre manifesto no mago de nossos coraes. Por Sua misericrdia sem causa, Ele apareceu na era de Kali para outorgar ao mundo a riqueza de Sua prpria bhakti, a suprema e irradiante doura, ujjvala-rasa, os sentimentos mais confiden-ciais do servio a Rdh e Ka em Seu relaciona-mento conjugal. Este raro presente no foi dado por um periodo de tempo extremamente longo. Os seres humanos que recebem este presente podem muito facilmente livrar-se para sempre do aprisionamento de my, e por grande fortuna receber ka-prema.

    O autor deste verso efetivamente capturou de modo preciso a caracterstica inigualvel de rman Mahprabhu.

    No Dcimo Primeiro Captulo do Jaiva-Dharma, o autor estabeleceu atravs do dilogo entre Mullah Shib e os Vaiavas, que todos os seres humanos so aptos para vaiava-dharma. Ele apoiou esta concluso com anlise lgica e com firme evidncia do stra. Os que falam urdu, persa, ingls ou qualquer outro idioma podem tornar-se Vaiavas; isto no est restrito somente queles que falam o idioma snscrito. De fato, observado que muitas pessoas que falam hindi, bengali, oriya, assamese, tamil, telegu e outros idiomas na ndia j alcanaram o status de Vaiavas. Na verdade, qualquer pessoa, independente de sua condio social e formao religiosa so aptas para isto. Um idioma diferente certamente no uma desqualificao.

    Desconsiderando a opinio daqueles que poderiam

    JAIVA-DHARMA

  • ter algum preconceito sobre idiomas, rla Bhaktivinoda hkura difundiu as instrues de rman Mahprabhu em vrios idiomas. Ele escreveu aproximadamente cem livros em snscrito, bengali, oriya, hindi, urdu e ingls. Os nomes de alguns dos mais importantes destes livros so relaciona-dos abaixo com suas datas de publicao:1. Hari-kath: tpicos do Senhor Hari, 18502. umbha-Niumbha-yuddha, 18513. Poriade, 1857-584. Mahas de Orissa,18605. Vijana-grma, 18636. Sannys, 18637. Nosso querer, 18638. Vlide Rejir, 18669. Discurso sobre Gautama, 186610. O Bhgavat: Sua Filosofia, Sua tica e Sua Teologia, 186911. Garbha-stotra-vykhy, 187012. Reflexes, 187113. hkura Haridsa, 187114. O Templo de Jaganntha em Pur, 187115. Os Monastrios de Pur, 187116. A Personalidade de Deus, 187117. Um raio de Luz, 187118. aragrh Vaiava, 187119. Amar a Deus, 187120. Os Atibais de Orissa, 187121. O Sistema de Casamento na Bengala, 187122. Vedntdhikaraa-ml, 187223. Datta-kaustubham, 187424. Datta-vaa-ml, 187625. Bauddha-vijaya-kvyam, 187826. r Ka-sahit,188027. r Sajjana-toa, (revista mensal) 188128. Kalya-kalpataru, 1881

    JAIVA-DHARMA

  • 29. Reviso de Nitya-rpa-sasthpanam, 188330. Viva-Vaiava-Kalpari, 188531. Daopaiad-crik, 188632. Bhvvali (comentrio), 188633. Rasika-Rajana, (comentrio da Bhagavd-Gt), 188634. r Caitanya ikmta, 188635. Prema-pradpa, 188636. Publicao de r Viu-sahasra-nma, 188637. Mana-ik (traduo e comentrio), 188638. r Caitanya Upaniad (comentrio), 188739. r Ka-vijaya (publicado), 188740. Vaiava-siddhnta-ml, 188841. r mnya-stram, 189042. Siddhnta-darpaam (traduo Bengali), 189043. r Navadvpa-dhma-mahtmya, 189044. r Godruma Kalpatari (ensaio sobre nma-haa), 189145. Vidvad-rajana (comentrio sobre a Bhagavd-Gt), 189146. r Harinma, 189247. r Nma, 189248. r Nma-tattva-ikaka, 189249. r Nma-mahim, 189250. r Nma-pracra, 189251. rman Mahprabhura ik, 189252. Tattva-viveka ou r Saccidnandnubhti, 189353. aragati, 189354. Gtval, 189355. Gtml, 189356. oka-tana, 189357. Nma Bhajana, 189358. Tattva-stram, 189459. Vedrka-ddhiti (comentrio sobre a r opaniad), 189460. Tattva-muktval ou Myvda-atada, (traduzido e pu-blicado), 189461. Amta-pravha-bhya (comentrio sobre o Caitanya-caritmta), 1895

    JAIVA-DHARMA

  • 62. r Gaurga-ll-smaraa-magala-stotram, 189663. r Rmnuja Upadea, 189664. Jaiva-Dharma, 189665. r Caitanya Mahprabhu, Sua Vida e Preceitos, 189666. Brahma-sahit (comentrio), 189767. r Goloka-mhtmya (traduo do Bengali do Bhad Bhgavatmta), 189868. r Ka-karmtam, (traduo), 189869. Pya-vari-vtti (comentrio sobre o Upademta), 189870. r Bhajanmtam (traduo e comentrio) 189971. r Navadvpa-bhva-taraga, 189972. Os dolos Hindus, 189973. r Harinma-cintmai, 190074. r Bhgavata Arka-marci-ml,190175. r Sakalpa-kalpadrum (traduo bengali), 190176. r Bhajana-rahasya, 190277. r Prema-vivarta (publicado) , 190678. Svaniyama-dvdaakam, 1907

    Quando algum v esta lista, pode facilmente deduzir que o autor era extensamente erudito em vrios idiomas. Penso que nesta altura necessrio esclarecer uma carac-terstica especial da vida do autor. Embora ele fosse um proeminente erudito no pensamento ocidental, ele era com-pletamente livre das influncias ocidentais. Os educadores ocidentais dizem: Sigam minhas palavras, no a mim. Em outras palavras: Faa o que eu digo, e no o que eu fao. Este princpio refutado na vida de rla Bhaktivinoda porque ele pessoalmente aplicou e demonstrou todas as instrues de seus livros em sua prpria vida. Ento, suas instrues e conduta de bhajana (prticas espirituais) so conhecidas como Bhaktivinoda dhra (a linha de Bhak-tivinoda). No h uma nica instruo em seus livros que

    JAIVA-DHARMA

  • pessoalmente no tenha seguido. Por conseguinte, no h uma disparidade entre seus escritos e sua vida, entre suas aes e suas palavras. Elas so una em todos os aspectos.

    natural que os leitores estejam curiosos para apren-der de uma grande personalidade que possui to extraor-dinrio carter. Leitores modernos, em particular, que buscam saber sobre qualquer assunto, no podem ter f nos escritos de um autor sem familiarizar-se com ele. Por isto, estou submetendo algumas palavras sobre rla Bhakti-vinoda hkura.

    Quando falamos sobre a vida de mah-puruas (gran-des personalidades auto-realizadas que so transcendentais a existncia mortal), seria um erro considerar seu nascimen-to, sua vida e morte similar aos dos meros mortais, porque os mah-puruas esto alm do nascimento e da morte. Eles esto situados na existncia eterna, e suas idas e vin-das neste mundo so mencionadas como aparecimentos e desaparecimentos.

    rla Bhaktivinoda Thakura veio a este mundo num domingo, dia 2 de setembro de 1838, e iluminou o cu do Gauya Vaiavismo. Ele nasceu numa famlia de alta classe num vilarejo chamado Vranagara (tambm conhe-cido como Ulgrma ou Ul), o qual est localizado den-tro do Distrito de Nadiy na Bengala Ocidental, no muito distante de rdhma-Mypura, o local do aparecimento de r Gaurga. Ele desapareceu deste mundo em 23 de junho de 1914, na cidade de Calcut. Naquele momento ele entrou nos passatempos do meio-dia de r r Gndharvik-Giridhr, que so os objetos supremos da adorao para os Gauya Vaiavas.

    Em seu breve tempo de vida de setenta e seis anos, ele instruiu o mundo pessoalmente executando os deveres

    JAIVA-DHARMA

  • dos quatro ramas (estgios de vida espiritual): brahmacrya (vida de estudante celibatrio), ghastha (chefe de famlia religioso), vnapratha (afastamento dos deveres mundanos) e sannysa (renncia formal). Ele pri-meiro entrou na ordem de brahmacrya, e obteve vrias instrues elevadas. Depois disso, ele aceitou a vida de grhastha, e adotou um exemplo ideal de como manter os membros da famlia atravs de meios nobres e honestos. Todos chefes de famlia devem seguir este exemplo.

    Durante sua vida de ghastha, rla Bhaktivinoda viajou por toda a ndia como um oficial do alto escalo do departamento de administrao e da justia do governo britnico na ndia. Por sua minuciosa discriminao e es-perta habilidade administrativa, esta grande personalidade conseguiu regularizar e levar ordem at para aqueles luga-res que eram torpes, como estados sem lei. Em meio aos deveres de famlia, ele surpreendeu todos os seus contem-porneos ao mostrar seu ideal religioso. Embora, sobrecar-regado de responsabilidades, ele escreveu muitos livros em diferentes idiomas. Ns relacionamos as datas das publica-es de seus livros em nossa lista. Se o leitor estudar isto, ele pode deduzir claramente que o poder criativo de Bhak-tivinoda era inacreditvel.

    Aps retirar-se das responsabilidades governamentais, rla Bhaktivinoda adotou o estgio de vanapratha, e inten-sificou sua prtica espiritual. Nesta poca, ele estabeleceu um rama em Surabhi-kuja em Godrumadvpa, num dos no-ves distritos de Navadvpa. rla Bhaktivinoda hkura per-maneceu l e realizou bhajana por um tempo considervel.

    Mais tarde, num local no distante chamado

    JAIVA-DHARMA

  • Svnanda-sukhada-kuja, ele aceitou a vida de um asceta e ali permaneceu. Enquanto residia ali, seguiu o exemplo de r Caitanya Mahprabhu e de seus seguidores, os Seis Gosvms, que tinham descoberto o local de nascimento e outros locais dos passatempos de r Ka.

    Ele estabeleceu o local do aparecimento de r Cai-tanyadeva e muitos outros locais de gaura-ll. Se rla hkura Bhaktivinoda no tivesse aparecido, os locais dos passatempos e instrues de r Gaurga Mahprabhu te-riam desaparecido deste mundo. Todo o mundo Gauya Vaiava, permanecer endividado a elepara sempre. Esta a razo por que lhe foi concedida a mais elevada honra na comunidade Vaiava ao referir-se a ele como o Stimo Gosvm.

    Este mah-purua instruiu o mundo tanto pelo exem-plo ideal de sua vida pessoal bem como por escrever livros em vrios idiomas. Alm disso, h ainda um outro presente nico outorgado por ele e, isto deveria ser uma mostra de ingratido de minha parte se eu negligenciasse mencionar isto. rla Bhaktivinoda hkura trouxe uma grande perso-nalidade para este mundo, que foi o comandante chefe em propagar o dharma revelado por r Caitanya Mahprabhu. Esta grande personalidade meu amado Gurudeva, e ele renomado atravs do mundo como Jagad-guru O Viupda Paramahasa-kula-cmai Aottara-ata r rmad Bhaktisiddhanta Sarasvati Gosvami Thakura. Foi um feito incomparvel e sem precedentes por parte de Bhak-tivinoda Thakura ao trazer este mah-purua ao mundo. A comunidade Vaiava honra rla Bhaktisiddhnta Saras-vat hkura com o pequeno ttulo de Srla Prabhupda, da-

    JAIVA-DHARMA

  • qui em diante, eu irei me referir a este supremamente mah- purua liberado como rla Prabhupda.

    rla Prabhupda apareceu como filho e sucessor de rla Bhaktivinoda hkura. E pelo mundo, ele ergueu a ban-deira reluzente do r Madhva Gauya Vaiava dharma, o qual foi praticado e propagado por rman Mahprabhu, r Caitanyadeva. E assim, ele trouxe um bem-estar tremendo e elevao no campo religioso. Mesmo nos pases ocidentais e do Extremo Oriente como Amrica, Inglaterra, Aleman-ha, Frana, Sucia, Sua e Birmnia no foram privados de sua misericrdia. Ele estabeleceu sessenta e quatro centros de pregao Gauya Mah, na ndia e ao redor do mun-do, e neles ele propagou os ensinamentos de r Caitanya. Ele tambm difundiu todos os livros de rla Bhaktivinoda hkura e deste modo estabeleceu sua fama incomparvel por todo o mundo.

    Pela influncia do tempo e sobretudo a investida da era de Kali, vrios tipos de corrupo e falsas doutrinas tinham se infiltrado no dharma Gauya Vaiava. Como resultado, treze seitas distorcidas (apasampradyas) emer-giram, e elas so nomeadas neste verso:

    ola bola kattbhaj ne darvea ssahajiy sakh-bhek smrtta jti-gos

    atib cdhr gaurga-ngartot kahe e teraha saga nhi kari

    Tot disse que ele no iria se associar com as tre-ze apasampradyas: ola, bola, kattbhaj, ne, darvea, s, sahajiy, sakh-bhek, smrtta, jti-gos, atib, cdhr e gaurga-ngar.

    JAIVA-DHARMA

  • rla Prabhupda restringiu significativamente as ativi-dades danosas destas seitas (apasampradyas) atravs de sua pregao e por publicar os livros de rla Bhaktivinoda hkura. Apesar de tudo isto, devido a influncia de Kali, a alimentao, o lazer e a segurana material, desafortunada-mente tendem a se tornar o interesse principal de qualquer seita religiosa. Na realidade, todas estas coisas so somente outros nomes das propenses do comportamento animal, como j havamos discutido anteriormente.

    O Jaiva-Dharma contm uma completa discusso da natureza do dharma, nosso relacionamento com o dharma, o resultado de seguir o dharma, a importncia do dharma, o fato de que a assim chamada religio que propagada por Kali em geral no dharma de maneira alguma. De fato, algum pode saber o significado de todos os stras de uma forma condensada, simplesmente por estudar este livro compacto, o qual contm uma anlise comparativa de todas as religies do mundo na forma de perguntas e respostas. Em resumo, posso dizer que este pequeno livro engloba a essncia de todos os stras da ndia, como o oceano con-tido num jarro. No nenhum exagero dizer que a menos que as pessoas com tendncia religiosa leiam este livro, elas certamente estaro carentes do conhecimento filosfico re-lativo a verdade espiritual em suas vidas.

    Convido os leitores para consultarem o ndice ge-ral e ver a variedade e a importncia dos tpicos cober-tos. O autor preservou o stra-maryd (conveno das escrituras) ao explanar a verdade com relao as trs di-vises: sambandha, abhidheya e prayojana. Os tpi-cos espirituais devem ser apresentados em ordem apro-

    JAIVA-DHARMA

  • priada, que inicia com sambandha (estabelecer o seu re-lacionamento com r Ka), ento abhidheya (ocupar-se no processo de despertar amor por r Ka), e finalmente prayojana (atingir a meta do amor por r Ka). Alguns autores inexperientes transgridem esta ordem e discorrem primeiro sobre prayojana-tattva, em seguida sobre sam-bandha-tattva e abhidheya-tattva. Isto completamente contrrio s concluses dos Vedas, Upaniads, Puras, Mahbhrata, e especialmente o rmad-Bhgavatam, a mais proeminente de todas as evidncias espirituais.

    Na primeira parte do livro, h uma anlise de nitya-dharma, deveres religiosos eternos relacionados com a verdadeira natureza da alma e naimittika-dharma, deveres religiosos temporrios ou ocasionais relacionados com as obrigaes morais de algum neste mundo. Na segunda parte h uma descrio completa de sambandha, abhidheya e prayojana, a qual firmemente baseada nas evidncias dos stras; e na terceira parte, h uma profunda discusso da natureza de rasa.

    De acordo com a linha de pensamento de rla Prabhupda, no se deve entrar em rasa-vicra (a consi-derao das douras transcendentais e confidenciais de bhakti) at ter alcanado uma qualificao superior. Um sdhaka no qualificado ir impedir seu progresso, mais do que auxili-lo, se ele fizer uma tentativa desautori-zada para entrar em rasa-vicra. rla Prabhupda ex-pressou isto claramente em numerosos artigos, tais como: Bhi Sahajiy (Meu Irmo que Depreciou a Santidade da Vida Espiritual ao Comparar Seus Instintos Materiais com Emoes Espirituais) e Prkta-rasa-ata-da (Cem Objees para as Douras Materiais Pervertidas). Por-

    JAIVA-DHARMA

  • tanto, deve-se ter muita cautela no que diz respeito a este assunto.

    O Jaiva-Dharma original foi escrito em bengali, mas o snscrito foi utilizado no livro extensivamente, por ele conter muitas citaes dos stras. Em muito pouco tempo, no mnimo, doze grandes edies deste livro j foram publi-cadas em bengali, o que demonstra sua popularidade. Esta presente edio em hindi do Jaiva-Dharma, foi publicada de acordo com o sistema utilizado pela mais recente edio em bengali do Jaiva-Dharma, publicada em um novo formato pela Gauya Vednta Samiti. Tridai Svm r rmad Bhaktivednta Nryaa Mahrja, o editor muito compe-tente da revista espiritual mensal r Bhgavata Patrik, realizou notveis esforos para traduzir este livro em hindi, e public-lo na revista em uma srie de artigos durante um perodo de seis anos. Com repetidos pedidos de muitos lei-tores fiis, ele agora publicou estes artigos na forma de um livro para beneficiar a populao religiosa, de fala hindi.

    Em relao a isto, eu me sinto na obrigao de res-saltar, que o idioma materno do nosso altamente distinto tradutor o hindi e, ele aprendeu bengali a fim de estudar este livro. Aps dominar completamente ambos, o idio-ma e os tpicos do texto, ele aceitou as dificuldades e a substancial e laboriosa tarefa de traduzi-lo para o hindi. Estou muito satisfeito de corao que ele tenha preser-vado habilidosamente a filosofia primorosa, a intensa e profunda anlise de rasa e os sublimes humores sutis do livro original. O mundo de fala hindi ir permanecer en-dividado a ele por este trabalho monumental. Em parti-cular, rla Prabhupda e Bhaktivinoda hkura iro de-finitivamente conferir grande misericrdia a ele por seu

    JAIVA-DHARMA

  • servio inestimvel.Acima de tudo, devo dizer que se meu nome foi cita-

    do em relao a publicao deste livro, unicamente pela estima dos sdhakas envolvidos em sua produo. Na rea-lidade, Tridai Svm r rmad Bhaktivednta Nryaa Mahrja, o tradutor e o editor e, quem fez toda a edio do trabalho e deste modo, ele o objeto de minha afeio especial e bnos.

    Tenho absoluta f que por estudar este livro, o pblico fiel bem como os sbios eruditos deste pas iro adquirir conhecimento das verdades fundamentais de sambandha, abhidheya e prayojana, que foi praticada e pregada por r Caitanya Mahprabhu. E ao faz-lo, eles tornar-se-o eleg-veis para entrar no prema-dharma de r r Rdh Ka e r Caitanya Mahprabhu. Concluindo, eu oro para que os leitores nos confiram amplas bnos ao ler este livro muito cuidadosamente.

    r Keavaj Gauya MahaMathur, U.P., 1966

    rla Prabhupda KikaraTridai-bhiku, r Bhakti Prajna Keava

    JAIVA-DHARMA

  • Captulo 1Os Dharmas da Jva: o Eterno e o Temporrio

  • Dentro deste mundo, a ilha de Jambdvpa a mais exaltada. Em Jambdvpa, a terra de Bhrata-vara emi-nente e em Bhrata-vara, o lugar mais elevado Gaua-bhmi. Em Gaua-bhmi, a regio das nove ilhas de r Navadvpa-maala supremamente destacada, e na mar-gem oriental do rio Bhagrath, numa rea de r Navadvpa-maala, est situado um eterno e belo vilarejo chamado r Godruma. Em pocas remotas, muitos praticantes resolutos de bhajana viviam nos diversos recantos de r Godruma. Foi aqui que ri Surabhi, uma vaca de origem divina, ou-trora adorou o Senhor Supremo Bhagavn r Gauracandra em seu prprio kuja, um bosque coberto com fragrantes trepadeiras floridas. A uma pequena distncia deste kuja est Pradyumna-kuja. Aqui, ri Premadsa Paramahasa Bbj, um discpulo ika de Pradyumna Brahmacr, o melhor entre os associados de r Gauracandra,vivia em um kuira (cabana) coberto com plantas trepadeiras e densas folhagens, e passava seu tempo constantemente imerso no xtase divino do bhajana.

  • 40 JAIVA-DHARMA CAPTULO 1

    r Premadsa Bbj era um refinado erudito e com-pletamente versado em todas as concluses dos stras. Ele abrigou-se com toda convico na floresta de r Go-druma, sabendo que em essncia ela no diferente de r Nandagrma. E como rotina diria, Bbj Mahrja can-tava duzentos mil santos nomes e oferecia centenas de re-verncias a todos os Vaiavas. Para manter sua vida ele aceitava esmolas nas casas dos pastores de vacas. E sempre que encontrava um tempo livre, ele passava esse tempo no em conversa intil, mas lendo o livro r-Prema-vivarta de r Jagadnanda, um associado confidencial de r Gaura-sundara.

    Nestas ocasies, os Vaiavas das redondezas reuni-am-se e ouviam com grande devoo enquanto Bbj lia com os olhos cheios de lgrimas. E por que eles no viriam ouv-lo? Este tratado divino, Prema-vivarta, est repleto de todas as concluses de rasa, a essncia fludica e conden-sada das emoes transcendentais integradas. Alm disso, eles eram inundados pelas ondas da doce voz ressonante de Bbj, as quais, como uma chuva de nctar, extinguia de seus coraes o fogo venenoso da sensualidade.

    Certa tarde, ao completar seu canto regular de r-hari-nma, Bbj Mahaya sentou-se para ler o r Pre-ma-vivarta em um sombreado bosque de flores mdhav e jasmim e, mergulhou num oceano de emoes transcenden-tais. Naquele instante, um mendicante da ordem de vida renunciada aproximou-se dele, prostrou-se aos seus ps e ofereceu-lhe reverncias por um longo tempo. A princpio, Bbj Mahaya permaneceu absorto em seu xtase de bem-aventurana transcendental. Porm, logo aps reco-brar a sua conscincia externa, ele viu o mahtm sannys deitado diante dele. Considerando-se mais desprezvel e in-

  • 41Os Dharmas da Jva: o Eterno e o Temporrio

    significante do que uma folha de grama, Bbj caiu diante do sannys e comeou a chorar, exclamando: Caitanya! Nityananda! Por favor, seja misericordioso com este ca-do e miservel. Sannys Thkura, ento disse: Prabhu, sou extremamente vil e desprovido. Por que voc zomba de mim desta maneira?

    O sannys adiantou-se e tocou os ps de Bbj Mahaya, colocando a poeira sobre sua cabea sentou-se diante dele. Bbj Mahaya ofereceu-lhe um assento de caule de bananeira, e tambm sentou ao lado dele e falou com a voz embargada de amor. Prabhu, que servio pode esta pessoa insignificante lhe oferecer?

    O sannys deixou de lado seu kamandalu (pote de mendicncia), e com as mos postas comeou a falar: mestre, sou muito desafortunado. Eu passei meu tem-po em Ki e outros lugares sagrados, debatendo as con-cluses analticas dos textos religiosos, tais como: skhya, ptajala, nyya, vaieika, prva-mms e uttara-mms e estudando exaustivamente as Upaniads e os demais Vednta-stras. Cerca de doze anos atrs, aceitei a ordem de vida renunciada de r Saccidnanda Sarasvat. E com o basto da ordem de vida renunciada, viajei por todos os lugares sagrados da ndia e onde quer que chega-va, eu permanecia na associao de sannyss seguidores da doutrina de r akara. No devido curso do tempo, ul-trapassei os trs primeiros estgios da ordem renunciada kuicaka, bahdaka e hasa e alcancei o elevado estgio de paramahasa, no qual permaneci por algum tempo. Em Vras, adotei o voto de silncio e fui fiel s declaraes que r akarcrya afirmou serem mah-vkya (princi-pais axiomas) dos Vedas, aha bhahmsmi, prajna brahma e tat tvam asi. Contudo, a felicidade e a satisfao

  • 42 JAIVA-DHARMA CAPTULO 1

    espiritual que eu encontrar no aconteceram.Um dia, vi um sdhu Vaiava cantando os passa-

    tempos de r Hari em voz alta. Abri meus olhos e vi que ele havia se banhado numa corrente de lgrimas e, em seu transe exttico todos os pelos de seu corpo ficaram arrepia-dos. Ele estava cantando os nomes de r Ka Caitanya, Prabhu Nitynanda!com a voz embargada, seus ps desli-zavam de tal maneira que ele caa no cho enquanto dan-ava repetidas vezes. Quando o avistei e ouvi sua cano, meu corao ficou tomado com um xtase indescritvel. Embora, aquela experincia mstica fosse to irresistvel, no lhe dirigi nenhuma palavra s para proteger meu status de paramahasa. Ai de mim! Que vergonha essa minha classe e posio social! Que destino maldito! No sei por que, mas, desde aquele dia, meu corao sente-se atrado pelos ps de ltus de r Ka Caitanya.

    Pouco tempo depois, tive um desejo ardente de en-contrar aquele sdhu Vaiava novamente. Porm, no pude encontr-lo em nenhuma parte. Eu nunca tinha antes ex-perimentado algo como a bem-aventurana imaculada que senti ao v-lo e ao ouvir o santo nome que emanava de sua boca. Depois de refletir bastante, conclu que abrigar-me aos ps de ltus dos Vaiavas, seria o benefcio mximo para mim.

    Deixei Ki e fui para a bela terra sagrada de r Vndvana-dhma. L vi muitos Vaiavas recitando os no-mes de r Rpa, Santana e Jva Gosvmi num humor de grande lamentao. Em xtase, eles meditavam nos passa-tempos de r Rdh-Ka, e rolavam pelo cho, cantando o nome de r Navadvpa. Quando vi e ouvi isto, uma avi-dez para ver o belo dhma sagrado de Navadvpa despertou dentro mim. Circungirei pelas cento e sessenta e oito milhas

  • 43Os Dharmas da Jva: o Eterno e o Temporrio

    quadradas de r Vraja-dhma e estou a poucos dias em r Mypura. Aqui ouvi sobre suas glrias e, ento vim hoje aceitar o abrigo de seus ps de ltus. Por favor, satisfaa a aspirao de minha vida e faa deste servo um objeto de sua misericrdia.Paramahasa Bbj Mahaya colocou uma folha de grama entre seus dentes e chorando ele disse: Sannys hkura, sou absolutamente insignificante. Tenho passado minha vida inutilmente enchendo meu estmago, dormindo e ocupado em conversas fteis. verdade que me estabeleci aqui neste lugar sagrado, onde r Ka Caitanya realizou Seus passatempos. Porm, sinto-me incapaz de saborear esta coisa conhecida como ka-prema, enquanto isso os dias passam voando. Voc to afortunado, que pelo sim-ples fato de ter visto um Vaiava por um instante, voc sa-boreou este amor divino e, recebeu a misericrdia de Ka Caitanyadeva. Ficarei muito grato se por um momento voc gentilmente lembrar deste miservel cado, quando estiver saboreando esse prema. Ento, minha vida ser bem-suce-dida.Dizendo isto, Bbj abraou o sannys e banhou-o com suas lgrimas. Assim que Sannys Mahrja tocou o cor-po do Vaiava, experimentou uma bem-aventurana sem limites em seu corao. Enquanto ele chorava, comeou a danar, e ento ps-se a cantar:

    (jaya) r ka-caitanya r prabhu nitynanda(jaya) premadsa guru jaya bhajannanda

    Todas as glrias a r Ka Caitanya e Prabhu Nitynanda. Todas as glrias ao meu divino mestre Premadsa e a bem-aventurana do bhajana.Premadsa Bbj e Sannys Mhraja danaram e

  • 44 JAIVA-DHARMA CAPTULO 1

    executaram krtana por um longo tempo. Quando eles para-ram, falaram juntos sobre muitos assuntos. Finalmente, Premadsa Bbj disse muito humildemente: Mahtm, bondosamente permanea aqui por alguns dias em Pra-dyumna-kuja, para me purificar.

    O sannysi disse: Ofereo meu corpo aos seus ps de ltus. Por que voc fala apenas em alguns dias? Minha prece que eu possa servi-lo at eu abandonar este corpo.

    Sannysi hkura era um erudito em todos os stras. Ele sabia muito bem que se algum permanece na residn-cia do guru, naturalmente receber as instrues dele, ento ele aceitou aquele bosque como sua residncia com grande deleite.

    Aps alguns dias, Paramahasa Bbj disse ao ele-vado sannys: Mahtm, r Pradyumna Brahmacr misericordiosamente deu-me abrigo aos seus ps de ltus. Atualmente ele mora no vilarejo de r Devapall nos arre-dores de r Navadvpa-maala onde ele est absorto na adorao a r Nsihadeva. Hoje, aps coletar doaes, iremos l ter o darana de seus ps de ltus.

    Sannys hkura respondeu: Eu vou seguir todas as instrues que voc me der.

    Depois das duas horas, eles cruzaram o Rio Alaknand e chegaram em r Devapall. Eles tambm cruzaram o Rio Sryal e tiveram darana dos ps de ltus do associado de r Caitanya Mahprabhu, r Pradyumna Brahmacr que estava no templo de r Nsihadeva. De longe, Paramahasa Bbj caiu no cho e ofereceu prostradas reverncias a seu guru. Ento, Pradyumna Brahmacr saiu do templo com o corao derretido pela afeio por seu discpulo. Erguendo Paramahasa Bbj com ambas as mos e abraando-o muito amorosamente, ele indagou

  • 45Os Dharmas da Jva: o Eterno e o Temporrio

    sobre seu bem-estar. Depois de conversarem sobre bha-jana por algum tempo, Paramahasa Bbj apresentou Sannysi hkura a seu guru.

    Brahmacr hkura disse com todo o respeito: Meu querido irmo, voc tem um guru que o mais qualifica-do. Voc deve estudar o livro Prema-vivarta sob a guia de Premadsa.

    kib, vipra, kib nys, udra kene nayajei ka-tattva-vett, seiguru haya

    (Caitanya-caritmta Madhya 8.128)

    Seja um brhmaa, um sannys ou um udra, se ele completamente versado em todas as verdades a respeito do conhecimento transcendental de r Ka, ele pode tornar-se um guru.

    Sannysi hkura humildemente ofereceu revern-cias aos ps de ltus de seu parama-guru e disse: Prabhu, o senhor um associado de Sri Caitanyadeva e somente por seu olhar misericordioso, voc pode purificar centenas de sannyss arrogantes como eu. Por favor, conceda-me sua misericrdia.

    Sannys hkura no tinha experincia prvia do comportamento mtuo entre os Vaiavas. Contudo, ele aceitou o procedimento que observou entre seu guru e pa-rama-guru como o sad-cra (etiqueta apropriada) que ele prprio deveria seguir. Daquele dia em diante, ele compor-tou-se de acordo com a direo de seu prprio guru sem nenhum trao de duplicidade. Quando o rti da noite ha-via acabado, o guru e o iya (discpulo) voltaram para r Godruma.

  • 46 JAIVA-DHARMA CAPTULO 1

    Aps poucos dias de residncia no kuja, Sannys hkura ficou desejoso de fazer perguntas sobre as ver-dades espirituais a Paramahasa Bbj. Agora, o sannys j tinha adotado a conduta de um Vaiava, menos suas vestes externas. Durante seu treinamento prvio, Sannys hkura desenvolveu qualidades, tais como completo con-trole de sua mente, sentidos e tornou-se firmemente estabe-lecido na concepo impessoal do Absoluto todo-penetrante (brahma-nih). Alm disso, ele agora tinha adquirido uma f inabalvel nos passatempos transcendentais de Parabrah-ma r Ka e tambm uma profunda humildade.

    Certa manh, ao romper da aurora, aps fazer suas a-blues, Paramahasa Bbj sentou-se no bosque mdhav, para cantar hari-nma em sua tulas mla. Naquele mo-mento, o nianta-ll (passatempos antes do amanhecer) de r r Rdh e Ka Yugala gradualmente manifestaram-se dentro de seu corao. Como aquele era o momento em que r r Rdh e Ka separavam um da companhia do outro, deixando o kuja para retornar para Seus respecti-vos lares, Paramahasa Bbj sentiu uma grande angstia de separao e, lgrimas de amor verteram continuamente de seus olhos. Absorto em meditao neste passatempo em sua forma espiritual perfeita, ele estava internamente ocu-pado no servio apropriado quele perodo do dia. Assim, ele perdeu toda conscincia do seu corpo fsico. Sannys hkura ficou cativado pelo estado do Bbj e sentou-se perto dele, observando seus sttvika-bhvas (sintomas de xtase transcendental).

    De repente, Paramahasa Bbj disse-lhe: sakh, silencie Kakkha (a macaquinha de Srmat Rdhik) ime-diatamente. Caso contrrio, ela ir despertar Rdh-Govin-da do sono de prazer divino e Lalita-sakhi no vai gostar e

  • 47Os Dharmas da Jva: o Eterno e o Temporrio

    ir repreender-me . Olhe ali! Anaga Majar est indican-do para voc fazer isto. Voc Ramaa Majar e este o seu servio designado. Esteja atenta sobre isto.

    Aps dizer estas palavras, Paramahasa Bbj caiu inconsciente. A partir deste momento, Sannys Mahrja, ao familiarizar-se com sua identidade espiritual e servio, passou a ocupar-se adequadamente.

    Assim, o dia amanheceu e a luz da manh espalhava seu brilho ao leste. Os pssaros comearam a gorjear melo-diosamente em todas as direes e uma brisa suave soprava. A extraordinria beleza do bosque madhv de Pradyumna-kuja, iluminado pelos raios carmesins do sol nascente, era indescritvel.

    Paramahasa Bbj estava sentado num assento de caule de bananeira e, gradualmente ao recobrar sua cons-cincia externa, comeou a cantar r-nma em suas contas. Sannys hkura, ento ofereceu reverncias prostradas aos ps de Bbj e sentou-se prximo dele com suas mos postas e falou com grande humildade: Prabhu, mestre! Esta alma necessitada deseja submeter-lhe uma pergunta. Por favor, responda-a e pacifique meu corao angustiado. E se for do seu agrado, faa com que meu corao, o qual est ressecado pelo fogo do brahma-jna (conhecimento visando o Absoluto impessoal desprovido de forma, quali-dade e atividades) seja inundado por vraja-rasa.

    Bbj respondeu: Voc um candidato qualificado. Qualquer pergunta que voc fizer, responderei de acordo com a minha habilidade.

    Sannys hkura, disse: Prabhu! Por um longo tempo eu tenho ouvido sobre a superioridade de dharma. Em vrias ocasies eu perguntei para muitas pessoas O que dharma? E as respostas que estas pessoas deram

  • 48 JAIVA-DHARMA CAPTULO 1

    eram contraditrias entre si. E isto causa-me muito sofri-mento. Ento, por favor, diga-me: Qual o dharma ver-dadeiro e original das jvas? E, porque diferentes mestres explicam a natureza do dharma de tantas formas diversas? Se o dharma nico, porque todos os mestres eruditos no ensinaram a cultivar esse dharma universal, o qual exclu-sivo?

    Paramahasa Bbj meditou nos ps de ltus de Bhagavn r Ka Caitanya e comeou a falar: mais afortunado, descreverei para voc os princpios do dhar-ma tanto quanto meu conhecimento permitir. Um objeto chamado vastu e sua natureza eterna conhecida como seu nitya-dharma. A natureza surge da estrutura elementar de um objeto (ghaana). Pelo desejo de Ka, quando um ob-jeto formado, sua estrutura inerente possui uma natureza particular como um fator concomitante e eterno. Esta natu-reza o nitya-dharma do objeto.

    A natureza de um determinado objeto torna-se altera-da ou distorcida quando uma mudana ocorre nele, seja por fora das circunstncias, ou devido ao contato com outros objetos. Com o passar do tempo, esta natureza distorcida torna-se predominante, e parece ser permanente, como se ela fosse a natureza eterna deste objeto. Esta natureza distor-cida no o svabhva (natureza verdadeira); ela chamada nisarga, a qual adquirida atravs de longo tempo de asso-ciao. Este nisarga ocupa o lugar da natureza verdadeira, e passa a se identificar como se fosse o svabhva.

    Por exemplo, a gua um objeto e seu svabhva a liquidez. Quando, devido a certas circunstncias, a gua se transforma em gelo e solidifica. Essa natureza adquirida de solidez ocupa o lugar de sua natureza inerente. Na rea-lidade, esta natureza adquirida no eterna, ao contrrio,

  • 49Os Dharmas da Jva: o Eterno e o Temporrio

    ocasional ou temporria. Surge em decorrncia de alguma causa quando o efeito desta causa termina, esta nature-za adquirida desaparece automaticamente. Entretanto, o svabhva eterno. Mesmo ao tornar-se distorcido, ele ainda assim permanece inseparavelmente conectado ao seu obje-to. Esta natureza original certamente ir tornar-se evidente outra vez quando o tempo e as circunstncias apropriados surgirem.

    O svabhva de um objeto o seu nitya-dharma (fun-o eterna), ao passo que sua natureza adquirida o seu naimittika-dharma (funo temporria). Aqueles que tm conhecimento verdadeiro dos objetos (vastu-jna) podem saber a diferena entre a funo eterna e a temporria, ao passo que quem carece deste conhecimento considera a na-tureza adquirida como sendo a natureza verdadeira e, em consequncia disso eles confundem o dharma temporrio com o dharma eterno.

    O que chamado vastu (objeto) e qual o significa-do de svabhva (natureza inerente)? perguntou Sannys hkura.

    Paramahasa Bbj disse: A palavra vastu deriva da raiz verbal snscrita vas, que quer dizer existir ou re-sidir. Esta raiz verbal torna-se um substantivo quando o sufixo tu acrescentado. Logo, vastu significa aquilo que tem existncia ou que auto-evidente. H dois tipos de vastu: vstava e avstava. A expresso substncia ver-dadeira permanente (vstava-vastu) refere-se quilo que est estabelecido na transcendncia. Os objetos temporrios (avstava-vastu) so objetos slidos (dravya), qualidades (gua) e assim por diante. Objetos reais tm existncia eter-na. Objetos irreais tm apenas uma existncia aparente, a qual vista algumas vezes como real e, outras vezes como

  • 50 JAIVA-DHARMA CAPTULO 1

    irreal.

    dito no rimad-Bhgavatam (1.1.2):vedya vstavam atra vastu ivadam

    Somente uma substncia verdadeira permanente, a qual est relacionada com a Suprema Verdade Abso-luta, e que traz a auspiciosidade suprema, digna de ser conhecida.

    Est claramente afirmado nesta declarao que a nica substncia verdadeira aquela que tem relao com a Transcendncia Suprema. r Bhagvan a nica Entidade real (vstava-vastu). A entidade viva (jva) uma parte distinta ou individual desta Entidade, ao passo que my a potncia geradora de iluso a energia daquela Entidade. Portanto, a palavra vastu refere-se a trs princpios funda-mentais: Bhagavn, jva e my. O conhecimento do inter-relacionamento entre estes trs princpios afirmado ser o conhecimento puro (uddha-jna). Existem inumerveis representaes aparentes destes trs princpios, todas elas so consideradas avstava-vastu (substncias irreais). A classificao deste fenmeno em diversas categorias, tais como dravya (objetos) e gua (qualidades), adotada pela escola Vaieika de filosofia, uma simples deliberao so-bre a natureza de avstava-vastu (objetos temporrios).

    A caracterstica especial (viea-gua) de qualquer substncia verdadeira permanente a sua natureza real. A jva uma entidade real e sua qualidade caracterstica eter-na sua natureza verdadeira.

    Sannys Mahrja, disse: Prabhu, quero entender claramente este tpico.

  • 51Os Dharmas da Jva: o Eterno e o Temporrio

    Bbj Mahsya, respondeu: rla Kadsa Kavirja Gosvm, que foi o recipiente da misericrdia de r Nitynanda Prabhu, mostrou-me um manuscrito que escreveu com suas prprias mos. rman Mahprabhu instruiu-nos sobre este assunto no livro chamado r Caita-nya-caritmta ( Madhya 20.108), como segue:

    jivera svarupa haya- kera nitya-dsakera tatasth-akti, bhedbheda-praka

    A natureza constitucional da jva ser uma serva eterna de Ka. Ela a potncia marginal de Ka, e uma manifestao simultaneamente igual e dife-rente dEle.

    ka bhli se jva andi-bahirmukhaataeva my tre deya sasra-dukha

    Caitanya-caritta, Madhya (20.117)

    Esquecendo-se de Ka, a jva, se preocupa com a potncia externa desde tempos imemoriais. Con-sequentemente, a energia ilusria (my) causa-lhe todas as espcies de misrias na forma da existncia material.Ka a substncia transcendental completa (cid-

    vastu). Ele frequentemente comparado ao sol do reino espiritual e as jivas so comparadas s partculas atmi-cas da luz do sol. As jvas so inumerveis. Quando dito que elas so partes individuais de Ka, isto no signifi-ca que elas so como pedaos de pedra que formam uma montanha. Embora inumerveis pores de jvas ema-nem de r Ka, Ele no diminudo nem um pouco por isto. Por esta razo, os Vedas comparam as jvas sob

  • 52 JAIVA-DHARMA CAPTULO 1

    um aspecto a centelhas que emanam de um fogo. Na rea-lidade nenhuma comparao adequada pode ser feita. Ne-nhuma comparao quer como fascas emanando de um fogo ardente, partculas atmicas dos raios do sol, ou ouro produzido por poderosas jias msticas completamente apropriada. A verdadeira natureza da jva facilmente re-velada no corao, mas s quando a concepo mundana destas comparaes so abandonadas.

    Ka substncia espiritual infinita (bhat-cid-vastu), enquanto que as jvas so substncias espirituais infinitesimais (au-cid-vastu). A igualdade de Ka e as jvas situa-se na natureza espiritual de ambos cit-dharma, porm eles so sem sombra de dvida tambm diferentes, em virtude de suas naturezas completas e incompletas re-spectivamente.

    Ka o Senhor eterno das jvas e, as jivas so ser-vas eternas de Ka. Este inter-relacionamento natural. Ka aquele que atrai e as jvas so atradas. Ka o controlador supremo e as jvas so controladas. Ka o observador e as jvas, as observadas. Ka o todo com-pleto e as jvas, pobres e insignificantes.

    Ka o possuidor de todas as potncias e as jvas so desprovidas de potncia. Portanto, o svabhva ou dhar-ma eterno da jva ka-dsya, servio eterno e obedin-cia a Ka.

    Ka dotado de potncias ilimitadas. Sua potn-cia completa (pr-akti) percebida na manifestao do mundo espiritual (cit-jagat). De modo semelhante, Sua taasth-akti, ou potncia marginal, observada na ma-nifestao das jvas. A potncia especial conhecida como taasth-akti age para construir o mundo finito (apra-jagat).

  • 53Os Dharmas da Jva: o Eterno e o Temporrio

    A ao da potncia marginal criar a entidade (vastu) que existe entre os objetos animados (cid-vastu) e os objetos inanimados (acid-vastu), a qual pode manter um relaciona-mento tanto com o mundo espiritual quanto com o mundo material. As entidades puramente transcendentais so por natureza o oposto dos objetos inanimados e, por isso no tm nenhuma conexo com eles. Embora seja uma partcu-la espiritual animada, a jva capaz de se relacionar com a matria inanimada por causa da influncia de ai-akti, uma potncia divina conhecida como taasth-akti.

    A regio limtrofe entre a terra e a gua de um rio conhecida como taa, ou margem. Esta taa pode ser consi-derada como sendo ambas terra e gua; em outras palavras, ela situa-se em ambas. A divina ai-akti, que est situada na fronteira, preserva as propriedades tanto da terra quanto da gua, como se fosse a mesma entidade existencial. A na-tureza da jva espiritual, mas ainda assim sua composio tal que ela pode ser controlada por jaa-dharma, a na-tureza inerte. Portanto, a baddha-jva (alma condicionada) no est completamente alm do vnculo com a matria, ao contrrio das jvas no domnio espiritual. No obstante, por causa de sua natureza espiritual animada, ela distinta da matria inerte. Uma vez que a jva por natureza diferente, tanto das entidades puramente espirituais quanto da mat-ria inerte, ela classificada como um princpio separado. Logo, deve-se aceitar a distino eterna entre Bhagavn e a jva.

    Bhagavn o regente supremo de my (Sua potn-cia externa que cria iluso), a qual est sob o pleno controle dEle. Por outro lado, pode ser que, em determinadas cir-cunstncias, a jva seja controlada por my, pois est su-jeita sua influncia. Por conseguinte, estes trs princpios

  • 54 JAIVA-DHARMA CAPTULO 1

    Bhagavn, jva e my so reais (paramrthika satya) e eternos. Destes trs, Bhagavn o princpio eterno supre-mo, sendo a base dos outros dois. A seguinte afirmao da r Kaha Upaniad (2.2.13) confirma isto:

    nityo nityn cetana cetannm

    Ele o eterno supremo entre todos os eternos (e o ser senciente fundamental entre todos os seres sen-cientes).

    A jva , por natureza, tanto serva eterna de Ka quanto a representao de Sua potncia marginal. Isto de-monstra que a jva distinta de Bhagavn; porm, ao mesmo tempo, ela no separada dEle. Logo, ela uma manifesta-o que tanto diferente como no-diferente (bhedbheda-praka). A jva est sujeita ao domnio de my, enquanto que Bhagavn o controlador de my. Aqui, demonstra claramente a diferena eterna entre a jva e Bhagavn. Por outro lado, a jva assim como Bhagavn, uma entidade transcendental (cid-vastu) por sua natureza constitucional. Alm disso, a jva uma potncia especial de Bhagavn. Aqui, demonstra a eterna no-diferena entre os dois. Onde diferena e no-diferena eternas encontram-se ao mesmo tempo, a diferena eterna prevalece.

    O nitya-dharma da jva servido a Ka. Quando ela se esquece disto, fica sujeita tirania de my e, a partir deste exato momento, ela desvia de Ka. A queda da jva no ocorre dentro do contexto do tempo material. Segundo este fato, usam-se as palavras andi-bahirmukha as quais significam que a jva foi desviada desde tempos imemori-ais. A partir do momento do desvio da jva e seu ingresso

  • 55Os Dharmas da Jva: o Eterno e o Temporrio

    em my, seu nitya-dharma fica pervertido. Portanto, pelo contato com my, a jva desenvolve nisarga, uma nature-za adquirida, que assim facilita-lhe a mostrar suas funes e disposies temporrias conhecidas como naimittika-dharma. O nitya-dharma (funo eterna) nico, in-divisvel e perfeito em quaisquer situaes; porm o naimittika-dharma (funo temporria) assume vrias for-mas diferentes de acordo com as diversas circunstncias, e quando descrito por pessoas de opinies divergentes.

    Dizendo assim, Paramahasa Bbj parou e come-ou a cantar r-hari-nma-japa. Aps ouvir esta explica-o das verdades espirituais, Sannys hkura ofereceu prostradas reverncias e disse: Prabhu, hoje refletirei so-bre todos estes assuntos. Amanh apresentarei a seus ps de ltus qualquer pergunta que possa aparecer.

    Assim termina o Primeiro Captulo do Jaiva-Dharma, intitulado

    Os Dharmas da Jva: o Eterno e o Temporrio

  • 56 JAIVA-DHARMA CAPTULO 1

  • Captulo 2O Nitya-Dharma da Jva Puro e Eterno

  • Na manh seguinte, Sannys Mahaya no teve oportunidade para indagar de Premadsa Bbj, o qual estava internamente dedicado a vraja-bhva (douras do servio no humor dos residentes de Vraja). Ao meio-dia, aps aceitar esmolas nas casas dos moradores do vilare-jo, eles sentaram-se juntos no abrigo conhecido como r mdhav-mlat maapa. Paramahasa Bbj Mahaya passou ento a falar compassivamente: melhor dos bhaktas, a que concluses voc chegou depois da conversa de ontem sobre dharma?

    Sentindo bem-aventurana suprema (paramnanda), Sannys hkura perguntou: Prabhu, se a jva infinitesi-mal, como pode seu dharma eterno ser pleno e puro? E se a funo natural da jva forma-se no momento em que ela constituda, como pode esta funo ser eterna?

    Ao ouvir estas duas perguntas, Paramahasa Bbj meditou nos ps de ltus de r acnandana e sorrindo, disse: Respeitvel senhor, embora a jva seja infinitesi-mal, seu dharma pleno e nitya (eterno). Sua dimenso diminuta apenas um aspecto pelo qual ela identificada.

  • 60 JAIVA-DHARMA CAPTULO 2

    Parabrahma r Kacandra a nica substncia in-finita (bhad-vastu) e as jvas, so Suas inumerveis part-culas atmicas. Como centelhas que emanam de um fogo indiviso, as jvas emanam de Ka, que a personificao da conscincia imutvel. Assim como cada centelha dota-da da potncia do fogo completo, da mesma forma, cada uma das jvas capaz de apresentar a plena funo da cons-cincia. Se uma nica centelha tiver combustvel suficiente, ela poder acender um fogo abrasante que ir incinerar o mundo inteiro. Similarmente, mesmo uma nica jva poder ocasionar uma grandiosa inundao de amor ao alcanar r Kacandra, que o verdadeiro objeto do amor. Enquan-to no for bem-sucedida em contatar o verdadeiro objeto de sua funo espiritual (dharma-viaya), a jva consciente e infinitesimal no ser capaz de manifestar o desenvolvi-mento natural desta funo. Na realidade, somente quando a jva estiver conectada com o seu real objeto que a iden-tidade do seu dharma torna-se evidente.

    Qual o nitya-dharma, ou funo constitucional eterna da jva? Voc deve examinar esta pergunta com muito cuidado. O amor transcendental por Ka (prema) o ni-tya-dharma da jva. Como a jva constituda de conscin-cia, ela uma substncia transcendental matria mundana. Sua funo eterna o amor divino, e a natureza deste prema puro o servio a Ka. Portanto, a funo constitucional da jva o servio a Ka, o qual a natureza de prema.

    As jvas existem sob duas condies: uddha-avasth, o estado puro e liberado, e baddha-avasth, o estado condicionado. No estado liberado, a jva inteira-mente espiritual (cinmaya), no tendo vnculo algum com a matria mundana. Contudo, mesmo no estado liberado, a jva uma entidade infinitesimal.

  • 61O Nitya-Dharma da Jva Puro e Eterno

    A jva pode submeter-se a uma mudana de condio porque tem a qualidade de ser diminuta. Ka, porm, ja-mais Se submete a uma mudana de condio, pois, por Sua prpria natureza, Ele a entidade de cognio infinita. Por Sua constituio essencial como vastu (uma entidade existente de fato), Ele supremo, inteiramente puro e eter-no, ao passo que a jva, por sua constituio essencial como vastu, diminuta, um fragmento, passvel de contaminao e sujeita a repetidas mudanas. No obstante, em virtude de seu dharma, ou funo espiritual inata, a jva grandiosa, indivisa, pura e eterna. Enquanto for pura, seu dharma ma-nifestar seu carter imaculado. No entanto, quando ela contaminada pelo envolvimento com my, sua verdadeira natureza perverte-se e ela torna-se impura, desprotegida e oprimida pela felicidade e aflio mundanas. A trajetria da jva pela existncia material comea assim que ela esquece de sua atitude de servio a Ka.

    Enquanto a jva permanece pura, ela mantm sua identidade e auto-concepo de acordo com sua funo espiritual pura (sva-dharma). Seu egosmo inato e origi-nal, possui suas razes na concepo de que ela serva de Ka. Porm, assim que ela se contamina pelo contato com mya, esse egosmo puro retrado e assume muitas formas diferentes. Ento, os corpos grosseiro e sutil encobrem sua identidade constitucional pura e, em consequncia disso, surge um egosmo diferente no corpo sutil (liga-arra). Quando este se combina com a identificao da alma com o corpo grosseiro (sthla-arra), uma terceira forma de egosmo assumida. Em sua forma espiritual pura, a jva exclusivamente uma serva de Ka. Quando a jva se identifica com o corpo sutil, seu egosmo puro e original de ser uma serva de Ka, fica encoberto e ela pensa que

  • 62 JAIVA-DHARMA CAPTULO 2

    pode gozar dos frutos de suas aes. A ento, ela obtm um corpo grosseiro e pensa: Sou brhmaa; sou rei; sou pobre; sou miservel; estou acometido pela doena e pela lamentao; sou mulher; sou mestre desta pessoa e daquela pessoa. Deste modo, ela se identifica com muitos tipos di-ferentes de concepes corpreas grosseiras.

    Quando a jva entra em contato com estes diferentes tipos de egosmo falso, sua funo constitucional torna-se pervertida. A funo constitucional intrnseca (sva-dhar-ma) da jva o prema imaculado. Este prema se manifesta de maneira pervertida no corpo sutil sob a forma de felici-dade e aflio, apego e averso e assim por diante. Obser-va-se esta perverso de forma mais concentrada no corpo grosseiro como os prazeres de comer, beber e manter con-tato com os objetos dos sentidos. Voc deve entender clara-mente que a funo eterna da jva, conhecida como nitya-dharma, s se manifesta em seu estado puro. O dharma que surge no estado condicionado conhecido como naimittika (circunstancial). O nitya-dharma por natureza, comple-to, puro e eterno. Outro dia eu irei lhe explicar naimittika-dharma detalhadamente.

    O vaiava-dharma puro como descrito no rmad-Bhgavatam, a religio eterna (nitya-dharma). Os vrios tipos de dharma que so propagados no mundo podem ser divididos em trs categorias: nitya-dharma, naimittika-dharma (dharma circunstancial) e anitya-dharma (religio impermanente). Anitya-dharma a religio que no fala so-bre a existncia de vara e no aceita a eternidade da alma. Naimittika-dharma reconhece a existncia de vara e a eternidade da alma, mas s se esfora no sentido de obter a misericrdia de vara por meio de mtodos provisrios. Nitya-dharma empenha-se para obter o servio a Bhagavn

  • 63O Nitya-Dharma da Jva Puro e Eterno

    por meio do prema puro.Nitya-dharma pode ser conhecido por diversos no-

    mes conforme as diferenas de pas, raa e idioma. No entanto, ele um s e supremamente benfico. O exemplo ideal de nitya-dharma o vaiava-dharma, o qual pre-valecente na ndia. O estado prstino de vaiava-dharma o dharma, o qual Bhagavn acnandana, o Senhor de nosso corao, ensinou ao mundo. por este motivo que grandes personalidades buscaram e aceitaram o auxlio desses ensinamentos e, assim absorveram-se no xtase do amor divino.

    Nessa altura, Sannys hkura, com as mos postas, disse: Prabhu, vivo testemunhando a superexcelncia do vaiava-dharma puro que r acnandana revelou, e pude perceber com clareza a natureza desprezvel da doutrina mo-nista de akarcrya. Ainda assim, ocorreu-me algo que sinto ser importante lhe revelar, no quero esconder isso do senhor. Segundo entendo, mahbhva, o qual r Caitanya manifestou, o estado mximo de prema concentrado. Por acaso isto diferente de atingir a perfeio da unidade com o absoluto (advaita-siddhi)?

    Ao ouvir o nome de r akarcrya, Paramahasa Bbj prostrou-se em reverncias ao crya e di