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DESCRIO DE TCNICA

Revista Ibero-americana de Prtese Clnica & Laboratorial 2004; 6(34):559-64

Simplificao da Tcnica de Moldagem Funcionalpara Prtese Total com a Utilizao de uma Resina

Autopolimerizvel de Baixa TemperaturaSimpli fication of the Functi onal M old ing Technique for Complete Denture Prosthesesw ith the Util ization of a Low Temperature Self Curing Resine

Nerildo Luiz Ulbrich*Ana Paula Gebert de Oliveira Franco**

Ulbrich NL, Franco APG de O. Simplificao da tcnica de moldagem funcional para prtese total com a utilizao de uma resinaautopolimerizvel de baixa temperatura. PCL 2004; 6(34):559-64.

A obteno do molde funcional para prtese total sempre foi uma das etapas de maior dificuldade para oCirurgio-dentista, que necessita, nesta fase, obter uma perfeita reproduo de todos os aspectos dinmicos,

os quais circunscrevem a rea basal, obtendo, desta forma, a reteno do aparelho.As tcnicas tradicionais de moldagem funcional envolvem, muitas vezes, materiais de difcil manipu-lao e, conseqentemente, adaptao por parte do profissional.

No intuito de simplificar este procedimento, os autores descrevem uma tcnica, ao utilizarem ummaterial recentemente lanado no mercado, que pode facilitar aquele aspecto.

PALAVRAS-CHAVE:Moldagem; Materiais dentrios; Prtese total.

* Professor de Prtese Total UFPR; Mestre em Prtese Dentria UCCB SP; Especialista em Prtese Dentria ABO-PR;Doutorando em Processos Biotecnolgicos UFPR; Rua Lotrio Mesnner, 400 CEP 80210-170, Curitiba, PR, e-mail: nerildo@ufpr.br

** Professora Voluntria do Curso de Aperfeioamento de Prtese Fixa da ABO So Jos dos Pinhais PR; Estagiria da Disciplinade Prtese Total UFPR; Aluna do Curso de Doutorado em Processos Biotecnolgicos UFPR

INTRODUOSegundo Tamaki (1988), moldagem em

prtese total um conjunto de atos clnicosque visam obter a impresso da rea basal,por meio de materiais prprios e moldeirasadequadas. Na Odontologia, de acordo comTamaki, a primeira moldagem total da bocafoi realizada em 1783, por Mathias Purman,utilizando cera de abelha.

Ao longo dos anos, inmeras tcnicas demoldagem para prtese total tm sido descritas,cada uma prescrevendo um tipo de material.

Todos os autores so unnimes em afirmarque, para obter resultados satisfatrios nasmoldagens em prtese total, necessitamos demoldeiras individuais.

O principal objetivo da moldeira individu-al, confeccionada sobre um modelo preliminar,

o de receber o material para moldagem fun-cional com a finalidade de obter a mais perfeitareproduo da rea basal.

J a principal finalidade da moldagemfuncional a de obter a reteno do futuroaparelho, com um bom assentamento da baseda prtese total sobre a rea basal, resultandoem conforto ao paciente.

Para isto, necessitamos que a moldeiraindividual seja muito bem executada, sem al-terao e respeitando os limites gerais da reabasal (Kliemann et al., 2000).

Para executar uma correta delimitao darea basal, deve-se conhecer a extenso mximada boca desdentada que poder ser recobertapela prtese total (Domitti et al., 2002). A im-portncia de uma delimitao correta ser um

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fator determinante na obteno da reteno.Muitos materiais tm sido descritos para a moldagem

funcional de bocas desdentadas, porm, todos possuemvantagens e desvantagens que devem ser analisadas comoum todo, a fim de poderem ser eleitas para este fim.

De forma geral, a maioria dos profissionais utilizam-se da pasta de xido de zinco e eugenol, a qual, apesar deser um material de timo escoamento, boa estabilidadedimensional e permitir reparos, apresenta dificuldade noque se refere manipulao e limpeza de instrumentale do prprio paciente.

Outros materiais considerados elsticos, como mer-captanas ou siliconas, tambm apresentam bom escoa-mento, estabilidade dimensional e permitem uma boalimpeza (Eduardo et al., 1991), porm, dificilmente per-mitem aderncia de outro material, dificultando, assim, oselamento posterior e possveis correes do molde.

A resina acrlica autopolimerizvel utilizada paraconfeco de moldeira individual tambm tem sido usadacomo material de moldagem funcional, entretanto, emescala bem menor, pois uma grande desvantagem airritao da mucosa que ela pode provocar, alm de umagrande reao exotrmica, desagradvel ao paciente.Tambm apresenta outro fator negativo, que a rapidezde polimerizao e seu odor.

Uma resina acrlica recentemente lanada no merca-do nacional para a realizao de moldagem funcional,

mais conhecida com o nome de Sapphire, tem apresen-tado vantagens, como tempo de trabalho maior que osdemais citados anteriormente, odor mais suave do que ada resina autopolimerizvel e boa fluidez.

Um estudo realizado por Astrothet al.(2002) com-para esta resina com o Permelastic (Kerr); Cutter Sil Mu-cosa (Heraeus Kulzer); Supersil (Bosworth) e Impregum(ESPE). O autor chega concluso que todos os dados deseu trabalho demonstraram aceitveis nveis de preciso,estabilidade e reproduo de detalhes para a resina, e queessa parece se adaptar sua utilizao como um material

de impresso para prtese total.Kimet al.(2002), mediante a comparao do materialde moldagem Sapphire a outras resinas, observam queeste apresenta boa preciso de detalhes e boa estabilidadedimensional, sem que haja diferenas significativas entreas amostras. Alm disso, em seu estudo, acrescentou queo Sapphire, quando comparado a outras resinas autopo-limerizveis, possui menor exotermia (32,7 35,4C),melhor tempo de trabalho e no apresenta diferenas

significativas na reproduo de detalhes e na absorode gua.

DESCRIO DA TCNICAA programao de bordas, amplamente descrita na

literatura como uma moldagem prvia ao selamentoperifrico, o qual favorece a reteno do futuro apare-lho, necessita de uma perfeita tcnica para alcanar esteobjetivo (Pick et al.,2003).

Para uma moldagem funcional simplificada, sem per-der reteno, deve-se iniciar por uma perfeita delimitaoda rea basal (Cunha, Marchini, 2002; Hyde, McCord,1999). Para isto, importante a presena do pacienteneste momento, no qual o profissional poder visualizar,diretamente na boca, estes aspectos anatmicos (Figuras1 e 2) e transferi-los para o modelo com auxlio de umlpis cpia, como pode ser visto na Figura 3.

O prximo passo refere-se confeco da moldeiraindividual em resina acrlica, a qual o tcnico devermanter o mais prximo possvel da delimitao da reabasal. Isto possvel, desde que os alvios no modeloanatmico sejam executados com o mnimo de materialnecessrio. Tambm importante manter a moldeira in-dividual com uma espessura uniforme (aproximadamente1mm) em toda sua extenso. Outro fator importante aforma do cabo da moldeira individual, que pode ser re-alizado com o mesmo material (resina), porm, deve ter

a forma do arco dental, como pode ser visto nas Figuras4 e 5, pois s assim ir permitir uma boa estabilidade damoldeira no momento do ato da moldagem.

Esta moldeira individual pode ser executada facilmentecom resinas fotopolimerizveis para este fim, como porexemplo Fastray LC, Preci Tray, Sterntek Custon Tray, quepermitem longo tempo de trabalho, facilidade de mani-pulao, fcil recorte sobre a delimitao executada nomodelo anatmico e espessura uniforme (1mm).

A seguir, levamos todo o conjunto a uma fotopoli-merizadora de laboratrio, por aproximadamente trs

minutos, para polimerizar mediante um foco halgeno.Antes da moldagem funcional, de fundamentalimportncia provar a moldeira individual na boca dopaciente, devendo-se executar toda a movimentao damusculatura perifrica para saber se no ocorre deslo-camento dessas.

Para a moldagem funcional, importante criar umpequeno espao para o material de moldagem, seja elequal for. Isto pode ser realizado atravs de trs bolinhas de

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cera utilidade, colocadas internamente na moldeira indi-vidual, sendo uma anterior e duas posteriores, que, depoisde aquecidas, so levadas boca, onde se promove umasuave compresso, achatando-as, criando assim um stoppara a moldeira individual (Figura 6), no permitindo queesta faa compresso sobre a rea basal.

O material de moldagem selecionado para este casofoi a resina Sapphire, descrita por Astroth et al.(2002) eKim et al.(2002). Este material manipulado em umaproporo de 1:1 de p para lquido, conforme orientaodo fabricante, cujo tempo de trabalho de aproxima-damente 3 minutos, sendo, posteriormente, distribudosobre a moldeira individual. importante que este sejacolocado no apenas na poro interna, como tambmsobre a borda e em uma faixa de aproximadamente 3mmabaixo dela, em direo vestibular, como pode ser vistona Figura 7.

Este conjunto (moldeira e resina) levado boca,na qual realiza-se um aprofundamento uniforme e comsuave compresso.

Mantm-se a moldeira imobilizada, enquanto reali-zam-se todos os movimentos funcionais da musculaturaperifrica em direo rea basal. No caso de moldagem

mandibular, faz-se necessrio a movimentao da lnguapara ambos os lados, para fora e para cima, sem aliviara presso da moldeira.

Aguarda-se a polimerizao final do material que de aproximadamente cinco minutos. Somente aps estetempo que se remove o conjunto que est na boca parafazer a anlise do resultado, como pode ser observadonas Figuras 8 e 9.

No se deve esquecer de realizar, neste momento,os testes funcionais (reteno, suporte e estabilidade),que iro demonstrar a reteno que a base do aparelhoproporcionar. Aps estes testes, realiza-se o selamentoposterior descrito por Tamaki (1988), com acrscimo decera utilidade sobre o limite posterior do molde.

O molde pode, ento, receber uma proteo debordas, tambm muito conhecida como encaixotamen-to, realizada com cera utilidade para segurar o gesso, oqual ser vazado. Isto ir permitir que as bordas possampermanecer visveis no momento de acabamento dasprteses (Figuras 10 e 11).

Com isto, o tcnico ter plenas condies de realizaro acabamento sem mexer nas bordas, como se pode verna Figura 12. J na Figura 13, a prtese concluda.

FIGURA 1:Anlise

direta, na boca, doslimi tes da rea basal da

maxila.

FIGURA 2:Anli se di reta, na boca, dos limi tes da reabasal da mandbula.

FIGURA 3:Del imitao

da rea basal

nos modelos

anatmicos.

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FIGURA 4:Moldeira indiv idual fotopolimerizvelsuperior.

FIGURA 5:Moldeira indiv idual fotopolimerizvelinferior.

FIGURA 6:Espaadores para uma mo ldagem semcompresso.

FIGURA 7:Distribu io do materi al sobre a moldeiraindividual.

FIGURA 8:Molde funcional superior obtido. FIGURA 9:Molde funcional inferior obtido.

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FIGURA 11:Prtese total aps po limerizao,demonstrando que o excesso de resina fica abaixo das

bordas.

FIGURA 12:Acabamento da

prtese total ,

di stante dasbordas.

FIGURA 13:Prtese total

conc luda,

aps

acamamento e

polimento.

DISCUSSOQuase todos os materiais utilizados para moldagem

funcional dentro da prtese total no apresentam pos-sibilidade de realizar um perfeito selamento perifrico,desde que suas moldeiras individuais no estejam bemadaptadas sobre a zona de tolerncia da mucosa mvel.Por este motivo, estes materiais necessitam de um materialcomplementar (Tamaki, 1988), como godiva de baixafuso, resina autopolimerizvel, cera, silicona, (Pick etal., 2003), cuja funo realizar o selamento perifrico,obtendo j, neste momento, boa parte da reteno (Alves,Gonalves, 2001).

Muitos profissionais utilizam a pasta de xido dezinco e eugenol para este fim, que, apesar de ser umexcelente material para moldagem funcional, reflete di-ficuldade de manipulao, de limpeza do instrumentale, eventualmente, do prprio paciente.

Materiais como mercaptanas ou siliconas tambmapresentam excelente qualidade de moldagem, porm,dificilmente permitem aderncia de outro material, oque dificulta o selamento posterior e possveis correesdo molde.

A resina acrlica autopolimerizvel tradicional tam-bm tem sido utilizada como material de moldagemfuncional, porm, uma grande desvantagem a irritaoque ela pode provocar na mucosa, alm permitir uma

reao exotrmica elevada.A tcnica descrita permite uma moldagem funcional

em passo nico, ou seja, utilizar apenas um material deeleio, desde que, como nos demais casos, tenhamosuma moldeira individual muito bem adaptada, na qualno seja necessria a programao de bordas, pois omesmo material da moldagem faz este papel.

Esta mesma resina Sapphire pode ser utilizada comomaterial para a programao de bordas, substituindooutros materiais descritos por Tamaki (1988); Cunha,Marchini (2002); Domiti et al.(2002); Pick et al. (2003).Posteriormente a este procedimento, podemos utilizar elamesma ou outro material para a moldagem funcional.

Todos os materiais amplamente descritos na literaturapara moldagem funcional tm cumprido sua principalfuno, que a de fornecer reteno ao futuro aparelho

e proporcionar conforto ao paciente. A resina Sapphireproporciona, alm desta caracterstica, as vantagens dedisponibilizar maior tempo de trabalho e maior facilidadede manipulao. Independente do tipo de material a serutilizado para a programao de bordas ou para a mol-dagem funcional, o sucesso no resultado final tambmvai depender da adaptao do profissional com manejodo produto.

FIGURA 10:Foto ilustrati va da funo da proteo debordas.

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CONSIDERAES FINAISVisto suas caractersticas, pode-se dizer que a resina

acrlica Sapphire pode perfeitamente substituir materiaistradicionais, como a pasta de xido de zinco e eugenol,por possuir propriedades favorveis, como facilidade demanipulao, custo acessvel, temperatura de reao

exotrmica bastante suportvel e boa reproduo detecidos moles, tornado-se, assim, um excelente materialde moldagem funcional de prtese total ou ainda paraprogramao das bordas de uma prtese total.

Ulbrich NL, Franco APG de O. Simplification of the functional molding technique for complete denture prostheses with the utilization of a low temperature self curingresine. PCL 2004; 6(34):559-64.

The attainment of a funcional mold for complete denture prostheses has been one of the most difficult st ages to Dentist. He needs, at this time, to reacha perfect reprodution o f all dynamic aspects th at limit the basal area, achieving, thus, the retention of the appliance.The traditional techniques of functional molding often include materials whose manipulation is difficult and d emand, therefore, an adaptation fromthe professional.In order to simplify this procedure, the authors describe a technique with a material recently introduced in the market, which might make this jobeasy.

KEYWORDS:Impression; Dental materials; Denture complete.

REFERNCIASAlv es NC, Gonalves HHSB, Cera fluida: uma alternativa para moldagemfuncional em prtese total. PCL 2001; 3(15):423-37.

Ast rot h J, Kim J, Stansbur y JW. Su itab ili ty of Sapph ire as a compl etedenture impression material [abstract 1217]. J Dent Res 2002.Cunha VPP, Marchini L. Prtese Total Procedimentos clnicos e labora-toriais. 1 ed. Curitiba: Editora Maio; 2002. 268p.Domitti SS, Arioli Filho JN, Barbosa CMR. Reabilitao prottica. 1 ed.Curitiba: Editora Maio; 2002. 168p.Eduardo JVP, Kaufmann MFA, Zanetti AL, Moldagem anatmica em prtesetotal. Rev Fac Odont ol FZL 1991, 3(2):83-90.Hyde TP, McCord JF, Survey of pr osthodonti c impressio n proc edures forcomplete dentures in general dental practice in the United Kingdom. JProsth et Dent 1999; 81(3):295-9.

Kim J, Astroth J, Stansbury JW. Effect of an inert fi ller on physical proper-ties of ethyl/isobutyl methacrylate [abstract 2671]. J Dent Res 2002.Kliemann C et al. Tcnica de confeco imediata de mold eira individualpara pacientes portadores de prtese total. PCL 2000; 2(8):14-9.Pick B, Bittencourt RI, Baggio MC, Ulbrich, NL. Estudo comparativo dequatro materiais para programao de bordas de prtese total. In: VII Con-gresso Internacional de Odontologia do Paran; 2003 ago. Curitiba, PR.Tamaki T. Dentadur as com pletas. 4 ed. So Paulo : Sarvier ; 1988. 252p.

Recebido para publicao em: 01/04/04Enviado p ara anlise em: 14/04/04

Acei to para publi cao em: 18/06/04