310-359-1-pb

Upload: carlos-carreto

Post on 03-Apr-2018

219 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    1/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    Kids Onlinena Europa e no Brasil. Desafios

    para a pesquisa comparada sobre as prticas

    de crianas e adolescentes na InternetKids Online en Europa y en Brasil. Desafos para

    el estudio comparado sobre prcticas de nios

    y adolescentes en Internet

    Kids Online in Europe and in Brazil. Challenges

    for the comparative research on childrens

    and teenagers Internet practices

    Cristina Ponte1

    ResumoFocado no projeto europeu EU Kids Online, que desde 2006 tempesquisado a relao das crianas e adolescentes com a internet, este artigo

    apresenta o seu historial, as questes de organizao e de estrutura que tm

    possibilitado um trabalho em rede de investigadores de diferentes pases,

    bem como os seus enquadramentos tericos e metodolgicos. Apresentam-se resultados do inqurito que realizou em 25 pases europeus, em 2010, e

    perspetivas de investigao comparada que se abrem com a realizao do mesmo

    inqurito, Kids Online, no Brasil.Palavras-chave:Pesquisa comparada. EU Kids Online. Incluso digital.ResumenCentrado en el proyecto europeo EU Kids Online, que desde 2006viene investigando la relacin de los nios y adolescentes con Internet, este

    artculo presenta la historia de dicho proyecto, las cuestiones de organizaciny de estructura que han posibilitado un trabajo en red de investigadores de

    diferentes pases, as como sus puntos de partida tericos y metodolgicos. Se

    muestran en l tambin los resultados de la investigacin que se realiz en 2010

    en 25 pases europeos y las perspectivas de estudio comparado que se abren tras

    la realizacin del citado trabajo, Kids Online, en Brasil.Palabras-clave:Investigacin comparada. EU Kids Online. Inclusin digital.

    1 Faculdade de Cincias Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    2/30

    escola superior de propaganda e marketing

    14 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    AbstractThis article is focused on EU Kids Online, the European projectwhich, since 2006, has researched the childrens and teenagers relation with

    the Internet. It presents its history, the organizational and structural matterswhich have made possible to work with a network of researchers from different

    countries, as well as their theoretical and methodological framework. This study

    presents the results of a survey carried out in 25 European countries in 2010,

    and the perspectives of comparative investigation that arise from the application

    of the same survey, Kids Online, in Brazil.Keywords:Comparative research. EU Kids Online. Digital inclusion.

    Data de submisso: 19/04/2012Data de aceite: 31/05/2012

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    3/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 15

    Introduo

    Este artigo surge no momento em que se publicam os primeiros resulta-dos do inqurito Kids Online Brasil, realizado a uma amostra nacionalde crianas e adolescentes brasileiros entre os 9 e os 16 anos, sobre ascondies de acesso internet, as suas atividades, a mediao por partede pais, colegas e professores, as suas competncias digitais declaradas ea sua experincia de riscos na rede. O inqurito brasileiro realizado pe-lo CETIC.br em 20122 adaptou os questionrios do inqurito EU KidsOnline, realizado em 25 pases europeus, dentre os quais Portugal, em2010, de modo a permitir comparao de respostas. Temos, assim, pelaprimeira vez na histria dos estudos sobre crianas, adolescentes e mdiaa possibilidade de comparar resultados europeus, portugueses e brasilei-ros com base em inquritos nacionais que tambm inquiriram pais oucuidadores. Esta oportunidade estimula a que pensemos as potenciali-dades e os desafios que se colocam pesquisa comparada sobre a relaode crianas e adolescentes com a mdia, contrariando a insularidade e fa-

    vorecendo a identificao de novas perguntas a partir do conhecimentodas lacunas da pesquisa e dos problemas que vo emergindo. Tomandocomo base o historial do Projeto EU Kids Online desde o seu incio, em2006, o artigo apresenta as questes de organizao e de estrutura quetm possibilitado um trabalho em rede de dezenas de investigadores dediferentes pases, bem como os seus enquadramentos tericos e metodo-lgicos. So referidos alguns resultados tanto a nvel europeu como emPortugal e conclui-se com perspetivas que se abrem com a realizao

    deste inqurito no Brasil.

    2 Para mais informaes sobre este estudo, veja: http://cetic.br/criancas2012/index.html. Acesso em: 25 jun. 2012.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    4/30

    escola superior de propaganda e marketing

    16 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    Vantagens e dificuldades da pesquisa comparada:

    a experincia do EU Kids Online

    A internacionalizao da pesquisa acadmica tem-se vindo a acentuar,beneficiando da remoo de barreiras polticas e aproveitando-se de ummaior cosmopolitismo e acessibilidade dos saberes, por via das novas re-des comunicacionais e do contexto da globalizao cultural. No difcilencontrar argumentos a favor desta perspetiva, que traz novos ngulos deviso, permitindo aos investigadores evidenciar aspetos at ento nebulo-sos e olhar para o seu pas a partir de outros lugares e de outras posies.

    Estas vantagens no evitam, contudo, o reconhecimento de dificul-dades metodolgicas sobre o carter, a qualidade e a comparabilidadedos dados em que assenta a pesquisa comparada. Apesar de parecer quetodos falam do mesmo, partida, os primeiros passos de encontro deequipas internacionais mostram a dificuldade em definir unidades co-muns de pesquisa, em identificar amostras equivalentes, ou mesmo emselecionar indicadores que sejam realmente comparveis.

    Outras dificuldades, menos evidentes, so a prpria variao das cul-turas acadmicas nacionais, as tradies e a histria social e das cinciassociais de cada pas. Para alm da variedade de designaes de programasque incluem a Comunicao, nuns pases possuem uma herana huma-nstica, noutros a sua aproximao s Cincias Sociais dominante. Da-qui decorrem orientaes metodolgicas diferenciadas, entre opes decariz mais interpretativo e valorizaes de resultados e indicadores quan-tificveis, embora se venha a verificar na pesquisa uma combinao entre

    metodologias quantitativas e qualitativas que resulta de equipas interdisci-plinares de investigao. No contexto europeu, tambm o reconhecimen-to da necessidade de uma lngua comum para que seja possvel dialogare trabalhar em conjunto no deixa de colocar em desiguais lugares deexpresso os falantes nativos e no nativos da lngua inglesa.

    Apesar destes constrangimentos, tem sido possvel realizar um trabalhoconjunto e cooperativo no Projeto EU Kids Online, liderado por Sonia Li-

    vingstone e Leslie Haddon, da London School of Economics, e financiado

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    5/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 17

    pela Comisso Europeia. Coordenar e mobilizar uma rede europeia quecomeou com cerca de 40 investigadores de 21 pases, em 2006, e que re-

    ne atualmente mais de 120, de 33 pases, exige uma liderana firme mascapaz de mobilizar, integrar e alimentar um ambiente produtivo e positivoentre os participantes, com formaes acadmicas distintas (Mdia e Co-municao, Educao, Sociologia, Psicologia Social). A maturidade cien-tfica, a corresponsabilizao e a sensibilidade na construo da relaotm sido ingredientes fundamentais para essa articulao.

    Os trs primeiros anos (2006-2009) deste Projeto, que constituram ocorpo da rede, identificaram as lacunas da pesquisa europeia sobre crianase internet, traaram uma comparao entre 21 pases quanto aos seus nveisde relao entre penetrao da internet na sociedade e dimenses do riscoencontrado pelas crianas, produziram um acervo de relatrios e guias eidentificaram as necessidades da pesquisa seguinte; os anos intermdios(2009-2011) foram centrados no desenho, testagem, aplicao e anlise dosresultados de um gigantesco inqurito europeu em 25 pases; a fase atual(2011-2014), que rene 33 pases, visa: 1) atualizar as pesquisas europeias

    sobre crianas e internet e destacar estudos de particular qualidade; 2) apro-fundar e alargar os resultados do inqurito europeu, com anlises focaliza-das, por comparaes com estudos anteriores e com outros pases (comoser o caso do Brasil); 3) conceber e realizar uma pesquisa qualitativa sobrea experincia de riscos e segurana na internet, expressa por crianas e jo-vens nos seus prprios termos, que ir decorrer em 15 pases; 4) prosseguirna disseminao pblica destes resultados e na promoo de informaoque sustente polticas e intervenes esclarecidas por parte de decisores e

    reguladores, indstrias, escolas, jornalistas, famlias, sociedade civil.

    EU Kids OnlineI (2006-2009): Caracterizar a

    pesquisa europeia sobre crianas e internet

    Como vimos, o projeto iniciou-se pelo levantamento e anlise de pesquisas

    e estudos realizados desde 2000 sobre crianas e internet nos 21 pases par-

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    6/30

    escola superior de propaganda e marketing

    18 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    ticipantes. Pela recolha, sistematizao e caracterizao das investigaesprocurava-se: 1) identificar lacunas na pesquisa; 2) caracterizar os contex-

    tos institucionais, financeiros, mediticos, dentre outros em que se rea-lizam essas pesquisas; 3) comparar resultados sobre acessos e usos, riscos eoportunidades no uso da internet por crianas dos vrios pases, tendo emconta os respectivos contextos nacionais; 4) produzir orientaes metodol-gicas para a pesquisa sobre /com crianas; 5) formular recomendaes nes-ta matria, nos Estados participantes e a nvel da prpria Unio Europeia;e 6) disseminar as concluses junto de pblicos-alvo (investigadores, deci-sores polticos, reguladores, indstrias, educadores, ONG, dentre outros).

    Neste sentido, as equipas nacionais foram responsveis por identificarestudos relevantes no pas ou internacionais com participao do pas so-bre a relao das crianas com a internet. Foram tidos em anlise indica-dores como a origem dos financiamentos, os objetivos, as metodologiasusadas (quantitativas ou qualitativas) e os resultados alcanados. Para lera pesquisa nacional e os seus contextos de realizao, tornou-se necessriorecorrer a informantes privilegiados (por exemplo, nas reas da Educao,

    Famlia, Infraestruturas tecnolgicas, Direito, Segurana informtica).Deste modo visava-se o fornecimento de um retrato to exaustivo quantopossvel sobre as condies (institucionais, financeiras, polticas, debatespblicos) que marcam a pesquisa em cada pas, por um lado, e o que apesquisa realizada revela quanto ao acesso e de uso da internet pelas crian-as, os riscos e as oportunidades experimentadas em cada pas, por outro.

    No caso portugus, deparamo-nos com uma invisibilidade de da-dos oficiais, uma ausncia de estatsticas atualizadas que inclussem

    os mais novos na sua ligao s redes digitais e uma quase ausnciade estudos representativos nacionais sobre internet que abrangessemcrianas. Esse motivo levou-nos a recolher produo acadmica (tesesde mestrado e de doutoramento, condicionadas por serem trabalhos decunho essencialmente individual e centrados em casos locais), o quefoi feito por contactos diretos com cursos de ps-graduao de univer-sidades do pas ou por pesquisa na Biblioteca Nacional. Outros pases,

    com mais pesquisa de mbito nacional e projetos de investigao, no

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    7/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 19

    tiveram que recorrer a trabalhos acadmicos, o que aponta a necessida-de de ler os nmeros de cada pas no seu contexto especfico no que se

    refere a estudos encontrados.

    Enquadramentos conceptuais: o cimento da rede

    Enquanto prosseguia o trabalho de localizao de pesquisa nacional porparte das equipas, era necessrio providenciar que todos os participantesestivessem orientados pelas mesmas perspetivas tericas. Neste sentido,convm assinalar a importncia dos encontros semestrais entre os coor-denadores nacionais, que foram fruns para a discusso geral das ques-tes relevantes da pesquisa.

    Comecemos pelas consideraes gerais sobre pesquisa comparada.Numa comparao transnacional, cada pas pode ser considerado comoobjeto de estudo, olhando para os seus dados nacionais numa justaposi-o com os de outros pases; como contexto de estudo, para testar hipte-

    ses; como unidade de anlise, para examinar relaes entre as dimensesem que variam os pases; como parte de um sistema internacional maisvasto (KOHN, 19893). No projeto EU Kids Online foram contempladasas trs primeiras categorias.

    O pas como objeto de estudo teve em conta a informao estatsti-ca sobre semelhanas e diferenas entre pases, como a fornecida peloEurobarmetro ou o Eurostat, que permitem posicionar cada um rela-tivamente aos restantes e a uma mdia europeia. Os passos seguintes

    encaminhavam-se para a ateno aos pases como contextos de estudo ecomo unidades de anlise, que apresentaremos integrados.

    Um primeiro enquadramento conceptual sobre a relao das crian-as e internet considerou os riscos e as oportunidades numa dimensosimultaneamente individual (a criana) e contextual (o pas onde vive),

    3Apud LOBE, B.; LIVINGSTONE, S.; HADDON, L. Researching children's experiences on the Internet across

    Countries: Issues and Problems in Methodology. 2007.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    8/30

    escola superior de propaganda e marketing

    20 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    como se v na Figura 1. A primeira dimenso tem como mago as con-dies concretas em que a criana realiza as suas atividades (condiesde acesso, usos, atitudes e capacidades de usar a internet). Considerou--se que essas condies so afetadas pelas mediaes por parte dos pais,professores e amigos, e tambm por fatores de ordem demogrfica como

    a idade, o gnero e a situao socioeconmica do seu agregado. Por suavez, na perspetiva do pas como contexto de estudo, considerou-se a hi-ptese de fatores como o ambiente miditico e a sua regulao, o discur-so pblico sobre as crianas e a internet, as atitudes e valores culturais ouas caractersticas do sistema educativo poderem influenciar as prticasdas crianas na internet, de modo positivo ou negativo.

    Figura 1. Crianas e internet: quadro conceptual de anlise.4

    4

    Fonte: HASEBRINK, U.; LIVINGSTONE, S.; HADDON, L.; LAFSSON, K. Comparing children's onlineopportunities and risks across Europe: cross-national comparisons for EU Kids Online. London: LSE, 2009.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    9/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 21

    Um segundo enquadramento conceptual incidiu na prpria defini-o do que se considerava como risco ou oportunidade. Inspirada nas

    questes comunicacionais, a perspectiva sistemtica para esse tratamen-to partiu da pergunta: Que processos de comunicao conduzem a di-ferentes riscos e a diferentes oportunidades? O modelo criado parte dasmotivaes para usar a internet (ser receptorde contedos de massa; par-ticiparem contactos iniciados por outrem; ou ser agente, com condutasque ativam contedos e contactos). Estas trs posies de receptor,participante e ator foram articuladas com quatro categorias de Opor-tunidades e de Riscos associados ao uso da internet. Nas Oportunidadesque proporciona, temos as aprendizagens educacionais e a literacia digi-tal, a participao e o envolvimento cvico, a criatividade e autoexpressoe as relaes sociais e identitrias. Nos Riscos, identificaram-se os riscoscomerciais, violncia e agressividade, riscos sexuais e valores negativos.A sua combinao com as trs posies atrs referidas compe o quadrode 24 clulas de atividades da Figura 2.

    A aplicao destes quadros conceptuais pesquisa recolhida em ca-

    da pas permitiu observar que a maioria dos estudos incidia na carac-terizao do acesso e de usos, seguida da caracterizao de interessese atividades, com destaque para o online como recursos educativos, deentretenimento e de relacionamento social, num figurino transversalaos pases. Foi assim possvel identificar no relatrio sobre esta recolha(STAKSRUD; LIVINGSTONE; HADDON, 2009) a escassez de aten-o a tpicos relacionados com riscos e segurana na internet, ausentesem mais de um tero dos estudos. A lacuna de ateno aos riscos e s

    capacidades e competncias para lidar com eles, incluindo a resilincia,a resistncia frustrao ou perturbao, era particularmente acentu-ada no que se refere a crianas mais novas e a crianas de meios sociaisdesfavorecidos. Tambm se evidenciou a escassa ateno s formas demediao da experincia das crianas na internet, com poucos estudos aincluir pais, professores e pares enquanto mediadores.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    10/30

    escola superior de propaganda e marketing

    22 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    Contedo: acriana como

    receptor

    Contacto: acriana comoparticipante

    Conduta: acriana como

    ator

    Aprendizagenseducativas e

    literacia digital

    Recursoseducacionais

    Contactoscom outros

    que partilhamos mesmosinteresses

    Autoiniciativaou

    aprendizagemcolaborativa

    Participao eenvolvimento

    cvico

    Informaoglobal

    Troca entregrupos deinteresse

    Formasconcretas departicipao

    cvica

    Criatividade eautoexpresso

    Diversidadede recursosdisponveis

    Ser incitadoa criar ou aparticipar

    Criar contedos

    Identidade erelaes sociais

    Conselhos(pessoais, sade,

    sexualidadeetc.)

    Redes sociais,partilha de

    experinciascom outros

    Expresso deidentidade

    Comerciais

    Publicidade

    no solicitada(spam),patrocnios

    Dar/recolherinformao

    pessoalJogos e acessosilegais, pirataria

    AgressividadeContedosviolentos,

    discriminatrios

    Ser intimidado,molestado,perseguido

    Intimidar oumolestar os

    outros

    Sexuais

    Contedospornogrficos,sexualmente

    maliciosos

    Aliciamentosexual

    Criar, inserircontedo

    pornogrfico

    Valoresnegativos

    Contedoracista,

    tendencioso(por exemplo,sobre drogas)

    Incitamento automutilao,

    persuasoindesejada

    Difuso deconselhos,

    sobre suicdio,anorexia

    Oportunidades

    Riscos

    Figura 2. Uma classificao de Riscos e Oportunidades.5

    5

    Fonte: HASEBRINK, U.; LIVINGSTONE, S.; HADDON, L.; LAFSSON, K. Comparing children's onlineopportunities and risks across Europe: cross-national comparisons for EU Kids Online. London: LSE, 2009.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    11/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 23

    Preparando a anlise comparada de

    estudos sobre crianas e internet

    No primeiro ano do Projeto teve lugar um estudo piloto que envolveutrs pases (Portugal, Polnia e Reino Unido), para servir de base para aanlise comparada alargada aos 21 pases, no ano seguinte. A escolha dostrs pases decorreu das suas diferenas geogrficas (centro, norte e suleuropeu), dos seus nveis diferenciados de penetrao das tecnologias ede terem participado num estudo anterior, o Mediappro. As equipas dostrs pases lanaram-se na escrita dos respetivos relatrios tendo comobase as pesquisas encontradas sobre crianas e internet no pas e o levan-tamento e discusso de indicadores contextuais, que permitissem fazeruma leitura do pas como unidade de anlise.

    Dentre as lies aprendidas neste estudo exploratrio esto os processossociais na pesquisa e na escrita de relatrios nacionais: apenas quando le-mos as notas de outros pases que temos conscincia de como poderamoster tambm fornecido informao equivalente no nosso prprio relatrio.

    Assim, por exemplo, apesar de indicaes claras sobre o tipo de contedopretendido, houve uma variao no que era referido pelos investigadores,nos modos de apresentao dos materiais, no nvel com que sustentavamas suas evidncias e nas prprias evidncias apresentadas (HASEBRINKet al., 2007). Estas indicaes foram preciosas para a fase seguinte, de alar-gamento da elaborao de relatrios nacionais e da sua anlise comparada.

    A Figura 3 representa em esquema os quatro passos dos procedimen-tos levados a cabo para a articulao dos relatrios nacionais numa an-

    lise comparada.A discusso do estudo piloto pela rede permitiu a identificao de

    questes e de hipteses de pesquisa. Por exemplo, a pergunta Onde queas crianas usam a internet?, ou a hiptese H diferenas de gnero noacesso das crianas internet? Estas e outras questes foram formuladasnuma grelha que constituiu o primeiro passo para a pesquisa comparada(Figura 3, Passo 1). A grelha foi preenchida pelos 21 pases, com base na

    investigao disponvel, em estatsticas e em entrevistas com informan-

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    12/30

    escola superior de propaganda e marketing

    24 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    tes privilegiados, para respostas o mais precisas e atualizadas em relat-rios nacionais, num preenchimento horizontal (Figura 3, Passo 2). Umavez recolhidos todos os relatrios, estes foram dissecados por questes depesquisa, analisadas por pequenas equipas de investigadores, com baseno seu voluntariado e interesses de investigao (Figura 3, Passo 3). Apartir dessas semelhanas e diferenas, foi discutida a classificao depases de acordo com as suas posies e chegou-se a uma tipologia por

    grupos de pases (Figura 3, Passo 4), que se apresenta na Figura 4.A natureza dspar da informao fornecida nos relatrios nacionais

    decorrente das diferenas dos estudos nacionais e das datas de realizaoda investigao emprica numa matria em que a atualidade cruciallevaria a que fosse decidido incluir tambm a informao mais atual ecomum a todos os pases, dois inquritos do Eurobarmetro que tinham

    Figura 3. Viso geral dos procedimentos da anlise comparada.6

    6

    Fonte: HASEBRINK, U.; LIVINGSTONE, S.; HADDON, L.; LAFSSON, K. Comparing children's onlineopportunities and risks across Europe: cross-national comparisons for EU Kids Online. London: LSE, 2009.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    13/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 25

    auscultado pais europeus em 2006 e 2008, respetivamente sobre o aces-so das crianas internet e sobre preocupaes com segurana e riscos.

    Desta articulao entre estudos nacionais, inquritos europeus no quese refere a consideraes sobre riscos e estatsticas sobre ndices de utili-zao da internet por crianas emergiram trs cenrios, cuja distribuiose v na Figura 4: pases de uso elevado, risco elevado (sobretudo pasesdo norte europeu), pases de baixo uso, baixo risco (do sul) e pases mar-

    cados por novos usos, novos riscos (pases do centro europeu). Como severifica, no se identificou risco baixo em pases com elevadas taxas depenetrao da internet junto dos mais novos, e tambm no se identificousituaes de pases com baixa penetrao e alta incidncia de riscos8.

    Figura 4. Classificao dos pases quanto a uso e riscos da internet por crianas.7

    Uso da Internet pelas crianas

    Risco Online Baixo (< 65%) Mdio (65% - 85%) Alto (> 85%)

    BaixoChipreItlia

    FranaAlemanha

    Mdio Grcia

    ustriaBlgicaIrlanda

    PortugalEspanha

    DinamarcaSucia

    AltoBulgria

    Repblica Checa

    EstniaIslndiaHolandaNoruegaPolnia

    EslovniaReino Unido

    7 Fonte: HASEBRINK, U.; LIVINGSTONE, S.; HADDON, L.; LAFSSON, K. Comparing children's onlineopportunities and risks across Europe: cross-national comparisons for EU Kids Online. London: LSE, 2009.8 Este processo e as suas vrias etapas esto descritos no relatrio Comparing childrens online opportunities

    and risks across Europe (HASEBRINK; LIVINGSTONE; HADDON; LAFSSON, 2009), disponvel em:www.eukidsonline.net.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    14/30

    escola superior de propaganda e marketing

    26 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    Foram ainda coproduzidos relatrios sobre condies contextu-ais da pesquisa (STALD; HADDON, 2009), documentos de apoio

    investigao (LOBE; LIVINGSTONE; HADDON, 2008) e umGuia de Boas Prticas na pesquisa sobre crianas e internet (LOBE;LIVINGSTONE; OLAFSSON; SIMES, 2008), alm da realiza-o de uma anlise comparada de imprensa sobre notcias que refe-riam crianas e internet, durante dois meses, em jornais de 13 pases(PONTE, 2009)9. O trabalho em equipa permitiu ainda a elabora-o do livro Kids Online com anlises detalhadas sobre os resultadosdesta primeira fase (LIVINGSTONE; HADDON, 2009), contendo19 captulos e mais de 40 autores, e ainda dois nmeros especiais emjornais de circulao internacional, Journal of Children and Media eInternational Journal of Media and Cultural Politics.

    EU Kids OnlineII (2009-2011):

    uma inquirio extensiva e comparvel

    Tendo constatado os constrangimentos na comparao de pesquisas queno tm na sua base um consistente conjunto de perguntas, procedi-mentos metodolgicos comuns e consequente corpo emprico produzi-do segundo os mesmos parmetros, o novo projeto EU Kids Online II(2009-2011) visou realizar no terreno uma investigao robusta que per-mitisse ir mais longe na pesquisa europeia sobre crianas e internet, comum foco em matrias de risco e nas suas consequncias, identificando

    ainda semelhanas e diferenas entre pases pelo recurso aos mesmosinstrumentos de inquirio.

    A segunda fase do projeto EU Kids Online, de novo financiado peloPrograma Safer Internet Plus, da Comisso Europeia e agora com 25 pa-ses participantes, teve como objetivos: 1) desenhar um forte instrumentode pesquisa, capaz de conseguir identificar a natureza do acesso online

    9

    Relatrios e outros documentos disponveis em: http://www2.lse.ac.uk/media@lse/research/EUKidsOnline/EU%20Kids%20Online%20reports.aspx Acesso em: 25 jun. 2011.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    15/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 27

    das crianas e adolescentes (9-16 anos), os seus usos, riscos e formas delidar com eles, captando em conjunto as perspetivas de pais e de filhos;

    2) acompanhar a administrao do inqurito em cada pas, incluindo asua traduo para a lngua nacional; 3) analisar os resultados de modosistemtico para identificar os factos e padres fundamentais numa basenacional e comparada; 4) identificar e disseminar em tempo apropriadoas recomendaes chave relevantes para o desenvolvimento de iniciati-vas de segurana a nvel europeu.

    O enquadramento que sustentou o desenho do inqurito teve comobase as conceptualizaes anteriores (Figuras 1 e 2, anteriores), adap-tando-se s perguntas de partida: como que as condies de acesso ede uso, bem como as atividades, constituem fatores de risco e como soas respostas das crianas e adolescentes ao risco? Este enquadramentoabriu espao para uma compreenso contextualizada e ponderada dasegurana e dos riscos dos mais novos na internet. No s se procu-rou relacionar os riscos online com os que acontecem offline, comoo bullying e o contacto com mensagens e imagens de cariz sexual,

    como tambm se traou uma distino entre a exposio ao risco e odano que pode ser sua consequncia nem todas as exposies a riscosconduzem necessariamente a danos. Esta perspetiva sobre o risco, quecontraria o discurso dominante sobre os perigos da internet, exigia porisso uma especial ateno sformas de lidarcom situaes de risco.

    Por conseguinte, o inqurito distinguiu entre risco e dano, averi-guando respostas aos riscos que revelam um saber lidarcom a situaoe respostas que revelam essa incapacidade, fazendo com que a expe-

    rincia do risco tivesse consequncias danosas. Assim, procurou-secompreender os diferentes padres de incidncia, distribuio, gravi-dade e consequncia do dano resultante da experincia de riscos onli-ne. Porque era importante conhecer as estratgias desenvolvidas pelascrianas em situao de risco na internet, juntaram-se s perguntasque averiguam das condies demogrficas (idade, gnero, meio so-cioeconmico) outras perguntas que permitem uma averiguao das

    caractersticas psicolgicas (Figura 5).

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    16/30

    escola superior de propaganda e marketing

    28 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    O inqurito compreendeu trs questionrios: um questionrio porentrevista dirigido a crianas e adolescentes, incidindo sobre as condi-es de acesso, as atividades, as competncias digitais e as mediaespor parte de pais/cuidadores, professores e pares (uma rea onde se ti-nha identificado lacuna na pesquisa, como vimos); um questionrio deautopreenchimento pelos mais novos (9-10 anos) e mais velhos (11-16),para as perguntas sensveis sobre experincias de risco relacionadas com

    contedos pornogrficos, contactos com pessoas desconhecidas que seconheceram na internet, bullying, sexting, contedos potencialmentenocivos gerados por utilizadores e abuso de informao pessoal. Os qua-tro ltimos foram apenas perguntados a crianas com mais de 11 anos.As perguntas permitiam avaliar a extenso do eventual dano e tambmestratgias para resolver de modo positivo a situao de risco a encon-trada; um terceiro inqurito com questes paralelas, dirigido aos pais,

    permitindo uma comparao de respostas.

    UTILIZADOR INDIVIDUAL

    MEDIAO SOCIAL

    CONTEXTO NACIONAL

    Criana como unidade de anlise

    Pas como unidade de anlise

    Demogrfico

    Psicolgico

    Uso AtividadesFactores

    derisco

    Danoou

    lidar

    EscolaPais Pares

    Estratificaosocioeconmica

    Moldura deregulao

    Infraestruturatecnolgica

    Valoresculturais

    Sistema deeducao

    Figura 5. Enquadramento que orientou o inqurito EU Kids Online.Fonte: LIVINGSTONE, HADDON E GRZIG (2011)

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    17/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 29

    A escolha destes riscos teve presente a discusso europeia sobre osriscos da internet e as limitaes da extenso do inqurito. O estudo foi

    norteado tambm por objetivos de interveno pblica, na forma de Re-comendaes a entidades com responsabilidades em polticas e prticas,das indstrias aos governos, passando pelas famlias e a escola. Por conse-guinte, o inqurito incidiu sobre os riscos mais proeminentes na agendapblica, e no necessariamente sobre aqueles que mais preocupam ascrianas no seu dia a dia, muitas vezes relacionados com riscos tcnicos,como vrus, e com a invaso de mensagens comerciais na sua navegaona internet. No foram assim questionados todos os riscos constantes daFigura 2, nomeadamente os riscos relacionados com contedos comer-ciais nem com prticas que violam direitos de autor. Para alm de umapergunta aberta, que antecedia o questionrio de autopreenchimento eque permitia a expresso do que consideravam que incomodava pessoasda sua idade (cujas respostas ainda esto a ser analisadas), importa por is-so prosseguir a pesquisa sobre o que so as prticas das crianas e adoles-centes na internet, e conhecer o que so as suas preocupaes e formas

    de lidar com situaes de risco, o que est a ser feito na terceira fase doEU Kids Online, atravs de uma pesquisa qualitativa.

    O inqurito abrangeu uma amostra representativa de 25.142 crian-as e adolescentes, utilizadoras da internet, e um dos seus pais, em 25pases. Construdo em ingls, foi traduzido para 19 lnguas europeias,garantindo comparabilidade e adaptao com exemplos e linguagenslocais, e foi alvo de duas rondas de testes cognitivos, antes da sua versofinal para apurar da compreenso das questes por parte das crianas

    e das suas reaes (HADDON; PONTE, 2012). Foi aplicado entre aPrimavera e os finais do Vero desse ano a uma amostra estratificadaaleatria, em casa, por inquirio face a face, exceto nas questes sen-sveis, de autopreenchimento10.

    10 Mais pormenores sobre a metodologia e aplicao do inqurito podem ser consultados no relatrio final Risksand Safety on the internet. The perspective of European children (LIVINGSTONE; HADDON; GORZIG;

    OLAFSSON, 2011) e no Technical Report produzido pela agncia IPSOS-MORI, que aplicou o questionrionos 25 pases, ambos disponveis no stio do projeto (www.eukidsonline.net).

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    18/30

    escola superior de propaganda e marketing

    30 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    Alm de apresentar uma detalhada anlise descritiva dos resultadospor categorias demogrficas e por pases, o relatrio final que resultou

    deste inqurito europeu acrescenta s suas concluses seis pontos comindicaes para polticas de interveno por parte dos reguladores egovernos, as indstrias, a consciencializao em matria de segurana,a interveno das escolas e dos professores e ainda questes e conse-lhos para as famlias. Desse relatrio, apresentamos um grfico (Figura6) que ilustra a diversidade de condies de acesso e de posies deliderana digital nas famlias, no contexto europeu, confrontando apercentagem de crianas que acede internet diariamente com a dosseus pais. Numa mdia europeia onde 60% das crianas e adolescen-tes acedem todos os dias, em vrios pases do norte e centro-leste essapercentagem situa-se perto dos 80%, contrastando com valores maisbaixos em pases do sul, dentre os quais Portugal. Observamos tambmque os pases escandinavos onde a internet est h mais tempo presenteso os pais que lideram na frequncia diria (Sucia, Noruega, Finln-dia, Holanda), enquanto pases do ex-bloco socialista, que transitaram

    para economias de mercado e onde a internet tambm de penetraomais recente, registam contrastes avassaladores entre os nveis de fre-quncia de filhos e de pais (por exemplo, Bulgria, Polnia, Romnia,Litunia). Em pases do sul europeu (Portugal, Grcia, Itlia, Espa-nha), ainda que com valores mdios mais baixos, so as crianas quemmais acede diariamente rede, sendo o caso da Turquia revelador deum pas com uma penetrao ainda muito baixa da internet. Pasesque tinham sido considerados como de uso elevado, risco elevado e

    novos usos, novos riscos continuam a contrastar com pases de baixouso, baixo risco (ver Figura 4).

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    19/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 31

    Passando das condies de acesso para as respostas relativas aos ris-cos e danos, notamos tambm relevantes contrastes entre os pases.

    A pesquisa da primeira fase (ver Figura 4) sugeria uma relao diretaentre a intensidade do uso e a exposio a riscos. O que este inquritopermitiu observar que a relao entre risco e dano no nem linearnem proporcional.

    Uma explorao dos resultados em torno da questo sobre a relaoentre a exposio ao risco e a experincia de dano e sua variao entre ospases evidenciou essas diferenas, mas assinala tambm alguma rela-

    o. Como a Figura 7 ilustra, a percentagem de crianas e adolescentes

    100

    90

    80

    70

    60

    50

    40

    30

    20

    1010 20 30 40 50 60 70 80 90 100

    Countries in which more children

    than parents go online daily

    Countries in which more parents

    than children go online daily

    CY

    BG

    PL

    HU

    ESAT

    DE

    UK

    SI

    EEDK

    CZ

    BE

    FR

    NL FI

    SE

    NO

    IE

    LTIT

    PT

    EL

    RO

    % Parent (of internet using child)uses daily

    %

    Childusesdaily

    Figura 6. Resultados do inqurito europeu quanto ao acesso dirio internet.Fonte: LIVINGSTONE, HADDON, GRZIG e LAFSSON (2011)

    AT: ustria; BE: Blgica; BU: Bulgria; CY: Chipre; CZ: Repblica Checa;DE: Alemanha; DK: Dinamarca; EE: Estnia; EL: Grcia; ES: Espanha;

    FI: Finlndia; FR: Frana; HU: Hungria; IE: Irlanda; IT: Itlia; LT: Litunia;NL: Holanda; NO: Noruega; PL: Polnia; PT: Portugal; RO: Romnia;

    SE: Sucia; SI: Eslovnia; TR: Turquia; UK: Reino Unido.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    20/30

    escola superior de propaganda e marketing

    32 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    que reporta ter-se deparado com um ou mais dos riscos assinalados noinqurito varia entre os 30% e os 70%, enquanto a percentagem de res-

    postas que reportam incmodo por esses riscos muito menor, na maio-ria abaixo dos 15%. Podemos ainda observar as diferenas entre pases dealto uso e de novos usos, por um lado (quadrante superior direito), epases de baixo uso, por outro (quadrante inferior esquerdo). Tambmconstatamos que as declaraes de experincias danosas so mais ele-vadas nos pases com maior uso diversificado da internet por parte dascrianas, um resultado com implicaes para polticas em matria depromoo da segurana digital e de capacitao das crianas e adoles-centes para lidarem com a internet tirando partido das suas oportunida-des e minimizando os seus impactos negativos.

    BG

    AT

    DEIE

    IT CY HU ES

    TRELPT

    PL

    UK

    SI

    EE

    DK

    CZ

    BEFR

    NL

    FI

    RO

    LT

    SE

    Figura 7. Resultados do inqurito europeu quanto a vivncias de risco e de dano.11

    70

    60

    50

    40

    30

    3020100

    %

    Experiencedoneormoreriskfactor

    % Bothered by something on the internet

    Average for

    all children

    NO

    11

    Fonte: LIVINGSTONE, S.; LAFSSON, K.: ONEILL, B.; DONOSO, V. Towards a better internet forchildren. London: LSE, EU Kids Online, 2012. ISSN 2045-256X.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    21/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 33

    Para alm do relatrio final que contm ainda recomendaes eindicaes para polticas europeias (LIVINGSTONE; HADDON;

    GRZIG; LAFSSON, 2011), os investigadores lanaram-se de novoem anlises detalhadas aos resultados do inqurito, que dariam origema um novo livro acadmico, Children, Risk and Safety on the internet(LIVINGSTONE; HADDON; GRZIG, 2009b), com 26 captulos emais de 50 autores, a um novo nmero especial do Journal of Childrenand Media (vol.1, 2013) e a uma srie de relatrios sumrios (12-16 p-ginas) de explorao de temas como Redes Sociais, Mediao parental,Uso excessivo, dentre outros, igualmente disponveis no stio do Projeto.

    As equipas analisaram ainda os resultados do seu prprio pas eapresentaram indicaes a interlocutores nacionais: entidades gover-namentais e stakeholders em matria de segurana, educao, proteoinfantojuvenil, indstrias, ONG, acadmicos. Em Portugal, esses resul-tados foram apresentados e comentados por um painel diversificado, nu-ma conferncia nacional em Fevereiro de 2011, que viria a dar origemao livro Crianas e Internet em Portugal (PONTE; JORGE; SIMES;

    CARDOSO, 2012). Apresentamos de seguida de forma sumria algunsdos resultados e indicaes.

    Portugal no contexto europeu: um sumrio

    dos resultados do inqurito EU Kids Online

    As crianas e adolescentes portugueses lideram em termos europeus no

    acesso internet atravs dos seus portteis pessoais (68%), uma consequ-ncia direta de polticas que facilitaram a aquisio desses computadoresa baixo custo para estudantes e que conduziram a uma democratizaoda posse de computadores. A casa o principal local de acesso e umapercentagem elevada (67%) acede internet nos seus quartos, um valoracima da mdia europeia (49%). Contudo, esto entre os que usam me-nos a internet numa base diria (cf. Figura 6), porque o custo do acesso

    pesa no oramento de famlias com menos recursos. Um uso menor vai

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    22/30

    escola superior de propaganda e marketing

    34 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    a par de um valor abaixo da mdia europeia no que se refere a riscos re-portados (9%, para uma mdia europeia de 12%).

    Apesar destes resultados sobre os quatro riscos inquiridos, cerca demetade dos respondentes acima dos 11 anos reportou alguns sinais deuso excessivo (o segundo valor, em termos europeus), algo que podeestar mais relacionado com ansiedade decorrente das limitaes do tem-po do que com a durao do tempo em si mesmo (CARDOSO, 2012).Por outro lado, embora crianas e adolescentes portugueses declaremmais competncias digitais do que a mdia europeia, o cruzamento comas suas respostas a situaes de risco mostra que nem sempre sabem usaressas capacidades para lidar com a situao (JORGE, 2012).

    Resultado tambm do investimento feito em escolas e no currculoem TIC (Tecnologias de Informao e Comunicao), a escola referi-da como local de acesso por 72% das crianas e adolescentes portugue-ses, acima da mdia europeia (63%). Se juntarmos o destaque dos locaispblicos de acesso gratuito internet, referido por 25%, mais do queduplicando a mdia europeia, enquanto os espaos pagos, como os ciber-

    cafs tm pouca expresso (5%), vemos o resultado de polticas pblicasque favoreceram o acesso dos mais novos ao digital.Embora a resposta das famlias, sobretudo as de menores recursos,

    a estas polticas tenha sido positiva, os pais portugueses colocam riscosda internet (os filhos visionarem contedos desadequados idade e se-rem contactados por estranhos) entre as suas principais preocupaes,quase duplicando a mdia europeia (LIVINGSTONE, LAFSSON;ONEILL; DONOSO, 2012, p. 3).

    No que se refere a formas de mediao parental, e de acordo com asrespostas dos filhos, a mais comum falar com eles sobre o que fazemna internet (83%), mas apenas cerca de metade dos pais incentiva o usoda internet para fins de aprendizagem e um pouco menos envolve-se ematividades conjuntas. As variaes por idade pesam menos do que por es-tatuto socioeconmico, com uma acentuada reduo da mediao ativados usos da internet em geral e dos usos seguros em particular entre as

    famlias com menos recursos. Por sua vez, o envolvimento dos professo-

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    23/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 35

    res na mediao ativa dos usos da internet referido por mais de 86%de crianas e adolescentes, colocando Portugal entre os pases europeus

    onde a mediao da escola das mais elevadas. Fora dos seus crculospessoais, crianas e pais comungam o desejo de virem a receber maisinformao sobre usos seguros da internet por parte dos professores e dasescolas, seguindo-se os meios de comunicao social (SIMES, 2012).

    Num pas onde mais de metade (53%) das famlias inquiridas foi con-siderada de nvel socioeconmico baixo12 (para uma mdia europeia de19%), 40% dos pais no acedem internet e 22% declaram fazer usosmuito rudimentares. Familiares e pessoas amigas so as primeiras fontesde informao sobre usos da internet, mas a diversidade social pesa: doisteros das crianas e adolescentes de famlias com menos recursos decla-raram ser totalmente verdade elas saberem mais sobre a internet do queos seus pais, para menos de um tero nas famlias de meio socioecon-mico elevado. Foram crianas de meios socioeconmicos mais desfavo-recidos e mais novas as que mais reportaram sentirem-se incomodadaspelos riscos que encontraram (JORGE, 2012).

    Nos resultados de 2010, Portugal apresenta assim um cenrio dual.Por um lado, dispe de infraestruturas que incluem uma rede nacionalde acesso gratuito (ainda que desigualmente implementada), um forteinvestimento nas escolas e condies de posse de computadores razo-avelmente implantadas que reduzem o primeiro nvel do digital divide,assentes numa retrica de choque tecnolgico, a confiana no poderda tecnologia para provocar a mudana e a incluso digital e social (so-bre o contexto portugus, PONTE, 2011). Por outro lado, diferenciaes

    digitais, culturais e socioeconmicas no seio das famlias que marcamuma desigualdade nas condies para a vivncia digital.

    Num momento em que as crianas se iniciam cada vez mais cedo eem que cresce o acesso por meios mveis, uma resposta articulada a estedesafio passar por uma maior ateno s famlias com menos recursos,tanto a nvel de mensagens mediticas que contrariem os receios mani-

    12

    Para este indicador foram considerados o nvel de instruo e a ocupao do membro do agregado familiar emposio mais elevada.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    24/30

    escola superior de propaganda e marketing

    36 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    festados como nas condies locais para que se aproximem da tecnologia,a usufruam e com isso possam acompanhar mais de perto a experincia

    dos seus filhos, em especial dos mais novos; tambm junto de crianas eadolescentes, escolas e ambientes informais como bibliotecas e outros es-paos de incluso digital so espaos para promover no apenas o acessomas tambm condies e literacia para um uso mais participativo e cr-tico da internet. Estas tm sido sugestes que temos apresentado publi-camente, nomeadamente no Conselho de Acompanhamento do ProjetoInternet Segura, parte do Programa Safer Internet Plus.

    Kids Online Brasil: potencialidades e

    desafios para uma pesquisa comparada

    Alm dos 25 pases europeus, este inqurito foi tambm aplicado na Aus-trlia (GREEN, BRADY; LAFSSON; HARTLEY; LUMBY, 2011) ena Rssia, estendendo-se ao Brasil em 2012, mediante acordo entre o

    Comit Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) e a coordenao do Proje-to, na London School of Economics. Desde 2009 que o Cetic.br realizainquritos de mbito nacional sobre acessos e usos da internet por partede crianas brasileiras, de 5 a 9 anos. Com este acordo, pretendeu-se queesses inquritos contemplassem tambm a faixa etria de 9 a 16 anos, etivessem como base o enquadramento terico e os questionrios da EUKids Online adaptados realidade brasileira. objetivo prosseguir comsua realizao anual.

    Abre-se assim no s a perspetiva de poder ter resultados comparveiscom os europeus mas tambm de poder realizar uma pesquisa longitu-dinal que d conta dos impactos do notvel crescimento no acesso aodigital dos ltimos anos por parte de crianas e adolescentes e tambmdos desafios e das polticas a seguir para que as oportunidades digitaissejam plenamente vividas pelos mais novos, em condies de segurana.

    Estatsticas do Cetic.br indicam que perto de dois teros de crianas

    e jovens brasileiros de 10 a 24 anos j usaram a internet. Cerca de um

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    25/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 37

    quarto de crianas de 5 a 9 anos tambm j o fez, um valor superior aosdos adultos com mais de 45 anos. A muito rpida penetrao da rede

    nos lares brasileiros (com subidas de cerca de 8-12% entre 2010 e 2011)nas vrias regies, nas zonas urbanas e sobretudo entre as classes B e C,consegue ainda ser ultrapassada pelo acesso internet nos celulares, so-bretudo entre as classes com maior poder econmico. A expanso rpidadestas redes digitais evoca a tambm muito rpida difuso da internetentre crianas e jovens nos pases do ex-bloco socialista, consideradoscomo novos usos, novos riscos.

    Porque as realidades nacionais no so exportveis nem podem serignoradas, importa por isso considerar as condies contextuais bra-sileiras para um enquadramento dos resultados do inqurito (o pascomo objeto de estudo, num nvel nacional de anlise, como vimos naFigura 1). Os passos seguintes, para uma investigao comparada coma Europa e nomeadamente com Portugal, sero a leitura do pas comocontexto de estudo, para testar hipteses, e como unidade de anlise,para examinar relaes entre as dimenses que variam entre pases,

    como vimos. neste sentido que a equipa portuguesa do EU Kids Online, con-sultora do projeto brasileiro Kids Online Brasil, tem vindo a sublinharo interesse que teria o envolvimento mais articulado de investigadoresbrasileiros com aqueles que realizam este projeto no terreno, como jfoi feito aquando da discusso da adaptao dos questionrios, em Mar-o de 2012. Nessa altura ocorreu um workshop com 25 participantes, en-tre acadmicos brasileiros, Ministrio da Justia, UNESCO, UNICEF,

    IPSOS e um membro da equipa portuguesa do EU Kids Online, JosAlberto Simes, que apresentou a experincia europeia. Foram tam-bm discutidas questes como as particularidades contextuais a seremtidas em considerao dada a diversidade cultural, econmica e socialdo pas, o desenho da amostra para garantir representatividade nacio-nal, os contedos dos questionrios a utilizar de modo a garantir simul-taneamente comparabilidade e adequao ao contexto, para alm das

    implicaes para polticas pblicas.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    26/30

    escola superior de propaganda e marketing

    38 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    De facto, uma pesquisa comparada muito mais do que traduzirquestionrios preexistentes e aplic-los a amostras consideradas equiva-

    lentes. Como se deu conta na testagem dos questionrios (traduzidosa partir do ingls e usando os de lngua portuguesa como referncia),reencontraram-se velhos problemas identificados na fase de testes cog-nitivos nos 25 pases (HADDON; PONTE, 2012), como a extensodo questionrio, dificuldade em traduzir numa linguagem acessveltermos centrais como bothere upset, dificuldades em perguntas queexigiam um clculo de tempos. Mas outras dificuldades encontradasevocam condies diferenciadas de penetrao da internet, como a di-ficuldade em entender expresses ligadas a redes sociais e a espaos deconversao e ao prprio conceito de segurana na internet, que noestar to embutido no discurso pblico como tem estado no espaoeuropeu. Uma outra caracterstica tambm identificada nos pr-testesfoi a grande dificuldade em responder ao inqurito de autopreenchi-mento por parte de crianas e adolescentes de meios socioeconmicosbaixos, por dificuldades de leitura, e em compreender as instrues.

    Foram necessrias trs rondas de testes para que, finalmente, se esta-bilizassem os questionrios dirigidos a crianas e adolescentes, e a umdos seus pais.

    A testagem dos questionrios levou a sucessivas adaptaes, que tor-naram a linguagem mais coloquial e as perguntas dos entrevistadoresmais curtas e diretas. Levaram ainda a que fossem eliminadas algumasperguntas relacionadas com a extenso dos danos, de modo a reduzir aextenso do questionrio de autopreenchimento, o que decorre tambm

    da perspetiva de se encontrarem valores baixos de respostas relacionadascom risco e danos, decorrentes do baixo uso em geral. Por outro lado,a continuidade da realizao deste inqurito permitir introduzir maistarde essas perguntas enquanto a permanncia de outras permitir umolhar longitudinal.

    No cmputo geral, o questionrio face a face compreende 40 ques-tes, sobre acessos (lugares, meios, frequncia), atividades, redes so-

    ciais, mediao e uma pergunta aberta sobre riscos; o questionrio de

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    27/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 39

    autopreenchimento para crianas de 9-10 anos tem 20 questes e o des-tinado aos 11-16 anos tem 35 questes; por sua vez, o questionrio para

    os pais/cuidadores tem 43 questes. O trabalho de campo foi feito pelaISPOS Brasil, nos meses de Maio e Junho, a uma amostra representa-tiva nacional devidamente ponderada por reas geogrficas e sociais.

    O inqurito Kids Online Brasil tem na sua origem o interesse go-vernamental ao mais alto nvel, para um conhecimento da realidadebrasileira que apostou na adaptao de questionrios europeus e nosenquadramentos tericos que lhe esto na base. um processo quedifere do estudo europeu, financiado igualmente com dinheiros p-blicos. A pesquisa europeia assenta numa rede de acadmicos que in-vestigam a temtica numa dupla dimenso de obteno de resultadosque informem polticas europeias e nacionais e que permitam a reali-zao de trabalho cientfico conjunto: aprofundamento dos resultadosdescritivos com anlises mais elaboradas, avaliao de projetos e estu-dos e sua disponibilizao pblica, produo de guias para a investi-gao sobre crianas e internet, identificao de lacunas na pesquisa

    e desenho de novos estudos, nomeadamente de natureza qualitativae longitudinal, na presente fase. Por seu lado, a pesquisa brasileira conduzida por uma empresa especializada em estudos nesta rea, quetem como objetivo essencial a descrio da situao para informarpolticas pblicas.

    Contudo, esta pode ser uma oportunidade excelente para pesqui-sadores brasileiros de vrias reas disciplinares se articularem tambmem rede e tirarem partido do imenso manancial de informao que

    este estudo proporciona sobre o contexto brasileiro, as prticas digitaisdas crianas e adolescentes, as mediaes por parte de pais, professorese outros e o que constitui oportunidades e danos. Embora a tradioda pesquisa em Comunicao e Educao no Brasil tenha um traometodolgico mais qualitativo do que quantitativo, pensamos que odesafio cientfico no est apenas no mtodo mas e em primeirolugar nas perguntas que se podem fazer, nos enquadramentos e con-

    ceitos tericos para pensar os problemas de modo crtico. Pela nossa

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    28/30

    escola superior de propaganda e marketing

    40 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    parte, deixamos um testemunho de como tem sido possvel trabalharem equipa, de modo interdisciplinar e estimulante, tanto a nvel do

    pas como no contexto internacional. A proximidade entre a rede bra-sileira e a equipa portuguesa tiraria partido da nossa lngua comum;uma perspetiva comparada mais ambiciosa do que a simples descrioda situao em cada pas permitiria olhar para cada um deles comocontextos de estudo para verificar hipteses sobre questes de inclusodigital, e como unidades de anlise para verificar o que apresentamde semelhante e de diferente relativamente a outros pases europeus.O desafio fica lanado.

    Referncias

    CARDOSO, D. A cultura do quarto e o uso excessivo da internet. In: C. PONTE; JORGE,

    A; SIMES, J. A.; CARDOSO, D. Resultados nacionais do inqurito EU Kids Online.

    Crianas e internet em Portugal. Coimbra: MinervaCoimbra, 2012.p. 57-73.

    GREEN, L.; BRADY, D.; LAFSSON, K.; HARTLEY, J; LUMBY, C. Risk and safety forAustralian children on the internet. Full findings from theAU Kids Online survey of 9-16

    year olds and their parents, 2011. Disponvel em: http://cultural-science.org/journal/in-

    dex.php/culturalscience/article/viewFile/49/129. Acesso em: 25 jun. 2012.

    HASEBRINK, U.; LIVINGSTONE, S.; HADDON, L.; LAFSSON, K. Comparing chil-

    drens online opportunities and risks across Europe: cross-national comparisons for EU

    Kids Online. London: LSE, 2009.

    HADDON, L.; PONTE, C. A. Pan-European Study on Childrens Online experiences: Con-

    tributions from Cognitive Testing. (OBS*) Observatorio, v. 6, n. 2, p. 239-257, 2012.

    Disponvel em: http://obs.obercom.pt/index.php/obs/article/view/579. Acesso em: 25

    jun. 2012.

    JORGE, A. Em risco na internet? Resultados nacionais do inqurito EU Kids Online. In: C.

    PONTE; JORGE, A.; SIMES, J.A.; CARDOSO, D. Crianas e internet em Portugal.

    Coimbra: MinervaCoimbra, 2012. p.93-104.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    29/30

    comunicao, mdia e consumo so paulo ano 9 vol. 9 n. 25 p.13-42 ago. 2012

    d

    o

    s

    s

    i

    cristina ponte 41

    LIVINGSTONE, S.; HADDON, L. EU Kids Online: Final Report. London: LSE, 2009a.

    Disponvel em: http://www2.lse.ac.uk/media@lse/research/EUKidsOnline/EU%20

    Kids%20I%20%282006-9%29/EU%20Kids%20Online%20I%20Reports/EUKidsOnline-FinalReport.pdf. Acesso em: 25 jun. 2012.

    LIVINGSTONE, S.; HADDON, L. (Org.). Kids Online. Bristol: Policy Press, 2009b.

    LIVINGSTONE, S.; HADDON, L.; GRZIG, A.; LAFSSON, K. Risks and safety on the

    internet: The perspective of European children. Full Findings. LSE, London: EU Kids

    Online, 2011

    LIVINGSTONE, S.; HADDON, L.; GRZIG, A. (Org.). Children, risk and safety on the

    internet. Bristol: Policy Press, 2012.

    LIVINGSTONE, S.; LAFSSON, K.; ONEILL, B.; DONOSO, V. Towards a better inter-

    net for children. London: LSE, EU Kids Online, 2012. ISSN 2045-256X. Disponvel em:

    http://www2.lse.ac.uk/media@lse/research/EUKidsOnline/EU%20Kids%20III/Reports/EU-

    KidsOnlinereportfortheCEOCoalition.pdf . Acesso em: 25 jun. 2012.

    LOBE, B.; LIVINGSTONE, S.; HADDON, L. Researching childrens experiences on the

    Internet across Countries: Issues and Problems in Methodology. 2007. Disponvel em:

    http://eprints.lse.ac.uk/2856/1/D4.1_Report-Methodological_issues.pdf. Acesso em:

    25 jun. 2012.LOBE, B.; LIVINGSTONE, S.; LAFSSON, K.; SIMES, J. A. Best practice research

    guide: How to research children and online technologies in comparative perspec-

    tive. London: LSE, 2008. Disponvel em: http://eprints.lse.ac.uk/21658/. Acesso em:

    25 jun. 2012.

    PONTE, C. Explorando o conceito dos jornalistas como comunidade interpretativa transna-

    cional. Um estudo comparado de notcias em 13 jornais europeus. Revista Estudos em

    Jornalismo e Mdia, Florianpolis, UFSC, v. 6, n. 1, 2009. Disponvel em: www.periodi-

    cos.ufsc.br/index.php/jornalismo. Acesso em: 26 jun. 2012.

    PONTE, C. A rede de Espaos Internet entre paradoxos e desafios da paisagem digital. Media

    & Jornalismo, v. 19, p. 39-58, 2011. Disponvel em: http://www.cimj.org/images/stories/

    docs_cimj/cp_19.pdf. Acesso em: 26 jun. 2012.

    PONTE, C.; JORGE, A.; SIMES, J. A.; CARDOSO, D. (Org.) Crianas e internet em

    Portugal. Coimbra: MinervaCoimbra, 2012.

  • 7/28/2019 310-359-1-PB

    30/30

    42 kidsonline na europa e no brasildo

    s

    s

    i

    SIMES, J. A. Mediaes dos usos da internet. Resultados nacionais do inqurito EU Kids

    Online. In: C. PONTE; JORGE, A.; J. A. SIMES; CARDOSO, D. Crianas e Internet

    em Portugal. Coimbra, MinervaCoimbra:121-143, 2012.STAKSRUD, E.; LIVINGSTONE, S.; HADDON, L.. What do we know about childrens use

    of online technologies?A report on data availability and research gaps in Europe. London:

    LSE, 2009.

    STALD, G.; HADDON, L. Cross-cultural contexts of research. Factors influencing the study

    of children and the internet in Europe. London: LSE, EU Kids Online, 2009.