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    Cristo, o Mediador

    W. Gary Crampton, Th.D.

    First Presbyterian Church of Rowlett,Blue Banner E-Books

    P O Box 141084Dallas, TX 75214

    Traduo: Felipe Sabino de Arajo [email protected]

    Monergismo.comA o Senhor Pertence a Salvao

    mailto:[email protected]:[email protected]
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    CONTEDO

    PRE FCIO DO PUBLICADOR...............................................................................................................................3

    INTRODUO ...........................................................................................................................................................4

    CAPTULO UM: O PLANO ETERNO DE SALVAO DE DEUS E A TEOLOGIA DO PACTO ..........6CAPTULO DOIS: A PESSOA DE CRISTO ........................................................................................................12

    ONOME JESUS .....................................................................................................................................................13 TTULOSCRISTOLGICOS........................................................................................................................................13 CRISTO .....................................................................................................................................................................13 SENHOR....................................................................................................................................................................14 FILHO D O HOMEM...................................................................................................................................................15 FILHO D E DAVI........................................................................................................................................................15 SERVO ......................................................................................................................................................................16 PALAVRA DE DEUS..................................................................................................................................................16 DEUS ........................................................................................................................................................................17 FILHO D E DEUS.......................................................................................................................................................18 JESUSCRISTO:UMA PESSOA E DUASNATUREZAS..................................................................................................19 ANATUREZA DIVINA..............................................................................................................................................19 ANATUREZA HUMANA ...........................................................................................................................................22 AUNIDADE DA PESSOA...........................................................................................................................................24 ACOMUNICAO DOSATRIBUTOS .........................................................................................................................28 OS ESTADOS DE CRISTO ..........................................................................................................................................29 OESTADO DE HUMILHAO ..................................................................................................................................29 OESTADO DE EXALTAO.....................................................................................................................................30

    CAPTULO TR S: A OBRA DE CRISTO ...........................................................................................................32

    ATRINDADE ............................................................................................................................................................32 AOBEDINCIA ATIVA E PASSIVA DE CRISTO .........................................................................................................35

    OS TRS OFCIOS DE CRISTO ..................................................................................................................................36 OOFCIO DE PROFETA ...........................................................................................................................................37 OOFCIO DE SACERDOTE.......................................................................................................................................38 OOFCIO DE REI .....................................................................................................................................................40 AEXPIAO.............................................................................................................................................................42

    AP N DICE: EXCLUSIVISMO CRISTO ..........................................................................................................52

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    Prefcio do Publicador

    Uma vez mais, o privilgio daBlue Bannerapresentar ao pblico leitor uma obra da pena

    do Dr. Gary Crampton. Previamente, o Dr. Crampton escreveu vrios artigos para o jornalda Blue Banner e foi o nosso prazer publicar a sua obra, da qual sou co-autor, sobre adoutrina da igreja,Built Upon T he Rock .

    O apstolo Paulo disse igreja em Corinto, em 1Corntios 2:2, que ele estava determinado ano saber nada entre eles, exceto Jesus Cristo e ele crucificado. Ao fazer tal afirmao,Paulo estava afirmando o carter central da doutrina da pessoa e obra de Jesus Cristo. Elemais tarde disse aos mesmos corntios que a sua regra era pregar no a ns mesmos, mas aCristo Jesus como Senhor e a ns mesmos como vossos servos, por amor de Jesus(2Corntios 4:5).

    vital para a vida crist, ento, que conheamos a pessoa e obra de Jesus Cristo. Muitotem sido dito nos crculos evanglicos de hoje sobre desejar um relacionamento antes doque uma religio. Isso uma pena, pois na maioria das vezes esse desejo flui de umcompromisso, no com o Cristo histrico da Escritura, mas com algum Cristo da prpriaimaginao da pessoa.

    ABlue Bannerpublica esse tratado com a sincera esperana de que pessoas possam chegar aconhecer Jesus Cristo, e assim terem vida eterna, como ensina a Escritura: E a vida eterna esta: que te conheam a ti, o nico Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem [ele]enviaste (Joo 17:3).

    Dr. Richard Bacon

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    Cristo o Mediador:Um E studo da Cristologia de Westminster

    W. Gary Crampton, Th.D.

    Introduo

    Foi em Cesaria de Filipe que Jesus perguntou aos seus discpulos: E vs, quem dizeis queeu sou? (M ateus 16:15). A pergunta, embora simples, tem a ver com assuntos deconseqncia eterna. Pedro respondeu ao seu Senhor: Tu s o Cristo, o Filho do Deusvivo (versculo 16). De acordo com Jesus, nenhuma outra resposta seria satisfatria.Somente essa resposta receberia seu elogio: Bem-aventurado s, Simo Barjonas, porque

    no foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que est nos cus (versculo 17).

    Dois mil anos depois o mesmo ainda verdadeiro. Ainda no existe nenhum outronome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos (A tos 4:12). JesusCristo ainda o caminho, a verdade e a vida, [e] ningum vem ao Pai, exceto atravs [dele](Joo 14:6). O prprio Jesus declarou que o destino eterno de todos os homens depende dacrena deles nele: se no crerdes que EU SOU [o nome pactual para Deus, Jeov],morrereis nos vossos pecados (Joo 8:24). Como o Breve Catecismo deW estminster(Q 21) diz:o nico Redentor dos eleitos de Deus o Senhor Jesus Cristo.

    Certamente Joo Calvino no exagerou ao manter que para os eleitos de Deus, todos os

    benefcios, incluindo o seu destino eterno, est baseado em seu conhecimento salvador de(e assim, sua unio com) Jesus Cristo:

    Pois bem, tendo visto que a soma total e todas as parcelas da nossa salvao estocontidas em Jesus Cristo (A tos 4:12), tenhamos o cuidado de no transferir paraoutros sequer a menor poro que se possa mencionar. Se buscamos salvao, s onome de Jesus j nos ensina que nele est (1Corntios 1:30).Se desejamos os dons doEsprito Santo, em sua uno os encontraremos. Se procuramos poder, este se achaem seu senhorio. Se nos preocupa a obteno de pureza, esta nos oferecida emsua concepo. Se nosso desejo encontrar dulor e benignidade, temos [esta suavebno] em sua natividade, pela qual ele foi feito semelhante a ns (H ebreus 2:17)

    para aprender a ser objeto de piedade ou d (confirme H ebreus 5:2). Se clamamospor redeno, nos dada por sua paixo [e morte sacrificial]. Em sua condenaotemos a nossa absolvio. Se desejamos que a maldio seja removida de ns,obtemos esse benefcio em sua Cruz (Glatas 3:13). A satisfao [prestada justiade Deus] ns a temos em seu sacrifcio; a purificao, em seu sangue; a nossareconciliao feita por sua descida aos infernos. A mortificao da nossa carneacha-se em seu sepultamento; a novidade de vida, em sua ressurreio, na qualtemos a esperana da imortalidade. Se buscamos a herana celestial, -nosassegurada por sua ascenso. Se procuramos auxlio, consolo, fortaleza eabundncia de todos os bens, no seu reino os temos. Se queremos esperar comsegurana o juzo, temos juntamente com o juzo o benefcio de que ele o nosso

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    juiz. Em suma, uma vez que em Cristo esto os depsitos de todas as suas riquezas,de todos os seus bens, preciso que dele os retiremos, no de outros. 1

    Esse sendo o caso, a importncia do estudo da doutrina de Cristo (Cristologia)dificilmente pode ser super-enfatizada. Tal ser o foco desse livro. Os telogos

    normalmente subdividem o estudo da Cristologia em duas partes: a Pessoa de Cristo(ontologia: quem ele ) e a obra de Cristo (funo: o que ele faz). Essas duas nunca devemser separadas, mas devem ser distinguidas. E comearemos estudando a Pessoa de Cristo.Pois a obra de Cristo, no importa quo grande ela seja, perde o seu significado se ele no o Deus-homem como ensinado na Escritura. Antes de comearmos esse estudo, contudo,examinaremos o plano eterno de Deus de salvao e a teologia do pacto.

    1John Calvin,Institutes of the Christian R eligion. Vols. I & II, Library of the Christian Classics, John T. McNeill,editor, traduzido por Ford Lewis Battles (Philadelphia: Westminster, 1960), II:16:19.

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    Captulo Um: O Plano E terno de Salvao de Deus e aTeologia do Pacto

    De acordo com o captulo trs da Confisso de F de Westminster:

    Desde toda a eternidade, Deus, pelo muito sbio e santo conselho da sua prpriavontade, ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece....

    Ainda que Deus sabe tudo quanto pode ou h de acontecer em todas ascircunstncias imaginveis, ele no decreta coisa alguma por hav-la previsto comofutura, ou como coisa que havia de acontecer em tais e tais condies.

    Pelo decreto de Deus e para manifestao da sua glria, alguns homens e algunsanjos so predestinados para a vida eterna....

    Esses homens e esses anjos, assim predestinados e preordenados, so particular eimutavelmente designados; o seu nmero to certo e definido, que no pode sernem aumentado nem diminudo.

    Segundo o seu eterno e imutvel propsito e segundo o santo conselho ebeneplcito da sua vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu emCristo para a glria eterna os homens que so predestinados para a vida; para olouvor da sua gloriosa graa, ele os escolheu de sua mera e livre graa e amor, e nopor previso de f, ou de boas obras e perseverana nelas, ou de qualquer outracoisa na criatura que a isso o movesse, como condio ou causa.

    Assim como Deus destinou os eleitos para a glria, assim tambm, pelo eterno emui livre propsito da sua vontade, preordenou todos os meios conducentes a essefim; os que, portanto, so eleitos, achando-se cados em Ado, so remidos porCristo, so eficazmente chamados para a f em Cristo pelo seu Esprito, que operano tempo devido, so justificados, adotados, santificados e guardados pelo seupoder por meio da f salvadora. Alm dos eleitos no h nenhum outro que sejaremido por Cristo, eficazmente chamado, justificado, adotado, santificado e salvo.

    O que a Confisso est definindo aqui o plano eterno de Deus de salvao. A Bblia ensinaque Deus eternamente decretou todas as coisas que acontecem (E fsios 1:4,11;Isaas 14:24-27). Nada pode mudar seu decreto soberano. Ele foi estabelecido em sabedoria (E fsios 3:9-

    11), e est eternamente fixado (J 42:2). Assim como h apenas um decreto, pode haversomente um propsito eterno. Todavia, esse propsito eterno (prothesis, que sempreencontrado no singular: E fsios 1:11; 3:11;Romanos 8:28; 9:11-13; 2 Timteo 1:9) consiste devrias partes. Portanto, os telogos geralmente se referem aos decretos (plural) divinos.

    Alm do mais, as vrias partes do decreto eterno de Deus deveriam ser vistas como fixadasnuma ordem lgica antes do que cronolgica. Deus onisciente. Ele no tem uma sucessode idias; isto , ele no aprende fatos um aps o outro. Deus eternamente conhece todasas coisas, simplesmente porque ele onisciente: Conhecidas de Deus so todas as suasobras desde a eternidade (A tos 15:18).

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    Mas, embora Deus no tenha uma sucesso de idias, ele tem uma idia de sucesso. Porconseguinte, seu propsito eterno consiste de vrias partes, que tm uma relao lgica.Resumindo, Deus tem um plano. B. B. Warfield escreve:

    No parece ser necessrio parar para discutir a questo anterior de se Deus, em suas

    atividades salvadoras, age de acordo com um plano. Que Deus age de acordo comum plano em todas as suas atividades, j aceito no tesmo. Sobre oestabelecimento de um Deus pessoal, essa questo est encerrada. Por pessoa deve-se entender propsito: precisamente o que distingue uma pessoa de uma coisa queseus modos de ao tm propsitos, que tudo o que ela faz dirigido para um fim eprocede atravs da escolhas de meios para esse fim...

    Se cremos num Deus pessoal, ento, e muito mais se, sendo testas, cremos nocontrole imediato por esse Deus pessoal do mundo que ele criou, devemos crernum plano fundamental para tudo o que Deus faz, e, portanto, num plano desalvao tambm. A nica questo que pode se levantar diz respeito no realidade,

    mas natureza do plano.2

    Qual, de acordo com a Escritura, o propsito eterno de Deus? Declarado de uma formasimples, o propsito eterno de Deus glorificar a si mesmo (Isaas 43:7,21; 1 Corntios 15:28;Filipenses 2:11), atravs da glorificao do seu Filho, como o primognito entre muitosirmos (R omanos 8:29), e o Senhor da igreja (Colossenses 1:18). No propsito eterno deDeus, ele determinou que seu filho seria o noivo da sua Igreja, que seria conformada suaimagem (R omanos 8:29; 2 Corntios 3:17-18). Assim, ele determinou salvar um povo (a igreja),a quem ele eternamente escolheu.

    Em E fsios 1:9-10 lemos que a Pessoa e obra de Jesus Cristo est no princpio, no centro e

    no final do propsito eterno de Deus. Em E fsios 3:9-11 Paulo escreve que Deus crioutodas as coisas atravs de Jesus Cristo; para que [isto , para o propsito de] agora, pelaigreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades noslugares celestiais. Isto foi de acordo com o eterno propsito que ele realizou em CristoJesus, nosso Senhor. Assim, a igreja de Cristo permanece com o Redentor dela noprincpio, no centro e no final do propsito eterno de Deus. Isso confirmadoadicionalmente emRomanos 8:28; 9:11-13; e 2 Timteo 1:9.

    aparente a partir de passagens da Escritura tais como Isaas 53:10-11; H ebreus 13:20; eA pocalipse 13:8, que houve um conselho eterno do Deus trino que precedeu a criao. Esseconselho eterno algumas vezes chamado de pacto da redeno para distingui-lo da

    execuo na histria desse decreto eterno, que designado como o pacto da graa. Nesseconselho eterno, Deus o Pai, representando a Trindade, pactuou com Deus o Filho,representando a igreja, para redimir os pecadores eleitos. Como declarado na Confisso deW estminster(8:1):

    Aprouve a Deus [o Pai] em seu eterno propsito, escolher e ordenar o SenhorJesus, seu Filho Unignito, para ser o Mediador entre Deus e o homem, o Profeta,Sacerdote e Rei, o Cabea e Salvador de sua Igreja, o Herdeiro de todas as coisas eo Juiz do Mundo; e deu-lhe desde toda a eternidade um povo para ser sua sementee para, no tempo devido, ser por ele remido, chamado, justificado, santificado eglorificado.

    2Benjamin B. Warfield, The Plan of Salvation (Boonton: Simpson Publishing Company, 1989), 6-7.

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    Uma vez que o propsito eterno foi estabelecido, o Deus trino racionalmente determinouos meios pelos quais realizaria o seu propsito. Isso chamado de a viso supralapsariana(supra, acima; lapsus, queda) da ordem dos decretos divinos. Isto , a ordem lgica dosdecretos divinos encontra o decreto da eleio e da reprovao como sendo anteriores ao,ou acima do (supra), decreto de causar a Queda (lapsus). Isso est de acordo com as

    passagens que temos observado. A viso infralapsariana (infra; abaixo), por outro lado,afirma que o decreto da eleio e da reprovao foi aps, ou abaixo (infra), o decreto decausar a Queda.

    A viso supralapsariana a mais bblica. Um planejador racional executa seu plano naordem inversa do seu propsito determinado. Isto , a ordem temporal o reverso daordem lgica. Deus, que sempre racional, e que sempre age com um propsito,naturalmente agiria dessa forma. Um supralapsariano consistente mantm que a ordemlgica dos decretos divinos, para glorificar o Pai, atravs da glorificao do seu Filho, aseguinte:

    O decreto de eleger alguns pecadores para a salvao em Cristo (E fsios 1:3-14), ereprovar os outros (Romanos 9:22-23).

    O decreto de redimir os pecadores eleitos, tanto do Antigo como do NovoTestamento, atravs da obra redentora de Cristo na cruz (E fsios 1:7).

    O decreto de causar a Queda atravs de Ado, o cabea federal da raa humana(Gnesis 3;Romanos 5:12-19).

    O decreto de criar o mundo (incluindo a humanidade) para fornecer a arena na qualtodas essas coisas ocorreriam (Gnesis 1).

    De uma forma resumida, Robert Reymond escreve:

    Em seu propsito eterno Deus intencionalmente integrou tanto o propsito dacriao como tambm as ordenanas da criao num plano redentor mais primrioque realizaria em Cristo... A criao ento foi intencionada como o palco sobre oqual o desgnio redentor de Deus seria executado e cumprido... A raison dtre dacriao ento servir os fins redentores de Deus. 3

    A Pessoa e obra de Cristo permanecem (com sua Igreja) no princpio, centro e fim dopropsito eterno de Deus. Cristo o Cordeiro [de Deus] que foi morto desde a fundao

    do mundo (A pocalipse 13:8). Muito antes da queda de Ado, a obra sacrificial de Cristosobre a cruz tinha sido planejada. Ento, na plenitude dos tempos, Cristo veio, como oBreve Catecismo (Q 21) diz, como o Redentor dos eleitos de Deus, e todas as coisas foramcongregadas nele (E fsios 1:9-10; Colossenses 1:20).

    Como notado acima, o plano eterno de salvao, onde Cristo e sua obra redentora emfavor da sua Igreja so centrais, est fundamentado no conselho inter-Trinitariano que referido como o pacto da redeno. Ento, quando o plano foi executado, o foi por meiodo pecado. Isso sendo assim, no um exagero afirmar que um entendimento apropriado

    3Robert L. Reymond, A N ew S ystematic Theology of the Christian Faith (Nashville: Thomas Nelson Publishers,1998), 397-398.

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    da teologia do pacto essencial se algum h de ter uma compreenso bblica da relaoentre Deus e suas criaturas. De acordo com a Confisso de F de W estminster(7:1):

    To grande a distncia entre Deus e a criatura, que, embora as criaturas racionaislhe devam obedincia como ao seu Criador, nunca poderiam fruir nada dele como

    bem-aventurana e recompensa, seno por alguma voluntria condescendncia daparte de Deus, a qual foi ele servido significar por meio de um pacto.

    O homem, diz a Confisso, deve obedincia a Deus, simplesmente porque criatura deDeus. Mas o homem nunca poderia fruir nada dele como [sua] bem-aventurana erecompensa, aparte do fato que Deus escolheu entrar num pacto com as suas criaturas. ABblia ensina que quando Deus criou Ado, ele entrou num pacto de obras com ele. Comodeclarado na Confisso (7:2): O primeiro pacto feito com o homem era um pacto de obras;nesse pacto foi a vida prometida a Ado [como o cabea federal de toda a raa humana] enele sua posteridade, sob a condio de perfeita obedincia pessoal.

    Contudo, como lemos emRomanos 5, Ado desobedeceu a Deus. E como ele era o cabeafederal ou pactual de toda a raa humana, seu pecado foi imputado humanidade inteira.Diz o Breve Catecismo (Q 16): Visto que o pacto foi feito com Ado, no s para ele, mastambm para a sua posteridade, todo o gnero humano, que dele procede por geraoordinria, pecou nele e caiu com ele na sua primeira transgresso.

    Todos os homens, portanto, como um resultado da Queda, so judicialmente culpados. Opecado de Ado foi imputado a todos. Esse estado no qual o homem se encontra agora,como afirmado pela Confisso (6:2,4), um de depravao total. Isto , o homem caiu detal forma do seu estado de retido original e da comunho com Deus, [que ele] se tornoumorto em pecado e inteiramente corrompido em todas as suas faculdades e partes do

    corpo e da alma. Por conseguinte, todos os seres humanos esto agora totalmenteindispostos, adversos a todo o bem e inteiramente inclinados a todo o mal.

    Mas, como ensina o Breve Catecismo (Q 20-21), Deus no deixou toda a humanidade perecernesse estado: Tendo Deus, unicamente pela sua boa vontade, desde toda a eternidade,eleito alguns para a vida eterna, entrou com eles em um pacto de graa, para os livrar doestado de pecado e misria, e os trazer a um estado de salvao, por meio de umRedentor... o Senhor Jesus Cristo. E o pacto da graa, que a execuo histria do pactoda redeno, como diz o Catecismo Maior (Q 31), foi feito com Cristo, como o segundoAdo, e nele, com todos os eleitos, como sua semente.

    E, como a Confisso (7:4) continua para manter, o caminho para os eleitos herdarem a suaherana eterna por meio da morte testamentria do inaugurador do pacto, Jesus Cristo:Este pacto da graa freqentemente apresentado nas Escrituras pelo nome deTestamento, em referncia morte de Cristo, o testador, e perdurvel herana, com tudoo que lhe pertence, legada neste pacto.

    Alm do mais, em contraste com as afirmaes errneas do Dispensacionalismo comoencotradas, por exemplo, na Bblia de Referncia S cofield, na N ova Bblia de Referncia S cofieldena Bblia de E studo R yrie a Bblia ensina que h um pacto da graa que est em vigordurante toda a histria redentora, e h somente um meio de salvao.

    Como declarado na Confisso (7:5-6):

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    Este pacto [de graa] no tempo da Lei no foi administrado como no tempo doEvangelho [Novo Testamento]. Sob a Lei foi administrado por promessas,profecias, sacrifcios, pela circunciso, pelo cordeiro pascoal e outros tipos eordenanas dadas ao povo judeu, prefigurando, tudo, Cristo que havia de vir; poraquele tempo essas coisas, pela operao do Esprito Santo, foram suficientes e

    eficazes para instruir e edificar os eleitos na f do Messias prometido, por quemtinham plena remisso dos pecados e a vida eterna: essa dispensaro chama-se oVelho Testamento.

    Sob o Evangelho, quando foi manifestado Cristo, a substncia, as ordenanas pelasquais este pacto [de graa] dispensado so a pregao da palavra e a administraodos sacramentos do batismo e da ceia do Senhor; por estas ordenanas, posto quepoucas em nmero e administradas com maior simplicidade e menor glria externa,o pacto manifestado com maior plenitude, evidncia e eficcia espiritual, a todasas naes, aos judeus bem como aos gentios. chamado o Novo Testamento. Noh, pois, dois pactos de graa diferentes em substncia mas um e o mesmo sob

    vrias dispensaes.O pacto de graa foi inicialmente revelado em Gnesis 3:15, com a primeira promessamessinica ou promessa do evangelho (o protevangelium), diretamente aps a Queda.Como ensinado na Confisso (7:3):

    O homem, tendo-se tornado pela sua queda incapaz de vida por esse pacto, oSenhor dignou-se fazer um segundo pacto, geralmente chamado o pacto da graa;nesse pacto ele livremente oferece aos pecadores a vida e a salvao por JesusCristo, exigindo deles a f nele para que sejam salvos; e prometendo dar a todos osque esto ordenados para a vida o seu Santo Esprito, para disp-los e habilit-los a

    crer.Como Paulo ensina em E fsios 2:12, h uma unidade temtica de todos os pactos. Eleescreve dos pactos (plural) da promessa (singular).4 A promessa o pacto da graa.Todos os pactos que Deus estabeleceu com o seu povo (e.g., Ado, No, Abrao, Davi)so um desenvolvimento de um nico pacto da graa. Ou dito de outra forma: Apromessa singular, para significar que o pacto [da graa], na realidade, esubstancialmente, um e o mesmo em todos os tempos, mas somente diferente em seusincidentes e circunstncias externas. 5

    Com a vinda da era do Novo Testameto, a promessa que perdurou por todo o Antigo

    Testamento alcanou seu cumprimento com o advento do Redentor, Jesus Cristo. EscreveCalvino:

    A primeira promessa de salvao foi dada a Ado [em Gnesis 3:15]. Houve comoque somente uma centelha fosca. Ento, pouco a pouco a luz foi aumentando emplenitude, continuamente crescendo e espalhando sua radincia mais amplamente.

    4Nota do tradutor: Que, naquele tempo, estveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhosaos concertos da promessa, no tendo esperana e sem Deus no mundo (ARC). Naquele tempo, estveissem Cristo, separados da comunidade de Israel e estranhos s alianas da promessa, no tendo esperana esem Deus no mundo (ARA). Naquele tempo, estveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel e

    estranhos s alianas da promessa, no tendo esperana e sem Deus no mundo (NVI).5 Jamieson, Fausset, and Brown, Commentary Practical and E xplanatory on the W hole Bible (Grand Rapids:Zondervan, 1978), 1284-1285.

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    No final quando todas as nuvens estavam dissipadas Cristo, o Sol da Justia,iluminou completamente toda a terra. 6

    Assim como o Novo Testamento ensina, Cristo realizou a redeno em favor dos eleitos,trazendo assim fruio tudo dos tipos dos pactos anteriores (H ebreus 8-10). Ele o

    Amm de todas as promessas de Deus (2Corntios 1:20). Em Cristo, todas as coisas queesto escritas na Lei de Moiss, nos Profetas e nos Salmos alcanam seu cumprimento(L ucas 24:44).

    6John Calvin,Institutes of the Christian R eligion. Vols. I & II, Library of the Christian Classics, John T. McNeill,editor, traduzido por Ford Lewis Battles (Philadelphia: Westminster, 1960), II:10:20.

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    Captulo Dois: A Pessoa de Cristo

    Como apresentado na Introduo, o estudo da Cristologia trata com a doutrina daPessoa (ontologia) e obra (funo) de Jesus Cristo. Os estudiosos modernos de hoje

    frequentemente tentam separar esses dois aspectos da Cristologia. Oscar Cullmann, porexemplo, critica a igreja primitiva (como testemunhado nos Conclios de Nicia [325] eCalcednia [451]) por se focarem muito na Pessoa de Cristo (quem ele ). Antes, dizCullmann, a preocupao do Novo Testamento com sua funo (o que ele faz). 7Contudo, como Robert Reymond aponta:

    Eu insistiria que muito superficial sugerir que os homens podem se concentrarpara sempre no que Jesus fez por eles e nunca tratar a questo ontolgica de quemele . De fato, seria psicologicamente impossvel, tanto para os homens modernoscomo para os homens dos tempos do Novo Testamento, se satisfazerem com uminteresse somente na significncia funcional de Jesus e nunca questionar ou tratar

    da questo ontolgica que sua significncia funcional fora sobre eles. 8

    Reymond est correto. A Pessoa de Cristo e a obra de Cristo esto inseparavelmenterelacionadas. Mas visto que a primeira fundacional para a ltima, esse captulo seconcentrar na sua Pessoa. Primeiro analisaremos os nomes e ttulos que a Bblia atribui aJesus Cristo. Isso nos dar algumas idias tanto sobre sua Pessoa como sobre sua obra.

    Na Bblia, os nomes so muito importantes. Algumas vezes o nome de uma pessoa oequivalente do seu portador. O homem Nabal (o nome em hebraico significa louco), porexemplo, era simplesmente como o seu nome: Porque o que significa o seu nome ele :

    Nabal [louco] o seu nome, e a loucura est com ele (1Samuel 25:25). Em outras ocasies,a mudana do nome de uma pessoa representava sua mudana em status. Quando Deusmudou o nome de Abro para Abrao (significando o pai de muitos), isso significou queele se tornaria o pai de muitas naes (Gnesis 17:5).

    O nome de Deus particularmente significante. Ele virtualmente sinnimo do prprioDeus. De acordo com os escritos da Sagrada Escritura, o Senhor salva por seu nome(Salmo 54:1), ele protege por seu nome (Salmo 20:1), e seu nome uma torre forteonde os justos encontram refgio (Provrbios 18:10). Alm do mais, os piedosos confiam emseu nome (Salmo 20:7), eles se regozijam em seu nome (Salmo 89:16), e oraminvocando o seu nome (Salmo 80:18;M ateus 6:9). Algum nunca deve tomar o nome deDeus em vo (xodo 20:7), nem jurar falsamente em seu nome (L evtico 19:12). De fato,como L evtico 24:16 ensina, to forte era a proibio contra blasfemar o nome do Senhor(isto , o prprio Deus), que isso era considerado um delito capital.

    O mesmo pode ser dito com respeito aos ttulos atribudos a Deus na Escritura. DeusAltssimo (Gnesis 14:19-20), Senhor ou Mestre (Gnesis 15:2; Salmo 8:1,9), e DeusTodo-Poderoso (Gnesis 17:1; xodo 6:3), so exemplos de ttulos que nos dizem algosignificante sobre o Deus da Escritura.

    7 Oscar Cullmann, The Christology of the N ew Testament, traduzido por S. C. Guthrie and C. A. M. Hall (London:

    SCM Press, 1959), 3-17.8 Robert L. Reymond, Jesus, Divine Messiah: The N ew Testament W itness (Phillipsburg: Presbyterian andReformed, 1990), 12-13.

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    Na Antiga Aliana, os profetas (1Reis 19:16; Salmo 105:15;Isaas 61:1-2), sacerdotes (xodo29:7; Salmo 133:2), e reis (1 Samuel 10:1; 16:13; Salmo 2:2,6), eram todos ungidos pararealizar os seus chamados dados por Deus. O mesmo verdadeiro de Jesus, o Cristo. Emseu batismo, ele foi ungido pelo Esprito Santo (M ateus 3:16-17;H ebreus 1:9), e como o

    Breve Catecismo de W estminster (Q 23) diz, veio como nosso Redentor, [e] exerce o ofcio deProfeta, Sacerdote e Rei.

    Como Cristo exerce os ofcios de Profeta, Sacerdote e Rei? Diz o Catecismo (Q 24-26): 10

    Cristo exerce o ofcio de profeta, revelando-nos, pela sua Palavra e pelo seuEsprito, a vontade de Deus para a nossa salvao.

    Cristo exerce o ofcio de sacerdote, oferecendo-se a si mesmo, uma s vez, emsacrifcio, para satisfazer a justia divina, para reconciliar-nos com Deus e para fazercontnua intercesso por ns.

    Cristo exerce o ofcio de rei, sujeitando-nos a si mesmo, governando-nos eprotegendo-nos, reprimindo e subjugando todos os seus e os nossos inimigos.

    H outros ttulos usados de Jesus, alguns dos quais sero estudados abaixo em maiordetalhe, que enfatizam os seus trs ofcios. Por exemplo, ele chamado de profeta (L ucas7:16; Joo 6:14; A tos 3:22-23), mestre(M ateus 12:38; 22:16), rabi (Joo 20:16), e aPalavra (Joo 1:1,14; 1 Joo 1:1; A pocalipse 19:13). Esses ttulos falam do ministrioproftico de Jesus. Os autores do Novo Testamento tambm puderam cham-lo deservo (M ateus 12:18;M arcos 10:45), em cumprimento das passagens do servo sofredor emIsaas. E o autor de H ebreus diz que Jesus um sacerdote Segundo a ordem de

    Melquisedeque (5:6,10; 7:17). Esses dois ttulos falam da funo sacerdotal de Cristo. EJesus tambm chamado de o Filho de Davi (M ateus 22:42-45), um ttulo que se refere sua funo real.

    Senhor

    Senhor (Kurios) o segundo mais usado dos ttulos de Jesus. No Antigo Testamento,lemos que o nome de Deus Jeov ouIav. Ele o grande EU SOU, o Deus do pacto deIsrael (xodo 3:10-15). Deus chamado tambm deA donai, o Senhor e Mestre do universo(Salmo 110:1;Isaas 6:1). Na Septuaginta (a traduo grega do Antigo Testamento hebraico),

    Kurios usado para traduzir tanto Jeov como A donai. Assim, quando o Novo Testamentose refere a Jesus como Kurios, ele est atribuindo divindade a ele. De acordo com aEscritura, Jesus tanto Jeov (Romanos 10:13, compare Joel 2:32; 1 Pedro 3:14-15, compare

    Isaas 8:12-13; H ebreus 1:10-12, compare Salmo 102:25-27) como A donai (M ateus 22:43-45;H ebreus 1:13; 5:6, compare Salmo 110:1-4). Isto , o ttulo Kurios fala da natureza divina deCristo. Ele divindade ontolgica; ele Cristo o Senhor [Kurios] (L ucas 2:11).

    Ento h vrias passagens onde EU SOU atribudo a Jesus Cristo. No E vangelho de Joo,Jesus diz: EU SOU o po da vida (6:35), a luz do mundo (8:12), a porta das ovelhas(10:7), o bom pastor (10:11), a ressurreio e a vida (11:25), o caminho, a verdade e avida (14:6), e a videira verdadeira (15:1). Cristo tambm diz: se no crerdes que EU

    10 Estes trs ofcios sero estudados em maiores detalhes no captulo A Obra de Cristo

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    SOU, morrereis nos vossos pecados (8:24); antes que Abrao existisse, EU SOU(8:58);e desde j vos digo, antes que acontea, para que, quando acontecer, creiais que EU SOU(13:19). Essas so declaraes extraordinrias nas quais Jesus est reivindicando no sermenos do queJeov: Deus encarnado.

    Filho do Homem

    Esse o terceiro mais frequentemente usado dos ttulos de Jesus. o seu meio favorito deauto-designao. Filho do Homem ocorre umas 84 vezes no Novo Testamento, 82 delasnos quatro Evangelhos (69 nos Sinticos M ateus, M arcos, eL ucas e 13 em Joo). Emquase todo caso onde o ttulo usado nos Evangelhos, ele usado pelo prprio Jesus.

    Jesus Cristo no somente o Filho de Deus, ele tambm o Filho do Homem. Aodistinguir entre esses dois ttulos, pode haver uma pequena questo que o primeiro fala danatureza divina de Jesus, e como Calvino aponta, o ltimo fala de sua natureza humana. 11

    Contudo, embora esse ttulo tenha referncia humanidade de Cristo, como o Servosofredor (M arcos 8:31; 9:31; 10:33-34,45), ele tambm tem referncia sua divindade(M ateus 16:27-28; Joo 3:13-14). Como o Filho do Homem, Jesus o doador de vidaespiritual (Joo 6:62-63), aquele que tem autoridade para perdoar pecados (M arcos 2:10), eSenhor do Sbado (M arcos 2:28). Como o Filho do Homem, ele ser visto assentado direita do Todo-Poderoso [Deus o Pai] e vindo com as nuvens do cu (M arcos 14:62). Ecomo o Filho do Homem, Jesus recebeu autoridade para julgar toda a humanidade (Joo5:27).

    Esse ttulo pode ser traado at Daniel 7:13-14, onde o Filho do Homem revelado comoco-igual como Deus o Pai. Uma comparao de Daniel 7:9-10 eA pocalipse 1:12-16; 5:11-12,

    mostra a natureza exaltada do Filho do Homem bblico. Como essas coisas em mente, B.B. Warfield escreve:

    . no retrato que Jesus traa para ns do Filho do Homem que vemos suanatureza sobre-humana retratada. Pois a figura assim trazida diante de ns distintamente uma sobre-humana; uma que no est somente no futuro sentada direita do poder e vindo com as nuvens do cu...; mas uma que est no presentemundo exercendo funes que so verdadeiramente divinas. 12

    Filho de Davi

    Esse ttulo messinico fala da funo real de Deus. O Antigo Testamento tinha profetizadoque o Messias viria da linhagem de Davi (2Samuel 7; Isaas 11:1-2; Salmo 89). O NovoTestamento confirma que Jesus o Messias. Ele , escreve Mateus, o Filho de Davi(M ateus 1:1). Lucas declara que o Senhor Deus lhe [a Jesus] dar o trono de Davi (L ucas1:32). Alm do mais, numa de suas discusses com os fariseus, o prprio Jesus reivindicouser Filho de Davi, em cumprimento de Salmo 110:1 (confirme M ateus 22:41-45). E assimcomo o Salmo 110:1 atribui o Senhorio divino ao Filho de Davi, ele atribui divindade aJesus Cristo (Romanos 1:3-4). De fato, foi simplesmente porque o cego Bartimeu percebeu

    11 John Calvin,Institutes of the Christian Religion. Vols. I & II, Library of the Christian Classics, John T. McNeill,editor, traduzido por Ford Lewis Battles (Philadelphia: Westminster, 1960), II:13:2.12 Benjamin B. Warfield, The Lord of G lory (Grand Rapids: Baker, 1974), 41.

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    que Jesus era o divino Filho de Davi que ele clamou ao Filho para ter misericrdia demim [Bartimeu] (M arcos 10:46-48). Robert Reymond corretamente afirma que embora ottulo Filho de Deus certamente no seja um ttulo dominante nos Evangelhos; todavia,quando ocorre, ele claramente atribui a messianidade Jesus; e toda evidncia apia, enenhuma pesa contra, a sua aceitao com aprovao dele. 13

    Servo

    Como notado, quando o Novo Testamento fala de Jesus como Servo, ele est se referindo sua funo sacerdotal. Como o santo Servo [de Deus], Jesus (A tos 4:27,30; 3:13,26),Cristo o cumpridor das profecias do Servo do livro de Isaas (Isaas 42:1-9; 49:1-7; 50:4-9;52:13-53:12, compare M ateus 12:18-21; 20:28). Jesus veio no para ser servido, mas paraservir, e dar sua vida em resgate por muitos (M arcos 10:45).

    Que Jesus Cristo, como o grande Sumo Sacerdote, tambm o Servo sofredor, fala de sua

    natureza humana. O autor deH ebreus escreve que em sua funo sacerdotal, Jesus foi feitoum pouco menor do que os anjos (2:9); ele era dependente do seu Pai celestial (2:13);participou da carne e do sangue (2:14); foi sujeito tentao (2:18); todavia, ele foi achadosem pecado (4:15).

    Palavra de Deus

    Jesus o L ogos; ele a Palavra de Deus (Joo 1:1,14; 1 Joo 1:1;A pocalipse 19:13). Esse ttuloest impregnado de significado teolgico e filosfico. De acordo como o E vangelho de Joo,Jesus o L ogos cosmolgico, que como Rei cria e providencialmente sustenta todas ascoisas no universo (1:1-3). Ele tambm o L ogos soteriolgico, que como Sacerdote salvaos eleitos dos seus pecados (1:4,12,13; 14:6). Ento tambm, ele o L ogos epistemolgico,que como Profeta a verdadeira luz que ilumina todo homem (1:9), e revela o Pai aoseleitos (1:18; 14:7,9). Como oL ogos epistemolgico (o Profeta), que o foco primrio dessettulo, Jesus veio como a revelao suprema e final de Deus ao homem (Joo 1:1,14,18;

    H ebreus 1:1-3).

    Em muito da filosofia grega, o logos era aquele princpio abstrato e impessoal quealegadamente dava propsito, unidade e significado a todas as coisas. No pensamentohebraico, por outro lado, uma palavra (logos) ao mesmo tempo uma palavra interiorcomo um pensamento falado. Uma palavra serve para dois propsitos: dar expresso a umpensamento interior, e revelar esse pensamento verbalmente a outros. Na crena semtica,ento, o L ogos de Deus o que expressa a mente de Deus. Ele pode at mesmo serchamado de a mente do prprio Deus.

    Portanto, quando Joo escreve que Jesus Cristo o L ogos de Deus, ele est declarando queJesus, como divindade ontolgica, tanto expressa como reflete a mente de Deus. ComoJoo 1:18 deixa claro, ele veio para explicar (exegeomai, exegeta) o Pai humanidade. Emseu ministrio proftico, Jesus como a Palavra de Deus encarnada, nos d a Palavra deDeus escriturada: a Bblia.

    13Reymond,Jesus, D ivine Messiah: The N ew Testament W itness, 63.

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    Alm do mais, como Gordon Clark aponta, Jesus a Lgica de Deus (a palavraportuguesa lgica derivada de logos). Jesus Cristo a verdade, a razo e a sabedoriaencarnada (Joo 14:6; 1Corntios 1:24,30; Colossenses 2:3). E como tal, o Jesus pessoal (no umprincpio abstrato) um que d coerncia, unidade, consistncia, propsito e significado atodas as coisas. Nas palavras de Paulo, Jesus aquele em quem todas as coisas subsistem

    (Colossenses 1:17), trazendo ordem e harmonia para o universo criado.14

    Deus

    H oito vezes no Novo Testamento onde Jesus especificamente chamado de Deus(T heos). No E vangelho de Joo lemos que a Palavra [Jesus] era Deus (1:1), e que Jesusaceitou abertamente o reconhecimento dele por Tom como meu Senhor e meu Deus(20:28). Paulo escreve que Jesus Cristo o Deus eternamente bendito (Romanos 9:5), eque Deus [Jesus Cristo] foi manifesto na carne (1Timteo 3:16).15Paulo tambm o chamade nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo (Tito 2:13). Em sua segunda epstola,

    Pedro o chama de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo (2 Pedro 1:1). O autor deH ebreus,citando o Salmo 45, chama Jesus de Deus (1:8). E em 1Joo 5:20, o apstolo Joo diz queJesus Cristo o verdadeiro Deus e a vida eterna. Com as possveis excees dasdeclaraes de EU SOU estudadas acima, uma reivindicao mais alta da divindade deJesus Cristo dificilmente concebvel. Jesus Deus.

    Todavia, essas claras apelaes da natureza divina de Cristo no tm sido livres de desafios.Com respeito a Romanos 9:5, por exemplo, onde a A uthorized V ersion, a Revised V ersion, a

    A merican Standard V ersion, aN ew A merican S tandard V ersion, aN ew International V ersion, aN ewKing James V ersion,16 juntamente com a maioria dos comentaristas, tm adotado a traduodireta desse versculo como uma afirmao da divindade de Jesus Cristo, a Revised Standard

    V ersion e a N ew E nglish Bible objetam. Ambas incorretamente propem tradues ondeDeus eternamente bendito considerado como uma doxologia ao Pai, antes do que umttulo cristolgico. A influncia liberal evidente. Esse escritor concorda com John Murray,que aps uma anlise exegtica completa do versculo, mantm: Ns podemos assimconcluir que no h nenhuma boa razo para se afastar da construo e interpretaotradicional desse versculo e, por outro lado, h razes preponderantes para adotar amesma. 17

    14 Veja Gordon H. Clark, The Johannine Logos (Trinity Foundation, 1989).15 O presente escritor est bem ciente de que o Texto Crtico (tristemente) substitui Theos pelo pronome

    relativo hos (quem) em 1Timteo 3:16, traduzindo assim o versculo: Quem foi manifestado na carne.Primeiro, esse escritor cr que o Texto Majoritrio ou Tradicional deve ser seguido como o texto bblicogenuno, no o Texto Crtico (Para mais sobre isso veja Gordon H. Clark, L ogical Criticisms of T ex tual Criticism[Trinity Foundation, 1986]). E em segundo lugar, se o Texto Crtico fosse adotado aqui, o contexto aindadecididamente mostraria que o hos refere-se a Jesus Cristo como o Deus pr-existente, quem foi manifestadona carne.Veja William Hendriksen,N ew Testament Commentary: Ex position of the Pastoral Epistles (Grand Rapids:Baker, 1979), 137-140.16 Nota do tradutor: As trs principais tradues brasileiras tambm trazem essa traduo mais correta: Dosquais so os pais, e dos quais Cristo, segundo a carne, o qual sobre todos, Deus bendito eternamente.Amm! (ARC); Deles so os patriarcas, e tambm deles descende o Cristo, segundo a carne, o qual sobretodos, Deus bendito para todo o sempre. Amm! (ARA); Deles so os patriarcas, e a partir deles se traa alinhagem humana de Cristo, que Deus acima de todos, bendito para sempre! Amm (NVI). Contudo, anota de rodap da NVI traz a seguinte traduo alternativa: Cristo, que sobre tudo. Seja Deus louvado

    para sempre!.17 John Murray, The New International Commentary on the New Testament: The Epistle to the Romans (GrandRapids: Eerdmans, 1968), II:248.

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    Ento temos a T raduo do N ovo M undo das Testemunhas de Jeov, ondeJoo1:1 traduzidoda seguinte forma: A Palavra era um deus. A razo alegada para essa traduo que nooriginal grego no h nenhum artigo definido antes de Deus; por conseguinte, deve sertraduzido como um deus. Vrios comentaristas e estudiosos do grego tm apontado,contudo, que essa objeo respondida pelo que conhecida como a regra de E. C.

    Colwell. Essa regra declara que um predicado nominal definido tem o artigo [definido]quando ele segue o verbo; ele no tem o artigo [definido] quando ele precede o verbo[como emJoo 1:1]. 18 Em outras palavras, existe toda razo para que o versculo deva sertraduzido como a Palavra era Deus, e nenhuma razo legtima pela qual ele deva sertraduzido de outra forma exceto, certamente, como resultado de uma simples e purainfluncia. Tal o caso com as Testemunhas de Jeov. Em seu Should Y ou Believe in theTrinity? [Voc deveria crer na Trindade?], o autor, mesmo aps admitir que a regra deColwell se aplica a Joo 1:1, ainda mantm que a traduo deveria ser com o artigoindefinido um. A razo dada que o testemunho de toda a Bblia que Jesus no Deus Todo-Poderoso. 19 Isso to claro um caso de falcia lgica afirmar oconseqente como algum esperaria encontrar.

    Filho de Deus

    Quando os escritores do Novo Testamento se referem a Jesus como o Filho de Deus (e.g.,Joo 1:49; 10:36), eles esto atribuindo divindade a ele. Como lemos emJoo 5:18, os judeuscontemporneos de Jesus entenderam claramente que quando Jesus disse que Deus era oseu Pai, ele estava fazendo-se igual a Deus. Em seu julgamento diante do sumo-sacerdote, quando perguntado: tu s o Cristo, o Filho de Deus? (M ateus 26:63), Jesusreplicou no afirmativo (versculo 64). Os juzes, reconhecendo essa reivindicao dedivindade ontolgica, encontraram-no culpado de blasfmia, e o sentenciaram a morte de

    acordo comL evtico 24:16 (versculos 65-66).Jesus, como o Filho de Deus, no ontologicamente subordinado ao Pai. 20 Sua Filiao uma relao intra-trinitariana, que denota uma unidade essencial com o Pai. Algumas vezeso Novo Testamento se refere a Cristo como o unignito (monogenes) do Pai (Joo 1:14,18;3:16). Mas a palavra monogenes, que derivada de duas palavras gregas mono (um) e genos(tipo) significa um de um tipo, e tem a ver com a exclusividade de Cristo. Ela noimplica que Jesus, como a Segunda Pessoa da Trindade, tenha sido criado ou nascido, ouque em algum sentido ele seja ontologicamente subordinado ao Pai. Como B. B. Warfieldescreve: O adjetivo unignito transmite a idia, no de derivao e subordinao, mas deexclusividade e consubstancialidade: Jesus tudo o que Deus , e somente ele isso. 21

    Como o Filho unignito do Pai, ento, Jesus nico. Os cristos so como filhos e filhasde Deus o Pai, mas eles so filhos adotados (Romanos 8:14-16; Glatas 4:4-6). EmJoo 20:17,Jesus faz uma distino entre seu relacionamento com o Pai e o relacionamento de seusdiscpulos com o Pai: Subo para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus.

    18Veja Gordon H. Clark, The Johannine Logos, 22. Veja tambm John Wenham, The Elements of N ew T estamentGreek (Cambridge: Cambridge University Press, 1965), 35.19Should Y ou Believe in the Trinity? (Anonymous, Brooklyn: Watchtower Bible and Tract Society, 1989), 28.20Isso ser discutido em maior detalhe no prximo captulo: A Obra de Cristo.21Benjamin B. Warfield,Biblical Doctrines (Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1988), 194.

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    Jesus Cristo: Uma Pessoa e Duas N aturezas

    De acordo com o Conclio de Calcednia (451 d.C.), que considerado por inmerostelogos como sendo o padro da ortodoxia cristolgica, 22 Jesus Cristo :

    Verdadeiro Deus e verdadeiro homem, constando de alma racional e de corpo;consubstancial ao Pai, segundo a divindade, e consubstancial a ns, segundo ahumanidade; em todas as coisas semelhante a ns, excetuando o pecado, geradosegundo a divindade antes dos sculos pelo Pai e, segundo a humanidade, por ns epara nossa salvao, gerado da Virgem Maria, me de Deus; um s e mesmo Cristo,Filho, Senhor, Unignito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundveise imutveis, inseparveis e indivisveis; a distino da naturezas de modo algum anulada pela unio, mas, pelo contrrio, as propriedades de cada naturezapermanecem intactas, concorrendo para formar uma s pessoa e subsistncia; nodividido ou separado em duas pessoas. Mas um s e mesmo Filho Unignito, DeusVerbo, Jesus Cristo Senhor.

    A substncia da declarao do credo de Calcednia sumarizada pelo Breve C atecismo deW estminster(Q 21-22) da seguinte forma:

    O nico Redentor dos eleitos de Deus o Senhor Jesus Cristo, que, sendo o eternoFilho de Deus, se fez homem, e assim foi e continua a ser Deus e homem em duasnaturezas distintas, e uma s pessoa, para sempre. Cristo, o Filho de Deus, fez-sehomem tomando um verdadeiro corpo e uma alma racional, sendo concebido pelopoder do Esprito Santo no ventre da virgem Maria, e nascido dela, mas sempecado.

    Tanto o Conclio de Calcednia como o Breve Catecismo deW estminster afirmam que JesusCristo o Deus-homem. Ele uma Pessoa com duas naturezas distintas. Ele totalmenteDeus e totalmente homem; todavia, no h fuso das naturezas. As duas naturezas devemser distinguidas, mas nunca separadas. Primeiro estudaremos as duas naturezas. Entoconsideraremos a unidade da Pessoa.

    A N atureza Divina

    Na histria da igreja, sempre tem havido aqueles que negam a divindade de Cristo. Os

    Ebionistas do segundo sculo, provavelmente um desdobramento do movimentojudaizante, que Paulo denuncia em sua carta aos Glatas, mantinham que Jesus era o filhonatural de Jos e Maria, afirmando assim sua natureza humana. Mas os Ebionistas negavamque Jesus era divino. Os Arianos do quarto sculo tambm rejeitaram a eternidade de Jesuscomo o L ogos. Distorcendo passagens tais como Provrbios 8:22, Romanos 8:29 e Colossenses1:15, rio alegava que Jesus era gerado e, portanto, devia ter tido um comeo. rio diziaque Cristo era a maior de todas as criaturas de Deus, tinha sido criado antes do restante dacriao e tinha uma natureza divina similar quela que de Deus, mas ele no era o mesmoque Deus. O Arianismo foi condenado como hertico no Conclio de Nicia (325 d.C.). AsTestemunhas de Jeov de hoje so uma forma moderna de Arianismo. No sculo dezenovehomens tais como Ernest Renan e David Strauss foram instrumentais em iniciar o

    22 J. H. Hall, Council of Chalcedon, em E vangelical D ictionary of Theology, editado por Walter A. Elwell (GrandRapids: Baker, 1984), 204.

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    movimento que veio a ser conhecido como a busca do Jesus histrico. Negando que osevangelhos nos do um relato exato dos verdadeiros ensinos de Jesus Cristo, estesestudiosos pensavam ser necessrio ir alm do texto da Escritura, um texto cheio de mitose folclore, e encontrar o Jesus histrico. De modo crescente, o Jesus real foi descritocomo um bom professor de princpios espirituais, mas certamente no a Segunda Pessoa

    da Trindade.Interessantemente, foi o liberal Albert Schweitzer que desestruturou este movimentoquando escreveu seu T he Quest of the Historical Jesus [A Busca do Jesus Histrico]. 23Schweitzer demonstrou que o Jesus histrico, como formulado por estes estudiosos, erasimplesmente um produto das pressuposies modernistas deles. Uma pessoa no podeseparar racionalmente o Jesus histrico do Jesus dos Evangelhos. Outros estudiosos dosculo vinte, tais como Rudolf Bultmann e seu Jesus desmitologizado, 24 e os autores dolivro T he M yth of God Incarnate [O Mito do Deus Encarnado],25 tm continuado este assaltocontra a natureza divina de Jesus Cristo. Ento, tambm, h aqueles na escola da alta crticaque formaram o que conhecido como o Jesus Seminar. 26 O propsito desta aliana era

    ressuscitar a busca pelo Jesus histrico. O resultado dos descobrimentos envolvidos nestemovimento foi publicado em T he Five Gospels: T he Search for the A uthentic W ords of Jesus [OsCinco Evangelhos: A Busca pelas Palavras Autnticas de Jesus]. 27 A concluso do JesusSeminar que Jesus Cristo no uma divindade eterna. 28

    B. B. Warfield avalia corretamente a suma do pensamento liberal em sua busca paraencontrar o Jesus histrico: o Jesus des-supernaturalizado que o Jesus mitolgico, quenunca teve qualquer existncia, a postulao da existncia de quem no explica nada e deixatodo o desenvolvimento histrico suspenso no ar. 29

    Em concordncia com Warfield, e contrrio s negaes da deidade de Cristo, a Confisso de

    F de W estminster (8:2) ensina a viso bblica de que Jesus Cristo o Filho de Deus, aSegunda Pessoa da Trindade, sendo verdadeiro e eterno Deus, da mesma substncia do Paie igual a ele. A Bblia est repleta de passagens que apiam esta posio. J vimos que osttulos Cristolgicos Cristo, Senhor, Filho do Homem, Filho de Davi, Palavra deDeus, Deus e Filho de Deus, juntamente com os EU SOU encontrados noEvangelho de Joo tudo isso afirma a natureza divina de Cristo.

    A pr-existncia da Segunda Pessoa da Trindade claramente ensinada em passagens taiscomo Joo 1:1 (No princpio era o Verbo),Joo 3:13 (Ora, ningum subiu ao cu, senoaquele que de l desceu, a saber, o Filho do Homem que est no cu), eJoo 3:31 (Aquele[Cristo] que vem de cima sobre todos, ARC). Joo o Batista afirmou que, embora ele

    tivesse nascido antes de Jesus, todavia, como a Segunda Pessoa da Trindade, ele [Cristo] j23 Albert Schweitzer, The Quest of the Historical Jesus (New York: Macmillan, 1964).24 Rudolf Bultmann, New Testament and Mythology, em Kerygma and Myth, editado por Hans Bartsch (NewYork: Harper and Row, 1961), 1-44.25 John Hick, editor, The Myth of God Incarnate (Philadelphia: Westminster, 1977).26 Nota do tradutor: O Jesus Seminar um evento que rene estudiosos duas vezes por ano para debate detrabalhos tcnicos que supostamente procuram recuperar as palavras autnticas do Jesus histrico. Ao finaldo debate de cada item da pauta, os presentes votam por um sistema de cores, em que cada cor corresponde acerto grau de autenticidade que eles atribuem s palavras de Jesus. Outras informaes sobre o Jesus Seminarpodem ser obtidas em www.jesusseminar.com (em ingls).27 Robert W. Funk, et al., The Five Gospels: The Search for the A uthentic Jesus (New York: Macmillan, 1993).28 Para mais sobre oJesus Seminar, veja W. Gary Crampton, Blackballing Jesus, The Trinity Review, editado por

    John W. Robbins (Trinity Foundation, July 1995).29 Benjamin B. Warfield, The Person and W ork of Christ, editado por Samuel G. Craig (Philadelphia: Presbyterianand Reformed, 1950), 22.

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    existia antes de mim (Joo 1:15,30). E, somos informados que, como divindade pr-existente, Cristo tanto Criador (Joo 1:3; Colossenses 1:16; H ebreus 1:2) como Sustentadorprovidencial (Colossenses 1:17;H ebreus 1:3) do universo.

    No Antigo Testamento, h vrias passagens que falam sobre o Anjo do Senhor, onde

    est claro que o Anjo uma manifestao do prprio Deus. Ele tanto se identifica comoDeus como tambm exerce prerrogativas divinas (Gnesis 16:7-13; 18:1-21; 19:1-21; 22:11-18; xodo 3:2;Juzes 2:1-4; 6:11-22; 2 Samuel 24:16). Todavia, ao mesmo tempo, o Anjo distinguido do Senhor (Gnesis 48:15-16; xodo 23:20-23; Z acarias 1:12-13). O que temosaqui uma Cristofania, uma manifestao da Segunda Pessoa pr-encarnada da Trindade.Como Reymond afirma: O registro bblico sugere que o Anjo, como uma Pessoa divina,era incriado. 30

    Da mesma forma, Isaas 9:6 e M iquias 5:2 profetizam sobre a vinda do Messias, o qual dito ser eterno. A profecia de Isaas especialmente forte, visto que ele afirma que oMessias vindouro Deus Forte. O Novo Testamento revela que essas duas profecias do

    Antigo Testamento foram cumpridas em Cristo, afirmando assim sua divindade (L ucas2:11;Joo3:16; E fsios 2:14; Tito 2:13;M ateus 2:1-12).

    Vrias outras profecias do Antigo Testamento revelam a natureza divina do Messiasvindouro. Salmo 2 ensina sobre a vinda de um Filho entronizado, que igual ao Pai. H ebreus1:5,A tos 4:25-26 e 13:33 nos ensinam que este Filho Jesus Cristo. Salmo 45 fala sobre umRei e Noivo divino. H ebreus 1:8-9 nos revela que este Cristo. Salmo 102 refere-se satividades criativas do Deus eterno. H ebreus 1:10-12 nos diz que isto refere-se a JesusCristo. Salmo 110 nos ensina sobre um Sacerdote e Rei que Senhor. M ateus 22:41-45,

    H ebreus 1:3,13 e 5:6,10 nos informa que este Cristo. E em M alaquias 3-4 somosinformados sobre a vinda do Mensageiro divino do pacto. Marcos 1:2 nos diz que este

    tambm a Segunda Pessoa da Deidade, Jesus Cristo.A natureza divina de Jesus Cristo revelada de vrias outras formas. Como temos visto, ele o Criador (Joo 1:1; Colossenses 1:16; H ebreus 1:2) e Sustentador providencial (Colossenses1:17; H ebreus 1:3) do universo. Ele perdoa pecados (M arcos 2:1-12). Ele tem poder eautoridade universal (M ateus 28:18; E fsios 1:22). Ele ressuscita mortos (John 11:38-44). Eletem o poder e autoridade para conceder vida eterna (M ateus 11:25-27;Joo 5:26; 6:63). Ele o objeto de adorao (M ateus 28:16; Joo 20:28; A tos 7:59). Ele realizou milagres quaisnenhum outro fez (Joo 15:24) milagres que manifestaram sua glria [isto , suadivindade] (Joo 2:11), e deu autoridade a outros para realizar milagres tambm (M ateus10:1-8). Todas estas revelaes do poder e autoridade de Cristo falam da sua natureza

    divina.O Novo Testamento tambm ensina que Jesus Cristo possui abributos divinos. Eledemonstrou sua onipotncia e soberania ao criar e (continuamente) sustentar o universo(Colossenses 1:16-17), ao silenciar uma tempestade no mar (M arcos 4:35-41), ao andar sobre agua (M ateus 14:22-33), ao transformar gua em vinho (Joo 2:1-11) e ao ressuscitar Lzarodentre os mortos (Joo 11:38-44). Ele ensinou que ele eterno nas declaraes EU SOUestudadas acima, e isso confirmado adicionalmente em H ebreus 1:10-12. Ele demonstrousua oniscincia ao conhecer os pensamentos das pessoas (M arcos 2:8;Joo1:48; 2:25), ao saberdesde o princpio, quais eram os que no criam e quem o havia de trair (Joo 6:64), aoproclamar que ele tinha um conhecimento igual queles de Deus o Pai (M ateus 11:25-27), e

    30Robert L. Reymond, Jesus, Divine Messiah: The Old Testament W itness (Ross-shire, Scotland: Christian FocusPublications, 1990), 6.

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    ao reconhecer a afirmao de seus discpulos de que [tu] sabes todas as coisas (Joo 16:30;21:17). Jesus demonstrou sua onipresena ao afirmar que ele sempre estaria com a sua igreja(M ateus 18:20; 28:20). E a imutabilidade de Deus o Filho ensinada em H ebreus 13:8: JesusCristo o mesmo ontem, e hoje, e eternamente (ARC).

    Finalmente, somos ensinados no Evangelho de Joo que Jesus Cristo, que a Palavra de Deusencarnada (1:1,14), um 31 em essncia com o Pai (10:30), recebe a mesma honra que oPai (5:23), deve-se confiar e crer nele assim como se deve confiar e crer no Pai (14:1),manifesta o nome de Deus em sua Pessoa (17:6), revela a obra de Deus em sua obra (17:4),e revela as palavras de Deus em suas palavras (12:44-50; 17:8). De acordo com a Escritura,Jesus plenamente divino.

    A N atureza Humana

    Assim como na histria da igreja sempre houve aqueles que negaram a divindade genuna

    de Jesus Cristo, assim tambm sempre houve aqueles que negaram sua humanidadegenuna, obviamente negando atravs disso no somente sua encarnao, mas tambm suacrucificao, sua ressurreio corporal e sua ascenso. No primeiro sculo emergiu umaforma de Gnosticismo conhecida como Docetismo (do verbo grego dok eo, parecer ouaparentar). Esta viso sustentava que seria mal para Deus tomar sobre si uma naturezahumana, pois o mundo fsico em si mesmo pecaminoso. Assim, somente parece ouaparenta que Cristo tinha um corpo fsico. O apstolo Joo fala contra o Docetismo em1Joo 4:1-6.

    Ento, no quarto sculo, Apolinrio, um tricotomista, 32 ensinou que Cristo tinha um corpohumano e uma alma humana, mas seu esprito humano tinha sido substitudo pelo L ogos

    divino. Isto, certamente, faz de Cristo menos do que humano. Esta viso foi condenada noConclio de Constantinopla (381 d.C.).

    No obstante estes falsos ensinos, a Confisso (8:2) declara que a Segunda Pessoa daTrindade quando chegou o cumprimento do tempo, tomou sobre si a natureza humanacom todas as suas propriedades essenciais e enfermidades comuns, contudo sem pecado,sendo concebido pelo poder do Esprito Santo no ventre da Virgem Maria e da substnciadela.

    A natureza humana de Jesus Cristo manifesta de vrias formas no Novo Testamento.M ateus (1:18-25) eL ucas (1:26-38) nos informam, nas palavras da Confisso, que quando

    chegou o cumprimento do tempo, Cristo foi concebido pelo poder do Esprito Santo noventre da Virgem Maria e da substncia dela. Isto, de acordo com M ateus 1:23, foi ocumprimento de Isaas 7:14: Eis que a virgem conceber e dar luz um filho e lhechamar Emanuel. No que o Filho de Deus se tornou um homem no sentido de abrirmo da sua divindade. Antes, como a Confisso diz, a Segunda Pessoa tomou sobre si anatureza humana com todas as suas propriedades essenciais e enfermidades comuns,contudo sem pecado (vejaJoo 1:14;H ebreus 4:15).

    31 O numeral cardinal um (hen) usado emJoo 10:30 neutro, excluindo atravs disso o significado de que oPai e o Filho so uma Pessoa.32 Falando de uma maneira simples, tricotomia a crena errnea de que o homem consiste de trs partes:corpo, alma e esprito. Dicotomia, por outro lado, a crena correta de que o homem consiste de duas partes:corpo e alma ou esprito.

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    Jesus chama a si mesmo de homem emJoo 8:40, e ele chamado de homem em inmerascircunstncias (M arcos 14:71; L ucas 23:4; Joo 4:29; 5:12; 10:33; 1Timteo 2:5). O autor de

    H ebreus muito claro quando escreve que visto, pois, que os filhos tm participaocomum de carne e sangue, destes tambm ele [Cristo], igualmente, participou... Por issomesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos irmos (2:14,17).

    Alm do mais, a descendncia humana de Jesus traada tanto em M ateus 1:1-17 (atAbrao) como em L ucas 3:23-37 (at Ado). Ento, em M ateus 26:26,38 e L ucas 23:46,lemos que Jesus Cristo tinha uma alma humana. Assim, aprendemos a partir destesversculos, como o Breve Catecismo (Q 22) ensina, que Cristo, o Filho de Deus, fez-sehomem tomando um verdadeiro corpo, e uma alma racional.

    Alm disso, em L ucas 2:52 lemos que Jesus Cristo passou por um perodo dedesenvolvimento humano, no qual ele crescia em sabedoria, estatura e graa, diante deDeus e dos homens. A Bblia nos ensina que Jesus tinha necessidades humanas, tais comocomida (M ateus 4:2), bebida (John 4:7) e sono (M arcos 4:38). Somos informados tambm queJesus aprendeu a obedincia pelas coisas que sofreu (H ebreus 5:8). Ele se cansava (Joo

    4:6), e tinha sangue humano em suas veias (Joo 19:34;H ebreus 2:14). Em Tiago 1:13 somosensinados que Deus no pode ser tentado. Mas em M ateus 4:1-11 eH ebreus 2:17-18, nosdito que Jesus foi tentado. Obviamente, ento, esta tentao tinha a ver com sua naturezahumana, e no com sua natureza divina. Tambm, a Escritura ensina que Deus onisciente(A tos 15:18; 1Joo 3:20), mas em M arcos 13:32 lemos que o Filho no sabia o tempo dosegundo advento uma referncia bvia sua humanidade. A Bblia tambm ensina queDeus o doador da lei (Isaas 33:22;James 4:12), e, portanto, ele est acima da lei: No cuest o nosso Deus e tudo faz como lhe agrada (Salmo 115:3; 135:6). Mas Cristo como umser humano, foi nascido sob [sujeito] a lei (Glatas 4:4). Ento tambm, sabemos queDeus, sendo imutvel, no se emociona. Como a Confisso declara: Ele sem corpo,membros ou paixes. Todavia, Jesus, como um ser humano, se emocionava. Por exemplo,

    ele expressou irritao ou indignao (M arcos 10:14), se entristeceu (M arcos 3:5), ficouperplexo, angustiado e perturbado (M arcos 14:34; Joo 12:27), e expressou surpresa ouadmirao (M arcos 6:6;L ucas 7:9).

    Outras evidncias da humanidade genuna de Jesus so vistas no fato de que ele cuspiu naterra, e, com a saliva, fez lodo (Joo 9:6). Ele chorou a morte de Lzaro (Joo 11:35). Eleteve uma coroa de espinhos posta na sua cabea e deram-lhe [os lderes judeus]bofetadas (Joo 19:2-3). E enquanto Jesus estava sobre a cruz, um dos soldados lhe abriuo lado com uma lana, e logo saiu sangue e gua (Joo 19:34). Finalmente, Jesus morreu(M arcos 15:44-46). Mas mesmo aps a ressurreio, ele revelou suas feridas aos seusdiscpulos (Joo 20:20,27). Em vrias ocasies ele comeu com eles (L ucas 24:28-43; Joo

    21:9-14). E ele mostrou aos seus discpulos suas mos e ps, e encorajou-os da seguinteforma: apalpai-me e verificai, porque um esprito no tem carne nem ossos, como vedesque eu tenho (L ucas 24:39). Ento, como um ser humano, Cristo ascendeu destra do Pai(M arcos 16:19;A tos 1:9-11).

    importante observar aqui que mesmo aps a ascenso, Jesus Cristo permanece tantoDeus como homem. Como o Catecismo Maior (Q 36) ensina: O Senhor Jesus Cristo, que,sendo o eterno Filho de Deus, da mesma substncia e igual ao Pai, no cumprimento dotempo fez-se homem, e assim foi e continua a serDeus e homem em duas naturezas perfeitase distintas e uma s pessoa para sempre. Isto confirmado por Paulo quando ele escreve:

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    Pois nele [Cristo] habita continuamente33 toda a plenitude da Divindade corporalmente. Eem Filipenses 3:20-21, o apstolo ensina que Cristo est agora mesmo destra do Pai naforma corprea, e na sua segunda vinda transformar o nosso corpo de humilhao, paraser igual ao corpo da sua glria. Ento, tambm, aps a ascenso de Jesus, Estevo fitouos olhos no cu e viu... o Filho do Homem, em p destra de Deus (A tos 7:55-56). E o

    apstolo Joo, tendo visto o Cristo ascendido como o Filho do homem, vestido em suasvestimentas sacerdotais, caiu a seus ps como morto (A pocalipse 1:12-17).

    Isso de forma alguma implica que a natureza humana de Jesus uma parte da Trindade.No ! Sua humanidade tanto uma parte da criao de Deus como o restante dahumanidade. O que nico sobre o homem Jesus que ele no tinha pecado. Esta verdade frequentemente testemunhada no Novo Testamento. Jesus nasceu da virgem Maria,tendo sido concebido pelo Esprito Santo, evitando atravs disso a natureza corrupta queele teria de outra forma herdado atravs da semente de Ado (L ucas 1:35). E durante toda asua vida ele permaneceu santo, inculpvel, sem mcula, separado dos pecadores (H ebreus7:26). Ele era o cordeiro de Deus, sem defeito e sem mcula (1Pedro 1:19). Embora ele

    tenha sido tentado em todas as coisas, nossa semelhana, todavia [ele permaneceu] sempecado (H ebreus 4:15). E quando sofreu em favor dos seus eleitos, ele no cometeupecado, nem dolo algum se achou em sua boca (1Pedro 2:21-22). Por conseguinte, Deus oPai, quele [Cristo] que no conheceu pecado, o fez pecado por ns [os eleitos]; para que,nele, fssemos feitos justia de Deus (2Corntios 5:21).

    Alm do mais, a Bblia ensina que para Jesus Cristo ser o Salvador da sua igreja, eraessencial que ele fosse tanto Deus como homem. O Catecismo Maior(Q 38-40) explica:

    Era necessrio que o Mediador fosse Deus para poder sustentar a natureza humanae guard-la de cair debaixo da ira infinita de Deus e do poder da morte; para dar

    valor e eficcia aos seus sofrimentos, obedincia e intercesso; e para satisfazer ajustia de Deus, conseguir o seu favor, adquirir um povo peculiar, dar a este povo oseu Esprito, vencer todos os seus inimigos e conduzi-lo salvao eterna.

    Era necessrio que o Mediador fosse homem para poder levantar a nossa natureza eobedecer lei, sofrer e interceder por ns em nossa natureza, e simpatizar com asnossas enfermidades; para que recebssemos a adoo de filhos, e tivssemosconforto e acesso com confiana ao trono da graa.

    Era necessrio que o Mediador, que havia de reconciliar o homem com Deus, fosseDeus e homem e isto em uma s pessoa, para que as obras prprias de cada

    natureza fossem aceitas por Deus a nosso favor e que ns confissemos nelas comoas obras da pessoa inteira.

    A Unidade da Pessoa

    Como temos visto, durante toda a histria da igreja, sempre houve aqueles que tm negadoa divindade de Cristo e aqueles que tm negado sua humanidade. tambm o caso quesempre houve aqueles que tm negado a viso bblica da unio das duas naturezas em uma

    33 Em Colossenses 2:9 o apstolo usa o tempo presente do verbo grego katoik eo (habitar), enfatizando o fatode que as naturezas divina e humana de Jesus Cristo esto continuamente e inseparavelmente unidas naunio hiposttica. Esta unio ser discutida adicionalmente mais adiante.

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    Pessoa. Antes do que meramente distinguir entre as duas naturezas de Cristo, oNestorianismo 34 do quinto sculo dividiu Cristo em duas pessoas separadas. ONestorianismo foi condenado no Conclio de fesio (431). Os Eutiquianos do quintosculo, por outro lado, afirmaram que aps a encarnao havia somente uma natureza emCristo. Essa natureza no era nem completamente humana, nem completamente divina.

    Antes, a unio produziu uma mistura das duas naturezas numa terceira natureza misturada,uma tertium quid. Essa viso, que tambm conhecida como monofisitismo (uma natureza),foi condenada no Conclio de Calcednia (451 d.C.).

    A viso bblica da unidade da Pessoa de Cristo ensinada na Confisso deW estminster (8:2),que declara de Cristo que as duas naturezas, inteiras, perfeitas e distintas a divindade ea humanidade foram inseparavelmente unidas em uma s Pessoa, sem converso,composio ou confuso; essa Pessoa verdadeiro Deus e verdadeiro homem, porm, ums Cristo, o nico Mediador entre Deus e o homem.

    Os telogos chamam a unio das naturezas divina e humana de Jesus Cristo numa nica

    Pessoa de unio hiposttica. Na encarnao, como ensinado pela Confisso, o eterno Filhode Deus tomou sobre si uma verdadeira natureza humana. Desde ento, Jesus Cristo , esempre ser, uma Pessoa (isto , um Deus-homem), com duas naturezas auto-conscientes:uma divina e uma humana.

    Mas aqui onde a dificuldade se levanta. A declarao do credo de Calcednia, citadoacima, juntamente com muito do Cristianismo popular, tem uma viso diferente. Essaviso mantm que a partir do tempo da encarnao, a Segunda Pessoa da Divindade umaPessoa divina com duas naturezas: uma divina e uma humana. Louis Berkhof, um advogadodessa viso, explica: H apenas uma Pessoa no Mediador, e essa Pessoa o imutvel Filhode Deus. Na encarnao ele no se transformou numa pessoa humana; ele simplesmente

    assumiu uma natureza humana, a qual no se desenvolveu numa personalidade humana,mas se tornou pessoa na Pessoa do Filho. A Pessoa nica divina, que possua uma naturezadivina desde a eternidade, assumiu uma natureza humana e agora tem duas. 35 AugustusStrong est de acordo com Berkhof. Ele conclui que a Pessoa nica divina assumiu umanatureza humana impessoal. Em outras palavras, ele no se uniu com uma pessoa humana,mas com uma natureza humana sem personalidade. 36

    Nessa viso, a Pessoa nica no o Deus-homem, mas a Segunda Pessoa da Divindade. Adificuldade, ento, que, se Jesus Cristo tem duas naturezas completas uma plenamentedivina e outra plenamente humana e, todavia, ele uma Pessoa divina indivisa, como essaPessoa pode ser genuinamente humana?

    Isto , se Jesus Cristo , como ensinado em H ebreus 2:17, e afirmado pela declarao docredo de Calcednia, em todas as coisas semelhante a ns, como ele no uma pessoahumana? Se ele, como Calcednia apropriadamente afirma, tomou sobre si uma naturezahumana de forma que, segundo a humanidade, ele em todas as coisas semelhante ans, ento ele tinha um corpo humano e uma alma humana. No ele ento uma pessoahumana? Afinal, a Bblia repetidamente reivindica que ele no apenas uma naturezahumana; ele o homem Cristo Jesus (1 Timteo 2:5).

    34Nestorianismo tem esse nome por causa do fundador deste movimento, Nestrio, embora seja disputadose ele endossava plenamente ou no a viso esposada pelos seus seguidores.35

    Louis Berkhof,Manual of Christian Doctrine(Grand Rapids: Eerdmans, 1987), 184.36Augustus H. Strong, Systematic Theology, three volumes in one (Valley Forge: Judson Press, 1907, 1985),II:692-693.

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    Alm do mais, se a Pessoa auto-consciente do Deus-homem a Segunda Pessoa daTrindade, como a maioria do Cristianismo popular afirma, ento a natureza humana noseria auto-consciente. Todavia, em L ucas 2:52 lemos que Jesus crescia, no somente emestatura (isto , fisicamente), mas tambm em sabedoria (mentalmente), mostrando

    assim que a natureza humana (pois a natureza divina, sendo onisciente, no pode crescer)de Jesus tinha uma conscincia. Mas se o Deus-homem tinha duas conscincias, ento ele duas pessoas: divina e humana. 37

    Essa foi a questo com a qual Nestrio lutou. E, como Thomas Morris apontou, outrospensadores cristo primitivos, tais como Gregrio de Nyssa (aprox. 330-395), Gregrio deNazianzus (329-389), e Cirilo de Alexandria (falecido em 444), tambm viram esseproblema. Eles no foram to longe como os Nestorianos ao ponto de afirmar que Cristotinha duas pessoas separadas. Mas eles sustentaram o que Morris chama de a viso dasduas mentes de Cristo. 38 irracional, assim diziam esses estudiosos, manter que o Deus-homem tinha somente uma auto-conscincia divina. Se esse fosse o caso, ele no poderia

    ser plenamente homem.A resposta para esse problema tem sido abismal. Tristemente, um modo tpico de aliviar adificuldade tem sido a abordagem kierkegardiana: coloque-a no mundo do paradoxo lgico.Outra soluo descartar o ensino bblico de que Deus impassional, e sugerir que aSegunda Pessoa da Divindade realmente sofreu sobre a cruz.

    Essas, certamente, no so solues reais de forma alguma. No ltimo livro que eleescreveu, The Incarnation,39 Gordon Clark tentou decifrar esse enigma. De acordo o Dr.Clark, o erro fatal nessa questo a ausncia de definies. Como o credo de Calcednia,e como os outros, definem pessoa? Como natureza definida? Aqui reside a

    dificuldade.40

    Aparentemente, quando os telogos primitivos estavam formulando adoutrina da encarnao, os termos usados foram de certa forma ambguos. Mas devemosnos guardar contra qualquer alegada soluo que no fornea a humanidade plena de JesusCristo. E falar da humanidade de Cristo como uma natureza humana impessoal (se queexiste tal coisa), que se torna pessoal na encarnao, no resolve o problema. Alm domais, se a natureza se torna pessoal na Pessoa do Filho, ento ela uma pessoa humana.

    O Dr. Clark faz algumas perguntas muito relevantes: Se Jesus no era uma pessoahumana, quem ou o que sofreu na cruz? A Segunda Pessoa [da Trindade] no poderia tersofrido, pois a divindade impassional... Se ento a Segunda Pessoa no podia sofrer,poderia uma natureza [humana impessoal] sofrer?. 41

    O Dr. Clark continua: Pelo contrrio, somente... uma pessoa pode sofrer. Alm do mais,ele pondera, visto que a Bblia nos ensina que Cristo possua uma conscincia humana,

    37 Nota do Publicador: Desafortunadamente, essa uma das mais difceis, todavia mais sublime, de todas asdoutrinas da religio crist. Embora a Blue Banner especificamente negue uma explicao Nestoriana daPersonalidade de Cristo, deve tambm ser admitido que muita da explicao moderna do Credo deCalcednia tambm deficiente. Verificamos que muita da explicao moderna do termo naturezahumana ambguo, na melhor das hipteses. Como oBreve Catecismo (Q 22) claramente ensina, Cristo tinhaum corpo verdadeiro e uma alma racional. Outra forma de dizer isso que Cristo tinha tudo que estenvolvido num ser humano.38 Thomas V. Morris, The Logic of God Incarnate (London: Cornell University Press, 1986), 102-103.

    39 Gordon H. Clark, The Incarnation (Trinity Foundation, 1988).40 Clark, The Incarnation, 15-17.41 Clark, The Incarnation, 67.

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    mente e corao, e vontade, como ele pode no ser uma pessoa?. A salvao dos eleitos realizada pela alegada morte de uma natureza [humana] impessoal?. No, diz Clark,aquele que morreu sobre a cruz foi um homem, ele tinha ou era uma alma, ele era um serhumano, uma Pessoa.42

    John Murray, um advogado da viso de Calcednia, viu, todavia, as dificuldades com asdefinies. Ele escreve:

    Talvez ao termo Pessoa possa ser dado uma conotao em nosso contextomoderno, e aplicado natureza humana de Cristo, sem chocar atravs disso aunidade de sua Pessoa divina-humana. Em outras palavras, o termo naturezapode ser muito abstrato para expressar tudo o que pertence sua humanidade e otermo Pessoa necessrio para expressar a humanidade que verdadeira eapropriadamente sua. 43

    O presente escritor est de acordo com Clark e Murray sobre esse ponto. Parece melhor, se

    vamos reter a linguagem clssica sobre esse assunto (isto , Pessoa e natureza), dizer com aConfisso deW estminster(8:2) que Jesus possui duas naturezas, inteiras, perfeitas e distintas a divindade e a humanidade, isto , que ele totalmente Deus e totalmente homem. Eque na encarnao essas duas naturezas foram inseparavelmente unidas em uma sPessoa, sem converso, composio ou confuso; essa Pessoa verdadeiro Deus everdadeiro homem, porm, um s Cristo, o nico Mediador entre Deus e o homem. Isto, h um Senhor Jesus Cristo, um Deus-homem (isto , a Pessoa nica), que possui duasnaturezas distintas e inseparveis, ambas das quais devem ser consideradas pessoais, vistoque ele completamente divino e completamente humano. No h nada impessoal sobre anatureza divina ou humana. De outra forma, Jesus Cristo no poderia ser completamenteDeus, nem completamente homem. Quando sua humanidade, Cristo tinha uma mente ou

    alma humana, e um corpo humano. Ele oH omem Cristo Jesus (1Timteo 2:5). importante apontar tambm que no tempo da encarnao, a natureza divina de JesusCristo, sendo imutvel, no poderia e no passou por nenhuma mudana. Ele no colocoude lado nenhum dos atributos divinos quando ele tomou sobre si uma natureza humana.De fato, ele no poderia ter feito isso e ainda permanecer divino. Como Wayne Grudemafirma, nenhum mestre reconhecido nos primeiros 1800 anos de histria da igreja... [creu]que o Filho de Deus [na encarnao] abandonou alguns dos seus atributos divinos. 44

    No sculo dezenove, contudo, telogos modernistas desenvolveram o que conhecidocomo teologia kentica, do verbo grego k enoo (esvaziar), que Paulo usa em Filipenses

    2:7, onde ele escreve que Jesus Cristo esvaziou a si mesmo. A teoria que na encarnao,Jesus Cristo esvaziou-se ou desvestiu-se (pelo menos de alguns) dos seus atributosdivinos. Uma das razes pelas quais os modernistas promovem esta teoria que, se puderser mostrado que Cristo ps de lado sua oniscincia, ento seria fcil explicar o porqu eleerrou quando ensinou que a Bblia era a Palavra de Deus infalvel e inerrante.

    42 Clark, The Incarnation, 67-70.43 John Murray, Collected W ritings of John M urray (Edinburgh: Banner of Truth Trust, 1977), II:138.44 Wayne Grudem, Systematic Theology: A n Introduction to Biblical Doctrine (Leicester, England: InterVarsity Press;

    Grand Rapids: Zondervan, 1994), 550.

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    Contudo, isto no o que Paulo ensina. Como Robert Reymond 45 argumentouconvincentemente, o que o apstolo est dizendo que Cristo esvaziou-se aps tertomado sobre si a forma de um servo (Filipenses 2:7), 46 indo cruz (versculo 8). A aoreferida em tendo tomado a forma de um servo de Jesus antecedente ao seu esvaziar-sena sua obra redentora na cruz. A Segunda Pessoa da Deidade, ento, no ps de lado

    nenhum atributo divino no tempo da encarnao. Como observado, tal coisa seriaimpossvel, pois ele teria cessado de ser Deus. Antes, na encarnao, Cristo adicionou algo:uma natureza humana.

    Ou dito de outra forma, o Filho de Deus, durante seu ministrio terreno, nunca cessou deser plenamente divino. Ele continuou a exercer todos os seus atributos divinos. Sendoimutvel, ele no poderia fazer algo diferente disso. Como Joo Calvino escreve:

    Ora, de modo maravilhoso, do cu desceu o Filho de Deus, e no entanto ele nodeixou o cu; de modo maravilhoso, quis sofrer a gestao no tero da Virgem,andar pela terra e pender na cruz, para que sempre enchesse o mundo, assim como

    desde o incio.47

    A Comunicao dos Atributos

    Um dos efeitos da unio hiposttica aquele da comunicao dos atributos (communicatioidiomatum). Isto significa que tudo o que pode ser atribudo natureza divina ou humana deCristo, atribudo tambm Pessoa de Cristo. Tudo o que verdadeiro sobre a natureza verdadeiro sobre a Pessoa. Como declarado pela Confisso (8:7):

    Cristo, na obra da mediao, age de conformidade com as suas duas naturezas,fazendo cada natureza o que lhe prprio: contudo, em razo da unidade dapessoa, o que prprio de uma natureza s vezes, na Escritura, atribudo pessoadenominada pela outra natureza.

    Por exemplo, a Bblia fala de Jesus Cristo, o Deus-homem, dormindo num barco (M arcos4:38), enquanto a Escritura nos diz que Deus no dormita, nem dorme (Salmo 121:4). Damesma forma, A tos 20:28 refere-se ao sangue de Deus, que foi derramado sobre a cruz.Mas Deus, que puro esprito (Joo 4:24), no tem sangue (L ucas 24:39). Em cada umdesses casos, a humanidade de Cristo que mencionada, mas o que dito sobre ele, atribudo Pessoa (isto , ao Deus-homem).

    Esta viso Reformada da comunicao dos atributos substancialmente diferente da visosustentada pela Igreja Luterana. De acordo com o Luteranismo, por causa da encarnao,embora a natureza divina no seja limitada pela natureza humana, todavia, alguns dosatributos divinos so comunicados humanidade de Cristo. Desta forma, Jesus Cristo podede alguma maneira estar fisicamente presente na ceia do Senhor no, com e sob o po evinho. Sua natureza humana, neste sentido, ubqua. O perigo desta viso deveria serbvio. Um humano ubquo uma contradio. A doutrina Luterana virtualmente deifica anatureza humana de Cristo e implicitamente nega sua humanidade genuna.

    45 Reymond,Jesus, D ivine Messiah: The N ew Testament W itness, 251-266.

    46 O forma verbal, labon, usada por Paula em Filipenses 2:7 um particpio aoristo, e deveria ser traduzida:tendo tomado a forma de um servo.47 Calvin,Institutes II:13:4.

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    Os E stados de Cristo

    Quando estudando o assunto da Pessoa de Cristo, costumrio os telogos Reformadosfalarem dos estados de Cristo. Isto tem a ver com a relao do Mediador com a lei deDeus. Cristo, a Segunda Pessoa da Deidade, como o doador da lei (Isaas 33:22; Tiago 4:12),

    no est sob a lei. Isto , ele mesmo no sujeito lei. Como a deidade eterna, ele tudofaz como lhe agrada (Salmo 115:3; 135:6). Mas na encarnao, a Segunda Pessoa daTrindade tomou sobre si uma natureza humana e ficou sob a lei (Glatas 4:4). Isto ,durante o tempo de sua humilhao, Cristo foi um servo sob a lei. Em seu estado deexaltao, contudo, este no o caso. Ele no est mais obrigado a obedecer a lei. Estadoutrina bem expressa noBreve CatecismodeW estminster(Q 27-28):

    A humilhao de Cristo consistiu em Ele nascer, e isso em condio baixa, feitosujeito lei; em sofrer as misrias desta vida, a ira de Deus e amaldioada morte nacruz; em ser sepultado, e permanecer debaixo do poder da morte durante certotempo.

    A exaltao de Cristo consiste em Ele ressurgir dos mortos no terceiro dia; emsubir ao Cu e estar sentado mo direita de Deus Pai, e em vir para julgar omundo no ltimo dia.

    O E stado de Hum ilhao

    O estado de humilhao de Jesus comeou na encarnao (sua concepo e nascimento).Ele assumiu uma natureza humana em semelhana de carne pecaminosa (R omanos 8:3).Neste momento, ele tornou-se um servo sob a lei (Glatas 4:4), cuja lei ele perfeitamentecumpriu durante seu ministrio terreno (M ateus 5:17; Romanos 5:19). Jesus Cristo sofreudurante toda a sua vida sobre a terra. Ele experimentou assaltos de Satans (M ateus 4:1-11),e o dio de seus prximos (Joo 8:30-59; 11:45-54). Ento tambm, Jesus experimentou ossofrimentos ordinrios da humanidade: ele se cansou (Joo 4:6), sentiu fome (M ateus 4:2),teve sede (Joo 19:19:28), e foi abandonado (M ateus 26:56). Jesus era homem de dores eque sabe o que padecer (Isaas 53:3). Durante este tempo Jesus aprendeu a obedinciapelas coisas que sofreu (H ebreus 5:8), fazendo-se assim um Salvador simptico (H ebreus2:18; 4:15). O sofrimento de Jesus, certamente, alcanou seu znite sobre a cruz. Em suamorte, Jesus tornou-se pecado para os eleitos (2Corntios 5:21), sofrendo a maldio da leino lugar deles (Glatas 3:13). Como o Catecismo Maior(Q 49) ensina:

    Cristo humilhou-se na sua morte porque, tendo sido trado por Judas, abandonadopelos seus discpulos, escarnecido e rejeitado pelo mundo, condenado por [Pncio]Pilatos e atormentado pelos seus perseguidores, tendo tambm lutado com osterrores da morte e os poderes das trevas, tendo sentido e suportado