18 a 20 de outubro de 2017 / 18th-20th of …cehum.ilch.uminho.pt/xixco/static/abstracts.pdf · au...
TRANSCRIPT
1
18 A 20 DE OUTUBRO DE 2017 / 18TH-20TH OF OCTOBER, 2017
UNIVERSIDADE DO MINHO / UNIVERSITY OF MINHO, BRAGA
2
CEHUM – Centro de Estudos Humanísticos
Instituto de Letras e Ciências Humanas
Universidade do Minho
Campus de Gualtar
4710 – 057 Braga Portugal
Tel.: +351 253604185
Fax.: +351 253604164
E-mail: [email protected]
Website: http://ceh.ilch.uminho.pt
3
XIX COLÓQUIO DE OUTONO 2017 DO CEHUM
«No princípio era a palavra: O lugar das Humanidades»
«In the beginning was the word: The place of Humanities»
Universidade do Minho, Campus de Gualtar,
18 – 20 de outubro de 2017
……………………………………………………………………………………………………………………………
18 de outubro (quarta-feira)
Auditório B1 (CP2) 9h00 Sessão de Abertura
Filipe Vaz (Pro-Reitor da Universidade do Minho); João Cardoso Rosas (Presidente do ILCH); Sílvia Camões (Diretora do CICP); Orlando Grossegesse (Diretor do CEHUM)
9h30 Sessão plenária: Maria do Céu Pinto Arena (CICP, Universidade do Minho): «A questão da identidade no recrutamento e radicalização jiadista»
Moderador: Orlando Grossegesse
10h30 Pausa para café
11h00 Sessão plenária: Bassam Tibi (Prof. Emeritus, Universität Göttingen): «Religion as a Framework for the Construction of Cultural Identity in an Age of Uncertainty»
Comentário / Debate: Cláudia Hahn-Raabe (Dir. Goethe-Institut Portugal), Maria do Céu
Pinto Arena (CICP), Orlando Grossegesse
12h00 - 14h00
Almoço
14h00 Sessão plenária: Júlia Garraio (CES, Universidade de Coimbra): «Christian imaginary in the remembrance of Flight and Expulsion at the End of World War II»
Moderador: Fernando Alves
Auditório B1 (CP2) Auditório ILCH
14h45 –
16h15
A religião no contexto de perseguição e fuga (org. EHum2M)
Moderadora: Isabel Ermida
Do corpo religioso: representações e derivas nas artes e na literatura contemporâneas (org. G2i) Moderação: Xaquín Sabarís
14h45 Daniel Lehmann: Anthonius Margaritha and the Faith of Y/our Fathers: A Convert's Polemic against the Jewish Faith in Reformation-Era Germany
Maria Cristina Daniel Álvares: Au commencement la parole n’était pas. Reescrita do Génesis e redefinição do sagrado em Pascal Quignard.
15h15 Luís Pimenta Lopes: “Deus criou o mundo, o Homem criou Auschwitz”: a imagética religiosa em Primo Levi e Imre Kertész
Paula Alexandra Varanda Ribeiro Guimarães: ‘Our Bog [God] is Dood [Dead]’ – Subversões do Corpo Divino na Poesia de Stevie Smith.
15h45 Helena Pina Vaz & Clara Costa Oliveira: Narrativas de acolhedores de refugiados
Pedro Manuel Ribeiro de Sousa Meneses: Bloom, um imortal.
16h15 Pausa para café
4
16h45 Sessão plenária: Teresa Toldy (Univ. Fernando Pessoa / CES, Univ. Coimbra):
«Da subversão à submissão: a domesticação do texto como legitimação da ordem patriarcal»
Moderadora: Ana Gabriela Macedo
Auditório B1 (CP2) Auditório ILCH
17h15 –
18h15
A religião no contexto de perseguição e fuga (org. EHum2M)
Moderadora: Marie-Manuelle Silva
Do corpo religioso: representações e derivas nas artes e na literatura …(org. G2i)
Moderação: Eunice Ribeiro 17h15 Clara Costa Oliveira; Maria João Faria;
Susana Gomes: Investigação-acção com famílias de refugiados
José Cândido de Oliveira Martins: Imagens do sagrado e da arte religiosa na poesia de João Miguel Fernandes Jorge.
17h45 Isabel Ermida: Intervenção corretiva de co-participantes em debates sobre refugiados online: O papel de moderadores voluntários em ocorrências de discurso de ódio
Daniel Tavares: Manchas e constelações: do corpo religioso.
18h15 Encerramento do 1º dia
19 de outubro (quinta-feira)
Auditório ILCH Sala Vídeo (ILCH)
9h00 – 10h00
No princípio era a palavra: discursos jurídicos orais e escritos (org. PraDiC)
Moderadora: Aldina Marques
Do corpo religioso: representações e derivas nas artes e na literatura … (org. G2i)
Moderação: Sérgio G. Sousa
9h00 Cornelia Plag & Conceição Carapinha: Funções do terceiro turno na interação verbal em sala de audiências
Ana Lúcia Curado: Imagens femininas e representação religiosa na literatura pré-contem-porânea de Teixeira de Queiroz (1848 - 1919).
9h30 Maria da Conceição Teixeira Varela: A palavra do Direito e a tradução literal
Cátia Sofia Sousa Vieira: Henry Miller e Nuno Bragança: um complexo de crucificação
10h Pausa para café
Auditório ILCH Sala Vídeo (ILCH)
10h30 – 12h30
Do corpo religioso: representações e derivas nas artes e na literatura … (org. G2i)
Moderação: Ana Ribeiro
Palavra – Mente – Mundo (org. GELA)
Moderador: Manuel Gama
10h30 Camila Rodrigues Moreira Cruz: Corps frontière. Le lieu du sacré.
João Marcelo Martins: Semântica e Sintaxe em Chinês: Empréstimos Semânticos.
11h00 José de Sousa Teixeira: O corpo, religião e espaço: conceitos e representações divergentes.
Luís Cabral: Da Uniformização da Escrita à Uniformização da Mente
5
11h30 Sandra Sousa: Para além da morte: uma leitura da fotografia de Joel-Peter Witkin.
Sun Lam: Coisas do Mundo e Seus Nomes: Reflexão sobre as Primeiras Traduções de Conceitos Ocidentais para Chinês.
12h Ana Bessa Carvalho: Straight as an Arrow: Queering St. Sebastian.
João Ribeiro Mendes: O Argumento do Quarto Chinês revisitado…em vinte minutos!
12h30 - 14h00
Almoço
14h00 Sessão plenária: Luís Cardoso (escritor timorense): «No princípio era a travessia»
Moderadora: Micaela Ramon
Auditório ILCH Sala Vídeo (ILCH)
14h45 –
16h15
Palavra(s) – Identidade(s) – Autoria(s) (org. PLP)
Moderador: Carlos Mendes de Sousa
CSI e práticas transdisciplinares na investigação em CSH: propostas metodológicas, contributos e aplicações (org. GALABRA)
Moderador: Álvaro Iriarte Sanromán
14h45 Micaela Ramon: Do religioso na obra de Luís Cardoso: para uma “teologia literária”
Elias J. Torres Feijó: CSI, necessidade, utilidade e serviço público
15h15 Audrey Castanon de Mattos: No princípio era a palavra, no final, também: os mortos e a questão da identidade em Teolinda Gersão
Emilio Carral Vilariño: Ecossistemas e sistemas culturais
15h45 Rita Patrício: Nome e eco: a metapoesia em O Verbo e a Morte, de Vitorino Nemésio
Marisa del Río: Imaxe de Santiago de Compostela: Percepcións dos turistas vs. poboación local
16h15 Francesca Pasciolla: [In]exprimir o exprimível. “Écrire c’est lutter pour ne pas nommer”
Enrique Santos Unamuno: Estudos literarios e Sistemas de Información xeográfica: retos, achegas e iniciativas
16h45 Pausa para café
Auditório ILCH Sala Vídeo (ILCH)
17h00 – 18h30
Palavra(s) – Identidade(s) – Autoria(s) (org. PLP)
Moderadora: Rita Patrício
Palavra – Mente – Mundo (org. GELA)
Moderador: Luís Cabral
17h00 Ana Maria Silva Ribeiro: A Luanda babélica de Avó Dezanove e o segredo do soviético
Filipa Basílio Valente da Silva: “Beyond”: Mergulhando nas águas turvas de Bret Easton Ellis
17h30 Iolanda Ogando: Tuiteratura para ensinar e divulgar literatura em língua portuguesa
Tânia Patrícia Leite R. dos Reis Azevedo: Recriar a Criação: J. R. R. Tolkien e o Mito Cristão
18h00 Betina Ruiz & Maria Helena Cunha: Palavras de amor na identidade musical brasileira
Luciana Clotilde Ferreira Braga: «A ciência das coisas humanas e divinas». Abordagem rizomática da filosofia por um médico e filósofo cripto-judeu do século XVII, Fernando Isaac Cardoso
18h30 Apresentação da Publicação CEHUM A cosmologia chinesa numa visão comparada, de João Marcelo Martins
20h00 Jantar de Convívio (inscrição via website do Colóquio)
6
20 de outubro (sexta-feira)
Auditório ILCH Sala 23
9h00 – 10h00
Representações Interculturais de Lugares de Memória Religiosos (org. NETCult). Moderador: Mário Matos
Preservar a palavra: a edição na era digital (org. GHD). Moderadora: Sílvia Araújo
9h00 José Antonio Grela Martínez: «El camino de Santiago como lugar de memoria religioso»
María Aránzazu Serantes: El patrimonio textual en las Humanidades digitales de Portugal: estado de la cuestión
9h30 Inês Tadeu Freitas Gonçalves: «In a “flight of fancy” from Pendle to Salem»
Sílvia Araújo, Tereza Afonso, Ana Correia: Em busca do texto de especialidade: para além da preservação
10h00 Sessão plenária: Ana Paula Banza (CIDEHUS, Universidade de Évora) «A língua como património: desafios de preservação na era digital» Moderação: Idalete Dias
10h45 Pausa para café
11h00 – 12h00
Representações Interculturais de Lugares de Memória Religiosos (org. NETCult) Moderadora: Joanne Paisana
Preservar a palavra: a edição na era digital (org. GHD) Moderadora: Ana Paula Banza
11h00 Dalexom Sérgio da Silva: Memória discursiva e lugar social no discurso religioso da mulher evangélica da Igreja Assembleia de Deus
Pedro Dono, Idalete Dias & Sílvia Araújo: Edição digital de textos medievais: uma proposta sobre documentação notarial do século XIII
11h30 Gustavo Soldati Reis: A memória escrita: representações da presença de missões evangélicas em povos indígenas no período da ditadura civil-militar no Brasil (1964-1984)
Idalete Dias, Cátia Silva & Cristiana Leal: Cartas a Camilo Castelo Branco: um olhar sobre a edição eletrónica de correspondência
12h00
Cerimónia de homenagem ao Professor Aguiar e Silva, seguida da inauguração da escultura “Artes, Humanidades e Engenharia” (Auditório B1 do CPII). Almoço
14h30 – 16h30
Representações Interculturais de Lugares de Memória Religiosos (org. NETCult) Moderador: Manuel Gama
Comunicações Livres Moderador: Fernando Machado
14h30 Georgina Abreu: The Portuguese have many wants, but church-room is not one of them’: the condition of the Portuguese Church in A Month in Portugal, by the Rev. Joseph Oldknow
Angelo Miguel Quaresma Gomes Martingo & Carla Alexandra Paiva: Da linguística à música – a teoria gerativa na interpretação e receção de uma sonata de Beethoven
15h00 Joanne Paisana: Lugares de Memória Religiosos: O Norte de Portugal Visto por Duas Inglesas nos anos 40
Paulo Alexandre e Castro Sobre a origem da linguagem de Herder, o seu legado na contemporaneidade e a inevitável reflexão no quadro da singularidade tecnológica
15h30 Margarida Esteves Pereira: O Minho visto por duas inglesas no século XX – um roteiro religioso, mas não …
Tiago Cerejeira Fontes: Controvérsias eucarísticas no seio do movimento da reforma: o conflito entre Lutero e Karlstadt
16h00 Mário Matos: Portugal visto por viajantes alemães à luz/na sombra da “lenda negra”
José Marques Fernandes: Logos Grego, Logos Cristão e Parábola dos três anéis: nos 500 anos da Reforma Luterana
16.30h Encerramento do Colóquio
7
RESUMOS & NOTAS BIOGRÁFICAS
✑ Ana Carvalho (CEHUM / UMinho)
Straight as an Arrow: Queering St. Sebastian
Resumo: For centuries, the image of Saint Sebastian has been an icon of gay experience; while
the nude and sculptured body of the saint turned him into an object of homoerotic desire, his
martyrdom has spoken to the many gay lives that struggled with public shaming and the enduring
effort that the body had to take against AIDS during the 80s epidemic, as the arrows that penetrated
the body of the saint became metaphors of other inscriptions upon the body.
Starting from the controversial 1976 film Sebastiane by Derek Jarman this paper aims at a
chronological reading of different interpretations of the iconicity of the saint in queer texts, both
visual and literary, exploring the different images of the saint as spaces for the experience of
homoeroticism and the overcoming of tortured suppression.
Nota biográfica: Ana Carvalho holds a degree in Languages and European Literatures by the
University of Minho, where she teaches at the Department of English and North American Studies.
She is currently working on a PhD thesis in the field of Comparative Literature, Visual Culture and
Queer Studies, entitled “We Carry this Map of Ourselves Around: the Queer Body as
Transnational”, in which literature and photography are studied in dialogue to reflect on matters of
the body and space, sexuality and war.
Her poems have been published in the anthology We Will Be Shelter: Poems For Survival, (We
Write Bloody, 2014) edited by Andrea Gibson and in the anthology Casa (do lado esquerdo, 2016).
✑ Ana Lúcia Curado (CEHUM / UMinho)
Imagens femininas e representação religiosa na literatura pré-contemporânea de Teixeira de
Queiroz (1848 - 1919)
Resumo: De entre algumas das obras que constituem a Comédia do Campo de Teixeira de
Queiroz, far-se-á um levantamento das diversas figuras femininas que ajudam a construir e a
caracterizar o espaço religioso aí presente. Este espaço circunscreve-se geograficamente ao
Minho, e as suas gentes são, de modo geral, marcadas pela vivência da doutrina cristã e devoção
mariana. Das senhoras herdeiras das nobres casas do Minho às mulheres pobres do campo, das
jovens simples na sua ruralidade às jovens educadas em convento, das serviçais das casas
senhoriais às companheiras dos lavradores e mestres de ofício, sobressaem distintos tipos
femininos que, embora dispondo de diferentes estatutos sociais, convivem diariamente entre si
com naturalidade. Também partilham o lazer de inspiração religiosa, como motor de esperança de
uma vida melhor e controlo de virtudes. A figura maior que se destaca de entre o conjunto de obras
que integra aComédia do Campo é Rosária, do romance Amor Divino. Esta camponesa, que era
a companhia de seu pai, viverá e sofrerá no espírito e no corpo a presença divina. Respondendo
a um chamamento interior, entregou a sua alma a uma vida celestial. Através do recolhimento e
da contemplação Rosária conseguiu alcançar uma experiência mística que os seus olhos de
mistério desde muito cedo anunciaram. Esta comunicação procura, pois, mostrar que a religião foi
um motivo estético importante na obra literária do autor de A Grande Quimera.
Nota biográfica: Ana Lúcia Curado is a professor at the University of Minho that obtained her
Ph.D. in Classical Studies from the University of Coimbra. She is the author of the book Women in
Athens (Lisbon, Sá da Costa, 2008), and co-author of Against Neera (Coimbra, CECH, 2011;
Coimbra and São Paulo, IUC and Annablume Publisher, 2012), The Italian Letters of Verney
8
(Lisbon, Sílabo, 2008), among other works. She is devoted to the study of Attic oratory, and the
feminine in ancient and classical theater. She is also a translator of classical texts.
✑ Ana Maria Silva Ribeiro (CEHUM / UMinho)
A Luanda babélica de Avó Dezanove e o segredo do soviético
Resumo: Em Avó Dezanove e o segredo do soviético (2008), as crianças da Praia do Bispo, em
pleno período do pós-independência angolano, vivem num mundo plurilingue. Para além das
línguas nacionais e do português, os pequenos ouvem o castelhano do Espuma Do Mar e dos
médicos cubanos, bem como o russo dos soldados soviéticos. Pretende-se analisar a relação das
personagens infantis com cada um destes universos linguísticos, as apreensões geradas pelas
designações das línguas e as imagens associadas às diferentes línguas estrangeiras e aos seus
falantes nativos.
Nota biográfica: Ana Ribeiro é docente na Universidade do Minho desde 1991, onde realizou o
seu mestrado e doutoramento na área de Literatura Portuguesa. Integra, nesta universidade, o
Centro de Estudos Humanísticos. É responsável pelas cadeiras de Literaturas africanas de
expressão portuguesa numa licenciatura e em dois mestrados. É autora de A escola do paraíso,
de José Rodrigues Miguéis: um romance de aprendizagem (1998), bem como de diversos estudos
sobre autores lusófonos. Publicou recentemente Ao lume brando da urze. Estudos sobre João de
Araújo Correia (2016).
✑ Ana Paula Banza (Universidade de Évora / CIDEHUS)
A língua como património: desafios de preservação na era digital
Resumo: O reconhecimento da importância da língua como património é hoje um facto iniludível,
sobretudo desde que a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, adoptada
pela UNESCO, em 2003, consagrou as tradições e expressões orais, incluindo a língua, como
património cultural imaterial.
A salvaguarda da língua como património envolve duas vertentes. A primeira é diacrónica e passa,
entre outros aspectos, pela fixação dos textos, literários e não literários, dos diferentes períodos
da história da língua. A segunda é sincrónica e passa essencialmente pelo reconhecimento da
variação linguística e, no caso português, pelo reconhecimento do seu pluricentrismo.
A presente comunicação abordará a primeira destas dimensões da preservação da língua como
património, centrando-se na edição enquanto prática filológica e nos seus desafios na era digital.
A actividade da Cátedra UNESCO da Universidade de Évora servirá de exemplo de algumas boas
práticas de preservação da língua como património imaterial na era digital.
Nota biográfica: ANA PAULA BANZA nasceu no Barreiro em 1966. É Licenciada em Línguas e
Literaturas Modernas - Estudos Portugueses e Franceses (1988) e Mestre em Linguística
Portuguesa Histórica (1993) pela Universidade Clássica de Lisboa e Doutora em Linguística:
História da Língua Portuguesa (2001) e Agregada em Linguística: História da Língua Portuguesa
e Crítica Textual (2015) pela Universidade de Évora, onde lecciona desde 1991.
A sua actividade pedagógica tem-se desenvolvido na área da Língua e Linguística Portuguesas.
No domínio científico, tem trabalhado essencialmente nas áreas da Filologia e Crítica Textual,
centrando-se o seu interesse em textos dos períodos Antigo e Clássico da Língua Portuguesa
(com destaque para a edição e estudo filológico da obra do Padre António Vieira); da História da
Língua Portuguesa e dos estudos de Variação. Cf. webpage: http://home.uevora.pt/~anabanza/
Orcid.org/0000-0003-4467-9521
Ficha pessoal de docente: http://www.dll.uevora.pt/pessoas/(id)/22658
CV DeGóis: http://www.degois.pt/visualizador/curriculum.jsp?key=6543381528687525
9
✑ Audrey Castanon de Mattos (UNESP e Universidade de Coimbra)
No princípio era a palavra, no final, também: os mortos e a questão da identidade em Teolinda
Gersão
Resumo: A obra da escritora portuguesa Teolinda Gersão, que fez sua estreia em 1981, com o
romance O silêncio, enfatiza o tema da constituição do sujeito pela linguagem e os
questionamentos em torno do eu. Em outros romances, a convocação dos mortos a participarem
do dilema que ronda a construção da identidade e a necessária afirmação de estar no mundo
reforçam a ideia da linguagem como única forma de realidade. Assim, em A casa da cabeça de
cavalo, romance publicado em 1995, os mortos de uma família revezam-se no esforço de
relembrar o passado, contá-lo e registrá-lo. Lutam contra o esquecimento para driblar a morte e
garantir, pela palavra, sua permanência no mundo. Já em A cidade de Ulisses, publicado em 2011,
o narrador persegue a efetivação de um diálogo inconcluso com uma mulher que já está morta.
Dirigindo-se a um tu ausente, o narrador elabora o diálogo mil vezes desejado e projeta, de modo
contundente, a presença da interlocutária no discurso, para aos poucos promover seu apagamento
e enviá-la ao lugar dos mortos, único meio de seguir com a própria vida. Aqui, a escrita é o caminho
para revisitar o passado e enterrá-lo em definitivo. Em Passagens, romance de 2014, a
personagem Ana contempla o próprio corpo, enquanto ouve trechos de pensamentos e conversas
dos familiares e amigos reunidos em seu funeral. Como no teatro, os fragmentos dão deixas para
rememorar grandes momentos e despedir-se deles, saindo da vida como se as cortinas se
fechassem no palco. O debate em torno desses romances focaliza procedimentos narrativos que
abordam a constituição do sujeito pela linguagem a partir do universos dos mortos. Palavras-
chave: Teolinda Gersão; constituição do sujeito; narradores e personagens mortos.
Nota biográfica: Aluna de doutoramento do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários
da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara – Unesp. Brasil. Investigadora na Universidade
de Coimbra, período de junho a novembro de 2017. Professora de Português e Literaturas em
Língua Portuguesa nos ensinos Fundamental e Médio. Investiga a obra da escritora portuguesa
Teolinda Gersão, com foco sobre o silêncio como signo linguístico e gerador de sentidos.
✑ Ângelo Martingo & Carla Alexandra Paiva (CEHUM / UMinho; CEFH / UCP)
Da linguística à música- a teoria gerativa na interpretação e receção de uma sonata de Beethoven
Resumo: Partindo da relação entre música e linguagem, esta comunicação visa evidenciar a
importância e a operacionalidade da teorização levada a cabo por Fred Lerdahl e Ray Jackendoff
em A generative theory of tonal music (1983), bem como do refinamento desta por Fred Lerdahl
(2001) em Tonal Pitch Space (TPS), que, radicando em Chomsky, se constituiu num instrumento
de referência em estudos empíricos de perceção. Em particular, relata-se um estudo efetuado em
23 interpretações da Sonata Waldstein, Op. 53, de Beethoven, bem como um estudo sobre a
perceção de interpretações selecionadas da mesma obra, em que os desvios expressivos
praticados pelos intérpretes e avaliados pelos ouvintes, são pensados à luz da TPS,
demonstrando-se a pertinência da teoria na compreensão da representação cognitiva da estrutura
na música tonal.
Nota biográfica: Doutor (PhD) pela Universidade de Sheffield, Master of Music in performance,
pela Universidade de Reading, Diplome Supérieur D’Enseignement, pela École Normale de
Musique de Paris, Ângelo Martingo é Professor Auxiliar Convidado da Universidade do Minho e
Membro do CEHUM. A sua investigação e publicações têm particular incidência na área da
sociologia musical (com enfoque na teoria e música do século XX), bem como no âmbito dos
estudos de performance, de que se destaca recentemente a co-edição de Interpretação Musical
10
(Lisboa: Colibri, 2006), e Contextos da Modernidade – Um Inquérito a Compositores Portugueses
(Porto: Atelier de Composição, 2011).
✑ Bassam Tibi (Emeritus da Universität Göttingen)
Religion as a Framework for the Construction of Cultural Identity in an Age of Uncertainty
Nota biográfica: Bassam Tibi is Professor emeritus of International Relations at the University of
Göttingen. He taught at this university from 1973 on until his retirement 2009. He is a native Syrian
born in Damascus 1944 (he descends from the centuries old family of the nobility of Banu a-Tibi)
and is since 1974 a German citizen. Pursuant to his retirement 2009 he served 2010 as the Resnick
scholar for the study of antisemitism at the Center for Advanced Holocaust Studies/ CAHS at the
United States Holocaust Memorial Museum in Washington, D.C. Hereafter 2011 he was chosen
with no application for an appointment as the visiting Koret Foundation Fellow at Stanford
University. However, he decided in 2012 to return to retirement.
Tibi is the author of the recent books: The Shari’a-State. Arab Spring and Democratization
(Routledge Press, 2013), Islamism and Islam (Yale University Press, 2012) and: Islam in Global
Politics. Conflict and Cross-Cultural Bridging (Routledge Press, 2012) next to earlier nine books
published in English in the USA. His comprehensive life-time work on Islam was published 2009
under the title Islam’s Predicament with Modernity. Religious Reform and Cultural Change by
Routledge Press. His most recent book publication is the 2nd edition of Political Islam, World Politics
and Europe. Website: http://www.bassamtibi.de
✑ Betina Ruiz & Maria Helena Cunha (CEHUM / UMinho)
Palavras de amor na identidade musical brasileira
Resumo: A forma como alguns bons compositores brasileiros expressam o amor tem-se alterado
a vários níveis. Em associação com manifestações divinas, o amor tem sido narrado e louvado
nas canções, quer seja na sua desintegração quer no anseio de reconquista, pari passu com a
tradição e com a inovação, para o deleite de um público amplo e menos familiarizado ao debate
de ideias criativas do que poderíamos supor, face ao peso que a música efetivamente tem no
Brasil. Propomos uma leitura desse quadro, tendo em conta a dimensão poética das canções que
integram o corpus que escolhemos e o momento em que surgiram a público.
Nota biográfica: Betina Ruiz é Doutora pela Universidade de São Paulo, no ramo de "Estudos
Comparados de Literaturas de Língua Portuguesa", com a tese Matrizes para um estudo da
literatura feminina: uma leitura comparativa de Sóror Mariana Alcoforado e Sor Juana Inés de la
Cruz, orientada pelo Prof. Doutor Horácio Costa. Docente na ESAG desde 2011 e Investigadora
externa no CEHUM e no CEI-ISCAP. Maria Helena Cunha é Mestre em Literaturas Românicas
pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo a dissertação O cavaleiro de Oliveira e
Aquilino Ribeiro: heresias de um amor conflituoso sido orientada pela Profª Doutora Maria Luísa
Malato. É professora de português na Escola Secundária Raul Proença. Tem colaborado em
projetos na área da criatividade.
✑ Camila Rodrigues Moreira Cruz (Université Paris 1)
Corps frontière Le lieu du sacré
Resumo: Le corps frontière est ici pensé comme le lieu du sacré. Ma pratique artistique
questionne, dialogue entre ma mémoire, l’objet et le sens du sacré dans mes œuvres. Alors, je
départ d’une collection d’objets faite par ma mère, rangé dans une boîte en carton, placée à sa
chambre dans l’armoire fermée à clé, comme un ensemble d’objets sacrés (du latin sacrum). Jean-
Jacques Wunenburger affirme que « le sacré a structuré l’expérience culturelle de l’humanité . »
11
Or, j’ai été élevée dans la religion catholique où le sens de l’objet sacré m’était affirmé tous les
jours. C’était une culture de la dévotion transmise de génération en génération. Conserver un objet
tout en le considérant comme un objet précieux et sacré a toujours été pour moi le sens et l’enjeu
de cette collection. La dialectique de mes souvenirs conduit mon processus de création, qui
cherche dans cette collection d’objets le sacré et l’objet relique, vers une mémoire distincte de
toutes les autres. Mircea Eliade caractérise l’espace sacré par sa non-homogénéité : Il présente
des ruptures, des cassures. Pour l’homme religieux, cette non-homogénéité spatiale se traduit par
l’expérience d’une opposition entre l’espace sacré, le seul qui soit réel, qui existe réellement, et
tout le reste, l’étendue informe qui l’entoure . Cette chambre est restée dans mes souvenirs, depuis
mon enfance, dévouée à la part occulte de moi-même. J’étais ces objets et ces objets étaient moi.
Nota biográfica: 2010-2017 Doctorat Arts Plastiques- Université Paris 1- Panthéon Sorbonne.
Exposições De anima, au Crous Beaux Arts de Paris- France. #16. Art- Encontro Internacional de
Arte e Tecnologia. Porto. Quinzième Biennale d’Art, CRAC France. Itinérarios da Pintura,
Fundación Funcionar Socorro, Colombie. III Biennale Desde aqui , Bucamaranga, Colombie. Linea
Ancestral, Fondo de Cultura Economica, Pérou. Post Faces, Bordeaux-France. De Techos y
Azoteas, Lima, Pérou. Processo de Criação . Decisão, Migração, Fronteira. In: Creative Processes
in Art. Proceedings of the International Colloquium. ISBN 978-989- 8771-06-3 / 587
MOREIRA, Camila, Transmission du Sensible. Autour de la poïétique de l’altérité intime.
Recherche en Arts Plastiques, Allemagne, Presses Académiques Francophones, 2014, 94 p. ISBN
978-3-8381-4112-1 CORPS MÉTIS, MÉTISSAGE DANS L’ART. LE BRÉSIL DANS MA
GÉNÉALOGIE ET MON ŒUVRE , Revue Passages de Paris ISSN 1773-0341
✑ Cátia Sofia Sousa Vieira (CEHUM / UMinho)
Henry Miller e Nuno Bragança: um complexo de crucificação
Resumo: A presente comunicação procura analisar o complexo de crucificação, revelado nos
heróis do escritor português, Nuno Bragança, e do autor norte-americano, Henry Miller. A
iconografia da cruz é uma presença nas expressões artísticas contemporâneas. Alicerçando-se
nas palavras de Jürgen Moltmann, Eunice Ribeiro, em O Corpo em Cruz: Coreografias da Carne,
pensou a cruz como o elemento paradoxal do Cristianismo por “ser ‘inapropriada’ pelos possíveis
conteúdos morais que sobre ela se projectam, como ainda pelas suas ‘inevitáveis’ repercussões
estéticas” (Ribeiro, 2011: 473). Contudo, mais do que a própria cruz, torna-se relevante para o
nosso objeto de estudo a Via Dolorosa, a crucificação, a morte e a ressurreição de Cristo. Ao
pensarmos o momento bíblico, consideramos essencialmente dor, agonia e violência. A nosso ver,
essas são as sensações que imperam nas últimas horas do Messias. Frederic W. Farrar, em The
Life of Christ, expôs de modo explícito a sua leitura bíblica, realçando a solitude, a tortura e o
sofrimento provocado pela cruz. O clérigo inglês apontou, sobretudo, o heroísmo de Jesus,
espelhado no instante em que Ele recusa o composto de mirra e vinagre, que atenuaria as suas
dores. Este episódio bíblico tem causado um grande fascínio entre os artistas. Paul Fussel, em
The Great War and Modern Memory, assinalou a presença da crucificatio na literatura do pós-
guerra, enfatizando o caso de Ernest Hemingway. É, neste contexto, que se ergue a produção
literária de Miller e de Bragança. Os heróis de ambos os escritores - que apresentam um cunho
autobiográfico - forjam-se numa experiência dolorosa e assoladora, que se verifica como uma
espécie de via-crúcis necessária para o posterior renascimento do homem enquanto escritor.
Exibindo um retrato crístico, estes protagonistas carregam um peso aflitivo, por um percurso
solitário, desconhecido e árduo, procurando a auto-descoberta e visando renascer enquanto
criadores, enquanto homens da escrita.
Nota biográfica: Concluiu a licenciatura em Estudos Portugueses e Lusófonos em 2014, na
Universidade do Minho. No mesmo ano, iniciou o mestrado em Teoria da Literatura e Literaturas
12
Lusófonas, tendo desenvolvido uma dissertação intitulada 'Square Tolstoi', de Nuno Bragança: O
Erotismo e a Morte. De 2013 a 2014, colaborou no departamento de comunicação da empresa
portuguesa Zenitflower, enquanto estagiária. Dois anos mais tarde, ao abrigo do programa
Erasmus Placements, integra o departamento editorial da Simon & Schuster (Londres). Em 2017,
apresentou a comunicação "Square Tolstoi, de Nuno Bragança: o erotismo e a morte", nas
Jornadas de Investigadores Júnior.
✑ Cornelia Elisabeth Plag (Faculdade de Letras - Universidade de Coimbra)
Funções do terceiro turno na interação verbal em sala de audiências
Resumo: Funções do terceiro turno na interação verbal em sala de audiências A AC sempre
privilegiou a investigação em torno de conversas autênticas e da sua estruturação ao nível micro
e também desde cedo se dedicou à sua aplicação à área do discurso jurídico, nomeadamente no
que concerne à descrição dos contextos de interação verbal entre especialistas e leigos e à análise
do sistema de turnos de fala que aí opera e, ainda mais especificamente, ao turn design. Todavia,
e apesar da profusão de estudos sobre todos estes tópicos, menos frequente é a análise dos
terceiros turnos de fala neste setting institucional e da função que eles desempenham na
audiência. Partindo de dados autênticos (audiências gravadas no Tribunal de Coimbra, em 2016)
e uma vez feito o levantamento das funções correntes do 3º turno na interação verbal do
quotidiano, vamos confrontá-las com os enunciados que integram o corpus, com o objetivo de
identificar a coincidência ou não dessas funções e de verificar as eventuais influências de uma
comunicação hierarquicamente desnivelada. Argumentamos que, dada a participação de falantes
especialistas, aqueles que dominam com proficiência a linguagem do Direito – juiz, defensor, MP
– e de leigos – arguidos e testemunhas, os diferentes tipos de interlocutores proferem diferentes
terceiros turnos, com funções diversas. A análise dos dados parece sugerir que essas diferentes
funções se orientam para os domínios local e global da interação verbal e se relacionam com as
duas realidades do Tribunal: a realidade primária e a realidade secundária. Os resultados do
estudo permitem uma nova abordagem e compreensão da interação entre profissionais e leigos.
Nota biográfica: Cornelia Plag é Professora Auxiliar da Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra, diretora do Mestrado em Tradução e subdiretora do Doutoramento em Línguas
Modernas: Culturas, Literaturas, Tradução. Exerce a sua atividade docente e de investigação nas
áreas da Tradução e dos Estudos de Tradução. É investigadora do CELGA-ILTEC (Centro de
Investigação da FCT), sendo a sua principal área de pesquisa a Tradução Jurídica e áreas
conexas.
✑ Dalexon Sérgio da Silva (Universidade Católica de Pernambuco)
Memória discursiva e lugar social no discurso religioso da mulher evangélica da Igreja Assembleia
de Deus
Resumo: O presente trabalho promove uma análise discursiva, a partir de um corpus constituído
pelo discurso religioso de duas mulheres que ocupam um lugar social de poder, como dirigentes
de um departamento religioso da Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Brasil, instituição
religiosa que de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística é a maior denominação
evangélica brasileira, por possuir, no último Recenseamento, 12.314.410 (doze milhões, trezentos
e catorze mil e quatrocentos e dez) membros no Brasil. Deste modo, analisar-se-á como este lugar
social religioso de memórias se manifesta e como se constitui a partir das representações sociais
que se tem dele, mais concretamente, por meio das formações imaginárias acerca deste lugar de
direção ocupado por mulheres, que é constitutivo na historicidade pela exterioridade. Este lugar
representativo se torna foco nesta pesquisa, pelo fato da Igreja Evangélica Assembleia de Deus
possuir, apenas, homens em seus maiores cargos de liderança na igreja. Assim, este artigo
13
mobiliza conceitos do campo teórico e analítico da Análise do Discurso de linha francesa (AD),
baseando-se, principalmente, nos estudos de Pêcheux (1969), e de Foucault (1997), na Europa,
e de Orlandi (2007) no Brasil, para compreender como este lugar social discursivo promove, de
entre outros aspectos, silenciamentos e mobilidade na rede de filiação dos sentidos, ao ser inscrito
numa rede de memórias que marca este lugar, social e religioso. Neste contexto, esta pesquisa
revela a importância da Análise do Discurso de linha francesa nos estudos sobre as interrogações
religiosas, através do olhar do analista que observa, constata, problematiza e investiga
atentamente que alguma coisa se desloca no discurso e produz efeitos de sentido, neste momento
atual no qual as dinâmicas religiosas se adensam.
Nota biográfica: Bolsista CAPES, graduado em Letras pela Universidade Federal de
Pernambuco. Especialista em Língua Portuguesa pela Universidade Federal de Pernambuco e
Pós-graduado em Administração, também pela UFPE. Mestre em Ciências da Linguagem pela
Universidade Católica de Pernambuco e cursa o Doutoramento em Ciências da Linguagem pela
UNICAP, com atuação em Análise de Discurso de linha francesa, ao focar a análise do discurso
religioso. É membro do CLEPUL - Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e membro da Rede Latino-americana de Estudos
Pentecostais - RELEP. Também é membro da União Brasileira dos Escritores - UBE e membro da
Academia de Letras - ALAP. Ainda é membro da Academia de Letras do Rio de Janeiro, a Litteraria
Academiae Lima Barreto e da Sociedade Brasileira dos Poeta Vivos de Olinda - Pernambuco. É
autor de seis livros acadêmicos.
✑ Daniel Lehmann (Hebrew University of Jerusalem)
Anthonius Margaritha and the Faith of Y/our Fathers: A Convert's Polemic against the Jewish Faith
in Reformation-Era Germany
Resumo: Although the notion of conversion as a complete break with the faith, community and
identity of one’s past struck many Christians in sixteenth-century Germany as inapplicable in the
case of converts from Judaism, traces of such a notion can be discerned in the writings of the
converts themselves – and nowhere more decisively, it would seem, than in converts’ polemical
writings against Judaism. Polemical discourse, especially in its literary form, takes the dichotomy
between Christians and Jews, between “us” and “them,” as its starting point, while the relative
freedom offered by the act of writing affords polemicists the opportunity to construct an ideal – read:
starkly contrasted – image of Christian-Jewish relations. Converts presumably had all the more
reason to adopt such a discordant tone, in an attempt to justify their change of faith and prove its
authenticity, often in the face of Christian and Jewish skepticism as to the genuineness of their
conversion. As such, it comes as something of a surprise to discover a pronounced departure from
this idea of contrast in one of the most well-known works authored by a Jewish convert to
Christianity, Anthonius Margaritha’s Der gantz Jüdisch glaub (1530) – and in no less than in the
distinctly polemical climax of the book, Margaritha’s Refutation of the Entire Jewish Faith. In
consecutive responses to the objections of two hypothetical Jews, Margaritha describes his
relationship with the Jews in seemingly mutually incompatible terms: first, he labels the Jews “our
fathers,” and then, “your fathers” – and in both cases, with reference to those Jews who crucified
Christ. My paper explores this undermining of the Christian-Jewish dichotomy by positioning
Margaritha’s Refutation within its immediate historical context – the Lutheran Reformation – and
specifically, as a response to Luther’s early writings about the Jews, while considering how such a
backdrop may have shaped Margaritha’s own competing sense(s) of identity.
Nota biográfica: Higher Education 2016-2017: MA Department of History, Hebrew University of
Jerusalem. MA thesis: Anthonius Margaritha’s Refutation of the Jewish Faith and the Reformation-
Era Christian Polemic against the Jews, supervised by Dr. Aya Elyada. 2013-2016: BA Department
14
of History, School of History Honors Program and Amirim Honors Program in the Humanities,
Hebrew University of Jerusalem, magna cum laude. Research Grants, Honors, and Awards 2016-
2017 MA Fellowship at Jack, Joseph & Morton School for Advanced Studies in the Humanities,
Hebrew University of Jerusalem. 2016-2017 MA Fellowship at The Center for the Study of
Christianity, Hebrew University of Jerusalem. 2015-2017 Scholarship, Forum for the Study of
Christianity, Hebrew University of Jerusalem. 2013-2016 Amirim Honors Program scholarship,
Hebrew University of Jerusalem. Publications "From the Law of Distinction to the ‘Yair Lapid Law’:
On the Nature of Hiatuses”, Akdamot 28 (2013), pp. 105-114 [Hebrew].
✑ Daniel dos Santos Tavares (CEHUM / UMinho)
Manchas e constelações: do corpo religioso
Resumo: Quando lida na trajetória da tradição pictórica ocidental, a plasticidade do corpo religioso
moderno e contemporâneo opera não raras vezes num corpo rasurado, dado em excesso, que
frequentemente visa um certo deslocamento da sacralização. Por outro lado, o desvio em relação
ao figurativo poderá encontrar na mancha e no borrão breves sinais – ou ‘manifestações’, para
recuperar a terminologia de Benjamin – de uma sacralidade oculta, de uma imagem-aparição. A
partir borrões de Rembrandt, das ‘griffures’ de Pomar ou, mais recentemente, num contexto de
representações que visam o microscópico e/ou o informe, importa perceber de que modo a
mancha poderá ocupar um lugar que se situe entre o excesso e a ausência no corpo religioso.
Nota biográfica: Licenciado em 2008 pela Universidade do Minho em Estudos Portugueses e
Lusófonos. Neste momento, encontra-se a concluir uma tese de doutoramento financiada pela
FCT intitulada: Do retrato poético: leituras interartísticas na poesia portuguesa contemporânea. É
membro do Grupo 2i do CEHUM / UMinho.
✑ Elias J. Torres Feijó (Grupo Galabra, Universidade de Santiago de Compostela)
CS (Compromisso Social Investigador), necessidade, utilidade e serviço público
Resumo: A universidade, como serviço público, deve pensar decididamente em trabalhar
conjuntamente com os setores sociais interessados e/ou afetados pola sua investigação. Neste
sentido, esses setores podem ser incorporados ao processo mesmo investigador, à partilha de
resultados e a análise conjunta, nos seus casos, e, igualmente, a definir perguntas investigadoras
tendo presente a sua perspetiva. Numa orientação dos estudos e investigações na cultura, isto
apresenta ainda maior valor, e pode ajudar para encaminhar algumas viragens na pesquisa e na
aplicabilidade de resultados.
Nota biográfica: Elias J. Torres Feijó (Tui, 1964) é Professor de literaturas de língua portuguesa
e metodologia da análise da literatura e da cultura na Universidade de Santiago de Compostela.
Diretor do Grupo Galabra, foi Prémio extraordinário de Doutoramento (1996) com a tese Galiza
em Portugal, Portugal na Galiza através das revistas literárias.
✑ Emilio Carral Vilariño (Grupo Galabra, Universidade de Santiago de Compostela)
Ecossistemas e sistemas culturais
Resumo: Tendo presente a definição de Huxley (1955) de sistema cultural como sistema
autónomo de seres humanos interconectados, podemos articular a definição de ecossistema
entendido como um conjunto de espécimenes de diferentes espécies relacionadas entre si
(relações bióticas) e com a parte abiótica, em equilíbrio dinâmico e capacidade de
adaptação/evolução. Assim, apresentamos uns sistemas parcialmente semelhantes que partilham
15
como elementos comuns e fulcrais para o seu funcionamento os agentes envolvidos/espécies e
as relações entre os mesmos. Deste ponto de vista dá-se a possibilidade de caracterizar o sistema
cultural (ou parte) com ferramentas de análise de ecossistemas.
Nota biográfica: Emilio V. Carral Vilariño (Antas de Ulha, 1962) é Doutor em Ciências Biológicas,
professor da Área de Ecologia na Universidade de Santiago de Compostela. Foi subdiretor e
diretor (em funções) da Escola Politécnica Superior e coordena o IV Ciclo Universitário no Campus
de Lugo. Realizou estadias em centros estrangeiros (Cuba e Holanda) e tem publicado numerosos
artigos científicos e de divulgação sobre resíduos agro-industriais, poluição, metais pesados,
nutrientes, controlo ambiental, bioindicação, espécies protegidas, gestão ambiental e
biodiversidade.
✑ Enrique Santos Unamuno (CILEM, Universidad de Extremadura)
Estudos literarios e Sistemas de Información xeográfica: retos, achegas e iniciativas
Resumo: A etiqueta xiro espacial comezou a ser empregada no eido das ciencias sociais e
humanas a partir da segunda metade dos anos 80. A día de hoxe, a atención dos estudiosos
semella centrarse cada vez máis na relevancia dos mapas coma dispositivos de comunicación.
Non semella esaxerado afirmarmos que as tecnoloxías dixitais e a sua enorme capacidade
visualizadora poden ter contribuído á actual omnipresenza de mapas e diagramas na Infoesfera.
É posíbel, de feito, que a web Xeoespacial (con Google Earth coma exemplo supremo) e os
Sistemas de Información Xeográfica (SIG) estean a mudar a nosa percepción do mundo. O que
non ten dúbida é que as Humanidades no poden esquecer os aspectos teóricos e prácticos
asociados a dito proceso. Proba diso é o debate teórico verbo da difícil conciliación transdisciplinar
entre epistemoloxías cuantitativas (as subxacentes aos SIGs, por exemplo) e cualitativas (o
carácter idiográfico e hermenéutico das ciencias humanas). A confluencia entre cartografía dixital
e estudos humanísticos ten xa producido algúns SIGs literarios. A nosa intervención tentará
contextualizar esas iniciativas, suliñando retos e dificultades e dedicando unha especial atención
ao proxecto de investigación A proxección do lugar: Compostela no seu imaxinario xeoliterario
(1844-1926) (https://www.compostelageoliteraria.org/), desenvolvido entre 2014 e 2017 baixo a
dirección de Fernando Cabo Aseguinolaza e no que tivemos ocasión de participar.
Nota biográfica: Enrique Santos Unamuno é profesor de Teoría da Literatura e Literatura
Comparada na Facultade de Filosofía e Letras de Cáceres, (Universidad de Extremadura,
España). As súas liñas de investigación privilexiadas son Ciencia, Tecnoloxía e Sociedade,
Imagoloxía e Estudos sobre a Nación, ben como as Humanidades Espaciais (en concreto, no
tocante ás relacións entre literatura e cartografía). Desde 2008, dirixe o grupo de investigación
Lenguas y Culturas en la Europa Moderna: Discurso e Identidad (CILEM), inscrito no Catálogo de
Grupos da Junta de Extremadura.
✑ Filipa Basílio Valente da Silva (Faculdade de Letras da Universidade do Porto)
“Beyond”: Mergulhando nas águas turvas de Bret Easton Ellis
Resumo: A linguagem, ferramenta de comunicação utilizada pelo ser humano, possui inúmeras
vantagens, mas também pode ser tomada como garantida, enganar e trair. É o nosso meio de
comunicação, mas nem sempre exprime aquilo que sentimos ou pensamos verdadeiramente. O
romance depende na totalidade da palavra escrita, e apresenta-nos ás palavras de personagens,
em quem podemos, ou não, confiar. Bret Easton Ellis, atualmente com sete romances publicados,
é conhecido pelos seus narradores não confiáveis, algo que se deve não só ao facto de se
encontrarem constantemente inebriados e sob o efeito de drogas, mas também por introduzirem
o leitor num ambiente alucinatório. O objetivo deste trabalho é analisar os mundos criados pelos
16
protagonistas das obras de Ellis, que são desenvolvidos através de cada personalidade e vivências
pessoais. Estes mundos podem ser exteriorizados e direcionados á sociedade, ou pertencer
principalmente à esfera privada e interior. A forma de expressão de cada personagem é
condicionada pela etapa etária em que se encontra, e pelo ambiente em que se insere—colégio,
Wall Street, mundo da moda, seio familiar. Assim, irei distinguir a palavra exteriorizada da interior
(dirigida aos leitores) no discurso de Clay, Patrick Bateman, Victor e Bret, e explorar o diálogo
entre estas personagens e o Outro, e entre elas próprias e o seu (verdadeiro) Eu. Deste modo,
abririrei portas para um discurso sobre a máxima “nem tudo é o que parece” e a fragilidade humana
que este tópico envolve.
Nota biográfica: Filipa Basílio Valente da Silva concluiu a licenciatura em Línguas, Literaturas e
Culturas (variante Inglês/Alemão) e o mestrado em Estudos Anglo-Americanos na Faculdade de
Letras da Universidade do Porto. Atualmente é aluna do terceiro ciclo de estudos em Estudos
Literários, Culturais e Interartísticos e está a trabalhar sobre a obra completa de Bret Easton Ellis
segundo as lentes do Surrealismo e a perspetiva individual de cada protagonista.
✑ Francesca Pasciolla (Università Ca' Foscari di Venezia / Centro de Estudos Comparatistas da
Universidade de Lisboa)
[In]exprimir o exprimível. “Écrire c’est lutter pour ne pas nommer”.
Resumo: Os estudos pessoanos podem ter tratado – e com êxito – a fragmentação (Fernando
Cabral Martins)... as fragmentações. O fragmentário é apenas uma subcategoria, e muitas vezes
uma máscara, da negligenciada archi-écriture do descontínuo. Nesta meditação, sugerirei –
d’après Stéphane Mallarmé – que o espaço (em branco mas nunca vazio) determina quer a escrita,
quer as consequentes leituras (sempre plurais) do texto; em contraste com o oral (pausa), na
escrita só há... espaço. O texto de Fernando Pessoa será abarcado, e sintomaticamente, à la
Roland Barthes, em termos do “écrit donc scriptible”. Solicitando aos leitores que participem
ativamente na construção do sentido, o Livro do Desassossego incita os seus fruidores a gozar de
uma multiplicidade interpretativa (jouissance). Nem diálogo, nem monólogo, o Livro (cf. Le Livre)
é a apertura a um vaivém entre esse escritor que é um “ King of Gaps” e um leitor capaz de atingir
o que Walter Benjamin definiu como sendo o ponto nebuloso (“Nevoeiro”... “É a hora”) de um texto.
Há-de se imaginar esse espaço onde o incompreensível irrompe através da suspensão brutal do
enunciado. O Livro do Desassossego constrange um público (“todos os que me lerem”) a detectar
– em vão – alhures coerências artísticas (instância... hetero-armadilhas-nímias), a aventurar-se
debaixo da superfície, a interromper o simples fluxo da percepção horizontal por meio de um forte
desvio em mais níveis, também verticalmente. Esperem [ ] e verão...
Nota biográfica: Francesca Pasciolla é doutoranda em Literaturas Comparadas na Università Ca’
Foscari di Venezia e investigadora visitante do Centro de Estudos Comparatistas da Universidade
de Lisboa. É Mestre em Literaturas Modernas, Comparadas e Pós-coloniais pela Università di
Bologna, tendo estudado um ano na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 2012,
licenciou-se em Línguas e Literaturas Estrangeiras pela Università di Bologna com uma
dissertação sobre a relação entre artes figurativas e poesia na Geração de Orpheu. É autora da
monografia Walt Whitman in Fernando Pessoa (London: Critical, Cultural and Communications
Press, 2016). Atualmente, investiga os processos de descontinuidade no Livro do Desassossego
de Fernando Pessoa.
17
✑ Gustavo Soldati Reis (Universidade do Estado do Pará/UEPA e Universidade da Beira
Interior/UBI)
A memória escrita: representações da presença de missões evangélicas em povos indígenas no
período da ditadura civil-militar no Brasil (1964-1984)
Resumo: Essa comunicação tem por objetivo analisar representações culturais da presença e
atuação de missionamentos evangélicos entre grupos étnicos indígenas em território brasileiro.
Para tanto, e em sintonia com a proposta do referido painel, o objeto de análise são extratos do
documento intitulado Relatório Figueiredo, resultado dos trabalhos de uma Comissão Parlamentar
de Inquérito, do governo brasileiro que investigou, em 1967, crimes e violações de direitos
humanos em relação a povos indígenas, sob a tutela do antigo SPI- Serviço de Proteção ao Índio.
De fato, pode-se considerar esse documento como um lugar de representação de memórias
políticas e, também, religiosas, uma vez que há registros claros da atuação de diversos
movimentos religiosos, através de suas propostas missionárias, a fim de evangelizar e “civilizar”
os indígenas. A noção de lugar, aqui, é inspirada nas contribuições teóricas de Michel de Certeau,
para quem trata-se de interpretar os lugares culturais como construtos sociais fruto de relações de
poder que circunscrevem interesses e valores próprios. Assim, como a religião, no caso, a
representação em torno das ditas missões evangélicas, é circunscrita no referido documento
histórico? Como as culturalidades indígenas são representadas nesse documento diante de um
conflito de alteridades com os órgãos do governo e os agentes religiosos? Essas são algumas
questões que a presente comunicação pretende enfrentar. Por hipótese, emerge uma
configuração representativa de processos religiosos profundamente ambíguos na interface com
jogos e interesses políticos que constroem uma imagem não menos ambígua dos indígenas, em
um período histórico extremamente complexo e difícil do Brasil contemporâneo, ou seja, a ditadura
civil-militar (1964-1984). Espera-se, com isso, contribuir para os propósitos do Painel em discutir
diversas percepções de representações interculturais ao valorizar a memória histórica construída
no referido documento.
Nota biográfica: Graduação em Teologia pelas Faculdades EST - Escola Superior de Teologia
(São Leopoldo, RS), mestrado e doutorado em Ciências da Religião pela UMESP - Universidade
Metodista de São Paulo (São Bernardo do Campo, SP). Faz Estágio de Pós-Doutorado em
Sociologia da Religião na UBI - Universidade da Beira Interior, em Covilhã, Portugal, sob a
supervisão do Dr. Donizete Rodrigues. É professor Adjunto I na UEPA - Universidade do Estado
do Pará, em Belém/Brasil. Atua no Departamento de Filosofia e Ciências Sociais. É membro-
pesquisador dos Grupos MICEA - Movimentos, Instituições e Culturas evangélicas na Amazônia
e ARTEMI - Arte, Religião e Memória, ambos da UEPA. Áreas de Pesquisa: antropologia e teologia
dos sincretismos religiosos; representações e discursividades de missões evangélicas junto a
povos indígenas e interfaces entre religião e quadrinhos (banda desenhada). Endereço eletrônico
do currículo: http://lattes.cnpq.br/9780821625087052
✑ Helena Pina Vaz & Clara Costa Oliveira (PAR (Plataforma de Apoio a Refugiados); CEHUM)
Narrativas de acolhedores de refugiados
Resumo: Nesta apresentação dirigimo-nos sobretudo para dois objectivos: 1- dar a conhecer o
percurso de acolhimento de famílias da primeira instituição do norte de Portugal a acolher
refugiados, caracterizando esses agregados familiares, a sua origem, a dimensão etária, etc). 2-
dar testemunho do impacto existencial na vida de acolhedores destas famílias, quer em termos
logísticos, quer nas suas crenças e sentido de vida. A dimensão religiosa e humanitária de acolher
refugiados será aqui salientada e a luta contra estereótipos sociais e culturais por parte das
comunidades de inserção dos refugiados em questão e deles próprios, bem como da necessidade
de trabalho em redes de intervenção comunitárias serão salientadas.
18
Nota biográfica: Helena Pina-Vaz é directora do CLIB de Braga, coordenadora da PAR em 5
distritos em Portugal (incluindo Braga), Presidente da Habitat Braga; Membro de Direcção da
AMADOS; licenciada em Línguas.
Idalete Dias, Cátia Silva & Cristiana Leal (CEHUM / UMinho; ILCH)
Cartas a Camilo Castelo Branco: um olhar sobre a edição eletrónica de correspondência
Nota biográfica: Idalete Dias é Professora Auxiliar do Instituto de Letras e Ciências Humanas,
doutorada em Ciências da Linguagem pela Universidade do Minho, desde 2010. Desenvolve
atividade científica no CEHUM da UMinho, tendo como principais áreas de investigação a
Linguística de Corpus, a Lexicografia, o PLN e as Humanidades Digitais.
Cátia Silva concluiu a Licenciatura em Estudos Portugueses e Lusófonos e o Mestrado em
Mediação Cultural e Literária (2016) com o projeto intitulado Transcrição da Correspondência
dirigida a Camilo Castelo Branco: Reflexões sobre princípios e normas de codificação eletrónica.
Cristiana Leal é Licenciada em Estudos Portugueses e Lusófonos e Mestre em Mediação Cultural
e Literária (2016) pela Universidade do Minho, com o projeto intitulado Edição digital anotada da
correspondência dirigida a Camilo Castelo Branco: problemas e desafios.
✑ Inês Tadeu Freitas Gonçalves (Universidade da Madeira)
In a “flight of fancy” from Pendle to Salem
Resumo: Astrid Erll and Ansgar Nünning in Cultural Memory Studies: An International and
Interdisciplinary Handbook (2008) state that ‘Societies do not remember literally, but much of what
is done to reconstruct a shared past, the selectivity and perceptivity inherent in the creation of
versions of the past [is done] according to present knowledge and needs.’ (5) We find that this is
particularly pertinent in what the composite and cumulative image of the early English modern
woman-as-witch is concerned. For example, its portrayal in the Pendle witch trials of 1612
(Lancashire, UK) does not differ greatly from the one later portrayed in the Salem witch trials of
1692 (New England, USA). And, any relevant differences are mainly the result of the then prevailing
Puritan demonology tenets. The cultural memory of the woman-as-witch remained in the fancy of
the English Puritan migrants, soared out of the British Isles and found its way across the Atlantic
into the North-American Continent. In our presentation, we would like to outline the defining aspects
of the (trans)cultural immaterial religious sites of memory of the early modern witchcraft in both
England and New England while pointing out the main features of what we identify as being the
early modern Anglo-American woman-as-witch.
Nota biográfica: INÊS TADEU FG is a graduate of English and German Languages and Literature
and a post-graduate of Anglo-American Culture and Literature by the University of Madeira. After
briefly attending a few lectures at Brown University in RI, USA, she was invited to join the University
of Madeira. In 2011, she was a member of the organising committee of the International Conference
“Debating Woman: Past and Present.”. The Conference Proceedings - Women Past and Present:
Biographic and Multidisciplinary Studies (2014) – include a chapter by her titled “Eliza Buckminster
Lee’s Delusion or The Witch of New England (1839): (Re)Memory of the Salem Witch Trials.” A
junior member of CIERL and of the Intercontinental Cross-Currents Network: Women’s (Net)Works
across Europe and the Americas, she is at present a PhD candidate at the University of Minho, in
North-American Culture, emphasis on Women Studies and the cultural memory of the woman-as-
witch.
19
✑ Iolanda Ogando (Universidad de Extremadura)
Tuiteratura para ensinar e divulgar literatura em língua portuguesa
Resumo: Com a generalização dos media e de vários tipos de espetáculos de carácter
multitudinário (com especial destaque para os desportivos), a literatura perdeu relevância como
discurso configurador da cultura nacional e, portanto, como foco de interesse da sociedade em
geral e dos estudos humanísticos em particular. Esta situação resulta ainda mais visível em
âmbitos de ensino das LE, cujos estudantes consideram com frequência que a literatura não
resulta útil para a sua futura inserção laboral, facto que, somado à distância e/ou desconhecimento
da sua própria literatura, provoca um desinteresse geral por esta disciplina. Deste modo, os
docentes vemo-nos na obriga de desenvolver novas estratégias para renovar as disciplinas
relacionadas com a literatura, facto que se viu favorecido com a introdução de novas ferramentas
TIC, que têm ajudado não apenas a adaptar o discurso escrito a esta nova realidade, mas também
a lhe dar mais visibilidade e a pôr em destaque a sua rendibilidade social e cultural.
Tendo isto em consideração, com este trabalho queremos apresentar o trabalho resultante da
introdução das redes sociais Twitter e Storify em disciplinas da licenciatura em Línguas e
Literaturas Modernas (Português) da Universidad de Extremadura (Espanha). Estas permitir-nos-
ão mostrar a utilidade deste tipo de atividades como via para criarmos atividades de divulgação da
literatura em língua portuguesa e, nomeadamente, para experimentarmos com novas formas de
publicação de textos breves, de maneira a acrescentar a consciência textual e editorial dos
estudantes.
Nota biográfica: Iolanda Ogando González é professora titular da Universidad de Extremadura
(Espanha), desenvolvendo a sua docência na área dos Estudos Portugueses. A sua investigação
centra-se nas práticas docentes das Literaturas e Culturas em língua portuguesa, com especial
atenção à configuração e difusão nacional das mesmas através de estereótipos, marcos e lugares
comuns e, por outro lado, às TIC na didática dos Ambientes Pessoais de Aprendizagem (âmbito
em que já tem publicado alguns trabalhos sobre mapas conceptuais ou Twitter, e dentro do qual
desenvolve as diversas atividades que aparecem no site http://www.iberistics.com).
✑ Isabel Ermida (CEHUM / UMinho)
Intervenção corretiva de coparticipantes em debates sobre refugiados online: o papel de
moderadores voluntários em ocorrências de discurso de ódio
Resumo: Esta comunicação discute a construção linguística e discursiva de discordância explícita
e a emergência de conflito comunicativo nos painéis de comentários do tabloide inglês Daily Mail
Online. O enfoque é a crise humanitária decorrente do êxodo da minoria muçulmana dos
Rohingyas de Myanmar para o Bangladesh. Um conjunto de peças noticiosas, publicadas em
Setembro do corrente ano, e respetivos comentários dos leitores online constituem o corpus de
análise. Aplicar-se-á o modelo tripartido de análise da discordância de Scott (2002) e Walkinshaw
(2011), segundo o qual se examinarão sinais léxico-semânticos e pragmáticos de desacordo e
desentendimento quanto à questão dos refugiados, onde a descortesia e o desrespeito (incluindo
o insulto) marcam presença.
Em particular, a comunicação pretende olhar para o surgimento de intervenções corretivas de
terceiras pessoas (“bystander intervention”) no decurso de trocas dialogais entre comentadores
discordantes. Procurar-se-á mostrar como a identificação de sintomas de preconceito e
discriminação étnica e religiosa, que por vezes configuram o que se designa por “discurso de ódio”,
leva ao surgimento de atitudes voluntárias de moderação discursiva e interpessoal por parte de
alguns leitores até então passivos. Esta análise tentará discutir questões como a gestão da face –
pessoal e alheia – e a manutenção de princípios éticos em situações conversacionais dotadas de
um caráter anónimo, público, assíncrono e não-presencial. Espera-se que a comunicação
20
contribua para o entendimento da expressão discursiva de conflito ideológico em torno dos
conceitos de religião, etnia, nacionalidade e, crucialmente, do que significa sermos humanos.
Nota biográfica: Isabel Ermida é Professora associada com agregação na área disciplinar de
Estudos Ingleses e Norte-Americanos da Universidade do Minho. Doutorou-se em 2002, na
especialidade de Linguística Inglesa, com uma tese sobre os mecanismos linguísticos do humor
literário. Os seus atuais interesses de investigação incluem o discurso jornalístico on-line e a
linguagem das redes sociais na Internet. Aplicando instrumentos pragmáticos e sociolinguísticos,
tem procurado compreender de que modo variáveis analíticas tais como idade, género,
nacionalidade, etnia e classe social, entre outras, afetam a expressão (ou, inversamente, o
encobrimento) do preconceito e da discriminação.
✑ Joanne Paisana (CEHUM / UMinho)
“Lugares de Memória Religiosos: O Norte de Portugal Visto por Duas Inglesas nos anos 40”
Resumo: Ann Bridge (1889-1974, pseudónimo de Lady Mary Dolling Saunders O’Malley), e Susan
Lowndes (1907-1993) embarcaram numa viagem pelo Portugal nos anos 40 do século passado.
Bridge, casada com o embaixador da Grã-Bretanha em Portugal, e Lowndes, filha da distinta
escritora Mary Belloc Lowndes, a pedido de um editor inglês, percorreram Portugal de carro em
busca de locais menos visitados por estrangeiros. O texto de viagens que escreveram teve o título
inicial de The Selective Traveller in Portugal —hoje mais conhecido por Duas Inglesas em Portugal:
uma viagem pelo país nos anos 40. Tiveram como objetivo principal a escrita de um guia seletivo
sobre as várias belas e invulgares coisas para ver em Portugal. Assim, seria diferenciado dos guias
volumosos de viagem existentes. Acontece que sobre o Minho a seleção tem uma preponderância
significativa de itens eclesiásticos, com destaque para igrejas e afins. Com a ótica de Estudos de
Memória, esta apresentação analisará os lugares religiosos do Minho recomendados pelas duas
inglesas.
Nota biográfica: Joanne Paisana é professora auxiliar na UMinho, Portugal. Coordena e leciona
disciplinas de Cultura Inglesa (licenciatura, mestrado, doutoramento) e tem interesse na área dos
Estudos de Cultura. Atualmente é Diretora da licenciatura em Línguas e Literaturas Europeias e
do doutoramento em Ciências da Cultura. Tem vários artigos e capítulos de livros publicados.
✑ João Marcelo Martins (CEHUM / UMinho)
Semântica e Sintaxe em Chinês: Empréstimos Semânticos
Resumo: Entre as características da língua clássica chinesa, podemos destacar o facto desta ser
monossilábica e semiográfica, ou seja, de cada caracter possuir um som e representar uma ideia.
Ao longo da evolução da língua, com a complexificação da mente humana e a necessidade de
comunicar ideias mais intrincadas, assistimos à lenta transformação de alguns caracteres que,
ganhando e perdendo significância(s), começaram a ser utilizados como palavras funcionais.
Esses novos usos advieram da ideia original transmitida pelo caráter em si. Através da análise de
sinogramas como 把 (bǎ), 过 (guò), 着 (zhe) ou 了 (le), procuraremos entender como a evolução
dos mesmos e da sua utilização, ao longo dos diferentes períodos históricos, lhes permitiu uma
passagem da categoria nocional à categoria funcional, questionando-nos igualmente sobre a
possibilidade de, no caso dos empréstimos análogos, não existirem palavras funcionais, mas
apenas empréstimos semânticos.
Nota biográfica: Licenciado em Línguas e Culturas Orientais e Mestre em Estudos Interculturais
Português/Chinês: Tradução, Formação e Comunicação Empresarial, encontra-se atualmente a
21
frequentar o Doutoramento em Ciências da Cultura com a especialização em Culturas do Extremo
Oriente. Colabora com o Departamento de Estudos Asiáticos na lecionação de UCs como Chinês
e Japonês Moderno ou Geografia Humana, Económica e Turística da China. Colabora ainda com
o Instituto Confúcio da Universidade do Minho na lecionação dos cursos livres de “Língua e Cultura
Chinesas” e de “Chinês Turístico e Comercial”.
✑ João Ribeiro Mendes (CEPS / UMinho)
O Argumento do Quarto Chinês revisitado…em vinte minutos!
Resumo: Remonta aos anos 1980, no calor dos debates de então sobre as condições de
realizabilidade da Inteligência Artificial forte, a formulação de uma objeção, pelo filósofo
estadunidense John Searle, à consecução da mesma, na forma de uma experiência de
pensamento mais tarde designada “Argumento do Quarto Chinês” (1980, “Minds, Brains and
Programs”, Behavioral and Brain Sciences, 3: 417-57; 1984, Minds, Brains and Science,
Cambridge, MA: Harvard University Press). Resume-se ao seguinte: dentro de um quarto fechado
encontra-se um falante do português sem qualquer conhecimento de chinês; são-lhe enviados
para dentro do quarto símbolos chineses no modo de questões; ele tem um livro de instruções
sobre como proceder e envia para fora do quarto símbolos chineses no modo de respostas; simula,
portanto, ser capaz de responder a questões em chinês, mas sem entender qualquer símbolo
chinês.
O argumento pode ser formalizado nos termos propostos por Jason Zarri (em “On Searle’s Chinese
Room Argument: A Defense of the Systems Reply”, www.scholardarity. com/?page_id=1417):
assuma-se o Princípio da Indistinguibilidade (PI): se os comportamentos exibidos por uma pessoa
A relativas a alguma linguagem ou expressão linguística são indistinguíveis das de uma pessoa B,
e B entende essa linguagem ou expressão linguística, então A também entende essa linguagem
ou expressão linguística; a forma do argumento seria: premissa 1: se PI for verdadeiro, então a
pessoa no quarto entende o chinês; premissa 2: a pessoa no quarto não entende o chinês;
conclusão: PI não é verdadeiro. Supostamente, PI fica refutado.
No fundo, o que o Argumento do Quarto Chinês visa é mostrar que para compreendermos o que
ocorre no mundo e comunicarmos uns com os outros e até connosco mesmos (i.e., pensarmos)
precisamos de atribuir intencionalidade à linguagem que usamos (ou, inversamente, que ela terá
um valor hermenêuticamente nulo se reduzida a pura sintaxe), uma propriedade cognitiva
enigmática e aparentemente exclusiva do humano, o mesmo é dizer não recriável em mentes
artificiais (mecânicas ou eletrónicas).
Entretanto, nas quase quatro décadas que medeiam entre a apresentação original do Argumento
do Quarto Chinês e a atualidade, ocorreram notáveis avanços no conhecimento científico e
tecnológico que sugerem haver interesse numa revisita daquela. É o que proponho fazer no âmbito
do painel temático.
Nota biográfica: Tem-se dedicado ao ensino da Filosofia da Ciência e da Filosofia da Tecnologia
e disciplinas afins, como Teoria do Conhecimento e Ciência, Tecnologia e Sociedade. Nos últimos
cinco anos, a sua investigação tem estado cada vez mais focada em questões de Tecnoética, na
interseção, portanto, da Filosofia de Tecnologia e da Ética, especialmente no estudo da natureza,
estrutura e dinâmica de ação técnica e das tecnologias emergentes, nomeadamente das
respetivas implicações morais. Atualmente é Diretor do Centro de Ética, Política e Sociedade
(CEPS) do ILCH, assim como Diretor do Mestrado em Filosofia Política e Diretor-Adjunto do
Departamento de Filosofia.
22
✑ José Antonio Grela Martínez (Universidad de Santiago de Compostela)
El camino de Santiago como lugar de memoria religioso
Resumo: La presente comunicación pretende una reflexión sobre la historia del «Camino de
Santiago» y su deriva ante los nuevos retos y desafíos de la conocida como, cuarta revolución
industrial: La revolución digital. Comprende un breve análisis sobre el origen del homo «viator-
religiosus» y un breve recorrido por el fenómeno jacobeo que nos llevará ante los períodos de más
y menos concurrencia de peregrinos hasta analizar las motivaciones actuales y su impronta en los
medios de comunicación y redes sociales, llegando a crear un ecosistema en sí mismo.
Nota biográfica: Doctor en filología románica, licenciado en filología hispánica, licenciado en
filología románica por la Universidad de Santiago de Compostela. Licenciado en Ciencias
Religiosas por la Universidad Pontificia de Salamanca. Profesor de religión en Enseñanza
Secundaria. Investigador en el Archivo-biblioteca de la Catedral de Santiago de Compostela.
Profesor en el Instituto Teológico Compostelano. Últimos títulos publicados: «Memorial sobre el
debido respeto a templos y oficios... para prohibir el tabaco en la diócesis compostelana»,
Annuarium Sancti Iacobi, 5, 2016. «D. Gonzalo de Solórzano y su visita pastoral a la diócesis de
Mondoñedo», Estudios Mindonienses, 31, 2015. «Hombre cristiano. El tratado de Gonzalo de
Solórzano», Annuarium Sancti Iacobi, 2, 2013.
✑ José Cândido de Oliveira Martins (Universidade Católica Portuguesa, Braga)
Imagens do sagrado e da arte religiosa na poesia de João Miguel Fernandes Jorge
Resumo: O livro de poesia de João Miguel Fernandes Jorge, "Mirleos" (2015) apresenta uma
notável evocação de objectos escultóricos, espaços arquitectónicos e, sobretudo, de imagens
sagradas, tudo imbuído de uma envolvente aura religiosa. Através dessa sucessão de sugestivos
retratos, no âmbito de uma tradição figurativa religiosa, constitui-se visualmente uma paisagem
arqueológica habitada por muitas figuras de séculos remotos, à sombra de influente memória
cultural. Servindo-se especialmente da ecfrase para dar forma a um intenso diálogo interartístico
contemporâneo, o discurso poético do autor re-constrói uma sucessão de representações
figurativas de admiráveis ruínas, instaurando assim a sua perenidade.
Nota biográfica: José Cândido de Oliveira Martins é Professor Associado da Univ Católica
Portuguesa (Braga). Investigador do Centro de Estudos Filosóficos e Humanísticos (CEFH Além
de artigos em revistas da especialidade, tem publicados alguns livros, com destaque para: Teoria
da Paródia Surrealista; Naufrágio de Sepúlveda. Texto e Intertexto; Para uma Leitura da Poesia
Neoclássica; Para uma leitura da poesia de Bocage; Fidelino de Figueiredo e a Crítica da Teoria
Literária Positivista. Tem editado obras literárias de Diogo Bernardes, António Feijó, Teófilo
Carneiro e Camilo C Branco. Co-organizou alguns volumes colectivos, tais como: Novos
Horizontes das Humanidades; Leituras do Desejo em Camilo Castelo Branco; Estética e Ética em
Sá de Miranda; Pensar a Literatura no Séc. XXI; Camões e os Contemporâneos; Maria Ondina
Braga: releituras de uma obra. Colaborou ainda em muitas obras temáticas colectivas.
✑ José Marques Fernandes (CEHUM / UMinho)
Logos Grego, logos cristão e parábola dos três anéis: nos 500 anos da reforma luterana.
Resumo: Mote do Colóquio de Outono 2017, da Universidade do Minho, o tema do Logos é texto
e pretexto para questionar as razões da rutura operada por Lutero no seio da cristandade (1517),
para evocar as razões da ausência de Lutero em Portugal e para consensualizar a forma do
ecumenismo requerida pelo paradigma hermenêutico do pensamento na atualidade. Assim sendo,
23
percorreremos um caminho marcado pelas seguintes etapas: 1. Sentido e sentidos dos do Logos:
na sua génese grega, na sua aceção cristã, na sua versão iluminista e na sua compreensão pós-
moderna; 2. A crise do Logos na eclosão da Reforma Luterana; 3. Causas da ausência de Lutero
em Portugal; 4. O movimento e o diálogo ecuménico na nova “era da interpretação”, depois da
«era da Fé» e da “era da Razão”, ilustrados pela “parábola dos três anéis”, na obra de Lessing,
Nathan, o Sábio (1779).
Nota biográfica: É licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras de Lisboa (1972-1977),
mestre em (Filosofia da) Educação (Universidade do Minho, 1993, projeto e trabalhos de
investigação: “Proudhon em Portugal: receção e projeção”). Foi docente de Filosofia no Ensino
Secundário durante 17 anos e Assistente Convidado Requisitado no Ensino Superior.
Universidade do Minho durante 23 anos. A sua investigação incide sobre 1. A Geração de 70; 2.
Padre António Vieira; 3. Proudhon; 4. Faria de Vasconcelos e a Educação Nova em Portugal; 5.
Guerra Civil de Espanha; 6. Filosofia; 7. Cultura Portuguesa.
✑ José de Sousa Teixeira (CEHUM / UMinho)
O corpo, religião e espaço: conceitos e representações divergentes
Resumo: O corpo humano constitui-se, para todas as principais religiões, matéria sobre a qual
não pode existir indiferença. Na religião dominante na tradição cultural portuguesa, a cristã de
matriz católica, as perceções sobre o corpo humano são fundamentais para se perceberem não
apenas as concetualizações religiosas, mas igualmente a estrutura concetual que subjaz às
crenças, às representações cognitivas e linguísticas dos termos religiosos utilizados e, no fundo,
às próprias representações sociais e individuais que a religião suporta. É sumamente interessante
verificar como a representação dos corpos religiosos católicos (as figuras dos Santos, de Cristo
ou de Maria mãe de Cristo) têm sofrido algumas ruturas representativas em certas estéticas
religiosas contemporâneas e como essas ruturas afetam certos conceitos tradicionais e
fundamentais do catolicismo. Intimamente relacionado com a dimensão representativa-figurativa
está a localização espacial da figura religiosa: uma imagem não é apenas uma imagem, mas
aquela imagem naquele espaço. Partindo destas premissas e de uma obra da arquitetura religiosa
contemporânea (a Capela da Imaculada, em Braga) do tratamento das figuras religiosas e dos
espaços em que se inserem, procuraremos explicar as concetualizações subjacentes, como elas
se constituem ruturas representativas na tradição figurativa religiosa católica e o porquê da enorme
controvérsia que as mesmas originam.
Nota biográfica: José de Sousa Teixeira De 1984 a 1986 lecionou na Universidade Católica
Portuguesa, Faculdade de Filosofia, Braga e desde 1986 até à atualidade na Universidade do
Minho onde é Professor Associado. É Doutorado em Ciências da Linguagem, Linguística
Portuguesa desde 15 de Maio de 2000, pela Universidade do Minho. Um dos primeiros
investigadores da Linguística Cognitiva em Portugal, é autor de várias publicações em Portugal e
estrangeiro no domínio da semântica cognitiva e sobre cognição, língua e publicidade que podem
ser consultadas na Web através do Repositorium da Universidade do Minho. É atualmente o
Diretor do Mestrado em Português Língua Não Materna.
✑ Júlia Garraio (CES, Universidade de Coimbra)
Christian imaginary in the remembrance of Flight and Expulsion at the End of World War II
Resumo: The memories of Flucht and Vertreibung, the flight and expulsion of ethnic Germans from
Middle and Eastern Europe at the end of World War II, are inevitably embedded in the events that
defined the German defeat. In the context of the fierce tensions of the Cold War, the practices of
remembrance of this traumatic lieu de memoire contributed decisively to the construction of the
24
national identity of the Federal Republic of Germany. The trope of a Christian community brutalized
by Soviet savagery emerges in a significant part of the testimonies that circulated in the West-
German public space. Christian imaginaries merge with Orientalist stereotypes and
anticommunism. In this paper, I will focus on some autobiographical texts about the Flucht und
Vertreibung that were published during the Adenauer era to examine how their Christian identity
enabled expelled Germans to remember the past as victims of war. My analysis exposes how a
sense of religious belonging and an understanding of the community partially defined by religion
fostered a selective remembering of the war. In this context, some categories of war victims (ethic
and religious minorities; political prisoners) are ignored, rendered invisible or othered by the politics
of memory precisely because they are not imagined as being part of the German nation.
Nota biográfica: Júlia Garraio é investigadora do Centro de Estudos Sociais, onde integra o
Núcleo de Humanidades, Migrações e Estudos para a Paz (NHUMEP). É investigadora do projeto
"MEMOIRS - Children of Empires and European Postmemories" (European Research Council,
Margarida Calafate Ribeiro, 2015-2019). Violência, memória, identidade, discurso e representação
são conceitos essenciais no seu trabalho. Grande parte da sua investigação, das suas atividades
e publicações foi dedicada à literatura e à cultura alemã do século XX. Na sua dissertação de
doutoramento estudou a obra do poeta alemão Günter Eich (1907-1972). O seu projeto de pós-
doutoramento debruçou-se sobre a memória pública da violação de mulheres e adolescentes
alemãs no contexto da Segunda Guerra Mundial.
✑ Luciana Clotilde Ferreira Braga (ILCH / UMinho e CLEPUL)
Filosofia: a ciência das coisas humanas e divinas. Abordagem rizomática da filosofia por um
médico e filósofo criptojudeu do século XVII, Fernando Isaac Cardoso (1603/4-1683)
Resumo: O ensaio de História da Filosofia que constitui o Proémio da Philosophia Libera (1673),
a obra magna do médico e filósofo sefardita, Fernando Isaac Cardoso, começa assim: «A Filosofia,
que é a ciência das coisas humanas e divinas, teve origem no primeiro homem, Adão, o mais
sapiente de todos os mortais, em quem Deus infundiu um conhecimento exato das coisas naturais
e sobrenaturais». Segundo Isaac Cardoso, Deus infundiu um conhecimento exato das coisas
naturais a Adão, para que em «toda a parte houvesse provas da sabedoria divina, e com sumos
louvores exaltasse a Deus, Criador do mundo». Em dissonância com o pensamento geral, Cardoso
afirma que a filosofia não teve origem nos gregos, nem nos egípcios, ou nos caldeus. Para
fundamentar as suas palavras, o autor do século XVII serve-se das sapiências que a Sagrada
Escritura provê. Este conhecimento sobre as coisas humanas e divinas, como acredita, foi
transmitido de idade em idade, até ao Dilúvio Universal. Noé e a sua família teriam sido os
depositários desse saber, que transmitiriam, depois, aos seus filhos, os hebreus. Por conseguinte,
a Filosofia, e todas as ciências, tinham tido origem nos hebreus. Pretende-se, com esta
comunicação, dar a conhecer o pensamento de um médico e filósofo do século XVII, à luz dos
ensinamentos e preceitos das religiões católica e judaica, adquiridos desde a sua conversão à fé
cristã até ao seu regresso ao judaísmo. Pretende-se pari passu apresentar a sua visão rizomática
da Filosofia, num século em que os grandes pensadores, ao mesmo tempo que reivindicavam a
liberdade de pensamento e de ação, louvavam a palavra sagrada como única fonte de fé,
absorvendo-a na sua argumentação e na reflexão sobre o mundo.
Nota biográfica: Aluna de doutoramento no Instituto de Letras e Ciências Sociais e Humanas
(ILCH), da Universidade do Minho Investigadora colaboradora no Centro de Literaturas e Culturas
Lusófonas e Europeias (CLEPUL), da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
25
✑ Luís Cabral (CEHUM / UMinho)
Da Uniformização da Escrita à Uniformização da Mente
Resumo: No ensaio A Muralha e os Livros, Jorge Luís Borges dialoga sobre Qin Shihuang, o
imperador que unificou a China, confessando-nos que, embora fosse usual imperadores
queimarem livros e erguerem fortificações, a escala com que este imperador empreendeu tal feito
o levou a meditar sobre a equação entre memória e poder - queimar livros apagaria a existência
de tradições anteriores e fortificar as defesas afastaria os bárbaros do território. Séculos mais
tarde, Mao Zedong, ao levar a cabo a Revolução Cultural, procurou também “queimar” tradições
antigas e começar um novo período na história chinesa, neutralizando a oposição que, então,
alguns setores menos radicais do partido lhe demonstravam. Separados por um longo período
histórico, ambos, Qin Shihuang e Mao Zedong, unificaram a China, considerando-a tábua em
branco onde tudo se poderia inscrever. Será com base numa comparação entre Qin Shihuang e
Mao Zedong que procuraremos dialogar sobre a possibilidade ou impossibilidade de a ação
totalitária apagar ou não o consciente de um povo, obrigando-o a esquecer-se do seu passado.
Nota biográfica: Luís Cabral, mestre em Filosofia e Antropologia pela Universidade Católica
Portuguesa, viveu dois anos em Macau e passou longos períodos na R.P. da China em cursos de
curta duração e de especialização dedicados à aprendizagem e ensino das língua, gramática e
cultura chinesas. Foi professor de Chinês e Filosofias Orientais na Universidade do Minho e
Secretário Executivo do Instituto Confúcio da mesma Universidade pelo período de
aproximadamente dez anos. Publicou uma monografia intitulada A China Vista por um Sinólogo
Português, bem como dois artigos em A Herança de Confúcio, intitulados “Introdução à Filosofia
Clássica Chinesa” e “De Qianlong a Mao Zedong”, para além de um pequeno artigo, em
colaboração com Sun Lam na revista Diacrítica, intitulado “Confucionismo no Mundo Moderno”.
✑ Luís Cardoso (escritor)
No princípio era a travessia
Nota biográfica: Luís Cardoso de Noronha é um dos mais importantes escritores timorenses.
Nasceu em Cailaco, vila no interior de Timor-Leste. Licenciou-se em Silvicultura no Instituto
Superior de Agronomia de Lisboa. Desempenhou as funções de Representante do Conselho
Nacional da Resistência Maubere em Portugal. Foi cronista da revista Fórum Estudante e
professor de Tétum e Língua Portuguesa nos cursos de formação especial para timorenses.
É autor dos romances: Crónica de Uma Travessia (1997), Olhos de Coruja, Olhos de Gato Bravo
(2002), A Última Morte do Coronel Santiago (2003), Requiem para o Navegador Solitário (2007) e
O ano em que Pigafetta completou a circum-navegação (Sextante Editora, 2013) e Para onde vão
os gatos quando morrem? (Sextante Editora, 2017).
✑ Luís Pimenta Lopes (CEHUM / UMinho)
“Deus criou o mundo, o Homem criou Auschwitz”: a imagética religiosa em Primo Levi e Imre
Kertész
Resumo: O Holocausto nazi é referido recorrentemente como evento fundacional, não só de uma
nova Europa sociopolítica, mas de uma Humanidade que descobriu novas possibilidades de ação
contra os seus mais básicos direitos. Neste sentido, a perseguição e extermínio em massa do
regime nacional-socialista criaram um sistema concentracionário de tal forma único e novo, que a
experiência narrada pelos que a tal sobreviveram se caracteriza por uma procura de modelos
estético-formais que possam fazer jus à excecionalidade da experiência, por um lado, e à aparente
impossibilidade de a representar por via da palavra, por outro. Esta comunicação incidirá, a partir
da leitura de Primo Levi e Imre Kertész, sobre uma das recorrências dos relatos de sobreviventes,
26
a da referência a imagens e topoi religiosos como estratégia de representação da experiência
vivida, e de conceptualização da vida num campo de concentração.
Nota biográfica: investigador no Centro de Estudos Humanísticos, e docente no Departamento
de Estudos Germanísticos e Eslavos da Universidade do Minho; desde março de 2016, bolseiro
de doutoramento FCT com o projeto de investigação sobre a receção e mediação do Holocausto
em Portugal do pós-guerra até 1974; mestre em Alemão como Língua Estrangeira pelas
Universidades de Leipzig e Salamanca (2011); membro dos grupos de investigação EHum2M e
NETCult do CEHUM, nas áreas de estudos transculturais e estudos da memória, em particular da
memória do Holocausto.
✑ Margarida Esteves Pereira (CEHUM / UMinho)
O Minho visto por duas inglesas no século XX – um roteiro religioso, mas não…
Resumo: Esta comunicação visa fazer a análise de dois livros de viagens a Portugal, com um
enfoque no Minho. Trata-se de livros escritos por duas mulheres e publicados em Inglaterra na
primeira metade do século XX. Esta comunicação visa fazer um enfoque sobre o modo como as
suas autoras abordam, especificamente, a religiosidade a partir da descrição dos vários
monumentos religiosos que encontram no Minho. O primeiro livro a analisar é uma publicação da
autoria de Helen Cameron Gordon, de 1932, com o título My Tour in Portugal, e é notório que a
autora visita e descreve várias igrejas nas cidades de Braga e de Guimarães. O segundo livro,
com o título This Delicious Land Portugal é de 1956 e é da autoria de uma belga, Marie Noële
Kelly, que era casada com o embaixador de Inglaterra em Portugal.
Nota biográfica: Margarida Esteves Pereira é Professora Auxiliar do Instituto de Letras e Ciências
Humanas da Universidade do Minho. Tem focado a sua investigação nas áreas da Literatura
Inglesa (literatura modernista e contemporânea), Estudos Feministas e de Género e a relação
entre literatura e cinema. Possui um doutoramento em literatura inglesa com uma tese com o título
Do romance vitoriano ao romance pós-moderno: a reescrita do feminino em A. S. Byatt (publicado
em 2007, Braga). As suas publicações também incluem a co-organização dos volumes de ensaios
Identity and Cultural Translation: Women's Writing across the Borders of Englishness (Berna,
2006) e Transversalidades: Viagem / Literatura / Cinema (Braga, 2009), como bem como o livro A
Vanguarda Histórica em Portugal e na Inglaterra: Futurismo e Vorticismo (Braga, 1998). Tem
publicado vários ensaios nas suas áreas de interesse.
✑ María Aránzazu Serantes (Co-Lab, A Coruña)
Patrimonio textual de las Humanidades digitales en Portugal: estado de la cuestión
Resumo: La filología está teniendo cada vez más presencia en el ámbito digital. No en vano, la
tecnología computacional tiene su base en parámetros lingüísticos. Por tanto, las herramientas de
edición y marcado cobran especial protagonismo, ya que son el fundamento de la mayor parte de
los proyectos en el campo de los estudios clásicos y medievales. La e-philology tiene como
producto final la elaboración de instrumentos tradicionales como glosarios, catálogos y ediciones
críticas. A través de este estudio, deseo poner en valor algunos caminos abiertos que están dando
lugar a una incipiente filología digital portuguesa. Algunos de ellos se iniciaron en la primera
década del año 2000 pero fueron surgiendo nuevos sistemas y software que darían como resultado
nuevos corpora electrónicos.
Nota biográfica: Licenciada en Humanidades por la Universidad de A Coruña. Obtuvo el Diploma
de Estudios Avanzados en Historia Antigua por la misma Universidad. Experta en Pensamiento y
creatividad por la Universidad Francisco de Vitoria (Madrid), en Marketing, publicidad y
27
comunicación por EUDE (Madrid) y en Humanidades Digitales (UNED). Doctora en Filosofía por
la Universidad de Santiago de Compostela. Publicó artículos en revistas científicas y filosóficas y
libros en los que fue coautora. Es miembro de la Asociación Hispánica de Humanidades en USA.
Blogger cultural y articulista de opinión en El Correo Gallego. En la actualidad desarrolla su
actividad investigadora/ mediadora en el proyecto COUSATECA del Co-Lab (A Coruña).
✑ Maria Clara da Costa Oliveira, Maria João Faria & Susana Gomes (CEHUM / UMinho;
STOL; IE -UMinho)
Investigação-acção com famílias de refugiados
Resumo: Lutero representa a democratização da educação, para além da sua importância em
tantas outras áreas. A Reforma permitiu ainda o acolhimento de migrantes fugidos da Europa
mediterrânica, como o judeu Espinosa. Pela primeira vez na história da Humanidade, as mulheres
e os deficientes passaram a ter acesso às bases de literacia, dado que todos os crentes têm a
obrigação de ler a Bíblia diariamente, e no Novo Testamento é enuncia-se claramente a não
diferença entre homem e mulher, entre senhor e servo. Num espaço não escolar (paróquias), sem
mestres certificados, os adultos de qualquer idade tinham acesso à educação formal e não-formal.
É desta linhagem que nos reclamamos, daquela que dá voz a quem menos oportunidades tem de
o fazer. Neste âmbito, serão dados a conhecer planos de investigação-acção que promovem os
princípios da PAR (Plataforma de Apoio aos refugiados) junto de famílias de refugiados no distrito
de Braga, que terão em conta os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), bem como
outros documentos e recomendações recentes da ONU. As actividades serão concebidas com as
famílias de refugiados, cruzando e partilhando dimensões musicais e de dança destas culturas,
nomeadamente aquelas ligadas a crenças e rituais espirituais e/ou religioso. Serão ainda
incrementadas sessões de ciência experimental, devidamente fundamentadas
epistemologicamente. Estes projectos de investigação-acção alicerçam-se numa interpretação
hermenêutica de bibliografia a nível internacional (especialmente sobre boas práticas e obras que
utilizem a narratividade –palavra- nas suas várias formas).
Nota biográfica: Maria Clara da Costa Oliveira é licenciada em Filosofia; Mestre em
Epistemologia; Doutorada em Filosofia da Educação; Associada em Pedagogia; Agregada em
Educação para a Saúde. Foi directora do curso de Educação da UMinho e coordenadora da área
de especialidade em Educação de Adultos e Intervenção Comunitária da UMinho. Coordenou e
participou em projectos de investigação-acção dedicados a «sofirmento, educação e saúde»;
docente de Humanidades em Medicina (UMinho). Pertence neste momento ao grupo EHum2M do
CEHUM. Professora convidada na Roménia e em várias universidades brasileiras e nacionais.
Formadora em várias IPSS e ONG. Publicou várias livros e artigos em autoria e co-autoria, em
Portugal e no estrangeiro. Foi coordenadora do Mestrado em Educação para a Saúde da UMinho.
✑ Maria Cristina Daniel Álvares (CEHUM / UMinho)
Au commencement la parole n’était pas. Reescrita do Génesis e redefinição do sagrado em Pascal
Quignard.
Resumo: Nesta comunicação, partimos da análise de um texto de Pascal Quignard, extraído de
Les Larmes (2016), para mostrar que a reformulação da primeira frase do Evangelho de São João,
negando a prioridade do Logos - « au commencement la parole n’était pas » - condensa
emblematicamente uma epistemologia naturalista que sustenta todo o texto quignardiano e no qual
a cultura é entendida como uma extensão da natureza (Physis), sem rutura nem descontinuidade.
Nesta conceção física, pré-linguística, do mundo, o homem perde o seu privilégio ontológico: « la
nature des choses comme la nature de l’homme est une seule et même crue ». Porque a
substância é a mesma, os seres e os estados de coisas derivam uns dos outros e convertem-se
28
uns nos outros em continuum. Assim, as sociedades humanas derivam das sociedades animais e
uma das linhas temáticas mais salientes da obra de Quignard é a de contar esse processo de
derivação numa narrativa que se inspira da teoria de Serge Moscovici sobre a hominização como
cinegetização da espécie. Essa narrativa comporta uma redefinição do sagrado como fenómeno
de fundo animal imanente à natureza que retoma criticamente os postulados maiores da teoria de
René Girard sobre a sacralização da violência no sacrifício ritual, matriz das religiões. Propomo-
nos argumentar que Quignard reorienta estes postulados num sentido antehumano que desvela o
horizonte animal (predativo e carnívoro) do sacrifício sangrento. Neste contexto, encontramos uma
figura do « corpo religioso » : o corpo arqueado e petrificado da presa / vítima no « instante de
morte » (cena do poço de Lascaux, Plongeur de Paestum), instante esse que é o ponto de
instabilidade crucial (este adjetivo não é por acaso) antes da metamorfose irreversível. Em Le sexe
et l’effroi (1994) e outras obras mais recentes, Quignard argumenta que a especificidade da pintura
romana consiste em fixar o instante de morte.
Nota biográfica: Holder of a PhD in medieval narrative literature, she is associate professor of
French Literature at the University of Minho, Braga, Portugal, where she teaches French Literature
and Culture (medieval, early modern and contemporary). She is the author of an essay on Jean
Renart’s Roman de la Rose: O amor da letra (Braga, CEHUM, 1999) and the editor for the Psychés
section of mondesfrancophones.com. She was associate visiting professor at Louisiana State
University in 2004-2005. Her most recent publications include La Peau de la pierre. Étude sur La
Vie de Sainte Énimie, de Bertrand de Marseille, Braga, CEHUM, 2006; and a number of papers on
medieval and contemporary French literature. She co-organizes and co-edited the book series
Literatura, Cinema, Bande Dessinée.
✑ Marisa del Río (Grupo Galabra, Universidade de Santiago de Compostela)
Imaxe de Santiago de Compostela: Percepcións dos turistas vs. poboación local
Resumo: A literatura sobre a imaxe dos destinos turísticos ten salientado a necesidade dun
modelo holístico que explique os comportamentos turísticos a través da subxectividade presente
en turistas e en persoas locais. Dentro deste contexto de análise xorde o interese polo estudo das
posibles diverxencias e a medida en que estas poden condicionar a convivencia entre ambos os
dous colectivos. Con este obxectivo, neste traballo compáranse as imaxes de Santiago de
Compostela nunha mostra de mais de 3000 persoas constituida por visitantes e residentes na
cidade.
Nota biográfica: Marisa del Río (Santiago, 1965) é Doutora em Ciências Económicas e
Empresariais e Professora na Área de Comercialização e Investigação de Mercados da USC.
Iniciou a sua atividade profissional como Professora na Área de Comercialização e Investigação
de Mercados da USC. Interessa-se pela orientação ao mercado das organizações na sua
dimensão cultural. Durante os últimos anos, os seus interesses de investigação centram-se na
aplicabilidade de estratégias turísticas para um desenvolvimento sustentável das comunidades.
✑ Maria Georgina Ribeiro Pinto de Abreu (CEHUM / UMinho)
‘The Portuguese have many wants, but church-room is not one of them’: the condition of the
Portuguese Church in A Month in Portugal, by the Rev. Joseph Oldknow
Resumo: Travel literature constitutes an inexhaustible and multifaceted archive of memory
material. Within this documental body we find the representations of religious sites of memory. As
such, the book A Month in Portugal, published in 1855, constitutes an important source for the
study of cultural and intercultural memory. The present paper presents and critically examines the
perceptions and representations of Portuguese sites of religious memory in that work, written by
29
the Rev. Oldknow, an Anglican priest who travelled to Portugal in 1854. He was accompanied by
another priest, the Rev. J. M. Neale, who had already visited the country. Despite the existence of
a vast production of critical literature about visions of Portugal by foreign travellers, there is a dearth
of material which focuses specifically on the condition of the church in Portugal in the early
nineteenth-century, as perceived by a British clergyman-traveller. The present critical analysis of
this material highlights the possible influence of multifaceted visions of religious sites of memory
on the complex processes underlying the construction of cultural memories and even of cultural
identities.
Nota biográfica: Georgina Abreu, Ph D, is a researcher at CEHUM (Centre for the Study of the
Humanities, University of Minho, Portugal). Her main scientific activity develops in the area of
English culture, especially radical print culture and early nineteenth-century popular political satire.
She has studied the relationship between the radical print culture and today’s anti-capitalist protest
movements. She is currently interested in the study of crisis discourses in English-speaking media,
as well as travel literature.
✑ Maria da Conceição Teixeira Varela (CEHUM / UMinho)
A palavra do Direito e a tradução literal
Resumo: Desde sempre, a questão do método tem alimentado o debate nos Estudos de
Tradução, mormente desde as reflexões sobre a arte tradutória de Cícero em 46 a.C, que
sublinham a importância da tradução do sentido ao invés das palavras do texto . Não obstante a
prevalência, desde então, da tradução interpretativo-comunicativa sobre a tradução literal, as
abordagens teórico-metodológicas não deixam de salientar a conveniência pontual da
transcodificação linguística e o correlativo realce da palavra original, neste caso, do texto/discurso
de partida. A tradução jurídica, em particular, convoca também ela a tradução interpretativa,
embora dificultada pela especificidade da sua palavra, marcada pela tecnicidada e por uma
complexa teia de sentidos, inscritos simultaneamente no “espírito” e na letra do Direito. Todavia,
a singularidade da tradução dos textos/discursos jurídicos, de tipos e géneros vários, reside no
recurso considerável ao método literal e respectiva manifestação da palavra de partida na
realidade da língua/cultura de chegada. Nessa perspectiva, a presente reflexão propõe a análise
de traduções do tipo jurídico, no par de línguas português e francês, com vista à compreensão da
complexidade da palavra jurídica e da especificidade da sua literalidade em contexto de tradução.
Nota biográfica: Licenciada em Letras Modernas (Universidade de Nantes – França), Mestre em
Literatura Francesa (Universidade de Lisboa) e Doutorada em Ciências da Linguagem
(Universidade do Minho). É Professora Auxiliar Convidada no Instituto de Letras e Ciências
Humanas da Universidade do Minho (UM), onde tem leccionado disciplinas de Língua e Linguística
Francesas, de Tradução Especializada e de Interpretação. É membro da Linha Temática das
Ciências da Linguagem do CEHUM (Centro de Estudos Humanísticos da UM) e do grupo de
investigação PraDiC - Pragmática, Discursos, Cognição. Tem dedicado a sua investigação à
Linguística Francesa, à Tradutologia e à Jurilinguística, (no par de línguas Francês e Português).
É tradutora jurídica desde os anos 90.
✑ Maria do Céu Pinto Arena (CICP / UMinho)
A questão da identidade no recrutamento e radicalização jiadista
Nota biográfica: Maria do Céu Pinto Arena é Prof. associada com agregação da Universidade do
Minho. Fez o Mestrado em Relações Internacionais no Instituto Superior de Ciências Sociais e
Políticas (Universidade Técnica de Lisboa) e o Doutoramento na Universidade de Durham, Centre
for Middle Eastern and Islamic Studies (Faculty of Social Sciences), Reino Unido, 1997.
30
No ano 2016-17, foi Visiting Fellow no Instituto Universitário Europeu. É especialista em assuntos
das Nações Unidas, Mediterrâneo, Islão e Médio Oriente. É autora, entre outras, dos seguintes
livros: Political Islam and the United States, Ithaca Press, Reading, 1999; Islamist and Middle
Eastern Terrorism: A Threat to Europe?, Centro Militare di Studi Strategici (CeMISS) / Rubbettino,
Roma, 2002; O papel das Nações Unidas na construção de uma nova ordem mundial, Lisboa, Ed.
Prefácio, 2010; As Nações Unidas e a manutenção da paz, Coimbra, Almedina, 2007; O Islão na
Europa (coord.), Lisboa, Prefácio, 2006. Tem algumas dezenas de artigos científicos em
publicações nacionais e internacionais, de entre as quais, as revistas Mediterranean Politics,
Terrorism and Political Violence, Journal of Contemporary European Studies, Journal of Policing,
Intelligence and Counter Terrorism e International Peacekeeping. Recentemente publicou no
Instituto Universitário Europeu 3 Working Papers. Tem em fase de publicação um artigo sobre os
jiadistas portugueses. É a perita portuguesa no âmbito do grupo internacional do Providing for
Peacekeeping Project, um projecto do International Peace Institute (IPI) em colaboração com as
Universidades George Washington e Griffith.
É comentadora de assuntos do Médio Oriente em vários meios de comunicação social.
✑ Mário Matos (CEHUM / UMinho)
Portugal visto por viajantes alemães à luz/na sombra da “lenda negra”
Resumo: Segundo o crítico espanhol Julián Juderías, a hétero-imagem da Península Ibérica foi,
ao longo de vários séculos, indelevelmente cunhada por uma “leyenda negra” (1914) que os povos
do centro e norte da Europa teriam criado para afirmar a sua alegada superioridade civilizacional.
Nessa visão estereotipada e dicotómica, o suposto atraso cultural dos espanhóis e portugueses
dever-se-ia sobretudo ao enorme poder social e político da igreja católica e seus instrumentos
repressivos, como a inquisição, que não teriam permitido o desenvolvimento dum sistema de
valores humanistas, de um espírito iluminado, crítico e liberal, que por sua vez constituiriam o sine
qua non de qualquer processo de modernização. Face ao efeito duradouro e persistente dessa
“lenda negra”, não surpreende que os hábitos e lugares de culto religiosos constituam na literatura
de viagens de autores setentrionais sobre a Ibéria um lugar de destaque. Com esta comunicação
pretende-se, a título paradigmático, revisitar e analisar alguns exemplos dessas representações
do tópico da religiosidade, neste caso concreto dos portugueses, em textos de viajantes de língua
alemã oriundos de diferentes contextos históricos.
Nota biográfica: Mário Matos (*1963) é licenciado em Línguas e Literaturas Modernas pela
Universidade do Porto (1989), fez o mestrado em Literatura e Cultura Alemãs na Universidade
Nova de Lisboa (1997) e doutorou-se em Ciências da Cultura pela Universidade do Minho (2007),
onde leciona desde 1992. É Professor Auxiliar no Departamento de Estudos Germanísticos e
Eslavos e vice-presidente do Instituto de Letras e Ciências Humanas.
As suas áreas de docência ao nível da licenciatura, do mestrado e do doutoramento são a literatura
e cultura alemãs, a literatura de viagens e a tradução. No Centro de Estudos Humanísticos da
Universidade do Minho (CEHUM), é coordenar do grupo de investigação dedicado aos Estudos
Transculturais (NETCult: http://ceh.ilch.uminho.pt/netcult.php), e é colaborador externo do Instituto
de Literatura Comparada Margarida Losa (FLUP).
Entre as suas publicações em livro destacam-se os volumes Intercultural Mnemo-Graphies /
Interkulturelle Mnemo-Graphien / Mnemo-Grafias Interculturais (2012, co-org.); Zonas de
Contacto: Estado Novo / III Reich (2012; co-org.); Postigos para o Mundo. Cultura Turística e Livros
de Viagens na República Democrática Alemã (1949-1989/90) (2010). É autor de vários capítulos
de livros e numerosos artigos, sobretudo dedicados à literatura de viagens e aos estudos
interculturais, em revistas e antologias nacionais e internacionais. Mais info.:
ceh.ilch.uminho.pt/pagina_investigador.php?inv=mario_manuel_lima_de_matos_fil.php
31
✑ Micaela Ramon (CEHUM / UMinho)
Do religioso na obra de Luís Cardoso: para uma “teologia literária”
Resumo: Considerado a voz mais representativa da literatura timorense, Luís Cardoso é autor de
uma obra de ficção narrativa na qual as questões religiosas, nomeadamente a importância desta
dimensão para a construção da identidade coletiva e individual, assumem um relevo considerável,
estando presentes em todas os romances até hoje publicados. No último a vir a público – Para
onde vão os gatos quando morrem? – a influência do registo religioso repercute-se não só no
temário abordado como também na própria classificação genológica da obra e na sua organização
formal.
A comunicação que nos propomos apresentar visa precisamente explorar as múltiplas articulações
entre literatura e religião que se manifestam na obra de Cardoso, pondo em relevo o modo como
a linguagem literária é capaz de veicular ambições teológicas decorrentes da necessidade de
encontrar um sentido para o ser e para a sua experiência histórica.
Nota biográfica: Professora Auxiliar do DEPL - ILCH, U. Minho. Leciona Literatura Portuguesa e
Português como Língua Estrangeira em cursos de graduação e pós-graduação. Licenciada em
ensino de Português–Francês, mestre em ensino da Língua e da Literatura Portuguesas e
doutorada em Literatura Portuguesa. Membro da direção do Mestrado em Português Língua Não
Materna e diretora-adjunta do Centro de Estudos Humanísticos da Universidade do Minho
(CEHUM). Autora de várias publicações, nacionais e internacionais, sobre temas ligados às áreas
que investiga e leciona.
✑ Paula Alexandra Varanda Ribeiro Guimarães (CEHUM / UMinho)
‘Our Bog [God] is Dood [Dead]’ – Subversões do Corpo Divino na Poesia de Stevie Smith
Resumo: O interesse crítico pela religião Cristã e pela figura de Deus que a poeta agnóstica
inglesa Stevie Smith (1902-1971) exibe na sua obra eclética poderá, desde logo, ser considerado
invulgar no contexto da sociedade multicultural e secular contemporânea. Acresce que, ao
contrário de outros modernistas anglicanos, a linguagem e o pensamento religiosos de Smith estão
marcados por uma subversiva heterodoxia que resulta tanto da sua independência de espírito
como artista como do seu humor acérbico em relação à manipulação política do sofrimento e da
mortalidade humanas. Criada no seio da cultura litúrgica dos hinos e salmos anglicanos e profunda
conhecedora da teologia do Velho Testamento, Smith soube investigar os paradoxos e opacidades
do dogma Cristão nos seus poemas, nomeadamente os relativos à condição humana e divina de
Cristo e sobretudo às controversas doutrinas da ressurreição e da comunhão (implicando a
transfiguração do corpo). Em outros poemas, Smith reinventa e vocaliza a figura de Deus (que
surge desglorificado e sem transcendência) e dos animais que fazem parte da Criação d’Este,
aproximando-os do humano. Ironizando ou invertendo a noção cristã de um Autor Divino que cria
a progenia humana à Sua própria imagem, Smith oferece-nos uma versão alternativa da divindade
como mera projeção ou invenção do Humano, fruto de um narcisístico capricho infantil (‘A god is
a Man’s doll’), ou então como figura repressiva de um capitalismo ao mesmo tempo patriarcal e
canibalesco (‘God the Eater’ e ‘God the Drinker’).
Nota biográfica: Paula Alexandra Guimarães é Professora Auxiliar de nomeação definitiva no
Departamento de Estudos Ingleses e Norte-Americanos da Universidade do Minho (Braga), onde
lecciona Literatura, Cultura e Língua Inglesas a cursos de graduação e pós-graduação. É membro
permanente do CEHUM e coordenadora de grupo de investigação, tendo apresentado inúmeras
comunicações e palestras em conferências nacionais e internacionais e publicado numerosos
trabalhos (artigos, ensaios e capítulos de livros) nas seguintes áreas de interesse: Poesia dos
períodos romântico, vitoriano e moderno, escrita de mulheres e suas ligações com o cânone
32
masculino, estudos culturais e interartes; mais recentemente, tem pesquisado a área das poéticas
interculturais e as questões de representação literária nos estudos anglo-portugueses.
✑ Paulo Alexandre e Castro (CEHUM / UMinho)
Sobre a origem da linguagem de Herder, o seu legado na contemporaneidade e a inevitável
reflexão no quadro da singularidade tecnológica
Resumo: Johann Gottfried Herder, à semelhança de muitos seus contemporâneos, dedicou-se à
reflexão sobre a linguagem e em 1772 publicou o «Ensaio Sobre a Origem da Linguagem», que
no ano anterior lhe valera a distinção da Academia de Berlim para melhor ensaio. No entanto,
ainda hoje, muito do seu pensamento sobre a linguagem é desconhecido, ignorando-se por isso
que algumas das modernas abordagens da filosofia contemporânea, da antropologia filosófica ou
mesmo da sociobiologia, estão já enunciadas no referido ensaio, nomeadamente na explanação
das suas quatro leis naturais. Assim, num primeiro momento procurar-se-á fazer a análise (ainda
que sucinta) da obra, reclamando para o diálogo alguns dos filósofos contemporâneos. Num
segundo momento, admitindo um cenário de singularidade tecnológica, tal como enunciado por
Irving John Good, Vernor Vinge ou Ray Kurzweil, verificar a plausibilidade e validade das teses de
Herder.
Notra biográfica: Membro do CEHUM. Fundador da Uncanny - Revista de Filosofia e Estudos
Culturais. Autor e co-autor de diversas obras ensaísticas e literárias. Mais informação em
http://pauloalexandreecastro.webs.com
✑ Pedro Dono López, Idalete Dias & Sílvia Araújo (CEHUM / UMinho)
Edição digital de textos medievais: uma proposta sobre documentação notarial do século XIII
Resumo: A edição digital académica tem dado já frutos importantes em diferentes línguas e para
textos de épocas diversas (cf. a compilação disponível em http://www.digitale-edition.de/vlet_a-
z.html). No contexto galego e português, no entanto, os projetos são certamente escassos e a
nossa intenção é dar um contributo no que diz respeito à edição das fontes documentais do século
XIII. Pretendemos apresentar um modelo de edição digital de documentos medievais em XML-
TEI, partindo de um reduzido conjunto documental. É o caso dos pergaminhos do notário real
Johán Ares, que atuou nas terras medievais galegas de Orcellón, Búbal, Castela e Bolo de Senda,
próximas à cidade de Ourense; dele conservamos cerca de oitenta pergaminhos autorizados entre
os anos 1272 e 1300, e que atualmente encontramos fazendo parte das coleções documentais de
mosteiros galegos tais como os de San Miguel de Bóveda, Melón, Aciveiro, Dozón, Santa Comba
de Naves, mas principalmente de Oseira e San Clodio do Ribeiro de Avia, e custodiados em três
depósitos diferentes: o Arquivo da Catedral de Ourense, o Arquivo Histórico Provincial de Ourense
e o Archivo Histórico Nacional de Madrid. O nosso objetivo é construirmos e disponibilizarmos uma
edição digital que codifique aspetos linguísticos e diplomáticos relevantes, e atenda às exigências
dos investigadores dos diferentes campos (historiográfico, diplomático, linguístico) que deles se
possam servir. A edição contará ainda com uma interface que permitirá não só a leitura dos
documentos como também as pesquisas no interior dos textos.
Nota biográfica: Pedro Dono foi leitor do Centro de Estudos Galegos da Universidade do Minho
(1996-2001) e actualmente é Professor Auxiliar do Departamento de Estudos Românicos nessa
Universidade. Os seus interesses investigadores estão centrados na edição e estudo da
documentação notarial medieval da Galiza.
Idalete Dias é Professora Auxiliar do Instituto de Letras e Ciências Humanas, doutorada em
Ciências da Linguagem pela Universidade do Minho, desde 2010. Desenvolve atividade científica
33
no CEHUM da UMinho, tendo como principais áreas de investigação a Linguística de Corpus, a
Lexicografia, o PLN e as Humanidades Digitais.
Sílvia Araújo é Professora Auxiliar no Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do
Minho, doutorada em Ciências da Linguagem pela Université Denis Diderot-Paris 7 e a UMinho,
desde 2008. Desenvolve atividade científica no CEHUM da UMinho, tendo como principais áreas
de investigação a Linguística de Corpus, o PLN e as Humanidades Digitais.
✑ Pedro Manuel Ribeiro de Sousa Meneses (CEHUM / UMinho)
Bloom, um imortal
Resumo: Bloom, o protagonista de Uma viagem à Índia de Gonçalo M. Tavares, pode ser
concebido, ironicamente, como um imortal. Tem um corpo avesso ao toque, tem as suas
possibilidades mas não as gasta. Um corpo que não é corpo, um corpo espiritual, retraído,
melancólico. Um corpo que procura a mansidão na Índia, procura não ser violento, não agir,
apenas observar, mas que acaba por agir brutal e perversamente, num lance de humor negro da
obra. Bloom não consegue explorar a sua potência, é um corpo sem desejo (Deleuze) e sem ética
(Agamben). O esgotamento das suas possibilidades faz parte do mundo dos mortais; os imortais
não se cansam, têm tempo. Esta epopeia de Gonçalo M. Tavares propõe, pois, uma revisão irónica
do estatuto imortal dos heróis d’Os Lusíadas.
Nota biográfica: Na Universidade do Minho, licenciou-se em Estudos Portugueses e completou
um mestrado em Mediação Cultural e Literária com uma dissertação sobre O Reino de Gonçalo
M. Tavares intitulada A natureza não reza. É investigador do Centro de Estudos Humanísticos da
Universidade do Minho e prepara uma tese de doutoramento sobre Uma viagem à Índia. Tem
publicado artigos sobre outras obras de Gonçalo M. Tavares.
✑ Rita Roque Gameiro Tenreiro Patrício Teixeira (CEHUM / UMinho)
Nome e eco: a metapoesia em O Verbo e a Morte, de Vitorino Nemésio
Resumo: A poesia de Nemésio pressupõe e desenvolve uma aguda consciência metapoética: a
partir da leitura desse cunho auto-reflexivo em O Verbo e a Morte (1959), e analisando a poética
que nele se expõe, pretendo pensar o lugar particular que este livro ocupa na poesia nemesiana.
Essa reflexão contribui para reequacionar o problema da figura do autor em Nemésio.
Nota biográfica: Professora da Universidade do Minho e membro do seu Centro de Estudos
Humanísticos. É membro do projeto Estranhar Pessoa, um escrutínio das pretensões
heteronímicas. Publicou Apontamentos. Pessoa, Nemésio, Drummond (2016) e Episódios. Da
teorização estética em Fernando Pessoa (2012). Editou, conjuntamente com Jerónimo Pizarro
Obras de Jean Seul de Méluret (2006), o volume VIII da Edição Crítica de Fernando Pessoa; e,
com Carlos Mendes de Sousa, Largo mundo alumiado – estudos em homenagem do Professor
Vítor Aguiar e Silva (2004). Publicou ainda Conhecimento de Poesia: a crítica literária segundo
Vitorino Nemésio (2001). É autora de vários ensaios, em volumes colectivos e em revistas
especializadas, decorrentes dos seus estudos sobre teoria da literatura e literatura portuguesa
moderna e contemporânea, nomeadamente sobre Fernando Pessoa e Vitorino Nemésio.
✑ Sandra Isabel Cunha de Sousa (CEHUM / UMinho)
Para além da morte: uma leitura da fotografia de Joel-Peter Witkin
Resumo: Considerando a morte e a religião presenças constantes na obra fotográfica de Joel-
Peter Witkin, pretende-se traçar uma linha de leitura que nos permita compreender um universo
que frequentemente convoca a tradição visual ocidental. A abordagem ao seu trabalho centra-se
34
num processo de ‘revitalização’ de corpos que se situam à margem dessa mesma tradição (sejam
disformes ou cadáveres) e que converge nas considerações freudianas acerca do tabu e do
sagrado e em algumas das estruturas do imaginário. Assim, pretendemos apresentar uma
abordagem à obra witkiniana a partir de pontos teóricos distintos, mas simultaneamente
consonantes, como é o caso das teorias sobre o imaginário religioso, o sagrado e o inconsciente.
Nota biográfica: Licenciada em 2008 pela UMinho em Ensino de Português, concluiu Mestrado
em Teoria da Literatura em 2012 com uma dissertação sobre O Reino de Gonçalo M. Tavares. É
doutoranda do Programa Doutoral em Modernidades Comparadas, encontrando-se a realizar o
projeto intitulado: Retratos do herói: releituras da cultura clássica na ficção portuguesa
contemporânea, financiado pela FCT. É membro do Grupo de Investigação 2i do CEHUM.
✑ Sílvia Araújo, Tereza Afonso & Ana Correia (CEHUM / UMinho)
Em busca do texto de especialidade: para além da preservação
Resumo: Na última década, temos assistido a grandes avanços no processamento de dados,
motivados pela estudo e análise da imensurável quantidade de informação que se encontra
dispersa e cuja produção aumenta de dia para dia. Graças às novas tecnologias e ao
desenvolvimento da Ciência da Computação, a Linguística de Corpus abriu caminho ao estudo
dos fenómenos linguísticos de forma nunca antes concebida, assim como a outras utilizações
desenvolvidas à medida de diversos profissionais (professores, tradutores, marketeers, etc.). No
âmbito desta comunicação, pretende-se dar uma visão das diferentes aplicações da Linguística
de Corpus, com especial foco na investigação da linguagem em contexto profissional e académico.
Apresentaremos alguns projetos, já desenvolvidos ou em curso, de forma a ilustrar a aplicação de
corpora (mono ou multimodais), dando conta de ferramentas tecnológicas capazes de lidar com o
volume e variedade de dados provenientes da Web.
Nota biográfica: Ana Correia é licenciada em Línguas Estrangeiras Aplicadas pela Universidade
do Minho. Foi bolseira no âmbito do projecto “Per-Fide: Português em paralelo com seis línguas”,
financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (ref.ª PTDC/CLE-LLI/108948/2008) - um
projecto conjunto do Instituto de Letras e Ciências Humanas e do Departamento de Informática da
Universidade do Minho para a compilação de corpora paralelos. Actualmente, é doutoranda em
Ciências da Linguagem, na especialidade de Linguística Aplicada, e a sua tese incide sobre a
anáfora pronominal em interpretação simultânea.
Teresa Afonso é licenciada em Direito pela Universidade Católica Portuguesa (Lisboa), pós-
graduada em Retail Management pelo INDEG/ISCTE e mestre em Tradução e Comunicação e
Multilingue pela Universidade do Minho, tendo apresentado a dissertação "A Tradução Jurídica à
Luz da Linguística de Corpus". Além de tradutora e revisora, é investigadora júnior do Grupo de
Humanidades Digitais (GHD) do (CEHUM). Tem participado em várias conferências em Portugal
e no estrangeiro. No momento, está a preparar o ingresso no 3º Ciclo de Estudos na área da
Linguística Jurídica.
Sílvia Araújo é Professora Auxiliar no Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do
Minho, doutorada em Ciências da Linguagem pela Université Denis Diderot-Paris 7 e a
Universidade do Minho, desde 2008. Os seus interesses de investigação centram-se
essencialmente na aplicação da linguística de corpus à tradução e na integração das TIC no
processo de ensino/aprendizagem de línguas e áreas afins. Desde 2007, tem vindo a coordenar
vários projetos: Multi_feel (Projeto Multilingue de Formação Especializada em Línguas dedicada a
problemáticas variadas de interesse para a formação de professores), o Projeto Per-Fide de
compilação de um corpus multilingue (co-financiado pela FCT) e o Congresso Internacional
ticLÌNGUAS / techLING - Línguas, Linguística e Tecnologia que pretende promover um diálogo
efetivo entre diversos representantes de áreas de aplicação da tecnologia às línguas.
35
✑ Sun Lam (CEHUM / UMinho)
Coisas do Mundo e Seus Nomes: Reflexão sobre as Primeiras Traduções de Conceitos Ocidentais
para Chinês
Resumo: A evangelização da China nos séculos XVI e XVII pelos missionários jesuítas, com
Matteo Ricci como figura mais importante, importou para a China dinástica dos Ming e Qing novos
conceitos ocidentais, religiosos ou científicos, que enriqueceram significativamente a visão do
mundo dos chineses. Desde o catolicismo à geografia, matemática, geometria, física ou medicina,
numerosas obras foram escritas em e traduzidas para a língua chinesa. Matteo Ricci foi o jesuíta
que, na China da sua época, mais contribuiu para a transmissão de conhecimentos religiosos e
científicos do Ocidente para a China. O sucesso da mediação do diálogo entre as duas civilizações
deveu-se à sua estratégia inovadora da tradução de nomes dos conceitos mais importantes para
chinês no seu tempo, já que, fazendo uso de caracteres e nomes já existentes na escrita clássica
chinesa, atribuiu-lhes novos significados. Como conseguiu Matteo Ricci, através da invenção de
novos nomes em chinês, ultrapassar a barreira linguística e dar a conhecer um “novo mundo” além
da visão dos chineses? Alguns exemplos, como “Deus”, “Paraíso”, “Mundo”, entre outros, serão
discutidos e analisados de forma a conseguirmos compreender como os mesmos foram
identificados nos livros antigos da China e adoptados para expressar novos conceitos.
Nota biográfica: Diretora do Departamento de Estudos Asiáticos do ILCH da Universidade do
Minho e fundadora do ensino de chinês na mesma universidade em 1991, é também Diretora dos
cursos em estudos orientais, nomeadamente a Licenciatura em Estudos Orientais e o Mestrado
em Estudos Interculturais Português/Chinês: Tradução, Formação e Comunicação Empresarial. É
doutorada em Ciências de Linguagem, sendo que a sua campo de ensino, investigação e
orientação de dissertações de mestrado e teses de doutoramento cobre áreas de tradução, de
culturas comparadas e do ensino de chinês língua estrangeira.
✑ Tânia Patrícia Leite Ribeiro dos Reis Azevedo (CEHUM / UMinho)
Recriar a Criação: J. R. R. Tolkien e o Mito Cristão
Resumo: A fronteira entre a literatura e o religioso torna-se difícil de distinguir em autores que a
tomam como mais que uma profissão. Olhar para a produção literária como ‘missão’ engendrando
– ao mesmo tempo – um trabalho de construção de um meta discurso para essa mesma produção
literária é uma marca quase ontológica da obra de J. R. R. Tolkien. Católico devoto, urdiu no seu
tecido narrativo uma rescrita do mito Cristão para unir o imaginário ao qual dedicou toda a sua
carreira literária – a Terra Média – à História da Salvação Cristã. O nosso objetivo é mostrar como
o autor conseguiu esta união através da criação de um diálogo de pendor filosófico entre um Elfo
e uma sábia humana, num texto menos conhecido do seu imaginário fantástico – Atrabeth Finrod
ah Andreth – e num poema sobre a origem da capacidade humana de criar – Mythopoeia.
Nota biográfica: Tânia Azevedo concluiu a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas
(Estudos Portugueses e Ingleses) em 2003, à qual se segui a Pós Graduação (Biénio de
Formação), com estágio pedagógico, concluída em 2005, na Faculdade de Letras da Universidade
de Lisboa (FLUL). A sua investigação prosseguiu no campo da Literatura Inglesa concluindo, em
2009, ainda em Lisboa, a dissertação de Mestrado com o título A Rescrita do Mito Cristão na Obra
de J. R. R. Tolkien. Presentemente está a terminar o Doutoramento em Ciências da Literatura -
Literatura Inglesa, no Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho (ILCH),
onde se dedica a um estudo mais aprofundado sobre a obra medieval Sir Gawain and the Green
Knight, sob orientação da Prof.ª Maria Filomena Louro.
36
✑ Teresa Toldy (Univ. Fernando Pessoa / CES, Univ. Coimbra)
Da subversão à submissão: a domesticação do texto como legitimação da ordem patriarcal
Nota biográfica: Teresa Maria Leal de Assunção Martinho Toldy é doutorada em Teologia (área
da Teologia Feminista) pela Philosophisch-Theologische Hochschule Sankt Georgen (Frankfurt /
Alemanha), Mestre em Teologia (ramo de Teologia Sistemática) pela Universidade Católica
Portuguesa, Licenciada em Teologia pela Universidade Católica Portuguesa. Pós-doutorada pelo
Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra. Professora Associada com Agregação
em Estudos Sociais na Universidade Fernando Pessoa (Porto), em regime de exclusividade.
Docente desta universidade na área da Ética. Presidente da Comissão de Ética da mesma
instituição. Investigadora do CES, onde co-coordena o POLICREDOS, juntamente com Tiago
Pires Marques. Presidente da Associação Portuguesa de Teologias Feministas e Vice-Presidente
da Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres, entre 2009 e 2014. Domínios de
Especialização: Religião; Estudos feministas. Outros domínios: Cidadania. Com várias obras
publicadas na área da religião e dos estudos feministas.
✑ Tiago de Moura Leitão Cerejeira Fontes (CEHUM / UMinho)
Controvérsias eucarísticas no seio do movimento da reforma: o conflito entre Lutero e Karlstadt
(título provisório)
Resumo: Entre 1521 e inícios de 1522, as concepções de Andreas Bodenstein von Karlstadt
acerca da Eucaristia apresentavam-se muito próximas das posições defendidas por Martinho
Lutero. De facto, no seio dos escritos e panfletos desenvolvidos por Karlstadt percepciona-se uma
defesa da centralidade da fé, de uma concepção da Eucaristia em termos de signo e promessa,
uma rejeição das concepções e noções católicas da transubstanciação e da Eucaristia como um
sacrifício. A partir de meados de 1522, percepciona-se no pensamento e na prática de Karlstadt
em Wittenberg a defesa concepções que se apresentam divergentes das posições defendidas por
Lutero nos seus escritos, nomeadamente em relação à questão da elevação dos elementos, à
comunhão sob as duas espécies, ou ainda, a problemática da significação do pão e do vinho. Em
finais de 1523, depois da publicação da obra Formula Missa de Lutero, assiste-se a uma radical
transformação das concepções de Karlstadt acerca da Eucaristia, e ainda, ao instaurar da
necessidade da implementação de uma reforma da missa muitíssimo mais radical do que a tinha
sido introduzida em Wittenberg. Ora, todo este processo de radical transformação intelectual e de
práticas litúrgicas vai conduzir ao surgimento de um profundo conflito com a figura de Lutero,
assinalando este conflito o momento genesíaco de uma longa e complexa controvérsia eucarística,
controvérsia essa que se revelará de fulcral importância no surgimento de profundas divisões no
movimento evangélico. Pretende-se nesta apresentação desenvolver uma análise do processo
que conduziu ao conflito com Lutero. Pretende-se igualmente desenvolver uma análise das
posições, dos problemas teológicos que teceram e marcaram este momento inicial da controvérsia
eucarística, procurando-se percepcionar como estes se revelaram decisivos para o surgimento de
divisões no movimento evangélico.
Nota biográfica: Tiago Cerejeira Fontes é licenciado em Filosofia e Humanidades pela
Universidade Católica Portuguesa. Mestre em Fenomenologia e Filosofia da Religião pelo Instituto
de Letras da Universidade do Minho com uma tese sobre o pensamento Teológico-político do
Papa Inocêncio III (1198-1216). Presentemente desenvolve com vista ao doutoramento na área
da Filosofia Medieval uma edição crítica da obra Commentarium super Decretum do teólogo
carmelita Guiu Terrena (Guido Terreni). Assistente convidado do departamento de Filosofia.